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NAS EMPRESAS
autor do original
DANIELA TINCANI
LUIS CLÁUDIO DALLIER SALDANHA
LUIZ ROBERTO WAGNER
ROZANGELA NOGUEIRA DE MORAES
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial magda maria ventura, lucia ferreira sasse e marina caprio
Autor do original daniela tincani, luis cláudio dallier saldanha, luiz roberto
wagner, rozangela nogueira de moraes
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-60923-81-6
Prefácio 7
A produção de um texto 42
Texto e discurso 43
Coesão textual 44
Coesão textual e a articulação sintática do texto 51
Coerência textual 53
3. Crase e colocação pronominal 60
Origem da crase 60
Emprego atual da crase 61
Casos facultativos do uso do acento grave, indicador da crase 65
Crase 67
Pronome 70
Pronomes pessoais 71
Colocação pronominal 74
Próclise 75
Mesóclise 79
Relação entre pontuação e funções sintáticas 82
Ortografia 93
Emprego do hífen 99
Homônimos e parônimos 102
Concordância verbal 109
Concordância nominal 112
Regência verbal 113
Regência nominal 116
Uso dos “porquês” 117
Palavras e expressões parecidas, mas diferentes 119
Algumas observações sobre verbos 123
Pleonasmo, Ambiguidade, Cacofonia e Solecismos 126
Abraços
Rozangela Nogueira de Moraes
7
1
Produção textual
e comunicação
empresarial
1 Produção textual e comunicação
empresarial
Produzir bons textos, seja nas redações escolares ou em alguma situação co-
municativa do dia a dia, é realmente um desafio para muitos. Por isso mesmo,
queremos descomplicar um pouco essa questão. Apresentamos algumas re-
flexões neste capítulo que podem ajudá-lo a compreender melhor a dinâmica
da produção textual, desfazendo algumas crendices e mitos sobre a escrita.
Vamos comentar sobre algumas características da escrita e rever os tipos de
textos mais comuns.
No que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias de comunicação,
serão abordados a comunicação oral e os principais elementos para uma boa
oratória. Vamos conhecer os componentes e as características da comunicação
oral. Estudaremos o uso da voz e do gestual na fala e, também, abordaremos
situações de comunicação oral no contexto profissional.
OBJETIVOS
• Desenvolver habilidades de escrita.
• Aperfeiçoar técnicas de produção textual.
• Identificar dificuldades e limitações na produção de textos.
• Reconhecer as particularidades da comunicação oral.
• Identificar os principais desafios para falar em público adequadamente.
• Aplicar as técnicas de uso da voz e do gestual nas situações de comunicação oral.
• Desenvolver habilidades comunicacionais em situações de apresentação pública.
REFLEXÃO
Você se recorda da sua relação com o ensino-aprendizagem de língua portuguesa? Lembra
que uma experiência mal sucedida de aprendizado da língua pode nos afetar ao longo da
vida escolar? Pois é, tem muita gente que mesmo depois de ter passado pelo Ensino Fun-
damental e Médio ainda enfrenta enormes barreiras para escrever uma redação e produzir
um bom texto.
10 • capítulo 1
E qual foi a última vez em que você precisou falar em público, numa situação formal?
Você foi bem, apesar de alguma eventual ansiedade ou insegurança?
Aliás, você tem medo de falar em público? Para muita gente, isso é uma verdadeira tor-
tura. Em parte, o medo ou dificuldade de falar em público decorre de elementos relacionados
a aspectos fisiológicos e psicológicos envolvidos na comunicação oral.
Às vezes, o medo ou impedimento decorrem da falta de algumas habilidades específicas
ou de uma prática mais regular de oratória.
Por isso, é bom lembrar e avaliar nosso desempenho em situações nas quais precisamos
nos dirigir a outras pessoas usando a nossa voz.
Às vezes, podemos ser levados a pensar que todos os grandes escritores nunca
tiveram qualquer dificuldade para escrever. Admiramos aqueles que escrevem
livros maravilhosos ou mesmo os que são capazes de elaborar textos que pren-
dem nossa atenção e conseguem comunicar claramente suas ideias. Mas é pre-
ciso saber que nem todos os que vivem do ofício da escrita foram sempre bons
escritores. Alguns até tiveram experiências difíceis com a língua portuguesa.
Embora haja uma diversidade de experiências nessa questão, encontramos
aqueles que passaram a escrever depois de superar algum desafio.
Vamos conhecer algumas experiências para fazermos uma reflexão inicial
sobre o aprendizado da escrita e a atividade de escrever textos, seja profissio-
nalmente ou não.
Convido você a conhecer, primeiramente, a declaração de Lygia Fagundes
Telles, escritora que nasceu em 1923, em São Paulo, e escreveu, entre outras,
obras que foram adaptadas para a televisão, como Retratos de Mulher, de O moço
do saxofone; e para o cinema, As meninas, do romance homônimo.
“Eu sempre digo que comecei a escrever antes de saber escrever. Não é charminho de
escritor, não. Falo assim, porque antes de ser alfabetizada eu já contava histórias. Eram
histórias que ouvia das minhas pajens.
[…]
capítulo 1 • 11
Na verdade eu aprendi a escrever muito mais tarde do que a maioria das crianças. Nós
vivíamos mudando de cidade, por força do trabalho do meu pai, de maneira que eu não
parava nas escolas. De um certo modo, minha ignorância era legitimada pela situação:
filha de delegado, de promotor, podia estar atrasada. Minha mãe achava que eu era
retardada. Até mesmo a falar eu aprendi tarde; meu avô chegou a pensar que eu fosse
muda: eu só pedia as coisas através de gestos…”
Cadernos de Literatura Brasileira (5): 28. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
Você atentou para o fato de que na experiência dessa escritora podemos des-
tacar a importância de contar e imaginar histórias desde o começo da infância?
E, ainda, que há uma forte ligação entre o contar histórias e o desenvolvimento
da escrita? O interessante é que, na experiência de uma escritora de sucesso, a
oralidade teve um papel importante na aquisição e no desenvolvimento da es-
crita. Sua relação com a narração oral parece ter sido decisiva na aprendizagem
da escrita, mesmo em face de certo “atraso” nessa prática.
Vejamos outra experiência de uma escritora que tem o primeiro nome idênti-
co ao da primeira: Lygia Bojunga Nunes. Leia o que ela escreveu:
A redação e o dicionário
Lygia Bojunga Nunes
12 • capítulo 1
gostava dela não: eu tinha dois motivos muito mais emocio-
nais que a unha. O primeiro é que eu achava que ela tinha
tomado o lugar da professora anterior, que eu adorava; o se-
gundo é que ela corrigia tintim por tintim tudo que é redação
que eu fazia. Usando caneta. E, pelo jeito, eu cometia tanta
barbaridade gramatical, que ela se via obrigada a reescrever
a minha redação quase que todinha. Com tinta vermelha.
Quando eu relia a minha escrita, assim toda avermelhada
para um português correto, eu sempre sentia a impressão
esquisita que a minha redação tava fazendo careta pra mim.
Mas eu nunca parei pra pensar por que eu sentia assim. Me
lembro que eu ficava chateada e pronto: esquecia a careta. E
quando eu tinha de novo que fazer redação eu me aplicava
igualzinho: redação era o único dever que gostava de fazer.
A professora corrigia tintim por tintim outra vez. E a nota
que ela me dava ficava sempre em torno do 5. Ela justificava
a dádiva com a seguinte observação: composição imaginati-
va. Embaixo do FIM que eu botava sempre no fim da minha
redação, ela escrevia um lembrete (vermelho também):
“Habitue-se a consultar o dicionário.”
Não deu outra: me habituei a nunca abrir um dicionário.
Livro, um encontro com Lygia Bojunga Nunes. Rio de Janeiro:
Agir, 1998.
capítulo 1 • 13
Introdução
Sempre gostei de escrever, desde os tempos de escola. Adorava fazer reda-
ção, principalmente quando a professora já dizia o tema, porque várias vezes
sofria pra conseguir começar uma de “tema livre”. Mas depois que começava
aí eu embalava e escrevia com gosto. Viajava. Viajava com gosto também nas
histórias em quadrinho, ainda mais novo, quando não escrevia nada (eu acho),
mas gostava de desenhar e de parar na banca pra comprar revistinha da turma
da Mônica, do Walt Disney, Recruta Zero, Turma do Bolinha, Fantasma, Aste-
rix… Muitas vezes passava tardes inteiras de domingo lendo gibis na movimen-
tada mesa do bar Dauphine, em Copacabana, enquanto meu pai conversava
com os amigos parceiros de chope. Todo mundo rindo e falando alto e eu ali, na
minha, concentrado na leitura. Acho até que se eu tivesse continuado naquele
pique eu teria me tornado um rapaz muito culto.
Minha avó me contou que eu aprendi a ler sozinho, aos quatro anos, com
um livro ilustrado chamado Os mamíferos, que ela estava lendo pra mim. Um
dia, mostrei a ela uma foto e li o nome do bicho em voz alta: “Or-ni-tor-rin-co”.
Ela ainda não tinha chegado nessa página e eu nunca tinha ouvido falar na-
quele bicho estranho de nome idem. Nem sei por que é que eu tô falando dis-
so, mas é que eu soube há pouco tempo e achei interessante. Bem, este livro
também nasceu mais ou menos assim. Tivemos que esvaziar e arrumar uma
montanha de papéis no escritório lá de casa porque deu mofo. Mofo deu geral!
Atchim! Saúde! Obrigado... Ih! Olha só isso aqui! Deixa eu ver...
Comecei a encontrar vários textos, poemas e até redações de colégio que eu
nem me lembrava que tinha guardado, a maioria eu nem me lembrava de ter escri-
to! Que surpresa boa! Algumas coisas me fizeram voltar no tempo quando eu parei
de espirrar para ler. Outras pareciam totalmente novas. A memória já tinha apaga-
do, mas as folhas escritas à mão resistiram ao mofo e a várias viagens e mudanças.
Pô, eu também não sou tão velho assim!
14 • capítulo 1
senvolvimento da escrita. Por isso, você deve refletir também sobre sua própria
experiência e avaliar quais fatores foram decisivos no aprendizado da escrita e
que desafios você ainda enfrenta nessa questão.
Todas essas experiências que reproduzimos aqui não têm a intenção de forne-
cer um receituário para escrever bem ou mesmo apontar os “10 segredos para
uma boa redação”! Aliás, há muito mito ou crendice em relação ao tema da re-
dação e “crenças sobre aprendizagem da escrita nos levam a formar preconcei-
tos que, de alguma forma, interferem no nosso dia a dia e no nosso fazer de sala
de aula” (GESTAR II, 2008, p. 159-160).
Vejamos alguns pontos de vista sobre a escrita que merecem uma aprecia-
ção mais cuidadosa.
capítulo 1 • 15
Sabemos que, para aprender a escrever, temos que fazê-lo considerando as dimensões
das diferentes situações sócio-comunicativas e que, portanto, os usos sociais da escrita
estão intrinsecamente relacionados ao processo de significação. Além disso, sabemos
que as questões culturais que geram e são geradas pelas diferenças dialetais também
devem ser consideradas no aprendizado e na experiência escrita. Assim, também os
gêneros das tradições orais podem servir como mediadores no aprendizado da norma
padrão, cabendo à escola fazer esta aproximação. (GESTAR II, 2008, p. 168).
16 • capítulo 1
1.3.1 O princípio do talento
De acordo com esse princípio, redigir é questão de talento: “quem nasce com
esse talento, sempre escreverá bem” (CHOCIAY, 2004, p. 39). Pode ser que em
alguns casos o talento explique uma boa escrita, mas isso nem sempre é assim.
Alguns estudantes realmente têm certa facilidade para escrever bem. A fa-
cilidade inata de certos indivíduos para aprender e executar determinadas ta-
refas deve ser considerado um fator, mas não absolutamente determinante do
aprendizado e execução.
Este postulado defende que “redigir é habilidade: qualquer pessoa pode apren-
der a redigir, desde que tenha uma boa formação escolar para tal”.
Nesse caso, “a capacidade de se produzir bons textos é algo que vai se desen-
volvendo ao longo da prática escolar e de acordo com a faixa etária do estudan-
te”. Assim, alguém aprende a redigir “como se aprende, também, a desenhar
ou a calcular. No entanto, se pode passar pela escola sem aprender a escreve
adequadamente” (CHOCIAY, 2004, p. 40).
Deve se levar em conta que o uso de métodos ideais não produz necessaria-
mente os mesmos resultados em todos os alunos.
Este postulado defende que redigir é uma técnica que “pode ser aprendida em
qualquer época, para levar o indivíduo a bons desempenhos na produção de
textos” (CHOCIAY, 2004, p. 40).
Precisamos considerar, porém, que os aspetos técnicos não dão conta de
toda dimensão do processo de produção de um texto escrito.
Na verdade, “a técnica não constitui método de ensino, mas apenas um
conjunto de instruções de desempenho: se outros fatores não surgirem con-
jugados a ela no processo do aprender, não haverá aprendizado satisfatório”
(CHOCIAY, 2004, p. 41).
capítulo 1 • 17
1.3.4 O princípio da boa leitura
Defende que “para aprender a escrever, é preciso ler: um bom escritor nasce
de um bom leitor”. Entretanto, “não é absolutamente necessário que um bom
leitor seja ou se torne também um bom escritor”.
Temos de ter em mente que “embora o ler e o escrever tenham relação natu-
ral entre si, implicam estratégias e métodos de ensino distintos, simplesmente
porque são habilidades distintas” (CHOCIAY, 2004, p. 41).
Este postulado defende que “para aprender a escrever, é preciso escrever, escre-
ver, escrever”.
Desse modo, “o resultado final do processo de repetições é a consolidação
dos desempenhos que caracterizam a habilidade” da escrita. Mas, além da re-
petição, deve ser acrescentado o espírito crítico e autocrítico: “a repetição do
processo de escrever textos não é algo mecânico e automático, mas crítico e
autocrítico” (CHOCIAY, 2004, p. 42-43).
Esse princípio propõe que “para aprender a escrever, é preciso decorar certos
‘macetes’ de estrutura e de estilo”. Propõem-se diversos conselhos que, às ve-
zes, até são contraditórios. São tentativas precárias de atacar os efeitos, e não as
causas, das dificuldades na redação de um texto. Por isso mesmo, “os macetes
constituem uma ‘falsa técnica’, cujo único resultado é uma ornamentação fútil,
facilmente detectável” por um leitor mais atento e criterioso, pois “em vez de
um texto, produz um arremedo de texto”. É preciso reconhecer que “os proble-
mas inerentes à redação não se resolvem com macetes e estereótipos, mas com
reflexões, orientação e muito esforço pessoal” (CHOCIAY, 2004, p. 45).
18 • capítulo 1
1.3.8 O princípio da reescritura
De acordo com este princípio, “escrever não é um ato singular, único; ao contrá-
rio, um texto só por exceção é escrito de uma só vez. O ato de escrever um texto
implica certo número de reescrituras, até o limite do satisfatório”. Assim, “um
texto não nasce pronto, mas é “construído ao longo de tantas tentativas quan-
tas considere o escritor necessárias para conduzi-los a um resultado eficaz”.
Por isso mesmo, o “bom texto resulta de uma série de revisões da primeira ver-
são desse texto, ou seja, do rascunho. Redigir é, pois, operar desenvolvimentos
necessários em um rascunho para transformá-lo realmente em texto” (CHO-
CIAY, 2004, p. 42-43).
Este último princípio parece ser um dos mais pertinentes e interessantes.
