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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA

ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA


DO CULTIVO DE TILAPIA DO NILO
(Oreochromis (oreochromis) niloticus),
COM RAÇÕES NÃO CONVENCIONAIS.

Ocilene Maria Correia Ferreira

Dissertação apresentada ao Departamento de


Engenharia de Pesca do Centro de Ciências
da Universidade Federal do Ceará como par-
te das exigências para a obtenção do titu-
lo de Engenheiro de Pesca.

Fortaleza - Ceará - Brasil


Dezembro - 1987 , ai
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

F442e Ferreira, Ocilene Maria Correira.


Estudo da viabilidade econômica do cultivo de tilápia do nilo (Oreochromis (oreochromis) niloticus),
com rações não convencionais / Ocilene Maria Correira Ferreira. – 1987.
2019.
27 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências


Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 1987.
2019.
Orientação: Prof. Me. Roberto Cláudio A. Carvalho.

1. Tilápia (Peixe). I. Título.


CDD 639.2
Prof. Adjunto Roberto Cláudio A. Carvalho
- Orientador -

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Assistente Carlos Geminiano N. Coelho


- Presidente -

Prof. Auxiliar José Wilson Caliope de Freitas

VISTO:

Prof. Adjunto Pedro de Alcântara Filho


- Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca -

Prdf, AdjuntO Jos4 Raimundo Bastos


atitdotiador do Cus0 de Engenharia de Pesca -
01

1. INTRODUÇÃO:

A piscicultura no Nordeste tem evoluído bastante,

visto que os fatores climatológicos são ideais para o culti-


vo. de peixes, pois durante todos os meses do ano pode-se
obter temperaturas adequadas a essa atividade (Paiva et alii,

1971). No entanto, a problematica crucial da exploração des-


se recurso refere-se aos gastos com arragoamento. O incremen

to dessa atividade, juntamente com o aumento do consumo, e


os elevados custos das rações convencionais, tem incentivado
os pesquisadores a procurarem novas alternativas; usando pro

dutos regionais e subprodutos agrícolas na elaboração de no-

vos tipos de rações, com o fim de reduzir os custos da pisci


cultura intensiva. Segundo Silva et alii (1983), neste siste

ma os gastos com alimentação podem atingir at 85% do custo

final.
Os pesquisadores tem se voltado para estudos visan-
do diminuir a importância da alimentação como fator limitan-
/
te da exploração econômica da piscicultura.1 0 Departamento

Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) realiza dedde 1970,


pesquisas sobre nutrição de peixes; compreendendo: (1) Levan

tamento quali-quantitativo de ingredientes para rações produ

zidas no Nordeste brasileiro; (2) elaboração de rações ba-

I/Para maiores detalhes sobre o custo de alimenta-



ção OM piscicultura, ver Smith (1981), Shang (1981) Greenfield
et alii (1974) e Silva et alii (1983).
02

lanceadas, peletizadas ou não; (3) teste com diversos ingre

dientes (tortas, farelos e outros subprodutos agrícolas) usa

dos como rações suplementar para peixes criados em tanques e

viveiros, interessando principalmente: índice de conversão

alimentar e curvas de crescimento dos peixes; e (4) testes

com rações balanceadas em cultivos de peixes em gaiolas, tan

ques e viveiros (Paiva et alii, 1971).

0 Departamento de Engenharia de Pesca da Universida-

de Federal do Ceara, através de vários estudos, esta procu-

rando respostas para aspectos relevantes ao desenvolvimento

da piscicultura. De um lado, faz pesquisas visando determi-

nar a melhor taxa de arragoamento e melhor taxa de estocagem

de peixes. De outro lado, busca encontrar novas formulações

de rações. 0 Departamento de Economia Agricola da Universida

de Federal do Ceara faz os estudos de viabilidade econômica.

0 custo total da alimentação depende do valor unitário da ra

cão, do seu índice de conversão alimentar e do ganho total

de biomassa. Segundo Paiva et alii, 1971. A economia em um

sistema de piscicultura intensiva depende, em grande parte,

do custo da ração necessária para produzir um quilograma de

peixe comercial.

