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Como fazer

uma dissertação
subjetiva/reflexiva?
Objetivo x Reflexivo
Os temas reflexivos buscam a reflexão de um assunto mais pessoal,
subjetivo; enquanto os objetivos discutem assuntos mais polêmicos,
envolvendo sociedade, política, cultura etc., e normalmente são mais
acessíveis e falados no dia a dia, pelas mídias e meios de comunicação.
Por isso, os temas objetivos são mais fáceis, já que o conhecimento de
mundo ajuda muito a criar o texto.
Por isso, estudaremos como criar um modelo de texto subjetivo-
reflexivo.
Dissertação subjetiva/reflexiva
Por não aparecer com tanta frequência e ser mais difícil, o modelo é
temido pela maioria dos candidatos, pois o desenvolvimento não
progride. Na linguagem dos professores, o texto é classificado como
circular, visto que o candidato parece, a cada parágrafo, repetir uma
ideia previamente exposta.

Sugestões:
• objetivar a reflexão sobre o tema (trazer a discussão para o campo
denotativo)
• organizar o raciocínio (roteiro!)
Roteirização sugerida:
1. Definição ou conceito
Procure definir a palavra como um dicionário, de uma forma técnica ou
denotativa. É imprescindível o uso da norma culta da língua.
Ex.: O que é o amor? Talvez o maior sentimento de união entre duas
pessoas.

2. Tipos ou Espécies
Use se for possível classificar o tema apresentado.
Ex.: Existe o amor próprio, o amor ao outro e o amor apaixonado.
Roteirização sugerida:
3. Contraste ou Oposição
O termo antônimo pode ajudar na conceituação do tema, ou pode
funcionar como um sinônimo às avessas.
Ex.: O amor e o ódio são incompatíveis.

4. Causa ou Origem
Levante as possíveis causas para a existência de um tema ou discussão.
Ex.: Por que as pessoas necessitam de amor? Porque o homem é um ser
social; porque é gerado fruto de uma relação (de amor) entre duas
pessoas...
Roteirização sugerida:
5. Efeitos ou Consequências
Identifique os possíveis resultados, positivos ou negativos, daquele tema
para o indivíduo/sociedade.
Ex.: O amor traz bem-estar; traz sensação de felicidade e de aceitação no
grupo...

6. Exemplos
Casos conhecidos (exemplos famosos), situações históricas ou exemplos de
fontes literárias podem ajudar a ilustrar seu texto.
Ex.: Shakespeare: Romeu e Julieta...
Redação Exemplar – modelo UERJ

“A primeira condição para transformar a realidade é conhecê-la”. A emblemática frase de Eduardo Galeano enquadra perfeitamente o
panorama de não reconhecimento do indivíduo com ele mesmo, tendo em vista que as diversas adversidades que as pessoas marginalizadas
vivem em seu cotidiano promovem a latente falta de perspectiva de mudança em sua vida de sofrimento e privações, o que influencia
diretamente na forma como se enxergam. Fabiano, em “Vidas Secas”, é um grande exemplo dessa situação, uma vez que se considera inferior
em várias partes da obra, o que demonstra a relevância dessa para o tempo presente. Assim, percebe-se que a invisibilidade social e a vida
árdua de milhares de indivíduos possuem parte ativa nesse sentimento de inferioridade em seus aspectos mais subjetivos.
Acredita-se que esse cenário de inferiorização da importância humana vai além de um processo sociológico, é um projeto de classes
dominantes. Ao se relacionar a maneira como a pessoa se enxerga e o projeto governamental, fica nítido o interesse das autoridades em
manter esse sentimento negativo acerca de si nos sertanejos, visto que essa postura passiva do indivíduo é extremamente benéfica para a
manutenção do controle da sociedade, o que leva à negligência quase total, principalmente, no sertão. Esse descaso dos governantes reflete
diretamente nos aspectos psicológicos e emocionais do ser, posto que, se o Estado e a maioria da população os consideram invisíveis, por que
se considerariam o contrário? Dessa forma, milhares de Fabianos espalhados pelo Brasil, por uma constante falta de importância social,
reafirmam sua inferioridade e se submetem a situações desumanas por acreditarem que essa é a única via de sobrevivência, havendo a
degradação daquilo que mais prezamos constitucionalmente: a dignidade humana.
Além desse mecanismo de opressão, outro fator que influencia nessa visão negativa acerca de si mesmo é a vida de miséria vivida por
muitos. Isso porque as experiências e traumas presenciados por esses viventes embrutece seus sentimentos e os tornam emotivos, já que
sentir de forma intensa, diante de uma realidade árida, na qual os pés sofrem rachaduras e a boca sente sede, é sinônimo de sofrimento
extremo. Tal fato relacionado à falta de um senso crítico mais apurado e de autoconhecimento - não por escolha, mas por falta de
oportunidade – dificultam o desenvolvimento de um olhar mais empático sobre si, o que faz com que se sintam mais como animais que como
seres humanos. Assim, tem-se a desconstrução da famosa frase de Euclides da Cunha de que o “O sertanejo, antes de tudo, é um forte”, visto
que essas pessoas se enxergam, antes de tudo, fracas e inferiores por viverem à margem da sociedade.
Infere-se, portanto, que a inferioridade presente na subjetividade de cada um desses Fabianos, Sinhás Vitórias, meninos mais velhos e
mais novos são fruto da não importância social que lhes é concedida e do cenário de privações e do espinhaço do sertão. Desse modo, faz-se
indubitavelmente relevante promover uma mudança efetiva nesse panorama, caso o contrário, essas pessoas continuarão submetidas à
exclusão, à degradação e à miséria presente desde sempre, não só no sertão, mas em todo o Brasil.
O que difere a redação Enem dos Modelos da Fuvest, Unesp, Uerj e
bancas militares?

