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O TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO

Dissertar

1. transitivo indireto
expor algum assunto de modo sistemático, abrangente e profundo,
oralmente ou por escrito; discorrer, discretear.
"no congresso, um conferencista dissertou sobre essa nova teoria"

Argumentar

1. intransitivo
apresentar fatos, ideias, razões lógicas, provas etc. que comprovem uma
afirmação, uma tese.
"o advogado argumentou com clareza"

Características: Impessoalidade; defender um ponto de vista; utilizar conectivos


argumentativos (conjunções); formalidade; períodos curtos; etc.

Divisão do texto dissertativo argumentativo

Introdução
A introdução é o primeiro parágrafo do texto. Ela, em
geral, contém a tese: o ponto de vista inicial do autor
sobre o tema, expresso em uma frase. Pode ainda
contextualizar, explicar ou relativizar esse ponto de vista
inicial.
Exemplo 1
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos
benefícios às pessoas, tais como: informação, por meio de
noticiários que mostram o que acontece de importante em
qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de
entretenimento (shows, competições esportivas); cultura, por
meio de filmes, debates, cursos. 

DESEVOLVIMENTO
O desenvolvimento é uma sequência de argumentos
construídos a partir de informações, dados de
pesquisas, exemplos, testemunhos, conhecimentos,
etc. Para se buscar os argumentos adequados o
autor deve usar de estratégias argumentativas.
Essas estratégias argumentativas não devem ser
confundidas com argumentos. As estratégias são os
recursos de que o autor dispões para construir a
credibilidade, a aceitabilidade e a identificação com o
leitor no texto.

Algumas Estratégias Argumentativas eficazes na


Dissertação:
1. Informações sobre notícias e temas atuais;
2. Conhecimentos como: Literatura, história, linguística,
medicina, tecnologia, geografia, filosofia, psicologia,
jornalismo, antropologia, sociologia, pedagogia,
política, etc.;
3. Articulação de conceitos de diferentes áreas;
4. Técnicas argumentativas como: silogismo (dedução),
citação, oposições, refutação de ponto de vista
adversário, etc.

EXERCÌCIOS

Escolha um dos temas abaixo e escreva um tópico introdutório.

a) A propaganda infantil deve ser proibida no Brasil?


b) As escolas públicas deveriam ser privatizadas?
c) Os concursos públicos devem permanecer com cotas para deficientes?
d) Adolescentes poderiam trabalhar antes dos dezesseis anos?
e) O celular atrapalha ou ajuda na educação de crianças e adolescentes?

Raimundo Nonato Leandro de Medeiros trabalha desde os 5 anos. Aos 45, é zelador de um
edifício na zona oeste de São Paulo, onde é funcionário há mais de duas décadas. Nos anos
1990, Medeiros saiu de um sítio da Paraíba para ser pedreiro nas obras da Faculdade de
Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec). “Eu até poderia ter tentado estudar alguma coisa
por ali, mas seria complicado, porque o trabalho ia das sete da manhã às cinco da tarde,
muitas vezes noite a dentro.” Teria sido mestre de obras, talvez? Engenheiro? “Quem sabe,
nunca tive muito tempo para pensar nisso”, responde ele, que ganha, em média, R$ 1.800 por
mês.

Na casa ao lado do prédio em que Medeiros mora vive Elington Fernandes, que também
trabalha há pouco mais de 40 anos. Aos 65, é engenheiro civil na empresa que abriu
quase duas décadas atrás. Filho de fazendeiros da Zona da Mata mineira, saiu da casa
dos pais na década de 1970 para estudar Engenharia na Universidade Federal de Juiz de
Fora. Quando se formou, em 1976, veio para São Paulo para trabalhar em uma empresa
que fazia obras para a Companhia Siderúrgica Paulista. “Eu sempre me esforcei muito,
até hoje não são raros os dias em que trabalho mais de 16 horas”, conta Fernandes, que
tem salário médio de R$ 15 mil. “Mas fui, sim, muito sortudo por ter nascido na família
em que nasci, que sempre me deu tudo.”

Debater o abismo entre realidades tão distintas, como as de Medeiros e Fernandes, e o


quanto dele pode ser atribuído às oportunidades — ou à sorte — encontradas ao longo
das trajetórias é o objetivo do economista americano Robert H. Frank, professor da
Universidade Cornell. No livro Success and Luck: Good Fortune and the Myth of
Meritocracy (“Sucesso e Sorte: A Boa Sorte e o Mito da Meritocracia”), lançado nos
Estados Unidos em abril e em fase de tradução para o português, mas ainda sem
previsão de lançamento no Brasil, ele conta uma história parecida com a de Medeiros.

Quando trabalhou como voluntário no Nepal, Frank contratou como cozinheiro um


jovem de um vilarejo do Butão. “Ele continua sendo uma das pessoas mais
trabalhadoras e talentosas que eu já conheci, sabia consertar o que você puder imaginar
e, ao mesmo tempo, sabia lidar com as pessoas”, escreve Frank. Mesmo assim,
continua, o pequeno salário que recebia como cozinheiro talvez tenha sido o mais alto
em toda a sua carreira. “Se ele tivesse crescido em outras condições ou em um país mais
rico, teria alcançado maior prosperidade e sucesso material?”, reflete.