Aliás, dois pesquisadores canadenses, Scardamalia e Bereiter, desenvolveram
estudos que mostram o escritor maduro como aquele que planeja e revisa o
texto, “durante e depois da escrita, considerando elementos como o assunto,
a audiência (os interlocutores, possíveis leitores do texto), o objetivo” (GESTAR
II, 2008, p. 178-179).
Outro aspecto que os estudiosos canadenses perceberam diz respeito ao fato
de bons escritores desenvolverem seus textos a partir de uma escrita comunica-
tiva, ou seja, usando uma linguagem adequada às situações de comunicação.
capítulo 1 • 19
O professor pode provocar momentos em que os aspectos relacionados à escolha do
tema, pesquisa sobre o tema, se necessária, escrita e revisão possam ser discutidos
com todos, construindo com seus alunos andaimes, que facilitem a construção do co-
nhecimento, por exemplo, formulando perguntas, para que possam selecionar o tema, o
gênero, a audiência e os conhecimentos prévios. (GESTAR II, 2008, p. 181).
Uma observação que se faz nos textos de alunos que ainda encontram muita
dificuldade para escrever e acabam por elaborar textos com sérias limitações é
exatamente uma similaridade do texto escrito com o texto oral ou a oralidade.
Em alunos de séries iniciais do Ensino Fundamental, é muito comum a com-
posição de textos muito próximos da oralidade, textos que carecem de uma ela-
boração mais adequada e peculiar à escrita. Assim, é importante considerar que
a escrita tem algumas características próprias, apesar de apresentar também
elementos comuns à oralidade. Precisamos reconhecer que não falamos como
escrevemos e não escrevemos como falamos!
Uma primeira diferença entre a fala e a escrita está relacionada com o tem-
po: “o tempo do ato da fala é instantâneo; o do ato de escrita é elástico. Mesmo
que um indivíduo esteja preparado para determinado diálogo, toda a organiza-
ção de seu pensamento e a verbalização não dispõem mais que de um átimo no
ato de fala.” Assim, numa situação de comunicação oral, “o sujeito interpreta
o que disse seu interlocutor e organiza resposta imediata. Mui diferente é o ato
de escrita: as atividades em que a redação de textos é necessária implicam um
tempo relativamente elástico para tal” (CHOCIAY, 2004, p. 49).
Há outra diferença entre a fala e a escrita que diz respeito ao modo da comu-
nicação. Quando falamos estamos diante da pessoa que nos ouve ou conversa
conosco; quando escrevemos estamos na ausência do leitor ou leitores de nos-
so texto. Isso faz com que haja várias características próprias de cada modali-
dade de comunicação. Se alguém está falando diante de seus ouvintes, então é
possível que haja uma interação física e psicológica com aqueles que ouvem. É
possível analisar as reações dos ouvintes ou mesmo ser por eles influenciado ou
interrompido. Já quem escreve está a uma distância temporal e espacial de seus
possíveis leitores. Essa distância permite que o escritor tenha tempo para elabo-
20 • capítulo 1
rar melhor seu texto, relendo o que escreveu, fazendo revisões e reescrevendo o
texto até julgá-lo adequado. Além disso, há vários recursos que na escrita podem
ser utilizados para manter o texto bem organizado, claro e convincente.
Uma das implicações dessas diferenças entre a fala e a escrita pode ser
percebida no uso do vocabulário no texto escrito, pois se na fala alguém conta
apenas com seu acervo de palavras individual, no texto escrito é possível recor-
rer ao dicionário e a outras fontes de consulta. Isso leva a uma escolha mais
adequada do vocabulário do texto escrito. Do mesmo modo, a possibilidade de
recorrer à gramática para melhorar a construção das frases e corrigir possíveis
incorreções gramaticais é outra característica presente no ato de escrever.
Também devemos observar outra diferença entre a fala e a escrita. Trata-se
da concomitância de atos. A fala de alguém “implica a simultaneidade do falar
e do ouvir, pondo em funcionamento todas as habilidades dos comunicantes
nessas duas esferas. A complexidade se revela ainda maior quando verificamos
que um comunicante não apenas ouve o outro, mas se ouve enquanto fala”. Já
no ato de escrita, não há uma correspondência imediata do possível leitor do
texto, no entanto, “tem a leitura do próprio escritor, que se lê enquanto escreve,
concomitantemente ou consequentemente”. Assim, escrever “é também ler: o
escritor, enquanto escreve, está exercendo dois papéis, vale dizer, está envolvi-
do em dois atos e dispõe de um tempo relativamente elástico para alternar-se
nesses papéis” (CHOCIAY, 2004, p. 53).
Você já notou que a língua escrita é diferente da língua oral? Uma diferença
básica é que na linguagem oral a gente trabalha com os sons.
Quando falamos ou ouvimos uma mensagem, usamos sentidos que nor-
malmente não são utilizados na escrita.
Uma mensagem ou exposição oral pode ser acompanhada de gestos, expres-
sões fisionômicas, variação de tonalidade e timbre da voz, recursos visuais e outras
características que não encontramos num livro ou documento.
Por isso, precisamos conhecer um pouco melhor a natureza e a dinâmica
das comunicações orais.
capítulo 1 • 21
Esse conhecimento pode até mesmo ajudar a superar aquele medo ou in-
segurança que muitos experimentam quando participam de uma entrevista,
reunião, palestra ou situação na qual é preciso falar em público.
Vamos lá?
Quando precisamos falar em público parece que temos uma situação especial.
Muitas vezes ficamos até paralisados ou nervosos com a possibilidade de não
nos sairmos bem naquela entrevista para emprego ou na apresentação de uma
palestra ou mensagem.
Realmente, a comunicação oral em situações mais formais pode ser uma
experiência bastante diferente. Escrever uma carta ou um e-mail é um ato meio
solitário, geralmente ninguém está vendo ou ouvindo.
Na verdade, a comunicação oral se distingue da escrita porque as condições
físicas e psicológicas são diferentes.
O aspecto fisiológico da comunicação oral está relacionado com o uso da
nossa voz, com as variações de altura e intensidade dos sons que emitimos,
com o comprometimento de todo nosso corpo na postura que adotamos e nos
gestos que manifestamos e, ainda, com as condições de recepção ou audição
daquele que ouve nossa mensagem.
O aspecto psicológico da comunicação oral está vinculado às emoções e aos
sentimentos que experimentamos ao falar; está relacionado, também, com o
interesse, a disposição e a atenção de nosso ouvinte. Além disso, a personalida-
de de quem fala e de quem ouve também está presente na comunicação oral.
Se o nervosismo pode surgir quando precisarmos falar em público, talvez,
algumas dicas para lidar com essa dificuldade se tornem proveitosas. Vejamos
algumas delas:
c) Tenha confiança no que você vai falar, esteja seguro sobre seu assunto;
22 • capítulo 1
d) Prepare cuidadosamente o que você vai falar;
e) Não tente falar sobre aquilo que você não domina ou desconhece;
f) Evite decorar seu discurso, ponto por ponto, pois isso pode representar
um risco desnecessário. Além disso, uma fala “decorada” pode soar me-
cânica e artificial;
CONEXÃO
Confira o excelente artigo “A expressividade da comunicação oral e sua influência no meio
corporativo”, de Marta Martins e Waldyr Fortes, publicado na Revista Communicare e disponí-
vel em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1144-1.pdf>
É claro que essas dicas não são infalíveis, nem dão conta de toda e qualquer
situação de comunicação oral, mas podem ser um bom começo.
Vamos avançar um pouco mais, abordando os elementos que estão presen-
tes na comunicação oral.
Você já imaginou alguém falando em público com a voz bem baixinha, os bra-
ços colados ao corpo, as mãos paradas e o rosto quase sem expressão alguma?
Fica difícil comunicar alguma mensagem assim, a não ser a mensagem de que
a situação não vai nada bem!
Não dá para falar em público sem usar adequadamente as mãos, a expres-
são fisionômica, o volume e a tonalidade correta da voz.
Pois é isso que vamos estudar agora. Conheça um pouco melhor os elemen-
tos da comunicação oral.
capítulo 1 • 23
1.6.1 Tonalidade
O bom uso da voz é fundamental na comunicação oral. Por isso, tenha bastante
cuidado com o volume da sua fala. Se você não pode falar baixinho, sem ser ou-
vido por todos, você também não deve falar num volume que incomode as pes-
soas ou que seja incompatível com o tamanho do ambiente no qual você está.
O volume da voz deve ser adequado e cumprir a função de tornar sua men-
sagem audível.
Mas não podemos nos limitar apenas ao aspecto da altura da nossa voz, se
alta ou baixa. É preciso expressividade, espontaneidade e dinamicidade na nos-
sa fala. Uma tonalidade adequada pode favorecer tudo isso.
O tom é um tipo de jogo de altura e força na emissão dos sons. Além da
nossa voz está ajustada ao ambiente ou à situação externa, ela deve servir
para expressar as variações de nosso pensamento e nossas emoções.
Quando estamos falando em público, a nossa voz deve servir para dar ênfase
a um determinado ponto, manifestar certa emoção, expressar alguma reação e
acompanhar a dinâmica de nossa mensagem ou exposição. Assim, o tom da voz
deve variar adequadamente.
Ao pronunciarmos uma palavra ou expressão que assume destaque ou im-
portância, nada mais adequado do que modular o tom, fazendo a tonalidade
crescer naquele momento. Uma pergunta instigante ou uma afirmação surpre-
endente pode também merecer uma tonalidade crescente.
Se mantivermos o mesmo tom durante uma exposição oral, nossa fala será monótona.
O uso de um único tom é extremamente inadequado e enfadonho, assim como uma
variação exagerada. Por isso:
1. Cuidado com uma fala mecânica e sem vibração, parecida com uma ladainha ou um
discurso recitado;
2. Evite um entusiasmo descabido e exagerado, muitas vezes parecido com um anima-
dor de auditório ou com a fala de um personagem de teatro;
3. Fuja de um estilo “descolado” ou muito à vontade construído artificialmente;
4. Não imprima um tom agudo ou uma tonalidade crescente em palavras que não de-
sempenham tanta importância em sua mensagem.
24 • capítulo 1
1.6.2 Gestual ou mímica
Quando falamos em público é necessário que cada membro da plateia confie no que
estamos dizendo, por isso precisamos olhar nos olhos de todos. Eles também precisam
ver nossos olhos, para que sintam segurança no que dizemos.
O olhar é um atrativo e não deixa que o público se desvie do assunto. Assim, você deve
olhar para todos como se estivesse namorando cada membro da plateia. Quando eu
digo “cada membro”, deixo claro que você jamais pode olhar para uma ou outra pessoa
apenas (BRASIL, 2003, p. 118).
GEORGE DOYLE / STOCKBYTE / GETTY IMAGES
Enquanto falamos, nosso gestual e nosso olhar podem demonstrar a atenção e a importância
que damos ao nosso ouvinte.
capítulo 1 • 25
É preciso atenção para ajustar nossa expressão fisionômica ao conteúdo do
que vamos falar. Pode não ser sensato falarmos de assuntos sérios e graves com
um semblante descontraído e um sorriso nos lábios. Também não é adequado
tratarmos de assuntos alegres ou apresentarmos informações positivas com
certo ar de tristeza e um semblante pesado.
Certa vez, uma secretária executiva saiu toda sorridente do gabinete do dire-
tor de um órgão público, depois de ouvir uma piada muito engraçada. Em segui-
da, entrou numa sala onde coordenaria uma reunião na qual o principal assunto
era comunicar medidas “impopulares” e que desagradariam parte dos presen-
tes. Seu semblante, ainda descontraído e com um sorriso no “canto da boca”,
não se harmonizava nem um pouco com as informações que ia passando. Não
precisa nem dizer que o mal-estar foi geral.
CONEXÃO
Além de usar adequadamente o gestual, é importante também saber o que falar ou o que não
falar no ambiente corporativo. Leia o artigo Como não falar na vida corporativa, disponível em:
<http://www.polito.com.br/portugues/artigo.php?id_nivel=12&id_nivel2=155&idTopico=1062>
Segundo, temos os movimentos das mãos, dos braços e da cabeça. Esses mo-
vimentos devem ser bem articulados e espontâneos. O exagero no movimento
dos braços e das mãos deve ser evitado, pois poderá chamar mais atenção do que
a nossa própria mensagem: “é bom lembrar que gestos exagerados como esmur-
rar a mesa ou outros sinais de fúria podem ser mal vistos pelas pessoas. E, claro,
bater numa mesa pode abafar o som de suas palavras” (HELLER, 2000, p. 12).
O gestual ou a linguagem não verbal podem variar de país para país. Por exemplo, “o OK
dos norte-americanos é ofensivo entre brasileiros e dinamarqueses. Não se aponta com
o dedo na China. Apertar as mãos com muito entusiasmo pode parecer excessivo para
os ingleses. Balançar a cabeça para dizer ‘não’significa ‘sim’para os indianos. E abraçar
alguém em Singapura está fora de questão” (HELLER, 2000, p. 12).
26 • capítulo 1
deve chamar mais atenção do que a própria mensagem. É preciso evitar tanto
uma postura rígida como uma postura curvada e vacilante.
Vamos a algumas dicas sobre o uso do gestual e da postura corporal durante
uma apresentação oral.
Para um bom gestual:
1. Evite falar com as mãos nos bolsos, atrás das costas ou de braços cruzados;
2. Não fale sem fazer gesto algum nem use gestos demais;
5. Não se apresente com uma postura humilde, de alguém derrotado, nem com pre-
potência ou arrogância;
8. Não abra demais as pernas, nem as feche muito para não perder o equilíbrio;
9. Use a gesticulação de maneira natural, para acentuar ideias, palavras ou para mar-
car o ritmo de sua fala e procure sempre variar os gestos, evitando um padrão
repetitivo;
10. Mantenha sempre o contato visual com a plateia. Mesmo que você tenha que ler
seu discurso, ensaie e organize o texto no papel, de forma que você possa sempre
levantar o olhar. Assim, você estará demonstrando que valoriza seus ouvintes e ao
mesmo tempo, estará pronto para perceber as suas reações. Isto é importante, pois
lhe permitirá fazer os ajustes e as modificações necessários;
capítulo 1 • 27
O gestual não é importante apenas para quem está falando ou aquele que
usa a palavra em determinado momento de uma reunião. Os gestos também
têm sua relevância em relação a quem está ouvindo.
Gestos de apoio, como olhar nos olhos ou balançar a cabeça para quem está falando,
criam empatia – a menos que a outra pessoa possa perceber que você está esconden-
do sentimentos. Todo mundo pode controlar a linguagem corporal até certo ponto, mas
não totalmente. Escolha suas palavras com cuidado e seja o mais sincero possível para
não ser traído pelo próprio corpo (HELLER, 2000, p. 13).
1.6.3 Articulação
Para que nossa mensagem seja ouvida nitidamente, é preciso uma boa articulação.
As palavras devem ser pronunciadas claramente, sem dar margem para dúvidas ou
qualquer confusão.
Temos de ter cuidado ao pronunciarmos determinadas palavras, a fim de não
trocarmos certas letras ou omitirmos outras. Também é importante pronunciar-
mos as palavras com uma articulação adequada, sem frouxidão e falta de nitidez
nos movimentos bucais. Se falarmos com desleixo, muitas palavras poderão soar
de forma confusa.
REFLEXÃO
Mesmo emitindo corretamente suas falas, você precisa cuidar ainda da maneira como você
as pronuncia. O orador que pronuncia bem as palavras é melhor compreendido, pois os ou-
vintes não precisam fazer esforço para compreendê-lo. Quem pronuncia mal as palavras,
geralmente o faz por negligência. O orador que pronuncia mal as palavras é facilmente desa-
creditado; já o orador que pronuncia bem, imprime imediatamente a imagem de uma pessoa
bem preparada e com boa formação.
