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Psicanálise E A Modalidade On-Line: Resistências E Possibilidades

ARTIGO DE REVISÃO

GARRIT, Marcio [1]

GARRIT, Marcio. Psicanálise E A Modalidade On-Line: Resistências E Possibilidades. Revista


Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 05, Vol. 06, pp. 51-66. Maio
de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/resistencias-e-possibilidades

Contents

RESUMO
INTRODUÇÃO
O CENÁRIO DE RESISTÊNCIA DA PSICANÁLISE FRENTE AO DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO/CULTURAL
A POSSIBILIDADE/FLEXIBILIDADE DO MÉTODO PARA APLICABILIDADE ON-LINE
UM POSSÍVEL MANEJO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar a questão da virtualização do setting analítico, ou o
manejo on-line, que é instituído de forma compulsória e traumática no meio psicanalítico
devido ao advento da pandemia de Covid-19 em 2020. O ocorrido torna urgente a
implantação de novas formas de escuta, porém, até então, via-se uma escassez de
publicações e pesquisas sobre o assunto que ajudassem a respaldar tais formas, o que viria a
justificar para alguns a dificuldade de adesão e adaptação. Com base no acesso a um
relevante quantitativo publicado até então, em conjunto com os escritos clássicos de grandes
nomes da psicanálise, decidimos tratar essa questão a partir de três pontos: A falta de
pesquisa enquanto fator de resistência em conciliar a psicanálise com a tecnologia; A
possibilidade que a teoria psicanalítica nos oferece em expandir certos conceitos teóricos
para a não caducidade da mesma; e, algumas possibilidades para o manejo on-line da

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transferência a partir de algumas pesquisas já publicadas.

Palavras-Chaves: Mal-estar, manejo on-line, pandemia, tecnologias, transferência.

INTRODUÇÃO

Há muitos tipos e caminhos de psicoterapia. São bons todos os que levam ao


objetivo da cura. (FREUD, 2019, p. 46)

Nota-se que Freud, desde o início do século XX, se volta para a observação dos meandros
culturais e seus fenômenos, a ponto de afirmar em seu texto de 1920 – Psicologia das
massas e análise do Eu, que seria impossível se voltar para o sujeito excluindo o meio em
que vive. O mundo contemporâneo vem instituindo e evidenciando novas formas de
estruturação do laço social e a psicanálise, enquanto uma possibilidade de cuidado das
subjetividades dos sujeitos, de acordo com Freud, necessita estar à frente dessas análises
trazidas pela cultura da época em que está inserida, para uma possível conciliação do mal-
estar que não cessa de se atualizar devido ao próprio movimento inerente da mesma. Nem
sempre a psicanálise responde a essas demandas a contento, fato perceptível pelo baixo
número de pesquisas desenvolvidas para alguns assuntos, sendo um deles o atendimento
on-line (MEZAN, 2006).

A virtualização do setting analítico sempre foi um dos assuntos com pouco desenvolvimento
de pesquisa, acreditamos que por resistência na expansão teórica, assunto, o qual
desenvolveremos mais a frente. Recorrendo a Freud, não se pode “olhar” o sujeito sem
“olhar” o desenvolvimento cultural, caso contrário, haverá uma perda importante para a
prática analítica. E, infelizmente, é o que acabou sendo evidenciado a partir do início do ano
de 2020.

No Brasil, assim como no mundo, a disseminação da contaminação por Covid-19 vem para
modificar de forma relevante a estrutura de vida de todos. De acordo com Bittencourt e
Et.al. (2020) o país inicia o registro de contaminação a partir do final de fevereiro de 2020 e
após um pouco mais de três meses, já se tem mais de meio milhão de contaminados. A
necessidade do não contato com o outro, obriga uma exclusividade de atendimento
psicoterapêutico, e órgãos como CFP iniciam a autorização para atendimento on-line, e

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algumas plataformas chegam a colapsar. E como a psicanálise se coloca frente a isso?

