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GUIA DEFINITIVO

DE REDAÇÃO
PARA O ENEM
SUMÁRIO

QUEM SOMOS......................................................................................................................... 7
OBJETIVO............................................................................................................................... 9
A IMPORTÂNCIA DA REDAÇÃO DO ENEM....................................................................................11
COMPETÊNCIAS.....................................................................................................................13
Competência I..........................................................................................................................................14
Competência II.........................................................................................................................................16
Competência III........................................................................................................................................21
Competência IV........................................................................................................................................23
Competência V.........................................................................................................................................27
Estruturando o texto................................................................................................................................30
EXERCÍCIOS...........................................................................................................................31
Acentuação gráfica..........................................................................................................................................31
Coesão e coerência ........................................................................................................................................58
Funções de linguaguem..................................................................................................................................78
Interpretação de texto..................................................................................................................................104

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QUEM SOMOS

A tecnologia é hoje crucial para uma educação de qualidade. Para estudantes, ela congrega
informações e interatividades que facilitam o aprendizado. Para as escolas e professores,
ela é um ganho de ferramentas pedagógicas estratégicas que elevam a qualidade do
ensino, além de facilitar a gestão e a logística do grande volume de informações, provas
e papéis que circulam diariamente nos colégios.
O PROJETO REDAÇÃO está inserido nesse cenário, fornecendo soluções tecnológicas
inovadoras para a educação. Já são mais de 804.451 usuários e mais de 1.300.000
redações corrigidas.
Esperamos, juntos, protagonizar a transformação da educação brasileira, garantindo um
ensino acessível e de qualidade.

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OBJETIVO

Prezado aluno, candidato ao Enem, este material foi criado com o objetivo de otimizar
o seu estudo para a produção textual cobrada no maior exame do país. Compilamos
200 questões para você treinar, assim, você terá ainda mais chances de conquistar a tão
sonhada nota 1000!
A apostila possui, também, capítulos que explicam de forma clara e rápida tudo o que é
cobrado em cada competência.
A Equipe PROJETO REDAÇÃO deseja a você bons estudos e muito sucesso!

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A IMPORTÂNCIA
DA REDAÇÃO
DO ENEM

Você, estudante, já deve ter reparado que está cada vez mais difícil conseguir uma nota
1000 no Enem, e isso tem sido comprovado por meio de dados. As notas máximas eram
comuns até alguns anos atrás, mas a queda no número foi se tornando expressiva, até
que em 2016 menos de 100 candidatos conseguiram total, mais especificamente 77,
dentre os milhões de alunos que prestaram o exame. No ano seguinte, 2017, o número
caiu ainda mais: só 53 candidatos conseguiram a nota máxima. Em 2018 foram 55 e, em
2019, apenas 53.
Qual é a explicação para isso? O Enem foi criado, em 1998, com o objetivo de avaliar
a qualidade da educação do país, sendo aplicado aos alunos do ensino médio para
ajudar o governo a elaborar estratégias e políticas de melhoria do ensino por meio dos
parâmetros e diagnósticos tirados do desempenho desses estudantes. A abrangência foi
tamanha que hoje o Enem é considerado o maior vestibular do país, pois tornou-se a
principal porta de entrada para o ensino superior em instituições pública e privadas do
Brasil. Devido à sua importância como método avaliativo no país, o exame vem sendo
aprimorado a cada ano e a banca de correção está cada vez mais criteriosa.
E por que a redação é tão importante? Os textos são meios de transmissão de mensagens
e a escrita é essa ferramenta de expressão à qual todos têm o direito de acesso. Por
isso, desde pequenos aprendemos a ler e a escrever, somos ensinados sobre como
nos expressarmos bem por meio das palavras. A escrita auxilia a nossa capacidade de
raciocínio e nos direciona a articulação de um discurso coerente. Essas habilidades
nos serão exigidas nos espaços acadêmicos e profissionais, por isso tamanha cobrança
em relação a você para que faça uma boa produção textual no maior e mais abrangente
exame avaliativo do país.
Mas não se preocupe, o PROJETO REDAÇÃO quer facilitar todo o processo de
aprendizagem, para você tirar de letra e se dar bem na redação! Vem com a gente! :D

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COMPETÊNCIAS

Para conseguir a nota máxima na redação do Enem, é preciso atentar-se aos mínimos detalhes do
que é cobrado nas cinco competências da prova.
A redação do Enem é avaliada da seguinte forma:
Valor: 1000 pontos
Competências: 5
Cada competência vale 200 pontos e dentro de todas elas há os níveis de atribuição da nota, também
divididos em outros 5 critérios:
Não considerada: 0 pontos
Precário: 40 pontos
Insuficiente: 80 pontos
Mediano: 120 pontos
Bom: 160 pontos
Ótimo: 200 pontos
Veja a descrição das competências e nos próximos capítulos tudo o que você deve fazer para alcançar a
nota máxima em cada uma delas.
Competência 1 – Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Competência 2 – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento
para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3 – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista.
Competência 4 – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção
da argumentação.
Competência 5 – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos.

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COMPETÊNCIA I

A competência 1 avalia se o participante domina a modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.


Nosso objetivo é que você compreenda o que será cobrado pela banca de correção no que diz respeito
a esse critério, para que seja capaz de tirar a nota máxima e garantir-se mais próximo da nota 1000!
Observe:
A competência 1 irá avaliar se o aluno atende às regras gramaticais e se escreve de forma a garantir
fluidez da leitura, por meio da construção das frases.
A linguagem formal é obrigatória para o gênero dissertativo-argumentativo cobrado no Enem. Isso é
indicado, inclusive, no comando da proposta. Portanto, de forma alguma poderá haver registro informal
ou marca da oralidade no texto.
• Para garantir a boa avaliação das construções sintáticas, é preciso observar se os períodos estão
completos e claros quanto às ideias.
• Erros de convenção de escrita são considerados os de acentuação, ortografia, separação silábica, uso
do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas.
• Erros gramaticais dizem respeito à concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos,
pontuação, regência verbal e nominal e colocação pronominal.
• Erros de vocabulário estão relacionados à seleção de palavras, que devem ter sentidos apropriados
no texto.
Dicas para escrever bem e corretamente:
1) ESTUDE VÍRGULA
Um erro muito comum diz respeito ao uso da vírgula. Aprendemos sobre ela durante todo o percurso
escolar, mas ela ainda é a “pedra no sapato” de muita gente na hora de escrever. Sem contar que algumas
orientações erradas podem ser internalizadas por muito tempo, como aquela falsa regra de “colocar a
vírgula sempre que você pausar para respirar durante a leitura”. Imagine se essa regra fosse verdadeira?
Ela iria variar entre pessoas com mais ou menos fôlego, não é?! Bom, não é assim que funciona. Estude
as regras de vírgula, poupe seu fôlego e não erre mais!

2) ESTUDE CRASE
Reconhecemos que o uso da crase não é fácil. Envolve uma série de normas e exceções. Ok! Mas ela é
necessária, inclusive por motivos de clareza, então, compreender as regras é fundamental. Errar crase
pode comprometer sua nota na competência que avalia norma culta assim como a de coesão e coerência.
Cuidado!

3) REVISE PALAVRA POR PALAVRA PARA ACHAR AS QUE FALTAM ACENTO


Nem sempre temos dúvidas quanto à acentuação, mas erramos por falta de atenção! Nossa dica é que você
sempre volte em palavra por palavra, tendo um cuidado específico de observar se em alguma delas faltou acento.

4) ESTUDE AS REGRAS DE USO DO HÍFEN


Já tínhamos dificuldade para usar o hífen, aí veio o Novo Acordo Ortográfico e…bom, continuamos não

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COMPETÊNCIAS

sabendo como usá-lo. Mas é preciso correr atrás e entender, afinal, ele será cobrado. Estude todas as
regras de hifenização do Novo Acordo Ortográfico.

5) ESTUDE CONCORDÂNCIA
São tantas as regras e exceções de concordância que unidades inteiras costumam ser destinadas ao
ensino dela na gramática tradicional! Mas vale a pena e é necessário investir na leitura sobre ela, afinal,
além de comprometer sintaticamente as orações, errar concordância empobrece o texto e passa uma
impressão ruim ao corretor. Atente-se a isso!

6) PESQUISE CURIOSIDADES DA LÍNGUA


Além de ser divertido, essa é uma forma de internalizar regras importantes da língua. Por exemplo: você
sabia que a palavra “quaisquer” é a única no português que forma plural no meio? Agora que já sabe, não
corre o risco de errá-la quando precisar usar no texto.

7) ACOMPANHE MÍDIAS SOCIAIS QUE POSTEM DICAS DE GRAMÁTICA


Estamos constantemente checando as redes sociais. Aquela fugidinha rápida dos estudos não precisa
significar deixar completamente de lado o momento de aprendizagem. Basta seguir aqui e ali alguma
página que poste dicas de gramática.

8) ESCREVA
A escrita é uma forma de praticar a ortografia correta, a acentuação, a pontuação e a organização
sintática das orações. Portanto, mão na massa! Crie o hábito de escrever sempre, mesmo as mais básicas
anotações.

9) FAÇA UM DIAGNÓSTICO DE SUAS DIFICULDADES


Com a prática da escrita você irá perceber em quais tópicos gramaticais tem mais dificuldade e poderá,
então, dedicar-se ao estudo deles. Seja seu próprio avaliador. Isso é importante para que você mesmo
tenha a capacidade de direcionar o que é prioridade de estudo para enriquecer sua compreensão
gramatical.

10) LEIA BASTANTE


Essa dica é essencial e muito importante: a leitura nos ajuda a internalizar regras de norma culta. Ela
é necessária para várias áreas do estudo de redação, inclusive a gramatical. Ler palavras escritas e
acentuadas corretamente, por exemplo, nos faz reproduzi-las automaticamente com excelência!

