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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Juventude e participação política em questão no mundo contemporâneo

Introdução: Evite o eco! (ideal ou real – é central) e preste atenção: “se faz presente...” é uma
ideia extra e deve ser encabeçada pela conjunção aditiva.

Desenvolvimento I: O parágrafo está bem construído, entretanto, falta-lhe um elemento: o tópi-


co frasal – carro-chefe do parágrafo argumentativo, ele é quem traz a síntese do que será tratado.

1 A ação política é um conjunto de direitos e deveres, diretrizes, relações sociais


2 e cidadania. Esse conceito – ideal ou real – é central, se faz presente nas sociedades
3 ocidentais democráticas. Portanto, qualquer sujeito imerso no regime que visa ao bem
4 do povo e que goze de plenas faculdades mentais tem a liberdade para contribuir ativa-
5 mente para seu povo. Nesse contexto, há muitas discussões acerca da participação dos
6 jovens no âmbito público no século XXI.
7 Entretanto, de maneira simbólica e indireta, a representação das massas, que
8 junto ao Estado objetiva o bem-estar coletivo – no Brasil, assegurado pela Carta Magna
9 de 88 –, não dá conta das demandas da população. Sendo assim, a participação dos
10 jovens em assuntos políticos é imprescindível, pois, além de receberem inúmeras infor-
11 mações diariamente, somam ao quantitativo militante das causas carentes de atenção.
12 Além disso, as frentes jovens de militância têm conseguido algumas vitórias – o feminis-
13 mo e o movimento negro, por exemplo – conquistam espaços dentro de determinadas
14 instituições e isso acarreta exemplos de boas ações para a coletividade. Por conseguinte,
15 é indispensável que esse grupo engajado não seja posto de lado.
16 Mas, apesar da crescente adesão de adolescentes e novos adultos no âmbito
17 público, o contingente engajado dessa faixa etária ainda é pequeno e a corrupção siste-
18 mática e cristalizada no ocidente, ou ainda a manipulação ou abordagem tendenciosa
19 de assuntos pelo quarto poder acabam por desestimular os cidadãos, gerando um senti-
20 mento de desesperança e estagnação que afetam o andamento das lutas do povo. Além
21 disso, a escola não incentiva seus alunos, deixando-os sair sem o pensamento crítico, o
22 que configura um círculo vicioso, afinal a melhoria dos serviços educacionais prestados
23 é uma das pautas de luta. Logo, a responsabilidade de informação e a formação dos
24 indivíduos são fundamentais para o exercício de direitos básicos.
25 Impende, pois, que a participação da juventude é democraticamente legítima
26 e deve ser estimulada e cabe aos indivíduos pertencentes a esta faixa etária podem se
27 conscientizar e buscar novas informações para que, aliadas aos saberes escolares e aos
28 conhecimentos de mundo, se transformem em conhecimento. Com efeito, pode-se cons-
29 tituir uma população participativa com pessoas exercendo amplamente seus direitos e
30 deveres de cidadãos.

Desenvolvimento II: Atenção aos períodos muito longos, eles podem comprometer o entendi-
mento do seu texto. Evite começar períodos com a conjunção coordenativa adversativa “mas”
pois pode parecer que houve uma quebra da ideia anterior.

Conclusão: A proposta está incompleta e possui apenas dois períodos – o que deve ser evitado! – sem contar que está
pouco detalhada, meio vaga.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Juventude e participação política em questão no mundo contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 A ação política é um conjunto de direitos e deveres, diretrizes, relações sociais e cidadania.


2 Esse conceito – ideal ou real – é centralizado e se faz presente nas sociedades ocidentais democrá-
3 ticas. Portanto, qualquer sujeito imerso no regime que visa ao bem do povo e que goze de plenas
4 faculdades mentais tem a liberdade para contribuir ativamente para seu povo. Nesse contexto, há
5 muitas discussões acerca da participação dos jovens no âmbito público no século XXI.
6 A priori, a democracia é o “governo em que o povo exerce soberania”. Entretanto, de ma-
7 neira simbólica e indireta, a representação das massas, que junto ao Estado objetiva o bem-estar
8 coletivo – no Brasil, assegurado pela Carta Magna de 88 –, não dá conta das demandas da popu-
9 lação. Sendo assim, a participação dos jovens em assuntos políticos é imprescindível, pois, além de
10 receberem inúmeras informações diariamente, somam ao quantitativo militante das causas carentes
11 de atenção. Além disso, as frentes jovens de militância têm conseguido algumas vitórias – o feminis-
12 mo e o movimento negro, por exemplo – conquistam espaços dentro de determinadas instituições
13 e isso acarreta exemplos de boas ações para a coletividade. Por conseguinte, é indispensável que esse
14 grupo engajado não seja posto de lado.
15 Contudo, apesar da crescente adesão de adolescentes e novos adultos no âmbito público, o
16 contingente engajado dessa faixa etária ainda é pequeno. A corrupção sistemática e cristalizada no
17 ocidente, ou ainda a manipulação ou abordagem tendenciosa de assuntos pelo quarto poder acabam
18 por desestimular os cidadãos. Assim, o sentimento de desesperança e estagnação afetam o anda-
19 mento das lutas do povo. Além disso, a escola não incentiva seus alunos, deixando-os sair sem o
20 pensamento crítico, o que configura um círculo vicioso, afinal a melhoria dos serviços educacionais
21 prestados é uma das pautas de luta. Logo, a responsabilidade de informação e a formação dos indi-
22 víduos são fundamentais para o exercício de direitos básicos.
23 Impende, pois, que a participação da juventude é democraticamente legítima e deve ser es-
24 timulada. É de extrema importância que o poder público incentive debates com o apoio da mídia,
25 em horários e locais acessíveis e diversificados, a fim de que se divulgue a necessidade do voto e do
26 engajamento político. Ademais, os indivíduos pertencentes a esta faixa etária podem se conscientizar
27 e buscar novas informações para que, aliadas aos saberes escolares e aos conhecimentos de mundo,
28 se transformem em conhecimento. Com efeito, pode-se constituir uma população participativa com
29 pessoas exercendo amplamente seus direitos e deveres de cidadãos.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil

Introdução: Parágrafo introdutório apresenta bem o tema, o expõe de forma clara, mas não
explicita tese. Uma dica: é interessante que se coloque como fechamento da introdução uma
miniproposta, como a iniciada por “com efeito

Desenvolvimento I: Os recursos coesivos são responsáveis por conferir fluidez ao texto e facilitar
seu entendimento. No parágrafo acima, eles são escassos.

1 Arte da Gramática da Língua mais usada no Brasil” é o nome da tentativa de


2 Padre Antônio Vieira de codificar a língua a fala da colônia, advinda da fusão do Portu-
3 guês e das línguas nativas. Sob essa perspectiva, infere-se que o trabalho do jesuíta não
4 se ateve puramente à realidade linguística, uma vez que a descrição dialetal ocorreu,
5 mas sob as luzes de normas europeias. Assim, a prevalência de determinada corrente
6 em detrimento de outra é uma realidade cristalizada na história do país, acarretando
7 impactos na sociedade. Com efeito, o Estado, por intermédio de instituições sociais, deve
8 promover ações a fim de que se atenue a segregação causada pela realização do registro
9 oral.
10 Impende ressaltar que o assédio linguístico é incondizente com a história da lín-
11 gua Portuguesa. Isso se deve ao fato de que o português advém do latim vulgar – moda-
12 lidade popular do idioma matriz. Negar as variações linguísticas correntes é a tentativa
13 frustrada e purista de negar o fato: a língua é viva e passível de mudança, tal qual seus
14 falantes. É importante lembrar que cada variante possui características intrínsecas e isso
15 é patrimônio cultural de determinado grupo, logo, discriminar algumas formas de rea-
16 lização configura etnocentrismo e falta de conhecimento da história de um país. Diante
17 disso, ficam evidentes a inconsistência do preconceito e a necessidade de proposição de
18 políticas públicas a fim de que se erradique essa problemática.
19 É necessário aceitar que o prestígio da norma culta é ferramenta eficaz para a
20 manutenção da segregação social. Sob esse prisma, é correto afirmar que sujeitos com
21 maior escolaridade e maior poder aquisitivo, por exemplo, sobressaem-se em detri-
22 mento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades, reforçando, assim, a lógica
23 meritocrática. Segundo Bechara – membro emérito da Academia Brasileira de Letras
24 – cada qual deve ser poliglota em sua própria língua, isto é, não é necessário pensar em
25 correções ou incorreções gramaticais, mas em adequação às situações de fala.
26 Impende, contudo, que o preconceito seja encarado como um ponto que requer
27 atenção. Cabe ao MEC ações que reformulem os cursos de letras nas instituições de en-
28 sino superior no país. Ainda ao mesmo órgão em conjunto com a mídia cabe a descen-
29 tralização da variante metropolitana em horário nobre ou em situações importantes e
30 de repercussão nacional, como por exemplo os telejornais, contemplando a diversidade.

Desenvolvimento II: No parágrafo acima, falta um conectivo que o introduza, bem como um
fechamento da ideia: elementos imprescindíveis para a progressão textual.

Conclusão: A proposta interventiva deve apresentar: o agente interventor, a ação interventiva, o meio da ação, a finali-
dade da ação e um detalhamento. O parágrafo acima mostra apenas os agentes e as ações. Além disso, há a confusão
do conectivo “contudo”, que indica ADVERSIDADE e não conclusão.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 “Arte da Gramática da Língua mais usada no Brasil” é o nome da tentativa de Padre Antônio Vieira de

2 codificar a língua a fala da colônia, advinda da fusão do Português e das línguas nativas. Sob essa perspectiva,

3 infere-se que o trabalho do jesuíta não se ateve puramente à realidade linguística, uma vez que a descrição dialetal
4 ocorreu, mas sob as luzes de normas europeias. Assim, a prevalência de determinada corrente em detrimento
5 de outra é uma realidade cristalizada na história do país, acarretando impactos na sociedade. Portanto, não é
6 aceitável que a questão do preconceito linguístico continue sendo tratada com descaso. Com efeito, o Estado, por

7 intermédio de instituições sociais, deve promover ações a fim de que se atenue a segregação causada pela realiza-

8 ção do registro oral.

9 A priori, vale ressaltar que o assédio linguístico é incondizente com a história do idioma lusitano. Isso se
10 deve ao fato de que o português advém do latim vulgar – modalidade popular do idioma matriz. Por isso, negar
11 as variações linguísticas correntes é a tentativa frustrada e purista de negar o fato: a língua é viva e passível de
12 mudança, tal qual seus falantes. Além disso, é importante lembrar que cada variante possui características intrín-
13 secas e isso é patrimônio cultural de determinado grupo, logo, discriminar algumas formas de realização configura
14 etnocentrismo e falta de conhecimento da história de um país. Diante disso, ficam evidentes a inconsistência do
15 preconceito e a necessidade de proposição de políticas públicas a fim de que se erradique essa problemática.
16 Somado a isso, é necessário aceitar que o prestígio de norma culta é ferramenta eficaz para a manutenção
17 da segregação social. Sob esse prisma é correto afirmar que sujeitos com maior escolaridade e maior poder aquisi-
18 tivo, por exemplo, sobressaem-se em detrimento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades, reforçando,
19 assim, a lógica meritocrática. Segundo Bechara – membro emérito da Academia Brasileira de Letras – cada qual
20 deve ser poliglota em sua própria língua, isto é, não é necessário pensar em correções ou incorreções gramaticais,
21 mas em adequação às situações de fala. De certo, essa problemática reflete os erros das gestões públicas em relação
22 aos temas educacionais e por isso, é imprescindível que as autoridades tomem atitudes cabíveis para estancar esse
23 impasse.
24 Impende, portanto, que o preconceito seja encarado como um ponto que requer atenção. Cabe ao MEC
25 ações que reformulem os cursos de letras nas instituições de ensino superior no país, atuando na conscientização
26 dos corpos docente e discente para que não falem sobre o assunto apenas, mas o destrinchem a fim de formar
27 alunos que respeitem os variados registros. Ainda ao mesmo órgão em conjunto com a mídia cabe a descentrali-
28 zação da variante metropolitana em horário nobre ou em situações importantes e de repercussão nacional, como
29 por exemplo os telejornais, contemplando a diversidade, para que a maioria dos brasileiros seja representada. Só
30 assim todos aprenderão a ser poliglotas em português.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Mobilidade urbana no século XXI: o ir e vir em questão na sociedade

Introdução: A primeira coisa que chama atenção nesse parágrafo é o número de gerúndios (são
3, um seguido do outro). Esteticamente, o texto deixa a desejar e a compreensão fica prejudica-
da. Além disso, falta definir a tese a ser abordada ao longo da dissertação.

Desenvolvimento I: O parágrafo fala do contexto brasileiro, mas não indica isso. É importante
deixar claro que se trata do país, até porque o tema traz essa exigência. Além disso, o uso do
“portanto” é inoportuno, seria mais interessante usar essa conjunção no momento da conclusão.

1 O número de veículos individuais nas ruas dos grandes centros


2 urbanos brasileiros vem crescendo, o que vem promovendo um incha-
3 ço no trânsito e acaba dificultando a locomoção nas grandes cidades,
4 notadamente nas regiões que concentram a maior parte dos serviços e
5 empregos.
6 O aumento no poder aquisitivo da população de classes média e
7 baixa, a recente política de redução do IPI no mercado automobilístico
8 e a precarização do transporte coletivo acarretaram o crescimento do
9 número de carros nos centros urbanos e, consequentemente, do trân-
10 sito. Portanto, problemas com lentidão e engarrafamentos se tornam
11 recorrentes.
12 Houveram, principalmente após a década de 1960 e o governo
13 de Juscelino Kubitschek, um acúmulo de investimentos no transporte
14 rodoviário, sendo que outras formas de locomoção acabaram deixadas
15 de lado. Assim, o número de veículos pesados nos centros urbanos,
16 como caminhões, aumentou, o que dificulta ainda mais a fluidez do
17 trânsito.
18 É preciso, pois, que haja investimento nos transporte públicos de
19 massa, aumentando-se as linha de ônibus e o número de metrôs e ter-
20 minais. A construção de ciclovias também se mostra como uma saída
21 viável e inteligente. De qualquer forma, o primeiro passo para solucio-
22 nar o problema é entender que não há como promover uma melhora
23 na mobilidade urbana no Brasil enquanto o transporte individual for
24 privilegiado.
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Desenvolvimento II: É preciso ficar atento à norma padrão da língua portuguesa. O verbo haver
com sentido de existir não deve ser concordar em número com seus complementos (o correto,
no texto, seria “houve” e não “houveram”). Também seria interessante o acréscimo de um tópico
frasal que, ao mesmo tempo, retome o parágrafo anterior e introduza a ideia a ser trabalhada
no novo parágrafo.

Conclusão: O parágrafo está bom, mas a questão das ciclovias enquanto solução está muito superficial, é preciso deixar
claro o porquê de elas serem uma opção viável dentro da proposta de intervenção.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Mobilidade urbana no século XXI: o ir e vir em questão na sociedade

Sugestão de reescrita:

1 O crescente número de veículos individuais nas ruas dos grandes centros


2 urbanos brasileiros vem promovendo um inchaço no trânsitoe dificultando a lo-
3 comoção nas grandes cidades, notadamente nas regiões que concentram a maior
4 parte dos serviços e empregos. Tal situação fomenta o debate acerca da mobilidade
5 urbana, buscando assegurar a garantia de livre circulação de pessoas entre as áreas
6 de seu interesse .
7 No âmbito brasileiro, essa é uma questão particularmente delicada. O au-
8 mento no poder aquisitivo da população de classes média e baixa, a recente polí-
9 tica de redução do IPI no mercado automobilístico e a precarização do transporte
10 coletivo acarretaram o crescimento do número de carros nos centros urbanos e,
11 consequentemente, do trânsito. Assim, problemas com lentidão e engarrafamentos
12 se tornam recorrentes.
13 A herança histórica rodoviarista do Brasil também parece ser responsável
14 pelo problema. Houve, principalmente após a década de 1960 e o governo de Jus-
15 celino Kubitschek, um acúmulo de investimentos no transporte rodoviário, sendo
16 que outras formas de locomoção acabaram deixadas de lado. Assim, o número de
17 veículos pesados nos centros urbanos, como caminhões, aumentou, o que dificulta
18 ainda mais a fluidez do trânsito.
19 É preciso, pois, que haja investimento nos transporte públicos de massa,
20 aumentando-se as linha de ônibus e o número de metrôs e terminais. Além dis-
21 so, incentivos a meios de transporte como as bicicletas, além de contribuir para
22 essa questão, ajudam a reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e melhorar
23 a qualidade de vida no meio urbano. A construção de ciclovias, então, também se
24 mostra como uma saída viável e inteligente. De qualquer forma, o primeiro passo
25 para solucionar o problema é entender que não há como promover uma melhora
26 na mobilidade urbana no Brasil enquanto o transporte individual for privilegiado.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A xenofobia em discussão no século XXI

Introdução: É importante deixar mais claro o conceito de “Homem cordial” e o porquê de ele
contrastar com a realidade. Não necessariamente é preciso dizer explicitamente o conceito,
torná-lo compreensível ao leitor é suficiente. O primeiro parágrafo também está muito grande
se comparado aos outros (de desenvolvimento, principalmente). É necessário ou diminuí-lo ou
aumentar os outros (optamos por este último na reescrita).

Desenvolvimento I: O parágrafo foi escrito em um único período, o que torna mais difícil a com-
preensão do texto. O ideal aqui seria criar uma divisão, inserindo um tópico frasal.

1 Discussões envolvendo xenofobia têm sido levantadas há muito


2 tempo. Mas é fato que, nos últimos anos, em um contexto de mundo
3 globalizado, com tráfego cada vez maior de pessoas entre nações, este
4 problema tem se agravado. No âmbito brasileiro, essa questão é ainda
5 recente e vem ganhando espaço nas discussões com a vinda de refugia-
6 dos. Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, traz a ideia do
7 brasileiro enquanto “homem cordial”, mas essa ideia parece ser menos
8 válida quando se discute a xenofobia em âmbito nacional, já que os
9 estrangeiros são recebidos com frieza, são marginalizados e, frequente-
10 mente, sofrem violência.
11 Esta rejeição ao estrangeiro parece vir de generalizações, como
12 por exemplo com discursos como “muçulmanos são terroristas”, con-
13 tendo uma visão muito despersonificada de um grupo de pessoas, que
14 são cada vez mais comuns e contribuem para a disseminação da vio-
15 lência, tanto física, quanto verbal e estrutural - esta última, referente
16 à não inserção do estrangeiro nos espaços geográficos e sociais do país
17 para onde emigra.
18 O filme Era o Hotel Cambridge, da diretora Eliane Caffé, ilustra
19 muito bem esta última questão ao retratar, através de uma narrativa
20 que mistura ficção e documentário, o dia-a-dia de refugiados sírios
21 que, sem lugar para ir, acabam em uma ocupação do Movimento sem
22 teto.
23 Portanto, no ensino básico, seria interessante levar imigrantes de
24 diferentes países como palestrantes, conscientizando os alunos acerca
25 da problemática dos discursos xenofóbicos e dos efeitos negativos que
26 esses discursos representam no dia-a-dia daqueles que buscam refúgio
27 no Brasil.
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Desenvolvimento II: O primeiro problema aqui é a falta de conexão entre o exemplo e o tema.
Apesar de se tratar de uma boa escolha de argumento, não há relação lógica entre esse pará-
grafo e os demais. A sugestão aqui seria o acréscimo de um outro período, retomando alguma
ideia já exposta e reforçando a ligação entre filme e realidade.