O objetivo desse artigo é explicar, sem o menor intento de esgotamento do assunto, o


movimento avassalador de mudanças que a pandemia de 2020 nos trouxe, mais
especificamente em relação à virtualização do setting, ou o manejo on-line. Para isso,
dividimos o mesmo em três pontos. Primeiramente vamos tratar a ausência de constância
em pesquisas sobre o tema pela via da resistência do movimento analítico, logo após,
demonstrar, através de alguns pensadores da psicanálise, a possibilidade de expansão
teórica que a mesma nos dá para o acompanhamento dos avanços tecnológicos e culturais.
Por fim, exporemos algumas possibilidades técnicas para o manejo on-line da transferência
de acordo com algumas pesquisas já publicadas até o momento.

O CENÁRIO DE RESISTÊNCIA DA PSICANÁLISE FRENTE AO DESENVOLVIMENTO

TECNOLÓGICO/CULTURAL

A psicanálise não teria sido o que ela é se o e-mail tivesse existido há um século.
(GONDAR, 2020, p. 42)

Percebe-se uma série de motivos para o não acompanhamento de alguns movimentos do


desenvolvimento da cultura, procedimento não autorizado por Freud, porém, acreditamos ser
a resistência do próprio meio psicanalítico, o motivo que acabou por instituir tal prática, no
caso, pesquisas sobre o manejo on-line. Para Verztman e Dias (2020) apesar dos
atendimentos on-line ocorrerem há mais de 15 anos no Brasil, essa escassez de publicações,
segundo os autores, se daria devido a uma certa reserva de alguns psicanalistas em expor
uma forma de trabalho, conceituada até então como inferior, não psicanalítica de fato. De
acordo com Figueiredo (2020), os atendimentos à distância já existiam há muitos anos, seja
por motivos de viagem ou qualquer situação que impossibilitasse o analisando a se dirigir ao
consultório do seu analista. E, segundo Aryan et. al. (2015) há registros de análise por
telefone desde a década de 80 do século XX. Além disso, o material mostrado nesse tipo de
abordagem não se diferenciou do material aparente nos encontros presenciais e o único
cuidado é que ambos preparem um ambiente capaz de conter o processo analítico. Isso
denota o cenário típico de resistência, onde alguns fazem e poucos comentam. Afinal, qual
seria o posicionamento dos analistas frente à evolução dos acontecimentos? Zygouris (2006)

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é pontual ao afirmar que os analistas não devem julgar os fatos e sim tentar compreendê-los
e se atentar a escuta além de línguas e culturas.

Não é novidade a necessidade de evoluir com a psicanálise conforme o cenário em que ela
está inserida, segundo Quinet (2020) é papel do analista fazê-la existir no mundo se
posicionando frente aos sofrimentos do sujeito provenientes do mal-estar na cultura. Uma
das atividades necessárias para que isso ocorra, é a comunidade psicanalítica lançar mão de
pesquisas diversas. No caso dos atendimentos on-line, ficou claro que “há poucas pesquisas
no momento, mas elas sugerem que pelo menos um terço dos analistas já experimentou a
psicanálise à distância.” (NOBREGA, 2015, p. 148) O que denota um cenário de resistência,
como já dito, e até de uma dependência de algo ou alguém que autorize a popularização da
atividade. Essa atitude, no mínimo, complexa a respeito das plataformas de atendimento on-
line, fica mais evidente na afirmação contida na pesquisa de Capoulade e Pereira (2020) ao
afirmarem que há um número crescente de interessados no tema, há pelo menos duas
décadas. Afinal, os analistas de uma forma geral, estavam esperando a autorização de um
órgão superior, se é que isso existe em psicanálise, ou há uma possibilidade de
questionarmos a autorização de alguns sobre o ato de psicanalisar? Essa questão,
percebemos, fica evidente após a pandemia de Covid-19. Percebe-se que a prática de
atendimento on-line, era vista até então, como algo que subvertia a prática ortodoxa de
atendimento presencial. Esta, muito farta de conteúdo teórico e exclusivamente aceita pelo
meio de uma forma geral. Essa exclusividade gera um hiato relevante de teorias e pesquisas
que abracem modalidades diversas como a on-line, ou até por telefone. Essa ausência acaba
por imprimir uma espécie de falta de autorização do meio psicanalítico, e a prática não se
institucionaliza ou se credibiliza entre os analistas. Com isso, percebe-se que ela requer um
“título urgentemente, o que implica dar identidade, institucionalizar, e para isso é preciso
construir credibilidade que surja da própria prática. Ou seja, demonstrar que pode ser
considerada psicanálise.” (ARYAN et. al., 2015, p. 60) Pois, abrir mão novamente ou não dar
continuidade dessa modalidade de atendimento, mesmo após o fim da pandemia, seria uma
forma de regressão, pois tal modalidade “se trata de um instrumento técnico com imensas
possibilidades e que, provavelmente, veio para ficar.” (CAPOULADE; PEREIRA, 2020, p. 543).
O atendimento on-line e tudo aquilo que envolve o seu manejo, evidencia a soberania da
clínica sobre a teoria. Não intentamos com isso diminuir o aparato teórico, tão bem
estruturado que a psicanálise produziu e produz, mas sim, referendar o próprio método de
Freud ao criar a psicanálise. Por diversas vezes, percebe-se, a dificuldade de enquadre de

