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PSICOLOGIA JURÍDICA E ABUSO SEXUAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


SOBRE AS TÉCNICAS PSICOLÓGICAS UTILIZADAS EM AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL

GREGORIO, Emanuella Nenevê1


FREIRE, Jéssica da Silva2

RESUMO
Esta pesquisa se constitui em uma revisão bibliográfica acerca da avaliação psicológica em
contexto de abuso sexual contra crianças e adolescentes. O objetivo consistiu em investigar os
instrumentos e técnicas utilizadas por psicólogos no país para a avaliação psicológica de
crianças e adolescentes supostamente vítimas de abuso sexual. Utilizamos como base a
literatura nacional acerca dos instrumentos que mais têm sido empregados em tais avaliações.
O levantamento se deu através do indexador Scielo, a partir de um descritor, “avaliação
psicológica abuso sexual”, considerando-se artigos que tenham sido publicados nos anos de
2017 até o presente momento e 2016 que surgiram no decorrer da pesquisa. Os dois artigos
encontrados nos ajudaram a concluir que não há um modo específico de avaliar crianças e
adolescentes que tenham sofrido abuso sexual, como também não existe um teste que seja
voltado para este contexto e as escutas têm sido executadas apenas para produção de provas.
Sendo assim estando fora de nosso alcance desmembrar cada teste resolvemos apresentar a
entrevista forense e a forma como a mesma é pertinente para este contexto, como através de
protocolos de entrevista forense é possível avaliar uma situação de abuso sexual.
Palavras-chave: Avaliação psicológica, abuso sexual.

LEGAL PSYCHOLOGY AND SEXUAL ABUSE: A LITERATURE REVIEW ABOUT


THE PSYCHOLOGICAL TECHNIQUES USED IN PSYCHOLOGICAL ASSESSMENT
OF CHILDREN AND ADOLESCENTS VICTIMS OF SEXUAL ABUSE

ABSTRACT

This research consists in a bibliographic review about the psychological evaluation in the
context of sexual abuse against children and adolescents. The objective was to investigate the
instruments and techniques used by psychologists in Brazil for psychological assessment of
children and adolescents are supposed victims of sexual abuse. We use as a basis the national
literature about the instruments that more has been employed in such evaluations. The survey
took place through the indexer Scielo, from a psychological assessment descriptor,"sexual
abuse", considering articles that have been published in the years from 2017 until the present
moment and 2016 which arose in the course of research. Two of the articles found helped us to
conclude that there is not a specific way of evaluating children and adolescents who have
suffered sexual abuse, as there is a test that is pointing to this context and taps have been

1
Discente do 4° ano de Psicologia da Universidade Paranaense-UNIPAR, Campus CASCAVEL. Email:
manugregorio96@gmail.com. Endereço: Rua Marechal Teodoro, 1563. CEP: 85802-210.
2
Discente do 4° ano de Psicologia da Universidade Paranaense-UNIPAR, Campus CASCAVEL. Email:
jeh.freire_77@hotmail.com. Endereço: Rua Natal, 836. CEP: 85840-000.
2
executed only for production of evidence. So being out of our reach dismember every test we
decided to present the forensic interview and how the same and relevant to this context, such as
through forensic interview protocols and can assess a situation of sexual abuse.
Keywords: Psychological Evaluation, sexual abuse.

PSICOLOGÍA JURÍDICA Y ABUSO SEXUAL: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA


SOBRE LAS TÉCNICAS PSICOLÓGICAS UTILIZADAS EN LA EVALUACIÓN
PSICOLÓGICA DE NIÑOS Y ADOLESCENTES VÍCTIMAS DE ABUSO SEXUAL

RESUMEN
Esta investigación consiste en una revisión bibliográfica sobre la evaluación psicológica en el
contexto del abuso sexual contra niños y adolescentes. El objetivo consistió en investigar los
instrumentos y técnicas utilizadas por psicólogos en el Brazil para la evaluación psicológica de
niños y adolescentes supuestamente víctimas de abuso sexual. Utilizamos como base la
literatura brazileña acerca de los instrumentos que más han sido empleados en tales
evaluaciones. El levantamento se dio por medio del indexador Scielo, a partir de uno descriptor,
“evaluación psicológica abuso sexual”, siendo considerandos artículos que hayan sido
publicados en los años del 2017 hasta la actualidad y 2016 que surgieron en el transcurso de la
investigación. Dos de los artículos encontrados nos ayudaron a concluir que no existe una
manera específica de evaluar niños y adolescentes que hayan sufrido abuso sexual, como
tampoco existe un examen que esté direcionado para este contexto y las escuchas han sido
ejecutadas apenas para la producción de pruebas.
Palavras-chave: Evaluación psicológica, abuso sexual.

INTRODUÇÃO

A Psicologia Jurídica tem sido uma das principais áreas da Psicologia voltada ao
fenômeno da vitimização sexual de crianças e adolescentes. Dentre as diversas formas de
atuação do psicólogo, neste contexto, encontram-se as ações destinadas à escuta especial,
acompanhamento psicossocial, coleta de depoimentos e perícia psicológica, as quais podem ser
realizadas em espaços de atendimento psicossocial, delegacias de polícia ou nos tribunais de
justiça. Trata-se de um trabalho de suma importância, visto que a complexidade do fenômeno
requer muito mais do que a simples busca pela veracidade dos fatos para a responsabilização
do agressor, sendo necessário um olhar interdisciplinar capaz de identificar as diversas
violências e as vulnerabilidades geralmente associadas à violência sexual. Além disso, deve-se
buscar por políticas públicas e sociais, com intervenções profissionais que considerem os
determinantes históricos e sociais do fenômeno.