28 • capítulo 1
1.6.4 Ritmo e pausa
Nossa fala nunca é uma emissão contínua e frequente de sons. Precisamos res-
pirar e, por isso mesmo, fazemos as pausas. Aliás, uma boa respiração é funda-
mental para chegarmos bem até o final de nossas comunicações orais.
Sem respirar bem não é possível falar bem. Portanto, ao falar, faça as pausas
que forem necessárias para manter sempre uma boa reserva de ar em seus pul-
mões. A medida de ar correta é a que fizer você se sentir confortável, a que permitir
você lançar sua fala com um bom volume e articular corretamente as palavras (Fon-
te: DVD Como falar em público, Suma Econômica).
As pausas podem servir, também, para dar oportunidade de desenvolver-
mos um determinado pensamento que vamos formulando à medida que fala-
mos. Além disso, uma fala adequadamente pausada permite que os ouvintes
acompanhem nossa exposição sem muita dificuldade.
As pausas devem, ainda, servir como recurso para imprimir certo suspense
diante de algo que vamos enunciar ou para enfatizar uma palavra que pronun-
ciaremos logo depois.
A cadência e a velocidade de nossa fala estão relacionadas também com a
pausa. O balanço rítmico da nossa fala é importante para a clareza da mensagem
e a atenção dos ouvintes. Se falarmos com excessiva rapidez ou com uma sono-
lenta lentidão, certamente teremos ouvintes incomodados ou desinteressados.
Você deve eleger, antes ou durante a fala, onde você pode acelerar mais o seu discur-
so e onde você deve dizê-lo mais pausado. Esta opção deve estar relacionada com o
conteúdo do que você está falando em cada momento. De qualquer forma, a variação
de velocidade é uma maneira de dar mais dinâmica à sua fala, evitando que ela fique
monótona e previsível. Mais uma vez, deve-se ter cuidado na utilização desse recurso. A
rapidez excessiva pode gerar um tipo de monotonia. Falar pausadamente também não
é garantia de que a mensagem será melhor apreendida. O equilíbrio de tom, velocidade
e volume é que dará organicidade à sua fala, estabelecendo uma melhor comunicação
com a plateia (Fonte: DVD Como falar em público, Suma Econômica).
capítulo 1 • 29
1.7 Usando recursos especiais para falar em público
1.7.1 O microfone
1.7.2 Retroprojetor
Embora tenhamos cada vez mais projetores multimídia disponíveis para apre-
sentações, o retroprojetor ainda é bastante utilizado no contexto acadêmico e
profissional para apresentações.
Pelo fato de sua operação e transporte ser relativamente simples, o retropro-
jetor é um recurso bastante acessível e comum.
30 • capítulo 1
Vamos a algumas dicas para o seu uso.
a) Sempre se assegure de que o retroprojetor está preparado e funcionando.
c) lembre-se que quanto menos texto você utilizar por transparência, mais
chance de impacto haverá.
d) use ponteiras para facilitar a indicação do que você vai dizer a partir das
transparências.
Você derruba suas transparências no chão: Faça uma piada sobre o quanto você é
desastrado. Pegue as transparências do chão e organize-as rapidamente, porém com
calma. Quando terminar, recomece a apresentação como se nada tivesse acontecido,
sem ficar falando no assunto por meia hora.
Uma providência que pode ajudá-lo, e muito, nessa situação é você numerar previamen-
te as transparências que for apresentar.
Você prepara as transparências e descobre que não tem um retroprojetor disponível:
transparências servem de roteiro para a plateia e para seu discurso. Sem um retroproje-
tor é impossível tentar usá-las para ajudar seu público, mas você pode colocá-las a seu
lado, sobre uma mesa, e lançar mão delas para saber o que tem de falar. O ideal é você
ter uma versão impressa em papel normal, em tamanho reduzido, de cada transparên-
cia, assim poderá utilizá-las como cartões de referência. (BRASIL, 20003, p. 148-149).
Além das sugestões e recomendações vistas até aqui, cabe acrescentar que é
importante mantermos sempre uma abertura para o feedback em nossas comu-
capítulo 1 • 31
nicações orais. Mesmo que este feedback não corresponda à participação direta
de alguém, falando ou perguntando alguma coisa, precisamos estar atento à
reação de nosso auditório ou ouvinte.
O comportamento, os gestos e as atitudes de nossos ouvintes podem reve-
lar a maneira como eles estão recebendo nossa mensagem. Se for convenien-
te fazer perguntas e ouvir o auditório ou nosso interlocutor, poderemos então
receber uma resposta ou medida de como está chegando nossa comunicação.
Uma das formas de feedback são as perguntas que um auditório faz durante
ou após uma apresentação. As perguntas do público, no entanto, podem causar
certo embaraço ou dificuldades. Por isso, além de dominar o assunto de sua
apresentação, outras dicas podem ser úteis:
1. Saiba que 99% das pessoas estão lá para ouvi-lo, e não para criticá-lo.
Uma pergunta difícil não é feita para derrubá-lo, mas sim porque real-
mente surgiu uma dúvida a respeito. Portanto, seja sempre educado e
prestativo.
32 • capítulo 1
ponibilizando seu telefone ou e-mail e peça para que as pessoas interes-
sadas entrem em contato posteriormente. Em alguns casos não é pos-
sível simplesmente dizer: “não sei”, e quando isso acontecer você deve
dar referências sobre o assunto, mesmo sem saber a resposta exata. O
importante é não mentir nem inventar.
Certa vez eu li que todo orador enfrenta três tipos de problema em uma apresentação:
o probleminha, o problema e o problemão.
O primeiro se refere a subir ao palco, a começar a falar. O segundo está relacionado ao
falar bem, a ter a habilidade de expressar suas ideias de maneira agradável e coerente.
Já o problemão é não saber a hora de parar de falar. (BRASIL, 2003, p. 99).
Quando não nos damos conta de que toda mensagem ou discurso tem seu
limite, poderemos incorrer no erro de cansarmos nosso ouvinte ou tornar nos-
sa comunicação ineficaz. Na dúvida sobre quanto tempo falar ou o tamanho do
nosso discurso, há quem aconselhe elaborar textos, discursos ou falas breves.
Já disseram que quem não faz nada nunca erra. Da mesma forma, se seu discurso é
pequeno, fica muito mais difícil de ele se transformar em um mau discurso.
Se seu público ficar cansado, ele perderá a concentração, irá se levantar e simples-
mente esquecer que você está ali falando. O segredo para evitar que isso aconteça é
sempre parar de falar antes que o público queira deixar de ouvir.
Para determinar o tempo de seu discurso leve em conta elementos como a extensão do
tema. Não adianta querer falar por cinco horas de um comercial de televisão de trinta
segundos. Vai ficar cansativo.
capítulo 1 • 33
Pense também no horário da apresentação. É muito cedo? Muito tarde? É depois ou
antes do almoço? Todas essas questões são relevantes para definir por quanto tempo
você pode falar.
Considere ainda se você será o único palestrante a se apresentar. Em alguns con-
gressos, os participantes chegam a assistir a mais de dez palestras em um mesmo dia.
Neste caso, não se estenda mais do que o estritamente necessário.
Como já dissemos antes, coloque-se no lugar do público que você saberá o que fazer.
(BRASIL, 2003, p. 146).
Assim como saber parar de falar é relevante, ouvir é tão importante que a ati-
tude de ouvir o outro com atenção pode inspirar confiança em relação a nossa
pessoa e ao que falamos. Por isso mesmo, vale a pena reproduzir aqui algumas
técnicas para ouvir sugeridas por Heller (2000, p. 14):
34 • capítulo 1
TÉCNICAS PARA OUVIR
ATIVIDADE
1. Para melhorar sua articulação, adquira o hábito de ler textos em voz alta, procurando
pronunciar corretamente cada palavra. Outro bom exercício é colocar um objeto entre os
dentes e procurar pronunciar as palavras. Ao remover o obstáculo, seus músculos faciais,
língua, alvéolos e maxilar estarão mais preparados para articular melhor as palavras (Fon-
te, DVD Como falar em público, Suma Econômica).
Fluir – fruir
Flagrante – fragrante
Franco – flanco
Infligir – infringir
Emergir – imergir
Arrear – arriar
capítulo 1 • 35
Despensa – dispensa
Fuzil – fusível
Vultoso – vultuoso
REFLEXÃO
A respeito da produção textual, há vários manuais, dicas e segredos sobre como escrever um
bom texto. Tudo isso pode até gerar certos mitos e ilusões sobre a escrita, como chegamos
a comentar neste capítulo. De qualquer modo, as sugestões sobre como fazer uma boa reda-
ção ou produzir bons textos podem conter algumas verdades ou até ajudarem parcialmente.
O importante é sabermos que não há um caminho fácil, é preciso bastante aplicação e con-
tinuidade no esforço para desenvolvermos nossa escrita.
Na Internet circula um texto bem humorado sobre dicas ou “mandamentos” para se es-
crever bem. Dê uma olhada e reflita sobre as sugestões que você considera mais pertinentes
e cabíveis no contexto organizacional.
4. “não esqueça das maiúsculas”, como já dizia dona loreta, minha professora lá no colégio
alexandre de gusmão, no ipiranga.
11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repeti-
ção da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra
se encontra repetida.
36 • capítulo 1
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: “Quem cita os outros não tem
ideias próprias”.
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é,
basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a
mesma ideia.
18. Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe
mais usar o sinal de interrogação
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível!
25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia con-
tida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma ideia central, o que nem
sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la
em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria
ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através
do uso de frases mais curtas.
Autor desconhecido
capítulo 1 • 37
Com relação ao desenvolvimento de estratégias de comunicação empresarial, pondere se
vale a pena deixar que as limitações ou dificuldades para falar em público se tornem um im-
pedimento cabal para o seu sucesso profissional ou seu relacionamento mais efetivo com as
pessoas. Se para você o falar em público não é um segredo ou problema, avalie sua atitude
em relação aos outros no que diz respeito ao ouvir com atenção e cuidado.
Finalmente, nossa recomendação é que você aplique o que estudou aqui e tenha suces-
so em suas produções escritas e orais.
LEITURA RECOMENDADA
Você pode investir no aprendizado sobre produção textual lendo artigos que tratam do as-
sunto. Uma sugestão é o artigo “A dinâmica da redação criativa: as estratégias que preparam
o terreno para quem quer escrever textos mais dinâmicos e criativos”, de Luiz Costa Pereira
Junior, publicado na Revista Língua Portuguesa, disponível em: <http://revistalingua.uol.com.
br/textos.asp?codigo=11730> .
Um dos autores mais populares e recomendados na área da oratória é Reinaldo Polito. In-
formações sobre seus livros e artigos são facilmente encontradas na WEB, vale a pena dar
uma conferida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Paulo S. A arte de falar em público. Rio de Janeiro: Forense e Gryphus, 2003.
BRASIL, André. Fale bem, fale sempre. São Carlos: RiMa, 2003.
CÂMARA JR. J. Mattoso. Manual de expressão oral e escrita. 14. ed. Petrópolis: Vozes,1997.
CINTRA, José C. Técnica para apresentações com recursos audiovisuais. São Carlos: Rima,
2002.
Como falar em público. Rio de Janeiro: Suma Econômica, 1996. (DVD e material didático).
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12. ed. São Paulo: Ática, 1996.
38 • capítulo 1
____. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Você tem dificuldades para escrever um bom texto? Quem não tem?
Pouca gente, não é mesmo? No próximo capitulo, vamos tratar dessa questão.
Trabalharemos alguns conceitos de texto e discurso, além de darmos indicações de como
elaborar textos com coesão e coerência.
capítulo 1 • 39
2
Texto, discurso,
coesão e coerência
textuais
2 Texto, discurso, coesão e coerência
textuais
OBJETIVOS
• Compreender o que é um texto e quais características ele deve ter.
• Conhecer os recursos para elaborar um texto bem escrito.
• Aplicar os conhecimentos adquiridos nas práticas de escrita e de produção textual.
REFLEXÃO
Sobre qual tema foi a sua primeira redação? Você ainda se lembra?
Ao longo de nossa vida escolar, fazemos inúmeras redações. E talvez uma das exigên-
cias mais frequentes nas redações é exatamente a da coesão e coerência do texto. Por isso,
quero convidar você a rever seus apontamentos escolares ou livros da Educação Básica que
tratavam da elaboração do texto e da necessidade de coesão e coerência textuais.
Neste capitulo, é muito importante relembrar esses conceitos e avaliar nossas habilida-
des em relação à produção textual.
42 • capítulo 2
cebe que pode ficar atrasada em relação a algum compromisso. Essa intenção
de quem pergunta pode ser chamada de enunciação ou ato ilocucional.
A enunciação está presente na maioria dos textos. No caso acima, poderíamos
imaginar a presença explícita dessa enunciação do seguinte modo:
“– Fulano, me diz que horas são agora porque eu não posso me atrasar...”
Mas é possível que um texto ou uma fala não traga explicitadas as intenções
do autor, ou seja, a enunciação pode estar implícita. Nesse caso, será preciso
ouvir ou ler o texto, entendê-lo e, também, perceber as intenções do autor. Aí,
então, teremos uma decodificação desse texto.
Podemos dizer, a partir dessas observações, que na produção de um texto
está envolvida a intenção ou a enunciação, mesmo que esta não esteja explici-
tada ou clara no texto. O entendimento do texto implica, então, a decodificação
da intenção de quem o produziu. Por isso mesmo, às vezes, a gente pergunta:
“Mas o que é que você quis dizer com isso?”. Temos, aí, uma pergunta sobre a
enunciação (ABREU, 1999, p. 10).
A partir dessa noção inicial sobre enunciação, vamos procurar entender o
que é um texto e um discurso. Vamos observar qual é a diferença entre eles
e de que modo a noção de texto e de discurso pode ajudar-nos na elaboração
de textos adequados e eficientes. Vamos conhecer alguns mecanismos que
nos auxiliam na produção de textos sem repetições desnecessárias e com um
vocabulário adequado.
capítulo 2 43
Além disso, não podemos descuidar quanto ao vocabulário, à adequação da
linguagem às situações e leitores que temos em vista e, ainda, temos de atentar
para a construção das frases e para a correção gramatical.
Voltando à noção de texto, vamos caracterizá-lo um pouco melhor.
Primeiramente, devemos considerar que um texto não é a soma de senten-
ças ou um aglomerado de frases. Ele deve ser um todo orgânico, com encade-
amentos que tornem suas partes interligadas. Isso implica, na leitura, que não
devemos tomar as frases ou as partes do texto isoladamente, sem considerar o
seu contexto. Se o texto é um todo orgânico, então, sua compreensão não pode
se basear apenas em um fragmento isolado do contexto.
Um texto precisa ser delimitado. Alguém já disse que um texto é “delimita-
do por dois espaços de não sentido, dois brancos, um antes de começar o texto
e outro depois”, ou seja, um texto tem início e fim, está delimitado num deter-
minado espaço. Isso implica uma organização textual. Se o texto é uma unida-
de, ele deve ter começo, meio e fim (PLATÃO & FIORIN, 2003, p. 17).
O texto deve ser, também, gerador de sentido. Caso isso não aconteça, não se
produzirá um discurso, o texto não se realizará. Os sentidos têm de ser marca-
dos pela coerência, devem ser, também, confirmados a partir de seu contexto.
A produção de um texto não está isolada de seu contexto histórico. O texto é o
produto de um sujeito que pertence “a um grupo social num tempo e num espaço”,
alguém que “expõe em seus textos as ideias, os anseios, os temores, as expectativas
de seu tempo e de seu grupo social” Assim, “é necessário entender as concepções
existentes na época e na sociedade em que o texto foi produzido para não correr o
risco de compreendê-lo de maneira distorcida” (PLATÃO & FIORIN, 2003, p. 17,18).