Discussões e questionamentos semelhantes ganharam destaque nas redes sociais


brasileiras no fim de maio. Diante da notícia de que o filho do presidente interino
Michel Temer, Michel Miguel Elias Temer Lulia Filho, mais conhecido como
Michelzinho, tem em seu nome, aos 7 anos, mais de R$ 2 milhões em bens, alguns
internautas compartilharam a frase irônica “O legal da meritocracia é que você pode
entrar na idade escolar com R$ 2 milhões em imóveis ou sem merenda, mas o seu
sucesso depende só de você”. É mais ou menos essa a provocação principal no livro de
Frank, que defende que, para obter sucesso, tão fundamental quanto ter talento e se
esforçar é ter sorte — e aí está incluso tudo o que foge ao nosso controle, como nascer
em uma família rica, frequentar boas escolas ou simplesmente nascer em um país
desenvolvido. “Eu não defendo que as pessoas não sejam avaliadas e recompensadas
por suas qualificações”, diz Frank. “Mas há muita gente talentosa e trabalhadora no
mundo que não chega lá simplesmente por não ter sorte.”

Vantagem na largada

Na opinião do autor, isso é particularmente evidente (e tem consequências piores) em


países onde a desigualdade social é maior — caso do Brasil, que costuma aparecer
entre os 20 piores colocados em listas que medem a concentração de renda. Segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, feita pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário dos 10% mais ricos é quase 30
vezes maior que o dos 10% mais pobres.

Uma comparação que ajuda a entender o ponto de quem critica a meritocracia como
sistema de seleção e também por que ela tem relação com a desigualdade é que o
mercado de trabalho funciona como uma competição para a qual o participante começa
a se preparar desde a infância. As pessoas acumulam capital humano, termo usado por
economistas para denominar o conjunto de capacidades, competências e atributos de
personalidade que favorecem a produção de trabalho. Para isso, contam com três
recursos: os privados, os públicos e seus próprios talentos — daí a importância da
educação. Como os recursos públicos e, principalmente, os privados não são os
mesmos para todos, ao observar somente o final da corrida, o sistema privilegia poucos.

Ao aplicar essa lógica ao caso de Michelzinho, por exemplo, seria possível afirmar que
ele, que frequenta uma das melhores escolas da capital paulista — cuja mensalidade
pode passar de R$ 3 mil, quase três vezes a renda média per capita do país —, terá as
mesmas chances de ser bem-sucedido que um dos alunos de escolas públicas estaduais
que nem sequer têm merenda? De forma alguma, avalia o jornalista britânico James
Bloodworth, 33, autor do recém-lançado The Myth of Meritocracy: Why Working Class
Kids Still Get Working Class Jobs (“O Mito da Meritocracia: Por que Crianças da
Classe Trabalhadora Ainda Têm Empregos de Classe Trabalhadora”, sem previsão de
lançamento no Brasil). A motivação da pesquisa foi justamente sua experiência com o
sistema educacional britânico. Aos 16, ele saiu da escola e, para voltar a estudar aos 19
e poder fazer as provas para universidades, precisou pagar 900 libras esterlinas (cerca de
R$ 4,5 mil), por ser considerado um estudante “maduro”.
“Depois de pegar um empréstimo com minha avó, comecei a pensar: ‘Se eu não
conseguisse juntar esse dinheiro, nunca teria chegado aonde cheguei’”, conta. Na
divulgação do livro, meio sem querer, o jornalista provou seu ponto. Ao receber um
convite do site Huffington Post para escrever um artigo de graça, ele simplesmente
respondeu, no Twitter: “Acabei de escrever sobre a dificuldade que jovens da classe
trabalhadora têm em se dar bem em suas profissões por causa da proliferação do
trabalho não remunerado. Então, eis meu artigo: você faz parte do problema,
Huffington”.

Entre os dados que considera alarmantes, Bloodworth cita os relacionados à educação


superior e às profissões mais bem remuneradas — e como, de certa forma, eles estão
interligados. Quem frequenta universidades mais novas, que tendem a atrair estudantes
de baixa renda, em geral tem salários menores do que aqueles que estudaram em
faculdades consideradas tradicionais e de elite. Na Universidade de Oxford, por
exemplo, é interessante notar como isso aparece nos sobrenomes: são predominantes os
que pertencem às famílias mais ricas do país, como Baskerville, Darcy e Montgomery.
E, embora somente 7% das crianças britânicas frequentem colégios privados, 33% dos
médicos, 71% dos juízes e 44% das pessoas que aparecem na lista dos mais ricos do
jornal The Sunday Times estudaram nesse tipo de instituição. “Tentativas genuínas para
proporcionar mobilidade social deveriam começar por reduzir a desigualdade entre
ricos e pobres, não estratificando a sociedade com base em mérito”, argumenta
Bloodworth.

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