Sabe-se que a oferta do produto para o consumidor

está ligada diretamente aos custos de produção, sendo neces-

sária uma redução do custo de rag-do para que possa chegar ao

mercado de forma acessível.

Este trabalho tem como objetivo principal a análise

da viabilidade econômica do uso de rações não convencionais


effi ctltiVo de tilapia do Nilo, Oreochromis (oreochromis) niloticus.
03

2. OBJETIVOS:

2.1. Objetivo Geral:

Este trabalho visa comparar a economicidade do culti-

vo de tilápia do Nilo, Oreochromis (oreochromis) niloticus,

considerando três formas de arragoamento; com uma ração con-

vencional e com duas rações alternativas, atraves de análi-

ses de dados experimentais.

2.2. Objetivos Específicos:

(a)Determinar os custos por quilograma das rações não

convencionais.

(b)Determinar o custo de raga() por quilograma de ganho

de peso para cada tratamento.

(c)Determinar para cada tratamento (ração), a diferença

entre o valor da produção e o custo das rações consu

midas.

(d)Fazer uma análise comparativa dos resultados obtidos,

tendo em vista a verificação da viabilidade econômi-

ca do uso das rações não convencionais.

(e)Determinar funções de produção e níveis economicamen

ter Otimos de uso da ração para cada tratamento.

(f)Fazer uma análise da viabilidade dos resultados obti

dos a variações nas relações de prego fator-produto.


05

3. MATERIAL E MÉTODOS:

3.1. os:

Os dados foram obtidos de experimentos realizados na

estação de piscicultura do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal do Ceara, em Fortaleza, no período de


/
fevereiro a setembro de 19861
0 experimento foi feito utilizando-se tres levanta-
mentos. Em dois deles foram usadas dietas rid() convencionais
constituídas principalmente de subprodutos agropecuários.

terceiro tratamento foi uma rag-do convencional normalmente

usada em piscicultura. As duas dietas não convencionais (die


tas A e B), são constituídas de cinco componentes cada uma,
e os dados referentes à participação percentual de cada pro-

duto em suas formulações acham-se mostrados nas tabelas I e

II. A composição química dos elementos componentes das die-

tas está contida na tabela III.


As rações foram testadas em seis tanques de alvena-

ria com dimensões de 3x1xlm. Para cada rag-do foram uitliza-


dos dois tanques. 0 arraqoamento foi feito à taxa de 3% da

biomassa dos peixes em cada tratamento, diariamente e em uma

Unica vez. As pesagens e medições foram realizadas mensalmen

te. A densidade de estocagem de peixe em cada tanque foi de

V Para maiores detalhes sobre os dados experimen-


tais ver: Andrade Neto (1986).
Tabela I - Dados referentes à participação relativa dos elementos componentes da dieta A.

Extrato no Energia
Quantidade Prot. Bruta Gordura Fibra , Cálcio Fósforo
Alimento nitrogenado liquida
Disponível
kg % kg 96 kg % kg kg 9 kg %j kg % kcal/kg

Farinha de ,Camaro 22,0 22,0 7,99 7,99 0,97 0,97 1,50 1,50 5,39 5,39 1,73 1,73 0,16 0,16

Vísceras de galinha 8,0 8,0 1,96 1,96 1,92 1,92 0,35 0,35 0,85 0,85 0,06 0,06 0,04 0,04

Feno de macaxeira 28,0 28,0 3,70 3,70 2,91 2,91 2,72 2,72 13,75 13,75 0,47 0,47 0,15 0,15

Sorgo triturado 28,0 28,0 2,88 2,88 0,73 073 0,59 0,59 20,10 20,10 0,01 0,01 0,08 0,08

Feno de cunha 14,0 14,0 2,49 2,49 0,45 0,45 4,77 4,77 4,05 4,05 0,19 0,19 0,10 0,10

TOTAL 100,0 100,0 19,02 19,02 6,98 6,98 9,93 9,93 44,14 44,14 2,46 2,46 0,53 0,53 1.987,4

Foote: Andrade Neto (1986).