Conclusão: Falta deixar clara a ideia de que se trata de uma proposta de intervenção. O “portanto” não cabe aqui, mes-
mo sendo ótimo para parágrafos conclusivos. Falta ainda aproximar esse parágrafo de algo já dito, recuperando alguma
ideia e reforçando o encadeamento lógico. O acréscimo de uma frase que indique o fechamento do texto também
pode ser interessante.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A xenofobia em discussão no século XXI

Sugestão de reescrita:

1 Discussões envolvendo xenofobia têm sido levantadas há muito tempo. Mas


2 é fato que, nos últimos anos, em um contexto de mundo globalizado, com tráfego
3 cada vez maior de pessoas entre nações, este problema tem se agravado. No âmbito
4 brasileiro, essa questão é ainda recente e vem ganhando espaço nas discussões com
5 a vinda de refugiados. A ideia do brasileiro enquanto “homem cordial”, cunhada por
6 Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, parece ser menos válida quando se
7 discute a xenofobia em âmbito nacional: a hospitalidade e receptividade dão lugar
8 a à frieza, à marginalização e, frequentemente, à violência.
9 Esta rejeição ao estrangeiro parece vir de generalizações. Discursos como
10 “muçulmanos são terroristas”, contendo uma visão muito despersonificada de um
11 grupo de pessoas, são comuns e contribuem para a disseminação da violência, tanto
12 física, quanto verbal e estrutural - esta última, referente à não inserção do estran-
13 geiro nos espaços geográficos e sociais do país para onde emigra.
14 O filme Era o Hotel Cambridge, da diretora Eliane Caffé, ilustra muito bem
15 esta última questão ao retratar, através de uma narrativa que mistura ficção e
16 documentário, o dia-a-dia de refugiados sírios que, sem lugar para ir, acabam em
17 uma ocupação do Movimento sem teto. O que o filme apresenta são situações bem
18 próximas da realidade: uma tendência a rejeitar o estrangeiro e o marginalizar nos
19 centros urbanos.
20 A principal saída para essa questão está na educação. No ensino básico, seria
21 interessante levar imigrantes de diferentes países para palestrarem, conscientizan-
22 do os alunos acerca da problemática dos discursos xenofóbicos e dos efeitos negativos
23 que esses discursos representam no dia-a-dia daqueles que buscam refúgio no Brasil.
24 Somente assim seria possível retornar ao “homem cordial” e instaurar na menta-
25 lidade coletiva a ideia de que seres humanos não são ilegais.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A redução da maioridade penal e seus efeitos em discussão no Brasil

Introdução: O uso de clichês nas dissertações podem criar a sensação de falta de vocabulário
e/ou erudição por parte do aluno. Assim, o início da introdução com “atualmente” não é uma
boa escolha. Os coloquialismos têm o mesmo efeito e, portanto, a expressão “mas não é bem
assim” deve ser substituída. Além disso, faltou clareza no apontamento de que se está usando
um contra-argumento e o uso da primeira pessoa do plural torna o texto muito pessoal.

Desenvolvimento I: Novamente, temos um problema com o uso da primeira pessoa do plural.


Outra questão é o segundo período muito longo (ele pode facilmente ser dividido em dois perí-
odos). O uso do tópico frasal foi um acerto e possibilitou uma melhor compreensão das ideias.

1 Atualmente, discutimos muito acerca da questão da redução da


2 maioridade penal no Brasil. É muito frequente a ideia de que com a
3 consciência de que não podem ser presos, adolescentes sentem maior
4 liberdade para cometer crimes. Mas não é bem assim, uma vez que se
5 trata de uma questão bem mais profunda.
6 Devemos levar em conta, primeiramente, a realidade atual do
7 sistema prisional brasileiro. A superlotação é um problema crescente e
8 afeta diretamente o dia a dia dos presos - a infraestrutura é precá-
9 ria e os direitos humanos são constantemente infringidos, o que torna
10 inevitável que os índices de reincidência sejam altos. Por isso, permitir
11 que jovens menores de 18 anos sejam presos só agravaria a situação: a
12 superlotação seria ainda maior e um menor que poderia ser reabilitado
13 teria muito mais chances de continuar no crime.
14 Outra coisa é que com a diminuição da maioridade penal, as
15 pessoas mais necessitadas de assistência do Estado serão prejudicadas,
16 já que devemos levar em consideração o fato de que o perfil dos pre-
17 sidiários das penitenciárias brasileiras é majoritariamente de negros,
18 indivíduos provenientes de periferia e pessoas em situação de vulnera-
19 bilidade econômica.
20 Além disso tudo a Constituição brasileira diz que os menores de
21 18 anos são penalmente inimputáveis, ou seja, não podem ser conde-
22 nados a prisão como os adultos. Isso é inconstitucional pois trata-se de
23 uma cláusula pétrea, ou seja, um trecho da Constituição que não pode
24 ser alterado.
25 Assim, fica claro que trata-se de uma situação muito complexa.
26 É preciso que o olhar popular se distancie de uma análise prática e su-
27 perficial, que acredita que o problema da violência facilmente se resolve
28 com punição. Somente assim a discussão poderá levar a caminhos que
29 efetivamente se mostrem como soluções.
30 Desenvolvimento II: Observe que todo o parágrafo foi escrito em somente um período, tor-
nando as ideias confusas e deixando ao leitor muitas informações, sem tempo de processá-las
e compreendê-las. Aqui, isso poderia facilmente ser resolvido com a inversão da ordem em que
os argumentos foram colocados.
O uso de “outra coisa” no início do parágrafo pode soar muito coloquial, assim como o “já que”.
Seria interessante substituí-los.

Desenvolvimento III: Falta neste parágrafo um tópico frasal, que sintetize as ideias a serem desenvolvidas. Uma
forma de resolver isso seria trazer o argumento da inconstitucionalidade para o início do trecho. A repetição
do “ou seja” também pode ser evitada.

Conclusão: A proposta de intervenção está incompleta e se mostra insuficiente. Que tipo de pensamento dará lugar à
“análise prática e superficial”? Isso já foi tratado no texto e precisa ser recuperado na conclusão.
Há também um problema nas ideias. Está explícita a ideia de que violência não se trata com punição em um âmbito mais
geral, mas isso não foi tratado ao longo do texto. Seria importante especificar de que tipo punição se está tratando.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A redução da maioridade penal e seus efeitos em discussão no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Muito se tem discutido acerca da questão da redução da maioridade penal


2 no Brasil. Aqueles que se posicionam a favor da mudança argumentam que com a
3 consciência de que não podem ser presos, adolescentes sentem maior liberdade para
4 cometer crimes. A questão é que se trata, na verdade, de uma discussão muito mais
5 profunda.
6 A primeira coisa a ser levada em conta é a realidade atual do sistema prisio-
7 nal brasileiro. A superlotação é um problema crescente e afeta diretamente o dia
8 a dia dos presos - a infraestrutura é precária e os direitos humanos são constan-
9 temente infringidos. Nesse contexto de precarização, é inevitável que os índices de
10 reincidência sejam altos. Por isso, permitir que jovens menores de 18 anos sejam
11 presos só agravaria a situação: a superlotação seria ainda maior e um menor que
12 poderia ser reabilitado teria muito mais chances de continuar no crime.
13 Outra coisa a ser levada em consideração é o fato de que o perfil dos presi-
14 diários das penitenciárias brasileiras é majoritariamente de negros, indivíduos pro-
15 venientes de periferia e pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. Com a
16 diminuição da maioridade penal, seriam esses os setores mais afetados - justamente
17 os que mais necessitam de assistência do Estado.
18 Além disso tudo, a diminuição da maioridade penal é inconstitucional. A
19 Constituição brasileira diz que os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis,
20 ou seja, não podem ser condenados a prisão como os adultos - trata-se de uma
21 cláusula pétrea, trecho da Constituição que não pode ser alterado.
22 Assim, fica claro que trata-se de uma situação muito complexa. É preciso que
23 se transfira o olhar popular de uma análise prática e superficial, que acredita que o
24 problema da violência facilmente se resolve com punições severas, para uma pers-
25 pectiva mais profunda, disposta a levar em conta os direitos humanos e a realidade
26 socioeconômica do Brasil Somente assim a discussão poderá levar a caminhos que
27 efetivamente se mostrem como soluções.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A questão do lixo na sociedade brasileira

Introdução: Falta clareza na relação feita entre ou aumento no poder aquisitivo e o aumento na
produção de lixo. Seria interessante construir melhor o encadeamento lógico e coesivo entre
essas ideias.
Também ficou implícita a problemática a ser tratada ao longo do texto. Seria interessante o
acréscimo de mais um período para que a tese fosse definida.

Desenvolvimento I: É importante aqui identificar o significado da sigla Abrelpe. Outra coisa


importante é deixar explícito qual os destinos adequados e inadequados para o lixo, de modo a
tornar os argumentos mais sólidos e menos generalizados.

1 O Brasil passou, nos anos 2000, por um período em que o poder


2 aquisitivo da população em geral cresceu muito. O consumo de produ-
3 tos industrializados e de eletrônicos cresceu muito e também cresceu
4 a produção de lixo, sem que houvesse políticas de descarte consciente
5 capazes de dar conta da grande quantidade de resíduos eliminados nas
6 residências do país.
7 Pode-se dizer que o ponto fraco da gestão de resíduos sólidos no
8 Brasil está na coleta e destinação final do lixo que produzimos. Segundo
9 documento publicado pela Abrelpe, somente 58% dos resíduos sólidos
10 urbanos que são recolhidos têm o destino adequado. Os outros 42%
11 acabam descartados de maneira inadequada.
12 A coleta seletiva seria de grande auxílio para a diminuição do
13 descarte inadequado do lixo, mas parece ser negligenciada. Esta inicia-
14 tiva está presente em muitas prefeituras do país, mas muitas vezes elas
15 se resumem a disponibilizar pontos de entrega voluntária de material
16 reciclável ou então estabelecer convênios com cooperativas.
17 Sendo assim, fica claro que o problema do lixo no Brasil seria fa-
18 cilmente amenizado através de uma fiscalização maior sobre as prefei-
19 turas. Outra medida importante seria oferecer mais incentivos à coleta
20 seletiva, afinal, somente com políticas públicas existiria a garantia de
21 um descarte consciente do lixo.
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Desenvolvimento II: A conjunção “mas” repetida duas vezes pode ser substituída por outras
conjunções. Com relação à argumentação, não fica claro qual o ponto negativo de as prefeitu-
ras ficarem restritas aos pontos de entrega voluntários de material reciclável.

Conclusão: Apesar desta conclusão apresentar proposta de intervenção, as sugestões estão muito superficiais e pre-
cisam ser aprofundadas. Uma boa dica para resolver o problema é não indicar somente a medida necessária para a
mudança, mas também pontuar suas consequências esperadas.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A questão do lixo na sociedade brasileira

Sugestão de reescrita:

1 O Brasil passou, nos anos 2000, por um período em que o poder aquisitivo da população em
2 geral cresceu muito. Como consequência, o consumo de produtos industrializados e de eletrônicos
3 cresceu muito e, na mesma velocidade, cresceu a produção de lixo, sem que houvesse políticas de des-
4 carte consciente capazes de dar conta da grande quantidade de resíduos eliminados nas residências
5 do país. Surge assim, assim, um problema gigantesco, com sequelas enormes para o meio ambiente.
6 Pode-se dizer que o ponto fraco da gestão de resíduos sólidos no Brasil está na coleta e
7 destinação final do lixo que produzimos. Segundo documento publicado pela Abrelpe - Associação
8 Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais -, somente 58% dos resíduos sólidos
9 urbanos que são recolhidos têm o destino adequado: os aterros sanitários. Os outros 42% acabam em
10 lixões, córregos ou valas sem qualquer tipo de tratamento.
11 Mesmo a coleta seletiva, que seria de grande auxílio para a diminuição do descarte inade-
12 quado do lixo, parece ser negligenciada. Embora essa iniciativa esteja presente em muitas prefeituras
13 do país, muitas vezes elas se resumem a disponibilizar pontos de entrega voluntária de material
14 reciclável ou então estabelecer convênios com cooperativas. Não existem programas que incentivem
15 a separação do lixo e o ato de descartar corretamente materiais reciclados esbarra na consciência
16 individual dos cidadãos.
17 Sendo assim, fica claro que o problema do lixo no Brasil seria facilmente amenizado através
18 de uma fiscalização maior sobre as prefeituras, impondo multas severas àquelas que não oferecem
19 tratamento aos resíduos descartados. Outra medida importante seria oferecer mais incentivos à
20 coleta seletiva, fazendo com que mais pessoas se sintam estimuladas a separar seu lixo reciclável.
21 Somente com políticas públicas existiria a garantia de um descarte consciente do lixo.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Internet sem riscos é possível?

Introdução: Apesar da ótima contextualização histórica, é necessário reformular integralmente


o propósito do texto (a tese). O recorte temático é o que apresentará ao corretor o que será
dito nos desenvolvimentos.

Desenvolvimento I: No primeiro desenvolvimento da redação há uma presença de argumentos


bem definidos sobre os riscos da exposição na internet. No entanto, a afirmação “exibição invo-
luntária do seu ser” necessita de uma comprovação que torne verdadeira a frase, sendo necessá-
rio um conhecimento geral (dados estatísticos, citação, notícias, entre outros).

1 A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução


2 da Informação, foi o momento em que os artefatos eletrônicos trans-
3 formaram e aprimoraram a antiga indústria. Carregados de novas tec-
4 nologias, não só no ambiente de produção, esse período culminou para
5 que diversos mecanismos da nova era chegassem às residências, como
6 exemplo tem-se a internet. O mundo virtual, apesar de ter trazido
7 grandes benefícios às pessoas, hoje apresenta riscos à integridade.
8 O ambiente virtual conseguiu ampliar as comunicações huma-
9 nas, suprimindo as distâncias geográficas entre uma pessoa e outra. A
10 exemplo disso tem-se o Facebook, site de relacionamento, cuja ideia
11 principal é compartilhar conteúdos diversos com sua rede de amigos.
12 No entanto, até mesmo em um perfil que não seja público, é possível
13 perceber que não há uma segurança para os dados e informações dis-
14 ponibilizadas, o que traz ao homem uma exibição involuntária do seu
15 ser.
16 O que era para ser um ambiente de discussão, divertimento e
17 ensinamento, torna-se um local de extremo perigo para quem está
18 inserido. Assim, o Brasil garante, atualmente, leis que trazem certa
19 segurança ao consumidor, cuja pena se dá para quem invade, perturba
20 ou falsifica dados na web. Mas, apesar dos avanços legislativos, não é
21 possível acabar com todos os conteúdos disponibilizados na rede quando
22 a privacidade é violada, caso que reforça ainda mais um extremo cui-
23 dado para seu uso.
24 Assim, como pôde ser visto, a popularmente chamada “world
25 wide web” promove benefícios, quando usada de maneira consciente
26 e sem riscos aos seus usuários. Desse modo, faz-se necessário um in-
27 vestimento na educação de base, para a promoção de palestras que
28 incentivem o uso consciente da internet, para crianças, jovens e adul-
29 tos. Somente com informação a população não sofrerá riscos para sua
30 integridade e seu bem-estar.

Desenvolvimento II: Assim como no Desenvolvimento 1, o segundo parágrafo de argumen-


tação do texto possui uma falha em não exemplificar as afirmações ditas, como por exemplo
“quais avanços legislativos o Brasil garantiu sobre o tema? ”. Faz-se necessário, também, que
seja exemplificado quais tipos de ações que desvinculam a segurança do consumidor da web,
para trazer ao leitor mais enfoque sobre a temática.

Conclusão: Por fim, em uma conclusão com proposta de intervenção, deve-se responder às perguntas” Quem? O quê?
Como? Para quem?” Sobre as ações que iram solucionar a problemática. Desse modo, não há uma compreensão sobre
como ocorreria a intervenção, nem de qual modo ela seria efetivada, necessitando sua reescrita.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Internet sem riscos é possível?

Sugestão de reescrita:

1 A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução da Informação, foi o mo-


2 mento em que os artefatos eletrônicos transformaram e aprimoraram a antiga indústria. Carrega-
3 dos de novas tecnologias, não só no ambiente de produção, esse período culminou para que diversos
4 mecanismos da nova era chegassem às residências, como exemplo tem-se a internet. O mundo vir-
5 tual, embora tenha promovido um amplo desenvolvimento para as relações sociais, como a facilidade
6 de compra e venda por apenas um clique, trouxe diversos riscos sobre exposição ao indivíduo, tendo
7 como consequência sua fragilidade em um cenário ilimitado.
8 Em primeiro lugar, o ambiente virtual conseguiu ampliar as comunicações humanas, supri-
9 mindo as distâncias geográficas entre uma pessoa e outra. A exemplo disso tem-se o Facebook, site
10 de relacionamento, cuja ideia principal é compartilhar conteúdos diversos com sua rede de amigos.
11 No entanto, até mesmo em um perfil que não seja público, é possível perceber que não há uma se-
12 gurança para os dados e informações disponibilizadas, o que traz uma exibição involuntária do ser;
13 como ocorreu em abril de 2018, quando próprio site admitiu o vazamento de dados de mais de 87
14 milhões de usuários sem consentimento, segundo o portal IG.
15 O que era para ser um ambiente de discussão e divertimento, torna-se um local de extre-
16 mo perigo para quem está inserido. Não somente nas redes sociais, mas em todo cenário virtual as
17 pessoas expõem suas informações que deveriam ser mantidas em sigilo, todavia são disponibilizadas
18 ao restante do mundo, por conta de vírus ou “hackers” (pessoas que modificam as informações da
19 internet). Desse modo, o Brasil garante leis que trazem certa segurança ao consumidor, como a Lei
20 Carolina Dieckmann, cuja pena se dá para quem invade, perturba ou falsifica dados na web. Apesar
21 dos avanços legislativos, não é possível acabar com todos os conteúdos na rede quando a privacidade
22 é violada, reforçando ainda mais a cautela em seu uso.
23 Assim, a popularmente chamado “world wide web” promove benefícios, quando usada de
24 maneira consciente e sem riscos aos seus usuários. Nesse parâmetro, faz-se necessário um investi-
25 mento governamental, em parceria com instituições virtuais (Google), para a promoção de palestras
26 para pais e filhos que explicitem os malefícios causados no uso indiscriminado de internet no ambien-
27 te escolar, de modo a promover a utilização consciente através de debates sobre casos já ocorridos.
28 Apenas com informação a população não sofrerá riscos para sua integridade e seu bem-estar.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A cultura de assédio no Brasil

Introdução: O candidato apresenta duas contextualizações: a literária e a de argumento de au-


toridade, entretanto, não houve uma separação do contexto histórico ao interligá-las, visto que
a literatura do Romantismo é do século XIX, já Chimamanda é uma escritora contemporânea.
Outro fator prejudicial à construção da introdução foi a ausência da tese.

Desenvolvimento I: A falta de elementos coesivos entre os períodos prejudica a progressão tex-


tual, ademais, é preciso atentar-se aos erros de grafia: a expressão “com tudo” existe na língua
portuguesa, porém a ideia que o candidato deseja transmitir seria a noção de contrariedade,
sendo recomendável o uso da conjunção “contudo”. O termo “subjulga” também foi escrito er-
roneamente, sendo o correto: subjuga. No último período do desenvolvimento, é preciso apro-
fundar o teor argumentativo, apresentando os questionamentos gerados pelo público a partir
de conteúdo da entrevista.