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COMPETÊNCIA II

A competência 2 da redação do Enem diz respeito à compreensão do tema proposto, abordagem de


conceitos de outras áreas do conhecimento e adequação à estrutura do tipo textual dissertativo-
argumentativo. O que a banca avalia nesta competência?
O corretor irá observar se você é capaz de desenvolver o tema de forma direcionada, em um texto
dissertativo-argumentativo, ou seja, em que se expõe o conhecimento sobre o assunto e tenta argumentar
sobre ele por meio de um ponto de vista, exposto na tese da introdução.
O que fazer:
• Procure compreender bem a proposta para não tangenciar acidentalmente ou, ainda, fugir ao
tema. Leia atentamente os textos motivadores, pois eles direcionam o candidato sobre o foco
esperado para o desenvolvimento do assunto.
• Não se atenha ao desenvolvimento de ideias expostas nos textos da prova, eles servem como
apoio. Extrapole-os, demonstre que seus conhecimentos vão além, fuja do senso comum, pois
grande parte dos candidatos não preparados irão desenvolver justamente aquelas ideias, e
elas serão consideradas previsíveis, portanto, a nota será mais baixa.
• Em hipótese alguma você deverá copiar trechos dos textos, sob risco de ter a redação zerada.
• Seja incisivo quanto ao seu ponto de vista, não fique apenas apresentando uma série de dados e fatos
sem que o seu vocabulário indique que eles foram apresentados para fundamentar sua opinião.
• Traga para o texto informações que você adquiriu ao longo da vida, seja nas escolas ou nas
demais experiências. Relacionar o tema com a sua realidade de aprendizados é enriquecedor
para o texto e ajuda a credibilizar suas ideias, as tornando plausíveis e persuasivas.
• Esteja sempre informado sobre as discussões da atualidade, para chegar preparado para
discutir quaisquer temas. Assista aos jornais, leia bastante e estude o que tem sido pauta em
sociedade. Isso irá aperfeiçoar o tão importante repertório sociocultural.
• Não adianta escrever bem e não desenvolver o tema, não é? Portanto, bastante atenção.
Conforme explicado anteriormente, o texto cobrado na prova de redação do ENEM é o dissertativo-
argumentativo. Ele é dividido em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Veja, agora, como fazer
bons parágrafos de desenvolvimento.
O desenvolvimento é o principal aspecto avaliado na redação, é a parte em que possui mais critérios
de avaliação. É nele que você deve apresentar seus argumentos e defender os questionamentos e o
posicionamento da introdução. Portanto, é necessário que a introdução seja escrita de forma clara e já
conduza para o conteúdo o que será defendido no texto.
Primeiramente, você precisa compreender, sempre que for fazer sua redação, que as ideias precisam
ser esquematizadas. Assim, antes de começar a escrever, você precisa saber exatamente do que vai
tratar o seu texto. Então, mesmo que de forma aleatória, escreva tudo o que vier à mente. Depois,
você pode enumerar o que irá aparecer no seu texto e de que forma. É importante que a união de
suas ideias fique coerente e siga uma ordem lógica. Planejamento é essencial no ENEM. Afinal de
contas você tem trinta linhas e tempo para fazer a prova. É preciso administrar bem essas duas
coisas.
O objetivo do desenvolvimento é provar ao leitor o seu ponto de vista. Independentemente de sua posição
a respeito do tema, escolha sempre argumentos que consiga justificar, pois o seu objetivo é convencer e a

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COMPETÊNCIAS

argumentação é muito importante. Não use termos subjetivos como: “eu acho”, até porque o seu texto
deve ser escrito na terceira pessoa.
Por mais sólidos que seus argumentos sejam, eles podem ter falhas. Por isso, mostre os pontos positivos
e negativos para convencer o leitor de que o seu ponto de vista apresenta a melhor solução.
Assim como na introdução, no desenvolvimento é necessário estabelecer uma divisão também. Comece
pela apresentação da ideia principal, apresente seus argumentos de acordo com o seu ponto de vista
e, por fim, feche a ideia, para que o seu desenvolvimento não termine do nada, de forma brusca e sem
sentido.
Você viu que para desenvolver um bom texto é necessário argumentar, por isso é importante que você esteja
sempre atento a temas da atualidade. Praticar também é essencial. Além disso, para conseguir desenvolver
bem o seu texto, é preciso organização para que tudo seja bem justificado e nenhuma informação falte
nesses parágrafos do texto. Atente-se às dicas a seguir, coloque-as em prática e aperfeiçoe ainda mais sua
redação.
Existem diversas formas de elaborar um bom parágrafo de desenvolvimento e uma delas apresenta os
seguintes passos:
1. Apresentação de um tópico frasal: tópico frasal é a ideia central do seu argumento, aquilo
que você acredita ser a situação-problema relacionada ao tema e que será o foco de discussão
do parágrafo. Geralmente é apresentado por uma frase breve que sintetiza o seu pensamento
sobre a situação. Pode ser elaborado como uma afirmação, uma comparação ou uma
referência histórica, por exemplo.
2. Fundamentação da ideia: depois de apresentar a situação-problema, você deve, então,
comprovar a ideia. Procure responder às seguintes questões: por que tal problema acontece?
Como acontece? Há exemplos, dados ou reflexões teóricas a respeito? Essas informações
devem aparecer e denotam credibilidade ao que você afirma.
3. Fechamento da ideia: trata-se de retomar, reafirmar o tópico frasal, com o propósito de
indicar que o seu ponto de vista foi válido e, portanto, claramente fundamentado por meio
das respostas do passo 2.
Tenha em mente que:
• Esse não é o método único de organização dos parágrafos de argumentação, apenas uma
(boa!) sugestão.
• As dicas devem ser adaptadas quando você mudar a estratégia argumentativa, por exemplo,
causa e consequência, enumeração, entre outros modelos de apresentação do assunto. O
importante é nunca deixar o leitor se perguntando o porquê e as consequências daquilo que
você diz ser o problema.
• Outro aspecto ao qual você deve ficar atento é que essas estratégias servem tanto para um
argumento negativo quanto positivo. Não entenda a palavra problema apenas como sendo
negativa, substitua-a por situação. Assim, você poderá abordar tanto uma situação que seja
negativa, quanto uma que seja positiva.
• É, inclusive, muito enriquecedor quando você é capaz de demonstrar que há aspectos negativos, mas
também positivos sobre a temática. Só não se esqueça de posicionar-se, afirmando que, por não
completamente eficiente e satisfatória, medidas devem ser tomadas, para garantir o aperfeiçoamento
daquilo que se discute.
Agora, veja um exemplo prático do tópico acima: suponhamos que o tema trata-se de uma reflexão sobre
o SUS (Sistema Único de Saúde). Você deve conhecer bem as críticas ao sistema, fundamentar o lado

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negativo é fácil, mas também é muito comum. Por isso, é preciso “fugir” do senso comum e ir além. Por
exemplo, aborde os pontos favoráveis do sistema. Alguns deles são:
• Há apenas 20 anos a saúde não era um direito de todos, era privilégio dos trabalhadores
de carteira assinada e seus dependentes, o que colocava as demais pessoas excluídas da
possibilidade de assistência médica. O SUS universalizou o atendimento, qualquer cidadão
tem, por direito, acesso à saúde!
• Em 2012, o sistema foi foco de discussão no comitê de Genebra da Organização Mundial de
Saúde (OMS). O objetivo foi apresentá-lo para ajudar outros países a também construírem um
sistema público de saúde semelhante, ou seja, nosso sistema é referência para outras nações.
“Apesar disso…” É aí que entra o seu senso crítico sobre o tema. Basicamente, o aluno deve considerar
que o sistema é bom, na teoria, mas não tem sido eficiente na prática, o que evidencia a necessidade de
aprimoramentos, mudanças, intervenções.

Coloque em prática o que foi aprendido até agora e construa variados parágrafos de
desenvolvimento, até encontrar o seu modelo preferido. Pesquise bastante sobre os assuntos,
esteja sempre atualizado e expanda seu repertório sociocultural.

Entender a diferença entre tangenciamento e fuga ao tema é muito importante, pois as redações com
esses problemas podem ter a nota da competência 2 ou até mesmo de toda a redação zerada. Mas antes
de demonstrar como fazer, definimos o que é assunto e o que é tema, para compreender melhor as
características da redação.
• Assunto: mais amplo
• Tema: delimita um aspecto a ser discutido sobre o assunto
Por exemplo, imagine uma roda de conversa entre amigos e alguém faz o seguinte comentário: “Vocês
perceberam como o índice de depressão aumentou entre os jovens?” Considere que o que está sublinhado
é o TEMA suscitado por um deles.
Em resposta, todos começam a apontar as possíveis causas que consideram para o aumento desse índice
de depressão entre os jovens. Todos se expressando dentro do TEMA. Em dado momento, um dos amigos
começa a se expor da seguinte forma: “Ah, mas os jovens estão muito imersos à realidade das drogas e
ingestão de bebida alcoólica” e opina sobre isso de forma direcionada à ‘irresponsabilidade dos pais’.
Perceba que ele tangencia o assunto, ou seja, fala sobre algo que está relacionado ao TEMA, mas dissocia
a ideia levando-a a outras reflexões que não respondem diretamente à questão.
Já um dos colegas, que não havia se manifestado até então, começa a forçar o ASSUNTO para uma outra
temática, pois não está muito interessado no tópico. Começa a falar de jovens no geral. Nesse caso, além
de ter sido mal-educado, foge totalmente ao tema inicial.
Agora que você já percebe a diferença entre tema e assunto, leia o que o Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) define como tangenciamento ao tema “(…) a
abordagem parcial, realizada somente nos limites do assunto mais amplo a que o tema está vinculado,
deixando em segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto.” A definição
do mesmo órgão para fuga ao tema considera “quando nem o assunto mais amplo nem o tema proposto
são desenvolvidos.”
Ficou confuso? Uma dica prática, para saber se você respondeu ao tema de forma completa, é observar

