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Maria Augusta

Guimarães de Almeida

PORTUGUÊS
na medida certa para
concursos

6ª revista
atualizada
edição ampliada

2023
Capítulo V

CLASSES GRAMATICAIS

“A gramática, a mesma árida gramática, transforma-se


em algo parecido a uma feitiçaria evocatória; as pala-
vras ressuscitam revestidas de carne e osso; o substan-
tivo, em sua majestade substancial; o adjetivo, roupa
transparente que o veste e dá cor como um verniz, e
o verbo, anjo do movimento que dá impulso à frase.”
Charles Baudelaire

Abordaremos neste capítulo as classes gramaticais e suas diversas aplicações na Língua.


São dez as classes gramaticais: artigos definidos e indefinidos, substantivos, adjetivos,
verbos, pronomes, advérbios, conjunções, preposições, numerais e interjeições.
Entre elas, há quatro classes invariáveis (advérbios, interjeições, preposições e con-
junções) e seis classes variáveis (substantivos, adjetivos, pronomes, verbos, numerais,
artigos). Invariáveis são aquelas que não apresentam flexão de gênero ou de número.
Assunto também muito cobrado hoje nas provas de concursos, é rico e depende de
leitura e da criteriosa análise da frase para que se reconheça corretamente a classe a que
determinada palavra pertence. Para exemplificar esse comentário, veja a frases a seguir:
Ele escolheu um certo assunto para discutir com a turma.
Observe que, na frase acima, o vocábulo CERTO é pronome indefinido. Ele escolheu o
assunto certo para discutir com a turma.
Observe que, na frase acima, o vocábulo CERTO é adjetivo, modificando o substanti-
vo ASSUNTO.
Vejamos todas as classes por meio de frases.

1. ARTIGOS
Artigos definidos: o, a, os, as
Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas

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Exemplos: 
Os livros que adquiri são excelentes.
A ideia apresentada causou polêmica.
Os verdadeiros amigos dizem-nos a verdade sempre.
Talvez encontre uma solução para umas situações difíceis.
Visitei uns lugares muito estranhos por lá.

E neste momento, você pode estar se perguntando “Como poderei distinguir o artigo
indefinido UM de um numeral?”. É simples! Você perceberá o sentido diferente. Observe:
Encontrei um documento na gaveta da escrivaninha velha. Nesse caso, entendemos como
uma indefinição, um documento qualquer. É um artigo indefinido.
Observe agora a frase seguinte: Encontrei um documento na gaveta da escrivaninha
velha; no cofre da sala, encontrei dez documentos referentes à compra das propriedades
da família. Nesse caso, observa-se a ideia de número. É numeral.

2. SUBSTANTIVOS
São os vocábulos que dão nome a objetos, pessoas, sentimentos, lugares.
Exemplos: Flávia, Gustavo, Francisco, Lucca, Erica, França, Londres, Rio de Janeiro, amor,
honestidade, lucidez, aspereza, mesa, porta, bolsa, gaveta etc.
Há que se ter atenção, entretanto, ao fato de que um substantivo pode, de acordo
com o contexto em que se insere, assumir valor de ADJETIVO. Observe a frase: O atleta
brasileiro recebeu o prêmio. Atleta = substantivo; brasileiro = adjetivo.
Atente, agora, para o que acontece se trocamos a posição dos termos. O brasileiro atleta
recebeu o prêmio. Percebeu? Nesse caso, brasileiro = substantivo; atleta = adjetivo. Por quê?
Porque nem todo brasileiro é atleta. Atleta, nesse caso, está caracterizando o brasileiro.

3. ADJETIVOS
São os vocábulos usados para caracterizar, qualificar os substantivos.
Há diferentes tipos de adjetivos: de qualificação(qualificativos), de caracterização, de es-
tado, de relação (relativos).

Exemplos: Carlos é alto. Alto – adjetivo de caracterização


Carlos é sensível. Sensível – adjetivo de qualidade
Carlos está feliz. Feliz – adjetivo de estado
Carlos tem um problema renal. Renal – adjetivo de relação
Observe que ser alto é uma característica de Carlos.
Ser sensível é uma qualidade de Carlos.
Estar feliz é um estado de espírito de Carlos.

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Renal é um adjetivo de relação porque não admite variação de grau. Os adjetivos de rela-
ção têm a característica de não admitirem variação de grau. Observe que não se pode dizer “Carlos
tem um problema muito renal.” Percebeu?