1 No século XIX, as personagens da literatura romântica eram


2 submetidas aos valores morais da época, dentre eles, o de submissão
3 ao poder masculino. A escritora Chimamanda Adichie alega que o pro-
4 blema do gênero consiste em descrever como podemos ser, em vez que
5 reconhecer quem somos, comprovando um modelo arcaico enraizado
6 na sociedade.
7 Uma das causas dos assédios é a visão machista sobre a condu-
8 ta feminina. O Feminismo assegurou uma maior autonomia política e
9 social à mulher, com tudo, o patriarcalismo ainda a subjulga pela sua
10 vestimenta, reprimindo sua liberdade de escolha e fazendo com que os
11 ideais conservadores se sobreponham à realidade. Em 2016, a revista
12 “Veja” entrevistou a esposa do deputado Michel Temer, numa reporta-
13 gem intitulada como: “bela, recatada e do lar”, o que gerou uma série
14 de questionamentos ao público sobre o papel da mulher na sociedade.
15 Além disso, ocorre a banalização do assédio e as redes sociais se
16 tornaram uma ferramenta para tentar combatê-lo. Nas ruas, festas e
17 até no ambiente de trabalho, as puxadas no cabelo e as tentativas de
18 reprimir a vítima à violência sexual são ações que se naturalizaram, já
19 que acontecem cotidianamente na vida de muitas mulheres. Para en-
20 gajar jovens e adultas contra a sensação de impunidade, campanhas
21 virtuais surgiram a fim de engajar o público feminino à denúncia.
22 Para conter o assédio, as escolas podem promover a conscienti-
23 zação por meio de debates e aulas temáticas para que crianças e jovens
24 respeitem os direitos da mulher. Ademais, os meios de comunicação,
25 com seu impacto persuasivo, devem transmitir noticiários sobre a equi-
26 dade de gêneros e problematizar a banalização do assédio, induzindo a
27 reflexão e mudança na conduta dos indivíduos.
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Desenvolvimento II: O segundo parágrafo de desenvolvimento apresenta um aprofundamen-


to argumentativo maior do que o primeiro, validando as ideias apresentadas. O único erro se
encontra no último período, pois o trecho “Para engajar jovens e adultas contra a sensação de
impunidade, campanhas virtuais surgiram a fim de engajar o público feminino à denúncia” é re-
dundante e não possui nenhuma exemplificação ou detalhamento sobre as campanhas virtuais.

Conclusão: É preciso apresentar a retomada da tese no parágrafo de conclusão, como ainda, inserir expressões con-
clusivas, como “portanto” ou “é imprescindível, portanto, (...)”. As propostas interventoras estão detalhadas, mas seria
interessante acrescentar uma nova sentença ao final do parágrafo promovendo uma reflexão sobre as medidas apre-
sentadas.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A cultura de assédio no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Um passado que insiste em permanecer


2 No século XIX, o Romantismo transmitia, pela representação de personagens literárias, uma
3 conduta de submissão feminina que compactuava com os valores morais da época. Nos dias atuais,
4 a escritora nigeriana Chimamanda Adichie alega que o problema do gênero consiste em descrever
5 como devemos ser, em vez de reconhecer quem somos; o que comprova um modelo arcaico enrai-
6 zado na sociedade. Neste sentido, a cultura de assédio no Brasil é fruto de reflexos históricos e, para
7 garantir o respeito e liberdade à mulher, intervenções fazem-se precisas.
8 Primeiramente, uma das causas dos assédios é a visão machista sobre a conduta feminina.
9 Mesmo que o Feminismo tenha assegurado maior autonomia política e social à mulher, o patriar-
10 calismo ainda a subjuga pela sua vestimenta, reprimindo sua liberdade de escolha e, desse modo,
11 os ideais conservadores se sobrepõem à realidade. Em 2016, a revista “Veja” entrevistou a esposa
12 do deputado Michel Temer, numa reportagem intitulada como: “bela, recatada e do lar”. Tal título
13 unifica o papel da mulher, pois o machismo justifica que aquelas que desviem deste padrão ao usarem
14 roupas curtas e saírem desacompanhadas estão propícias ao abuso.
15 Além disso, ocorre a banalização do assédio e as redes sociais se tornaram uma ferramenta
16 para tentar combatê-lo. Nas ruas, festas e até no ambiente de trabalho, as puxadas no cabelo e as
17 tentativas de reprimir a vítima à violência sexual são ações que se naturalizaram, já que acontecem
18 cotidianamente na vida de muitas mulheres. Para engajar jovens e adultas contra a sensação de
19 impunidade, campanhas virtuais como “Meu Primeiro Assédio”, “Me avisa quando chegar” e “Vamos
20 juntas?” percorreram o Facebook e o Twitter a fim de denunciar as opressões vividas, trocar expe-
21 riências e atrair a atenção da mídia e das pessoas para conterem esse mal.
22 Portanto, nota-se que a cultura de assédio se solidificou na sociedade brasileira. A fim de
23 alterar o olhar machista, debates e a aulas temáticas nas escolas incentivarão crianças e jovens a
24 respeitarem os direitos da mulher. Ademais, os meios de comunicação, com impacto apelativo, de-
25 vem transmitir noticiários sobre a equidade de gêneros e problematizar a banalização do assédio,
26 induzindo a reflexão e mudança na conduta dos indivíduos. O Governo, ainda, sendo mais punitivo
27 nas leis contra essa situação, garantirá o reconhecimento do livre-arbítrio feminino, como anseia
28 Chimamanda.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os desafios da educação inclusiva no Brasil

Introdução: O parágrafo apresenta contextualização histórica, mas as informações foram pouco


aprofundadas, fazendo com que o período ficasse muito expositivo. No segundo período, não
houve uma relação que interligasse as duas ideias apresentadas e, além disso, é necessário re-
forçar o ponto de vista do candidato no texto.

Desenvolvimento I: O parágrafo não possui muitos conectores, o que prejudica a coesão textu-
al. Além disso, o aprofundamento do argumento em questão ficou raso e não houve uma expli-
cação que vinculasse o gibi “A turma da Mônica” à temática da educação inclusiva. A defesa do
ponto de vista não foi detalhada e, ademais, foi tratada de forma superficial.

1 Durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler considerava


2 os deficientes físicos uma ameaça à genética ariana e mandou execu-
3 tá-los. Nos dias atuais, as escolas têm se esforçado para combater os
4 preconceitos vigentes, mas ainda possui dificuldades para realizar uma
5 educação inclusiva no Brasil.
6 A leitura é uma ferramenta útil para discutir sobre a inclusão. A
7 literatura, por exemplo, pode simbolizar as diferenças e combater pre-
8 conceitos, como pode ser visto no gibi “A turma da Mônica” a partir
9 dos anos 2000. Por esse motivo, cria-se uma naturalização dos perso-
10 nagens ao abordarem sobre a diversidade e isso influencia uma maior
11 integração social desde criança.
12 O professor é culpabilizado pela ausência de inclusão, mas o pró-
13 prio colégio não oferece recursos para a sua capacitação. Exemplos disso
14 são as crianças que possuem dislexia ou TDAH, fazendo com que esses
15 casos mereçam uma atenção especial na hora da aprendizagem. Outra
16 questão é que o educador nem sempre tem domínio sobre esse tipo de
17 abordagem e acaba sendo responsabilizado pelos responsáveis desses
18 alunos.
19 Portanto, medidas são imprescindíveis para desenvolver um am-
20 biente escolar mais inclusivo. O governo, em parceria com as escolas,
21 deve incentivar a leitura aos jovens e é papel da coordenação dos colé-
22 gios promover cursos de qualificação para os seus funcionários. Só as-
23 sim, evitaremos os discursos preconceituosos do passado e teremos uma
24 sociedade mais harmoniosa.
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Desenvolvimento II: Seria interessante inserir mais conectivos ao longo do texto para interligar
as ideias apresentadas, além disso, as informações não foram justificadas, o que corroborou
para deixar o texto expositivo. Por que é preciso um tratamento diferenciado para essas crian-
ças? Essa pergunta precisa ser respondida. Ademais, a sigla TDAH deveria vir, entre parênteses
ou vírgula com o seu nome por extenso.

Conclusão: O parágrafo de conclusão apresenta a retomada da tese, o apontamento para os agentes interventores e
suas propostas, entretanto, não há um detalhamento dessas medidas, o que prejudica no caráter argumentativo do
texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os desafios da educação inclusiva no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler considerava os deficientes físicos uma ame-
2 aça à pureza genética ariana e mandou executá-los pelo programa que os nazistas denominavam de
3 “T-4”, reforçando um discurso de ódio às diversidades. Nos dias atuais, as escolas, responsáveis pela
4 formação cívica dos jovens, têm se esforçado, cada vez mais, para combater estereótipos e os diver-
5 sos tipos de discriminação, entretanto, ainda há dificuldades para promover uma educação inclusiva
6 na sociedade brasileira, sendo iminente ações para alterar este cenário.
7 A leitura é, primeiramente, uma ferramenta útil para discutir sobre a inclusão. A literatura,
8 por exemplo, tem o poder de simbolizar as diferenças, aludindo à realidade e aproximar o leitor,
9 incitando-o à conscientização e ao combate de preconceitos. Nos anos 2000, o autor Maurício de
10 Souza inseriu novos personagens ao gibi “A turma da Mônica”, com a presença de deficientes visuais
11 e físicos em diálogo com o público infantil. Assim, a naturalização dessa temática e a forma que os
12 personagens lidam com a diversidade reforçam o companheirismo e uma maior integração social em
13 vez de despertar olhares de repulsa. Porém, o presente obstáculo é a falta de incentivo à leitura e a
14 ausência de debate sobre tais questões em sala de aula.
15 Além disso, o professor é culpabilizado pela ausência de inclusão, mas o próprio colégio não
16 oferece recursos para a sua capacitação. Exemplos disso são as crianças que possuem dislexia ou so-
17 frem de TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), tais casos merecem atenção
18 especial do docente na hora da aprendizagem, pois esses alunos têm dificuldades na compreensão da
19 leitura e na concentração dos estudos, respectivamente. Porém, o educador que tem pouco domínio
20 sobre como realizar uma abordagem diferenciada nessas circunstâncias, faz o que está ao seu alcance
21 e, quando não consegue, é responsabilizado pelos pais, evidenciando uma lacuna na falta da gestão
22 educacional das escolas que não debatem ações pedagógicas para facilitar essas interações.
23 Fica claro, portanto, que medidas são imprescindíveis para desenvolver um ambiente escolar
24 mais inclusivo. Com o intuito de desconstruir paradigmas, o governo, em parceria com as escolas,
25 deve implantar projetos que incentivem a leitura, como a instalação de bibliotecas e rodas de lei-
26 tura em salas de aula, estimulando o debate e o senso crítico. Ademais, a coordenação dos colégios
27 deve promover a seus funcionários cursos de qualificação voltados para a educação integrada, com
28 o acompanhamento de psicólogos e pedagogos para maior suporte e instrução ao docente. Assim,
29 evitaremos os discursos preconceituosos do passado e teremos uma sociedade mais harmoniosa.
30
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A questão do índio no Brasil contemporâneo

Introdução: O parágrafo de introdução contém uma ótima contextualização do tema, de modo


a trazer uma obra literária para apresentar a situação do índio. Entretanto, não há uma formação
concreta sobre a tese, em relação ao livro. É importante trazer uma ligação sobre o tema de um
modo amplo e referente à tese.

Desenvolvimento I: Uma coisa importante a se ressaltar sobre os desenvolvimentos é que, ape-


sar de haver a necessidade de trazer evidências que comprovem a argumentação, se há a pre-
sença exacerbada desses mecanismos, o texto pode se tornar expositivo. No caso acima, não
há uma concretização argumentativa, apenas a fala do antropólogo, o que apenas demonstra os
fatos e não os relaciona.

1 Em sua obra modernista Macunaíma, Mario de Andrade descre-


2 veu a caracterização do povo brasileiro, sendo influenciada por traços
3 indígenas, afrodescendentes e europeia. Dessa maneira, o popularmente
4 conhecido como “herói sem nenhum caráter” é uma analogia ao re-
5 trato do início de uma nação, sendo primitiva quando se tratando dos
6 índios e, glorificada, com os europeus. Esse livro, apesar de ser ficcional,
7 não se distancia da realidade, uma vez que na contemporaneidade o
8 descaso com o povo indígena ainda ocorre.
9 Em primeiro lugar, é necessário descrever o processo de coloni-
10 zação do Brasil. Tendo nascido por meio de exploração, a dominação
11 de povos e culturas ocorreu da mesma forma. Assim como afirma o
12 antropólogo Darcy Ribeiro, a cultura do europeu se sobrepôs sobre a
13 identidade nativa, perdendo-se muitos traços indígenas. Esse compor-
14 tamento é visto até os dias atuais.
15 Esse comportamento, visto em programas de televisão, é ainda
16 mais reafirmado ao transformar a cultura e identidade desse povo em
17 fantasias e forma de diversão. Esse processo deu início ao trabalho da
18 artista indígena Katú Mirim “#índionãoéfantasia”, que defende que o
19 uso dos trajes, além de ser ofensivo, é modo de reforçar o preconceito.
20 Ao que é visto no cenário contemporâneo, o indígena é desvalorizado e
21 zombado.
22 Assim, que o Brasil atual é miscigenado e diversificado, quanto às
23 influências, é fato. Entretanto, não se pode desprender dos primeiros
24 influenciadores de identificação cultural. Por esse motivo, é necessário
25 que o índio seja, não somente valorizado, mas representado e aproxi-
26 mado da cultura atual, com participações midiáticas. Além disso, deve
27 haver uma conscientização no âmbito escolar para que as crianças e
28 jovens interpretem o indígena como parte da história brasileira para
29 uma valorização de quem iniciou a história há mais de 500 anos.
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Desenvolvimento II: Novamente, há a grande presença de conhecimentos gerais sobre o tema,


mas a argumentação se vê insuficiente. É necessária uma ênfase sobre a visão do autor, sobre
todos os fatos trazidos ao texto. “Por que o indígena é desvalorizado e zombado? , os questio-
namentos devem ser respondidos no desenvolvimento 1 e 2.

Conclusão: O autor, apesar de ter retomado à tese inicial em seu parágrafo de conclusão, não explicitou de forma
detalhada e coerente as propostas de solução. Deve-se atentar que a intervenção deve conter o agente, o público
alvo, o ambiente a ser promovida a ação e de que forma isso irá ocorrer. Assim, é necessário apresentar quais tipos de
participações midiáticas devem ocorrer e como seria essa conscientização no âmbito escolar.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A questão do índio no Brasil contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 Em sua obra modernista Macunaíma, Mario de Andrade descreveu a caracterização


2 do povo brasileiro, sendo influenciada por traços indígenas, afrodescendentes e europeia.
3 Dessa maneira, o popularmente conhecido como “herói sem nenhum caráter” é uma ana-
4 logia ao retrato do início de uma nação, sendo primitiva quando se tratando dos índios e,
5 glorificada, com os europeus. Esse livro, apesar de ser ficcional, não se distancia da realida-
6 de, uma vez que na contemporaneidade a valorização cultural e representativa dos povos
7 indígenas é esquecida, devido ao descaso populacional e governamental sobre os nativos do
8 país.
9 Em primeiro lugar, é necessário descrever o processo de colonização do Brasil. Tendo
10 nascido por meio de exploração, a dominação de povos e culturas ocorreu, da mesma for-
11 ma. Assim como afirma o antropólogo Darcy Ribeiro, a cultura do europeu se sobrepôs so-
12 bre a identidade nativa, perdendo-se muitos traços indígenas. Esse comportamento é visto
13 até os dias atuais, de forma que o índio, além de esquecido pela sociedade, é ridicularizado
14 nos canais de informação e mídia.
15 Essa forma de ridicularizar, vista em programas de televisão, é ainda mais reafir-
16 mada ao transformar a cultura e identidade desse povo em fantasias e forma de diversão.
17 Esse processo deu início ao trabalho da artista indígena Katú Mirim “#índionãoéfantasia”,
18 que defende que o uso dos trajes, além de ser ofensivo, é modo de reforçar o preconceito.
19 Ao que é visto no cenário contemporâneo, o indígena, além de não ter reconhecimento his-
20 tórico sobre o processo de formação do Brasil, é desvalorizado e zombado pela disparidade
21 e sobreposição de culturas.
22 Assim, que o Brasil atual é miscigenado e diversificado, quanto às influências, é fato.
23 Entretanto, não se pode desprender dos primeiros influenciadores de identificação cultural.
24 Por esse motivo, é necessário que o índio seja, não somente valorizado, mas representado e
25 aproximado da cultura atual, com participações midiáticas, como programas de entrevis-
26 tas e novelas que representem essa população hodierna. Além disso, deve haver uma cons-
27 cientização no âmbito escolar para que as crianças e jovens interpretem o indígena como
28 parte da história brasileira, de modo a promover palestras para apresentar os costumes e
29 características, com representante de tribos e aldeias, para uma valorização de quem ini-
30 ciou a história há mais de 500 anos.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: As manifestações de violência nos estádios brasileiros de futebol

Introdução: O autor, apesar de ter trazido à introdução sua tese “ideia de uma nação pautada na compe-
tição por conta da cultura de violência”, não apresentou a contextualização para essa afirmação. Assim, é
necessário introduzir ao texto o que motivou o pensamento de uma tese, de modo a abordar a temática
de um modo geral.

Desenvolvimento I: Para um desenvolvimento, é necessário apresentar algumas evidências que compro-


vem que a argumentação é verdadeira. Desse modo, nesse primeiro parágrafo de desenvolvimento, não
há a confirmação de como essa caracterização do “jogo como forma de identidade cultural” é reforçado
pela mídia. Além disso, é necessário detalhar o que é esse “torcedor sentimental pelo time”, para não haver
amplitude de interpretações e, focalizar em uma única linha de progressão textual.

1 Segundo o sociólogo Maurício Murad, o Brasil é o país em que


2 mais morrem pessoas em função das brigas de estádio. Essa cultura da
3 violência reforça a ideia de uma nação pautada na competição e, so-
4 bretudo, intolerante.
5 Em primeiro lugar, é necessário entender a importância do es-
6 porte para o povo brasileiro. Como Gylberto Freire explicita, “O de-
7 senvolvimento do futebol, não um esporte igual aos outros, mas numa
8 verdadeira instituição brasileira, tornou possível a sublimação de vários
9 daqueles elementos irracionais de nossa formação e cultura”, o jogo se
10 torna uma forma identidade cultural. Esse tipo de caracterização é re-
11 forçado pela mídia, que torna o torcedor sentimental pelo time.
12 Entretanto, esse sentimento exagerado sobre o futebol, gera a
13 noção de superioridade, sobretudo com adversários e pensamentos
14 contrários à ideia esportista, fato inicia o surgimento de discriminação,
15 preconceito e, principalmente, violência.
16 Assim, é vista uma nação defasada de políticas que contribuam
17 para o melhor desenvolvimento das torcidas no Brasil. Dessa forma,
18 entende-se que a intervenção deve partir dos canais de informação,
19 que continuem transmitindo o sentimentalismo futebolístico, no entan-
20 to também demonstrem a importância de tolerância nos estádios, por
21 meio de propagandas.
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Desenvolvimento II: Apesar de haver o diálogo entre os dois desenvolvimentos, importantíssimo para
os níveis de coesão e coerência, há, novamente, a necessidade de detalhar o que quer ser passado com
“sentimento exagerado”, fato que comprova uma falta de embasamento das ideias do autor. Além disso,
é possível perceber uma ótima linha argumentativa, todavia, ela não se torna verdadeira pela falta de
comprovação de evidências. Desse modo, para haver uma argumentação fora do senso comum, é ne-
cessário trazer opinião + evidência.