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certos analisandos nas teorias vigentes e muito se faz para tentar esse ajuste. Desde Freud
até os dias atuais, percebe-se o esforço da comunidade psicanalítica em explicar sintomas
contemporâneos pela via conceitual. A clínica contemporânea, com seus estados limites, já
vem demonstrando isso. É pela prática clínica que se chega à teoria e não ao contrário. A
negação disso demonstra a resistência de um método já reconhecido e aplicado por Freud,
como também a tentativa confusa de aplicação de um rigor científico a uma prática, que
como já dito, é soberana. De acordo com Zygouris (2006), há uma distância considerável
entre a prática e a teoria. Distância essa que nem sempre poderá ser conciliada.

[…] existe um hiato entre teoria e prática. Até porque é bem mais fácil introduzir
mudanças na prática do que enfrentar os monumentos teóricos. Nem tudo da
teoria se traduz na prática e muitas práticas não podem encontrar uma
justificativa absoluta na teoria. E fingimos ignorar esse fato de suma importância
[…] afirmar que não há teoria gera da vida psíquica e, em decorrência disto,
aceitar que não há relação teórica […] Entre fazer e o dizer em psicanálise não há
relação que possa ser escrita de maneira unívoca. (ZYGOURIS, 2006, p. 15)

Segundo Zygouris (2006) os analistas que inovam em seus consultórios não se manifestam
em público com o mesmo espírito inovador. Se preocupam mais em dar opiniões teóricas
sobre o caso sem justificar as mesmas em sua prática analítica e até em entender o social na
atualidade. Preferem utilizar de seu tempo em comentar textos antigos a ponto de
transformarem a psicanálise em uma “cultura do comentário”, com isso, diversifica cada vez
menos em pesquisa. “Temos um número, cada vez maior, de comentários de livros e um
número cada vez menor de contribuições e reflexões provenientes diretamente do humano,
que é o nosso campo de pesquisa.” (ZYGOURIS, 2006, p. 51) Vimos então, que um dos papeis
do analista é a negação de qualquer posicionamento que avance contra a evolução cultural,
pois o contrário disso seria negar a própria psicanálise. Para Nóbrega (2015) a análise
verdadeira não deve virar as costas para um contexto de rápida evolução tecnológica, pois
daí surgem valores que não podem ser ignorados. Esses valores trazidos por esses sujeitos
na clínica psicanalítica estão totalmente permeados pela época em que fazem parte e
convivem, não levar isso em consideração seria instituir a impossibilidade da própria clínica.

Poderíamos dizer que todos os analistas tiveram que admitir algo que Ferenczi
sempre nos convocou a enxergar: quem recebemos em tratamento não é apenas

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um sujeito, mas um sujeito e sua circunstância; se não a levamos em conta, não


poderemos tratá-lo. (GONDAR, 2020, p. 38)