Atenção, entretanto, a algumas variações que podem ocorrer com


a simples troca de posição de SUBSTANTIVO e ADJETIVO.

Há casos em que se faz a troca, e não ocorre alteração de classe nem de sentido (semân-
tica). Entretanto, pode haver troca de sentido e de classe gramatical. Veja alguns exemplos:
Ele adquiriu um lindo móvel no leilão. / Ele adquiriu um móvel lindo no leilão. Obser-
ve que, nessas frases, houve troca de posição, mas não houve mudança de classe nem de
sentido. Móvel é substantivo nas duas ocorrências. Lindo é adjetivo nas duas ocorrências.
Ele fez uma grande reportagem. / Ele fez uma reportagem grande. Observe que, nessas
frases, houve troca de sentido, mas não houve mudança de classe. Grande é adjetivo nas
duas. Reportagem é substantivo nas duas. Entretanto, o sentido de grande reportagem
(excelente, fantástica, maravilhosa) é diferente de reportagem grande (longa, extensa,
não necessariamente boa).
Ele orientou o pobre aposentado. / Ele orientou o aposentado pobre. Observe que a
classe gramatical não se altera: pobre é adjetivo em ambas as situações; aposentado é
substantivo em ambas as situações. Entretanto, fica clara a alteração semântica. Na pri-
meira, tem-se o sentido de que o aposentado é um coitado, digno de pena. Na segunda,
observa-se que o sentido é de que o aposentado é um homem sem dinheiro.
O brasileiro músico luta muito no exterior. / O músico brasileiro luta muito no exte-
rior. Observe que houve mudança de classe. Na primeira frase, brasileiro é substantivo,
músico é adjetivo, já que nem todo brasileiro é músico. Na segunda, músico é substan-
tivo, brasileiro é adjetivo.
Tal cobrança, envolvendo troca de posição dos vocábulos, classes e sentidos, é muito
comum hoje.

ATENÇÃO!
Muitas vezes, uma questão sobre tema aparentemente simples gera
dúvidas e implica erros danosos ao bom desempenho do candidato.
O uso de nomenclatura desconhecida pode ser um problema.
Veja! Se em determinada questão a banca pede a alternativa que apresente
um adjetivo de relação, e o candidato desconhece tal nomenclatura, questão
perdida! O que são adjetivos de relação? Adjetivos de relação são aqueles
que não admitem variação de grau, não pode ser anteposto ao substantivo.
Ex.: assistente carcerário – carcerário é adjetivo de relação, não
admite variação de grau, não pode ser anteposto ao substantivo.

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Problema social grave – social é adjetivo de relação (observe que não


se dirá “problema muito social”). Entretanto, grave não é adjetivo
de relação. Diz-se problema social muito grave. Percebeu?

4. VERBOS
São palavras que expressam ações, estados, situações.
Exemplos: Ele distribuiu os medicamentos. (verbo que indica ação)
Todos pareciam sensatos na empresa. (verbo que indica estado)
Alguns estavam preocupados com a prova. (verbo que indica estado)

» Atenção! Se usarmos um artigo antes do verbo, a classe gramatical será alterada. A


essa mudança de classe dá-se o nome de derivação imprópria.
Exemplos: 
Dormir bem faz bem à saúde. Dormir é verbo.
O dormir bem faz bem à saúde. Dormir, nesse caso, é substantivo.
Desenhar é uma terapia para mim. Desenhar é verbo.
O desenhar é uma terapia para mim. Desenhar, nesse caso, é substantivo.

5. PRONOMES
São as palavras que substituem ou determinam os substantivos.
Existem vários tipos de pronomes: pronomes pessoais, pronomes possessivos, prono-
mes demonstrativos, pronomes interrogativos, pronomes relativos, pronomes indefinidos
e pronomes de tratamento.

a) Pronomes pessoais – classificam-se em RETOS e OBLÍQUOS.

Os pronomes retos são aqueles usados na posição de sujeito das orações: eu, tu,
ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Exemplos: 
Eu recebi o grupo aqui.
Tu adivinhaste o número da placa.
Nós sabemos o que fazer.
Elas os levarão ao TJ.

Os pronomes oblíquos são aqueles que ocupam a posição de complementos dos ver-
bos (objeto direto / objeto indireto): me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo,
nos, conosco, vos, convosco, lhe, lhes, o, a, os, as.

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Exemplos: Nós os vimos lá.