Tabela 11 - Dados referentes a partiicpagab relativa dos elementos componentes da dieta B.

Extrato no Energia
Quantidade Prot. Bruta Gordura Fibra C4lcio Fósforo
nitrogenado líquida
Alimento
Disponível
kg kg % kg % kg kg % kg % kg % kcal/kg

Vísceras de galinha 22,0 22,0 5,39 5,39 5,28 5,28 0,97 0,97 2,33 2,23 0,15 0,16 0,10 0,10

Feno de leucema 40,0 40,0 8,16 8,16 4,60 4,60 8,S0 8,80 9,60 9,60 0,08 0,08 0,12 0,12

Sorgo triturado 12,0 12,0 1,24 1,24 0,31 0,31 0,25 0,25 8,62 8,62 - 0,03 0,03

Feno de cunh5 1,9 1,9 0,38 0,38 0,60 0,60 6,48 6,48 5,49 5,49 0,26 0,26 0,14 0,14

Vagem de algaroba 7,0 7,0 0,87 0,87 0,24 0,24 2,67 2,67 1,73 1,73 0207 0,07 0,01 0,01

TOTAL 100,0 100,0 19,04 19,04 11,03 11,03 19,17 19,17 17,77 17,77 0,57 0,57 0,40 0,40 2.050,2

Fonte: Andrade Neto (1986).


Tabela III - Composição química dos produtos componentes das dietas A e B, expressos em
percentagem.

Composição Química (%)


Extrato não .
Produtos Proteina Gordura Fibra Cinza Umidade Nitrogenado Cálcio Fósforo

Feno de cunhã 17,0 3,2 34,1 5,0 11,5 28,9 1,36 0,74

Feno de leucena 16,2 4,3 20,5 6,0 15,5 37,2 1,83 0,60

Feno de macaxeira 13,2 10,4 9,7 5,3 11,0 49,1 1,68 0,53

Vagem de algaroba 12,4 3,4 38,2 8,3 13,5 24,0 1,05 0,19

Grão de sorgo 9,5 4,6 2,1 1,1 10,4 72,0 0,04 0,29

Farinha de camarão 28,4 4,4 6,8 18,7 9,3 32,2 7,89 0,71

Vísceras de galinha 14,2 34,9 4,4 26,0 6,3 13,9 0,73 0,47

Fonte: Andrade Neto (1986).


09

3 peixes/m 2 (9 peixes por tanque).

3.2. Metodologia

A determinação do custo por quilograma das rações

não convencionais foi feita a partir das estimativas dos pre

gos dos elementos componentes de cada uma delas. Atraves de

uma pesquisa de mercado procurou-se dar pregos aos componen-

tes das dietas não convencionais. Onde não se pôde obter pre

gos comerciais, estimou-se o prego atraves da percentagem de

proteína existente nos mesmos. Estes cálculos foram forneci-

dos pelo Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do

Ceara, e tiveram como base o prego da proteína da soja.

prego por quilograma da soja no mercado 6 de Cz$ 13,50, a

porcentagem de proteína bruta 6 de 45%; logo, ao dividir-se

o prego da soja pela porcentagem de proteína, acha-se para

cada 1% de proteína existente no produto o valor correspon-

dente. Então, multiplica-se o mesmo pela porcentagem exis-

tente nos componentes sem prego comercial: feno de cunha, fe

no de leucema e vagem de algaroba. Com base nos pregos de ca

da componentes das dietas, fez-se a estimativa do valor por

quilograma.

Considerando-se os pregos das rações e o ganho de

peso em cada tratamento, fez-se para cada uma das dietas, a

determinação da margem de retorno sobre o consumo de ração,

ou seja:
M = RT - CR

onde:

M = margem de retorno

RT = valor da produção

CR = custo da ração

A taxa de conversão alimentar para cada ração foi


calculada da seguinte forma:

C R
C.A'-
G.P.

onde:

CA = conversão alimentar

CR = consumo de ração em (kg)

GP = ganho de peso em (kg)

Multiplicando-se o resultado pelo prego da ração,

obtem-se o custo da mesma por cada quilograma de peso ganho.