Esse campo de resistência, de alguns analistas, é muito bem esclarecido por Gondar (2020)
ao afirmar que o mesmo insiste, por pontuar continuamente que o atendimento on-line não é
a verdadeira psicanálise, e com isso reforçam uma prática ortodoxa e com um certo purismo.
Isso é nada mais que a hipocrisia profissional, de acordo com sua leitura de Ferenczi. O
apego a certezas, teorias ou técnicas, vai demonstrar o medo que certos analistas têm em
entrar em contato com certas singularidades e circunstâncias do analisando. “Somos nós que
resistimos a esse contato. E resistimos através da hipocrisia profissional, aferrando-nos ao
modelo que conhecemos.” (GONDAR, 2020, p. 40-41)

Nota-se que o cenário de resistência deve ser confrontado, para uma melhor reflexão da
atualidade, com os posicionamentos do próprio Freud, o criador da psicanálise, que durante
toda a sua obra demonstra uma grande flexibilidade em ajustar, complementar e refazer
vários de seus apontamentos teóricos. Isso fica evidente quando o mesmo afirma, em 1919,
que não se orgulhava do fechamento do saber e que estava disponível em “aprender coisas
novas e mudar em nosso procedimento aquilo que pode ser substituído por algo melhor.”
(FREUD, 1919, p.135) Ao longo dos anos de escrita dos artigos da técnica psicanalítica, Freud
deixa ao cargo dos analistas uma lapidação e expansão daquilo que estava propondo.

[…] mas devo dizer expressamente que essa técnica resultou como a única
adequada para mim, como indivíduo; não ouso questionar que outra
personalidade médica, de constituição totalmente diferente, possa se ver impelida
a privilegiar outra postura em relação ao doente e à tarefa a ser resolvida […] É
bem verdade que um dos méritos do trabalho analítico é que nele pesquisa e
tratamento coincidem, mas a técnica que serve a um, de um certo ponto de vista,
acaba se opondo à outra. (FREUD, 1912, p.63-65)

A postura de Freud frente aos seus apontamentos e descobertas era, na maioria das vezes,
coerente e flexível frente às novidades e a evolução cultural. Freud (1913) deixa isso bem
evidente ao apresentar as regras de atendimento como recomendação e não como
obrigatoriedade. Sua postura sobre a mecanização da técnica é evidente e vista por ele como
sem efeito. Com isso, vimos que a pandemia trouxe uma maior necessidade de flexibilização

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e evidenciou uma resistência que persistia até então.

A POSSIBILIDADE/FLEXIBILIDADE DO MÉTODO PARA APLICABILIDADE ON-LINE

Portanto, diga tudo o que lhe passa pela mente. (FREUD, 2019, p. 96)

Percebe-se que há algo de peculiar na psicanálise e que, a priori, percebemos uma geração
de estranhamento em alguns analistas. O método! Simplesmente, não há regra prévia na
psicanálise há não ser a associação livre do analisando em conjunto com a escuta flutuante
do analista. E mesmo assim, tais precauções não determinam o resultado desse encontro
analítico, Ferenczi (1928) já falava da necessidade da aceitação dos limites do saber do
analista. Deve haver uma enormidade de fatores para que se possa chegar ao alcance dos
propósitos almejados pelo analisando em relação a um melhor viver com seu sintoma. Para
Winnicott (1962), cada analista se sairá melhor de acordo com o tipo de estrutura clínica que
mais se sente à vontade de atender, porém, a diferença se dá na confiança que o mesmo
tem na técnica que se utiliza. A partir dessa confiança, o método poderá e será melhor
aplicado em outras estruturas também. Essa falta de rigidez e normas técnicas obrigatórias
gera um desamparo em alguns analistas que, previamente, esperançaram lançar mão de
algo que pudesse garantir a relação transferencial no setting. Possivelmente, seja por isso,
que muitos tenham muito receio de aceitar a psicanálise com o montante de subjetividade
que ela carrega, pois no final, como afirmava Ferenczi “A única base confiável para uma boa
técnica analítica é a análise terminada do analista.” (FERENCZI, 1928, p. 42) Há algo de um
furo na psicanálise, uma incompletude, porém muito se pode fazer, mas antes devemos
aceitar os limites e significados desse “furo”.

