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Prof.

: Luciano Maia – Redação

Aluno: ______________________________________________________________________ Turma: Pré-vestibular

MÓDULO II - Dissertação II – A introdução

OBJETOS DO CONHECIMENTO
 Noções básicas do parágrafo de introdução;
 Estrutura-padrão e as funções obrigatórias de um parágrafo;
 Estratégias diferenciais para a composição da redação.

HABILIDADES
 Compreender as funções do parágrafo introdutório da dissertação;
 Reconhecer a importância da contextualização no parágrafo;
 Identificar o valor da tese;
 Diferenciar as estratégias para iniciar um texto dissertativo-argumentativo;
 Produzir uma introdução que cumpra os objetivos esperados.

I. FUNÇÕES DA INTRODUÇÃO

A) Apresentar o tema e contextualizar o leitor

Deve-se partir de um importante pressuposto para que a introdução seja bem realizada: o leitor não sabe nada a
respeito do que será dito. Logo, é fundamental que este leitor seja contextualizado para que se situe em relação ao que
será dito.

B) Apresentar a tese

Quando você defende um ponto de vista em um texto argumentativo, deve-se apresentar uma tese, ou seja, explicitar
qual é o seu posicionamento sobre o assunto e a justificativa para essa tomada de posição. Os argumentos
desenvolvidos nos parágrafos seguintes sempre se basearão na tese que você está defendendo.

Exemplo de um parágrafo de introdução a partir do tema “O trabalho infantil na realidade brasileira”

“Em meio aos inúmeros casos de menores envolvidos em atividades laborais por todo o território brasileiro e
devido à baixa eficácia das medidas que visam a eliminar esse problema da nossa sociedade, discutir a questão do
trabalho infantil em nosso país é de extrema relevância. Assim, por se tratar de uma questão que afasta as crianças
das ocupações compatíveis com esta fase da vida, o trabalho infantil deve ser entendido como um mal a ser
combatido, uma vez que impede o pleno desenvolvimento daqueles que, no futuro, serão responsáveis por construir
um Brasil melhor para todos. ”

Obs: Vale lembrar que a organização da introdução não precisa obedecer à sequência apresentada aqui. É necessário
que as partes sejam identificáveis e os objetivos, cumpridos.

II – ESTRATÉGIAS DIFERENCIAIS

A seguir, serão apresentadas algumas estratégias que auxiliam a construção de um texto mais original – um excelente
aspecto na busca de uma nota máxima na redação.

Introdução com citação de argumentos – conhecida como a mais tradicional das introduções. Nela, faz-se menção
às ideias que serão apresentadas ao longo do texto, por meio de palavras-chaves ou de conceituações genéricas.

Ex: “Em uma estrutura social tal qual a brasileira, a adoção do controle da natalidade faz-se – além de recomendável –
indispensável. Considerando-se o elevado custo de vida dos padrões atuais e a falta de apoio e assistência por parte
dos órgãos governamentais de saúde e educação, torna-se muito complexo proporcionar a uma criança ferramentas
de que precisa para se desenvolver de forma digna e saudável.

Introdução com base histórica – vale-se de uma interessante característica interdisciplinar e serve para dar mais
força ao que será dito. A busca de raízes e dos vínculos históricos podem ser uma ótima saída para dar uma ênfase ao
tema abordado.

Ex: “Passados cerca de 25 anos do término dos governos militares ditatoriais no Brasil, percebe-se hoje um completo
desinteresse de parte da população no que tange às questões políticas nacionais. Desta forma, é necessário buscar
reverter tal quadro, já que temos o poder e o dever de eleger novos representantes em eleições periódicas, ainda que
isso possa não parecer tão relevante em razão do quadro de corrupção e mentiras que há tempos perdura no poder do
Brasil.”

Introdução com uso de um caso específico – também se baseia em uma fundamentação histórica, no entanto usa
uma situação pontual, específica, o que torna mais concreto o que é dito.

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Ex: “Paris, 13 de novembro de 2015. Uma série de atentados choca, mais uma vez, o mundo. Em meio a tanta
desesperança, o número de ações de apoio chama a atenção de todos. Rapidamente, por todos os cantos, veem-se
iniciativas solidárias. Apesar de o individualismo e o egoísmo serem atribuídos à essência do homem moderno, é
possível ver que, ao menos nas tragédias de grandes proporções, as pessoas ainda são capazes de auxílio mútuo.