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COMPETÊNCIAS

se você responde ao comando do tema. Por exemplo: Tema > Lei Seca: efeitos da implantação da lei
no Brasil. O que está destacado é o comando do tema e o aluno tem que, obrigatoriamente, tratar dos
efeitos da lei em vigor, não podendo simplesmente dissertar sobre ela sem dar uma resposta a isso.
Se o seu texto apresentar tangenciamento, sua nota na competência II é 40. Caso ele fuja ao tema, a nota
é zero no texto como um todo. Por isso é tão importante estabelecer qual é o ponto central do tema e,
então, começar a redação com um destrinchamento de ideias direcionadas à resposta dele.
Além disso, você deve ficar atendo ao elaborar a redação, pois por mais que você não fuja ao tema,
poderá tangenciá-lo caso, por exemplo, o tema seja sobre Publicidade Infantil no Brasil e você se referir
somente à publicidade, com o foco em propagandas de roupas de grandes marcas, ou se dissertar
somente sobre outro aspecto relacionado ao universo infantil. Quanto você tangencia um tema, é punido
nas competências pertinentes (II, III e, possivelmente, V). Portanto, leia com muita atenção o comando da
redação e os textos de apoio e pratique o hábito de revisar seu texto antes de entregá-lo.
Uma das principais dificuldades dos alunos diz respeito à introdução do texto. Apesar de parecer
complicado, é bastante simples, principalmente se você tiver conhecimento das inúmeras formas de
iniciar o texto. Cabe a você escolher a mais adequada ao seu estilo de escrita e argumentação. Observe,
a seguir, alguns tipos de introdução e suas especificidades:

CITAÇÃO
Você pode iniciar o texto com uma citação relevante relacionada ao tema.
Exemplo:
O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire afirmava que “se a educação sozinha não transforma a
sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Analisando o pensamento e relacionando-o à realidade
da educação no Brasil, percebe-se a necessidade de um olhar mais atento para o aprimoramento do
sistema de ensino, considerando sua importância para a promoção de uma sociedade mais crítica e
reflexiva, que, consequentemente, tende a ser mais justa, igualitária e humanizada. (Tema: Desafios da
educação no Brasil do século XXI)

DEFINIÇÃO
Esta é uma forma simples e interessante de iniciar o texto: definindo, ou seja, explicando o assunto.
Exemplo:
Define-se como sedentário o indivíduo que não pratica atividades físicas no seu cotidiano. Doenças como
obesidade, diabetes, aumento do colesterol e problemas cardíacos são algumas das que podem aparecer
como consequência deste mau hábito. (…) (Tema: Sedentarismo: o grande mal do século?)

EXEMPLIFICAÇÃO
Neste caso, você inicia o texto com algum dado estatístico, uma notícia ou lei. Pode ser, também, um
conhecimento de mundo que diz respeito ao tema.
Exemplo:
Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 196, é dever do Estado garantir o acesso à saúde,
bem como é responsável pelas medidas públicas para zelar pelo bem-estar físico de todos os cidadãos
brasileiros. Assim, faz-se necessário que o Poder Público atente-se para o sedentarismo enquanto
situação que põe em risco a saúde de milhares de cidadãos do país. (Tema: Sedentarismo: o grande mal
do século?)

ALUSÃO HISTÓRICA
Neste modelo de introdução, você apresenta um fato histórico que remete ao tema e compara-o

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à discussão na atualidade. O Enem cobra do aluno a capacidade de demonstrar conhecimentos
de mundo e um bom repertório sociocultural. Portanto, esta alternativa é uma boa forma de dar
credibilidade à sua argumentação.
Exemplo:
A intolerância religiosa é um problema recorrente na história da humanidade. Na Idade Média, por
exemplo, os Tribunais do Santo Ofício – também chamados de Inquisição – julgavam e condenavam as
pessoas que não acreditavam na religião católica. Apesar de o Brasil ser um país laico, tem-se, atualmente,
um contexto análogo a essa situação: ainda persistem os casos de discriminação e preconceitos sofridos
por algumas religiões. Sendo assim, encontrar caminhos para combater a intolerância religiosa, no
Brasil, é um desafio que precisa ser enfrentado pela sociedade civil e pelo Estado. (Tema: Caminhos para
combater a intolerância religiosa no Brasil)

AFIRMATIVA
Neste caso, você faz uma espécie de declaração sobre o assunto logo no início. Escolha uma frase de
impacto, mas que não seja exagerada. O objetivo é chamar a atenção do leitor, por exemplo, com
uma afirmação crítica.
Exemplo:
O Brasil é uma nação historicamente machista e violenta, o que é perceptível ao analisarmos a persistência
das agressões contra as mulheres mesmo depois das recentes medidas legais. (…) (Tema: A persistência
da violência contra a mulher)

COMPARATIVA
Neste modelo de introdução, você pode comparar o tema com algo semelhante ou oposto ao que se
discute.
Exemplo:
Os Estados Unidos, referência em desenvolvimento tecnológico, são um bom exemplo de que a educação
de qualidade e com a valorização adequada gera bons frutos. Em contrapartida, no Brasil a realidade
tem sido bem distinta. O baixo piso salarial dos professores explicita essa falta de reconhecimento aos
profissionais da educação. Tal desvalorização é fruto de baixos investimentos governamentais, aliado ao
passado histórico brasileiro. (Tema: O histórico desafio de valorizar o professor)
Procure explorar cada um dos tipos pelo menos uma vez e escolha o seu preferido de acordo com as
estratégias argumentativas.

18 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIA III
A competência III se refere à habilidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações,
fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista, o que está intimamente ligado à sua
capacidade de compreensão do tema e à relação dele com o seu repertório sociocultural.
Por isso, sua preparação para esse item passa, acima de tudo, pela vivência e pelas experiências adquiridas
ao longo de sua vida escolar. Essa qualidade pode ser potencializada a partir de exercícios de leitura,
debates e outras estratégias. Nessa competência, é esperado que você organize o conhecimento que
possui em defesa de um ponto de vista pessoal dentro do tema estipulado. Veja como são distribuídas as
notas da Competência III:
• A nota zero é atribuída à prova de redação que apresenta informações, fatos e opiniões não
relacionados ao tema, sem que haja defesa de ponto de vista.
• O desempenho precário é percebido quando há pouca relação dos dados apresentados com
o tema e, ainda, opiniões incoerentes, que levam o autor a não defender um ponto de vista.
• O nível insuficiente é entendido pelos examinadores quando há exposição de informações e
fatos sobre o tema, mas de maneira desorganizada e contraditória. Outro elemento percebido
é que o conhecimento apresentado se restringe aos dados trazidos nos textos motivadores.
• É considerado mediano o texto que traz informações, fatos e opiniões relacionamentos ao
tema, mas ainda centrados apenas nos argumentos propiciados pelos textos de apoio.
• Em uma redação que recebe uma avaliação boa nesta competência, o inscrito traz o conteúdo
dentro do tema, de maneira organizada, e com indícios de autoria e defesa de ponto de vista.
• O ótimo desempenho é notado quando o candidato traz os dados todos totalmente relacionados
ao assunto proposto, de modo organizado e consistente.
Agora que você já sabe como são os critérios de avaliação do Enem, que partem da análise das 4 habilidades:
seleção, relação, organização e interpretação de informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa
de um ponto de vista, leia as dicas de como tirar total na competência III da redação do Enem.
1. Selecionar ideias significa escolher, separar informações dentre as inúmeras que você pensa
ao se deparar com o tema. A capacidade de selecionar dita a expressividade do repertório
sociocultural. Portanto, é importante não se ater aos textos motivadores e demonstrar autoria.
Pensando no objetivo de persuasão do leitor, é preciso selecionar as ideias mais fortes, as que
você, de fato, saberá fundamentar e contextualizar de forma eficiente no texto.
2. Relacionar ideias e informações é essencial para a boa defesa da opinião. Trata-se da coerência
estabelecida por você em relação ao que está sendo dito e o que foi proposto como tema. Um
argumento deve complementar o outro e estar bem direcionado à resposta ao comando. Você
deve ficar atento para que um parágrafo complemente o outro, sem parecer que uma ideia
está dissociada da outra, afinal, pensamos no texto com um todo.
3. Organizar está muito relacionado a selecionar, pois aqui trata-se da hierarquização das
ideias. Como você sabe, há as mais relevantes e as menos expressivas, é preciso pensar,
agora, na disposição desses argumentos no texto. Onde irão chamar mais atenção, por
exemplo. Argumento mais forte no primeiro ou segundo parágrafo de desenvolvimento?
Pensar em detalhes como este podem fazer a diferença na percepção do corretor em
relação ao seu texto. Além disso, organizar uma lógica que direciona o leitor a entender o
que está sendo defendido aumenta suas chances de conseguir uma nota mais alta.

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4. Interpretar ideias é importante para que você direcione a argumentação para a resposta
ao tema de forma eficiente. É imprescindível que se compreenda a melhor estratégia para
contextualizar os argumentos, para que indiquem, claramente, que você compreendeu o que
foi solicitado na discussão. A leitura atenciosa dos textos motivadores direciona o raciocínio
para a escrita do texto. Além disso, separar um tempo para entender o tema em si, faz com que
você consiga identificar o comando da proposta, e não corra o risco de tangenciar ou fugir ao
assunto proposto.
Na terceira competência, você deve demonstrar total capacidade de apresentar ideias em um texto
organizado e coerente, com informações que se relacionem. Por mais que você consiga desenvolver bons
argumentos, algumas vezes sua nota pode ficar prejudicada por falta de ligação entre os pensamentos,
ou pela dificuldade de iniciar um raciocínio e dirigi-lo até um ponto de conclusão. Por isso, você deve
conhecer, para evitar, os erros mais comuns na terceira competência. São eles:
Erro na ligação de ideias
Este erro acontece quando os pensamentos não se unem em uma linha clara de raciocínio. É como se você
deixasse pedaços desconexos de texto perdidos em meio a redação. Você não consegue, desta forma,
organizar as ideias de maneira que elas se tornem um texto único, e deixem de ser apenas fragmentos.