Para Ferenczi (1928) após as duas regras fundamentais da psicanálise, associação livre e
escuta flutuante, o mais importante de tudo seria o que ele convencionou chamar de “tato
psicológico”, que seria a capacidade do analista de saber quando e como se comunicar com
o analisando. Para ele, tal tato psicológico poderia ser identificado também como a faculdade
de sentir com. Tal prática só se tornaria possível a partir da retirada da libido do analista para
com o analisando, gerando assim, um cenário racional e consequentemente, sem nenhuma
influência de seus sentimentos na vida do analisando. A análise, a radicalidade, do analista
não pode ser negociada para execução do seu ofício.

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Se formos buscar outro grande pensador da psicanálise, chegaremos a Lacan. O mesmo, em


1978, chega a afirmar que a psicanálise é intransmissível e que cada psicanalista deve
reinventar a psicanálise de acordo com o que ele conseguir elaborar em sua análise pessoal.
Somente assim a psicanálise poderia continuar existindo. É importante pontuar, de acordo
com Jorge (2017), que Lacan não trata a reinvenção da psicanálise como recriação da
mesma, mas sim o que cada analista pode contribuir com suas reinvenções pontuais ou de
improviso. Essas afirmações, além de estabelecerem o que já conhecemos como a única e
melhor ferramenta de capacitação para tornar-se analista, define que há algo muito maior na
relação analítica do que apenas ordenamentos teóricos, a soberania da prática clínica
afiançada pela capacidade do manuseio transferencial a partir de uma análise concluída, ou
quase.

Nota-se que Freud não institucionalizou o setting ou criou dogmas a seu respeito. De acordo
com Jorge (2017) os pós freudianos é que se preocuparam mais com isso, pois o pai da
psicanálise sempre tendeu a uma flexibilização a respeito da singularidade de cada analista,
pois o mais importante na relação de análise é a elaboração de um modus operandi que
favoreça o trabalho analítico para fazer emergir um sujeito. O que nos remete a Lacan,
quando afirma que

O psicanalista certamente dirige o tratamento […] que não deve de modo algum
dirigir o paciente. A direção de consciência, no sentido do guia moral […] A
direção do tratamento é outra coisa. Consiste, em primeiro lugar, em fazer com
que o sujeito aplique a regra analítica […] o paciente não é o único com
dificuldades a entrar com sua quota. Também o analista tem que pagar: – pagar
com palavras, sem dúvida, se a transmutação que elas sofrem pela operação
analítica as eleva a seu efeito de interpretação; – mas pagar também com sua
pessoa, na medida em que, haja o que houver, ele a empresta como suporte aos
fenômenos singulares que a análise descobriu na transferência. (LACAN, 1958, p.
592-593)

Percebemos em Lacan essa mesma predisposição de Freud em ser menos pragmático e


rígido na relação analítica em relação à configuração de setting. Isso fica evidente quando
Lacan (1972) explicita sua regra de atendimento pessoal afirmando que quando alguém o
procurava no seu consultório, há um início com as entrevistas preliminares e após isso, a

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confrontação de corpos não se mostra mais importante e sim a entrada no discurso analítico,
discurso que permite o trabalho de análise e não os discursos que petrificam, como o do
mestre. Essa afirmação de que a confrontação de corpos se torna secundária, nos dá a real
condição de entender que o sustentáculo de uma análise é a voz.

Vê-se assim que não há uma configuração rígida em relação ao atendimento analítico, mas
sim a necessidade de voz e imagem para sustentar o atendimento. De acordo com Quinet
(2020) a voz e o olhar são corporais e emanações das pulsões, e obviamente, fazem parte do
corpo. Isso presentifica o analista com semblante de objeto a na análise. Essa relação não se
desfaz no método on-line, apenas caberá ao analista iniciante dessa modalidade, encontrar
uma forma de melhor articular as ferramentas digitais escolhidas para um bom atendimento.