Se um texto deve ser “um todo orgânico gerador de sentido”, é preciso estabelecer
correspondência e articulação entre as partes do texto. As frases não podem ser
soltas ou simplesmente amontoadas, numa sequência sem sentido e unidade.
CONCEITO
Você sabia que a palavra texto está relacionada, em sua origem, com a palavra tecido. Daí que
podemos falar na “tecitura de um texto”, em “tecer um texto”. É preciso tecer os fios, ou tecer
as palavras, de tal forma que o texto se apresente coeso e orgânico: uma unidade articulada.
44 • capítulo 2
Assim como antigamente os aprendizes em seus teares iam dominando a técnica de seu
trabalho, na prática constante da redação de textos poderemos também dominar as técnicas
de uma boa escrita.
WIKIMEDIA
Aprendizes em seus teares
capítulo 2 45
Observe:
(1) “Ele é meu genro preferido, casou-se com ela há cinco anos...”
(2) “Encontrei o amigo no bar.”
(3) “O diretor reuniu-se com a secretária em sua sala.”
No primeiro exemplo (1), temos o termo “ela” sem retomar nada explicita-
mente dito. Nesse caso, podemos até subentender que “ela” seja a “filha” ou
“uma filha” de quem fala, mas não se explicita nada.
No segundo caso (2), o artigo definido “o” traz um problema de coesão por-
que ficamos com a informação incompleta. Não sabemos quem é “o amigo”,
pois a palavra aparece pela primeira vez sem que antes tenha havido referência
a esse amigo.
No terceiro caso (3), temos um problema de coesão provocado pela ambi-
guidade do pronome “sua”, já que a reunião pode ter sido tanto na sala do dire-
tor quanto na sala da secretária.
CONCEITO
A coesão por referência é o uso de pronomes, advérbios e artigos para retomar uma ideia ou
termos já expressados.
46 • capítulo 2
Primeiramente, uma situação que não apresenta uma retomada adequada
de determinados termos:
Fernando Haddad esteve, ontem, em Porto Alegre. Na referida cidade, o mes-
mo disse que o país tem investido mais na área educacional.
Observe, mais adiante, que há melhores opções para retomar ou fazer refe-
rência à cidade mencionada. Outra questão: o uso da palavra “mesmo” no lugar
de um pronome não é recomendável.
ATENÇÃO
Não convém usar a palavra “mesmo” (que pode ser advérbio, adjetivo ou substantivo) para
substituir um substantivo, pois ela é adequadamente empregada quando acompanha um
substantivo ou desempenha a função de substantivo (com o sentido de “a mesma coisa”).
Perceba que o advérbio de lugar “lá” e o pronome pessoal “ele” retomaram ade-
quadamente os termos que estão presentes na primeira sentença.
A mesma coisa acontece no exemplo abaixo:
“Comprei um livro. Um livro, entretanto, não me agradou.”
“Comprei um livro. O livro, entretanto, não me agradou.”
capítulo 2 47
2.3.2 Coesão lexical
CONCEITO
Hiperônimo: Quando uma palavra mantém com outra uma relação todo/parte ou classe/
elemento. Exemplo: Gosto muito de salgadinhos. Empada, então, adoro.
48 • capítulo 2
Veja, ainda, alguns exemplos com o uso de hiperônimos:
Termo depreciativo:
Fernando Haddad esteve, ontem, em Porto Alegre. Lá, o representan-
te da burocracia estatal alegou que o país tem investido mais na área
educacional.
c) uso de metonímias:
Vejamos, agora, um exemplo de coesão lexical com o uso de metonímias.
capítulo 2 49
CONEXÃO
Veja mais sobre coesão referencial e lexical no link abaixo:
<http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/coesao-textual.jhtm>
ATENÇÃO
A coesão por elipse é a retomada de uma ideia ou referência na segunda sentença por meio
de uma ausência ou omissão.
Muitas vezes, por questões de economia, a gente pode utilizar um único termo
para substituir uma expressão mais extensa ou uma sequência inteira. Desse
modo, deixamos o texto mais enxuto e mantemos sua coesão usando termos
como “tudo isso” para substituir outras partes mais extensas.
A coesão por substituição é aquela que substitui ou abrevia uma sequência
utilizando termos sintéticos ou predicados prontos.
Confira o exemplo:
O novo diretor pretende anunciar as novas regras para os processos de con-
tratação temporária, mas não deverá fazer isso neste mês.
50 • capítulo 2
2.4 Coesão textual e a articulação sintática do texto
Vejamos, por último, alguns mecanismos que estabelecem a coesão textual por
meio de articulações sintáticas. As articulações sintáticas são processos que li-
gam, sintaticamente, as sentenças umas às outras. As articulações são feitas
por meio de conectivos ou termos articuladores.
Vamos, então, a alguns tipos de articulação sintática, chamando sua aten-
ção para os exemplos que serão dados.
PORQUE, POIS, COMO, POR ISSO QUE, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE; POR,
POR CAUSA DE, EM VISTA DE, EM VIRTUDE DE, DEVIDO A, EM CONSEQUÊNCIA DE,
POR MOTIVO DE, POR RAZÕES DE
capítulo 2 51
2.4.2 Articulação sintática de causa
SE, CASO, CONTANTO QUE, DESDE QUE, A MENOS QUE, A NÃO SER QUE
52 • capítulo 2
2.4.4 Articulação sintática de finalidade
PARA, A FIM DE, COM O PROPÓSITO DE, COM A INTENÇÃO DE, COM O FITO DE, COM O INTUITO
DE, COM O OBJETIVO DE
LOGO, PORTANTO, ENTÃO, ASSIM, POR ISSO, POR CONSEGUINTE, DE MODO QUE, EM VISTA DISSO,
POIS (APÓS O VERBO)
Embora alguns autores cheguem até mesmo a não fazer distinção entre coesão
e coerência, vamos tomar a coerência como a interligação das ideias em um tex-
to de forma clara e lógica. A coerência textual está, assim, ligada à capacidade
de se estabelecer um sentido para o texto.
capítulo 2 53
b) Informatividade: Um texto deve ter um grau adequado de informações
previsíveis e imprevisíveis. Isso significa que o texto deve apresentar in-
formações dadas ou já sabidas e informações novas, mas sem se tornar
redundante pela quantidade exagerada de informações conhecidas e
sem exagerar também nas informações novas.
54 • capítulo 2
j) Focalização: é importante o foco ou a concentração do produtor e do leitor
do texto em determinada área de interesse, pois isso permite a apreensão do
significado do texto. Ao focar o texto em determinada área de seu interesse,
o leitor ou o produtor do texto fazem a leitura/produção de acordo com sua
visão, seu propósito, suas vivências, seu conhecimento de mundo etc.
ATIVIDADE
1. Como você resolveria a ambiguidade das frases abaixo?
a) O gerente conversou com o supervisor em sua sala.
b) Encontrei um funcionário entre o grupo que estava uniformizado.”
2. A partir da lista de características abaixo, marque sim ou não conforme a pertinência para
o texto empresarial.
Vocabulário sofisticado ( ) sim ( ) não
Clareza ( ) sim ( ) não
Vocabulário simples e formal ( ) sim ( ) não
Objetividade ( ) sim ( ) não
Frases curtas ( ) sim ( ) não
Frases longas ( ) sim ( ) não
Frases rebuscadas ( ) sim ( ) não
Gramática correta ( ) sim ( ) não
SHRESTHA, Urjana. Eu tenho um sonho. In: Jovens do mundo inteiro. Todos temos direi-
tos: um livro de direitos humanos. 4a ed. São Paulo: Ática, 2000. p.10.
a) amigos
b) direitos
c) homens
d) sonhos
e) jovens
a) Inclusão social é uma das principais metas do turismo. O segmento de Aventura Es-
pecial ficou de fora do projeto.
e) A escola abriu novas vagas no turno da tarde. Muitas crianças estão sem poder es-
tudar.
56 • capítulo 2
4. Reescreva o texto melhorando sua coesão textual.
“Diz-se que o macarrão era apenas um canudinho de massa que os chineses usavam
para tomar bebidas. Marco Polo não entendeu o uso do macarrão, ensinou seus compa-
triotas a cozinhar e a comer o macarrão e transformou o macarrão num sucesso culinário
definitivo.”
a) A polícia não tem pistas dos culpados, mas a polícia vai empenhar-se para chegar
aos culpados.
b) Os alunos acharam a prova com um alto grau de dificuldade, mas os alunos pediram
ao professor que a próxima prova não tivesse um alto grau de dificuldade.
REFLEXÃO
Vimos, neste capítulo, que a coesão textual é responsável pelo encadeamento harmônico do
texto, constituindo-se em um processo que estabelece a relação entre as sentenças ou as
partes do texto. Se escrevermos adequadamente um texto, mantendo sua coesão, facilitare-
mos o trabalho de leitura, pois o leitor não terá de fazer um esforço excessivo para associar
as ideias ou as partes do texto que escrevemos.
LEITURA RECOMENDADA
Para aprofundar seus conhecimentos sobre cognição e texto, faça a leitura de Cognição e
texto: a coesão e a coerência textuais, de Carmen Elena das Chagas, um estudo sobre a im-
portância da coesão e da coerência na construção da progressividade do texto, o qual toma
como modelo o processo cognitivo que ambas necessitam para exercer o fundamental papel
de elementos linguísticos presentes na superfície textual, pois se interligam e se interconec-
tam, por meio de recursos também linguísticos, de modo a formar um “tecido” no contexto
em que estão inseridas.
Disponível em Ciências & Cognição 2007; Vol. 12: 214-218
<http://www.cienciasecognicao.org >
capítulo 2 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, A. S. Curso de redação. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999.
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998.
GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed.
São Paulo: Pearson Education, 2005.
HELLER, Robert. Como se comunicar bem. São Paulo: Publifolha, 2000. (Série Sucesso
Profissional).
RIBEIRO, Manuel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 15 ed. revisada e ampliada. Rio
de Janeiro: Metáfora, 2005.
SAVIOLI, F. P., FIORIN, J. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Após trabalharmos a noção de texto e apresentarmos mecanismos de coesão textual, vamos
desenvolver no capítulo seguinte, primeiramente, o tema crase, os casos em que há obriga-
toriedade do uso, os casos facultativos e as situações em que a crase não deve ser utilizada.
Vamos apresentar também uma introdução sobre pronomes, sobre o emprego adequado dos
pronomes pessoais e por fim, trataremos da colocação pronominal.
58 • capítulo 2
3
Crase e colocação
pronominal
3 Crase e colocação pronominal
Neste capítulo, iniciamos com explicações sobre a origem da crase, seu empre-
go, apresentando as situações em que seu uso é obrigatório, veremos também
os casos em que seu uso é facultativo e quando não devemos usar a crase, além
dos casos especiais. Na sequência, trataremos do papel fundamental exercido
pelos pronomes nas interações verbais, assim como da classificação e emprego
dos pronomes pessoais.
Finalizamos o capitulo com a posição dos pronomes oblíquos átonos em
relação aos verbos, apresentando deste modo a colocação pronominal.
OBJETIVOS
• Compreender o que é a crase, saber empregá-la nas diferentes situações, sejam elas obri-
gatórias, facultativas ou nos casos em que não se usa a crase;
• Compreender o papel exercido pelos pronomes nas interações verbais;
• Classificar os pronomes pessoais e empregá-los de forma adequada;
• Saber empregar os pronomes oblíquos átonos em relação aos verbos e de acordo com as
regras de colocação pronominal.
REFLEXÃO
Vou a Bahia? Ou vou à Bahia? Você já se deparou com muitas dúvidas a respeito do
uso da crase? Lembra-se de situações, seja na sua vida acadêmica ou profissional, em que
se perguntou se tem crase ou não tem crase em determinada oração? E nas situações de
emprego de pronome? Isto é pra mim fazer? Ou Isto é pra eu fazer? Pois bem, nesse capítulo
vamos fazer as pazes com esses dilemas, por meio de muito estudo, é claro!
60 • capítulo 3
Atualmente, ocorre a crase apenas com dois aa: preposição + artigo definido
(à, às) ou preposição + pronome demonstrativo (àquele, àquela, àquilo etc.).
3.2.1 1º Caso
CONEXÃO
Crase e acento são conceitos distintos; entender essa distinção é fundamental para bem
compreender este assunto.
capítulo 3 • 61
3.2.1.2 Chegamos a Fortaleza. a + Ø
O termo regente “Chegamos” exige a preposição a: quem chega, chega a algum
lugar; o termo regido “Fortaleza” não admite o artigo definido a (Fortaleza é ca-
pital do Ceará.). Portanto, não ocorre a crase, sendo este a preposição essencial.
Ø + aquela ou:
62 • capítulo 3
Não encontrei (Ø) essa resposta.
ATENÇÃO
Em vez de usarmos as expressões “a craseado” e “a com crase”, devemos empregar mais
propriamente ocorre a crase; o a recebe, pois, acento grave. Ao dizer “Já assisti àquele filme”,
ocorre a crase e, consequentemente, o pronome demonstrativo recebe acento grave.
capítulo 3 • 63
Procure justificar a ocorrência da crase nestes versos do escritor José Paulo
Paes:
Sem a pequena morte
de toda noite
como sobreviver à vida
de cada dia?
ATENÇÃO
Ocorrerá a crase antes das palavras casa (lar), terra (antônima de bordo) e distância se
aparecerem com modificador ou forem delimitadas.
Ex.: Cheguei a casa de madrugada.
Mas: Voltei à casa de minha namorada cedo.
Retornamos a terra à noitinha.
Mas: Retornarei à terra de meus avós.
No zoológico, os animais ficam a distância.
Mas: Os guardas ficaram à distância de vinte metros.
3.2.2 2º Caso
ATENÇÃO
Ocorrendo a elipse da palavra moda ou maneira, das expressões à moda de, à maneira
de, ocorrerá a crase diante de nomes masculinos:
Calçados à Luís XV. (à moda de Luís XV).
Estilo à Coelho Neto.
Era um senhor atarracado, de grossos bigodes à Kaiser. (José Maria Belo)
Aliás, magníficas perucas à Luís XIV. (Mário Quintana)
64 • capítulo 3
Além da ocorrência da crase com termos regentes e regidos, há o caso de
locuções com palavras femininas: são as locuções adverbiais, prepositivas e
conjuntivas.
As locuções adverbiais mais frequentes são: às vezes, à noite, às claras, à toa.
Os escritores as empregam constantemente: Esses ficarão à direita da Mão (Jor-
ge de Lima). Santos cumpriu tudo à risca (Machado de Assis).
São bastante conhecidas as locuções prepositivas: à procura de, à custa de,
à volta com: À força de pensar, acabou adormecendo. Drummond escreveu: “O
noivo seguia para a casa da noiva, à frente de um cortejo”.
Apenas a relação de proporção forma as locuções conjuntivas proporcio-
nais: À medida que descia, tranquilizava-se. (Graciliano Ramos) E à proporção
que os dias iam passando, os registros eram cada vez mais sucintos. (Carlos Drum-
mond de Andrade)
Sempre ocorrerá crase nas locuções adverbiais com a palavra horas (mesmo
subentendida): Cheguei a casa às dez horas. Casou no sábado e logo na terça en-
trava em casa às três da manhã. (Dalton Trevisan)
Nestes casos, o uso do acento grave é facultativo desde que o termo regente exi-
ja a preposição a. Caso contrário, não podemos pensar na ocorrência da crase.