Para a determinação dos níveis átimos e analise da

sensibilidade, será estimada uma função de produção para ca-

da tratamento, relacionando o peso do pescado com o consumo

de raçao que á o único fator variável observado. 0 modelo ma


temático escolhido foi a função potencial, do tipo:

b
y = ax

onde:

y = ganho de peso médio acumulado

x = consumo médio acumulado de ração

a e b = parâmetros.

Fez-se a seguinte hipótese: 0 < b < 1. Isto e, o

uso do fator está no chamado estágio racional de produção.

Esta função á coerente com o que se espera de experimentos

de arragoamento de animais em geral. Nesses casos o aumento

do uso do fator variável não costuma levar a descrescimos do

produto total.1/

As funções serão estimadas pelo método dos mínimos

quadrados. A função potencial el linear quando logaritimizada,

ou seja:

log y = log a + b log x

0 que permite obter uma regressão linear simples.

1/ Para maiores detalhes ver: Heady & Dillon (1960),


Gastal (1971) e Carvalho (1973).
13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os pregos por quilograma das rações não convencio-

nais (A e B), bem como da convencional (C), acham-se mostra-

dos na tabela IV. Ao analisarmos estes dados podemos notar

que os pregos das rações não convencionais ficaram abaixo do

valor da comercial. As dietas A e B tiveram custos de 63,60%

e 41,38%, respectivamente, do valor da dieta C. Como podemos

observar, a dieta A tem seu prego mais elevado do que a B.

Isto sedeve principalmente ao custo da farinha de camarão,

elemento componente da dieta A, que tem prego elevado e par-

ticipação de 22% na composição da ração, contribuindo desta

forma com 62,92% do prego total por quilograma da mesma, en-

carecendo demasiadamente a dieta.

Com base neste aspecto ambas as dietas chegaram a

atender os objetivos propostos em relação ao prego. No en-

tanto, não se pode levar em consideração somente este crite-

ria tem-se que verificar a taxa de conversão alimentar, bem


como analisar a margem de retorno para cada dieta.

A analise das tabelas V, VI e VII leva a constatação

de que a dieta C (ração convencional) teve um resultado mui-

to superior as dietas A e B no que diz respeito ao ganho de

peso total observado no experimento. De fato, o ganho de pe-

so acumulado para a dieta C foi de aproximadamente 1.373g

(152g por peixe), contra 765g para a dieta A (123g por peixe)

e 437g Para a dieta B (48,6g por peixe). 0 desempenho da die

ta B, como se v(?, 6 bastante insatisfatório. Em todos os tra


14

Tabela IV - Prego por kg de ração, para cada tratamento.

Prego Quant. Preço


Dietas Componentes
(kg) (kg) Total

Farinha de camarão 25,0 9,22 5,50

Vísceras de galinha 5,0 0,08 0,72


A Feno de macaxeira 2,0 0,28 0,56

Sorgo triturado 4,5 0,28 1,26

Feno de cunhd 5,0 0,14 0,70

TOTAL 1,00 8,74

Vísceras de Galinha 9,0 0,22 1,98

Feno de leucema 4,9 0,40 1,96

Feno de cunhã 5,0 0,19 0,95

Sorgo triturado 4,5 0,12 0,54

- Vagem de algaroba 3,7 0,07 0,26

TOTAL 1,00 5,69

C Rag-do p/galináceos 13,75

Fonte: Dados de Pesquisa.


Tabela v - Dados de Peso Médio, Ganho de Peso, Biomassa Total, Consumo Médio e Consumo To

tal de ração, Dieta A, em gramas.