A presença do analista se dá pelo ato do analista, esse ato em que ele se coloca
ali, no aqui e agora da sessão como semblante de objeto a, e estabelece esse laço
único que é o discurso do analista. Isso implica afirmar que há algo do Real da sua
presença nessa live, esse ao vivo da sessão. Podemos pensar na psicanálise on-
line, sim, como uma psicanálise presencial: porque implica a presença do analista
— não uma presença física, mas de outra ordem. (QUINET, 2020, p.17)

Para concluir, percebe-se que não à toa Freud já visualizava e praticava as variadas formas
de atendimento aqueles sujeitos que o procuravam. Segundo Belo (2000) a psicanálise foi
gestada a partir de trocas de correspondências de Freud com Fliess. Apenas a palavra
escrita era o meio e a base para tal gestação de idéias. Além desse advento, há outras não
presenciais que permeiam a história da psicanálise. Podemos entender as cartas como o
meio que hoje denominamos como virtual, e Freud nunca se furtou de usá-lo, inclusive para
atendimento. O pequeno Hans foi atendido através das cartas que o pai deste trocava com
Freud. Hoje, devido à pandemia, se pergunta sobre essa possibilidade de atendimento on-
line. “Ora, se o próprio nascimento da psicanálise se nutriu da virtualidade, é razoável que
possamos abrir espaço para análises à distância.” (BELO, 2020, p. 19) E de acordo com
Figueiredo (2020) o dispositivo analítico é sempre virtual, pois depende de uma interligação
de mentes de analista e analisando conectados em um sentido ampliado. Tal mecanismo
criado por Freud continua sendo praticado, redefinido e necessita ser atualizado pelos
psicanalistas até os dias atuais. Para Gondar (2020) a psicanálise não teria sido o que foi se
houvesse a tecnologia que temos atualmente, e sendo assim, o futuro da mesma tende a

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modificá-la e distanciá-la dos intentos iniciais de Freud e seus seguidores, pois “a técnica não
estabelece apenas a forma ou a estrutura da comunicação; ela determina também o
conteúdo do que vai ser comunicado.” (GONDAR, 2020, p. 44)

UM POSSÍVEL MANEJO

Mas, em geral, análise é para aqueles que a querem, necessitam e podem tolerá-
la. (WINNICOTT, 1962)

Percebe-se que quando se fala de garantias em atendimento psicanalítico, o assunto se


esvai, pelo menos deveria, imediatamente. Por ser a psicanálise uma proposta que contém
limites, sempre haverá um resto de análise em cada percurso com a mesma. Dessa forma, é
notória a ausência de garantias em qualquer modalidade ou configuração de setting, como é
relevantemente complexa e sem fianças as ações que geram a possibilidade de um manejo
transferencial, suficientemente bom, na relação analista VS analisando, pois dependem da
análise pessoal do analista. Tal percurso analítico, subjetivo e pessoal, é a única ferramenta
disponível que possivelmente capacitará ao analista o manejo necessário para posicionar o
analisando frente ao seu desejo, e não uma configuração física do setting ou demais
mensurações teóricas. E é tal possibilidade que propicia manejos transferenciais possíveis a
atividade analítica.

Segundo Fingermann (2008) o que faz um tratamento analítico ser possível é a capacidade
do analista em suportá-lo pelo viés da transferência do seu início ao fim. Essa capacidade se
mostra na forma como o analista se posiciona frente à transferência sem se imbricar nela a
ponto de abrir uma contratransferência, e com isso expor o seu desejo e interferir com o
mesmo. Em análise, o desejo do analisando é o protagonista da análise e é a partir do que e
como se expressa esse desejo, que o analista emerge, se aproveitando dessa demanda para
implicar o analisando frente a isso. Assim, o analista implica o sujeito na sua estrutura. “Essa
manutenção da posição “desejo de analista”, a despeito da demanda do sujeito vai, de fato,
produzir […] uma descontinuidade com o intuito de esvaziar o sentido complementar que lhe
dá o enredo neurótico.” (FINGERMANN, 2008, p. 133)

Vê-se que é a partir da capacidade do analista em manejar a transferência, com os devidos