Antes de pronome possessivo feminino
Ex. – Escrevi a / à minha professora. STOCKBYTE / GETTY IMAGES
capítulo 3 • 65
CONEXÃO
Você percebeu que a crase sempre foi assunto de muitas dúvidas entre os alunos. Você
poderá conhecer mais sobre o assunto, lendo o artigo Crase, disponível no link:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br>.
66 • capítulo 3
de uma redundância ou pleonasmo vicioso. Eles deveriam escrever e cantar “Eu
nasci há dez mil anos...” ou “Eu nasci dez mil anos atrás...”, restando apenas a
hipérbole – figura de linguagem –, mas o vício de linguagem não.
Antes de resolver as atividades, leia este artigo sobre crase, presente no site
<http://www.gramaticaonline.com.br/gramatica/janela.asp?cod=92>, onde você
encontrará outra forma de apresentação, com novos exemplos.
3.4 Crase
Para saber se ocorre ou não a crase, basta seguir três regras básicas:
2. Se a preposição a vier de um verbo que indica destino (ir, vir, voltar, che-
gar, cair, comparecer, dirigir-se...), troque este verbo por outro que in-
dique procedência (vir, voltar, chegar...); se, diante do que indicar pro-
cedência, surgir da, diante do que indicar destino, ocorrerá crase; caso
contrário, não ocorrerá crase.
Ex. – Vou a Porto Alegre.
Sem crase, pois: Venho de Porto Alegre.
Ex. – Vou à Bahia.
Com crase, pois: Venho da Bahia.
capítulo 3 • 67
3. Se não houver verbo indicando movimento, troca-se a palavra feminina
por outra masculina; se, diante da masculina, surgir ao, diante da femi-
nina, ocorrerá crase; caso contrário, não ocorrerá crase.
Ex. – Assisti à peça.
Com crase, pois: Assisti ao filme.
Ex. – Paguei à cabeleireira.
Com crase, pois: Paguei ao cabeleireiro.
Ex. – Respeito as regras.
Sem crase, pois: Respeito os regulamentos.
Casos especiais
1. Diante das palavras moda e maneira, das expressões adverbiais à moda
de e à maneira de, mesmo que as palavras moda e maneira fiquem su-
bentendidas, ocorre crase.
Exs.:
Fizemos um churrasco à gaúcha.
Comemos bife à milanesa, frango à passarinho e espaguete à bolonhesa.
Joãozinho usa cabelos à Príncipe Valente.
68 • capítulo 3
5. Diante do pronome relativo que ou da preposição de, quando for fusão
da preposição a com o pronome demonstrativo a, as (= aquela, aquelas).
Exs.:
Essa roupa é igual à que comprei ontem.
Sua voz é igual à de um primo meu.
6. Diante dos pronomes relativos a qual, as quais, quando o verbo da ora-
ção subordinada adjetiva exigir a preposição a, ocorre crase.
Ex.: – A cena à qual assisti foi chocante. (quem assiste assiste a algo)
capítulo 3 • 69
11. A palavra CASA
A palavra casa só terá artigo se estiver especificada, portanto só ocorrerá cra-
se diante da palavra casa nesse caso.
Exs.:
Cheguei a casa antes de todos.
Cheguei à casa de Ronaldo antes de todos.
3.5 Pronome
ATENÇÃO
Os pronomes exercem papel fundamental nas interações verbais. São eles que indicam
as pessoas do discurso, expressam formas sociais de tratamento e substituem, acompanham
ou retomam palavras e orações já expressas. Contribuem, assim, para garantir a síntese, a
clareza, a coerência e a coesão do texto. (CEREJA; MAGALHÃES, 2005).
70 • capítulo 3
3.6 Pronomes pessoais
PRONOMES PRONOMES
NÚMERO PESSOA RETOS OBLÍQUOS
Singular 1ª eu me, mim, comigo
2ª tu te, ti, contigo
se, si, consigo, o, a,
3ª ele/ela
lhe
Plural 1ª nós nos, conosco
2ª vós vos, convosco
se, si, consigo, os,
3ª eles/elas
as, lhes
capítulo 3 • 71
• O, a, os e as viram lo(a/s) quando associados a verbos terminados em r, s
ou z e viram no (a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.
• O/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo
ou verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver
(mandei-o entrar / eu o vi sair / deixei-as chorando).
• Você hoje é usado no lugar das segundas pessoas (tu/vós), levando o ver-
bo para a 3ª pessoa.
• As formas de tratamento serão precedidas de vossa quando nos dirigir-
mos diretamente à pessoa, e de sua quando fizermos referência a ela.
Troca-se na abreviatura o v. Pelo s.
• Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu)
passam a funcionar como oblíquos.
• Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem
como sujeito de um verbo no infinitivo. (isto é para eu fazer.).
• Pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assu-
mem forma reta e podem funcionar como objeto direto (estava só ele no
banco / encontramos todos eles).
• Me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos po-
dem ter valor reflexivo e recíproco.
• Si e consigo têm valor, exclusivamente, reflexivo e são usados para a 3ª
pessoa.
• Conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e
com vós) quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos,
próprios, numeral ou oração adjetiva).
• Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, pre-
dicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós (nós temos uma
proposta. / Eu sou eu e pronto. / Ó, tu, senhor jesus.)
• Não se pode contrair as preposições de e em com pronomes que sejam
sujeitos. (Em vez de ele continuar, desistiu).
• Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (levaram-me o di-
nheiro / pesavam-lhe os olhos);
• Alguns pronomes átonos são partes integrantes de verbos como suici-
dar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se etc.
• Podemos usar alguns pronomes oblíquos como expressão expletiva.
(Não me venha com essa)
72 • capítulo 3
Observe o uso dos pronomes pessoais neste excerto da música Oração ao
tempo, de Caetano Veloso:
Oração ao tempo
CONEXÃO
Para acesso à letra da música na íntegra, acesse: <http://www.vagalume.com.br/caetano-
veloso/oracao-ao-tempo.html#ixzz2NElXf8k5>. Acesso em 11/3/2013.
capítulo 3 • 73
3.7 Colocação pronominal
Os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos)
formam, com o verbo, um todo fonético. São colocados, frequentemente, após
a forma verbal (ênclise); muitas vezes, antes (próclise); mais raramente, no
meio (mesóclise). Mas essa colocação não é indiferente, pois, com os pronomes
átonos, o verbo se alonga e o ritmo da frase modifica-se. A correta colocação do
pronome átono será sempre aquela que provocar um ritmo agradável, caracte-
rístico do Português.
“Deixem-me ser! Sentir-me-ei homem somente quando me deixarem usar uma cabeça
que pensa, uma boca não muda e mãos feitas para ação.”
74 • capítulo 3
3.8 Próclise
3.8.1 Advérbios
Exs.:
Jamais os esquecerei.
Já me criticaram várias vezes.
Nunca se queixa nem se aborrece.
3.8.2 Pronomes
Exs.:
Aquilo nos interessa muito. (demonstrativo)
Tudo se transforma neste mundo. (indefinido)
Quem te viu lá? (interrogativo)
... para assistir à cerimônia que se realizará... (relativo)
Só então Luísa adivinhou o que se teria passado. (Fernando Namora)
capítulo 3 • 75
Observe como David Hume, filósofo escocês, empregou a próclise com o
pronome relativo:
A beleza das coisas existe na mente de quem as contempla.
COMSTOCK / GETTY IMAGES
Exs.:
Espero que me entendas!
Embora a reconhecesse, não a cumprimentei.
Sempre que nos encontrávamos, brigávamos muito.
Disse-me que não iria à festa, ainda que a convidassem.
Exs.:
Como te iludes, ó alma humana!
Deus os abençoe!
Quando me pedirás perdão?
Que de coisas me disse a propósito da Vênus de Milo! (Machado de Assis)
ATENÇÃO
Com os pronomes pessoais retos ou com substantivos, vale a eufonia. Ex. – Eu te amo. / Eu
amo-te. – Os noivos se beijaram. / Os noivos beijaram-se.
76 • capítulo 3
3.8.5 Com formas verbais proparoxítonas
Exs.:
Nós a procurávamos sempre no mesmo lugar.
Nós lhe obedecíamos sempre.
Exs.:
Em se falando de educação,...
Em se tratando de um caso urgente, nada o retinha em casa.
Em se pondo o sol, vão-se os pássaros.
Explique, agora, por que o escritor Eça de Queirós empregou a próclise nes-
te pensamento:
Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua
terra; todas as outras as deve falar, orgulhosamente mal, com aquele acento chato
e falso que denuncia logo o estrangeiro.
Leia esta crônica de Millôr Fernandes e observe como ele emprega a coloca-
ção pronominal, tanto na norma culta, como na expressão coloquial da perso-
nagem infantil:
A morte da tartaruga
DAVID DE LOSSY / PHOTODISC / GETTY IMAGES
O menininho foi ao quintal e voltou
chorando: a tartaruga tinha morrido. A
mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tar-
taruga com um pau (tinha nojo daquele
bicho) e constatou que a tartaruga tinha
morrido mesmo. Diante da confirmação
da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda
com mais força. A mãe a princípio ficou
penalizada, mas logo começou a ficar
aborrecida com o choro do menino. “Cui-
dado, senão você acorda o seu pai”. Mas
o menino não se conformava. Pegou a tar-
taruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o
capítulo 3 • 77
casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria,
queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu
uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com
a morte do seu animalzinho de estimação.
Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro e veio, estremunhado, ver de que
se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: — “Está aí assim
há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o que faço. Já lhe prometi tudo,
mas ele continua berrando desse jeito”. O pai examinou a situação e propôs: — “Olha,
Henriquinho. Se a tartaruga está morta não adianta mesmo você chorar. Deixa ela
aí e vem cá com o pai”. O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque
e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse:
— “Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava mui-
to dela. Mas nós vamos fazer para ela um grande funeral”. (Empregou de propósito
a palavra difícil.) O menininho parou imediatamente de chorar. “Que é funeral?” O
pai lhe explicou que era um enterro. “Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa
bem bonita, bastantes balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos
a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniver-
sário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o
‘Happy-Birth-Day-To-You’ pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois
pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartarugui-
nha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso é
que é funeral! Vamos fazer isso?” O garotinho estava com outra cara. “Vamos, papai,
vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar
ela”. Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. “Papai, pa-
pai, vem cá, ela está viva!” O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A
tartaruga estava andando de novo normalmente. “Que bom, hein?” — disse — “Ela
está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!” “Vamos sim, papai” — disse o menino
ansioso, pegando uma pedra bem grande — “Eu mato ela”.
78 • capítulo 3
3.9 Mesóclise
Exs.:
Entregaremos a encomenda amanhã.
Entregá-la-emos amanhã.
Eu derrocarei o templo de Jeová e edificá-lo-ei em três dias! (Eça de Queirós)
Exs.:
Daria a resposta ao aluno se a tivesse.
Dar-lhe-ia a resposta se a tivesse.
Dar-lha-ia se a tivesse.
Sua atitude é serena, poder-se-ia dizer hierática, quase ritual. (Raquel de Queirós)
Não obedeci logo, mas não pude negar nada. Continuei a tremer muito. Policar-
po bradou de novo que lhe desse a moeda, e eu não resisti mais, meti a mão no bolso,
vagarosamente, saquei-a e entreguei-lha. (Machado de Assis, Conto de Escola).
ATENÇÃO
Se o pronome começar por vogal (o, a, os, as), o verbo perderá a consoante –R, e o pronome
ganhará a consoante –L, por questão de eufonia. Ex. – Substituiremos o jogador. = Substi-
tuí-lo-emos.
O pronome que começar por consoante (me, te, se, lhe, nos, vos), será encaixado sempre
após o –R, sem perda de fonema. Ex. – Perdoaremos ao prefeito. = Perdoar-lhe-emo.
capítulo 3 • 79
pelos literatos que dominam a norma culta e, por uma questão de estilo, usam
a pró-forma pronominal, visando à coesão (anáfora) e, principalmente, à corre-
ção gramatical.
Os brasileiros não empregam corretamente a mesóclise (pronome no meio
do verbo) porque não aprenderam nos bancos escolares ou porque pensam que
compete apenas aos escritores usar os pronomes mesoclíticos.
Dir-se-ia que estavam na Índia, escreveu Vinícius de Moraes. Assim como o
poeta, utilizamos a mesóclise somente quando a oração começar com forma
verbal no futuro do presente (cujo morfema modo-temporal é –RE): Dir-te-ei a
verdade. Encontrá-lo-á no parque; ou com forma verbal no futuro do pretérito
(cujo morfema modo-temporal é –RIA): Far-me-ias um favor? Se você quisesse,
trá-la-ia amanhã.
CONEXÃO
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algu-
mas normas devem ser observadas, sobretudo na linguagem escrita. Veja no link abaixo, o que
preceitua a gramática normativa para a colocação pronominal: <http://www.portugues.com.br>
80 • capítulo 3
Pode-se repetir que ninguém é insubstituível, mas a dra. Zilda Arns, vítima do ter-
remoto que arruinou o Haiti, era, sim, uma pessoa imprescindível. Nela mostrava-se
imperceptível a distância entre intenções e ações. Formada em medicina e movida
por profundo espírito evangélico – era irmã do cardeal dom Paulo Evaristo Arns,
arcebispo emérito de São Paulo –, fundou a Pastoral da Criança, alarmada com o
alto índice de mortalidade infantil no Brasil.
Em iniciativas de voluntariado, podem-se mapear dois tipos de pessoas: as
que, primeiro, agem, põem o bloco na rua e depois buscam os recursos, e as que
se enredam no cipoal das fontes financiadoras e jamais passam da utopia à to-
pia. Zilda Arns arregaçou as mangas e, inspirada na pedagogia de Paulo Freire,
encontrou, primeiro, recursos humanos capazes de mobilizar milhares de pessoas
em prol da drástica redução da mortalidade infantil: mães e pais das crianças de
0 a seis anos atendidas pela pastoral transformados em agentes multiplicadores.
Ela, sim, fez o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde chega a
Pastoral da Criança, o índice de mortalidade infantil cai, no primeiro ano, no mí-
nimo 20%. Seu método de atenção às gestantes pobres e às crianças desnutridas
tornou-se paradigma mundial, adotado hoje em vários países da América Latina
e da África. Por essa razão, ela estava no Haiti, onde pagou com a morte sua dedi-
cação em salvar vidas. Trabalhamos juntos no Fome Zero.
No lançamento do programa, em 2003, ela discordou de exigir dos beneficiá-
rios comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não
se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos: ressaltamos que
apresentar comprovantes não era relevante, valia como forma de verificar resul-
tados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.
Em março de 2004, no momento em que o governo trocava o Fome Zero pelo
Bolsa Família, ela me convocou a Curitiba, sede da Pastoral da Criança. Em reu-
nião com José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, arcebispo de Botucatu (SP),
que representava a CNBB, debatemos as mudanças na área social do governo.
Expus as tensões internas na área social, sobretudo a decisão de acabar com os
comitês gestores, pelos quais a sociedade civil atuava na gestão pública.
Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de ren-
da, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas com-
pensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade
social. Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado
se combinassem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes,
ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.
capítulo 3 • 81
Dias após a reunião, ela publicou, neste espaço da Folha, o artigo “Fôlego para
o Fome Zero”, no qual frisava que a política social “não deve estar sujeita à políti-
ca econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve
estar sujeita ao combate à fome e à miséria”.
E alertava: “Erradicar os comitês gestores seria um grave erro, por destruir
uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...)
por reforçar o poder de prefeitos e vereadores que nem sempre primam pela ética e
pela lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria
da sociedade civil, representada pelos comitês gestores”.