Consumo ,
Consumo de Consumo Consumo ,
Ganho de Ganho de Ganho Consumo medic).
Peso Ganho de Biomassa ração p/dia de rag6o
-
Meses peso médio peso acumulado acumulad o médio de acumulado
médio peso médio total mensal ração
acumulado total de peso (3% da BT) de ração de rag-do
(25 dias) (mensal)
(mensal)

FEV 21,25 . 191,25

MAR 30,95 9,70 9,70 278,55 87,30 87,30 5,7375 143,4375 143,4375 15,9375 15,9375

ABR 39,70 8,77 1 8,45 357,30 78,75 166,05 8,3565 208,9125 353,3500 23,2125 39,15O0

MAI 48,25 8,55 27,00 434,25 76,95 . 243,00 10,7190 267,9750 620,3250 29,7750 68,9250

JUN 67,65 19,4 46,40 608,85 174,6 417,60 13,0275 325,6875 946,0125 36,1875 105,1125

JUL 78,85 11,2 57,60 709,65 100,8 518,40 18,2655 456,6375 1.042,6500 50,7375 155,8500

AGO 92,65 13,8 71,4 833,85 124,2 642,60 21,2895 532,2375 1.934,8875 59,1375 214,9875

SET 106,35 13,7 85,10 957,15 123,3 765,90 '25,0155 625,3875 2.560,2750 69,4875 284,4750

Fonte: Dados Experimentais.


Tabela VI- Dados de Peso Medic), Ganho de Peso, Biomassa Total, Consumo Médio e Consumo To

tal de ração, Dieta B, em gramas.

Consumo ,
Consumo de Consumo Consumo
Ganho de Ganho de Ganho Consumo médio
Peso Ganho de Biomassa ração p/dia de ração médio de
Meses peso médio peso acumulado acumulado acumulado
médio peso médio total mensal rag5o
acumulado total de peso (3% da BT) de ração de ração
(25 dias) (mensal)
(mensal)

FEV 19,30 - - 173,70 - - - - - - -

MAR 27,25 7,95 7,95 245,25 71,55 71,55 5,2110 130,2750 130,2750 14,4750 14,4750

ABR 31,25 4,00 11,95 281,25 36,00 107,55 7,3575 183,9375 314,2125 20,4375 34,9125

MAI 38,05 6,80 18,75 342,45 61,20 168,75 8,4375 210,9375 525,1500 23,4375 58,3500

JUN 49,60 11,55 30,30 446,40 103,95 272,70 10,2735 256,8375 781,9875 28,5375 86,8875

JUL 47,00 -2,60 27,70 423,00 -23,4 249,30 13,3920 334,8000 1.116,7875 37,2000 124,0875

AGO 56,65 9,65 37,35 509,85 86,85 336,15 12,6900 317,2500 1.434,0375 35,2500 159,3375

SET 67,90 11,25 48,60 611,10 101,25 437,40 15,2955 382,3875 1.816,425 42,4875 201,825

Fonte: Dados Experimentais.


Tabela VII-Dados de Peso Medic), Ganho de Peso, Biomassa Total, Consumo Médio e Consumo To

tal de ração, Dieta C, em gramas.

Consumo
Consumo de Consumo Consumo
Ganho de Ganho de Ganho Consumo médio
Peso Ganho de Biomassa ração p/dia de ra0o médio de
Meses peso médio peso acumulado acumulado acumulado
médio peso médio total mensal ração
acumulado total de peso (3% da BT) de raçgo de ra0o
(25 dias) (mensal)
(mensal)

FEV 20,30 - 182,70 - - - - - -

MAR 30,30 10,00 10,00 272,70 90,00 90,00 5,4810 137,0250 137,0250 15,2250 15,2250

ABR 41,45 11,15 21,15 373,05 100,35 190,35 8,1810 204,5250 341,5500 22,7250 37,9500

MAI 63,20 21,75 42,90 568,80 195,75 386,10 11,1915 279,7875 621,3375 31,0875 69,0375

JUN 89,50 26,30 69,20 805,50 236,70 622,80 17,0640 426,6000 1.047,9375 47,4000 116,4375

JUL 104,75 15,25 84,45 942,75 137,25 760,05 24,1650 604,1250 1.652,0625 67,1250 183,5625

AGO 134,40 29,65 114,10 1.209,6 266,85 1.026,90 28,2825 707,0625 2.359,1250 78,5625 262,1250

SET 172,90 38,5 152,6 1.556,1 346,5 1.373,40 36,2880 907,2000 3.266,3250 100,8000 362,9250

Fonte: Dados Experimentais.