• As bancas aqui citadas trabalham com proposta sobre


o gênero dissertativo-argumentativo. Porém, o
modelo parágrafo conclusivo é o que difere esses
modelos. Por isso, vamos recapitular a função da
conclusão e os tipos de parágrafos.
A conclusão
 A conclusão retoma essa ideia central, que ficou “em
suspenso” durante o desenvolvimento. Para que não se
torne repetitiva, essa retomada deve ser feita com
frase(s) e vocabulário diferentes do inicial, por
exemplo.
 A segunda função do parágrafo conclusivo é manter
(ou elevar) o nível de interesse do leitor, por isso,
evite lugares comuns. Frases como “Dado o exposto
acima”, “Conforme os fatos mencionados” ou “Pode-
se concluir” devem ser evitadas.
Modelos de
conclusão

******
Solução

Portanto, é inegável que (...)/ É inegável, portanto, que a prática


do trote constitui mais uma vertente da banalização da violência
a que estamos submetidos. Sua reversão é papel da própria
universidade, seja proibindo essa prática – decisão discutível -,
seja cumprindo sua missão social. Afinal, um estudante que
reflete sobre o que faz sequer imagina cometer um ato de
agressão.
 Modelo Enem/ Proposta de intervenção

É inegável, portanto, que o controle de dados na internet pode ser muito prejudicial ao
cidadão e necessita de mais atenção. O governo de federal, como instituição
regulamentadora da internet e propaganda, deve criar medidas que controlem e
reduzam a publicidade direcionada, por meio da fiscalização e criação de leis que
exijam a transparência das empresas. Espera-se, com isso, que os brasileiros possam
ter liberdade de escolha garantida e, assim, sejam menos manipulados pela mídia
como Adorno e Horkheimer defendiam.
 Ironia

É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma


vertente da banalização da violência a que estamos submetidos.
A permanecer o atual quadro, em pouco tempo, o vestibular
poderá dispensar as provas discursivas e medir os bíceps dos
candidatos. Será, no mínimo, mais adequado à lógica imperante.
 Ressalva ******

É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma


vertente da banalização da violência a que estamos submetidos.
Resta saber se os universitários estão dispostos a abrir mão de
seu poder sádico de vingança em prol de uma confraternização
menos divertida, porém mais humana.
 Vantagens Secundárias

É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma


vertente da banalização da violência a que estamos submetidos.
Sua proibição definitiva, além de evitar situações fatais, ainda
poderia diminuir a tensão de quem, lutou por uma vaga com
afinco. Só assim a entrada na Universidade representaria uma
vitória completa.
 Analogia ******

É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma


vertente da banalização da violência a que estamos submetidos.
Nesse contexto de naufrágio moral, têm sido poucos os que se
arriscam contra a correnteza. Se cada um desse mais braçadas,
não precisaríamos assistir a mais um afogamento. Infelizmente,
real.
 Reflexão *******

É inegável, portanto, que a prática do trote constitui mais uma


vertente da banalização da violência a que estamos submetidos.
A lógica de quem raspa o cabelo de um calouro é a mesma de
quem xinga o motorista ao lado. Assim, ao condenar tal prática,
é preciso pensarmos sobre o quanto dela praticamos nas
mínimas atitudes cotidianas.
Material adaptado das professoras Ana
Malfacini e Vanessa Ribeiro

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