O apelo da mãe da Pastoral da Criança não foi ouvido. Os comitês gestores
foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas so-
ciais do governo. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o
Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados
recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a
produzirem a própria renda. Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que
é possível mudar o perfil de uma sociedade com ações comunitárias, voluntárias,
da sociedade civil, ainda que o poder público e a iniciativa privada permaneçam
indiferentes ou adotem simulacros de responsabilidade social.
Se milhares de jovens e adultos brasileiros sobreviveram às condições de po-
breza em que nasceram, devem isso em especial à dra. Zilda Arns, que merece, sem
exagero, o título perene de mãe da pátria.
Escritor Frei Betto.
82 • capítulo 3
Esses sinais, segundo Bechara (2009) não se aplicam igualmente a todas as
atividades linguísticas, portanto devem ser distribuídos em três domínios de
função de pontuação:
a) a pontuação de palavras
b) a pontuação sintática e comunicativa
c) a pontuação do texto.
Esses sinais podem ser essencialmente separadores, como é o caso da vír-
gula, ponto e vírgula, ponto final, ponto de exclamação e reticências ou são de
comunicação ou mensagem como dos dois pontos, as aspas simples e duplas,
o travessão, os parênteses, colchetes e a chave.
Vejamos alguns exemplos em que os sinais de pontuação auxiliam nossa
compreensão sobre a língua, conferindo, desse modo, uma maior clareza e
simplicidade à escrita:
Exemplo 1
Embora a conjunção “e” seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula
antes de sua ocorrência:
a) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Por Exemplo:
João Pedro vendeu a casa, e a mulher protestou.
Nesse caso, “João Pedro” é sujeito de “vendeu”, e “A mulher” é sujeito de
“protestou”.
Exemplo 2
Quando a conjunção “e” vier repetida com a finalidade de dar ênfase (po-
lissíndeto).
E canta, e dança, e rodopia, e pula de alegria.
Exemplo 3
Quando a conjunção “e” assumir valores distintos que não seja da adição
(adversidade, consequência, por exemplo)
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
capítulo 3 • 83
fono30.php> ou consulte uma das gramáticas sugeridas na bibliografia de cada
capitulo deste livro.
ATIVIDADE
1. Agora, teste o que você aprendeu e explique se ocorre ou não a crase nesta frase:
Ontem, na festa, muita gente fez referência a Vossa Senhoria.
84 • capítulo 3
4. Reescreva as frases classificando-as em três grupos de acordo com a classificação da
palavra a(s), conforme indicação abaixo; em seguida, acentue a única contração que
ocorre em uma dessas frases:
( 1 ) artigo definido ( 2 ) preposição ( 3 ) contração
( ) Fui e voltei a pé.
( ) Socorreu a vítima?
( ) Vendo TV a cores.
( ) Estávamos a sós.
( ) Não ligue a boatos.
( ) O diretor atendeu as alunas.
( ) Não atendem a reclamações.
( ) O álcool é nocivo a saúde.
( ) O carro era movido a álcool.
( ) Eu levo o estudo a sério.
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência do acento grave no trecho “a
própria sensibilidade artística”?
A ausência do acento grave faz que o termo “a própria sensibilidade artística”
funcione como objeto direto de “ensinando”, coordenado sindeticamente ao outro
objeto do mesmo verbo, “a linguagem poética”.
capítulo 3 • 85
6. Complete os espaços com a forma apropriada entre parênteses.
a) Paciência é ________ quando se está no meio de uma crise. (necessário/neces-
sária)
b) A aluna se limitou a dizer: muito ________. (obrigado/obrigada)
c) Já ________ duas e ________. (é/são; meio/meia)
d) Já ________ dois dias e ________ que estamos trabalhando sem energia elétrica.
(faz/fazem; meio/meia)
e) Aquela escola é ________ distante de minha casa. (meio/meia)
f) Os alunos que não estiverem ________ com as mensalidades poderão fazer as
provas. (quite/quites)
g) No final do semestre, estamos todos ________ ocupados. (bastante/bastantes)
86 • capítulo 3
( ) Pedi que se afastassem.
( ) Quando me lembrei, já era tarde.
( ) Não se nega um copo d’água.
( ) Preciso de alguém que me oriente.
( ) São pessoas com quem nos identificamos.
REFLEXÃO
Usar ou não a crase, dominar as situações em que seu uso é obrigatório ou facultativo, com-
preender o que é que colocação pronominal e por que em determinados casos, esses prono-
mes oblíquos átonos devem vir antes, depois, ou entre os verbos, estão relacionados com o
uso padrão da nossa língua. Alguns podem até pensar que tudo isso é em vão, que podemos
nos comunicar muito bem sem esses conhecimentos, essas regras que transformam a língua
num engessado contínuo e sem sentido de tantas normas. Sobre isso também nos faz refletir,
em seu poema Pronominais, Oswald de Andrade:
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
http://pensador.uol.com.br/frase/NTU4NjA3/ (acesso em 18 de abril de 2014)
A que conclusão chegarmos, portanto? Pois bem, deixo para vocês essa reflexão, que deve ser o
tema para muitas das discussões que ainda teremos.
capítulo 3 • 87
LEITURA RECOMENDADA
Como se comunicar bem é o título de um livro da Série Sucesso Profissional, da Publifolha.
Encontrado em livrarias ou bancas de jornal, esse pequeno livro é muito valioso, pois trata de
forma prática e direta de como se comunicar de modo eficiente em diversas situações. O livro
traz fotos, ilustrações e gráficos que ajudam na compreensão dos conceitos apresentados.
Se você quiser ver outros exemplos e fazer vários exercícios, um livro interessante é a
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, da Editora
IBEP Nacional.
Outra gramática muito boa é a de Ulisses Infante e Pasquale Cipro Neto, Gramática da
Língua Portuguesa, publicada pela Editora Scipione.
SACCONI, L. A. Língua (Usos culto, coloquial e popular – gíria). São Paulo: Atual,
1994.
88 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA, M. A.; SOUTO MAIOR, A. C.; BARROS, A. C. S. A gíria: do registro coloquial ao
registro formal. In: IV Congresso Nacional de Linguística e Filologia, Rio de Janeiro, v. I, nº 3,
p. 37, 2000.
CATARINO, Dílson. Dicas de português: teoria da comunicação. In: Fovest Online. Disponí-
vel em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_comunicacao.shtml>. Acessado
em: 10 de dezembro de 2009.
CEREJA, W. R.; & MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São
Paulo: Atual, 1999.
DA SILVA, Josué Cândido. Da torre de Babel a Chomsky. In: Página 3 Pedagogia & Comuni-
cação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u52.jhtm> . Acessado
em: 08 de dezembro de 2009.
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1999.
GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 2. ed.
São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002.
capítulo 3 • 89
MESQUITA. Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1998.
PALOMO, Sandra M. S. Linguagem e linguagens. In: Eccos Revista Científica. São Paulo, vol.
3, nº 2.
PASQUALE & INFANTE. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1999.
RIBEIRO, Manuel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 15 ed. revisada e ampliada. Rio
de Janeiro: Metáfora, 2005.
SAVIOLI, F. P., FIORIN, J. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed.
rev. São Paulo: Cortez, 2003.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, abordaremos especificamente questões relacionadas com as dificulda-
des ortográficas e sintáticas da língua portuguesa. Destacaremos a homonímia e paronímia,
uso dos porquês, pleonasmo, solecismos e ambiguidade. Vamos, portanto, tratar da forma
adequada ou correta do uso da língua, no que diz respeito à norma culta ou padrão.
90 • capítulo 3
4
Dificuldades
ortográficas e
sintáticas
4 Dificuldades ortográficas e sintáticas
Neste capítulo, abordaremos especificamente questões relacionadas com as
dificuldades ortográficas e sintáticas da língua portuguesa. Destacaremos a
homonímia e paronímia, uso dos porquês, pleonasmo, solecismos e ambigui-
dade. Será também abordado, no que diz respeito às dificuldades sintáticas,
a concordância verbal e nominal, assim como o uso de algumas expressões
semelhantes, mas com diferentes significados e empregos. Vamos, portanto,
tratar da forma adequada ou correta do uso da língua, no que diz respeito à
norma culta ou padrão.
OBJETIVOS
• Empregar corretamente a grafia das palavras;
• Distinguir e classificar os homônimos e os parônimos;
• Empregar corretamente os porquês da língua portuguesa.
• Empregar adequadamente a concordância verbal e nominal;
• Distinguir expressões semelhantes, mas com significados e usos diferentes.
REFLEXÃO
Desde o início de nossos estudos, houve sempre uma preocupação com a escrita das pa-
lavras. Quantas vezes, a professora mandava-nos escrever dez vezes (ou mais) uma mesma
palavra, como se isso resolvesse o problema!
Existem várias regras para a grafia das palavras, mas em muitos casos não há uma
explicação plausível, uma vez que algumas palavras dependem da sua etimologia. Por que,
perguntaríamos, o termo homem possui o h inicial? Trata-se da origem latina homine, que
mantém esse sinal etimológico até os nossos dias.
Muitas vezes, também, tivemos dúvidas ao escrever palavras parecidas tanto na escrita
como na pronúncia; por isso devemos reconhecer os homônimos e os parônimos, a fim de
escrevermos clara e corretamente.
92 • capítulo 4
4.1 Ortografia
Uso do S
1. Sufixos -ES, -ESA
Usamos S nos sufixos acima quando indicarem nacionalidade ou procedência.
Ex.: holandês > holandesa, japonês > japonesa, camponês > camponesa.
2. Sufixo -ISA
Usamos S no sufixo -ISA quando indicar feminino.
Ex.: poeta > poetisa, profeta > profetisa, sacerdote > sacerdotisa.
capítulo 4 • 93
3. Após ditongos
Usamos S após ditongos (V + SV na mesma sílaba).
Ex.: coisa, pousada, faisão.
6. Escrevem-se com S:
aliás, ananás, apesar, Ásia, atrás, através, bis,
brasão, burguesia, casimira, coliseu, coser (cos-
turar), crisálida, frisar, fusível, grisalho, invés,
náusea, mosaico, retrós, sósia, trás (prep.), tra-
seira, vaselina, viés.
Uso do Z
1. Em substantivos abstratos derivados de adjetivo
Ex.: altivo > altivez, ácido > acidez, grávida > gravidez, pobre > pobreza.
3. Escrevem-se com Z:
alteza, azia, baliza, batizar, bissetriz, buzina, capaz, capuz, cicatriz, coalizão,
correnteza, cozer (cozinhar), cuscuz, deslize, gaze, granizo, guizo, noz (fru-
to), ojeriza, ratazana, revezar, rijeza, trapézio, vazar.
94 • capítulo 4
Estou escrevendo esta coluna imaginando que meu leitor esteja cursando
aí pela sétima série do ensino fundamental e tenha lá suas dificuldades na
hora de grafar muitas palavras de nossa língua portuguesa. Saibam que isso é
normal. Nós, professores, e (acreditem!) até mesmo os autores de dicionários
consultam esses livros fantásticos, que eles produziram ou coordenaram. Sim,
porque o dicionário costuma ser obra de muita gente. Portanto, nada de aca-
nhamento quando errarem e nem desistam de escrever seus textos só porque o
professor assinalou alguns erros de grafia. Isso acontece com todos nós.
Gentilmente, o professor Consolaro publicou neste “site” o nosso “No mun-
do dos ditongos”, também endereçado às crianças. Acabou motivando-me a
desengavetar a presente coluna, que pretende desembaraçar um pouquinho o
uso da letra “zê”. Vamos estudar apenas uma situação. Certo?
Creio que vocês já ouviram falar de substantivos e adjetivos. Até aqui nosso
texto está repleto de substantivos. Empregamos, entre outros, “coluna”, “lei-
tor”, “série”, “dificuldades”, “hora”, “palavras” etc. Os gramáticos ensinam que
os substantivos nomeiam os seres em geral. É bem possível que essa ferramen-
ta não resolva totalmente o seu problema de identificar os substantivos, sobre-
tudo quando eles vêm no texto. Os mesmos gramáticos dizem, também, que
os adjetivos expressam uma qualidade ou propriedade dos seres. Vocês pode-
riam, então, no meu entendimento, trabalhar com a dupla substantivo/adjetivo
e procurar encaixar o segundo em função do primeiro. Acho que é um artifício
que tem alguma utilidade.
Assim, uma prova de que “coluna” é substantivo é que essa palavra acei-
ta um adjetivo para modificá-la. Poderíamos dizer “pequena coluna” (adj. +
subst.). No caso de “leitor”, segundo substantivo de nosso texto, poderíamos
ter “pequeno leitor”; ao substantivo “dificuldades” poderíamos agregar o ad-
jetivo “grandes”, e assim por diante. Vocês me perguntariam: mas no caso de
“série”? Eu diria que a situação fica um pouco mais complexa. Ocorre, entre-
tanto, que “sétima” faz uma referência ao substantivo, e é essa palavra – um nu-
meral segundo as gramáticas – que está ocupando no grupo “sétima série” um
valor aproximado do que cabe ao adjetivo. Se isolarmos “série”, veremos que a
palavra admite, por exemplo, “fácil” ou “difícil”, que são adjetivos; uma prova
de que estamos diante de um substantivo. Assim, pelo menos, conseguimos a
classificação que o dicionário registra.
capítulo 4 • 95
Seria, possível, por exemplo, uma palavra como “claro” ser empregada
como substantivo? Claro que sim. Imagine que você apagou grande parte de
sua redação e não teve tempo de reescrever o que apagou. O professor poderá
dizer assim: “Ficou um claro em seu texto, menino”. Veja que “claro” está em-
pregado como substantivo. Uma prova disso é que admite um adjetivo que o
modifique, como em “Ficou um enorme claro em seu texto, menino”.
Vocês devem estar se perguntando o que essa conversa toda tem a ver com o
uso do “zê”. Calma, que chegamos lá!.
A rigor, nem precisávamos de todo esse papo, pois para o nosso propósito bas-
taria a classificação da palavra em estado de dicionário, fora do texto.
Se forem ao minidicionário do Aurélio, certamente vão encontrar que “claro”,
“belo”, “estranho”, “escasso”, “rico”, “certo”, “tímido” e “sensato”, entre tantas
outras palavras, são adjetivos. Concordam? Se duvidarem, confiram... Saibam,
então, que os substantivos que fizermos a partir desses adjetivos serão todos gra-
fados com a letra “zê”. Assim, observem:
• Um discurso claro (subst. + adj.) revela clareza (subst.) de seu autor. Uma
pessoa bela (subst. + adj.) pode não ter beleza (subst.) interior.
• Era um homem rico (subst. + adj.) mas de uma riqueza (subst.) egoísta.
96 • capítulo 4
Para terminar, uma pequena quadrinha que resume a lição de hoje:
Uso do G
1. Nas terminações em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio
Ex.: adágio, régio, litígio, relógio, refúgio.
4. Escrevem-se com G:
agiota, algema, angélico, angico, bege, bugiganga, megera, monge, mugir,
rigidez, tangente, tangerina, vargem.
Uso do J
5. Nas palavras de origem tupi, africana e árabe
Ex.: jê, jenipapo, pajé.
capítulo 4 • 97
8. Escrevem-se com J:
alfanje, berinjela, cafajeste, gorjeta, jeito, jenipapo, jiboia, jiló, jirau, laje,
majestade, manjedoura, ojeriza, rijeza, sarjeta, traje, trajetória.
Uso do X
1. Depois de ditongo
Ex.: caixa, peixe, queixa, trouxe.
2. Depois da sílaba inicial en- (desde que a palavra não seja derivada de outra
com ch)
Ex.: enxada, enxergar, enxoval, enxugar.
Nota: encher (< cheio), encharcar (< charco).