18

tamentos, os peixes não chegaram a atingir o peso comercial.

Por sua vez, o consumo total de rag-do foi bem mais

expressivo na dieta C. Ao final do experimento, haviam sido

consumidas 3.266g, 2.560g e 1.816g das rações C, A e B, res-

pectivamente. Como o prego da raga() C o maior de todas, en

tão 0 custo total de ração consumida maior para esse trata

mento.

Os dados da conversão alimentar e o custo de ração

por quilograma de ganho de peso para as tres dietas estão

mostrados na tabela VIII.

Tabela VIII - Conversão alimentar e custo de ração por quilo

grama de ganho de peso, dietas A, B e C.

Conversão Custo da Ração p/kg


Dietas Alimentar de ganho de peso

A 3,34 29,19
4,15 23,61
C 2,37 32,58

Fonte: Dados de Pesquisa.

Pode-se observar que a melhor conversão foi a verifi

cada para a dieta convencional (2,37kg de ração por quilogra

ma de ganho de peso). No entanto, em virtude de um maior pre

go por quilograma, esta dieta apresentou o maior custo de ra

cão por quilograma de ganho de peso. A ração não convencio-

nal B apresentou a pior taxa de conversão alimentar (4,15kg


19

de ração por quilograma de peso) e o menor custo de ração

por quilograma de ganho de peso. Isto se deve ao baixo prego

unitário da dieta B.

Os dados sobre valor de produção, custo de ração e

margem de retorno para os três tratamentos, acham-se apresen

tados na tabela IX.

Tabela IX - Valor da Biomassa, custo da ração consumida e

margem de retorno, dietas A, B e C.

Valor da Custo da Margem de


Dietas
Biomassa Ração Consumida Retorno

A 43,06 22,37 20,59


27,49 10,33 17,16
C 70,02 44,90 25,12

Fonte: Dados da Pesquisa.

Pode-se verificar, então, que o maior retorno por

tratamento foi verificado para a dieta C, seguida em ordem

de grandeza por A r B. A ração B, portanto, apesar de ter

apresentado o menor custo por quilograma de ganho de peso,

proporcionou o menor retorno por tratamento. Isto 6 explica-

do pelo pequeno valor da biomassa observada. A dieta A apre-

sentou resultados intermediários entre C e B.

Observando-se estes dados, chega-se a enfatizar que

a dieta C apresentou o melhor resultado em termos de viabili

dade tecnico-econômica. Ela mostrou a melhor conversão ali-


20

mentar e o maior ganho de peso. Por causa do seu maior prego

unitário, teve um maior custo por quilograma de ganho de pe-

so. Por outro lado, este maior custo por quilograma de ganho

de peso associado a uma maior biomassa, leva a um maior cus-

to, total de ração consumida. No entanto, essa biomassa sen-

sivelmente superior a verificada com as outras duas dietas

significa um valor de produção bem mais elevado, de tal for-

ma que a diferença entre o valor do produto e o custo total

de ração é maior para esse tratamento. Alem do mais, o prego

do produto foi considerado o mesmo na análise de cada trata

mento (o prego de mercado superestimando o valor da biomassa

nos tr"és tratamentos). No entanto, dada a diferença de peso

médio dos peixes entre o tratamento com a Dieta C e os ou-

tros, especialmente a dieta B, pode-se supor que haveria di-

ferencial de prego por quilograma de pescado favorável á die

ta convencional. Este fato aumentaria ainda mais a margem de

retorno dessa dieta em relação as não convencionais.