Redações muito prolixas


Textos prolixos são aqueles que falam muito, mas dizem muito pouco. Já pode ter acontecido com você,
de tropeçar ao tentar escrever de maneira mais “bonita” e estender demais um parágrafo ou pensamento,
tentando torná-lo mais plausível pelo excesso de palavras. Este tipo de erro demonstra a incapacidade de
apresentar ideias sintetizadas e claras, o que diminui a sua nota no final.
Ausência de um direcionamento claro: Começo – Meio – Fim
A organização das ideias em um texto deve seguir sempre uma estrutura básica aprendida ainda nos
primeiros anos de aula. Ou seja, uma boa redação deve apresentar, de maneira concatenada e clara, um
início, uma introdução ao tema e às ideias abordadas na produção do texto. Um meio, que representa o
desenvolvimento do pensamento. E por último, um fim, onde o texto é encerrado. É comum que, perdidos
em seus próprios pensamentos, a proposta de intervenção seja abordada apenas nas últimas linhas da
redação, mas o fim de uma redação não deve ser usado para apresentar a proposta de intervenção e sim
para fechar o pensamento de maneira concreta e definitiva, sem deixar margem para continuações.

20 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIA IV

A competência IV é a responsável por avaliar se você demonstra conhecimento dos mecanismos


linguísticos necessários para a construção da argumentação. Mas o que isso quer dizer?
Há recursos na língua portuguesa que servem para estruturar melhor os períodos dentro de um parágrafo
e os parágrafos dentro do texto. Conectar uma frase à seguinte por meio de uma conjunção, por exemplo,
é uma estratégia que denota coesão, ou seja, interligação textual.
Os parágrafos possuem funções específicas, mas estão relacionados pelo mesmo assunto, portanto, essa
relação deve estar evidente ao longo do texto. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais
são exemplos desses recursos linguísticos.
Por meio dessa competência, o corretor avalia de que forma os parágrafos são estruturados, por exemplo,
se por comparação, por causa-consequência, por exemplificação ou por detalhamento; se os períodos
do parágrafo são bem elaborados e não são muito longos e se há referenciação, ou seja, uso de pronomes
e advérbios para retomar termos e não repeti-los desnecessariamente.
As avaliações da competência 4, assim como as outras competências do Enem, são feitas em 5 níveis,
conforme apresentado no quadro a seguir.

NOTA NÍVEL
A redação classificada nesse nível possui problemas gravíssimos de articulação, de forma a
0
não ser possível compreender a conexão entre as informações passadas.
A redação classificada nesse nível possui pontos em que a estruturação textual, apesar de
40
precária, acontece, mas ainda há muitas inadequações.
A redação classificada nesse nível apresenta alguma progressão textual, mas ainda há muitas
80
inadequações, além de os recursos coesivos serem limitados.
A redação classificada nesse nível possui articulação mediana, com uso de conectivo, mas
120
ainda pouco suficiente ou com eventuais erros.
A redação classificada nesse nível possui boa articulação textual e bom repertório de recursos
160 coesivos. Há algumas repetições ou retomadas inadequadas, por exemplo, mas nada que
prejudique a compreensão textual.
A redação classificada nesse nível possui raríssimas inadequações e uma excelente articulação
200
textual. O uso dos recursos coesivos é produtivo e diversificado.

Dicas importantes para conseguir total nesta competência:


• Cuide para que palavras e períodos tenham uma boa articulação: leia e releia o texto refletindo se
ficará claro para o leitor o que está sendo dito.
• Garanta a progressão textual, ou seja, a resposta de um período em relação ao outro. Ideias
desconectadas são penalizadas nesta e na competência 3.
• Não se esqueça de construir parágrafos, observe o recuo para que não fique muito pequeno e nem
exageradamente espaçado.
• Estude e empregue corretamente os conectores: errá-los pode comprometer e muito a ideia que se
quer passar. Por exemplo, há uma diferença entre “mas” e “mais”. O primeiro tem sentido de oposição

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a algo que foi dito anteriormente, quando se quer negá-lo, por exemplo. Já o segundo tem sentido de
adição de ideias.
• Busque ler bastante para aumentar seu repertório vocabular: variar termos ao longo da redação
torna a leitura mais agradável e rebuscada.

IMPORTANTE SABER:
Quando os problemas de norma culta, referentes à competência 1, comprometem muito a compreensão
das ideias, o corretor poderá penalizá-lo, também, na competência 4. Por isso, para tirar uma boa nota
na competência, você deve evitar, além dos problemas de norma culta já mencionados anteriormente,
situações como:
• sequências de palavras e períodos sem articulação;
• ausência total de parágrafos na construção do texto;
• emprego incorreto de conectores, prejudicando a compreensão da ideia;
• repetição ou substituição inadequada de palavras.
Com esse conhecimento e muita prática, você certamente saberá articular de forma excelente sua redação.
Listamos alguns conectivos para você deixar sempre por perto, durante os estudos. Assim, você terá mais
opções para variar ao longo do texto e irá gravando à medida em que pratica as redações. Confira:

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE SOMA:


e, nem, também, não só…mas também, assim como, como também, ademais, outrossim, além
disso, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE CONCLUSÃO:


logo, portanto, então, assim, enfim, por isso, por conseguinte, de modo que, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE CONTRAPOSIÇÃO:


mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, embora, ainda que, mesmo que,
mesmo quando, apesar de que, se bem que, não obstante, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE ALTERNÂNCIA:


ou…ou, ora…ora, já…já, não…nem, quer…quer, seja…seja, talvez…talvez, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE COMPARAÇÃO:


mais que, menos que, tão…quanto, tão…como, tanto…quanto, tão…como, tal qual, da mesma
forma, da mesma maneira, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE JUSTIFICATIVA:


pois, porque, que, porquanto, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE CONFORMIDADE COM O PENSAMENTO EXPRESSO:


conforme, como, segundo, consoante, de acordo com, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE CONDIÇÃO:


se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE PROPORÇÃO:


à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, etc.

22 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE FINALIDADE:


a fim de que, para que, com o fito de, que, porque (= para que), etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE CONSEQUÊNCIA:


tão…que, tal…que, tanto…que, tamanho…que, de forma que, de modo que, de sorte que, de
maneira que, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE DÚVIDA:


talvez, porventura, provavelmente, possivelmente, quiçá, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE AFIRMAÇÃO:


por certo, sim, certamente, realmente, seguramente, efetivamente, incontestavelmente, com
certeza, sem dúvida, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE NEGAÇÃO:


não, nunca, jamais, tampouco, de modo algum, de jeito nenhum, em hipótese alguma, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE EXPLICITAÇÃO:


quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE SEQUÊNCIA:


primeiramente, para começar, em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo
lugar, em seguida, logo após, depois de, por último, concluindo, para terminar, em conclusão, em
síntese, finalizando, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE REFORMULAÇÃO:


em outras palavras, mais precisamente, ou melhor, dito de outro modo, em outros termos, ou
melhor, dito de outro modo, etc.

• CONECTIVOS QUE EXPRESSAM IDEIA DE RESUMO:


em síntese, em suma, em resumo, etc.

Listamos, também, algumas expressões coesivas, também chamadas de “operadores argumentativos”,


que eficientemente irão aperfeiçoar seu texto e, consequentemente, te ajudarão a conseguir uma boa
nota na competência IV:

INTRODUÇÃO
Expressões que irão te ajudar a elaborar o primeiro parágrafo, no qual você deverá contextualizar o
assunto em pauta e sua tese a respeito:
• Muito se tem discutido acerca de…
• Sabe-se que…
• É de fundamental importância discutir a problemática…
• É indiscutível/inegável que…
• Comenta-se, com freqüência, a respeito de…
• Apesar de muitos acreditarem que…
• Ao contrário do que muitos acreditam…

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• Pode-se afirmar que, em razão de/devido a…
• Ao refletirmos criticamente a respeito de…

DESENVOLVIMENTO
No primeiro parágrafo de desenvolvimento, é importante declarar, afirmar algo, já introduzindo, dessa
forma, as informações que você tem sobre o tema. No segundo parágrafo de desenvolvimento, não se
deve esquecer de estabelecer ligação, ou seja, continuidade da argumentação, por meio de operadores
que indiquem a soma de ideias.
• É incontestável que…
• Como já teorizado por…
• Atualmente, observa-se que…
• Em consequência disso, nota-se que…
• Dentre os inúmeros motivos que levaram a/ao…
• Além disso…
• Outro fator diz respeito a…
• Uma preocupação constante…
• Convém lembrar que…
• Por outro lado…
• Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto…
• No que tange ao/diz respeito…

CONCLUSÃO
Por mais que seja um tanto óbvio que aquele é o último parágrafo, você deve indicar que o seu raciocínio
chegou ao fim. Veja algumas expressões para serem usadas neste parágrafo:
• Em virtude dos fatos mencionados…
• Por todos os argumentos supracitados…
• Levando-se em consideração os aspectos expostos…
• Dessa forma…
• Em vista dos argumentos apresentados…
• Dado o exposto…
• Tendo em vista os aspectos observados…
• Levando-se em conta o que foi observado…
• Em virtude do que foi mencionado…
• Pela observação dos aspectos analisados…
• Portanto/logo/então/assim…
• Entende-se/conclui-se que…
• É imprescindível que tais medidas sejam tomadas…
• É necessário que/faz-se necessário que…