O termo violência é utilizado nos mais diversos contextos sociais. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência pode ser definida como o “uso intencional
3
da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou
grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades de causar lesão, morte, dano
psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações” ( Krug et al.,2002).

Tendo em vista a complexidade da violência e sua multideterminação, faz-se necessário


destacar que existem diversas formas de violência, sendo elas: física, psicológica, moral,
negligência/abandono, institucional, violência sexual entre outras.

A violência, em suas mais diversas formas, é fruto de um processo sócio-histórico que


delineou lugares sociais como o da infância e o da mulher na sociedade. Segundo Gava (2012),
dos 674 laudos que apresentaram a possibilidade de abuso, utilizados em sua pesquisa, 82,8%
eram meninas e 66,9% eram meninos, os quais tinham entre 7 a 19 anos de idade, mostrando
que o Abuso tende a prevalecer entre sexo feminino.

No que diz respeito às crianças e adolescentes, Perdessen e Grossi (2011) dividem as


diversas formas de violência em: tortura, violência psicológica, discriminação, violência sexual,
violência física, negligência, abandono, trabalho infantil e tráfico de crianças e adolescentes.
Ademais, o Centro de Referencias Técnicas em Políticas Públicas e Psicologia do Conselho
Federal de Psicologia (Crepop/CFP, 2009) classifica as violências em: negligência, violência
física, violência psicológica e violência sexual, que possui vertentes como o abuso sexual,
exploração sexual, prostituição infantil, turismo sexual (prostituição, pornografia e turismo
sexual transnacional).

A negligência se dá pela omissão por parte dos responsáveis em garantir os direitos da


criança e/ou adolescente, independentemente de serem físicos ou emocionais; a violência física
pode ser definida como abuso físico ou maus-tratos; a violência psicológica consiste na
“rejeição, humilhação, constrangimento, depreciação, ameaça de abandono, discriminação,
desrespeito [...]” (Crepop/CFP 2009 apud ABRAPIA, 1997, P. 35)3.

A violência sexual se desdobra no abuso sexual, exploração sexual, prostituição infantil


e turismo sexual. O abuso sexual é o ato de estimular sexualmente a criança ou adolescente; a
exploração sexual é a mercantilização feita por terceiros pelo uso do corpo da criança ou
adolescente para fins sexuais; a prostituição infantil é vista como a negociação do ato sexual
em troca de pagamentos, que podem incluir necessidades básicas ou acesso a bens; o turismo
sexual, estando incluso nessa atividade a prostituição, a pornografia e o turismo sexual
transnacional (tráfico de pessoas para fins sexuais), a pornografia infantil é a “distribuição,
exibição, divulgação, distribuição, venda, compra, posse e utilização de material
pornográfico”; o turismo sexual, caracterizado por transpassar clandestina ou ilicitamente a

3
ABRAPIA. Maus-tratos contra crianças e adolescentes – proteção e prevenção: guia de orientação para
educadores. Petrópolis, RJ: Autores & Agentes & Associados, ABRAPIA, 1997.
4
fronteira nacional, tendo como objetivo forçar as crianças e adolescentes a se submeterem a
atos sexuais, ou para lucro, sendo exploradas e oprimidas (CFP, 2009, p. 35- 39).

Mais especificamente, quando se trata de crianças e adolescentes, a violência


intrafamiliar se destaca no Brasil, sendo mais evidente na classe menos abastada, mas não se
pode afirmar que a violência só está presente neste meio, o diferencial é que famílias mais
necessitadas se encontram mais expostas a uma denúncia, portanto maus-tratos não é algo
exclusivo desta classe, também há violência em família de classe média, uma diferença é que
existe poder aquisitivo para se manter tudo oculto (PEROZZI, 2007).

Ao longo da produção social de sua existência, os homens estabelecem relações sociais


determinadas com base em relações e interesses de classes, cuja expressão se encontra na
superestrutura jurídica e política. Essa superestrutura, no decorrer de um caso de abuso contra
uma criança ou um adolescente, busca realizar a escuta da vítima quando não há presença de
terceiro, adulto que tenha presenciado o ocorrido. Esta escuta tem como objetivo a produção de
provas contra o acusado e não a compreensão da situação em que a criança se encontra, visto
que, como ressalta Ferreira e Azambuja (2011), é utilizada para produzir provas da violência,
não havendo outras formas de comprová-la. Antes da inserção do profissional de psicologia e
assistente social, esta escuta era voltada apenas para produção de provas, mas, com a inserção
de aparatos no meio jurídico, essa perspectiva mudou, passou a se respeitar a criança e
adolescente vítima, acolhendo sua dor e os protegendo antes e durante o processo (SAYWITZ,
2002 apud FRONER & RAMIRES, 2008).

Dessa forma, entende-se que o papel do psicólogo deve ir ao encontro da transformação


social, a partir da criticidade e da criatividade, por meio de estratégias e intervenções capazes
de promover a superação das violências. Neste sentido, pretende-se reconhecer de que maneira
este profissional tem realizado suas avaliações em casos de abuso sexual contra crianças e
adolescentes, no intuito de compreender se se tem atentado para os processos sociais
engendrados no fenômeno da vitimização sexual infantil e/ou adolescente.