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cuidados necessários a cada estrutura, que possibilitará o trabalho analítico. Tal operação,
não é fora da modalidade on-line. De acordo com Figueiredo (2020) mesmo que o analista
seja muito experiente frente ao seu ofício, haverá uma necessidade de reconstituição dos
elementos participantes do setting, até então, presencial. E é justamente a ausência desses
elementos anteriores que lançará o analista a um terreno desconhecido gerador de angústia.
O inesperado se presentifica como um fator prejudicial da atenção flutuante, e a não ação do
analista em reconciliar o novo setting, possivelmente, se colocará como um impeditivo do
manejo transferencial necessário. A modalidade on-line, em meio a todas as turbulências que
a envolve, obrigará o analista a se haver com o inesperado e evidenciará a sua posição
frente a seus ideais a respeito da eficácia da psicanálise. Além disso, “muitas das vezes será
preciso retomar essas negociações e dar instruções adicionais para que o analisando crie, do
seu lado, um lugar para ser atendido.” (FIGUEIREDO, 2020, p. 70) É importante notar que
essa virtualização na relação, institui ao analisando uma responsabilidade que não se tinha
antes. Conforme Aryan et. al. (2015) o analisando se torna responsável por toda sua
estrutura, o que não acontecia antes por ser presencial, que vai desde o pagamento pela via
eletrônica até a arrumação e escolha do espaço em que vai realizar a vídeo conferência. O
analisando agora, precisa encontrar seu “próprio ambiente de intimidade em casa e ver o
analista através de uma tela. Se o paciente não tem essa possibilidade, não poderá ter a
psicanálise remota.” (NOBREGA, 2015, p. 146)

Nota-se que toda novidade, consequentemente, traz a necessidade de novas formas de


posicionamento, e isso não se faz diferente na modalidade on-line. Para Gondar (2020) o
cansaço proporcionado a esse tipo de atendimento pode estar ligado à inútil tentativa de
reprodução do atendimento presencial no on-line. Esquece-se que ao mudar o instrumento
de comunicação, a comunicação também se modifica, e é a partir dessa nova realidade que
se estrutura novos processos, e serão esses novos processos que almejamos expor a partir
de agora.

Faz-se importante registrar, que somos partidários da mesma flexibilidade de Freud ao expor
seus métodos ao longo da escrita de seus artigos da técnica. Pois, o cenário que a pandemia
faz impulsionar em relação à modalidade on-line, é relevantemente novo, e sendo assim,
todo cenário proposto em relação a ela será, obviamente, uma legítima tentativa, apenas, de
exercer a prática clínica da maneira mais aceitável possível dentro dos parâmetros possíveis
da psicanálise.

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Um dos posicionamentos importantes a respeito dessa nova modalidade é o destino do divã.


Anteriormente se convidava para o divã, principalmente na orientação Lacaniana, após as
entrevistas preliminares com a percepção da entrada do analisando em transferência. Com
isso, a ausência de visão do analista, acredita-se, proporciona uma maior conexão com o
discurso inconsciente. Sem querer adentrar na polêmica que o divã causa, ou a importância
do mesmo para Freud, fica clara a importância da ferramenta para o meio psicanalítico. O
mesmo tornou-se, inclusive, um ícone da psicanálise, até mais, acreditamos, que a própria
hipnose. Sendo assim, tal ferramenta não é excluída na modalidade on-line. A mesma fica
metaforizada com o fechamento da imagem durante os atendimentos, e a importância dessa
ausência de imagem ainda se mantêm. Para Figueiredo (2020) não se deve abrir mão desse
corte de imagem, pois uma sustentação excessiva de imagem, comum no veículo atual, pode
pôr em risco a sustentação da análise, e seu fechamento irá reproduzir a condição poltrona-
divã. Para Belo (2020) “o analista deve deixar sua imagem disponível e deixar o analisando à
vontade para deixar seu vídeo ligado ou não.” (BELO, 2020, p. 24) marcando assim, que a
imagem é importante, porém não indispensável. Pois, indispensável, continua sendo a voz
com todas as cargas afetivas que carrega.