Nunca as deixaremos sofrer.
Fizeram-me muitos favores.
O turista irá conosco.
O povo vos pede respeito.
Ela se mostrou sensível.
Paulo a encontrou lá e pediu-lhe o relatório.

b) Pronomes possessivos: são aqueles que exprimem posse, propriedade. São eles: meu(s), mi-
nha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s), vossa(s), dele(s), dela(s).

c) Pronomes demonstrativos: como diz o nome, demonstram algo no tempo, no espaço


ou no próprio discurso.
Os pronomes de 1ª pessoa: este, esta, isto; os de 2ª pessoa: esse, essa, isso; os de
3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo.
Os demonstrativos este(s), esta(s) e isto são usados para as pessoas ou coisas que
se encontram perto da pessoa que fala. São usados também para citar algo, alguém, que
ainda não foi mencionado. São, nesse caso, chamados elementos catafóricos.
Observe: Ele assumirá o cargo. Isso o fará mais maduro. Nessa frase, o pronome ISSO
é anafórico. Retoma a ideia “assumir o cargo”.
Entretanto, se o pronome se refere a algo posterior a ele, será catafórico. Veja: Pense
nisto que vou dizer: evite gorduras na dieta. Nisto é elemento catafórico.
Observa-se, ainda, outro uso dos pronomes este(s), esta(s). É o uso com referência
ao momento presente, ao tempo presente. Observe as frases abaixo:
Esta semana haverá provas na faculdade. (semana corrente)
Este século trouxe mudanças climáticas graves. (século corrente – Século XXI)
Este ano, haverá bons concursos. (ano corrente)

Já os demonstrativos esse(s), essa(s) e isso referem-se a seres ou coisas que se encon-


tram próximas da segunda pessoa, o ouvinte, com quem se fala ou a quem se refere. São
usados também para retomar uma ideia anteriormente expressa. Observe as frases a seguir:
O povo não admitirá desmandos de políticos corruptos. Isso não acontecerá de novo.
Nesse caso, o pronome ISSO tem valor anafórico (aquele que se refere a algo mencionado
anteriormente).
Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo são empregados para se-
res ou coisas que se acham distantes da primeira e da segunda pessoa, do falante e do
ouvinte. Veja:
Aquilo que disseram era mentira.
Aquele filme me emocionou.

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» Atenção!! São considerados também pronomes demonstrativos: o(s), a(s), próprio, se-
melhante, tal. Os pronomes pessoais o, a, os e as funcionam como pronomes demonstra-
tivos quando forem equivalentes a aquele(s), aquela(s) e aquilo. Veja alguns exemplos:
Alguns vieram à festa; os que ficaram em casa teriam prova no dia seguinte. (os = aqueles)
A história que ouvi era incrível; a que ele contou ao juiz, absurda. (a = aquela)
O que disse era mentira. (o = aquilo)

d) Pronomes interrogativos: são aqueles que abrem as perguntas, as interrogações. São


eles: Que, Quem, Qual (quais), Quanto(s), Quanta(s)
Exemplos: 
Quem me deu argumentos para lutar?
Que faremos com o valor recebido de herança?
Quantas vezes ele esteve aqui?
Qual deles perdeu o passaporte?

e) Pronomes relativos: os pronomes relativos têm por função básica unir orações dife-
rentes fazendo com que as ideias nelas expressas se complementem, evitando assim
repetições desnecessárias.
São eles: que, o qual, a qual, os quais, as quais, quem, como (=pelo qual, pela qual),
quanto, quantos, quanta, quantas, cujo, cuja, cujos, cujas, quando (=em que, no qual, na
qual), onde (= em que, no qual, na qual, nos quais, nas quais).
Exemplos: O motivo pelo qual fui punida era banal.
A pequena vila onde (= em que, na qual) nasci é reduto de artista famosos.
Os políticos em cuja lealdade confiei são corruptos.
O tema ao qual me referi é polêmico.
O mês, quando (= em que, no qual) ocorreu a enchente, é muito quente lá.
Os jornais que leio são imparciais.

f) Pronomes indefinidos: são aqueles que indefinem uma ideia.


São eles: algo, algum, alguma, alguns, algumas, bastante, bastantes, cada, certo,
certa, certos, certas, demais, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, alguém, ninguém,
outro, outra, outros, outras, outrem, qualquer, quaisquer, tudo, todo, toda, todos, todas,
mais, muito, muita, muitos, muitas, nada, menos, quem, vário, vária, vários, várias
Exemplos: Fizeram muitas críticas ao jornal.
Algumas pessoas pareciam sensatas e educadas.
Vários temas foram discutidos durante a reunião.
Quaisquer reclamações serão avaliadas.
Cada um pediu que adiassem a multa.
Certos valores se perderam no tempo.
Tudo aconteceu sem previsões da economia.