Entre estas Ultimas, o pior desempenho técnico-econO

mico foi o da dieta B. Apesar de apresentar o menor prego

unitário e o menor custo por quilograma de ganho de peso (ape

sar da pior taxa de conversão alimentar) mostrou o pior re-

sultado em termos de margem de retorno. 0 valor da biomassa

foi o menor em virtude do ganho de peso muito reduzido. Alem

do mais, essa diferença sensível de ganho de peso provavel-

mente levaria a um prego por quilograma de pescado menor pa-

ra essa rag-do em relação as outras, o que acentuaria este re

sultado mediocre.
21

Os resultados estatísticos obtidos para as equações


de produção foram:

a) Dieta A:

yA = 1,1253 x 0,7742
A

R 2 = 0,9927 F = 687,14

h) Dieta B:

0 6498
y3 = 1,3593 xj3,

R 2 = 0,9576 F = 112,96

c) Dieta C:

0,8766
yc = 0,9237 xc

R 2 = 0,9948 F - 973,85

Como se pode observar, os resultados estão muito

bons do ponto de vista do ajustamento da função. Os coefi


cientes foram todos significantes, e de sinal esperado, e o
coeficiente de determinação foi bastante elevado. Os resul-
tados correspondentes aos pontos ótimos são mostrados na ta-
bela X.
22.

Tabela X - Produção e Consumo de Raga() por tratamento no pon

to ótimo, dietas A, B e C.

Consumo Peso Produção do Consumo


Dietas ótimo de medio tratamento total de
ração (g) . (g) (g) ração (g)
A 770,42 214,52 1.930,68 6.933,78
257,40 69,39 624,51 2.316,60
C 2.690,54 958,13 8.623,17 24.214,86

Fonte: Dados de Pesquisa.

Analisando-se as informações mostradas na tabela X,

observa-se que para os ti-atamentos A e C, os pontos ótimos

calculados estão bem fora da amplitude dos dados gerados no

experimento. Para a dieta A, por exemplo, o peso medio ao

final do período experimental era de 106,35g enquanto que no

ponto ótimo aparece o valor de 214,52g. Quanto ao consumo to

tal de ração, o dado no final do experimento era de 2.560g,

enquanto no ponto ótimo calculado a quantidade foi de

6.933g aproximadamente. Quanto ã dieta C, observou-se ao fi-

nal do experimento 173g de peso medio e 3.266g de consumo de

ração. No ponto ótimo determinado pela função de produção,

calculou-se 958g e 2.690g de peso medio e consumo de ração,

respectivamente.

0 que se observa, na realidade, é que as condições

do tanque de cultivo, impedindo uma interação entre a aqua

e o solo, torna o peixe quase que inteiramente dependente da

ração para sobreviver. Consegidentemente, os diversos trata-


23

mentos não foram capazes de levar os peixes ate pesos razoá-

veis no período de tempo considerado. Como para as dietas A

e C (especialmente a C) as margens de retorno eram maiores,

e o prego utilizado do pescado superestimava o valor da pro-

dução, a função tende a determinar pontos ótimos bem alem

das observações experimentais.

Para a dieta B, no entanto, o ponto ótimo calculado

coincide aproximadamente com o observado no final do experi-

mento. Isto mostra que não seria rentável ir adiante com o

arragoamento com a dieta B, o que demonstrou mais uma vez a

inviabilidade, já que esse pesos observados e calculados es

tão longe dos pesos comerciais.

Foi realizada uma ligeira analise da sensibilidade

dos níveis ótimos a mudanças nas relações de prego fator-pro

duto, isto e, para alterações no prego de ração ou do produ-

to.

Foram usados tres níveis de prego do pescado: Cz$ 40,

Cz$ 45 e Cz$ 50 por quilograma, o prego considerado nesse es

tudo e variação de 10% para mais e para menos. Os resultados

estão mostrados na tabela XI.