Mais especificamente, considerando a recente e crescente inserção de psicólogos em


delegacias e tribunais de justiça no país, cujo trabalho consiste, mormente, na realização de
depoimentos e perícias, buscamos investigar, por meio de levantamento bibliográfico, quais
instrumentos o profissional da Psicologia tem utilizado. Entendemos que os instrumentos e
técnicas são a materialização de formas de atuação que trazem consigo concepções sobre o
fenômeno da violência sexual infantil, assim como consequências para a criança e para o
adolescente – vítimas de violência sexual.
5
A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A violência sofrida na maioria das vezes parte de pessoas do próprio convívio familiar.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2014), 70% dos
casos de violência sexual partem de parentes, namorados ou pessoas conhecidas da vítima. Esse
tipo de abuso intrafamiliar retrata um contexto de violência que, segundo Vicente de Paula
Faleiros (1998), "é resultado de relações de poder". Esta relação representa a figura de maior
poder dentro da casa, passando a comandar outras de acordo com sua vontade. Esta relação é
comandada por outras vias como gênero, etnia e classe social (PERDESSEN e GROSSI, 2011).
Características essas que, de acordo com cada papel social definido pela sociedade, diferencia
um sexo do outro, uma raça da outra, e uma classe social da outra (LANE, 1986).

Essa violência se baseia em desigualdade, em que o mais forte prevalece. A distribuição


desigual dos poderes entre o sexo feminino e o masculino pode levar a uma diferenciação
salarial, por exemplo. Segundo Perdessen e Grossi (2011), essa violência representa toda
relação que promove a desigualdade e a quebra de direitos, todo ato ou omissão praticado pelos
pais ou responsáveis.

A violência sexual está permeada por uma relação de poder, esta relação é gerada pela
própria divisão de classes presentes no capitalismo. Atenta-se a esse ponto por não se
desconsiderar os avanços realizados até então, quando se trata da mudança da visão da criança
como adulto para então uma visão de um ser em desenvolvimento, e por não justificar a
violência realizada contra crianças ou adolescentes. Essa divisão de classes se dá desde a época
do Feudalismo, em que a classe trabalhadora, que não possuía terras em seu nome, sustentava
as classes mais ricas, que tinham muitas posses, incluindo muitas terras, sendo elas as riquezas
da época. Com a ascensão do capitalismo com o passar dos anos, essa divisão em que a
população mais vulnerável mantém a chamada classe alta se torna mais perceptível e enraizada
(HUBERMAN, 1986). Para se pensar na violência sexual contra crianças e adolescentes, tem
de se pensar nestas relações de poder que são ligadas às classes, consequentemente, deve-se
enxergar a base econômica da sociedade (SILVA, 2009).

O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve poder, coação e/ou
sedução. É uma violência que envolve duas desigualdades básicas: de gênero e geração. O
abuso sexual infantil é frequentemente praticado sem o uso da força física e não deixa marcas
visíveis, o que dificulta a sua comprovação, principalmente quando se trata de crianças
pequenas (ARAÚJO, 2002).

Araújo (2002) destaca ainda que o abuso sexual pode variar de atos que envolvem
contato sexual com ou sem penetração a atos em que não há contato sexual, como o voyeurismo
e o exibicionismo.
6
Ferreira e Azambuja (2011) trazem alguns exemplos de abuso sexual contra a criança e
o adolescente, elas citam a pedofilia, os abusos sexuais violentos e o incesto, que podem ser
intrafamiliares, sendo praticados por pessoas de dentro da família; extrafamiliares, pessoas
conhecidas ou próximas à família; ou institucionais, que ocorrem em lugares que deveriam
prover a segurança ou a reintegração social, como os abrigos ou instituições que aplicam
medidas protetivas.

Esses tipos de violência podem gerar diversos sintomas, não havendo, pois, um que seja
específico e diretamente relacionável a um abuso sexual. Ainda assim, segundo Zavaschi et al.
(2009), observam-se, mais costumeiramente, a automutilação, tentativas de suicídio, adição a
drogas, depressão, isolamento, hipocondria, timidez, impulsividade e hipersexualidade.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, assim como o Estatuto da Criança
e do Adolescente – ECA (Lei Federal nº 8.069/90), em seu art. 4º, institui que é dever da família,
da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade,
respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, protegendo-as de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Desse modo, para que um caso de abuso sexual adentre ao Sistema de Garantia de
Direitos – (SGD), formado pelo Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Delegacias
Especializadas, que se fundamentam na aplicação e no funcionamento dos aparatos de
promoção, defesa e controle para que os direitos humanos da criança e do adolescente vigorem,
faz-se necessária sua notificação aos órgãos de proteção a crianças e adolescentes, como é o
caso do Conselho Tutelar ou mesmo a polícia. Com isso, observa-se que no Poder Judiciário o
abuso sexual geralmente se desmembra em dois processos: um que corre na Vara da Infância e
Juventude (com vistas às medidas protetivas) e outro que corre na Vara Criminal (com vistas
ao julgamento do acusado). Em ambos há a atuação do psicólogo, mas com objetivos diferentes.

Nesses processos, é imprescindível que o psicólogo realize a escuta especial da


criança/adolescente vítima e os atendimentos necessários no campo das medidas protetivas (o
que envolve serviços de saúde e de proteção social), e também a realização do depoimento e/ou
perícia psicológica, os quais fazem parte do inquérito policial e do processo judicial, que visam
à responsabilização do(a) indiciado(a)/ acusado(a).

A inserção do psicólogo no meio jurídico infanto-juvenil se deve à recente preocupação


com a forma de como vinham sendo tomados os depoimentos de crianças e adolescentes nas
delegacias e também nos tribunais. Durante a fase de investigação policial, há necessidade de
coleta de provas e, nos casos de abuso sexual, a fala da criança tem sido a prova mais
importante, haja vista as diversas formas de abuso sexual que nem sempre deixam rastros
7
físicos.

No campo criminal, caso haja provas suficientes, o(a) Delegado(a) encaminha o caso ao
Ministério Público, que irá realizar a denúncia ao Poder Judiciário e iniciará a fase processual
de julgamento. Nessa fase, o magistrado nomeará um perito, em que, novamente, a figura do
psicólogo se torna importante, pois, de acordo com o Código de Processo Civil (CPC), em seu
artigo 156, o juiz será assistido por um perito, em caso de necessidade de conhecimento
científico específico (Brasil, 1940).