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Alguém poderia ajudá-lo a pintar o muro?


Alguns turistas ficaram na piscina; os demais saíram.

g) Pronomes de tratamento: são os pronomes utilizados em tratamentos formais, quan-


do o interlocutor ocupa cargos ou posições sociais prestigiadas.
São eles: você, senhor, senhora, senhorita, Vossa Excelência, Vossa Eminência, Vossa
Reverendíssima, Vossa Senhoria, Vossa Santidade, Vossa Majestade, Vossa Alteza, Vossa
Magnificência
Exemplos: 
Vossa Excelência pretende que se reformem os hospitais?
Quem, senhor, poderá acompanhá-lo ao médico?
Senhorita, importa-se de apresentar seus documentos ao agente?

6. ADVÉRBIOS
São as palavras ou expressões que exprimem circunstâncias. Podem expressar modo,
tempo, lugar, companhia, negação, afirmação, meio, causa, instrumento etc.
Muita atenção às questões que abordam a cobrança dos advérbios! Primeiramente,
lembre-se de que advérbios são palavras que modificam três outras classes de palavras:
verbos, adjetivos e advérbios. Veja como!
Ele lê muito! Muito é advérbio que modifica o verbo “lê”. É advérbio de
intensidade.
Todos ficaram bem preocupados com a situação. É advérbio de intensidade.
Modifica o adjetivo preocupados.
Nós estaremos lá muito cedo. É advérbio de intensidade. Modifica o advér-
bio de tempo cedo.

Enfim, a grande cilada, muitas vezes, está no fato de o termo estar ao lado de um
substantivo, e o candidato julgar que há ali um advérbio. Observe! Ele teve muito tempo
para fugir. Muito NÃO é advérbio. Ele modifica o substantivo tempo, portanto não pode
ser advérbio, já que advérbios não modificam substantivos.
Advérbios são elementos que, como se diz informalmente, “matam” a curiosidade do ser
humano. Se ouvimos “Ele morreu”, entendemos perfeitamente a mensagem. O verbo morrer é
intransitivo. Dispensa complementos. Mas eis que surge a curiosidade. Morreu quando? Morreu
onde? Morreu de quê? Ao responder “quando”, temos um advérbio de tempo. Ao responder
“onde”, temos um advérbio de lugar. Ao responder “de quê”, temos o advérbio de causa.

7. CONJUNÇÕES
São palavras invariáveis que ligam duas orações ou dois termos semelhantes de uma
mesma oração.
Há dois tipos de conjunções: as coordenadas e as subordinadas.

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As coordenadas ligam orações independentes, autônomas em sentido, que não exer-


cem função sintática da oração a que se ligam.
As subordinadas ligam termos em uma relação de dependência. Daí o nome “subor-
dinada”. Elas introduzem orações que assumem uma função sintática de outra oração.

As Coordenadas se dividem em cinco:

a) aditivas: têm valor de adição. As principais aditivas são: e, nem, mas também, como
também, bem como, tanto…quanto, mas ainda, não só… mas também, não só… como
também, não só… bem como, não só… mas ainda, que (=e), mas (=e), outrossim,
tampouco, também, não só …senão também, bem assim, além de
Exemplos: Ele recebeu o material e fez uma análise criteriosa de tudo. (adição)
Tanto o pai quanto os filhos assistiram ao filme de ação. (adição)
Ele não dormiu tampouco estudou. (adição)
Elas escreveram a letra mas também fizeram a música. (adição)

b) adversativas: têm valor de adversidade, oposição, contraste.


As principais adversativas são: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, antes (no
sentido de pelo contrário), no entanto, ao passo que, quando (=mas), que (=mas), nada
obstante, senão (=mas), entrementes, e (= mas), de outra forma, em todo caso, aliás
(=de outro modo)
Exemplos: Ela riu muito do filme, ao passo que ele sentiu-se ofendido. (adversidade)
Ouvimos as ideias do chefe, entretanto não concordamos com nada.
(adversidade)
Li as poesias, e não gostei das mensagens do poeta. (adversidade)
Eles ouviram a sentença, contudo não a aceitaram.

c) alternativas: são as conjunções que ligam orações com valor de alternância.