24 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIA V
Como você já deve ter lido anteriormente, o texto dissertativo-argumentativo é dividido em três partes.
Neste capítulo, vamos explicar o que o corretor espera de uma boa conclusão. Apesar de, aparentemente,
ser uma parte fácil da composição do gênero, é muito comum que haja dificuldades e muitos erros ao
elaborar a conclusão da redação. Uma proposta de intervenção incompleta, por exemplo, compromete a
sua nota em muitos pontos.
Observe os critérios listados a seguir de como a proposta é avaliada pela banca do ENEM:
• A banca de correção do ENEM não irá cobrar uma solução para o problema, mas sim uma intervenção.
• O Enem também não cobra originalidade na proposta; ela pode ser, inclusive, o aprimoramento ou
ampliação de alguma medida já em vigor. A exigência diz respeito à viabilidade.
• A proposta deve estar completa, ou seja:
APRESENTAR OS AGENTES: quem será responsabilizado pela proposta?
APRESENTAR A AÇÃO: o que será feito?
APRESENTAR OS MEIOS: de que forma a proposta entrará em vigor?
APRESENTAR OS PROPÓSITOS: qual será o resultado desta proposta?
APRESENTAR O DETALHAMENTO de uma dessas partes.
• Não há obrigatoriedade da proposta no parágrafo final, mas ela tem mais lógica na conclusão,
pois vem depois das questões já terem sido abordadas e problematizadas. Caso você dê
propostas ao longo da argumentação, o corretor estará orientado a observar se há coerência
nessa apresentação deslocada. Ou seja, ele avaliará se faz sentido que naquele local você já
esteja apresentando uma solução e se algum problema já foi antes fundamentado. Você tem
opção de alterar a forma estrutural da redação, mas precisará fazê-lo de forma coerente, para
que não seja penalizado.
• Você não pode, em hipótese alguma, propor intervenções que desrespeitem os Direitos Humanos,
sob pena de ter a nota da competência 5 zerada.
• Tudo o que for problematizado na argumentação deve ser resolvido ao final. Pense, portanto, que
o número de propostas que você elabora é variável de acordo com o que foi apresentado. Como o
espaço é limitado, tenha bom senso, pois as ideias devem ser bem desenvolvidas, não simplesmente
“jogadas” no texto. Pontas soltas, como problemas não resolvidos ou intervenção para situações não
apresentadas anteriormente, são penalizadas.
• É importante que você saiba dividir as responsabilidades e não culpabilize exclusivamente o governo.
Cobre uma intervenção social. Qual é o papel da sociedade frente ao problema?
Agora que você já aprendeu o que é cobrado pelos corretores na competência 5, siga as perguntas abaixo
para definir se a sua proposta está completa ou não:
• Você apresenta proposta de intervenção?
• Se não, nota 0 na competência.
• Se sim, prossiga:
• Fere os Direitos Humanos? Se sim, nota 0.

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• A proposta está relacionada ao tema ou ao assunto?
• Se não, nota 0 na competência.
• Se sim, prossiga:
• Se for vaga e precária ou estiver relacionada apenas ao assunto, nota 40.
• Se foi elaborada de forma insuficiente, mas está articulada de alguma forma à discussão desenvolvida
no texto, nota 80.
• Se foi elaborada de forma mediana, mas foi satisfatória, nota 120.
• Se foi bem elaborada e está relacionada à discussão desenvolvida, nota 160.
• Se está relacionada à discussão desenvolvida, foi muito bem elaborada e está detalhada, nota
máxima, 200.
É importante observar atentamente sua proposta para conseguir identificar o que deve ser melhorado.
Se você não apresenta agentes, é preciso estabelecer alguém para colocar em prática o que é sugerido.
Uma dica prática e muito didática é lembrar-se dos GOMIFES > cada letra que forma a palavra é um agente
diferente: Governo, ONGs, Mídia, Indivíduo, Família, Escola e Sociedade.
O ideal é que sua proposta de intervenção venha no último parágrafo e ocupe mais ou menos 6 linhas. Ao
avaliá-la, o corretor irá observar se você:

1) REAFIRMOU SUA TESE NO INÍCIO DO PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO


É inadequado já começar o parágrafo com a proposta de intervenção. Contextualize que você está
concluindo a ideia geral do texto por meio de uma retomada de tese. Não se trata de repeti-la, mas sim
reafirmá-la. A retomada é importante para demonstrar que você sabe fazer o bom encadeamento das
ideias em toda a redação. Mas, atenção: seja breve.

2) DETALHOU BEM A PROPOSTA


Você deve levar em conta que há um espaço limitado e que tudo o que for apresentado como problema
na sua argumentação deve ser resolvido no final. Organize-se para conseguir ser completo: apresentar
QUEM irá resolver o problema, DE QUE FORMA isso será feito e PARA QUAL PROPÓSITO.

3) DIVIDIU AS RESPONSABILIDADES
É próprio do senso comum responsabilizar exclusivamente o governo na proposta. O ideal é que você
atribua responsabilidades sociais. Grave o macete: GOMIFES > Governo, ONGs, Mídia, Indivíduo, Família,
Escola e Sociedade. Escolha o agente mais adequado para resolver a situação-problema e estabeleça,
por exemplo, parcerias entre eles. Ex.: Governo e mídia… Família e Escola…

4) APRESENTOU SOLUÇÕES VIÁVEIS


É realmente possível colocar em prática sua proposta? Se sim, ela é viável. Não dê soluções fantasiosas,
lembre-se de que o Enem não espera uma solução inovadora desde 2013. Além disso, observe se o
agente escolhido é, de fato, capaz de intervir na situação. Você pode, inclusive, aprimorar uma proposta
já existente, como o governo ampliar leis já em vigor ou a mídia divulgar assiduamente campanhas já
veiculadas sobre determinado assunto, por exemplo.

26 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

5) RESPEITOU OS DIREITOS HUMANOS


Desrespeitar os Direitos Humanos é um erro comum e que pode levar o candidato à nota zero na
competência 5. Todo cidadão tem direito à igualdade, à livre manifestação religiosa, entre outros.
Portanto, não dê propostas que vão contra esses direitos e cuidado com as expressões tendenciosas que
incitam à violência. Observe alguns trechos de propostas que receberam nota zero na redação no Enem
2015 pelo Inep:
• “ser massacrado na cadeia”;
• “deve sofrer os mesmos danos causados à vítima, não em todas as situações, mas em algumas
ou até mesmo a pena de morte”;
• “fazer sofrer da mesma forma a pessoa que comete esse crime”;
• “deveria ser feita a mesma coisa com esses marginais”;
• “as mulheres fazerem justiça com as próprias mãos”;
• “merecem apodrecer na cadeia”;
• “muitos dizem […] devem ser castrados, seria uma boa ideia”

6) FINALIZOU O TEXTO
A redação não deve acabar “do nada”. Elabore um período breve e objetivo que dê fechamento às ideias.
Não use frases de efeito e evite linguagem que remeta ao sentimentalismo, por exemplo: “Com tais
medidas será possível, por fim, salvar as crianças de situações lamentáveis como essas.” A ideia de que
a sua proposta irá salvar as crianças é um tanto utópica e você não pode garantir isso. Portanto, evite.
É comum surgirem muitas ideias para resolver o problema. Por isso, seja criterioso e opte por descrever a
intervenção que melhor se aplica aos problemas. Quanto mais você praticar, melhor ficará sua proposta
e sua redação como um todo.

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ESTRUTURANDO O TEXTO
Você geralmente fica sem saber como começar o texto? Tem dúvidas sobre o que colocar em cada
parágrafo? Afinal, quantos parágrafos? Essas são dúvidas muito comuns, mas não se preocupe, serão
rapidamente esclarecidas. Apesar da ideia de que dar o ponto de partida é algo complicado, na verdade
é justamente o contrário. Basta aprender bem o esquema geral da redação, que vamos te passar agora.
Treinar é o segredo, então depois de aprender, pratique nossas atividades complementares, combinado?
Ah, e não se esqueça de que você é livre para alterar a estruturação sugerida, esse é apenas um dos
pontos de partida para que você compreenda os limites estruturais do dissertativo-argumentativo.

INTRODUÇÃO
(1º parágrafo com +/- 6 linhas)

→ Sua introdução deve contextualizar o tema na íntegra.


Exemplo: se o tema for “A persistência da violência contra a mulher”, você não deve citar apenas a
problemática do ato contra a figura feminina, mas também suas implicações a respeito de tal prática
ainda permanecer em sociedade – persistência. O ideal é que seja feita uma alusão histórica, ou seja, algo
que remete ao problema tendo como referência um episódio do passado, como o fato de vivermos em
uma sociedade predominantemente patriarcalista.
→ Você deve apresentar uma tese, que representa o seu ponto de vista (de forma impessoal) sobre as
causas do problema a ser discutido.
Obs.: É importante ressaltar que você não deve, ainda, desenvolver suas ideias. Seja breve e objetivo na
introdução.

DESENVOLVIMENTO
(2º e 3º parágrafos com +/- 7 linhas cada)

Selecione dois argumentos diferentes que fundamentem o problema. Cada um será desenvolvido
separadamente nos dois parágrafos.
→ Apresente o problema (tópico frasal)
→ Comprove o problema (fundamentação)
→ Exemplifique como a situação acontece (seus exemplos devem ser bem selecionados, pense em dados
que deem credibilidade ao texto)
→ Conclua a ideia do parágrafo retomando a resposta ao tema (dica: “Isso demonstra, portanto,...)
Obs. 1: EVITE COLOCAR PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO.
Obs. 2: O processo citado acima deve ser feito duas vezes, ou seja, siga a mesma lógica para os dois
argumentos que você selecionou, um em cada parágrafo.

28 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


COMPETÊNCIAS

CONCLUSÃO
(4º parágrafo com +/ – 6 linhas)
→ Retome sua tese (demonstre que o que foi apontado no texto comprova que o problema é relevante
para a discussão e que medidas devem ser tomadas).
→ Apresente propostas para solucionar os problemas que você apresentou no texto:
O QUE DEVE SER APRESENTADO?
Há 5 partes importantes da proposta. Anota aí:
ação interventiva: “O que é preciso fazer para resolver o problema?”
agente: “Quem pode fazer isso?”
modo/meio: “De que forma será feito, ou seja, por quais meios?”
efeito: “Qual é o propósito dessa intervenção, quais serão os efeitos dela?”
detalhamento: “Qual informação adicional posso acrescentar sobre um dos elementos anteriores?”
Obs. 1: Não responsabilize apenas o governo, atribua responsabilidades sociais, escolha outros agentes,
como ONGs, Mídia, Indivíduos, Família e Escolas, por exemplo).
Obs. 2: Não se trata de quantidade, mas sim qualidade.
→ Conclua o texto de forma breve e formal. Não use frases de efeito e evite linguagem que remeta ao
sentimentalismo.