6. Escrevem-se com X:
bexiga, broxa (pincel grande), bruxa, caxumba, desleixado, faxina, graxa,
haxixe, laxante, luxúria, mexerico, rixa, taxa (imposto), xará, xícara, xingar.
Uso do CH
1. Palavras provenientes do latim, francês, italiano, espanhol, inglês, alemão,
árabe e russo
Ex.: azeviche, babucha, bolchevique, brocha, chão, charlatão, chave, chefe,
chope, chucrute, chuva, deboche, mochila, salsicha, sanduíche.
98 • capítulo 4
2. Escrevem-se com CH:
arrocho, bicha, brecha, brocha (prego curto), bucha, capacho, chalé, chicó-
ria, chique, chuchu, chulé, cochichar, esguicho, flecha, mochila, piche, pi-
char, rachar, rinchar, tacha (prego), tocha.
2. Quando o verbo é formado a partir do verbo ter, o substantivo é grafado com -ção
Ex.: deter > detenção, conter > contenção.
SURISURI / DREAMSTIME.COM
Céu
própria e formam uma unidade signifi-
cativa: couve-flor, guarda-chuva, pé de
moleque. Água
capítulo 4 • 99
4.2.1 Usa-se o hífen
100 • capítulo 4
4.2.2 Não se usa o hífen
capítulo 4 • 101
a) A palavra extraordinário escreve-se sem hífen.
b) Nos compostos com o prefixo bem-, usa-se o hífen quando o segundo elemento
é autônomo, ou quando a pronúncia assim o exigir: bem-vindo, bem-estar, bem-a-
venturado.
Os parônimos, por sua vez, são palavras que se apresentam muito parecidas
na pronúncia e na grafia. Ex.: cavaleiro / cavalheiro, descrição / discrição.
A seguir, veremos uma lista com os principais homônimos e parônimos.
102 • capítulo 4
4.3.1 Homônimos
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
ACENDER pôr fogo, alumiar
CALDA xarope
CAUDA rabo
SELA arreio
capítulo 4 • 103
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
CENSO recenseamento
CERRAR fechar
CONSERTO reparo
COSER costurar
COZER cozinhar
INCIPIENTE principiante
INSIPIENTE ignorante
104 • capítulo 4
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
LAÇO nó
PAÇO palácio
PASSO passada
SEGUIMENTO continuação
TAXA imposto
4.3.2 Parônimos
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
ABJEÇÃO baixeza, degradação
capítulo 4 • 105
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
IMORAL contrário à moral, libertino
APRENDER instruir-se
APREENDER Assimilar
BUCHO Estômago
BUXO Arbusto
COMPRIMENTO Extensão
DELATAR Denunciar
106 • capítulo 4
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
DISCRIÇÃO qualidade de discreto, reserva
DESCRIMINAR Inocentar
capítulo 4 • 107
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
EXTRATO resumo, essência
FLAGRANTE Evidente
FRAGRANTE Perfumado
PIÃO Brinquedo
108 • capítulo 4
PALAVRA OU SIGNIFICADO
EXPRESSÃO
PROEMINENTE Saliente
RETIFICAR Corrigir
REBOCO Argamassa
Parte das inadequações gramaticais que encontramos por aí diz respeito à con-
cordância verbal. Por isso mesmo, vamos tratar de alguns casos aqui.
CONEXÃO
Leia mais sobre homônimos e parônimos em <http://www.mundovestibular.com.br/arti-
cles/6029/1/Paronimos-e-Homonimos/Paacutegina1.htm>
capítulo 4 • 109
4.4.1 Verbo haver e fazer
O verbo ser, nas expressões que indicam tempo, concorda com a expressão nu-
mérica mais próxima.
É uma hora.
São três horas.
Já é meio-dia.
São dez para o meio-dia.
Hoje são vinte de fevereiro.
Hoje é dia vinte de fevereiro.
110 • capítulo 4
Confia-se, equivocadamente, em pessoas que impressionam apenas pela
aparência.
Construiu-se um novo centro de tecnologia.
Construíram-se dois centros tecnológicos na cidade.
Alugam-se casas.
Aluga-se casa.
Quando o sujeito é constituído por “a maioria de”, “grande parte de”, “a maior
parte de” ou “grande número de” mais o nome no plural, teremos a possibilida-
de de colocar o verbo no singular ou plural.
O verbo deve ficar no singular. Apenas quando a expressão “mais de um” vier repeti-
da ou houver o sentido de reciprocidade é que o verbo irá ao plural.
capítulo 4 • 111
4.4.7 Sujeitos formados por expressões que indicam porcentagem: o verbo deve
concordar com o substantivo.
ATENÇÃO
Se a expressão que indica porcentagem não for seguida de substantivo, o verbo deve con-
cordar com o número.
112 • capítulo 4
4.5.2 Meio e bastante: não variam quando atuam como advérbios.
Sopa é bom.
A sopa é boa fonte de vitaminas e nutrientes.
É proibido entrada sem permissão escrita da diretoria.
É proibida a entrada de pessoas estranhas ao setor.
É necessário liberdade de expressão.
É necessária a liberdade de expressão.
Quando são usados para indicar direção ou destino, devem ser regidos pelas
preposições “a” e “para”.
capítulo 4 • 113
Vou ao mercado.
Fui à feira.
Devo chegar a Brasília no próximo mês.
Nosso gerente foi para a nova filial em Salvador.
4.6.3 Aspirar:
4.6.4 Assistir:
Quando é usado com o sentido de “ser espectador”, emprega-se a preposição “a”.
4.6.5 Emprestar
114 • capítulo 4
ATENÇÃO
No sentido de obter por empréstimo, diz-se pedir ou tomar emprestado: Pedi emprestadas
algumas folhas a meu colega.
4.6.7 Morar e residir: Devem ser empregados com a preposição “em”, antes do
local de moradia ou residência.
ATENÇÃO
Expressões como residente e situado(a) devem ser seguidas da preposição “em”:
Amando Franco, residente na Avenida Central.
Casa Silva, situada na Avenida Quintino de Abreu.
4.6.8 Preferir: sempre usado com a preposição a e nunca acrescido da palavra mais.
4.6.9 Visar
capítulo 4 • 115
Os Estados Unidos não visaram o passaporte do exilado iraquiano.
O exército inimigo visou o arsenal nuclear no ataque.
O nosso programa de formação continuada visa ao aperfeiçoamento dos agen-
tes de viagem.
Tudo isso visa à vitória na concorrência pública do próximo mês.
4.7.1 Substantivos
4.7.2 Adjetivos
116 • capítulo 4
4.7.3 Advérbios
Longe de Paralelamente a
Perto de Relativamente a
Vamos conferir agora como resolver uma dúvida muito comum: o uso dos
“porquês”.
Equivale à “por qual razão”, “por qual motivo”. Em alguns casos, equivale a
“pelo qual”.
Por que você não experimenta novos roteiros turísticos?
Por qual razão você não experimenta novos roteiros turísticos?
capítulo 4 • 117
4.8.2 Por quê
4.8.3 Porque
Equivale a “pois”, “já que”, “uma vez que”, “como”. Pode também indicar fina-
lidade, equivalendo a “para que”, “a fim de”.
4.8.4 Porquê
118 • capítulo 4
4.9 Palavras e expressões parecidas, mas diferentes
4.9.1 Onde/Aonde
4.9.2 Mal/Mau
capítulo 4 • 119
4.9.3 Ao encontro de / De encontro a
Sua exposição vem ao encontro de minhas ideias, por isso poderemos trabalhar
juntos.
O diretor foi ao encontro da nova secretária e a cumprimentou.
O programa governamental veio ao encontro das expectativas dos agentes de
viagem e, por isso mesmo, gerou euforia no mercado.
Sempre discordei de você, por isso suas ações vêm de encontro ao que penso.
O carro foi de encontro ao muro.
O balanço revelou números que vieram de encontro ao que o diretor havia afir-
mado em seu relatório anterior, por isso as discrepâncias deram margem a des-
confianças.
120 • capítulo 4
4.9.5 A fim de / Afim
A expressão “estar a fim” é comumente usada com o sentido de “estar com vontade”,
“estar disposto a algo”, “ter interesse”. Essa expressão pertence mais à linguagem colo-
quial, ou seja, é geralmente usada em situações informais. Por isso, ela deve ser evitada
em textos formais.
capítulo 4 • 121
A cima: ideia de movimento
Precisamos arrumar esta prateleira de baixo a cima.
Seu percurso foi de baixo a cima nesta empresa.
122 • capítulo 4
Senão: Equivale às expressões “a não ser que”, “do contrário”, “mas sim”, “mais
do que” etc.
Não use frases como: “Eu me adequo às exigências da empresa”! O verbo ade-
quar, no presente, só deve ser conjugado na 1ª e 2ª pessoas do plural. Veja:
“Nós adequamos o relatório às exigências da diretoria”. Imaginemos que você
precise dizer algo parecido com: “A diretoria solicitou que eu adeque o rela-
tório”. A forma verbal “adeque” está empregada incorretamente. Veja como a
frase poderia ser mudada: “A diretoria solicitou que eu corrija o relatório” ou “A
diretoria solicitou que eu adequasse o relatório”.
CONEXÃO
Você sabia que existem alguns sites na Internet que oferecem um “conjugador” de verbos? É
possível tirar dúvidas sobre a conjugação de verbos na língua portuguesa. Confira:
<http://www.conjuga-me.net/ e http://linguistica.insite.com.br/cgi-bin/conjugue>
capítulo 4 • 123
4.10.2 Verbo aderir
Atenção para a forma desse verbo no presente: eu adiro, tu aderes, ele adere,
nós aderimos, vós aderis, eles aderem.
Não use “Eu coloro”. O verbo colorir não tem a 1ª pessoa do singular do presen-
te do indicativo e no subjuntivo ele não deve ser conjugado no presente.
Atente para o presente do subjuntivo desse verbo. Veja os exemplos: seu eu dis-
ser, se ele disser, se nós dissermos, se vós disserdes, se eles disserem.
Não diga: “Ele interviu”! O correto é: “Ele interveio”. Veja mais exemplos de
conjugação correta desse verbo: “Eles intervieram”, “Se eu interviesse”, “Quan-
do eles intervierem”, “Ontem eu intervim”. Você percebeu que esse verbo é de-
rivado de vir? Por isso não o conjugue como se fosse um verbo derivado de ver!
Cuidado para não dizer ou escrever: “Se eu mantesse”! O correto é: “Se eu man-
tivesse”. Veja ainda: “Se eles mantiverem”, “Quando nós mantivermos”.
Tenha bastante cuidado com esse verbo e seus derivados. Não fale: “Se eu pôr”
nem escreva “Se eu puzer”! O correto é: “Se eu puser”. Veja mais: “Se tu puse-
res”, “Se nós pusermos”, “Quando eles puserem”. Os verbos compor, depor,
124 • capítulo 4
propor e repor também têm comportamento semelhante. Confira: “Se o réu
depuser amanhã”, “Se o funcionário repuser a mercadoria”, “Ele compusera
lindas canções”, “Se eu propusesse novas medidas, eles não concordariam”.
ATENÇÃO
A forma “chego” usada como particípio não é aceita na linguagem formal. Por isso, não
use “Eu havia chego mais tarde” ou “Ele tinha chego mais tarde”. O correto é “Eu havia che-
gado mais tarde”.
capítulo 4 • 125
VERBO NO INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
enxugar enxugado enxuto
4.11.1 Pleonasmo
126 • capítulo 4
Vejamos o excerto abaixo, extraído do poema de Manuel Bandeira:
Podemos observar que ao usar a palavra chuva, o autor repete a ideia já contida
no verbo chover (chovia chuva). Neste caso, essa repetição foi usada para reforçar
a expressividade do verbo chover. Temos, neste caso, o pleonasmo intencional.
Já o pleonasmo vicioso é a repetição supérflua da palavra ou da ideia contida
nela, constituindo, portanto, um vício de linguagem. Vejamos alguns exemplos
de pleonasmo vicioso:
“Entrar para dentro.”
“Sair para fora.”
“A brisa matinal da manhã.”
4.11.2 Ambiguidade
Exemplos:
Maria disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Maria
ou da amiga?)
O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?)
4.11.3 Cacofonia
capítulo 4 • 127
Vejamos alguns exemplos:
4.11.4 Solecismo
ATIVIDADE
1. Complete os espaços com a forma apropriada entre parênteses.
d) Já ________ dois dias e ________ que estamos trabalhando sem energia elétrica. (faz/
128 • capítulo 4
fazem; meio/meia)
i) Nossa escola fica ________ três quilômetros do centro da cidade. (acerca de/ há cerca
de/a cerca de)
j) A escola está sem água _____ de três dias. (acerca de/há cerca de/a cerca de)
k) A escola mais próxima fica __________ dois dias de barco. (acerca de/há cerca de/a
cerca de)
l) As propostas da direção vão ________ dos anseios dos professores, por isso todos os
docentes aplaudiram a iniciativa da diretora. (ao encontro/de encontro)
o) Não sei ______ ele quer chegar com toda essa argumentação. (onde/aonde)
REFLEXÃO
Nesse capítulo, estudamos as principais regras de ortografia; aprendemos a distinguir os
homônimos dos parônimos e como usá-los num contexto. Vimos, também, o emprego dos
porquês e sua importância no estudo e domínio da norma culta.
capítulo 4 • 129
Vimos aqui as indicações para o uso de diversas palavras e expressões, além das orienta-
ções gramaticais. Outras dúvidas e dificuldades podem ainda surgir, por isso não deixe de con-
sultar as gramáticas indicadas ou mesmo dicionários e outras gramáticas que você já possua.
Use todos os recursos disponíveis e desenvolva um aprendizado contínuo da nossa lín-
gua portuguesa. Lembre-se que as normas da língua padrão são úteis para o uso em situ-
ações de comunicação nas quais é importante e indispensável à correção gramatical. Con-
sidere que na vida profissional estamos sujeitos a diversas normas, padrões operacionais,
códigos de ética e conduta, legislações e outras formas de regulamentação de atividades e
procedimentos. A língua também tem suas normas e elas devem ser respeitadas principal-
mente naqueles contextos nos quais se requer o uso da língua culta ou padrão.
REFLEXÃO
Para estudar mais sobre ortografia, veja estes livros:
130 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÂMARA JUNIOR, J. M. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Padrão Literário, 1976.
MESQUITA. Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1998.
PASQUALE & INFANTE. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1999.
capítulo 4 • 131
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo serão desenvolvidas, por meio do estudo da aplicação da linguagem
formal no moderno texto empresarial, algumas habilidades que irão contribuir para uma boa
comunicação escrita no contexto das organizações. Além de identificar as características da
linguagem empresarial moderna; serão apresentadas algumas técnicas que contribuem para
a concisão, objetividade e clareza do texto com a finalidade de utilização de uma linguagem
formal nas comunicações que ocorrem no ambiente organizacional.
132 • capítulo 4
5
Correspondência
nas empresas
5 Correspondência nas empresas
Neste capítulo, você terá a oportunidade de aprender e desenvolver habilida-
des que poderão contribuir para uma boa comunicação escrita no contexto das
organizações. Vamos identificar as características da linguagem empresarial
moderna; conhecer técnicas que contribuem para a concisão, objetividade e
clareza do texto; estudar a aplicação da linguagem formal no texto empresarial
e, finalmente, conhecer normas de padronização de textos.
OBJETIVOS
• Reconhecer os defeitos e os vícios de linguagem nos textos empresariais.
• Seguir as recomendações sobre as qualidades do texto empresarial
• Aplicar as técnicas para uma boa produção textual.
• Desenvolver habilidades de escrita para produzir textos eficazes.