Recentemente foi sancionada uma nova lei que altera o ECA. Trata-se da Lei Federal nº
13.431 de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do
adolescente vítima ou testemunha de violência, normatizando-o e organizando-o, assim
como cria mecanismos para prevenir e coibir a violência, nos termos do art. 227 da Constituição
Federal.

Entre outras coisas, a referida lei prevê, em seu art. 4º, as formas de violência, assim
como estabelece que a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por
meio de escuta especializada e depoimento especial (art. 4º § 1º). Ademais, a lei define que os
órgãos de saúde, assistência social, educação, segurança pública e justiça adotarão os
procedimentos necessários por ocasião da revelação espontânea da violência, devendo ser
chamada a criança/adolescente para confirmação dos fatos na forma da escuta ou depoimento
especializado.

Como disposto na nova lei, a escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre


situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o
relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade – Art. 7º (Brasil, 2017),
enquanto o depoimento especial é o procedimento de oitiva da criança ou adolescente vítimas
ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária – Art. 8º (Brasil, 2017).

Observamos, assim, novas determinações que se aplicam diretamente no trabalho do


psicólogo no contexto da violência sexual, haja vista que tal escuta ou depoimento especializado
será tomado, em especial, por profissionais da Psicologia ou Serviço Social. Seja como perito
nomeado pelo juízo ou como profissional especializado da escuta ou depoimento especial, é
uma área nova, que merece atenção e pesquisa por parte do psicólogo, por ser um campo amplo
de atuações.

O psicólogo como perito irá lançar mão de seu conhecimento científico para realizar
avaliação psicológica, sendo assim, ele realizará a perícia, que consiste em um conjunto de
técnicas que tem como objetivo observar se houve a ocorrência do abuso. Com base no exposto,
passaremos a discorrer sobre a perícia psicológica.
8

PERÍCIA PSICOLÓGICA FORENSE

A perícia psicológica tem ganhado espaço nos tribunais como uma forma de prova em
processos judiciais de crimes sexuais, em especial quando se trata de estupro de vulnerável. De
acordo com Art. 217, presente no CPP (Código do Processo Penal), é considerado estupro de
vulnerável quando há conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso com indivíduos
menores de quatorze anos (BRASIL, 2009).

Conforme Gava (2012), quando se trata de abuso sexual contra crianças e adolescentes,
a perícia é de extrema importância, pois em muitos casos de abuso não há indícios físicos de
sua ocorrência, consistindo a perícia em uma forma de prova da materialidade do fato. Com
base em sua avaliação, o perito elabora um laudo pericial, onde expõe, de forma detalhada, o
que foi examinado e as respostas dos quesitos formulados.

Em sua tese de doutorado, Gava (2012) faz um levantamento teórico de modos de


realização da perícia de acordo com alguns autores em diferentes países. Na Espanha, por
exemplo, se dá ênfase à entrevista psicológica juntamente com observação, acreditando-se ser
uma ferramenta fundamental (GAVA, 2012 apud ECHEBURÚA & SUBIJANA, 2008, p. 21)4.
No Canadá, defende-se que a avaliação deve ser feita em três fases: a primeira é uma avaliação
contextual da alegação do abuso, a segunda etapa é uma avaliação de todas as pessoas
envolvidas no caso e, por último, a observação da interação da criança com parentes e o suspeito
(GAVA, 2012 apud CASONI, 2001, p. 23)5. Já no Chile, realiza-se a avaliação com base em
um manual, executada de acordo com três critérios que são: avaliação psicodiagnóstica,
avaliação do contexto e análise de credibilidade do relato fornecido (GAVA, 2012 apud
JAVIERA & OLEA, 2007, p. 24)6.

De acordo com Gava (2012), não há um protocolo seguido em todas as localidades


brasileiras, tampouco homogeneidade nas formas de avaliação dos psicólogos no Brasil e no
mundo. Não há nem mesmo testes psicológicos específicos no Brasil para as avaliações em
casos de abuso sexual.

Com isso, em casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, o(a) juiz(a) fará uso
do conhecimento científico do psicólogo. Sendo assim, o Conselho Federal de Psicologia
(CRP), dispõe sobre a atuação do psicólogo neste contexto através da resolução nº 008/2010,
que define que o psicólogo perito será nomeado para auxiliar o juiz dentro do limite de suas

4
Echeburúa, E & Subijana, I. J. Guía de buena práctica psicológica em el tratamento de los ninos abusados
sexualmente. International journal of clinical and healt psychology, 8, 2008
5
Casoni, D. Les trois étapes de l’ évaluation des allégations d’ agression sexuelle. Psychologie Québec, 18 (5), 2001.
6
Javiera Riveira, T., & Olea, C. Peritage em víctimas de abuso sexual infantil: un acercamiento a la práctica
chilena: Cuaderno de Neuropsicologia, I (3), 2007
9

competências, com comprometimento ético pautado em seu conhecimento e habilidades


teóricas e técnicas (Resolução n. 008, 2010).

O psicólogo, em sua atuação, tem como dever apurar os dados, com base em vários
recursos metodológicos apropriados, com o objetivo de responder aos quesitos formulados. No
decorrer da coleta, caso os quesitos não estejam sendo respondidos, é necessário que o perito
pense em novas formas de trabalho com instrumentos diversificados. Não há um modelo
específico de investigação/avaliação em casos de abuso sexual, motivo pelo qual o psicólogo
deve ser criativo e se atentar aos propósitos de seu estudo em cada caso. A conclusão da
avaliação se materializa no Relatório/Laudo pericial, o qual evidenciará as formas técnico-
científicas empregadas. O laudo consistirá em mais uma prova presente no processo.