Dicas:
Os parágrafos devem ter +/ – o mesmo tamanho.
Organize bem suas ideias.
Cada parágrafo deve ter, pelo menos, 4 períodos.
Não faça períodos longos, no máximo 3 linhas cada.

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EXERCÍCIOS

ACENTUAÇÃO GRÁFICA
01 - (ITA SP/2002)
Assinale a seqüência de palavras acentuadas pela mesma regra gramatical:
a) Cenário, circunstância, hífen, águia.
b) Está, já, café, jacá.
c) Eletrônica, gênero, bônus, ônibus.
d) Cenário, águia, referência, série.
e) Referência, pára, Iíder, série

02 - (UFCG PB/2008)
A mesma regra de acentuação que vale para a palavra Patrimônio vale para:
a) Frágil – vulnerável – amazônica.
b) Distraída – econômica – importância.
c) Artístico – científico – inestimável.
d) Olímpicas – científicas – artísticas.
e) Importância – sobrevivência – princípio.

03 - (UNIRIO RJ/1997)
Assinale a opção correta quanto ao que está indicado nos parênteses.
a) Vêm (singular: vê).
b) Exercício/deficiência/ambíguas (acentuam-se pela mesma regra).
c) Conseguindo (vocábulo com 2 dígrafos consonantais).
d) Exigem (vocábulo com 1 dígrafo vocálico).
e) Pousado (vocábulo com ditongo oral crescente).

04 - (UNIMAR SP/2002)
Considerando as regras de acentuação gráfica, assinale a proposição correta:
a) O arbitro de futebol revelou-se pessoa sem escrupulos.
b) Encaminharam o plêito do Diretório Academico da Faculdade de Ciências Agrárias.
c) Este episódio é atribuído a alguém responsável pela dívida.

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d) Tôdos os passageiros do vôo Belém-Brasília fazem jús a almoço a bordo.
e) No próximo mês, nós faremos consulta prévia entre os universitários que vem de outros estados.

05 - (UNIFOR CE/2001)
A série em que se observa a mesma regra de acentuação da palavra sublinhada no segmento Não por via
da consciência clara é:
a) gregário - rádio - espécie
b) potências - opiniões - autônoma
c) atrás - notícias - vários
d) pressão - inimitável - gregário
e) técnica - televisão - indiscutível

06 - (UNIFOR CE/2001)
A série em que se observa a mesma regra de acentuação da palavra sublinhada no segmento “uma escol-
ta de professores e funcionários” é:
a) contemporânea - provável - contrário.
b) artística - compreensível - contemporânea.
c) obrigatória - contrário - circunstâncias.
d) provável - várias - obrigatória.
e) compreensível - artístico - várias.

07 - (UNICE CE/2001)
Assinale a alternativa onde não há erro de ortografia:
a) Explendido, expontâneo
b) Explêndido, expontâneo
c) Esplêndido, espontâneo
d) Esplendido, espontaneo
e) n.d.a.

08 - (FGV /2002)
Os dois hiatos das formas verbais devem ser acentuados apenas na alternativa:
a) refluir, intuindo.
b) construindo, destruido.
c) caida, saiste.
d) instruido, intuir.
e) refluira, destruindo.

09 - (PAIES MG/2001)
A regra de acentuação gráfica de ÁGUA é a mesma das três palavras da opção:
a) paciência _ perdôo _ egoísmo
b) série _ pátio _ sabiá
c) vigilância _ sensível _ céu
d) suicídio _ indivíduo _ íntimo
e) adultério _ história _ cárie

10 - (PUC RJ/1996)
Aponte a opção em que as 2 palavras são acentuadas devido à mesma regra:
a) saí – dói
b) relógio – própria
c) só - sóis
d) dá – custará
e) até – pé

32 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

11 - (PUC SP/2002)
Sobre as palavras “comércio - telefônicos - túnica - príncipe – país”.
Podemos afirmar que:
a) uma palavra é proparoxítona e as demais são paroxítonas.
b) uma palavra é oxítona e as demais são paroxítonas.
c) uma palavra é paroxítona, outra é oxítona e as demais são proparoxítonas.
d) três palavras são paroxítonas e as demais são oxítonas.
e) uma palavra é proparoxítona, outra é oxítona e as demais são paroxítonas.

12 - (IBMEC SP Insper/2007)
O texto a seguir foi extraído da seção “Barbara responde”, na qual a irreverente jornalista se propõe a
“esclarecer” as dúvidas dos leitores.
Leia-o com atenção.

RIGOR GRAMATICAL
“Aprendi que oxítonas terminadas em ‘i’ e ‘u’ não são acentuadas. Mas, e aquele banco cujo nome é oxí-
tono e termina em ‘u’ acentuado, por que ele pode?”
Pasquala
Pascácia
Sei, sei. Quer dizer que você compareceu à aula das oxítonas, mas perdeu aquela que ensinava que com
nome próprio cada um faz como bem entende, né, madame?
(Revista da Folha, 25/03/2007)

Analisando a pergunta da leitora e a resposta da jornalista, e considerando as regras oficiais de acentua-


ção gráfica, é possível concluir que
a) A palavra em questão – Itaú – não é oxítona, mas proparoxítona. Segundo as regras de acentuação
gráfica em vigor, todos os proparoxítonos são acentuados.
b) Embora a palavra seja realmente oxítona, a razão pela qual ela é acentuada é outra: acentuam-se as
letras “i” e “u” quando formarem hiatos tônicos, sozinhos ou acompanhados de “s”.
c) Trata-se de uma exceção à regra. O mesmo ocorre com a palavra “Pacaembú”.
d) A resposta da jornalista está correta, uma vez que um fato semelhante ocorre com a grafia de seu
nome, que deveria ter acento agudo: Bárbara.
e) A palavra recebe acento agudo por ser uma paroxítona terminada em “u”.

13 - (UFCG PB/2007)
Assinale a alternativa que contém todas as palavras acentuadas segundo a mesma regra.
a) Lucíola, Lúcia, estéticos, caráter.
b) Mantém, lêem, (eles) vêm, amém.
c) Contemporâneo, aérea, espécie, árduo.
d) Aí, pó, é, até.
e) Órfão, serão, mutirão, são.

14 - (UNIMONTES MG/2007)
O poema “Astrologia”, da obra Baú de Espantos, brinca com diferentes sentidos da palavra estrela. O
trecho em destaque exemplifica esse traço, além de apontar outras características presentes em toda a
obra.

“Minha estrela não é a de Belém:


A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...”
(QUINTANA, 2006. p. 119)

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 33
Assinale a alternativa que apresenta ERRO em relação a essa obra de Mário Quintana.
a) Traços de intertextualidades religiosas.
b) Sinais inequívocos de auto-reflexão.
c) Predomínio da intolerância e do ceticismo.
d) Consciência da transitoriedade do tempo.

15 - (UFAM/2008)
Assinale a opção em que todos os vocábulos deverão ser graficamente acentuados por serem proparo-
xítonos:
a) azafama, filantropo, pudico
b) rubrica, hieroglifo, decano
c) ariete, levedo, vermifugo
d) erudito, bramane, batavo
e) periplo, aziago, maquinaria

16 - (UFCG PB/2008)
Assinale a alternativa cujas palavras estão acentuadas segundo a mesma regra de “véu, pátria e estúpi-
do”.
a) Idéias – órgão – química.
b) Ninguém – primogênito – formidável.
c) Túnel – salvá-los – Grécia.
d) Fogaréu – série – olimpíada.
e) Teórico – área – ausência.

17 - (ESCS DF/2009)
O novo sistema ortográfico de língua portuguesa, a ser implantado em 2009, modifica algumas regras
de uso de acento gráfico; entre as mudanças, há uma que diz que os ditongos EI/OI abertos, em palavras
paroxítonas, não terão mais acento. Nesse caso, a única palavra abaixo que continuará corretamente
acentuada com a manutenção do acento agudo, é:

a) assembléia;
b) coronéis;
c) idéia;
d) heróico;
e) intróito.

18 - (UDESC SC/2009)
Analise as afirmativas quanto às recomendações da norma culta sobre acentuação gráfica.

I. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e a vê-lo.


II. Logo depois, seguiu na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi.
III. A idéia de estarem descobertos parecía-lhe cada vez mais verossimil.
IV. Camilo, em si, reconhecia que podia serví-la por toda uma eternidade.
V. A mesma suspensão das suas visitas apenas com o pretexto futil, trouxe-lhe magoas.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.


b) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

34 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

19 - (UDESC SC/2009)
Considere as seguintes afirmações acerca da acentuação gráfica. Assinale (V) para as afirmações verda-
deiras e (F) para as falsas.

( ) A mesma regra determina a acentuação gráfica das palavras “trêmulas’ (ref. 1) e “úmidas” (ref. 5).
( ) O emprego do acento gráfico em “céus” (ref. 10) e “água’ (ref. 5) decorre da mesma regra.
( ) A palavra “oblíqua” (ref. 5), quando pluralizada, perde o acento gráfico.
( ) A palavra “névoas’ (ref. 5) é uma paroxítona terminada em ditongo crescente, podendo também ser
classificada como proparoxítona eventual.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.

a) V- V- F- V
b) F- V- F- F
c) F- V- V- F
d) F- F- V- V
e) V- F- F- V

20 - (IBMEC SP Insper/2011)

(http://blogdoorlandeli.zip.net/arch2009-01-11_2009-01-17.html)

Levando em conta as informações do primeiro quadrinho, identifique a alternativa que apresenta a pala-
vra que também sofreu alterações na acentuação gráfica devido à regra mencionada.

a) plateia
b) heroico
c) gratuito
d) baiuca
e) caiu

21 - (UNIFOR CE/2012)

Conforme o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a partir de janeiro de 2013, a ortografia por-
tuguesa passa por algumas mudanças. Algumas dessas mudanças estão relacionadas à (ao):

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 35
a) Crase. Acentuação. Hífen.
b) Alfabeto. Acentuação. Trema.
c) Trema. Pronúncia. Hífen.
d) Alfabeto. Hífen. Crase.
e) Trema. Acentuação. Pronúncia.