Conclusão: Por fim, a conclusão consiste em uma síntese de ideias com proposta de intervenção sobre a problemática
apresentada. Desse modo, é visto um ótimo resumo das ideias trabalhadas no desenvolvimento, entretanto não há um
detalhamento na proposta de solução, quanto no quesito midiático. É importante ressaltar que a proposta deve haver
um agente solucionador, uma proposta detalhada, um público alvo e a forma de efetivação. Sendo assim, há a necessi-
dade de uma escrita mais afunilada sobre a parte final do texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: As manifestações de violência nos estádios brasileiros de futebol

Sugestão de reescrita:

1 Segundo o sociólogo Maurício Murad, o Brasil é o país em que mais morrem pessoas
2 em função das brigas de estádio. Essa cultura da violência, instaurada na época de Roma,
3 com a inauguração do Coliseu para eventos bárbaros em prol de uma satisfação do público
4 e retomada com o processo de colonização do país, reforça a ideia de uma nação pautada
5 na competição e, sobretudo, intolerante.
6 Em primeiro lugar, é necessário entender a importância do esporte para o povo
7 brasileiro. Como disse Gylberto Freire, “O desenvolvimento do futebol, não um esporte
8 igual aos outros, mas numa verdadeira instituição brasileira, tornou possível a sublimação
9 de vários daqueles elementos irracionais de nossa formação e cultura” explicita o jogo como
10 uma identidade cultural. Esse tipo de caracterização é reforçado pela mídia, que, ao im-
11 pulsionar o sentimentalismo exacerbado sobre cada time em áreas como canais de televisão
12 e lojas, transforma uma sociedade pautada em uma forma de “ufanismo futebolístico”.
13 Entretanto, esse orgulho exagerado sobre o futebol, gera o sentimento de superiori-
14 dade, sobretudo com adversários e pensamentos contrários à ideia esportista, fato inicia o
15 surgimento de discriminação, preconceito e, principalmente, violência. Isso pode ser enten-
16 dido pelos dados da IPEA, em que 106 mortes de torcedores foram causadas nos últimos
17 14 anos no Brasil.
18 Assim, é vista uma nação defasada de políticas que contribuam para o melhor de-
19 senvolvimento das torcidas no Brasil. Dessa forma, entende-se que a intervenção deve par-
20 tir dos canais de informação, que continuem transmitindo o sentimentalismo futebolístico,
21 no entanto também demonstrem a importância de tolerância nos estádios, por meio de
22 propagandas. Além disso, é necessária uma medida governamental para que essa cultura
23 seja mudada, como o desenvolvimento de palestras e cartilhas informativas para as tor-
24 cidas organizadas e torcedores de um modo geral, de modo a ser visto o impacto de uma
25 identidade violenta e discriminatória em um ambiente esportivo.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Manifestações populares no Brasil como ferramenta de mudança

Introdução: Atenção à falta de vírgula ao longo do parágrafo, o que prejudica a progressão textual, e ao
erro gráfico “cidadões” > cidadãos. No primeiro parágrafo, não há uma explicação sobre o antecedente
que incitou o ato, além disso, a informação foi possui data ou qualquer referência que a situe em um
tempo. O termo “ALERJ” deveria vir, entre vírgulas ou parênteses, escrito por extenso. Importante dizer,
também, que não houve a apresentação da tese.

Desenvolvimento I: A ampliação do parágrafo ficou rasa e expositiva. O candidato só apresenta as con-


sequências do movimento “Diretas Já”, mas não explica a sua causa e a sua intenção política, prejudicando
o caráter argumentativo do texto. Além disso, a expressão “força” coletiva foi utilizada três vezes, o que
evidencia a falta de diversidade vocabular do candidato.

1 Milhares de cidadões se reuniram diante da ALERJ para um ato


2 em memória da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson
3 Gomes. A mistura de tristeza e indignação impulsionou manifestações
4 populares em várias regiões do Brasil, com o intuito de cobrar a apu-
5 ração do crime e prestar solidariedade num momento tão lastimoso.
6 Em primeiro lugar, a força coletiva tem enorme impacto no
7 âmbito social. A História comprova que a força coletiva contribuiu para
8 combater a opressão na sociedade brasileira, vide o que ocorreu duran-
9 te as “Diretas Já”. Tal fato, posteriormente, impulsionou a restauração
10 do poder civil e a retomada das eleições diretas, evidenciando que a
11 força coletiva é uma ferramenta de transformação política.
12 Em 2015 os professores do Paraná tentaram acompanhar a
13 votação de um projeto de lei que mudava o custeio do Fundo da Pre-
14 vidência do Estado, mas foram barrados na porta da Assembleia e
15 covardemente agredidos por policiais, o que confirma o abuso de poder
16 das autoridades, ferindo a liberdade de expressão garantida pela Cons-
17 tituição de 1988, visto que a sensação de medo se instaura e faz com
18 que muitos cidadãos tenham receio de manifestações.
19 É preciso, portanto, conter esse empasse e valorizar as marchas
20 populares em prol dos direitos democráticos. Para tal, políticas de se-
21 gurança pública são imprescindíveis para oferecer novos treinamentos
22 aos policiais. Na escola, os professores de ciências humanas devem in-
23 citar a reflexão por meio de documentários e promover debates sobre
24 a relevância das manifestações populares para a manutenção do bem-
25 -estar social.
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Desenvolvimento II: O parágrafo não apresenta tópico frasal e foi construído em um único período, o
que torna a leitura mais cansativa. Ademais, é preciso utilizar vírgulas para delimitar pausas e observar o
valor semântico dos conectivos, por exemplo, o uso da expressão “visto que” expressa uma noção causal,
entretanto, a relação lógica das ideias do texto é a de consequência.

Conclusão: Em primeiro lugar, é importante saber a diferença entre os termos “empasse” e “impasse”: o primeiro vem
do verbo “empar”, que significa suster ou regular; já o segundo apresenta a noção de obstáculo ou dificuldade, sendo
mais apropriado para o contexto. As propostas interventoras não apresentam detalhamento e é preciso, ainda, apre-
sentar uma frase final, isto é, criar uma sentença de cunho reflexivo ou que apresente as consequências positivas das
soluções expostas.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Manifestações populares no Brasil como ferramenta de mudança

Sugestão de reescrita:

1 Deitado eternamente em berço esplêndido?


2 Em março de 2018, milhares de cidadãos se reuniram diante da ALERJ (Assembleia
3 Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) para um ato em memória da vereadora Marielle
4 Franco e seu motorista, Anderson Gomes, assassinados quando voltavam de um evento.
5 A mistura de tristeza e indignação impulsionou manifestações populares que cobravam a
6 apuração do crime e prestavam solidariedade num momento tão lastimoso. Nesse sentido,
7 nota-se a importância das manifestações para alterar o cenário de inércia política dos in-
8 divíduos e incitar melhorias.
9 Em primeiro lugar, a força coletiva tem enorme impacto no âmbito social. A Histó-
10 ria comprova que a mobilização dos indivíduos contribuiu para combater a opressão, como
11 visto durante as “Diretas Já”, movimento que ocorreu na década de 80 em torno da luta
12 pela democracia frente ao período ditatorial no Brasil. Tal fato, posteriormente, impul-
13 sionou a restauração do poder civil e a retomada das eleições diretas, evidenciando que a
14 participação da comunidade é uma ferramenta de transformação política.
15 Por outro lado, a violência utilizada para reprimir protestos também é uma reali-
16 dade. Em 2015, por exemplo, professores do Paraná tentaram acompanhar a votação de
17 um projeto de lei que mudava o custeio do Fundo da Previdência do Estado, mas foram
18 barrados na porta da Assembleia e covardemente agredidos por policiais. Esse episódio foi
19 apenas um, dentre vários, que confirma o abuso de poder das autoridades, ferindo a li-
20 berdade de expressão garantida pela Constituição de 1988. Por conseguinte, a sensação de
21 medo se instaura e faz com que muitos cidadãos tenham receio de manifestações, sendo que
22 estas são uma forma legítima de preservar a cidadania.
23 É preciso, portanto, conter esse impasse e valorizar as marchas populares em prol
24 dos direitos democráticos. Para tal, políticas de segurança pública são imprescindíveis para
25 oferecer novos treinamentos aos policiais, a fim de que esses tenham uma perspectiva mais
26 humana e respeitosa acerca dos indivíduos. Ademais, na escola, os professores de ciências
27 humanas devem incitar a reflexão por meio de documentários e promover debates sobre a
28 relevância das manifestações populares para a manutenção do bem-estar social. Só assim,
29 os brasileiros se erguerão do berço esplêndido e caminharão em busca de mudanças.
30
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O panorama de descrença no sistema político

Introdução: O primeiro problema a ser notado na introdução é o tamanho do primeiro período. Por ser
muito longo, a compreensão e a clareza das ideias acaba prejudicada. O ideal seria encurtá-lo, dividindo
em dois períodos.
O segundo problema é a falta de explicitação da tese. É muito importante que a introdução aborde com
clareza o tema a ser trabalhado ao longo da dissertação.

Desenvolvimento I: Não há, nesse parágrafo, conexão com o parágrafo anterior. Apesar das ideias terem
uma continuação - a retomada do tema da ditadura -, falta um elemento coesivo. Além disso, temos um
problema com repetições: as palavras “polítca”, “político” e “descrença” aparecem demais. O ideal seria
substituí-las por sinônimos. Falta também um tópico frasal que sintetize o que será tratado ao longo do
parágrafo.

1 O Brasil saiu, não faz muito tempo, do período da Ditadura Mi-


2 litar, cenário político conturbado que só teve fim em 1985, a partir
3 da mobilização popular e da atuação política de diversos setores da
4 sociedade, quando a democracia foi instaurada e o regime autoritário
5 caiu. Hoje, mais de 20 anos depois, o governo passa novamente por um
6 período de turbulências e instabilidade.
7 Enquanto no período ditatorial havia uma luta por um sistema
8 político considerado ideal - a democracia -, hoje, em um governo de-
9 mocrático, existe uma sensação generalizada de falência das institui-
10 ções públicas e, consequentemente, uma tendência crescente à inação.
11 As constantes crises políticas, os escândalos envolvendo nomes impor-
12 tantes e a perda direitos parecem criar, inclusive, uma descrença tão
13 grande a ponto de até mesmo a democracia ser questionada.
14 Portanto, temos uma uma situação ainda mais preocupante ge-
15 rada pela descrença no sistema democrático, já que a desmobilização
16 política cria espaço para a ascensão de governos autoritários e/ou de
17 extrema direita ao poder em âmbito mundial. Por exemplo: Donald
18 Trump na presidência americana, Putin na Rússia e um parlamento
19 português com maioria de representantes neofascistas.
20 Esse grupo de pessoas desmobilizadas que se mantêm distancia-
21 das da política, tem como maior desafio quebrar o monopólio do siste-
22 ma atual, dominado por políticos tradicionais que detêm o controle dos
23 partidos. O primeiro passo seria restabelecer o diálogo entre povo e as
24 instituições, assegurando assim a manutenção da democracia.
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Desenvolvimento II: O “portanto” não é uma boa escolha de elemento coesivo para esse momento do
texto, ele seria mais adequado à conclusão. O uso da primeira pessoa do plural em “temos” também é
problemática, uma vez que dá um caráter muito pessoal à dissertação.
A falta de referência ao cenário político brasileiro também pode ser trabalhada, uma vez que o tema foi
introduzido a partir de um exemplo da política nacional. É importante, assim, destacar que estamos saindo
do âmbito nacional para o mundial.
Por fim,a enumeração de exemplos pode ser menos explícita - tal mudança ajudaria na estética do texto.

Conclusão: Faltam elementos coesivos que indiquem a conclusão do texto (assim e portanto são boas sugestões).
Além disso, seria interessante acrescentar algum elemento que indique que se trata de uma proposta de intervenção,
obrigatória no Enem. Por fim, “um gancho” que aproxime o último parágrafo dos demais é necessário para reforçar o
encadeamento lógico do texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O panorama de descrença no sistema político

Sugestão de reescrita:

1 Descrença, inércia política e desmobilização


2
3 Não faz muito tempo que o Brasil saiu de um cenário político conturbado: a dita-
4 dura militar. Em 1985, a partir da mobilização popular e da atuação política de diversos
5 setores da sociedade, a democracia foi instaurada e o regime autoritário caiu. Hoje, mais
6 de 20 anos depois, o governo passa novamente por um período de turbulências e instabi-
7 lidade, mas, ao contrário do que acontecia durante a ditadura, o que se vê é um processo
8 de despolitização preocupante.
9 Tal processo parece surgir de um panorama de descrença no sistema político atual.
10 Enquanto no período ditatorial havia uma luta por um sistema político considerado ideal
11 - a democracia -, hoje, em um governo democrático, existe uma sensação generalizada de
12 falência das instituições públicas e, consequentemente, uma tendência crescente à inação.
13 As constantes crises de representatividade, os escândalos envolvendo nomes importantes
14 e a perda direitos parecem criar, inclusive, uma incredulidade tão grande a ponto de até
15 mesmo a democracia ser questionada.
16 Isso leva a uma situação ainda mais preocupante, uma vez que a descrença no siste-
17 ma democrático e a desmobilização política cria espaço para a ascensão de governos auto-
18 ritários e/ou de extrema direita ao poder, cenário cada vez mais comum não somente no
19 Brasil, mas em âmbito mundial. Donald Trump na presidência americana, Putin na Rússia
20 e um parlamento português com maioria de representantes neofascistas são alguns exem-
21 plos.
22 A saída para tudo isso está no retorno à mobilização popular. O grupo de pessoas
23 desmobilizadas, que se mantêm distanciadas da política, tem como maior desafio quebrar
24 o monopólio do sistema atual, dominado por políticos tradicionais que detêm o controle
25 dos partidos. O primeiro passo, portanto, é restabelecer o diálogo entre povo e as institui-
26 ções, assegurando assim a manutenção da democracia, afinal, a ditadura só caiu devido às
27 pessoas dispostas a agir e, do mesmo modo, somente a ação pode recriar o cenário político
28 atual.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os desafios do mercado de trabalho no mundo contemporâneo


Introdução: A contextualização do parágrafo de introdução é rasa, apresentando pouco aprofundamen-
to sobre os desafios do mercado de trabalho. Quais foram os impactos sofridos pelos países aliados? Esse
questionamento precisa de uma resposta. Além disso, a falta de vírgula prejudica o ritmo de leitura e é
preciso acentuar a palavra “economica” > econômica.

Desenvolvimento I: Como ponto positivo, há a exposição do tópico frasal e a tentativa de aprofundar o


caráter argumentativo, porém, é preciso atentar-se aos valores semânticos dos conectores. O candidato
altera a sequência lógica das ideias, ao falar que a crise econômica é consequência do desemprego por
meio da conjunção “por conseguinte”, sendo que se trata da causa do problema. No terceiro período, o
termo “aí” acarreta coloquialidade ao texto e a expressão “donos de empresas” é repetida duas vezes na
mesma estrutura. A falta de vírgula, ainda, prejudica a leitura e é preciso justificar a última sentença, apre-
sentando qual é a problemática social vigente. Importante dizer que o termo “economica” continua sem a
acentuação devida.

1
Em 2008 uma grave crise economica se instaurou nos EUA
2 conhecida como o “Estouro da Bolha Imobiliária” e consequen-
3 temente seus países aliados também sofreram com o impacto e
4
diminuíram o ritmo de produção. Esse panorama de instabilidade
5 economica expõe as deficiências no mercado de trabalho.
6 Em primeira instância, o desemprego tornou-se uma cruel
7 realidade. Por conseguinte da crise economica, houveram o gran-
8 des aumentos no déficit orçamentário, gerando o corte dos gatos
9 públicos. Aí os donos de empresas promoveram a demissão em
10 massa visto que o trabalhador com carteira assinada possui custo
11 elevado aos donos de empresas. Outro fator a ser analisado é que
12 os funcionários demitidos têm baixa qualificação profissional, o que
13 evidencia uma problemática social.
14 Muitos indivíduos veem no emprego informal uma alterna-
15 tiva às dificuldades do mercado de trabalho e dados do IBGE con-
16 firmam que cerca de um quarto dos trabalhadores se enquadra na
17 categoria autonoma, isto é, sem vinculo empragaticio. Os cidadãos
18 enxergam o emprego informal como uma saída, pois a maioria
19 dos que foram demitidos possuem baixo nível de escolaridade e
20 enfrentam situações precárias no emprego informal. Além disso, o
21 emprego informal não paga impostos, resultando no aumento da
22 crise financeira.
23 É notório, portanto, que a incerteza do cenário econômico
24 prejudica os indivíduos no mercado de trabalho. Cabe ao governo
25 brasileiro reorganizar as finanças do país e propiciar oportuni-
26 dades empregatícias junto do Ministério da Educação. Esses in-
27 vestimentos são cruciais ao desenvolvimento dos indivíduos, a fim
28 de que esses consigam competir com os demais para atuarem no
29 mercado formal. Só assim, a prosperidade de um futuro melhor
30 será ivocada.
Desenvolvimento II: É preciso inserir um tópico frasal ao parágrafo de desenvolvimento e, mais uma
vez, a ausência de vírgulas prejudica a leitura. O candidato mencionou a sigla do IBGE, sendo interessante
apresentar seu nome por extenso entre vírgulas ou parênteses. A ausência de acentuação nos termos “auto-
noma” > autônoma, “vinculo” > vínculo e “empregaticio” > empregatício demonstram pouco domínio sobre a
norma culta e, além disso, a repetição de “emprego informal” ao longo do texto evidencia baixa diversidade
vocabular. O teor argumentativo poderia ser aprofundado ao apresentar a precariedade vivenciada pelos
trabalhadores no emprego informal.

Conclusão: Mesmo com a retomada da tese e o uso de conectores para interligar as ideias entre os períodos, a proposta in-
terventora não teve nenhum detalhamento efetivo. Como o Ministério da Educação, em parceria com o Estado, pode oferecer
novas oportunidades de emprego? Como resolver o problema da baixa qualificação profissional exposto nos parágrafos de
desenvolvimento? Quais serão os efeitos dessas propostas? Essas perguntas precisam ser respondidas. Ademais, de acordo com
a norma culta, o termo “ivocada” foi grafado erroneamente, sendo o correto, evocada.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os desafios do mercado de trabalho no mundo contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 Em 2008, uma grave crise econômica se instaurou nos EUA, conhecida como o “Estouro da
2 Bolha Imobiliária” e, consequentemente, seus países aliados, como o Brasil, também sofreram com o
3 impacto: quando um país agroexportador perde parte de seu financiamento, o poder de compra e
4 o ritmo de produção diminuem, resultando na redução do número de funcionários. Esse panorama
5 de instabilidade econômica expõe as deficiências do mercado de trabalho e a necessidade de avaliar
6 seus efeitos na contemporaneidade.
7 Em primeira instância, o desemprego tornou-se uma cruel realidade. Sabe-se que sua causa
8 provém da decadência financeira vigente e, neste sentido, o aumento do déficit orçamentário incitou
9 o corte de gastos públicos, vide as ações do governo grego em 2011. Para tentar superar a crise, os
10 donos de empresas promovem a demissão em massa, visto que o trabalhador com carteira assinada
11 possui custo elevado ao empregador. Outro fator relevante é que a predominância dos funcionários
12 demitidos possui baixa qualificação profissional, confirmando a existência de uma cadeia hierárquica
13 e a condição de vulnerabilidade desses em tempos de oscilações negativas no ambiente corporativo.
14 Paralelamente a isso, muitos indivíduos veem no emprego informal uma alternativa às difi-
15 culdades do mercado de trabalho. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatís-
16 tica), cerca de um quarto dos trabalhadores se enquadra na categoria autônoma, isto é, sem vínculo
17 empregatício. Embora seja uma “saída” - a curto prazo - àqueles que foram demitidos e têm baixo
18 nível de escolaridade, as condições de trabalho são precárias: não há renda fixa e perde-se a garantia
19 dos direitos trabalhistas, como as férias e o auxílio doença. Outrossim, o comércio informal não paga
20 impostos, dificultando o recolhimento de recursos que seriam repassados ao Estado para os serviços
21 públicos, contribuindo, ainda mais, com a crise.
22 É notório, portanto, que a incerteza do cenário econômico prejudica os indivíduos no merca-
23 do de trabalho. Cabe ao governo brasileiro reorganizar as finanças do país e propiciar oportunidades
24 empregatícias, para tal, o Ministério da Educação deve expandir os cursos de profissionalização,
25 como o Pronatec, possibilitando o aumento da qualificação com o incentivo de cursos técnicos às
26 classes menos favorecidas, como ainda, democratiza o acesso à educação básica. Os investimentos
27 do Estado na educação são, inclusive, cruciais ao desenvolvimento dos indivíduos, a fim de que esses
28 consigam competir com os demais para atuarem no mercado formal. Só assim, a prosperidade de
29 um futuro melhor será evocada.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A família contemporânea e sua representação em questão no Brasil

Introdução: Embora a introdução apresente a exposição do tema e da tese, é interessante contextualizar


o tema de forma que seja possível mostrar a relevância para ele estar em discussão em uma prova de re-
dação, por exemplo. Dessa forma, a contextualização pode ser feita por uma alusão histórica ou cultural,
argumentos de autoridade, citações, entre outros.