Introdução com dados estatísticos – se bem empregado, um dado de uma pesquisa pode contextualizar e reforçar a
importância do tema da redação. Cabe refletir sobre a relevância da informação e seu uso para evitar o risco de que
ela se torne destoante da argumentação a ser desenvolvida ou muito técnica.

Ex: “Sete de cada dez vítimas ainda não têm coragem de denunciar homens agressores em violência doméstica no
Brasil. Sem dúvida, a situação torna-se estarrecedora em função de um silêncio imperioso que, apenas, mascara
atitudes que denotam uma falta de punição exemplar àqueles que ainda maltratam suas esposas e companheiras, sem
qualquer perspectiva de mudança.

Introdução com “flashes” – consiste no uso de “imagens verbais”, de modo que possibilita o leitor visualizar a
dimensão do tema por meio dessas referências. Constrói-se este recurso por frases nominais, o que confere
velocidade e dinamismo à leitura.

Ex: “Explosão de carro-bomba no Iraque. Torres atingidas por aviões nos Estados Unidos. Sequestro e assassinato de
crianças em escola na Rússia. É inegável e frequente a ação de grupos de caráter terrorista na atual cena mundial, no
entanto nada deve assustar prontamente, uma vez que no Brasil o cenário de guerra já se tornou trivial e banal, a
ponto de haver deflagradamente uma guerra civil declarada, em que tráfico, milícia, corporações estatais se
degladeiam, tendo o povo como vítima de qualquer bala perdida. ”

Introdução com referência cultural – é um dos recursos mais valorizados nas redações, uma vez que demonstra a
capacidade do candidato em estabelecer relações entre diferentes áreas e o tema proposto, bem como indica
conhecimento de aspectos culturais. O uso de exemplos de música, filosofia, psicologia, cinema pode chamar a
atenção de quem lê, desde que realizado de maneira adequada.

Ex: “O escritor Umberto Eco, certa vez, afirmou que “a arte só oferece alternativas a quem não está prisioneiro dos
meios de comunicação de massas”. Com a manipulação de informações, interesses comerciais duvidosos e relações
políticas controversas, o papel fundamental dessas empresas – o de informar – fica, muitas vezes, relegado a segundo
plano, o que é bastante prejudicial para toda a população. Resta saber até quando esta massa de gente aceitará
passivamente tal situação. ”

Introdução por definição – usado, sobretudo, quando o candidato busca chamar atenção de uma palavra-chave do
tema. Deste modo, o candidato pode desenvolver uma definição, tendo como base o contexto, o uso do termo na
atualidade ou mesmo o seu sentido mais comum.

Ex: “De acordo com Aurélio Buarque de Holanda, ser cidadão é ser “um indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos
de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. Tal afirmação apresenta-se de difícil
entendimento, principalmente se for levado em consideração o atual contexto de devaneios políticos e
questionamentos de formas de governo a que o mundo está submetido. Diante disso, é válido questionar se o conceito
de cidadão – e suas variantes – mostra-se, de fato, como algo sujeito a definições prévias e universais,
desconsiderando-se particularidades e abstraindo-se influências cotidianas. ”

Introdução com questionamentos – quando feitos com estética retórica, reflexiva, os questionamentos são um
excelente recurso de introdução. Evite perguntas vazias, sem profundidade, uma vez que pode denotar
desconhecimento ou tangenciamento do tema.

Ex: Impulsivo ou ponderado? Alienado ou consciente? Fútil ou engajado? Imaturo ou responsável? Em meio a tantos
adjetivos, o jovem de hoje não consegue saber ao certo em que ponto se situar, tendendo, cada vez mais, a um meio-
termo. Entretanto, a sociedade parece cobrar sempre respostas mais objetivas daqueles que são vistos como o “futuro
da nação”, entre outros clichês; e não se colocar em um dos extremos pode ser uma decisão não tão bem-aceita
quanto deveria. Assim, esses jovens ficam sem saber o que realmente são, aceitando aquilo que lhes é imposto
diariamente. ”

PROPOSTA DE REDAÇÃO II

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “As
consequências a longo prazo da persistência da fuga de cérebros no Brasil”, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Com queda de investimento em ciência e tecnologia, Brasil perde talentos para outros países