Passar da posição sentada para o deitar-se, diminuir os estímulos externos,


entregar-se à livre associação: o divã é apenas um modo de encarnar esse
momento, mas não é indispensável [..] o divã […] continua a existir […]
permitindo que o paciente faça sua análise deitado num sofá, ou na cama,
mantendo-se na posição deitada, com o menor número de estímulos visuais
possível e com o analista fora de seu campo de visão. (BELO, 2020, p. 66-67)

As outras formas de comunicação do analisando ficarão dependentes da imagem e não


devem ser ignoradas. Sendo assim, a modalidade on-line, que nos ausenta da presença
física, obriga o analista a ser mais ativo e com uma postura mais horizontal em relação ao
seu analisando, pois, um silêncio excessivo pode ser interpretado como uma simples e
corriqueira queda de conexão. “Enfim, a precariedade do meio virtual ainda é algo que pesa
contra esse tipo de encontro.” (BELO, 2020, p. 30)

Ainda sobre a relação do on-line com a imagem, Figueiredo (2020) nos aponta algo muito
importante sobre o fechamento ou não da imagem, pois a mesma não deve sempre ser
fechada. Em casos que demonstram algum “curto-circuito” no processo transferencial, o ato

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de fechar a imagem deve ser repensado. O mesmo se dá para crianças e adolescentes. Além
disso, é importante verificar a existência de casos não neuróticos pertencentes na clínica do
analista, pois tais casos precisariam de algo a mais do que o atendimento on-line pode
oferecer.

Para concluir alguns dos novos procedimentos que a modalidade on-line exige, mas sem a
mínima pretensão de esgotar ou conceituar em definitivo os assuntos abordados,
apontaremos a questão do pagamento em análise. O dinheiro sempre foi algo muito
relevante para a psicanálise, desde os escritos de Freud. O ato de negociar o valor da sessão
e de pagar em mãos ao analista, para muitos, até então, era inegociável. Porém, enquanto
durar uma pandemia ou enquanto seu atendimento for on-line, o contato presencial é nulo.
Dessa forma, há uma necessidade urgente de repensar esse modus operandi e questionar se
sua modificação realmente invalida o trabalho analítico ou tal defesa apenas consta
juntamente com as outras que compõe o quadro de resistência dos analistas. Conforme Belo
(2020) nos pontua, o pagamento vem sendo mais virtual a cada ano que se passa. O ato de
sacar dinheiro já vinha sendo substituído pelas transferências via internet banking há alguns
anos. Isso não desfaz a associação conceitual do dinheiro com a conotação sexual que Freud
instituiu, ele apenas foi virtualizado. Nesse caso, devemos pensar tal associação ao ato de
pagar e com isso, retirar a necessidade do ato físico da entrega do mesmo ao analista. “Aliás,
o dinheiro se fundamenta numa operação metafórica que remete ao virtual: o papel ou a
moeda significam apenas virtualmente o que valem, isto é, não tem valor em si.” (BELO,
2020, p. 43)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluir, no intuito de incitar a continuação das pesquisas e debates a respeito do tema,
percebemos que a resistência a aceitação da evolução tecnológica conciliada ao exercício do
atendimento analítico, proporcionou uma escassez de pesquisas sobre o tema, como
também, gerou um mal-estar considerável da mesma em relação a essa prática. De forma
abrupta, uma quantidade relevante de analistas teve que estruturar um debate a respeito da
nova modalidade, e com isso terminaram expondo uma falta de forma traumática, porém
necessária. Tal exposição fez com que muitos analistas começassem a perceber os limites e
possibilidades que a psicanálise proporciona, e o momento atual é fiduciário desse

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movimento de renovação.

Percebe-se que, por ser um assunto relativamente novo em pesquisas direcionadas, o


cenário ainda é muito obscuro em relação a sua prática. Para Figueiredo (2020) não há como
saber as formas de defesas e resistências que estão se criando a partir desses atendimentos,
e para Capoulade e Pereira (2020) mesmo havendo algo de muito positivo nessa nova
modalidade, como o vasto acesso a escuta, pode-se abrir portas para charlatanismos e
abusos em nome da psicanálise. Este cenário aponta, como qualquer cenário que traz o
novo, a necessidade de investimento de pesquisa, experimentações e observações. Com
isso, a psicanálise continuará a participar da cultura e do seu mal-estar, assim como Freud
orientou há mais de um século.

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[1]
Doutorando em Psicologia Clínica pela PUC/RJ, Mestre em Psicanálise, saúde e sociedade
pela UVA/RJ e Bacharel em Filosofia pela UNISUL/RJ.

Enviado: Fevereiro, 2021.

Aprovado: Maio, 2021.

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