Desenvolvimento I: O parágrafo desenvolvido não contempla o gênero dissertativo-argumentativo, visto


que só apresenta uma exposição do que é o “Estatuto da Família”. A argumentação tem como objetivo
convencer o leitor e para isso deve ser articulado uma opinião junto com fatos para comprovar esse ponto
de vista. Além disso, a criação do tópico frasal é o meio mais fácil de organizar os pensamentos que serão
desenvolvidos e evitar a incoerência de ideias.

1
No que diz respeito à configuração da família contemporâ-
2 nea no Brasil, os direitos não são garantidos e geram um paradoxo
3 no cenário, visto que a concepção familiar está se transformando
4
e pluralidade ainda não é totalmente reconhecida devido a uma
5 sociedade conservadora e ao preconceito enfrentado pelos que não
6 são representados.
7 Em 2015, o “Estatuto da Família” foi lançado pela Câmara
8 dos Deputados para definir o modelo que pode ser considerado
9 um núcleo familiar no Brasil. Contudo, esse projeto de lei legitima
10 somente a união entre homem e mulher e não contempla a união
11 de casais do mesmo sexo, por exemplo.
12 Além disso, essa perspectiva engessada do modelo estere-
13 otipado de família colabora com a perpetuação na intolerância.
14 Crianças que não possuem um perfil familiar tradicional acabam
15 sendo vítima de preconceitos na escola, visto que esse aspecto ain-
16 da é tratado com indiferença na sociedade. Frequentemente, ca-
17 sos são noticiados nos jornais sobre a quantidade de crianças que
18 esperam por adoção.
19 Fica claro, portanto, a necessidade de considerar a repre-
20 sentatividade de outras configurações familiares. Dessa forma, a
21 escola como instituição social e de integração, deve inserir mais as
22 famílias no ambiente escolar e promover palestras com o objetivo
23 de conscientizar e discutir essa temática trazendo o ensinamento
24 aos alunos e coibir preconceitos.
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Desenvolvimento II: Cabe destacar que assim como a redação, cada parágrafo deve ter uma unidade de
início, meio e fim. Dessa forma, o pensamento contido no desenvolvimento de uma redação deve ter essa
estrutura lógica de coerência de ideias. É possível perceber que o trecho analisado embora tenha o tópico
frasal bem estruturado e a sua ampliação, não possui a apresentação de opinião sobre o que está sendo
desenvolvido, que seria a conclusão daquele pensamento e com isso se torna incoerente ao que foi escrito
antes.

Conclusão: A conscientização é uma proposta de intervenção vaga, pois não é considerada uma solução viável
e eficaz que depende do subjetivismo de cada indivíduo na sociedade. Dessa forma, mesmo que ela seja usada,
ela deve vir articulada a uma proposta concreta e detalhada com os aspectos: “O que deve ser feito?”, “Como
deve ser feito?” e “Por quem deve ser feito?”.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A família contemporânea e sua representação em questão no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Desde a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, a democracia brasileira é


2 consolidada nos pilares democráticos de liberdade e de igualdade. Entretanto, no que diz
3 respeito à configuração da família contemporânea no Brasil esses direitos não são garanti-
4 dos e geram um paradoxo no cenário, visto que a concepção familiar está se transformando
5 e pluralidade ainda não é totalmente reconhecida devido a uma sociedade conservadora e
6 ao preconceito enfrentado pelos que não são representados.
7 Cabe destacar que o pensamento conservador ainda existe na sociedade. Em 2015,
8 o “Estatuto da Família” foi lançado pela Câmara dos Deputados para definir o modelo que
9 pode ser considerado um núcleo familiar no Brasil. Contudo, esse projeto de lei legitima
10 somente a união entre homem e mulher e não contempla a união de casais do mesmo sexo,
11 por exemplo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, é possível perceber que cada
12 vez mais aumenta o número de casamentos homoafetivos, divórcios, mulheres como chefes
13 de família e a diminuição na taxa de fecundidade, e por isso esses novos retratos devem ser
14 respeitados.
15 Além disso, essa perspectiva engessada do modelo estereotipado de família colabora
16 com a perpetuação na intolerância. Crianças que não possuem um perfil familiar tradicio-
17 nal acabam sendo vítima de preconceitos na escola, visto que esse aspecto ainda é tratado
18 com indiferença na sociedade. Frequentemente, casos são noticiados nos jornais sobre a
19 quantidade de crianças que esperam por adoção, porém, quanto menos casais do mesmo
20 sexo e crianças adotadas sofrerem preconceitos, mais incentivo outras pessoas terão para
21 adotarem e diminuírem esse número em abrigos e orfanatos.
22 Fica claro, portanto, a necessidade de considerar a representatividade de outras
23 configurações familiares. Dessa forma, a escola como instituição social e de integração,
24 deve inserir mais as famílias no ambiente escolar e promover palestras com o objetivo de
25 discutir essa temática trazendo o ensinamento aos alunos e coibir preconceitos. O governo,
26 também, deve atuar e criar punições eficazes para a intolerância por meio de disque-de-
27 núncias que possam investigar esses casos de intolerância e punir eventuais violências, além
28 de diminuir o processo burocrático de adoção para casos homoafetivos para que o maior
29 número de crianças possa estar inserido em um núcleo familiar.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O papel da internet na redução da pirataria no Brasil

Introdução: A introdução deve fazer uma contextualização sobre o tema e apresentação da tese. O frag-
mento acima possui uma contextualização, porém é interessante situar o leitor no tempo e no espaço e
por isso as informações precisam de complementação. Além disso, há a apresentação de um fato, mas não
há a apresentação clara do ponto de vista sobre o tema.

Desenvolvimento I: O fragmento apresenta um tópico frasal indicando o que será desenvolvimento no


parágrafo. Entretanto, a argumentação é construída por meio de fatos e opiniões, e nesse trecho, só há a
apresentação de uma pesquisa, mas a opinião não é articulada.

1
Saqueadores conhecidos como piratas invadiam navios e
2 roubavam produtos para venderem por um baixo custo. No Brasil,
3 ainda há a divulgação ilegal de músicas, filmes e livros que pos-
4
suem seus direitos autorais violados.
5 Em primeiro lugar, cabe analisar o cenário de veiculação da
6 pirataria. Uma pesquisa realizada pela Fecomércio/RJ, em 2016,
7 informou que cerca de 30% dos brasileiros têm o hábito de con-
8 sumir conteúdos piratas. Esse problema é uma prática comum no
9 país.
10 Por outro lado, a chegada dos aplicativos “streaming” em
11 terras tupiniquins auxiliou a diminuição desse problema. Isso ocor-
12 re devido à facilidade no acesso aos filmes, às séries e às músicas
13 com qualidade de som e de imagem superior aos conteúdos en-
14 contrados na rede e ao baixo custo das plataformas.
15 É necessário que o Governo Federal dê incentivos fiscais às
16 empresas estrangeiras que permitem o acesso a arquivos de forma
17 instantânea por um baixo custo para que elas consigam inserir o
18 produto no mercado brasileiro cada vez mais a taxa de consumo
19 de obras ilegais diminua no país devido ao fácil acesso que a po-
20 pulação poderá utilizar esses recursos.
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Desenvolvimento II: Assim como o primeiro parágrafo de desenvolvimento, a argumentação foi desen-
volvida superficialmente. Há a organização por meio do tópico frasal e apresentando o encaminhamento
do parágrafo, mas há somente a exposição da opinião e nesse caso, não há fatos para comprovar a opinião.

Conclusão: È interessante sempre retomar a opinião da introdução antes de apresentar a proposta de inter-
venção com os agentes e caminhos para solucionar o problema. Entretanto, de acordo com a Cartilha do Par-
ticipante de 2017 é necessário também apresentar o efeito que essa tentativa de resolução terá na sociedade.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O papel da internet na redução da pirataria no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Terra à vista
2 Durante as grandes navegações, saqueadores conhecidos como piratas invadiam na-
3 vios e roubavam produtos para venderem por um baixo custo. Entretanto, essa prática não
4 ficou restrita aos livros de história porque, no Brasil, ainda há a divulgação ilegal de mú-
5 sicas, filmes e livros que possuem seus direitos autorais violados mesmo que a Constituição
6 Federal garanta que todo autor de uma obra tem direito sobre o uso e a criação de sua
7 produção intelectual.
8 Em primeiro lugar, cabe analisar o cenário de veiculação da pirataria. Uma pesquisa
9 realizada pela Fecomércio/RJ, em 2016, informou que cerca de 30% dos brasileiros têm o
10 hábito de consumir conteúdos piratas. Esse problema é uma prática comum no país, visto
11 que os produtos possuem um valor elevado e os consumidores desejam adquiri-los por um
12 baixo custo, como exemplo há a reprodução de livros nas copiadoras de universidades e a
13 extinção de locadoras de vídeos no país por causa de downloads ilegais.
14 Por outro lado, a chegada dos aplicativos “streaming” em terras tupiniquins auxiliou
15 a diminuição desse problema. Isso ocorre devido à facilidade no acesso aos filmes, às séries e
16 às músicas com qualidade de som e de imagem superior aos conteúdos encontrados na rede
17 e ao baixo custo das plataformas. Além disso, a divulgação de livros gratuitos pelas bancas
18 e livrarias online permite a leitura de textos que já estão em domínio público – obras que
19 passam a pertencer à coletividade devido ao tempo de circulação e podem ser utilizadas
20 livremente – como os clássicos de Machado de Assis, por exemplo.
21 Fica claro, portanto, que é dever do Estado garantir os direitos autorais de obras
22 intelectuais. Dessa forma, é necessário que o Governo Federal dê incentivos fiscais às em-
23 presas estrangeiras que permitem o acesso a arquivos de forma instantânea por um baixo
24 custo para que elas consigam inserir o produto no mercado brasileiro cada vez mais a taxa
25 de consumo de obras ilegais diminua no país devido ao fácil acesso que a população poderá
26 utilizar esses recursos. Com isso, não haverá necessidade de utilizar produtos ilegais devido
27 à praticidade trazida ao país.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O Brasil vive uma cultura de direitos humanos?

Introdução: A introdução apresenta o significado da Declaração Universal dos Direitos Humanos, por
quem foi produzida e em que contexto. Entretanto, não cumpre as duas funções: contextualizar o tema e
apresentar a opinião sobre o problema do tema. Dessa forma, o texto se torna de caráter expositivo por
apenas apresentar uma informação sobre um assunto sem que seja trabalhado o convencimento sobre um
ponto de vista.

Desenvolvimento I: O princípio da argumentação é a formulação de opiniões que possam ser compro-


vadas por meio de evidências. Sendo assim, o parágrafo apresenta uma pesquisa feita pela Anistia Interna-
cional acerca dos problemas que desrespeitam os Direitos Humanos no Brasil, entretanto, não há nenhuma
opinião sendo articulada a ele e por isso o parágrafo também se torna expositivo, fugindo do gênero textual
cobrado na prova do ENEM.

1
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi publicada
2 pela ONU, em 1948, no contexto pós segunda Guerra Mundial,
3 com o objetivo de reconhecer os direitos básicos de todos os seres
4
humanos, como por exemplo, à vida, à liberdade, à justiça, à edu-
5 cação, e evitar que tratamento cruéis, desumanos ou de tortura
6 voltassem a se repetir.
7 Em primeiro lugar, é necessário analisar como esses direitos
8 não atingem toda a população brasileira mesmo que sejam ga-
9 rantidos na Carta Magna. De acordo com uma pesquisa realizada
10 pela Anistia Internacional, há problemas acerca da alta taxa de
11 homicídios de jovens negros, abusos policiais, a situação crítica do
12 sistema prisional, violência contra os índios e mulheres e a vulne-
13 rabilidade dos defensores de direitos humanos.
14 Além disso, a ineficiência da justiça brasileira gera insa-
15 tisfação dos cidadãos que torna a justiça com as próprias uma
16 tentativa para a resolução de problemas. Dessa forma, é possível
17 perceber que o Brasil falha na proteção dos direitos humanos da
18 população.
19 Fica claro, portanto, que o direito garantido a todos os seres
20 humanos não é reconhecido no Brasil. É necessário que se evitem
21 mais mortes injustamente por meio de disque-denúncias e seto-
22 res especializados nas delegacias que possam investigar denúncias.
23 Além de promover o ensino básico de direito e das leis regulado-
24 ras do país para que todos possam saber quais são os direitos e
25 deveres dos cidadãos e que assim, futuramente, cada vez mais a
26 Declaração promulgada pela ONU possa ser efetiva no território
27 brasileiro.
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Desenvolvimento II: O segundo parágrafo de argumentação apresenta um desenvolvimento superficial,


visto que não aprofunda o assunto que servirá como prova sobre a opinião. Nesse sentido, o parágrafo faz
uma referência ao caso dos “justiceiros” que fazem justiça com as próprias mãos, mas só fica claro para o
leitor, se ele conhecer o episódio ilustrado. Dessa forma, é necessário apresentar um exemplo para tornar o
texto mais claro para quem for ler.

Conclusão: A proposta de intervenção deve ser detalhada e apresentar, principalmente, qual será o agente
de intervenção dessa solução. Lembre-se sempre que as perguntas “O que deve ser feito?”, “Como deve ser
feito?”, “Por quem deve ser feito?” e “Qual efeito essa proposta trará para sociedade?” auxiliam a escrever uma
intervenção de forma detalhada e articulada à discussão do texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O Brasil vive uma cultura de direitos humanos?

Sugestão de reescrita:

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi publicada pela ONU, em 1948,
2 no contexto pós segunda Guerra Mundial, com o objetivo de reconhecer os direitos básicos
3 de todos os seres humanos, como por exemplo, à vida, à liberdade, à justiça, à educação,
4 e evitar que tratamento cruéis, desumanos ou de tortura voltassem a se repetir. Embora
5 essa conduta devesse ser comum a todos os povos e ter inspirado constituições de diferentes
6 países, no Brasil, isto não é seguido na prática, visto que há muitas situações desumanas
7 presenciadas diariamente.
8 Em primeiro lugar, é necessário analisar como esses direitos não atingem toda a po-
9 pulação brasileira mesmo que sejam garantidos na Carta Magna. De acordo com uma pes-
10 quisa realizada pela Anistia Internacional, há problemas acerca da alta taxa de homicídios
11 de jovens negros, abusos policiais, a situação crítica do sistema prisional, violência contra os
12 índios e mulheres e a vulnerabilidade dos defensores de direitos humanos. Este último pode
13 ser exemplificado pelo assassinato do ambientalista Chico Mendes, que defendia que uma
14 reserva extrativista não fosse operada de forma predatória.
15 Além disso, a ineficiência da justiça brasileira gera insatisfação dos cidadãos que tor-
16 na a justiça com as próprias uma tentativa para a resolução de problemas. Há alguns anos,
17 no Rio de Janeiro, “justiceiros” inconformados com o nível de insegurança na cidade faziam
18 rondas em busca de infratores que cometiam roubos nas ruas, os prendiam em postes e os
19 espancavam. Dessa forma, é possível perceber que o Brasil falha na proteção dos direitos
20 humanos da população.
21 Fica claro, portanto, que o direito garantido a todos os seres humanos não é reco-
22 nhecido no Brasil. É necessário que o governo fiscalize de forma mais eficaz tanto os de-
23 fensores dos direitos humanos, quanto os demais cidadãos, com o objetivo de evitar mais
24 mortes injustamente por meio de disque-denúncias e setores especializados nas delegacias
25 que possam investigar denúncias. Além da escola promover o ensino básico de direito e das
26 leis reguladoras do país para que cada aluno possa saber quais são os direitos e deveres
27 dos cidadãos e que assim, futuramente, cada vez mais a Declaração promulgada pela ONU
28 possa ser efetiva no território brasileiro.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os efeitos das fake news na sociedade brasileira contemporânea

Introdução: Mesmo que haja uma contextualização do assunto, ela não aborda claramente as palavras
chaves do tema. Além disso, a tese não fica definida devido à ausência de informações que delimitem o
espaço e o tempo para situar o leitor na leitura.

Desenvolvimento I: Mesmo que o fragmento acima não possuía o tópico-frasal, ou seja, a síntese das
ideias que vão ser desenvolvidas no parágrafo, essa é uma forma de organizar de forma lógica a argumen-
tação. Além disso, a melhor forma de organizar o pensamento é a apresentação de causas e consequências
sobre o problema, mas o fragmento resulta na falta de complementação de ideias para compreensão total
do sentido.

1
Machado de Assis sempre teve como objetivo promover o
2 senso crítico dos leitores, por meio da escrita, acerca do com-
3 portamento humano. Em Dom Casmurro, por exemplo, o autor
4
buscou instigar sobre o problema de ter a verdade estabelecida de
5 acordo com uma única perspectiva por causa da ausência da voz
6 de Capitu sobre sua suposta traição.
7 Recentemente, após o assassinato da vereadora Mariel-
8 le Franco, esse assunto se tornou um dos mais comentados na
9 internet. Além da comoção, houve também a disseminação de
10 informações falsas com o objetivo de difamar o caráter da parla-
11 mentar.
12 Entretanto, não é de hoje que boatos geram efeitos irrever-
13 síveis para a sociedade. Uma notícia compartilhada muitas ve-
14 zes, mesmo que seja falsa, acaba se tornando uma verdade. Em
15 2014, uma mulher morreu após ser espancada por moradores do
16 Guarujá a partir de mentiras contadas em uma rede social, acu-
17 sando-a de praticar magia negra com crianças.
18 Fica evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas
19 para coibir a proliferação de informações que não sejam verda-
20 deiras e prejudiquem a população. É dever do Governo Federal em
21 parceria com as Secretarias de Segurança de cada estado criar
22 setores nas delegacias para a denúncia de casos de “fake news”.
23 Dessa forma, os ensinamentos de Machado de Assis continuarão a
24 estimular a criticidade aos cidadãos e promover o bem.
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Desenvolvimento II: Vale destacar também que, quando o parágrafo só apresenta exemplos, ele se tor-
na um parágrafo expositivo e não cumpre e função da dissertação-argumentativa que é a junção de fatos
e opiniões para comprovar a opinião do autor.