22 - (IFSC/2013)
Assinale a alternativa CORRETA quanto à acentuação gráfica.

a) No rítmo em que andavamos, levaríamos toda a manhã para percorrer duas léguas.
b) Para mantê-los saudáveis é melhor alimentá-los com legumes crus.
c) Aquí dá muito cajú de maio a setembro.
d) Joel tinha os biceps mal definidos e o tórax exagerado para alguem tão baixo.
e) O juíz condenou-o a devolver com juros aos cófres publicos todo o dinheiro desviado.

23 - (UFTM MG/2013)

(Gazeta do Povo, 06.11.2012.)

Na charge, para efeito de humor, faz-se um jogo de palavras

a) parônimas, com isso a personagem reclama do assento da poltrona na qual está sentada.
b) homônimas, porém a personagem erra ao afirmar que a forma verbal não leva acento.
c) sinônimas, e a personagem está de fato dizendo que a grafia correta é doi e não dói.
d) ambíguas, pois é difícil saber se a personagem reclama da poltrona e da escrita ou as enaltece.
e) antônimas, pois cada uma das grafias (assento/acento) remete a um sentido da oposição dói/doi.

24 - (EsPCEX/2012)
Leia os versos abaixo e assinale a alternativa que apresenta o mesmo emprego das vírgulas no primeiro
verso.
“Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,”
(Olavo Bilac)

a) “E, ao vir do sol, saudoso e em pranto”


b) “O alvo cristal, a pedra rara,/ O ônix prefiro.”
c) “Acendeu um cigarro, cruzou as pernas, estalou as unhas,...”
d) “Uns diziam que se matou, outros, que fora para o Acre.”
e) “Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.”

25 - (EsPCEX/2012)
A alternativa que apresenta trecho corretamente pontuado é:

a) A intensa exploração de recursos naturais, constitui uma ameaça ao planeta.


b) Esperanza discordou da decisão do chefe, e pediu demissão do cargo.

36 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

c) Dona Elza pediu, ao diretor do colégio, que colocasse o filho em outra turma.
d) Os animais, que se alimentam de carne, chamam-se carnívoros.
e) Van Gogh, que pintou quadros hoje muito valiosos, morreu na miséria.

TEXTO: 1 - Comum à questão: 26

O meio desafia as crianças. E educá-las diante de tantos estímulos é uma tarefa que merece atenção.
Por mais maduras que pareçam, elas ainda têm necessidade de limites. Por mais gênios, existem coisas
que elas não podem fazer sozinhas. Ainda que sejam inteligentes, a mão dos pais e educadores é que
deve guiar a busca pelo conhecimento com calma e paciência. Porque elas são crianças. E é este o tempo
de brincar e não de provar competência.
(ABC DOMINGO, p.2, 8.10.2000. Jornal NH, As lições das crianças, Pacheco, Cristina)

26 - (FEEVALE RS/2001)
Assinale a alternativa correta quanto à acentuação
a) Educá-las e têm são acentuadas pela mesma razão.
b) Estímulos e paciência são acentuados porque são palavras proparoxítonas.
c) Gênios e competência são acentuados por serem palavras proparoxítonas
d) Competência e paciência são acentuadas por serem palavras paroxítonas terminadas em ditongo
crescente.
e) Têm e é são monossílabos tônicos, por isso devem ser acentuados.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 27

UM SONHO DE SIMPLICIDADE

Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de sim-
plicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer
essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São
uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou
os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me
surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida simples, mulher, quê mais?
Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes
eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu
trago de cachaça.
Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A
gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso
era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barraca, no meio do mato
e, chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do
fogo, depois me deitei, numa grande rede branca - foi um carinho ao longo de todos os músculos cansa-
dos. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer
aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e
vozes distantes de animais noturnos.
Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma
vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade
de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a
gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconheci-
mento. Mas para quê, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não
assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 37
coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo
de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone toca.
Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar
nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número, fortes,
doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
(BRAGA, Rubem. In: 200 crônicas escolhidas, 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. p.262-3.)

27 - (USS RJ)
A substituição do termo grifado pelo que se encontra após a barra altera fundamentalmente o sentido
do enunciado em:
a) ...”no meio dessa desarrumação da vida urbana,”... / em meio a essa
b) ...”São uma necessidade que inventei.”... / inventada por mim
c) ...”a escolher um pano colorido para amarrar no pescoço.” / escolhendo
d) ...”que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.” / contudo
e) ...”Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim.”... / todo o mundo

TEXTO: 3 - Comum à questão: 28

Texto I

Poesia expressa na era da pressa

Se quase não temos mais tempo para ler romances no mundo da pressa, da TV, do cinema e dos
videogames, então é tempo de ler poesia? Viveríamos hoje a vingança da poesia, o seu dia D, o mo-
mento propício para seu retorno a um mundo tão violentamente prosaico? A questão foi 5lançada pela
ensaísta americana Camille Paglia, numa animada entrevista publicada pelo caderno Mais!, da Folha de
São Paulo, e a revista Cláudia me repassa inesperadamente a bola, perguntando: a poesia ganha uma
importância nova na era da internet? Ela tem mais chance num mundo como o nosso? De fato, de um
ponto de vista puramente quantitativo, como 10diz Camille, um romance consome dias ou semanas de
nosso tempo, exigindo uma atenção continuada, num mundo em que tudo em volta faz com que nossa
atenção se interrompa e se disperse em mil assuntos. Já um poema pode ser lido em minutos, às vezes
em segundos. O poema é uma autêntica pílula literária, em cuja concentração Camille Paglia vê a 15pos-
sibilidade de uma revitalização da literatura em nosso tempo.
Considero que exaltar a poesia é sempre bom, assim como apostar na força dela: por que não? E o
que a ensaísta americana está fazendo é, de fato, mais uma aposta muito afirmativa no poder da poesia
do que um raciocínio automático e simplório que dissesse: como não temos tempo para 20ler romances,
leremos poemas!
A questão que ela está colocando, na verdade, é: precisamos aprender – ou reaprender – hoje a ler
poesia. Lembremos que no Brasil a questão é ainda mais embaixo, porque lemos muito pouco, pouquís-
simo, seja poesia, seja prosa, e precisamos, portanto, aprender a ler, no sentido 25mais amplo da palavra.
Mas, dito isso, vamos voltar ao começo e retomar a pergunta: de quanto tempo precisamos, de fato,
para ler um poema? Quanto tempo ele nos pede? Aqui a resposta tem que ser parecida à daquele pintor
que, perguntado sobre quanto tempo levara para pintar um determinado quadro, 30respondeu, cheio de
razão: a vida inteira. Não nos enganemos, portanto, sobre a rapidez da poesia: um poema pede que a
gente dê a ele a nossa vida inteira naquele instante. Em outras palavras, um poema exige pouco do nosso
tempo horizontal, cronológico e linear. Ele exige tudo do nosso tempo vertical, aquele que vai bater lá no
sem fundo da lembrança, na aura 35sutil dos afetos, na dor e no espanto de existir, e na descoberta de que
as palavras, que nos parecem naturais, não param de dançar um jogo infinito.
O poema exige um tempo intenso, em outra dimensão – por isso ele não é óbvio nem fácil, embora se
entregue com súbita facilidade a quem se entrega a ele e o descobre de repente. 40Carlos Drummond de
Andrade, o nosso poeta maior, declarou certa vez, citando Rainer Maria Rilke (poeta austríaco) que “para

38 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

escrever um só verso é preciso ter visto muitas cidades, homens e coisas, conhecer os animais, sentir
como voam os pássaros e saber que movimento fazem as flores ao se abrirem pela manhã; é preciso
ter a lembrança de mulheres 45sofrendo na hora do parto, de pessoas morrendo, de crianças doentes,
de diferentes noites de amor; e depois é preciso esquecer tudo isso, esperar que tudo isso se incorpore
ao nosso sangue, ao nosso olhar; que tudo isso fique fazendo parte de nós”. Isso que a poesia pede ao
poeta, nas palavras de Drummond, pede 50também da sensibilidade do leitor, a seu modo, no momento
da leitura. Fernando Pessoa diz que para se entenderem os símbolos poéticos são necessárias, antes de
mais nada, a intuição e a simpatia do leitor: é preciso que o leitor vibre junto com o poema, dê força ao
poema, seja cúmplice do poema e adivinhe o poema. O poema é uma avenca, uma planta sensitiva, 55que
definha com um olhar torto. Mas também é uma fênix exuberante, que renasce quando irrigada. Porque
bebe daquilo que o leitor lhe oferece em nudez interior, em despojamento de tudo que é o já sabido, em
desprendimento de conceitos e preconceitos.
Penso, por exemplo, num poema tão simples, de Manuel Bandeira, 60como A onda:
“A onda anda
aonde
anda a onda?
A onda ainda
65
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda
70
a onda.”
Um leitor prosaico e ressecado, incapaz de lembrar que ele mesmo é um organismo todo feito de
ondas – de ar, de fluidos, de energia, de desejos, de impulsos da alma – dirá: mas que tremenda falta
de assunto! Ele não terá na verdade tempo algum de disponibilidade para essas poucas e 75iluminadas
palavras. Como diria Fernando Pessoa, o poema está morto para ele, e ele, morto para o poema. Mas o
leitor poético que há em nós, e mesmo que sem qualquer pretensão intelectual, reconhecerá de imediato
as ondas do mar dançando na música das palavras. Tomado de simpatia, e intuindo que aquela vibra-
ção 80não lhe é estranha, embarca na onda e no jogo. E, consciente disso ou não, sente que a onda anda
numa pergunta em círculo, procurando um lugar que não é nenhum lugar senão a própria onda. Que não
há repouso senão no movimento. Que a vida só se apóia no seu moto-perpétuo, perguntando-se sobre
seu destino e tendo como resposta a si mesma.
..........................................................................................................................
85
Em suma, a poesia, pela sua brevidade, pela sua rapidez, pela sua leveza, parece participar daquele
ritmo que Ítalo Calvino (escritor italiano) queria para o presente milênio. Ao mesmo tempo, ela continua
sendo a estranha e mais que nunca a excluída desse mundo onde a publicidade ocupou todos os es-
paços para dizer que a posse das mercadorias 90 permanentemente descartadas e o status conferido ao
possuidor são a solução da existência. Nesse sentido, a vontade de afirmar a poesia, como faz Camille
Paglia, não deixa de atritar, cheia de energia, com o mundo que baniu dele a poesia, na prática e não há
pouco tempo. No seu primeiro livro, Alguma Poesia, em 1930, Drummond já dizia: “Impossível escrever
um 95 poema a essa altura da evolução da humanidade”. Mas terminava o mesmo poema dizendo: “Des-
confio que escrevi um poema”.
WISNIK, José Miguel. A poesia expressa na era da pressa. São Paulo: Revista Claúdia. Ed Abril, julho
2005, adaptado.
Texto II