A fim de normatizar o processo, alguns instrumentos vêm sendo construídos para serem
utilizados em suspeitas de abuso sexual infantojuvenil como, por exemplo, o protocolo NICHD
(National Institute of Child Health and Human Development). Este protocolo foi desenvolvido
com o objetivo de amparar os profissionais que têm tido dificuldades neste contexto,
estimulando-os a fazer perguntas que não sejam diretivas, fechadas ou de múltiplas escolhas,
mas sim questões que sejam abertas (WILLIAMS et al., 2014).

As pesquisas para a criação do NICHD ocorreram nos Estados Unidos, o protocolo tem
sido usado em vários países como EUA, Suécia, Finlândia, Noruega, Canadá, Reino Unido e
Israel, melhorando radicalmente as entrevistas executadas nestas localidades (WILLIAMS et
al, 2014 apud LAMB et al. 2008, p. 5)7.

O autor relata que as pesquisas com o protocolo NICHD no Brasil, apesar de estarem
no início, irão auxiliar psicólogos que trabalham nas Varas da Infância e Juventude, Varas de
Família e Delegacias Especializadas em entrevistas com crianças que sofreram abuso sexual,
diminuindo a possibilidade da contaminação do relato (WILLIAMS et al, 2014).

Segundo Rovinski (2007), um instrumento que vem sendo amplamente utilizado é o


Statement Validity Assessment (SVA), o qual foi desenvolvido na Alemanha e tem sido
abundantemente empregado na Europa. Trata-se de uma técnica de avaliação da credibilidade
de relatos que visa definir se o relato é verdadeiro, fabricado, inventado ou imaginado. Para
isso, são utilizados três critérios de avaliação; o primeiro consiste na entrevista estruturada, o
segundo em análise de conteúdo baseado em critérios (criteria-based content analysis –
CBCA), que avalia o conteúdo e a qualidade dos dados obtidos, e, por último, avaliação do

CBCA por meio de uma lista de controle da validade dos critérios levantados (Validity check-

7
Lamb, M. E., Hershkowitz, I. Y., Orbach, W. E., & Esplin, P. W. (2008). Tell me what happened: Structured
investigative interviews of child victims and witnesses: Wiley Series in Psychology of Crime, Policing and Law.
Chichester, UK: Wiley Blackwell
10
list); (ROVINSKI, 2007 apud VRIJ, 2000, p. 138)8.

Os critérios de avaliação do SVA não são padronizados, sendo assim, não se tem uma
regra quanto a um número mínimo para se acreditar que a declaração é verdadeira. De acordo
com Rovinski (2007), aconselha-se que este instrumento seja utilizado com cuidado no contexto
judicial, não sendo visto como uma prova única, pois pode levantar falsas verdades.

METODOLOGIA

A pesquisa se estruturou de forma exploratória, visando investigar sobre os fenômenos


relacionados à violência sexual, como também conectar este quesito à avaliação psicológica
que é realizada no âmbito jurídico, buscando o objetivo central do trabalho de investigar quais
as técnicas utilizadas por psicólogos no Brasil para a avaliação psicológica de crianças e
adolescentes vítimas de abuso sexual. Uma pesquisa exploratória, segundo Raupp (2003), busca
conhecer profundamente o assunto para poder se apropriar da condução da pesquisa.

Foi aplicada a pesquisa de cunho bibliográfico, utilizando o site indexador Scielo, que
apresenta em seu campo de pesquisa de artigos uma caixa que relaciona o método para a
pesquisa, na qual selecionamos o método Google Acadêmico, utilizando a palavra chave
“Avaliação Psicológica Abuso Sexual”. Ao selecionar o botão de pesquisa é aberta uma nova
tela que direciona ao Google acadêmico, neste campo, à esquerda, selecionamos “Desde 2017”
e “Pesquisar páginas em português” aparecendo primeiramente 698 resultados, após uma
semana, os resultados apresentados eram de 729, e depois de outra semana 736, não sendo
possível quantificá-la exatamente.

A pesquisa bibliográfica, além de ser o início de qualquer trabalho científico, permite


ao pesquisador recolher informações a respeito do que se procura respostas, em publicações
escritas como livros, artigos, páginas de websites etc. (FONSECA, 2002, p. 32). Neste caso, a
referida metodologia possibilitou o levantamento do que vem sendo publicado acerca de tais
técnicas/instrumentos, permitindo uma análise do panorama de práticas, assim como da
produção científica sobre o tema.

Para a realização desta pesquisa foi feita uma tabela compilando e organizando todos os
artigos encontrados para uma melhor ordem do trabalho e para se ter uma melhor fidedignidade.
A tabela foi organizada separando Título do artigo, nome do(s) autor(es), Tema e objetivo do
trabalho. Como critério para a seleção dos artigos pertinentes à pesquisa, buscamos as seguintes
palavras em seus objetivos ou resumos: “Instrumentos”, “Avaliação Psicológica”, “Abuso
Sexual” e “Violência Sexual”.

8
VRIJ,A.Detecting lies and deceit. England: Wiley & Sons, 2000
11
Nesta Pesquisa, foi possível encontrar apenas dois artigos que tratavam do tema, sendo
um voltado para avaliar as sequelas de abusos sexuais (Nascimento et al. , 2016), e o outro que
abrangia as violências de forma geral ocorridas na infância (Oliveira, 2016). Foi criada uma
tabela colocando todos os artigos que foram apresentados. Foram encontrados vários temas
relacionados à violência, porém muitos eram da área de enfermagem (Queiroz de Sá et al. ,2016;
Ferreira, 2017; Candido Pedro et al. ,2017; Duailibe, 2017), os quais, além de trazer dados
sobre a violência, também traziam sobre doenças (Kraychete et al. , 2017; Da Rocha et al. ,
2017; Vitória, 2017; Lopes et al. , 2017; Macedo, 2016; Lucchese et al. , 2017; Motta, 2017).