Conclusão: A proposta de intervenção deve sempre apresentar uma solução para a proposta tema
além de apresentar o detalhamento sobre o que deve ser feito, além do agente de intervenção e
notificar qual é o efeito da proposta para o leitor do texto.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os efeitos das fake news na sociedade brasileira contemporânea

Sugestão de reescrita:

1 Isso não é uma verdade


2 Machado de Assis sempre teve como objetivo promover o senso crítico dos leitores,
3 por meio da escrita, acerca do comportamento humano. Em Dom Casmurro, por exem-
4 plo, o autor buscou instigar sobre o problema de ter a verdade estabelecida de acordo com
5 uma única perspectiva por causa da ausência da voz de Capitu sobre sua suposta traição.
6 Entretanto, poucas décadas depois dos ensinamentos do bruxo do Cosme Velho, notícias
7 falsas – as fake news – se espalham cada vez mais na sociedade brasileira.
8 Cabe destacar a repercussão dessas notícias na internet. Recentemente, após o as-
9 sassinato da vereadora Marielle Franco, esse assunto se tornou um dos mais comentados
10 na internet. Além da comoção, houve também a disseminação de informações falsas com o
11 objetivo de difamar o caráter da parlamentar. Devido ao discurso de ódio nas mídias, me-
12 didas foram tomadas pelo PSOL, como uma seção no site para desmentir boatos e um local
13 para receber denúncias de notícias falsas com o objetivo de tentar punir os responsáveis.
14 Entretanto, não é de hoje que boatos geram efeitos irreversíveis para a sociedade.
15 Uma notícia compartilhada muitas vezes, mesmo que seja falsa, acaba se tornando uma
16 verdade. Em 2014, uma mulher morreu após ser espancada por moradores do Guarujá
17 a partir de mentiras contadas em uma rede social, acusando-a de praticar magia negra
18 com crianças. Dessa forma, fica claro que o leitor tanto de notícias quanto de mídias sociais
19 como o Facebook, por exemplo, deve assumir uma postura crítica e conferir a veracidade
20 das informações para evitar tragédias como essa.
21 Fica evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para coibir a proliferação
22 de informações que não sejam verdadeiras e prejudiquem a população. É dever do Gover-
23 no Federal em parceria com as Secretarias de Segurança de cada estado criar setores nas
24 delegacias para a denúncia de casos de “fake news” além de criação de disque-denúncia
25 especializado para fornecer meios em que a população possa erradicar esse problema na so-
26 ciedade e que possam ser criminaliza-los quando necessário. Dessa forma, os ensinamentos
27 de Machado de Assis continuarão a estimular a criticidade aos cidadãos e promover o bem.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: As redes sociais como meio de ativismo

Introdução: A principal função da introdução é apresentar a tese, ou seja, qual é o direcionamento que
o texto terá. Desse modo, o parágrafo introdutório do texto acima, apesar de possuir uma tese, não possui
ligação da citação usada para cativar o leitor com o restante da apresentação, sendo necessário comple-
mentar.

Desenvolvimento I: É muito importante que você contextualize o seu leitor -corretor- e, acima de tudo,
demonstre que seu ponto de vista é válido e coerente com a problemática. Assim, a utilização de exemplos
de conhecimentos gerais levam à autoria argumentativa. Como visto no exemplo abaixo, não há uma exem-
plificação da argumentação do autor, fato que desvaloriza a veracidade textual.

1
Segundo o escritor britânico Oscar Wilde, “a insatisfação é
2 o primeiro passo para o processo de um homem”. No entanto,
3 ainda que as redes sociais espalhem esta vontade de ativismo, seu
4
mau uso pode influenciar a população a permanecer, somente, o
5 mundo virtual.
6 O popularmente chamado “ciberativismo” tem proporcio-
7 nado uma maior propagação sobre os acontecimentos do coti-
8 diano. Entretanto, devido à efemeridade dos acontecimentos no
9 mundo hodierno, o engajamento retorna ao plano virtual em um
10 curto período de tempo.
11 Essa manifestação “on-line” pode transformar a interpre-
12 tação sobre o que é, de fato, ser ativista. Segundo a Universidade
13 de British Columbia, as pessoas deixam de lado questões como
14 doação de dinheiro para organizações sociais e trabalho voluntário
15 e se satisfazem, apenas com uma ‘curtida”.
16 Como síntese da efemeridade das relações humanas, apre-
17 sentado por Zigmunt Bauman, os planos dos engajamentos so-
18 ciais não se distanciam desse processo. Assim, as próprias mídias
19 podem incentivar a população à permanência do ativismo, como
20 promover reuniões periódicas e presenciais, além de incitar essa
21 cultura crítica nos jovens para garantir um bom entendimento
22 sobre o ativismo virtual e presencial.
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Desenvolvimento II: É necessário ressaltar que o texto, apesar de possuir conexões entre os parágrafos,
mecanismo extremamente importante para a coerência textual, não aprofunda nos pontos de vista. Em
contraposição ao desenvolvimento anterior, há um conhecimento geral que, em teoria, aborda um maior
convencimento do leitor. Entretanto, não há argumentos sobre a pesquisa, ou seja, o parágrafo se torna
expositivo.

Conclusão: A conclusão deve possuir, além de uma síntese dos argumentos desenvolvidos ao longo do texto, uma proposta de
intervenção para o problema. Assim, necessário responder às questões: “O que deve ser feito?”, “Como deve ser feito?” e “Por
quem deve ser feito?”. Desse modo, trabalhar propostas que não aprofundem o tema, como “ propagandas que conscientizem
a população” devem ser substituídas por uma intervenção detalhada.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: As redes sociais como meio de ativismo

Sugestão de reescrita:

1 Segundo o escritor britânico Oscar Wilde, “a insatisfação é o primeiro


2 passo para o processo de um homem”. É fato que, as opiniões divergentes e a
3 necessidade de mudança vêm tomando conta do ser humano, como exemplo
4 as manifestações de 2013 sobre “não é pelos 20 centavos”, em que as redes
5 sociais tiveram um grande papel para a disseminação dessas informações. No
6 entanto, ainda que as redes sociais espalhem esta vontade de ativismo, seu
7 mau uso pode influenciar a população a permanecer, somente, o mundo vir-
8 tual.
9 O popularmente chamado “ciberativismo” tem proporcionado uma
10 maior propagação sobre os acontecimentos do cotidiano. A exemplo tem se
11 a passeata “somos Marielle Franco”, em prol da justiça sobre o assassinato
12 da vereadora carioca. Entretanto, devido a efemeridade dos acontecimentos
13 no mundo hodierno, o engajamento retorna às redes virtuais em um curto
14 período de tempo.
15 Essa manifestação “on-line” pode transformar a interpretação sobre o
16 que é, de fato, ser ativista. Segundo a Universidade de British Columbia, as
17 pessoas deixam de lado questões como doação de dinheiro para organizações
18 sociais e trabalho voluntário e se satisfazem, apenas com uma ‘curtida” sobre
19 tais movimentos.
20 Como síntese da efemeridade das relações humanas, apresentado por
21 Zigmunt Bauman, os planos dos engajamentos sociais não se distanciam desse
22 processo. Assim, as próprias mídias podem incentivar a população à perma-
23 nência do ativismo, como promover reuniões periódicas e presenciais, além
24 de incitar essa cultura crítica nos jovens, com apresentações de movimentos
25 sociais e sua importância através de palestras e aulas interdisciplinares no
26 ambiente escolar.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Alimentação irregular e obesidade no Brasil

Introdução: Embora o texto esteja bem escrito e possua as funções necessárias, possui trechos pouco
coerentes. Como exemplo:” . Isso tem na forma que é encarada a alimentação nos dias atuais e a geração
de maiores níveis de obesidade.” Para que haja coerência na tese com o restante do texto, é necessário
desenvolver essas ideias no parágrafo seguinte de desenvolvimento.

Desenvolvimento I: O parágrafo de desenvolvimento possui boas ideias, entretanto não aprofundadas e


sem o que chamamos de tópico frasal. O tópico frasal serve como resumo das ideias que vão ser desenvol-
vidas na ampliação do parágrafo, sendo assim, seria imprescindível abordar quais são os fatores culturais e
econômicos e quais são os impactos sobre a temática.

1
O ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele”. A frase de
2 Immanuel Kant, filósofo do século XVIII, apesar de histórica, reflete na
3 atualidade brasileira. Isso tem na forma que é encarada a alimentação
4 nos dias atuais e a geração de maiores níveis de obesidade.
5 Em primeiro lugar, é importante analisar que, segundo o mi-
6 nistério da saúde, mais de 18% da população chegou à obesidade até
7 2016, tendo aumentado 60% nos últimos dez anos. Isso se deve, além
8 dos fatores genéticos, aos fatores culturais e econômicos, como o avanço
9 tecnológico e a praticidade de pedir refeições por apenas um “clique”.
10 Essa facilidade, entretanto, aproxima o ser humano de uma vida
11 mais sedentária. Isso leva ao entendimento de que o processo de reno-
12 vação cultural do Brasil, além de imediatista, está pautado na busca
13 do menor esforço, presente desde a era neolítica e reforçada com os
14 avanços do homem.
15 Analogamente, como afirma Zigmunt Bauman, “o que se con-
16 some, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam
17 seus escrúpulos éticos”, hoje, os sedativos morais encontram-se nos fal-
18 sos avanços tecnológicos, que facilitam a vida do homem e o tranquili-
19 zam das preocupações como a movimentação e a saúde. Dessa forma,
20 o governo, em contato com os grandes canais de mídia e informação,
21 deve promover propagandas que conscientizem a população sobre a
22 importância da atenção à saúde para incentivar geração a se desca-
23 racterizar desta identidade cultural pautada na despreocupação com o
24 peso e, principalmente, com a saúde.
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Desenvolvimento II: Apesar de haver uma conexão entre as ideias do desenvolvimento 1 e do desenvolvi-
mento 2, é necessário comprovar a argumentação levantada no texto. Como exemplo, como essa facilidade
aproxima o ser humano do sedentarismo? De que forma podemos convencer o leitor de que esse é um
ponto de vista válido? Para fortalecer a argumentação, uma boa dica é utilizar exemplos, conceitos, citações
ou outras formas para mostrar conhecimento de mundo e fugir do senso comum.

Conclusão: Em propostas modelo ENEM, devemos apresentar uma proposta de interven-


ção que haja meios para realizá-la e, para isso, é necessário responder às questões: “O
que deve ser feito?”, “Como deve ser feito?” e “Por quem deve ser feito?”. Desse modo,
trabalhar propostas que não aprofundem o tema, como “ propagandas que conscientizem
a população” devem ser substituídas por uma intervenção detalhada.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Alimentação irregular e obesidade no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 O ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele”. A frase de Immanuel Kant, filósofo
2 do século XVIII, apesar de histórica, reflete na atualidade brasileira. Aprofundada nas ações efê-
3 meras devido às novas tecnologias, a percepção com a alimentação e vida saudável é substituída
4 pela rapidez de um fast-food, enfatizando os resquícios históricos populares sobre a “lei do me-
5 nor esforço” e progredindo para uma nação obesa.
6 Em primeiro lugar, é importante analisar que, segundo o ministério da saúde, mais de
7 18% da população chegou à obesidade até 2016, tendo aumentado 60% nos últimos dez anos.
8 Isso se deve, além dos fatores genéticos, aos fatores culturais e econômicos que ressignificam o
9 panorama brasileiro, como o avanço tecnológico e a praticidade de pedir refeições por apenas
10 um “clique”, a exemplo do aplicativo iFood, que disponibiliza refeições prontas, podendo ter al-
11 gumas entregues em até trinta minutos.
12 Essa facilidade, entretanto, aproxima o ser humano de uma vida mais sedentária. Como
13 aponta o IBGE, em 2012, cerca de 6% da população infantil não pratica atividades físicas, sendo
14 20% da população jovem, de 10 a 19 anos, encontra-se acima do peso. Isso leva ao entendi-
15 mento de que o processo de renovação cultural do Brasil, além de imediatista, está pautado na
16 busca do menor esforço, presente desde a era neolítica e reforçada com os avanços do homem.
17 Analogamente, como afirma Zigmunt Bauman, “o que se consome, o que se compra, são
18 apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos”, hoje, os sedativos morais en-
19 contram-se nos falsos avanços tecnológicos, que facilitam a vida do homem e o tranquilizam das
20 preocupações como a movimentação e a saúde. Dessa forma, o governo, sendo representado pelo
21 Ministério da Saúde, deve promover em ambientes diversos como hospitais e em reuniões escola-
22 res, o guia alimentar para a população brasileira, disponível também online, que contém diversas
23 dicas e sugestões para uma boa alimentação; além disso, promover “semanas da atividade física”,
24 periodicamente nas escolas, de modo a apresentar esportes diferenciados e a importância da
25 prática para incentivar a nova geração a se descaracterizar desta identidade cultural pautada
26 na despreocupação com o peso e, principalmente, com a saúde.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Políticas afirmativas e sua eficácia no Brasil

Introdução: O parágrafo introdutório deve contextualizar o tema e apresentar uma tese clara e objetiva, o
que não acontece no parágrafo acima: só há a exposição do tema, mas não há presença de tese.

Desenvolvimento I: Há a ausência de recursos coesivos que deem fluidez ao texto. Os dois primeiros
períodos parecem justapostos e não sequenciais.

1
A República Federativa do Brasil é um Estado democrático cujo
2 terceiro artigo de sua Carta Magna visa a sociedade livre, justa e soli-
3 dária. Entretanto, os níveis de desigualdade são alarmantes e provam
4 o insucesso do poder público no cumprimento das normas. Desse modo,
5 as ações afirmativas – políticas públicas que pretendem reverter a
6 situação histórica de discriminação – são fundamentais para que os
7 direitos individuais sejam amplamente exercidos.
8 É imprescindível salientar que tais ações dividem opiniões e, às
9 vezes, são mal vistas por parte da população por haver desinformação
10 acerca do tema, restringindo-o apenas à questão das cotas universi-
11 tárias. É necessário que as minorias sejam repensadas e respeitadas,
12 não para receberem privilégios, mas para que possam gozar de direitos
13 básicos, bem como é vital que se entenda que a implementação de de-
14 legacias da mulher, por exemplo, é uma das muitas ações, na prática.
15 Assim, a não aplicação das medidas em questão é inconstitucional, por
16 reforçar os abismos entre as “castas” sociais.
17 Além disso, é inegável que a discriminação é estrutural em nosso
18 país. Segundo a visão meritocrática vigente, igualdade é tratar todos os
19 cidadãos da mesma forma. Todavia, as ações partem da necessidade de
20 ressignificação de justiça social, haja vista que os indivíduos não têm as
21 mesmas oportunidades devido a heranças de processos históricos dis-
22 tintos.
23 Por conseguinte é de extrema importância que as políticas afir-
24 mativas continuem sendo implementadas a fim de subsidiar a efeti-
25 vação da Constituição Federal. Cabe às autoridades, em conjunto com
26 a mídia e ongs devem propagar o conhecimento com a finalidade de
27 homogeneizar toda a população acerca das ações afirmativas e sua im-
28 portância para que se curem as mazelas do passado. De acordo com
29 Aristóteles, “deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os
30 desiguais”, pois só assim a equidade se materializará.

Desenvolvimento II: O ideal é que o parágrafo tenha 3 períodos, no mínimo.

Conclusão: A proposta de intervenção poderia ser mais desenvolvida, aliando mais agen-
tes e deixando claro o fator COMO.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Políticas afirmativas e sua eficácia no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 A República Federativa do Brasil é um Estado democrático cujo terceiro artigo de sua


2 Carta Magna visa a sociedade livre, justa e solidária. Entretanto, os níveis de desigualdade são
3 alarmantes e provam o insucesso do poder público no cumprimento das normas. Portanto, não é
4 razoável que a marginalização de grupos sociais minoritários seja tratada com indiferença. Desse
5 modo, as ações afirmativas – políticas públicas que pretendem reverter a situação histórica de
6 discriminação – são fundamentais para que os direitos individuais sejam amplamente exercidos.
7 Em primeiro lugar, é inegável que a discriminação é estrutural em nosso país. Segundo a
8 visão meritocrática vigente, igualdade é tratar todos os cidadãos da mesma forma. Todavia, as
9 ações partem da necessidade de ressignificação de justiça social, haja vista que os indivíduos não
10 têm as mesmas oportunidades devido a heranças de processos históricos distintos. Nesse sentido,
11 insistir no princípio da meritocracia acarreta na reprodução das dissemelhanças.
12 Além disso, é imprescindível salientar que tais ações dividem opiniões e, às vezes, são mal
13 vistas por parte da população por haver desinformação acerca do tema, restringindo-o apenas
14 à questão das cotas universitárias. Desta forma, é necessário que as minorias sejam repensadas e
15 respeitadas, não para receberem privilégios, mas para que possam gozar de direitos básicos, bem
16 como é vital que se entenda que a implementação de delegacias da mulher, por exemplo, é uma
17 das muitas ações, na prática. Assim, a não aplicação das medidas em questão é inconstitucional,
18 por reforçar os abismos entre as “castas” sociais.
19 Por conseguinte, é de extrema importância que as políticas afirmativas continuem sendo
20 implementadas a fim de subsidiar a efetivação da Constituição Federal. Assim, cabe aos minis-
21 térios o mapeamento das necessidades sociais para que se aja de forma precisa, criando políticas
22 públicas eficazes que visem sanar os abismos sociais para que se garanta a dignidade de cada
23 brasileiro. Outrossim, as autoridades, em conjunto com a mídia e ongs devem propagar o co-
24 nhecimento com a finalidade de homogeneizar toda a população acerca das ações afirmativas e
25 sua importância para que se curem as mazelas do passado. Segundo Aristóteles, “deve-se tratar
26 igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”, pois só assim a equidade se materializará.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Culto à aparência no mundo contemporâneo

Introdução: Atenção aos erros gráficos: “norteamericana” > norte-americana e “repecursão” > repercus-
são. Além disso, a canção em inglês “Pretty Hurts” deveria ser traduzida para aumentar a compreensão tex-
tual e o teor argumentativo vinculado à frase-tema. A palavra “canção” foi repetida duas vezes em períodos
muito próximos e a tese ficou superficial, sendo preciso deixar explícito o ponto de vista do candidato
acerca da problemática.

Desenvolvimento I: O parágrafo apresenta poucos conectores para interligar os períodos e aprofundar


o caráter argumentativo do texto. Ademais, há falta de pontuação (vírgula) e; no último período não há
um detalhamento: quais seriam os “impactos negativos” mencionados pelo candidato? É preciso apresen-
ta-los. Ao final do texto, atenção ao erro de concordância verbal: “podem haver impactos” > pode haver
impactos, pois o verbo “haver” é impessoal e o verbo auxiliar concorda com este.

1 A cantora norteamericana Beyoncé lançou uma canção que al-


2 cançou repecursão mundial: “Pretty Hurts”. Tal canção reflete sobre os
3 padrões estéticos impostos pela mídia e alerta sobre os frequentes casos
4 de bulimia entre os jovens que cultuam o corpo. Faz-se urgente resolver
5 essa problemática.
6 É preciso entender que os padrões de beleza foram moldados
7 pela história. Na década de 50 a atriz Marilyn Monroe tornou-se refe-
8 rência: seios fartos e curvas voluptuosas caracterizam sua beleza física
9 e ainda hoje alguns meios de comunicação insistem em unificar essa
10 aparência. Parte do público feminino enxerga nas cirurgias plásticas e
11 na musculação uma forma de integração social, mas podem haver im-
12 pactos negativos.
13 Os chamados influenciadores digitais interferem no comporta-
14 mento da sociedade e são vários os perfis fitness que predominam nas
15 redes sociais e expõem diariamente um estilo de vida saudável e har-
16 monioso. As referências fitness são positivas, pois incitam o bem estar
17 corporal, inclusive, há postagens que estimulam dietas e treinos inten-
18 sos que não condizem com a rotina e a condição física da maioria dos
19 internautas, que muitas vezes tentam segui-las sem um acompanha-
20 mento médico.
21 O poder midiático deve, por meio de campanhas, descontruir
22 os padrões e apresentar a coexistência dos diversos modelos físicos de
23 beleza, trazendo representatividade à população. Para dialogar com os
24 jovens, a escola deve incitar debates e a reflexão sobre a temática. Os
25 influentes digitais podem reforçar a necessidade de as atividades ins-
26 truídas serem acompanhadas por um profissional, tal como o indivíduo
27 ter discernimento na hora de exercê-las.
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Desenvolvimento II: O tópico frasal ficou muito extenso e a ausência de elementos coesivos ao longo
dos períodos prejudicou a progressão textual. Além disso, o termo em inglês “fitness” não foi explicado
no texto, implicando que o leitor conheça a palavra ou saiba o seu significado. O termo “bem estar” deve
vir acompanhado do hífen: bem-estar e, ao final do texto, seria interessante apresentar as consequên-
cias do comportamento dos indivíduos.