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Fenômeno chamado ‘fuga de cérebros’ tem impacto direto na economia e no futuro do país. No ranking dos
que mais mantêm profissionais qualificados, o Brasil despencou 25 posições de 2019 para 2020: passou da posição 45
para a 70.
A área de ciência e tecnologia foi uma das que mais sofreram queda no volume de investimentos no Brasil.
Isso tem levado os nossos pesquisadores a deixar o país. É a chamada “fuga de cérebros”.
No saguão dos aeroportos internacionais, está parte da nata da ciência brasileira, com passagem só de ida.
Nos últimos dois anos, o país ganhou espaço na “exportação” de profissionais qualificados. Uma transação em que o
Brasil só perde.
“A parte mais criativa da vida de qualquer cientista é logo depois de se formar; ele está cheio de energia,
cheio de ideias novas na cabeça e é muito frustrante para esses jovens não terem oportunidade no seu próprio país”,
explicou Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física/USP.
De tanto olhar para o céu, o meteorologista Micael Amore Cecchini virou doutor em nuvens – estudo capaz
de gerar milhões para a agricultura com previsões de chuva e estiagem certeiras. Sem lugar no Brasil, está de partida
para os Estados Unidos com toda a bagagem.
“Foram 15 anos estudando aqui, sempre 100% financiado pelo dinheiro público. Então, eu sinto uma
obrigação de devolver para o país que me formou. Os concursos começaram a ser congelados e eu não consegui
achar uma posição fixa para mim aqui. Então, eu tive que procurar fora do país”, afirmou o meteorologista e pós-
doutorando.
A emigração intelectual coincide com a redução do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações, que perdeu quase metade dos recursos de 2015 para 2016 e vem sofrendo mais cortes de 2019 para cá.

Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/09/13/com-queda-de-investimento-em-ciencia-e-


tecnologia-brasil-perde-talentos-para-outros-paises.ghtml (adaptado)

TEXTO II
Medo do desemprego ou de interrupção das bolsas

Bem mais jovem, com 23 anos e cursando um mestrado, a geóloga Renata Leonhardt, formada na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com estágio em empresas do setor petrolífero, igualmente partiu do
Brasil em busca de melhores oportunidades e salários. Ela recebeu uma bolsa da Universidade de Saskatchewan, uma
das 15 melhores universidades do Canadá em pesquisa.
O medo de ficar desempregada depois de formada foi outro motivo que a levou a ir embora. “Até pouco
tempo antes de me formar, o setor de óleo e gás ainda estava na expectativa de se recuperar da última crise”, diz
Renata. “Mas depois, as oportunidades na minha área ficaram um tanto escassas, mesmo para recém-formados que
haviam estagiado anteriormente e buscavam contratação, como era o meu caso.”
O atual cenário político brasileiro também foi levado em conta por Renata em sua decisão. “Ele não está
muito favorável para a ciência”, explica. “Eu temia, por exemplo, ficar sem bolsa no meio do curso — algo que era
crucial para que eu continuasse a pesquisa.”
Em agosto, o CNPq chegou a anunciar que havia risco de não pagamento dos seus mais de 80 mil bolsistas
a partir de outubro. Isso não ocorreu, no entanto. O governo conseguiu cumprir o compromisso. Essas também foram
algumas das razões da bióloga Bianca Ott Andrade, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), para se
mudar para o exterior, no caso, Estados Unidos, onde faz pós-doutorado, na Universidade do Nebraska-Lincoln. “No
Brasil, eu tinha uma bolsa de pesquisadora de pós-doutorado, que ia se encerrar no final de 2019, mas havia grandes
chances de ficar desempregada”, conta.
Além disso, contribuiu para a decisão de Bianca a atuação do atual governo nas áreas de ciência e
educação, com menos incentivo ao ensino superior e a políticas ambientais. “Eu trabalho com ciência e educação, é
isso o que eu amo, é o que eu sei fazer. Sinto que não tem espaço pra mim, pelo menos não agora. Decidi dar um
tempo para minha cabeça.”No caso de Gustavo Requena Santos, razões pessoais e profissionais se somaram para
que ele decidisse se mudar para o exterior. “Sou casado com um americano e no final da minha bolsa de pós-
doutorado na USP, em meados de 2017, ele obteve uma oferta de trabalho para voltar aos EUA e decidimos nos
mudar”, conta. “Entretanto esta não foi a maior razão pela qual saímos do Brasil. Foi uma oportunidade para mudarmos
para um local com melhores condições e perspectivas para o futuro.”
Ele diz ainda que, como profissional, apesar de quase 10 anos de experiência em pesquisa, se sentia
desvalorizado, sem benefícios ou vínculo empregatício. “O cenário ficou insustentável”, explica. “Por isso, resolvi me
mudar.”
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51110626 (adaptado)

TEXTO III

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51110626

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ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DO TEXTO


Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- Tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”.
- A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.

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