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Palavras-chave: Coeficientes de digestibilidade. Coleta total. Energia metabolizável aparente. Galos cececto-
mizados. Processamento térmico.
ABSTRACT - Chemical composition, energy values, digestibility coefficients and the values of true amino
acid of eight different deactivated full-fat soybeans were determined. The total excreta collecting method was
used to determine the energy values, where 180 broiler chicken, aging 21 days, were distributed in a completely
randomized design, with nine treatments (eight soybeans and one reference diet), four replicates, and five birds
per experimental unit. The method of “forced feeding” was used to determine the digestibility coefficients,
where 40 cecectomized roosters were distributed in a completely randomized design, with eight treatments, five
replicates and one rooster per experimental unit five cockerels were fasted to determine endogenous losses. The
values for apparent metabolizable energy (AME), nitrogen corrected AME (AME n), and coefficients of metab-
olizability (CAME and CAMEn) for the soybean, ranged respectively, from 3.191 to 4.242 kcal/kg, 2.953 to
3.906 kcal/kg, 64.85 to 80.42% and 60.00 to 74.07%. The average values of true digestibility coefficients of
essential and nonessential amino acids from soybeans evaluated ranged from 79.74 to 93.08% and from 78.33
to 91.85%, respectively. The soybean one (deactivated organic) showed the lowest digestible coefficients com-
paring to the others (obtained commercially), probably due to a subprocess, confirmed by the urease activity of
0.32.
Keywords: Apparent metabolizable energy. Cecectomized roosters. Digestibility coefficients. Heat processing.
Total collection.
____________________
*Autor para correspondência
1
Recebido para publicação em 14/04/2014; aceito em 08/12/2014.
2
Professor, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – CCA - PPZ, Rua Pernambuco 1777, CEP 85960-000, Mal. Candido Rondon (PR),
nunesrv@hotmail.com.
3
Pós-graduando, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - PPZ, Rua Pernambuco 1777, CEP 85960-000, Mal. Candido Rondon (PR),
brochjomara@yahoo.com.br.
4
Mestre em Zootecnia, Cooperativa Agrícola COPAGRIL, CEP 85960-000. Mal Candido Rondon (PR), polesecp@yahoo.com.br.
5
Professor, Universidade Federal Grande Dourados, Caixa Postal 533, CEP 7904-970, Dourados (MS), cinthiaeyng@hotmail.com.
6
Professor, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo 5790, CEP 87020-900, Maringá (PR), pcpozza@yahoo.com.br.
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bandejas metálicas sob as gaiolas, revestidas com evitar fermentação das mesmas. As excretas foram
plástico, as quais foram realizadas duas vezes ao dia depositadas em bandejas revestidas com plásticos e
para evitar fermentações. A cada coleta tomou-se o colocadas sob o piso das gaiolas.
cuidado para evitar possíveis contaminações com As excretas coletadas foram identificadas por
ração, penas e escamas e as excretas foram acondici- repetição, quantificadas e congeladas. Ao final do
onadas em sacos plásticos e armazenadas em freezer. período de coleta foram descongeladas a temperatura
Durante o período experimental as aves rece- ambiente e homogeneizadas para posterior secagem
beram ração e água a vontade. Ao término da última em estufa de ventilação forçada a 55ºC, moagem e
coleta foi determinado o consumo de ração e após análise de matéria seca e aminoácidos.
descongelamento das excretas estas foram quantifi- Tendo conhecimento das quantidades de ami-
cadas e homogeneizadas e as amostras retiradas para noácidos ingeridos e excretados, bem como a fração
realização da pré-secagem (55ºC por 72 horas, em metabólica e endógena obtida com galos em jejum,
estufa de ventilação forçada), moagem em moinho foram determinados os coeficientes de digestibilida-
tipo Willye e posterior determinação da matéria seca, de verdadeira e o conteúdo digestível verdadeiro de
nitrogênio total e energia bruta. cada aminoácido nos alimentos, utilizando a fórmula
Uma vez obtido o resultado das análises la- proposta por Rostagno e Featherston (1977).