Nela se observa que as reduções se alteram igualmen-

te, quando se diminui o prego da ração em 10%, ou se aumenta

o prego do pescado em aproximadamente 11% (aumento deCz$45,00

para Cz$ 50,00 por quilograma). A sensibilidade é alta às

variações nos pregos relativos para as dietas A e C. As modi

ficações no prego do produto e no custo da ração não alteram

fundamentalmente os resultados para a ração B.


24

Tabela XI - Variação na solução ótima, tendo em vista modi-

ficações nas relações de prego fator-produto,

Dietas A, B e C.

Dietas Nível do Nível do


Px Py
Fator Produto

0,00874 0,045 770,42 214,52


0,00874 0,050 1.228,49 298,62
A 0,00874 0,040 45i,28 150,31
0,00961 0,045 505,37 160,64
0,00786 0,045 1.228,49 298,62

0,00569 0,045 257,40 69,39


0,00569 0,050 347,75 80,20
0,00569 0,040 183,88 59,55
0,00625 0,045 196,07 61,27
0,00512 0,045 347,75 80,20

0,01375 0,045 2.696,54 958,13


0,01375 0,045 6.318,95 2002,63
C 0,01375 0,040 1.035,89 426,51
0,01512 0,045 1.242,81 496,82
0,01237 0,045 6.318,95 2002,63

Fonte: Dados da Pesquisa.


25

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Com relação aos pregos, as dietas não convencionais

atingiram seu objetivo, ficando bem abaixo do valor da ração

comercial. No entanto, ó importante não apenas que o custo

por quilograma da ração seja o mais baixo possível mas, tam-

bem, que a mesma tenha a maxima eficiência na conversão ali-

mentar. Sobre este aspecto as rações não convencionais obti-

veram resultados distintos, A dieta B foi considerada insa-

tisfatória.. No entanto,a dieta A apresentou um resultado me-

lhor que a dieta B, dando assim incentivo a novas pesquisas

no ramo.

Como os tanques eram de alvenaria e havia ausência

de alimentos naturais, a avaliação quantitativa foi facilita

da, não acarretando, assim, problemas na estimativa precisa

do ince de conversão alimentar. Por outro lado, a inexis-

tj:mcia' de interação entre a Eigua e o solo, fazendo com que o

peixe dependa exclusivamente da ração para a sua alimentação,

ocasionou juntamente com o curto período do experimento (10

meses), um pequeno desenvolvimento dos animais. Assim, o va-

lor da produção foi superestimado, fazendo com que a função

de produção determinasse pontos ótimos bem maiores do que os

observados experimentalmente.

Um outro fator que pode ter influenciado nos resul-

tados deste trabalho, seriao fato de que o alimento necessá-

rio para um dia foi administrado de uma tinica vez. Segundo

Silva (1981) o resultado sobre conversão alimentar sera


27

6. SUMARIO

0 presente trabalho teve como objetivo avaliar a via

bilidade econômica de rações não convencionais (A e.B), usan

do-se subprodutos agrícolas. Essas rações foram comparadas


corn uma ração convencional (C), através de dodos experimen-

tais realizados em um cultivo de tilapia do Nilo Oreochromis


(oreochromis) niloticus. Primeiramente fez-se a deteLminação do custo
por quilograma das rações não convencionais. A partir destes

'dodos e com o ganho de ,peso em cada tratamento, 'determinou-


se a margem de retorno, bem como a taxa de conversão alimen
tar. Posteriormente, os níveis economicamente ótimos e a

análise da sensibilidade, as variações na relação de prego

fator-produto, foram feitas através da função de produção pa


ra cada tratamentO; relacionando-se o peso do pescado com
consumo de ração. Esta função foi estimada através do método

dos mínimos quadrados.'


0 trabalho evidenciou que .a ração convencional C,

apesar de mostrar o maior custo por quilograma de ganho de

peso, proporcionou um ganho de biomassa e margem de retorno


superior aos observados para as dietas não convencionais. En.

tre estas, a ração A apresentou um melhor comportamento.


28

7. BIBLIOGRAFIA:

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