RESULTADOS

Observando os artigos trazidos, percebeu-se que apresentaram alguns testes e


questionários, assim como entrevistas estruturadas ou semiestruturadas. Porém, foi percebida a
necessidade de discutir todos esses instrumentos, o que não foi possivel no nosso trabalho em
questão, sendo uma possível opção para um trabalho posterior. Perante o apresentado, por não
haver tempo hábil e por não nos focarmos em discutir instrumento por instrumento, optamos
apenas por estabelecer o entendimento sobre a entrevista Psicológica Forense. Sendo assim,
trouxemos os instrumentos que os artigos apresentavam.
INTRUMENTOS
CTS2 Revised Conflict Tatics Scales
CTSPC Parent-Child Conflict Tactics Scale
CBCL Child Behavior Checklist
SQR Self-Report Questionnaire
QIPVE Questionário de Investigação de
Prevalência de Violência Escolar
CDI Inventário de Depressão Infantil
EEE Escala de Engajamento Escolar
Colored Progressive Matrices – COM Teste de Matrizes progressivas de Raven
Infantil
Questionário KIDSCAPE Strengths and Difficulties Questionnaire
SDQ
Questionário formulado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS)
EVP - Escala de Violência Psicológica
TWEAK Tolerance Worry Eye-opener Annoyed
Cut-down
CAGE Cut-down, Annoyed, Guilty e Eyeopener
NSDUQ -Non-student Drugs Use Questionnaire
AUDIT Alcohol Use Disorders Identification Test
CTS Conflict Tactics Scales
CADRI -Conflict in Adolescent Dating
Relationship Inventory
SQR-20 Self-Report Questionnaire
Cartilha epidemiológica
ICAST-C ISPCAN Child Abuse Screening Tool
Children's Version
12

Outro motivo da não discussão dos dados é não haver uma quantidade considerável de
artigos para poder quantificá-los para assim expor no trabalho. Apesar de a pesquisa abranger
de forma geral as avaliações psicológicas e o abuso sexual, não houve grandes respostas à
palavra chave selecionada, mostrando apenas dois artigos que compactuavam com nosso
objetivo. Assim sendo, optamos por trazer a entrevista forense. Apesar de não aparecer nos dois
artigos encontrados, acreditamos que é de grande relevância expor sobre a mesma. No primeiro
momento, iremos abranger a entrevista de forma geral, o que seria uma entrevista psicológica,
seu objetivo, benefício e, por conseguinte, iremos explorar a entrevista forense.

A entrevista é uma técnica amplamente utilizada para obter informações de pessoas ou


situações. É uma ferramenta muito poderosa que está à disposição do psicólogo sendo de grande
importância. Na avaliação psicológica é uma técnica investigativa, o psicólogo utiliza- se de
seu conhecimento, estabelece uma relação com o entrevistado com o propósito de descrever e
avaliar aspectos pessoais, relacionais ou contextuais para, no fim, tomar alguma decisão
(TAVARES 2000 apud SANTOS, 2014)9.

Outro conceito de entrevista psicológica pontua que ela é uma situação de comunicação
entre duas ou mais pessoas nos moldes de terapeuta-cliente, seu desenvolvimento acontece de
forma que lentamente se explana as características da vida pessoal do entrevistado (SULLIVAN
1970 apud ALMEIDA, 2004)10.

A entrevista psicológica tem sempre um objetivo, que pode ser diagnóstico,


investigativo, terapêutico e assim por diante. Sendo assim, a entrevista é uma técnica que tem
seus próprios procedimentos para se verificar e, ao mesmo tempo, se utilizar do conhecimento
científico. Este movimento possibilita que o psicólogo exerça a função de profissional e
investigador de sua área de conhecimento. A técnica é a comunicação entre a ciência e as
necessidades práticas. Desta forma, chega-se à vida diária do sujeito em nível de conhecimento
científico, tudo presente em um único processo de interação contínua (ALMEIDA 2004 apud
BLEGER, 1998)11.

Normalmente a entrevista é usada como o início de uma avaliação psicológica, mas não
se define como um procedimento inicial, uma vez que durante o processo de avaliação pode
ocorrer aplicação de etapas da entrevista estando de acordo com o objetivo. Nota-se que a
entrevista acontece de acordo com a avaliação psicológica, por permitir determinar uma
abundância de procedimentos que definirão a avaliação como um todo (SANTOS, 2014).

9
TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. (Ed.). Psicodiagnóstico V. 5. ed. revisada e ampliada. Porto
Alegre: Artmed, 2000
10
Sullivan, R. S. The psychiatric interview. New York: The Norton Library, 1970.
11
Bleger, J. Temas de psicologia: entrevistas e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
13
As entrevistas exigem um preparo por parte do entrevistador, o psicólogo deverá ter
habilidade para conduzir uma entrevista que facilite o acesso a informações como também a
detalhes, bem como estar apto à antecipação de situações mais complicadas. Logo, não restam
dúvidas, a entrevista é um dos instrumentos mais veementes utilizados que o psicólogo tem à
disposição, sem falar de sua variabilidade, podendo ser aplicada em vários contextos, também
podendo ser adequado conforme as circunstâncias de acordo com o objetivo (TAVARES 2000
apud SANTOS, 2014)12.