boratoriais dos alimentos, da RR e das excretas, fo- Como procedimento estatístico, foi realizada
ram calculados os valores de EMA e EMAn, segundo análise de variância (ANOVA) e posteriormente
as equações propostas por Matterson et al. (1965), e aplicação do teste de comparação de médias Student
os coeficientes de metabolizabilidade da energia bru- Newman-Keuls, a 5% de probabilidade para os coe-
ta, em relação aos valores de EMA e EMAn. ficientes de metabolizabilidade da energia e para os
Um segundo experimento foi realizado no coeficientes de digestibilidade verdadeira dos amino-
Setor de Avicultura da Universidade Federal de Vi- ácidos, por intermédio do Sistema de Análises Esta-
çosa (UFV) para determinação dos coeficientes de tísticas – SAEG (2007).
digestibilidade verdadeira das oito amostras de SID,
utilizando a técnica da “alimentação forçada”, descri-
ta por Sibbald (1976), com galos Leghorn adultos RESULTADOS E DISCUSSÃO
cecectomizados, com peso médio de 2571,5 g + 205
g. As aves foram cecectomizadas conforme a meto- De acordo com a composição química
dologia descrita por Pupa et al. (1998), utilizando (Tabela 1), observa-se que a soja integral desativada
anestesia local e laparotomia abdominal. constitui fonte adequada de proteínas e lipídios,
Foram utilizados 45 galos, distribuídos em apresentando valores elevados com relação a estes
um delineamento inteiramente casualizado, compos- nutrientes. Os resultados encontrados para os nutri-
to por oito tratamentos, cinco repetições e um galo entes são condizentes aos reportados por Rodrigues
por unidade experimental. Concomitantemente, cin- et al. (2002) e Silveira e Souza (2007), exceto para
co aves foram mantidas em jejum para determinação cálcio e fósforo.
das perdas endógenas e metabólicas dos aminoáci- As variações observadas quanto à composição
dos. química entre os alimentos estudados ocorrem devi-
Os aminogramas dos alimentos e das excretas do a fatores como condições de cultivo, diferentes
foram realizados no Laboratório de Nutrição Animal cultivares utilizados e aos processamentos a que são
da Ajinomoto, na França, por meio de cromatografia submetidos os ingredientes (CALDERANO et al.,
líquida de alta performance (HPLC), segundo meto- 2010).
dologia descrita pela AOAC (1995). Os teores proteicos das sojas avaliadas varia-
Os galos foram alojados individualmente em ram de 35,77 a 43,69%, exceto para a soja 4 e 6,
gaiolas metálicas de metabolismo (50 x 50 cm) e cujos valores encontrados são superiores aos reporta-
submetidos a um período de adaptação de cinco dias, dos por Rostagno et al. (2011) para a soja integral
onde receberam alimentação em dois turnos de uma extrusada e soja integral tostada (36,42%). No entan-
hora cada, sendo um pela manhã e outro a tarde, a to, os valores de proteína bruta não devem ser consi-
fim de promover dilatação do papo. Antes da inges- derados individualmente, sendo necessário determi-
tão forçada dos alimentos os galos foram submetidos nar os valores de digestibilidade dos aminoácidos.