As principais alternativas são: ou, ora…ora, já…já, quer…quer, seja…seja
Exemplos: 
Ora sorria, ora chorava. (alternância)
Quer fique, quer vá, nós o apoiaremos.

d) conclusivas: são as conjunções que têm valor de conclusão.


As principais conclusivas são: logo, portanto, pois (após o verbo), por conseguinte
(em consequência de algo), por isso, então, por consequência, consequentemente, des-
sarte, destarte, daí, de modo que, de maneira que, de forma que, em vista disso

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Exemplos: Ele sabe o que faz, portanto não se arrependerá.


Ela reconheceu seus erros, será, pois, aceita de volta pela equipe.
Comprou o terreno por bom preço, por conseguinte poderá construir a pousada.

e) explicativas: são as conjunções que têm valor de explicação.


As principais explicativas são: pois (antes do verbo), porque, que, porquanto
Exemplos: Ela deve estar nervosa, pois está rubra.
Ele esteve no escritório, porque a luz está acesa.
Não deixe de memorizar essas regras, pois podem cair na prova.

As Subordinadas se dividem em:

a) causais: são as conjunções que expressam uma razão, uma justificativa.


As principais causais são: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que,
pois, porquanto, dado que, visto como, vez que, de vez que, de modo que, pois que, por
isso que, na medida em que, sendo que, quando (=porque), se (= já que)
Exemplos: 
Como perdeu os documentos, não pôde viajar.
Foi dispensado pelo treinador, porque agrediu o árbitro.
A polícia o deteve porquanto portava pacotes de dólares na mochila.
Não houve o jogo visto que os terroristas distribuíram bombas pelas
arquibancadas.
Uma vez que ofendeu o cliente, perdeu a confiança dos demais.

b) comparativas: são as conjunções que estabelecem valor de comparação.


As principais comparativas são: como, tal qual, assim como, (tanto) quanto, tão…
quão, feito, que nem, qual etc.
Exemplos: Ele atuou como um ator profissional atuaria.
As crianças se expressavam tão bem quanto os adultos.
Eles liam tanto quanto os pais.

c) concessivas: são as conjunções que estabelecem valor de concessão.


Lembre-se de que a ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à que-
bra de expectativa.
As principais concessivas são: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem
que, ainda que, mesmo que, apesar de que, que, a despeito de, conquanto, malgrado, em
que pese, se bem, bem que, mas que, quando (=embora) e (=embora), que (=embora),
por mais que, por menos que, por pouco que, não obstante

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Exemplos: 
Conquanto se mostrasse tenso, não perdia a confiança em sua capacidade.
Eles discordaram das regras estabelecidas, apesar da intervenção do pai.
Por mais que treinasse, não tinha ainda uma pronúncia perfeita.
A despeito de ser excelente vocalista, não se apresentava sozinho.
Os empreendedores não esmorecem apesar de a economia estar instável.
Malgrado não lhes desse razão, não os critiquei à frente da equipe.

d) condicionais: são as conjunções que expressam condição.


As principais condicionais são: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
(= senão), a menos que, uma vez que, a não ser que, no caso que
Exemplos: Todos se sentirão seguros contanto que a polícia atue com eficácia.
Ficaremos aqui a menos que a empresa nos remaneje para São Paulo.
Treinarão aqui desde que o ginásio fique pronto.
Eles conseguirão bons lugares no teatro uma vez que cheguem cedo.

e) conformativas: são as conjunções que expressam opinião, conformidade.


As principais conformativas são: conforme, segundo, consoante, como, de acordo com
que, que, para (= conforme)

Exemplos: 
Como previra o meteorologista, os ventos fortes atingiram a cidade.
Para a maioria da torcida, ele é o melhor atacante da equipe.
Segundo matéria do jornal X, a campanha de vacinação foi adiada.
De acordo com os relatórios apresentados, havia necessidade de outra cam-
panha de vacinação.

f) consecutivas: são as conjunções que expressam consequência, efeito. As principais


consecutivas são: que (precedido de tal, tanto, tão), de modo que, de sorte que, de
maneira que

Exemplos: Elas reagiram tão mal à crítica que os demais se calaram.


Comia tanto que engordava a olhos vistos.

g) finais: são as conjunções que expressam finalidade, objetivo, propósito. As principais


finais são: a fim de que, para que, porque (=para que), de modo que, de sorte que,
de maneira que, de forma que

Exemplos: Todos se calaram para que ele pudesse tocar.