A entrevista, em casos de abuso infanto-juvenil, é um instrumento muito relevante, pois


através dela se poderá coletar dados do fato ocorrido, já que em alguns casos não se tem
evidências físicas. Sendo assim, a entrevista é um instrumento capaz de avaliar situações de
abuso sexual com a vítima e com a família, isso é essencial, pois por via da entrevista é que
será possível tornar audível o abuso sofrido.

A partir do que foi apresentado, ficou claro que a entrevista é um instrumento bastante
utilizado e sua variabilidade propicia para os psicólogos incontáveis possibilidades, é possível
adequá-la em diferentes contextos sem perder suas qualidades. Costuma ser uma técnica
desvalorizada por outras áreas, mas nas mãos do psicólogo é executada de acordo com seu
código de ética, respeitando o sigilo do sujeito, torna-se uma técnica rica que possibilita um
amplo campo de exploração.

ENTREVISTA FORENSE

Em caso de suspeita de abuso sexual infantojuvenil, o profissional lança mão da


entrevista forense, ela é de grande importância quando a vítima é a própria testemunha do
ocorrido, neste caso, em grande parte, não se tem indícios de provas físicas, desta forma, a fala
da criança e do adolescente acaba por ser o maior meio de provas. “Este tipo de entrevista, se
possível, deve ser o primeiro momento de uma investigação criminal e/ou do processo de
proteção” (PEIXOTO et al., 2013, p.77).

Desta forma, a entrevista forense tem como objetivo recolher dados do acontecido, são
projetadas para auxiliar os profissionais na recolha de dados que são relevantes para o
entendimento do fato. A entrevista forense é uma técnica utilizada pelo profissional de
psicologia, podendo estar inclusa na perícia psicológica. Para que esta entrevista transcorra do
melhor modo possivel, o profissional deve fazer uso de palavras simples e de fácil compreensão,
evitar perguntas com múltiplos sentidos e estar atento se a criança compreendeu ou não os

12
TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. (Ed.). Psicodiagnóstico V. 5. ed. revisada e ampliada. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
14
questionamentos (SOARES e GRASSI-OLIVEIRA, 2011).

Também é de grande relevância um ambiente que seja acolhedor e tranquilo, utilizando-


se do lúdico, acolhendo a dor da vítima, mas o mais importante é a atitude do profissional de
psicologia, em momento algum ele deve ser julgador ou punitivo, mas sim se portar de forma
que passe confiança, criando um vínculo com a criança ou com o adolescente.

O profissional que faz uso da entrevista forense é orientado para que faça especialização
nesta área e que este também faça supervisões intensivas, o que irá possibilitar uma avaliação
de qualidade nas entrevistas. Também indica-se um feedback para que possa aperfeiçoar suas
competências de entrevistador (LAMB et al., 2008 apud PEIXOTO et al., 2013)13.

Existem diferentes protocolos de entrevista forense, mas, de forma geral, eles se dividem
em três etapas. A primeira etapa é a construção do Rapport. Neste momento o profissional vai
estabelecer um vínculo de confiança com a criança, também irá esclarecer algumas regras com
a vítima e a informará o propósito da entrevista (MEMON, 2000; WALKER, 2002; FIVUSH
et al, 2002 apud SOARES e GRASSI-OLIVEIRA, 2011)14. No segundo momento é onde
ocorre o relato livre, o psicólogo solicitará que a criança ou adolescente fale livremente sobre
os fatos, o entrevistador não pode interromper o entrevistado, deve apenas incentivá-lo, quando
se tem o relato livre, as informações expostas tendem a ser mais precisas, embora sejam menos
detalhadas (LAMB et al, 2000; WALKER, 2002 apud SOARES e GRASSI- OLIVEIRA,
2011)15.

Por último, tem-se a técnica da pergunta sugestiva, em que o entrevistador introduz


informações novas que ainda não foram relatadas, ele deverá ter o cuidado de introduzir
somente aquilo que ainda não foi mencionado, mas que sejam baseados no que já foi exposto
pela criança ou adolescente, este é o único momento em que o entrevistador pode fazer
perguntas que induzam a fala da vítima (GARVEN et al., 1998 apud SOARES e GRASSI-
OLIVEIRA, 2011)16.

Alguns estudos apontam a importância da gravação da entrevista, pois ela é uma


entrevista investigativa, sendo de grande relevância à confiabilidade das informações obtidas.

13
LAMB, M. E., Hershkowitz, I., Orbach, Y., & Esplin, P. W. (2008). Tell me what happened: Structured investigative
interviews of child victims.
14
MENON, A.A.; BULL, R. (Ed). Handkook psychelogy of interviewing. Oxford: John. Willy & Sons, 2000. p
253-2777.
WALKER, N. E. Forensic interview ofther children: the componentes of scientific Validity and admissibility.
Law and Contemporary Problens, v.65, p. 149-178. 2002.
15
LAMB, M.E. et al. Forensic interviews of children.In: Memon. A. A.: Bull, R (Ed). Handook psychoologi, of
interviewing. Oxford: Jhon Wily & Sons, 2000. P 253-277.
WALKER, N. E. Forensic interview ofther children: the componentes of scientific Validity and admissibility. Law and
Contemporary Problens, v.65, p. 149-178. 2002.
16
GARVEN, S et al. More than seggestion: the effect of interviewing techiques fron the mermatin preschol case.
Journal of applied psychology. V.83, n. 3, p 347-359, 1998
15
A gravação vai garantir esta confiabilidade apresentando, através de imagens feitas com
câmeras de vídeo, apontando a forma como foram obtidas as informações e quais estímulos
foram utilizados (WALKER 2002 apud SOARES e GRASSI-OLIVEIRA, 2011)17.