a jejum de 24 horas para esvaziamento do trato di- Através da digestibilidade dos aminoácidos infere-se
gestório. Após este período, cada ave foi alimentada sobre a qualidade proteica do alimento, visto que o
com 30 g do alimento teste, correspondente ao trata- valor pode sofrer alterações pelo processamento tér-
mento em questão, divididos em duas porções de 15 mico a que são submetidos os ingredientes (SCAPIM
g, fornecidas às 8 e às 16 h, a fim de evitar regurgita- et al., 2003). Com relação aos valores de extrato eté-
ções. A introdução do alimento ocorreu por intermé- reo, exceto para a soja 6, a composição apresentada é
dio de um funil-sonda, via oral, até o papo. superior ao reportado por Rostagno et al. (2011). As
A coleta total de excretas foi realizada durante variações observadas nos valores de composição
56 horas após a primeira alimentação, coleta esta química reforçam a importância de se considerar o
realizada em dois horários, às 8 e às 17 h, a fim de
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tipo de processamento térmico aplicado quando da das como de média granulometria. O tamanho das
utilização da soja integral na alimentação de aves. partículas dos alimentos destinados à fabricação de
Quanto ao diâmetro geométrico médio rações pode influenciar a digestibilidade dos nutrien-
(DGM) das partículas , os alimentos são classifica- tes. A redução na granulometria dos ingredientes
dos como granulometria fina quando apresentam pode interferir no peristaltismo intestinal das aves,
DGM inferior a 600 µm, média quando o DGM é de podendo, desta forma, aumentar a taxa de passagem
600 a 2000 µm e grossa quando o DGM é superior a (OPALINSKI et al, 2010) e prejudicar a digestibili-
2000 µm (ZANOTTO; BELLAVER, 1996). Dessa dade dos nutrientes (OPALINSKI et al., 2011).
forma, todas as sojas estudadas podem ser classifica-
Tabela 1. Composição química dos alimentos testes (% na matéria natural), diâmetro geométrico médio (DGM), solubili-
dade em KOH (%) e índice de uréase.
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1 2 3 4 5 6 7 8
EMA 3.826 ±90 3.976 ±180 3.574 ±151 3.191 ±173 3.994 ±135 4.053 ±172 4.242 ±165 4.021 ±185
EMAn 3.456 ±88 3.694 ±156 3.269 ±154 2.953 ±151 3.701 ±149 3.810 ±144 3.906 ±141 3.709 ±176
EMA 4.141 ±96 4.276 ±194 3.930 ±166 3.462 ±188 4.283 ±145 4.336 ±184 4.616 ±180 4.372 ±201
EMAn 3.740 ±95 3.973 ± 167 3.595 ±169 3.203 ±164 3.968 ±159 4.077 ±154 4.251 ±153 4.032 ±192
1 EB = energia bruta; EMA = energia metabolizável aparente; e EMA n = EMA corrigida pelo balanço de nitrogê-
nio
As sojas diferiram (P<0,05) quanto aos coefi- menor teor de fibra bruta. A soja 4 apresentou o me-
cientes de metabolizabilidade (Tabela 3). Conside- nor coeficiente de metabolizabilidade, provavelmen-
rando a composição química, observa-se que as sojas te em razão da presença de altos teores de fibra bru-
7 e 8 apresentaram altos coeficientes de metaboliza- ta, fibra em detergente neutro e ácido, em relação as
bilidade em função do maior teor de extrato etéreo e demais sojas.
Tabela 3. Coeficientes de metabolizabilidade e seus respectivos desvios padrões das diferentes amostras de soja integral
desativada, na percentagem matéria seca.
Soja Integral Desativada
1 2 3 4 5 6 7 8 CV
CEMA 74,15 72,86 71,83 64,85 73,48 72,11 80,42 78,02 4,13
±1,74b ±3,30b ±3,04b ±3,51c ±2,48b ±3,06b ±3,13a ±3,58ab
CEMAn 66,97 67,70 65,71 60,00 68,08 67,79 74,07 71,96 4,14
±1,70bc ±2,85bc ±3,09c ±3,06d ±2,73bc ±2,56bc ±2,68a ±3,42ab
1 a,b,c,d
Letras diferentes na mesma linha diferem pelo teste de SNK (P<0,05) CV = coeficiente de variação.