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A fim de reduzir gastos supérfluos, deixava os cartões em casa.


Ele tentava ser otimista de maneira que atraísse bons ventos.

h) integrantes: são as conjunções que não têm um valor semântico. Seu papel é integrar
orações. São as conjunções que introduzem orações subordinadas substantivas.
As conjunções integrantes são: que (=isto), se (= isto).

Exemplos: Eles solicitaram que eu os deixasse estudar lá. (Eles solicitaram ISTO)
Todos me perguntaram se haveria tempo para reuniões. (Todos me pergun-
taram ISTO)

i) proporcionais: são as conjunções que expressam proporcionalidade.


As principais proporcionais são: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
mais (tanto menos), conforme, enquanto.
Exemplos: Ele melhora o vocabulário à medida que lê.
Quanto mais exercitava, mais segurança alcançava no trabalho.
À proporção que ensaiava a música, mais confiante ficava.

j) temporais: são as conjunções que expressam tempo.


As principais temporais são: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal
(= logo que), até que, depois que, cada vez que, que, primeiro que, tão logo, antes que,
toda vez que.
Exemplos: 
Enquanto uns dormiam, outros agiam.
Toda vez que saía, trazia-lhe uma rosa.
Desde que chegou ao Brasil, encantou-se com a comida e o povo.
Eles viverão aqui até que fique pronta sua casa.
Assim que entrou em campo, foi vaiado pela torcida.

Chamo a sua atenção, entretanto, para o fato de que não lhe bastará memorizar a lis-
ta de conjunções aqui destacadas. Por quê? É simples! Todas as questões abordarão esse
ponto pela semântica, ou seja, pelo sentido que cada uma delas assumirá em determinado
contexto. Observe as frases a seguir:
Desde que assuma o erro, terá o respeito dos clientes. (desde que = condição)
Desde que assumiu o erro, tem o respeito dos clientes. (desde que = tempo)
Como estacionou em local proibido, foi multado. (como = causa)
Como avisara o guarda, seria multado. (como = conformidade)
Como um advogado experiente, ele atuou naquela causa. (como = comparação)

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8. NUMERAIS

São palavras que indicam quantidade, ordem.


Há quatro tipos de numerais:
a) cardinais: um, três, dez, cem, vinte etc.
b) ordinais: primeiro, segundo, terceiro, vigésimo, milésimo, centésimo etc.
c) multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, décuplo etc.
d) fracionários: metade, um terço, um quinto etc.

9. PREPOSIÇÕES

São palavras que unem elementos de uma oração.


As preposições essenciais são: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Fique atento às questões em se cobra o valor semântico das preposições! Observe as
frases a seguir:
Ele mora em São Paulo. = lugar
Ele viajou com a família. = companhia
Todos lá nos receberam com muita alegria. = modo
Por medo, ele não opinou. = causa
Por dez anos, morei aqui. = tempo
As poesias de Vinícius serão para sempre valiosas. = autoria
Os calçados de Franca são exportados. = origem

10. INTERJEIÇÕES

São palavras ou expressões invariáveis que exprimem sentimentos, reações, emoções.


São exemplos de interjeições: Ah!, Oh!, Ufa!, Oba!, Eba!, Ai!, Ui!, !, Passa!, Rua!, Xô!,
Viva!, Bis!, Bravo!, Nossa!, Vixe!, Céus!, Puxa! etc.
Exemplos: 
Oba!! Haverá a festa!
Céus! Que frio é esse!

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Vídeo:

https://youtu.be/s0Nd6T4FjjQ

11. QUESTÕES/DESAFIO
01. Quanto à classificação das palavras sublinhadas, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e,
após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(1) Pronome
(2) Advérbio.
(3) Substantivo.
( ) “… a decoração de todo salão…”
( ) “Ele fez tudo errado por muito tempo…”
( ) “… dominado por uma família muito diferente…”
A) 1 – 1 – 2.
B) 2 – 3 – 1.
C) 1 – 1 – 3.
D) 3 – 2 – 1.

02. A NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) divide as palavras da língua portuguesa em dez
classes, chamadas de classes gramaticais: substantivo, adjetivo, verbo, pronome, numeral, ar-
tigo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
Aponte abaixo a resposta CORRETA que apresenta um exemplo de interjeição.
A) Os índios viviam aqui.
B) Aprender, mandar, permanecer, estar.
C) Nossa! Quantos órfãos chegaram?
D) Nenhuma das crianças estava febril.

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