Além disso, o profissional também pode lançar mão da técnica da validade do relato
como, por exemplo, o SVA. É a técnica mais conhecida para averiguar a veracidade do relato,
e utilizado na possibilidade de uma falsa denúncia fornecida pela vítima (VRIJ 2000 apud
GAVA, 2002)18.

O uso do SVA tem gerado bastante debate, alguns autores defendem a utilização desta
técnica afirmando que é um método válido e que deve ser amplamente utilizado, enquanto
outros, mais pessimistas, declaram que não é um método legal, não sendo devidamente seguro
para se usar em tribunais (GAVA, 2012).

Desse modo, a melhor forma de fazer uso do SVA é não enxergá-lo como uma verdade
incontestável, deve ser visto como uma estimativa da credibilidade que é diferente de uma
verdade indiscutível. No Brasil, aconselha-se fazer uso deste protocolo na fase pré- processual,
evitando usá-lo na fase processual. Por fim, vale lembrar que não existem pesquisas referentes
ao uso do SVA no Brasil, apenas investigações internacionais. Portanto, seria de grande valia a
realização de pesquisas com este método.

Entre os diferentes modelos de entrevista forense existentes para realização com


crianças, têm-se a Entrevista Cognitiva (EC) e o Protocolo NICHD (National Institute of Child
Health and Human Development), esses dois possuem maior destaque atualmente.

A entrevista cognitiva consiste na obtenção do depoimento com a maior quantidade


possível de detalhes, sendo gravada para evitar falha na memória do entrevistador e
interpretações errôneas, além de minimizar a revitimização. Ela é dividida em cinco etapas:
construção do Rapport, recriação do contexto original, narrativa livre, questionamento e
fechamento (FEIX e PERGHER 2009 apud SOARES e GRASSI-OLIVEIRA, 2011)19.

Já o Protocolo NICHD tem como objetivo investigar uma suspeita de abuso sexual
contra crianças e adolescentes. É estruturado de forma que englobe todos os quesitos de uma
entrevista investigativa. É dividida em duas etapas, a pré-substantiva e a parte substantiva, mas
vale lembrar que, com base nos estudos deste teste, ele apresenta dificuldades com relação a
crianças relutantes em relatar os fatos (WILLIAMS et al., 2014).

Aconselha-se que a utilização de protocolos de entrevistas forenses seja baseada em

17
WALKER, N. E. Forensic interview ofther children: the componentes of scientific Validity and admissibility. Law
and Contemporary Problens, v.65, p. 149-178. 2002.
18
VRIJ,A.Detecting lies and deceit. England: Wiley & Sons, 2000.
19
FEIX, L.E; PEGHER. G.K. Memória em julgamentos: técnicas de entrevista para minimizar as falsas memórias,
2009
16
perguntas abertas ou relato livre e visto como a forma mais eficiente de se obter um relato que
seja espontâneo e confiável, sem falar de que bem mais informativo (Peixoto, Ribeiro, &
Alberto, 2013).

De acordo com o que foi exposto acima, a entrevista forense é uma técnica de grande
valia no contexto jurídico e, através dela, é possível avaliar uma situação de abuso. Vale lembrar
que ao executá-la é de grande importância levar em consideração o grau de maturidade da
vítima. Outro ponto relevante é o posicionamento do profissional, ele precisa executar a técnica
de forma correta, acolhendo a vítima e sua dor. Esta é uma técnica de grande significância para
este contexto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se, com a pesquisa, o quanto este campo de atuação ainda se encontra em


desenvolvimento e, por isso, faz-se necessário pensar em técnicas e instrumentos que
contribuam para uma forma mais leve de recolher esses depoimentos, que proporcione a vítima
um espaço de acolhida, no qual possa falar sobre seu sofrimento de maneira que não se sinta
constrangida, coagida ou culpada.

Assim sendo, para além de uso de testes, entrevistas ou qualquer outro instrumento de
avaliação, o psicólogo precisa ter um olhar que compreenda a construção histórica da infância
em nossa sociedade e como tem afetado a formação das crianças atualmente, mantendo uma
percepção que vá além da causalidade do fenômeno.

Ao longo do percurso de nossa pesquisa, também tivemos algumas dificuldades como,


por exemplo, não encontramos números significativos de dados o que prejudicou o alcance de
nosso objetivo, atingindo o mesmo apenas parcialmente. De acordo com o levantamento de
dados, podemos dizer que os instrumentos utilizados na investigação de abusos sexuais
infantojuvenis é um campo muito amplo e extenso, seria necessário desmembrar os testes
encontrados nos artigos. Há possibilidades de aprofundamento sobre o assunto em trabalhos
posteriores desmembrando tais testes, dizendo se são pertinentes ou não para a utilização em
avaliações psicológicas com crianças ou adolescentes vitimas, entre outros objetivos.

Outro apontamento é que, no decorrer da pesquisa, atenta-se para o fato de o abuso


sexual ser fonte de toda uma contextualização histórica, envolvendo relações de poder e o lugar
que foi determinado socialmente para a mulher e a criança, o abuso infantojuvenil é maior
contra pessoas do sexo feminino do que contra o masculino, justo por essa relação e
determinação imposta pela sociedade tradicional. Também se pontua que, na maioria dos casos,
o abuso ocorre no seio familiar, onde se tem a primazia de uma relação de poder.

Com a realização e finalização desta pesquisa, pudemos expor a atuação do psicólogo


17
no contexto jurídico, mais especificamente como psicólogo forense, o que é uma perícia
psicológica forense e de que forma o profissional realiza seu trabalho. A entrevista forense entra
dentro deste contexto, e é através dela que é possível avaliar uma situação de abuso sexual
contra crianças e adolescentes.
18

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