Quando comparada a composição aminoací- com relação as demais (Tabela 5). Os resultados se
dica das sojas estudadas (Tabela 4) com a literatura justificam considerando o alto índice de urease apre-
observam-se valores discrepantes (CARVALHO et sentado pela soja 1, indicando um processamento
al., 2008; SCOTTÁ et al., 2013). O controle de qua- térmico de má qualidade. Desta forma, os fatores
lidade da soja integral desativada fornece informa- antinutricionais podem não ter sido desativados redu-
ções sobre a inativação dos fatores antinutricionais e zindo a digestibilidade dos aminoácidos ao interferir
os efeitos do aquecimento sobre a digestibilidade e a nos processos de digestão. Entre os fatores antinutri-
qualidade da proteína, o que pode levar a variações cionais mais comuns podem ser citados os inibidores
no conteúdo de aminoácidos dos alimentos avalia- de tripsina.
dos. O subaquecimento mantém os fatores antinutri- Além disso, como mencionado anteriormente,
cionais, ao passo que o superaquecimento causa re- as condições de processamento (SAKOMURA et al.,
dução da digestibilidade dos aminoácidos, principal- 2004), bem como a variabilidade genética existente
mente devido a reação de Maillard, na qual há inte- entre as sojas, podem levar a variações na composi-
ração de aminoácidos com açúcares formando pro- ção química dos alimentos, o que poderia justificar
dutos indisponíveis aos processos digestivos as diferenças entre a soja integral orgânica (soja 1)
(LEESON; SUMMERS, 2001; MENDES et al., das demais.
2004). Os valores de digestibilidade dos aminoácidos
Neste experimento, houve diferença (P<0,05) do presente trabalho são condizentes aos da soja inte-
nos coeficientes de digestibilidade verdadeira dos gral extrusada e soja integral tostada apresentados
aminoácidos essenciais e não essenciais para a soja 1 por Rostagno et al. (2011).
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Da mesma forma que ocorreu com a compo- conteúdo de aminoácidos digestíveis de um mesmo
sição aminoacídica, observou-se variabilidade entre alimento.
os resultados para o teor de aminoácidos digestíveis Apesar dos menores coeficientes de digestibi-
verdadeiros (Tabela 6). Segundo Rodrigues et al. lidade apresentados pela soja 1 os valores de aminoá-
(2002), as diferenças estão associadas às variações cidos digestíveis verdadeiros se equipararam às de-
na quantidade total de cada aminoácido e no coefici- mais sojas, haja vista que o conteúdo aminoacídico
ente de digestibilidade, resultando em variações no inicial foi superior.
Tabela 6. Valores de aminoácidos digestíveis verdadeiros dos alimentos, em porcentagem, na matéria natural.
Sojas
Aminoácidos 1 2 3 4 5 6 7 8
Lys 2,412 2,279 2,281 2,206 2,156 2,003 2,167 2,025
Met 0,471 0,477 0,452 0,444 0,485 0,442 0,470 0,440
Cys 0,449 0,479 0,451 0,463 0,445 0,425 0,461 0,455
Met+Cys1 0,919 0,956 0,903 0,907 0,929 0,866 0,931 0,896
Thr 1,278 1,362 1,324 1,292 1,232 1,139 1,266 1,202
Arg 2,977 2,859 2,859 2,635 2,621 2,474 2,660 2,618
His 0,981 0,994 0,978 0,922 0,908 0,854 0,905 0,881
Val 1,578 1,687 1,676 1,612 1,597 1,449 1,581 1,500
Ile 1,563 1,632 1,626 1,544 1,565 1,445 1,555 1,482
Leu 2,724 2,879 2,864 2,728 2,693 2,488 2,699 2,522
Phe 1,818 1,880 1,849 1,767 1,746 1,652 1,775 1,701
Ala 1,449 1,548 1,525 1,517 1,471 1,353 1,490 1,368
Asn 4,142 4,149 4,124 3,985 3,855 3,633 3,961 3,679
Glu 7,269 7,037 7,066 6,650 6,641 6,192 6,572 5,837
Ser 1,832 1,897 1,867 1,851 1,774 1,683 1,796 1,690
Tyr 1,223 1,303 1,274 1,181 1,219 1,140 1,210 1,174
1 1
Metionina + Cistina
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