Conclusão: Para enriquecer o parágrafo conclusivo, é necessário apresentar a retomada da tese, o uso de um conec-
tor conclusivo e outros elementos coesivos entre os parágrafos para interligar as ideias apresentadas. Ao final das
propostas, seria interessante criar um período que sintetize e/ou reflita as ideias apresentadas na conclusão.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Culto à aparência no mundo contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 Qual o preço da beleza?


2 A cantora norte-americana Beyoncé, em 2014, lançou uma canção que alcançou re-
3 percussão mundial: “Pretty Hurts”, a beleza machuca, em português. Tal música reflete sobre
4 os padrões estéticos impostos pela mídia e alerta, ainda, sobre a necessidade de atentar-se aos
5 casos de bulimia entre os jovens que cultuam o corpo em detrimento da própria saúde. Nesta
6 perspectiva, faz-se urgente avaliar as consequências da supervalorização da aparência na con-
7 temporaneidade.
8 É preciso entender, primeiramente, que os padrões de beleza foram moldados pela his-
9 tória. Na década de 50, por exemplo, a atriz Marilyn Monroe tornou-se referência: seios fartos
10 e curvas voluptuosas caracterizam sua beleza física e, ainda hoje, alguns meios de comunicação
11 insistem em unificar essa aparência. Neste contexto, parte do público feminino enxerga nas ci-
12 rurgias plásticas e na musculação uma forma de “ascensão”, porém, o perigo se alastra quando
13 os indivíduos encaram as mudanças estéticas como a única maneira de atingir a felicidade.
14 Além disso, os chamados influenciadores digitais interferem no comportamento da so-
15 ciedade. São inúmeros os perfis “fitness” (de aptidão física) que predominam nas redes sociais
16 e expõem, diariamente, um estilo de vida voltado à pratica de atividades físicas, tratamentos
17 estéticos e de uma alimentação saudável. Muitas dessas referências são positivas, pois incitam o
18 bem-estar corporal, entretanto, há postagens que estimulam dietas e treinos intensos que não
19 condizem com a rotina e a condição física da maioria dos internautas, que muitas vezes tentam
20 segui-las sem um acompanhamento médico. Os resultados, por conseguinte, podem ser frus-
21 trantes e, novamente, nota-se que as pessoas são atraídas pelos conteúdos que veem na internet.
22 É imprescindível, portanto, alternativas para solucionar esse impasse. O poder midiático
23 deve, por meio de campanhas, descontruir os padrões e apresentar a coexistência dos diversos
24 modelos físicos de beleza, a fim de trazer representatividade à população. Para dialogar com os
25 jovens, a escola deve incitar debates e a reflexão sobre a temática. Ademais, os influentes digitais
26 podem reforçar, em seu discurso, a necessidade de as atividades instruídas serem acompanhadas
27 por um profissional, tal como o indivíduo ter discernimento na hora de exercê-las. No sistema
28 capitalista vigente, as influências externas não deixarão de existir, mas é possível contê-las a
29 partir do desenvolvimento do senso crítico da sociedade.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os riscos da crise de representatividade para a democracia brasileira

Introdução: Atenção à falta de acento em “Arabe” > Árabe e o erro de grafia em “cidadões” > cidadãos.
Há, também, a repetição de “governos ditatoriais de vários/desses países” sem mencionar quais são, o
que prejudica na falta de informações apresentadas. No último período, mesmo com a presença de uma
tese, o candidato não explicita a crise da representatividade, incitada pela frase-tema.

Desenvolvimento I: Não há tópico frasal e a escrita se aproxima da língua falada, apresentando traços de
coloquialidade, como “acabam se dando mal”. Também não há o uso da vírgula de forma correta e não há
a acentuação para indicar o plural em “os eleitores não tem referências” > os eleitores não têm referências.
O caráter argumentativo do texto foi pouco aprofundado.

1 A chamada Primavera Arabe impulsionou cidadões a protes-


2 tarem contra governos ditatoriais de vários países. A força coletiva
3 resultou em revoltas sociais que conseguiram derrubar os governos di-
4 tatoriais desses países e ressaltou a importância da atuação cidadã. No
5 Brasil, mesmo com um governo democrático, as pessoas não acreditam
6 nas promessas públicas, o que evidencia um problema.
7 Há muitas propagandas políticas nos meios de comunicação que
8 traçam o perfil de um candidato político que seja popular, simpático
9 e que combata as mazelas sociais, mas muitos eleitores não pesquisam
10 sobre o seu passado político e acabam se dando mal. Neste sentido, tal
11 fato gera um agravante pois se os eleitores não tem referências sobre o
12 passado dos políticos, eles podem se decepcionar no futuro.
13 Outro fator determinante são as denúncias dos casos de corrup-
14 ção. Os meios de comunicação, frequentemente, denunciam governan-
15 tes que praticam o caixa 2 e tal fato tem direta relação com a falta
16 de investimentos na saúde e na educação. Além disso, dados do Lati-
17 nobarómetro mostram que 42% dos brasileiros que a política perdeu a
18 credibilidade com a população.
19 É necessário, portanto, que os cidadãos exerçam sua atuação
20 política para conter esse impasse. A mídia deve prestar campanhas que
21 incentivem o público a procurarem sobre o passado dos partidos polí-
22 ticos e o governo deve ser responsável por fiscalizar os gastos públicos.
23 Só assim, será possível lutar pela representação política.
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Desenvolvimento II: No segundo desenvolvimento, temos a presença do tópico frasal, mas a am-
pliação contém pouco teor argumentativo. Primeiramente, a expressão “caixa 2” deveria estar entre
aspas por ser um termo que não todos têm conhecimento, como também, ser justificada. É importante,
também, explicar qual a relação entre o “caixa 2” e a falta de investimentos nas áreas da saúde e da edu-
cação. No último período, a presença do dado estatístico do Latinobarómetro deixou o texto expositivo.

Embora o parágrafo conclusivo comece bem ao retomar a tese, a proposta interventora não foi detalhada. Além
disso, no primeiro parágrafo de desenvolvimento, o candidato falou sobre a participação política dos indivíduos e,
na conclusão, não retomou ao que foi abordado de forma explícita. Ao final, seria interessante apresentar as conse-
quências das ações interventoras para conter a problemática.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os riscos da crise de representatividade para a democracia brasileira

Sugestão de reescrita:

1 Mudaram as estações, mas será que nada mudou?


2 Em 2011, a Primavera Árabe impulsionou cidadãos a protestarem contra o go-
3 verno ditatorial de países como a Tunísia e o Egito. A força coletiva resultou em revoltas
4 sociais que conseguiram derrubar os regimes que inibiam a liberdade da população, mos-
5 trando a importância da atuação cidadã. No Brasil, mesmo com um governo democrático,
6 vive-se uma sensação de descrença diante das promessas públicas, o que evidencia uma
7 crise de representatividade política e a necessidade de transformar esse cenário.
8 Primeiramente, é constante a quantidade de eleitores que votam sem pesquisar
9 sobre o partido político. Em muitos casos, as propagandas partidárias traçam o perfil do
10 candidato com características que se assemelham a um padrão: combatente de injustiças,
11 popular e simpático. Por conseguinte, as pessoas criam uma afinidade com o candidato
12 e, pela falta de senso crítico, não buscam referências sobre o seu passado político ou o do
13 partido. Tal fator é um agravante, pois os falsos compromissos estipulados pelos governan-
14 tes, se eleitos, geralmente, não são cumpridos, o que acarreta na decepção do eleitorado.
15 Outro fator determinante são as denúncias dos casos de corrupção. Frequentemen-
16 te, os meios de comunicação denunciam governantes que praticam o “caixa 2”, isto é, o
17 desvio de verbas públicas para detrimento próprio, o que parece justificar o porquê de a
18 maioria dos investimentos em saúde e educação nunca terem um resultado efetivo em
19 melhorias sociais. Além disso, segundo os dados do Latinobarómetro de 2015, 42% dos
20 brasileiros acreditam que a política perdeu a credibilidade com a população, neste sentido,
21 os indivíduos não se sentem representados pelos dirigentes vigentes, botando em risco a
22 desvalorização da participação civil.
23 É necessário, portanto, que os cidadãos exerçam sua atuação política para conter
24 esse impasse. Para tal, a mídia, com seu poder persuasivo, deve prestar campanhas que
25 incentivem o público a procurarem sobre os feitos dos partidos políticos; é dever, também,
26 de os indivíduos prezarem pelo bem-estar social e pesquisarem sobre os candidatos. Ade-
27 mais, é imprescindível que o Governo fiscalize com vigor os gastos públicos e puna aqueles
28 que cometerem irregularidades. Se a força do coletivo lutar por uma representação políti-
29 ca que preze pela transparência e democracia, a chegada de um Inverno Brasileiro poderá
30 ser freada.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A exploração trabalhista na sociedade moderna

Introdução: A contextualização sobre o filme “Tempos Modernos” poderia ser mais aprofundada, uma
vez que não há a exposição das péssimas condições vividas pelos trabalhadores no ambiente de trabalho,
principalmente, porque esses mesmos aspectos são confirmados como ainda presentes na contempora-
neidade. A relação entre o contexto e a exploração trabalhista ficou pouco esclarecedora.

Desenvolvimento I: Há dois pontos positivos: o uso de conectores no primeiro período e a presença


do tópico frasal. Em contrapartida, a ampliação do argumento possui pouco aprofundamento. Qual foi a
intenção da criação da PEC das Domésticas? Quais problemas elas combatem? Essas perguntas devem ser
respondidas. Além disso, o último período ficou “solto”, sem que o candidato explicasse o motivo de inserir
uma nova informação, ainda que dialogue com o que estava sendo apresentado. É preciso atentar-se, ain-
da, à ausência de vírgula no conectivo deslocado “por isso”.

1 No filme “Tempos Modernos”, Charles Chaplin retrata as péssi-


2 mas condições as quais os trabalhadores estavam submetidos durante
3 a Revolução Industrial. Infelizmente, tais características ainda predo-
4 minam na sociedade contemporânea, só que com outras formas de
5 exploração.
6 Em primeiro lugar, o medo de ficarem sem uma fonte de renda
7 faz com que muitas domésticas aceitem certas circunstâncias traba-
8 lhistas. As empregadas costumam ter uma carga intensa de trabalho e
9 recebem um valor que não condiz com a sua atuação e por isso foi cria-
10 da a PEC das Domésticas, aprovada em 2015, para combater diversos
11 problemas. Mesmo com tais melhorias, são inúmeros os casos de patrões
12 que ignoram a nova Lei.
13 As zonas rurais concentram grandes casos de trabalhos análogos
14 à escravidão, parecendo ecoar traços do período escravocrata brasilei-
15 ro. Os meios de comunicação denunciam fazendas e sítios que manti-
16 nham pessoas em condições análogas à escravidão, o que evidencia que
17 a sociedade se prende a influências históricas. É preciso fiscalizar essas
18 áreas, principalmente nas regiões ondem ocorrem a exploração da ca-
19 na-de-açúcar, pois as condições dos trabalhadores são precárias.
20 As domésticas devem ter seus direitos assegurados e cobrar seus
21 benefícios e, se ameaçadas, denunciem ao Sindicato de trabalhadores
22 para que as devidas providências sejam tomadas. Faz-se urgente que
23 o Governo atue na fiscalização de propriedades localizadas nas zonas
24 rurais, punindo os culpados e que o Ministério da Saúde preste auxílio
25 médico e psicológico às vítimas desse abuso. A mídia, com seu poder
26 persuasivo, pode também pode contribuir.
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Desenvolvimento II: Atenção ao primeiro e ao segundo períodos, pois, embora escritos de formas dife-
rentes, apresentam a mesma intenção comunicativa, o que promove a repetição de ideias e explicita a falta
de conhecimento argumentativo do candidato. A ausência de elementos coesivos dificulta a progressão
textual e, além disso, ao abordar sobre a exploração da cana-de-açúcar, esse item poderia ser ampliado
para relacionar-se com a ideia central do argumento.

Conclusão: O parágrafo de conclusão não apresenta um conectivo conclusivo e tampouco a retomada da tese, o que prejudica
a estrutura do texto. Mesmo com a apresentação das propostas interventoras, faltou interligar os períodos por meio de elementos
conclusivos, além disso, a última proposta não foi detalhada e faltou finalizar o parágrafo de conclusão com uma reflexão sobre as
consequências das intervenções apresentadas.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: A exploração trabalhista na sociedade moderna

Sugestão de reescrita:

1 O cair das máscaras


2 No filme “Tempos Modernos”, Charles Chaplin retrata a condição a qual estava
3 submetido o trabalhador durante a Revolução Industrial: jornadas exaustivas, ausência
4 de direitos básicos e a alienação trabalhista. Essas características, infelizmente, também
5 são identificadas na contemporaneidade, uma vez que a exploração trabalhista ganhou
6 novas “roupagens” e formas de delimitar a rotina de muitos funcionários.
7 Em primeiro lugar, o medo de ficarem sem uma fonte de renda faz com que
8 muitas domésticas aceitem certas circunstâncias trabalhistas. Historicamente, as em-
9 pregadas costumam ter uma carga intensa de trabalho e recebem um valor que não
10 condiz com a sua atuação; por conseguinte, tal fato incitou a criação da PEC das Do-
11 mésticas, aprovada em 2015, que visa assegurar os direitos trabalhistas, como o salário
12 mínimo e o direito a férias. Mesmo com tais melhorias, são inúmeros os casos de patrões
13 que ignoram a nova Lei e ameaçam funcionários de uma possível demissão, o que mas-
14 cara uma exploração indireta na modernidade.
15 Além disso, nas zonas rurais do Brasil concentram grandes casos de trabalhos
16 análogos à escravidão. A proposta da Lei Áurea parece ainda ecoar no âmbito social,
17 pois os meios de comunicação continuam denunciando fazendas e sítios que mantinham
18 cidadãos em condições de exploração trabalhista, o que evidencia a falta de fiscalização
19 de empresas que financiam o agronegócio, principalmente no campo da cana-de-açú-
20 car, onde os cortadores atuam abaixo de um sol tórrido e em condições precárias. Nesta
21 perspectiva, nota-se que o abuso trabalhista apresenta diversas facetas que precisam ser
22 extintas.
23 É imprescindível, portanto, a alteração desse cenário preocupante. As domésticas
24 devem ter seus direitos assegurados e cobrar seus benefícios e, se ameaçadas, denunciem
25 ao Sindicato de trabalhadores para que as devidas providências sejam tomadas. Ade-
26 mais, faz-se urgente que o Governo atue na fiscalização de propriedades localizadas nas
27 zonas rurais, punindo os culpados e que o Ministério da Saúde preste auxílio médico e
28 psicológico às vítimas desse abuso. A mídia, com seu poder persuasivo, pode alarmar a
29 população sobre tais casos, pois, só com uma sociedade que preze pela transparência, as
30 máscaras da exploração poderão cair.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: O valor da educação nas transformações sociais do Brasil

Introdução: A contextualização sobre Paulo Freire é rasa e contém poucas informações que contribuam
para interligar ao tema proposto, sendo preciso um maior aprofundamento de ideias. Além disso, ainda
que haja a presença da tese, o termo “dia-a-dia”, de acordo com a Nova Ortografia, passou a ser sem o
hífen e é muito clichê para ser utilizado na redação.

Desenvolvimento I: Não há tópico frasal no parágrafo de desenvolvimento e o termo “sala de aula” foi re-
petido três vezes, o que mostra falta de repertório vocabular do candidato. No segundo período, o caráter
argumentativo foi prejudicado porque não houve uma explicação sobre como algumas temáticas, ao serem
discutidas em classe, podem contribuir para o combate de estereótipos. A conjunção “nesta perspectiva”
possui valor explicativo e se opõe ao valor semântico que o candidato desejava transmitir: o de adversida-
de. Ademais, é importante interligar os períodos com o uso de elementos coesivos.

1 Nos anos 60, Paulo Freire criou um sistema de alfabetização di-


2 recionado ao público adulto e tal fato contribuiu para que os cidadãos
3 refletissem sobre o uso linguístico das palavras. Percebe-se que a edu-
4 cação pode ser uma boa ferramenta de transformação social no Brasil,
5 mas seu valor não é reconhecido no dia-a-dia.
6 A escola é um importante espaço de interação e os conhecimen-
7 tos transmitidos em sala de aula ultrapassam os conteúdos disciplina-
8 res; os debates em sala de aula, intermediados pelo professor, podem
9 estimular o estudante a refletir sobre a sua atuação em sociedade. Por
10 conseguinte, se temas como “o culto ao corpo” forem discutidos em sala
11 de aula, a escola combaterá estereótipos e incitará o senso crítico dos
12 alunos. Nesta perspectiva, a profissão docente ainda é muito desvalori-
13 zada.
14 Além disso, os cortes públicos na educação prejudicam o poder
15 transformador dessas instituições. A Proposta de Emenda Constitucio-
16 nal (PEC) 241 propôs o congelamento de gastos na área educacional
17 por vinte anos, o que é muito negativo para o panorama atual. Essas
18 intervenções podem afetar a qualidade e o alcance de ensino e, princi-
19 palmente, as camadas mais pobres do Brasil.
20 Faz-se preciso, portanto, a valorização do ensino a fim de pro-
21 mover mudanças sociais. Para isso, o governo deve investir no reconhe-
22 cimento dos professores, aumentando o seu salário e, junto ao Minis-
23 tério de Educação, oferecer novos cursos. Ademais, é imprescindível a
24 participação popular para cobrar uma atuação mais democrática das
25 reformas sociopolíticas. Só assim, a educação atuará de forma trans-
26 formadora.
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Desenvolvimento II: No segundo parágrafo, o candidato apresenta um conector aditivo, interligando


as ideias com o parágrafo anterior e há a presença de um tópico frasal. No entanto, o aprofundamento de
ideias omite algumas informações que são necessárias, como: por que esse panorama é negativo? Por que
as camadas mais pobres são as mais atingidas pela PEC 241? Quais serão as consequências? Ao final, seria
interessante a criação de um período que sintetizasse a necessidade de alterações no cenário.