REFLEXÃO
Quantas correspondências de empresas ou de instituições você já recebeu ao longo de sua
vida? Talvez não dê nem para contar, não é mesmo? Você já reparou que a linguagem do
texto dessas correspondências tem determinadas características? Pois é, geralmente encon-
tramos uma linguagem mais formal e impessoal em muitas correspondências institucionais.
Há certas normas e padrões que orientam os textos produzidos pelas empresas.
Nesse capítulo, você terá a oportunidade de estudar a linguagem que predomina nas
mensagens e textos que circulam no meio empresarial.
134 • capítulo 5
Por isso, o texto comercial ou empresarial deve ser caracterizado pela sua
eficácia. O destinatário desse texto, o cliente ou parceiro, deve responder à
mensagem que recebeu da forma que o destinador espera. Quanto mais a res-
posta do receptor estiver próxima da intenção ou objetivo do emissor, mas efi-
caz será o texto.
O texto deverá conter recursos persuasivos que levem à obtenção de uma
resposta desejada. São os mecanismos de persuasão que garantirão a eficácia
do texto ou da mensagem (GOLD, 2002, p. 4-5).
Como alcançar a eficácia do texto no mundo organizacional será, portanto,
um dos nossos assuntos neste capítulo, além das características da linguagem
empresarial e da padronização das comunicações oficiais e comerciais.
CONCEITO
O que é uma comunicação eficiente?
A comunicação eficiente consiste em fazer as pessoas entenderem sua mensagem e
responder de forma a provocar novas trocas – de preferência na direção que você gostaria.
A comunicação sempre é uma via de duas mãos. Profissionalmente, você se comunica para
fazer com que as coisas aconteçam, obter e passar informação, tomar decisões, chegar a
consensos e se relacionar com as pessoas (HELLER, 2000).
capítulo 5 • 135
As pessoas tornam-se desmotivadas para prestar atenção ao que estão lendo.
Há o privilégio da troca oral de informações. Na palavra falada, o sábio ditado popular
já diz que “quem conta um conto aumenta um ponto”. Assim, não há garantia de que a
informação será transmitida com fidedignidade.
As lideranças têm sua credibilidade enfraquecida, pois a ideia que se forma é a de que
“querem nos enrolar”.
As mensagens deformadas causam retrabalho para todos os envolvidos, seja àqueles
a quem a mensagem está dirigida, seja ao setor ou departamento emissor da informa-
ção. Há caso de empresas que precisaram de seis meses para operar um recadastra-
mento, quando o tempo inicial previsto era de apenas um mês. E tudo isso ocasionado
por um memorando inadequado. Neste caso, como pela lei da física, dois corpos não
podem ocupar o mesmo lugar no espaço, o recadastramento ocupou cinco meses de
vários outros trabalhos.
Há conflitos internos constantes que, por sua vez, ocasionarão uma cultura interna
de desagregação, em vez da sinergia positiva necessária à sobrevivência de qualquer
grupo socialmente constituído.
As mensagens externas não funcionarão como geratrizes de novos negócios, seja por
falta de persuasão no texto expresso, seja por equívocos e ambigüidades ocasionado-
res de perdas lucrativas (GOLD, 2005, p. 3-4).
Diante desses efeitos negativos que um texto mal escrito pode produzir no con-
texto organizacional, vamos então conhecer o contraponto a isso tudo.
Vejamos as qualidades do texto empresarial.
5.2.1 Concisão
136 • capítulo 5
Por isso, é importante observar que a concisão do texto está relacionada
com uma ideia utilitarista da mensagem, mas, ainda assim, a concisão não
deve significar um empobrecimento. Ela deve ser entendida como “uma forma
mais enxuta e condensada de apresentação, em que se valoriza cada informa-
ção” (GOLD, 2005, p. 51-52).
Vejamos um exemplo de texto inadequado quanto à necessidade de concisão.
Temos a satisfação de levar ao conhecimento de V. S.ª que, nesta data, pela Trans-
portadora Transnorte e, em atendimento ao seu prezado pedido nº 432/99, de 18 de
setembro de 1999, demos encaminhamento, pela Nota Fiscal nº 167, às mercadorias
solicitadas pelo Departamento de Comprar de sua conceituada empresa.
(Extraído de GOLD, 2005, p. 53)
Eliminar os clichês
Exemplo: Nada mais havendo a declarar, subscrevemo-nos → Atenciosamente
Cortar redundâncias
Exemplo: Em resposta ao ofício enviado por V. Sª. → Em resposta ao seu ofício
capítulo 5 • 137
Algumas técnicas de redução podem auxiliar no enxugamento do texto.
A primeira técnica diz respeito à redução de excesso de quês ou “queísmo”.
A redução pode ser obtida substituindo uma oração introduzida pelo “que”.
Podemos substituí-la com substantivos abstratos, verbo no infinitivo e particí-
pios. Veja:
Espero que me telefone a fim de que se esclareçam as questões que dizem
respeito ao tema que foi debatido na reunião.
CONCEITO
Queísmo um termo que designa o exagero no uso do pronome relativo “que”.
Vejamos como fica a redução do excesso de quês:
“Espero que me telefone” → telefonema → “Espero seu telefonema”
“A fim de que se esclareçam” → esclarecer → “a fim de esclarecer”
“As questões que dizem respeito” → a respeito de → “as questões a respeito do”
“Tema que foi debatido” → discutido → “tema discutido na reunião.”
138 • capítulo 5
SUBSTITUIÇÃO DA ORAÇÃO DESENVOLVIDA POR SUBSTANTIVO ABSTRATO OU
VERBO NO INFINITIVO
capítulo 5 • 139
Será que em toda e qualquer situação um texto deve ser conciso? É preciso
cuidado para que o texto não acabe ficando denso e duro, tornado-se excessiva-
mente direto e perdendo sua elegância e cordialidade.
5.2.2 Objetividade
Prezados Senhores,
Pedimos gentilmente, por meio desta, a fineza de nos fornecer informações relativas
à idoneidade moral e a capacidade profissional do Sr. Péricles Gordinho, candidato a
fazer parte do nosso quadro de funcionários e que forneceu a sua empresa como fonte
de referências, por já haver sido funcionário dessa tradicional organização.
Sendo só o que se apresenta para o momento, renovamos nossos votos de estima e
consideração.
Extraído de GOLD, 2005, p. 35
Prezados Senhores,
Em virtude de o Sr. Péricles Gordinho nos ter fornecido a sua empresa como referên-
cia, solicitamos a gentileza de nos remeter informações quanto à idoneidade moral e à
capacidade profissional de seu ex-funcionário.
Esclarecemos ainda que, obviamente, sua informação será revestida do mais absoluto
cuidado e sigilo.
Extraído de GOLD, 2005, p. 35
140 • capítulo 5
ALGUMAS DICAS PARA ELABORAR UM TEXTO OBJETIVO:
5.2.3 Clareza
Às vezes, temos muito claro, para nós mesmos, o que queremos dizer, mas na
hora de escrever...
Pois é, não basta ter clareza ou organização mental sobre o que precisa-
mos comunicar. Além disso, precisamos organizar adequadamente o que
temos em mente, considerando que outra pessoa lerá o que escrevemos.
A clareza de um texto está no fato de que um leitor não familiarizado com o
tema tratado seja capaz de compreender as ideias do texto sem grandes problemas.
capítulo 5 • 141
ALGUMAS DICAS PARA ELABORAR UM TEXTO COM CLAREZA:
Cuidado com o uso excessivo de substantivos abstratos
Algumas palavras podem dificultar a compreensão, pois têm sentidos menos objetivos
e concretos, dando margem para obscuridade ou interpretações equivocadas.
142 • capítulo 5
5.3 Padronização de documentos empresariais
DATA
Escreva o dia sem o zero à esquerda.
O nome do mês em letra minúscula.
O ano sem ponto ou espaço depois do milhar.
Coloque ponto final depois da data.
→ São Paulo, 7 de janeiro de 2008.
No meio do texto, a data pode ser escrita com dois dígitos
→ 07-01-2008
DESTINATÁRIO
Não coloque o endereço do destinatário no corpo da carta, a menos que você utilize
“envelope janelado”;
À → facultativo;
Petróleo Brasileiro S.A.
O a com crase decorre de a palavra empresa estar subentendida
Ao → facultativo
Banco do Brasil S.A.
At. → abreviatura que significa atenção (não use att.)
Somente use A/C no envelope.
capítulo 5 • 143
ASSUNTO E REFERÊNCIA
Referência é o número do documento que mencionamos numa determinada corres-
pondência;
Assunto é o tema que será tratado na correspondência.
Veja:
Referência: Sua Carta-Proposta no 11
Assunto: Compra de novas impressoras
VOCATIVO
O vocativo deve concordar com o destinatário em gênero e número.
Veja:
Ao Ao
Banco do Brasil S.A. Banco do Brasil S.A.
Assessoria Jurídica Assessoria Jurídica
At.: Sr. João da Silva Prezados Senhores,
Prezado Senhor,
Vamos verificar como fica uma carta que segue essas recomendações e ou-
tras que você vai descobrir com o nosso exemplo.
Veja:
Ct 23 – DIVIRH
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2004.
À
Empresa Tal S. A.
At.: Sra. Adélia Prado
Assunto: Padrão datilográfico
Prezada Senhora,
Esta carta ilustra o preenchimento das novas correspondências das empresas. As ins-
truções que se seguem devem ser repassadas a todos os funcionários, responsáveis
pela manutenção da imagem de modernidade da Empresa.
A única margem aceita, a partir dos anos 1990, é a da esquerda, começando-se com
144 • capítulo 5
a data e só terminando com a assinatura. Não deve haver nenhum elemento do lado
direito, à exceção da padronização recomendada para o ofício e para o memorando
das repartições públicas.
Observe-se que não se usa mais colocar o endereço do destinatário no corpo da car-
ta, a menos que o envelope seja janelado. Entretanto, pode ser discriminado o setor
ao qual a carta está sendo enviada.
Em relação à margem direita, ela pode, conforme Instrução de 1982, não estar
alinhada. Porém, com o uso do computador cada vez mais disseminado, a tendência é
manter o alinhamento, clicando-se o ícone “justificar”.
Registre-se que a entrada de cada parágrafo já deixou de existir e a separação entre
parágrafos é feita por uma linha em branco. Essa orientação é válida inclusive para o
último parágrafo, cuja tendência é resumir-se na palavra “atenciosamente”.
Esperando que as novas normas reflitam o espírito de modernidade da Empresa,
desejamos sucesso.
Atenciosamente,
Carlos Lira
adaptado de GOLD, 2005
A redação de um relatório deve levar em conta que outras pessoas lerão aquilo
que você produziu. Por isso, é sempre bom se colocar no lugar dos que vão ler
ou ouvir a leitura de seu relatório.
Considere, ao fazer seu relatório, a necessidade de uma boa pesquisa para
que todos os elementos necessários estejam presentes no texto.
E você vai relatar suas atividades, verifique cada fato para assegurar sua precisão. Se
você foi chamado para fazer um relatório sobre um assunto específico – um produto
novo, por exemplo –, liste o que necessita saber em uma série de pontos. Procure as
fontes ao seu alcance e confira se está cobrindo todos os aspectos. Antes de finalizar,
faça com que as informações obtidas em uma fonte sejam confirmadas por no mínimo
mais uma autoridade (HELLER, 2000, p. 48).
capítulo 5 • 145
Na elaboração do relatório, tenha cuidado com sua estrutura, pois isso po-
derá contribuir para a clareza e objetividade na apresentação das informações.
Essas dicas não devem ser vistas como regras rígidas e infalíveis, mas como
sugestões que devem ser contextualizadas e adaptadas de acordo com as neces-
sidades e realidade de cada situação.
CONEXÃO
Outras recomendações e sugestões sobre a linguagem empresarial, especificamente nas
correspondências, podem ser conferidas no link: <http://www.bestreader.com/port/txco-
moescrever.htm>
146 • capítulo 5
a carta a partir de um princípio que eles denominam de “mala direta”. Veja as
sugestões extraídas de Heller (2000, p. 33):
Chame a atenção do leitor dizendo por que você está escrevendo. Use humor quando
apropriado.
Desperte o interesse do leitor alimentando sua curiosidade sobre o que você está
dizendo.
Provoque o desejo do leitor fazendo o seu produto ou proposta soar atraente.
Convença o leitor de que sua carta é autêntica oferecendo referências ou garantias.
Estimule a iniciativa do leitor explicando o que você espera que ele faça.
5.5.1 O ofício
capítulo 5 • 147
5.5.2 O requerimento
5.5.3 Ata
ATIVIDADE
1. Como você resolveria a ambiguidade das frases abaixo?
a) O gerente conversou com o supervisor em sua sala.
b) Encontrei um funcionário entre o grupo que estava uniformizado.”
148 • capítulo 5
2. A partir da lista de características abaixo, marque sim ou não conforme a pertinência
para o texto empresarial.
Vocabulário sofisticado ( ) sim ( ) não
Clareza ( ) sim ( ) não
Vocabulário simples e formal ( ) sim ( ) não
Objetividade ( ) sim ( ) não
Frases curtas ( ) sim ( ) não
Frases longas ( ) sim ( ) não
Frases rebuscadas ( ) sim ( ) não
Gramática correta ( ) sim ( ) não
adaptado de GOLD, 2005, p. 6
REFLEXÃO
Considere que as correspondências oficiais, comerciais ou empresariais não deixam de ser
documentos, por isso, é importante usar a língua adequadamente nesses textos e seguir as
normas ou padrões estabelecidos. A forma como tratamos a língua portuguesa nas corres-
pondências e nos documentos profissionais revelará, em parte, a qualidade e o cuidado de
uma empresa ou instituição.
LEITURA RECOMENDADA
Se você deseja saber mais sobre normas de correspondência e a respeito de padronização
de documentos oficiais, consulte e leia atenciosamente a Instrução normativa nº 4, de 6
de março de 1992, da Secretaria da Administração Federal. Você também pode conferir o
Manual de Redação da Presidência da República na Internet: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.doc>
Você pode investir no aprendizado sobre produção textual lendo artigos que tratam do
assunto. Uma sugestão é o artigo “A dinâmica da redação criativa: as estratégias que prepa-
ram o terreno para quem quer escrever textos mais dinâmicos e criativos”, de Luiz Costa Pe-
reira Junior, publicado na Revista Língua Portuguesa, disponível em: <http://revistalingua.
uol.com.br/textos.asp?codigo=11730> .
capítulo 5 • 149
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAGLIARI, Luiz Carlos. A história do alfabeto. São Paulo: Paulistana, 2009.
DA SILVA, Josué Cândido. Da torre de Babel a Chomsky. In: Página 3 Pedagogia & Comuni-
cação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u52.jhtm>. Acessado
em: 08 de dezembro de 2009.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12. ed. São Paulo: Ática, 1996.
____. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. 3. ed.
São Paulo: Pearson Education, 2005.
HELLER, Robert. Como se comunicar bem. São Paulo: Publifolha, 2000. (Série Sucesso
Profissional).
PALOMO, Sandra M. S. Linguagem e linguagens. In: Eccos Revista Científica. São Paulo, vol.
3, nº 2.
RIBEIRO, Manuel P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 15 ed. revisada e ampliada. Rio
de Janeiro: Metáfora, 2005.
150 • capítulo 5
SILVA FILHO, José Tavares. Da evolução da escrita ao livro: de Ebla na Mesopotâmia à virtu-
alidade: uma trajetória para a preservação da imagem do mundo. Apresentado no VI Ciclo de
Estudos em Ciência da Informação/CECI. Rio de Janeiro, 1998.
TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed.
rev. São Paulo: Cortez, 2003.
capítulo 5 • 151