Conclusão: O parágrafo de conclusão apresenta elementos interessantes, mas não ocorre o detalhamento da proposta interven-
tora, sendo necessário apresentar uma justificativa para implantação das propostas e como elas alterariam a problemática vigente.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: O valor da educação nas transformações sociais do Brasil

Sugestão de reescrita:

1 Nos anos 60, o educador Paulo Freire criou um sistema de alfabetização dire-
2 cionado ao público adulto para combater as altíssimas taxas de analfabetismo no Nor-
3 deste brasileiro. Tal ação contribuiu para que os cidadãos aprendessem a relação entre
4 a palavra e o seu significado em um determinado contexto e, assim, refletissem sobre
5 o seu uso linguístico. Neste sentido, nota-se que a educação é uma forte ferramenta de
6 transformação social, mas seu valor não tem sido reconhecido na contemporaneidade.
7 É sabido, em primeiro lugar, que a escola é um importante espaço de interação.
8 Isso significa que os conhecimentos transmitidos em sala de aula ultrapassam os conteú-
9 dos disciplinares; os debates em classe, intermediados pelo professor, podem estimular o
10 estudante a refletir sobre a sua atuação em sociedade. Por conseguinte, se temas como
11 “o culto ao corpo” forem discutidos em classe a fim de desnaturalizar padrões de bele-
12 za, por exemplo, a escola também cumprirá com a função de combater estereótipos e
13 incitar o senso crítico dos alunos. Porém, a profissão docente é desvalorizada, desmoti-
14 vando-os a elaborarem novos métodos de ensino.
15 Além disso, os cortes públicos na educação prejudicam o poder transformador
16 dessas instituições. Em 2016, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 propôs o
17 congelamento de gastos na área educacional por vinte anos, sendo que escolas e univer-
18 sidades públicas sofrem, há décadas, com a falta de verbas e o sucateamento estrutural.
19 Essas restrições afetam não só a qualidade e o alcance ao ensino, como também, atin-
20 gem diretamente as camadas mais pobres, pois os investimentos são uma das principais
21 engrenagens para diminuir a desigualdade social brasileira. Nesta perspectiva, vê-se a
22 urgência de alteração do cenário vigente.
23 Faz-se preciso, portanto, a valorização do ensino a fim de promover mudanças
24 sociais. Para isso, o governo deve investir no reconhecimento dos professores, aumen-
25 tando o seu salário e, junto ao Ministério de Educação, oferecer novos cursos a fim de
26 ampliar sua qualificação profissional. Ademais, é imprescindível a participação popular
27 para cobrar uma atuação mais democrática das reformas sociopolíticas, visto que os
28 investimentos na educação são necessários para oferecer um ensino de qualidade, que é
29 um direito assegurado pela Constituição de 1988. Só assim, a educação potencializará
30 os indivíduos a exercerem a sua cidadania e prezarem pelo bem-estar social.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: A imparcialidade da imprensa brasileira em discussão no século XXI

A introdução apresenta todos os elementos que deve ter: contextualização do tema + tese.
Entretanto, a disposição dos elementos no parágrafo deixa-o trucado e dificulta seu enten-
dimento.

Desenvolvimento I: A estrutura do parágrafo acima está boa, entretanto, há muitas repetições


desnecessárias do radical problema

1 A comunicação e a divulgação de ideias foram amplamente facilitadas com a in-


2 venção da imprensa no século XV e o advento do rádio e da televisão no XX. No entanto,
3 seu papel principal – que é o de informar – vem sendo realizado sem a responsabilidade
4 devida, negando, muitas vezes, seus próprios preceitos. Graças a isso, hoje as notícias são
5 veiculadas em tempo real, o que permite que todos estejam sempre informados acerca dos
6 acontecimentos ao redor do mundo. A mídia é, então, detentora de uma grande função na
7 sociedade moderna.
8 Em primeiro lugar, é importante destacar o problema da parcialidade midiática no
9 Brasil. O quarto poder não está longe desse problema alarmante. Assim como no resto do
10 mundo, a imprensa vem exercendo um papel bastante problemático e contrário ao origi-
11 nal, mostrando-se extremamente manipuladora. Exemplo disso foi a cobertura jornalística
12 das manifestações contra o aumento das passagens em 2013, em que muito pouco se via a
13 real situação das ruas pelo Brasil, o que foi uma clara tentativa de esconder o problema da
14 repressão vivida pelos manifestantes.
15 Entretanto, cabe avaliar de que maneira a parcialidade se dá na sociedade brasileira
16 e sua respectiva consequência. A priori, deve-se entender que a imparcialidade é um con-
17 ceito ideal e inalcançável. Todavia, os cidadãos têm o direito à informação que possibilita a
18 formação de pensamento crítico. Por isso é de extrema importância que os fatos cheguem
19 aos indivíduos de forma não tendenciosas a fim de garantir a liberdade de pensamento –
20 garantida pela Carta Magna de 88, por exemplo. Com efeito, nota-se o papel social essencial
21 que esse poder exerce e que deve ser executado com responsabilidade.
22 Portanto, o governo e a população em geral devem agir em conjunto, aquele pro-
23 movendo projetos de regulamentação da mídia, que não só estabeleça regras de ação, mas
24 também punições para possíveis descumprimentos, esta denunciando massivamente tudo
25 aquilo que considerar um desvio a fim de que indivíduos sejam capazes de , sozinhos, fazerem
26 seus juízos de valores. A escola, com palestras e debates, além de aulas de análise do discur-
27 so, pode investir em um olhar diferente por parte de seus alunos, de forma que, ainda que
28 existam produções parciais, o indivíduo saiba interpretar e se posicionar com relação ao que
29 foi apresentado. Dessa forma, a inatingível imparcialidade ficará um pouco mais próxima da
30 prática, e a informação será, eficientemente, um serviço de utilidade pública.

Desenvolvimento II: O parágrafo tem boa estrutura, mas o conectivo que o encabeça não foi
bem utilizado, pois a ideia apresentada não contrasta com a anterior.

Conclusão: A proposta está detalhada e apresenta os agentes e as ações, mas o ideal é que não se comece o parágrafo
conclusivo já com as propostas. Antes disso, há que se reafirma a tese.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Juventude e participação política em questão no mundo contemporâneo

Sugestão de reescrita:

1 Na prática, a teoria é outra


2 A comunicação e a divulgação de ideias foram amplamente facilitadas com a invenção da
3 imprensa no século XV e o advento do rádio e da televisão no XX. Graças a isso, hoje as notícias são
4 veiculadas em tempo real, o que permite que todos estejam sempre informados acerca dos acon-
5 tecimentos ao redor do mundo. A mídia é, então, detentora de uma grande função na sociedade
6 moderna. No entanto, seu papel principal – que é o de informar – vem sendo realizado sem a
7 responsabilidade devida, negando, muitas vezes, seus próprios preceitos.
8 Em primeiro lugar, é importante destacar o problema da parcialidade midiática no Brasil. O
9 quarto poder não está longe dessa realidade alarmante. Assim como no resto do mundo, a imprensa
10 vem exercendo um papel bastante contrário ao original, mostrando-se extremamente manipulado-
11 ra. Exemplo disso foi a cobertura jornalística das manifestações contra o aumento das passagens em
12 2013, em que muito pouco se via a real situação das ruas pelo Brasil, o que foi uma clara tentativa
13 de esconder a repressão vivida pelos manifestantes.
14 Nesse panorama, cabe avaliar de que maneira a parcialidade se dá na sociedade brasileira
15 e sua respectiva consequência. A priori, deve-se entender que a imparcialidade é um conceito ideal
16 e inalcançável. Todavia, os cidadãos têm o direito à informação que possibilita a formação de pen-
17 samento crítico. Por isso é de extrema importância que os fatos cheguem aos indivíduos de forma
18 não tendenciosas a fim de garantir a liberdade de pensamento – garantida pela Carta Magna de
19 88, por exemplo. Com efeito, nota-se o papel social essencial que esse poder exerce e que deve ser
20 executado com responsabilidade.
21 É fundamental, por conseguinte, que a transmissão de ocorrências seja compromissada com
22 a fidelidade ao real. Para tanto, o governo e a população em geral devem agir em conjunto, aquele
23 promovendo projetos de regulamentação da mídia, que não só estabeleça regras de ação, mas tam-
24 bém punições para possíveis descumprimentos, esta denunciando massivamente tudo aquilo que
25 considerar um desvio a fim de que indivíduos sejam capazes de , sozinhos, fazerem seus juízos de
26 valores.. A escola, com palestras e debates, além de aulas de análise do discurso, pode investir em
27 um olhar diferente por parte de seus alunos, de forma que, ainda que existam produções parciais,
28 o indivíduo saiba interpretar e se posicionar com relação ao que foi apresentado. Dessa forma, a
29 inatingível imparcialidade ficará um pouco mais próxima da prática, e a informação será, eficiente-
30 mente, um serviço de utilidade pública.
REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os perigos da obsolescência programada

Introdução: A exposição da tese anterior à contextualização não é ilícita, mas, nesse caso, faz
com que a tese perca força e fique menos interessante.

Desenvolvimento I: o parágrafo acima é mais expositivo do que propriamente argumentativo.


Além disso, ele se estrutura em apenas dois períodos, fugindo da estrutura padrão: tópico frasal
+ ampliação + fechamento.

1 A obsolescência programada não deve ser tratada com indiferença, uma


2 vez que causa impactos diretos no meio ambiente, no planejamento econômico do
3 indivíduo e até nas configurações de mercado. A Terceira Revolução Industrial é a
4 mais recente dinâmica de transformação dos sistemas produtivos, começada no
5 final da década de 60 e viva até os dias atuais. Uma de suas consequências foi a
6 lógica em que do produtor de um bem – propositadamente – desenvolve e fa-
7 brica um produto para consumo com o intuito de que ele se torne ultrapassado ou
8 não-funcional, em um curto espaço de tempo, para incentivar a compra da nova
9 geração da mercadoria.
10 Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que esse sistema fomenta a
11 rotatividade de aparelhos tecnológicos. Nesse sentido, a problemática do lixo ele-
12 trônico emerge e ganha força em âmbito mundial, porque o descarte inadequado
13 desses materiais, que contêm substâncias químicas nocivas, como chumbo, berílio,
14 mercúrio etc., que podem contaminar o solo e água e adoecer faunas e floras, in-
15 clusive humanos.
16 A demais, a tecnologia que é utilizada a favor do homem pode causar se-
17 gregação social e tolher pessoas do acesso à informação. O sistema capitalista pri-
18 vilegia quem tem maior poder de compra. Num país em que o salário mínimo não
19 chega a mil reais, trabalhadores se veem diante de um impasse: a exclusão social
20 ou o endividamento a fim de obter um celular, por exemplo, que custa quase um
21 mês de trabalho ou até mais. Num país em crise, em que os juros são altíssimos, as
22 concessionárias de crédito lucram muito e o sujeito de classe média ou paga ou é
23 submetido às punições, como ter seu nome no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
24 – o que implica uma série de impasses e limita seu poder de aquisição de bens.
25 Contudo, a obsolescência programada não deve ser negligenciada. Cabe ao
26 governo aplicar medidas para regulamentar a produção de dispositivos a fim de que
27 se extinga ou se atenue o prazo de validade dos eletrônicos a fim de que todos pos-
28 sam ter as mesmas condições de inclusão. Além disso, é fundamental que as auto-
29 ridades ajam de forma mais enérgica na regulamentação e na legislação ambientais
30 para que os danos ao planeta sejam reduzidos e, quiçá, zerados, a longo prazo.

Desenvolvimento II: O conectivo “ademais” se constitui em apenas um vocábulo. Além disso, os


períodos não estão conectados por elementos de coesão cabíveis.

Conclusão: “Contudo” tem valor adversativo, portanto, não se deve confundi-lo com “Com tudo”. Além disso, prefira-se
a preposição “Em” precedendo “longo prazo”.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os perigos da obsolescência programada

Sugestão de reescrita:

1 A Terceira Revolução Industrial é a mais recente dinâmica de transformação dos sistemas


2 produtivos, começada no final da década de 60 e viva até os dias atuais. Uma de suas consequên-
3 cias foi a lógica em que do produtor de um bem – propositadamente – desenvolve e fabrica um
4 produto para consumo com o intuito de que se torne ultrapassado ou não-funcional, em um curto
5 espaço de tempo, para incentivar a compra da nova geração da mercadoria. Portanto, a obsoles-
6 cência programada não deve ser tratada com indiferença, uma vez que causa impactos diretos no
7 meio ambiente, no planejamento econômico do indivíduo e até nas configurações de mercado.
8 Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que esse sistema fomenta a rotatividade de apa-
9 relhos tecnológicos. Nesse sentido, a problemática do lixo eletrônico emerge e ganha força em âmbito
10 mundial. Isso se dá por conta do descarte inadequado desses materiais, que contêm substâncias quí-
11 micas nocivas, como chumbo, berílio, mercúrio etc., que podem contaminar o solo e água e adoecer
12 faunas e floras, inclusive humanos. Todavia, as formas de eliminação desses eletroeletrônicos não são
13 amplamente difundidas, bem como não há postos de coleta que atendam às demandas. Com efei-
14 to, é necessário que as autoridades tratem essa questão não só como um problema ambiental, mas
15 também como um caso de saúde pública.
16 Ademais, a tecnologia que é utilizada a favor do homem pode causar segregação social e
17 tolher pessoas do acesso à informação. O sistema capitalista privilegia quem tem maior poder de
18 compra. Entretanto, num país em que o salário mínimo não chega a mil reais, trabalhadores se veem
19 diante de um impasse: a exclusão social ou o endividamento a fim de obter um celular, por exemplo,
20 que custa quase um mês de trabalho ou até mais. Desta forma, num país em crise, em que os juros
21 são altíssimos, as concessionárias de crédito lucram muito e o sujeito de classe média ou paga ou é
22 submetido às punições, como ter seu nome no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) – o que implica
23 uma série de impasses e limita seu poder de aquisição de bens.
24 Portanto, a obsolescência programada não deve ser negligenciada. Cabe ao governo aplicar
25 medidas para regulamentar a produção de dispositivos a fim de que se extinga ou se atenue o prazo
26 de validade dos eletrônicos a fim de que todos possam ter as mesmas condições de inclusão. Além
27 disso, é fundamental que as autoridades ajam de forma mais enérgica na regulamentação e na le-
28 gislação ambientais para que os danos ao planeta sejam reduzidos e, quiçá, zerados, em longo prazo.
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REDAÇÃO COMENTADA

Tema: Os desafios da educação universitária no Brasil

Introdução: A introdução poderia ter uma contextualização mais detalhada. O parágrafo conta
apenas com dois períodos: o ideal é que se façam pelo menos 3! O verbo “acarretar” não rege
preposição “em’.

Desenvolvimento I: Há que tomar cuidado com as repetições desnecessárias, como “universi-


dade”; há a falta de um conectivo encabeçado o parágrafo e a ausência de uma fechamento
do argumento 1. Atente-se apara o fato do uso da primeira pessoa do plural sem o menor apelo
argumentativo, isto é, ele pode ser evitado, já que não agrega valor ao argumento.

1 Com o intuito de democratizar o acesso, o Enem, o fies e o Prouni, bem como as


2 ações afirmativas assumiram papel fundamental, o que acarretou no aumento e a diversi-
3 ficação do público, o crescimento de unidades, a proliferação das instituições particulares e
4 a formação de novos cursos. Embora tenha havido notórias melhorias, ainda há muito a se
5 fazer para que se continue garantindo ao cidadão os direitos constitucionais, como o acesso à
6 educação de qualidade.
7 Dizemos que o horizonte do ensino superior brasileiro é indefinido. Posto que seu
8 próprio presente não parece ter uma clara descrição, cria-se uma dilema : de um lado, ainda
9 há a concepção clássica – criada na Idade Média, para a qual o meio universitário é o lugar
10 da excelência do conhecimento, centralizador da busca pela verdade e aprimorador da vida
11 intelectual; de outro, movida por razões fundamentalmente econômicas, há a vertente que
12 entende a universidade como um espaço de capacitação profissional, por meio do qual o es-
13 tudante obtém o diploma para ingressar no mercado. Em sua constituição, a visão tradicional
14 é elitista, por reservar a universidade a poucos.
15 Entretanto, apesar de, a princípio, as duas definições parecerem constituir um pa-
16 radoxo, a universidade pode sim ser simultaneamente espaço de produção de conhecimento
17 e realizar uma função pragmática de formar pessoas para o comércio. O problema é que, no
18 mundo concreto e real e idealizado, no momento de gerir uma universidade, por exemplo,
19 diante da escassez de recursos, o reitor acaba por privilegiar áreas mais consagradas e que
20 supostamente trazem fundos para a instituição por meio de patrocinadores. Desta forma,
21 esse financiamento para a criação de uma revista referência em filosofia analítica ou qualquer
22 tipo de conteúdo das áreas humanas, mesmo que, a longo prazo, gerassem estágios para os
23 alunos, é negligenciado. Conciliar essas duas concepções, então, parece o grande desafio do

24 ensino superior. Com efeito, os órgãos competentes devem analisar os problemas desse nicho

25 educacional para agir de forma incisava sobre as questões a ele intrínsecas.

26 Contudo, o poder público, aliado ao setor privado, deve investir igualmente nas áreas

27 de conhecimento, garantindo aos futuros universitários boas opções tanto de trabalho quanto

28 de carreira acadêmica, objetivando anteder às demandas práticas da sociedade e das pesso-

29 as, bem como de coletivizar a cesso aos estudos, garantindo cidadania e dignidade às massas

30 pagadoras de impostos.

Desenvolvimento II: Atente-se para o fato da repetição da conjunção “E” (mundo concreto
e real e idealizado), dos pronomes “esse/essa”. Atenção: prefira “em longo prazo” a “a longo
prazo”.

Conclusão: A proposta de intervenção começa com um conectivo adversativo: cuidao! Não há a retomada da tese nem
um fechamento do parágrafo.
REDAÇÃO EXEMPLAR

Tema: Os desafios da educação universitária no Brasil

Sugestão de reescrita:

1 O ensino superior, no Brasil, passou por uma série de transformações bruscas, cujos impactos foram

2 positivos. Com o intuito de democratizar o acesso, o Enem, o fies e o Prouni, bem como as ações afirmativas

3 assumiram papel fundamental. Isso acarretou o aumento e a diversificação do público, o crescimento de uni-
4 dades, a proliferação das instituições particulares e a formação de novos cursos. Embora tenha havido notórias
5 melhorias, ainda há muito a se fazer para que se continue garantindo ao cidadão os direitos constitucionais,
6 como o acesso à educação de qualidade.

7 Em primeiro lugar, pode-se dizer que o horizonte do ensino superior brasileiro é indefinido. Posto

8 que seu próprio presente não parece ter uma clara descrição, cria-se uma dilema : de um lado, ainda há a

9 concepção clássica – criada na Idade Média, para a qual o meio universitário é o lugar da excelência do conhe-

10 cimento, centralizador da busca pela verdade e aprimorador da vida intelectual; de outro, movida por razões

11 fundamentalmente econômicas, há a vertente que entende a universidade como um espaço de capacitação

12 profissional, por meio do qual o estudante obtém o diploma para ingressar no mercado. Em sua constituição,
13 a visão tradicional é elitista, por reservar as graduações e outras atividades a poucos. Todavia, se boas condições
14 de trabalho requerem do indivíduo o 3º grau, a academia deve ser um ambiente amplamente inclusivo.
15 Entretanto, apesar de, a princípio, as duas definições parecerem constituir um paradoxo, a universi-
16 dade pode ser simultaneamente o espaço de produção de conhecimento e de realização de uma função prag-
17 mática de formar pessoas para o comércio. O problema é que, no mundo concreto e real, no momento de
18 gerir uma universidade, por exemplo, diante da escassez de recursos, o reitor acaba por privilegiar áreas mais
19 consagradas e que supostamente trazem fundos para a instituição por meio de patrocinadores. Desta forma, o
20 financiamento para a criação de uma revista referência em filosofia analítica ou qualquer tipo de conteúdo das
21 áreas humanas, mesmo que, em longo prazo, gerassem estágios para os alunos, é negligenciado. Conciliar as
22 duas concepções, então, parece o grande desafio do ensino superior. Com efeito, os órgãos competentes devem
23 analisar os problemas desse nicho educacional para agir de forma incisava sobre as questões a ele intrínsecas.
24 Urge, portanto, que a dinâmica do ensino universitário continue sendo repensada e repaginada. O
25 poder público, aliado ao setor privado, deve investir igualmente nas áreas de conhecimento, garantindo aos
26 futuros universitários boas opções tanto de trabalho quanto de carreira acadêmica, objetivando anteder às
27 demandas práticas da sociedade e das pessoas, bem como de coletivizar a cesso aos estudos, garantindo cida-
28 dania e dignidade às massas pagadoras de impostos. Sendo assim, será possível perceber, de fato, um futuro na
29 universidade brasileira.
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