Para fazer um soneto


Carlos Pena Filho

Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,


e espere pelo instante ocasional.

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Neste curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.

Aí, adote uma atitude avara:


se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço de fundo de quintal.

Se não, procure a cinza e essa vagueza


das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.

Mas ao chegar ao ponto em que se tece


Dentro da escuridão a vã certeza,
Ponha tudo de lado e então comece.

Texto III

O sobrevivente
Carlos Drummond de Andrade

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.


Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.

Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.


Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.

Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta


muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.

Os homens não melhoram


e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

(Desconfio que escrevi um poema.)

SECCHIN, Antônio Carlos. Antologia temática da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras,
UFRJ, 2004.

28 - (IME RJ/2006)
Observe a acentuação gráfica da palavra ensaísta (texto I, linha 5) a seguir, assinale a opção que conte-
nha, pelo menos, um vocábulo cuja acentuação obedeça à mesma regra.
a) propício, pouquíssimo, literária

40 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

b) existência, excluída, impossível


c) necessárias, apóia, intuição
d) perpétuo, energia, rainha

TEXTO: 4 - Comum à questão: 29

Breve história do tique

01
A palavra parece nascida da linguagem dos desenhos animados. 02 Segundo alguns, sua clara origem
onomatopaica derivaria do alemão 03 ticken, que significa “tocar ligeiramente”, ou de um termo da 04
medicina veterinária que, já no século XVII, associava ticq e ticquet 05 a um fenômeno no qual os cavalos
sofrem uma súbita suspensão da 06 respiração, seguida por um ruído: uma espécie de soluço que produz
07
no animal comportamentos estranhos e sofrimento. Daí a extensão a 08 várias manifestações que têm
em comum a rapidez, o caráter repetitivo 09e pouco controlável e a piora em situação de stress.
Rosella Castelnuovo
29 - (Mackenzie SP/2006)
A alternativa que associa corretamente a palavra à regra que justifica sua acentuação gráfica é:
a) veterinária: paroxítona terminada em “a”.
b) século: paroxítona terminada em “o”.
c) fenômeno: proparoxítona.
d) ruído: ditongo “uí”.
e) têm: forma da 3ª pessoa do singular de um verbo.

TEXTO: 5 - Comum à questão: 30

“De uma perspectiva humana, e seria difícil para nós considerá-la de outra forma, a vida é algo estra-
nho. Não esperou muito para começar, mas, depois que começou, não mostrou muita pressa em seguir
em frente.
Consideremos o liquen. Os liquens estão entre os organismos visíveis mais resistentes da Terra, porém
entre os menos ambiciosos. Eles crescem contentes num pátio ensolarado de igreja, mas vicejam sobre-
tudo em ambientes aonde nenhum outro organismo iria – em topos de montanha ventosos e descam-
pados árticos, onde quer que haja pouco mais do que rochas, chuva, frio, e quase nenhuma competição.
Em áreas da Antártica onde praticamente nada mais crescerá, podem-se encontrar vastas extensões de
liquens – quatrocentos tipos deles – aderindo dedicadamente a cada rocha fustigada pelo vento.
Por um longo tempo, as pessoas não conseguiam entender como eles sobreviviam. Por crescerem em
rochas nuas sem alimento evidente nem produção de sementes, muitas pessoas – pessoas instruídas –
acreditavam que fossem pedras surpreendidas no processo de se tornarem plantas. ‘Espontaneamente,
pedras inorgânicas se tornam plantas vivas!’, afirmou exultante um observador, um tal de dr. Hornschu-
ch, em 1819.
Uma inspeção mais detalhada mostrou que os liquens eram mais interessantes do que mágicos. Na ver-
dade, são uma parceria entre fungos e algas. Os fungos excretam ácidos que dissolvem a superfície da
rocha, liberando minerais que as algas convertem em alimento suficiente para sustentar ambos. Não é
um arranjo muito empolgante, mas é claramente bem-sucedido. O mundo ostenta mais de 20 mil espé-
cies de liquens.”
(Bill Bryson, Breve História de Quase Tudo,
Companhia das Letras, SP, 2005.)

30 - (ETAPA SP/2006)
Observe os termos líquen e liquens, presentes no texto. Pode-se dizer que:
a) ambos estão grafados corretamente.

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b) ambos estão grafados incorretamente.
c) líquen não deve ser acentuado, liquens deve receber acento gráfico.
d) líquen deve ser acentuado porque toda paroxítona é acentuada.
e) líquen deve ser acentuado porque só as paroxítonas finalizadas por en são acentuadas.

TEXTO: 6 - Comum às questões: 31, 32

A animalização do país
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006

SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit
abandonado em uma rua do Rio de Janeiro “com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens
negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo”.
Prossegue o relato: “A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários mo-
radores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos
corpos.
Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. “Eu gritei: Está nervoso e perdeu a
cabeça?”, relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu ter
rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e expos-
tos por seus algozes.
“Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado”, respondeu o estudante ao ser questionado sobre
a causa de sua reação.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas
ainda daria, num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais ocorrem em todas as partes do
mundo.
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma perversidade circunstancial e circunscrita.
Não. O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado. O anormal,
o patológico, o bestial, vira normal. “É engraçado”, como diz o estudante.
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir do topo, quando o presidente da Repú-
blica diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à festa dos desmoralizados e confraterniza com
trambiqueiros confessos. Também deve achar “engraçado”.
Alguma surpresa quando é declarado inocente o comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplau-
sos de parcela da sociedade para quem presos não têm direito à vida? São bestas-feras, e deve ser “en-
graçado” matá-los. É a lei da selva, no asfalto.

31 - (PUC SP/2006)
O texto apresenta diversas palavras em que se pode notar a presença do acento gráfico. Em algumas
delas, a ausência do acento provocaria mudança de sentido.
Assinale a alternativa em que todas as palavras mudariam de sentido, caso estivessem sem acento.
a) sóbrio, história, está
b) vários, vítimas, matá-los
c) é, já, país
d) é, está, país
e) têm, matá-los, sóbrio

32 - (PUC SP/2006)
Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que apresenta palavras cuja acentuação se deva ao mesmo
motivo.
a) capô, está, país
b) república, já, matá-los
c) vítimas, república, têm

42 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

d) capô, já, história


e) sóbrio, história, vários

TEXTO: 7 - Comum à questão: 33

NO RASTRO DA FALA

Se fizéssemos uma lista dos dez maiores mistérios


da humanidade, certamente o surgimento da linguagem se destacaria.

A linguagem verbal é marca forte, constitutiva, distintiva da nossa espécie. Por isso, a discussão de
suas origens está intrinsecamente ligada às discussões da origem da própria espécie humana. Dispomos
hoje de boa quantidade de fósseis, fornecedores de evidência material interessante para hipóteses sobre
os longos e complexos caminhos da evolução até 05o surgimento do Homo sapiens.
Temos, por exemplo, indícios convincentes de que nossa espécie se originou nas savanas do leste da
África e se espalhou pelo planeta seguindo rotas que levaram à Europa e à Ásia e desta à América e à Oce-
ania. Essas rotas têm sido estabelecidas em parte pelo estudo do DNA das populações.
10
Com base nestes dados, os paleontólogos têm sugerido que o Homo sapiens surgiu na terra há apro-
ximadamente 100 mil anos, embora se calcule que o ramo hominídeo dos primatas tenha se separado há
6 milhões de anos ou mais.
Igualmente, dispomos hoje de precioso acervo de objetos criados pelos humanos (ferramentas e
utensílios domésticos, por exemplo) e de registros pictóricos que nos 15permitem sustentar hipóteses
plausíveis sobre os caminhos percorridos pela humanidade na construção de sua cultura material e sim-
bólica.
Seguindo essas pistas, os antropólogos costumam registrar um florescimento cultural bastante sig-
nificativo por volta de 50 mil anos atrás. Para alguns, este florescimento cultural, inimaginável sem a
linguagem, é indício de que ela já estava plenamente estruturada 20naquela época.
Ao confrontar a data do surgimento da espécie com a do florescimento da cultura, há lingüistas que
defendem a hipótese de que a linguagem teve desenvolvimento vagaroso, crescendo em complexidade
ao longo dos milênios.
Outros, porém, consideram intrínseca a relação entre a espécie e a linguagem e 25prodigioso o proces-
so pelo qual um bebê se torna um falante. Afinal, uma criança não começa a falar por simples imitação
ou por puro aprendizado a partir de um estágio zero, como se o cérebro fosse uma caixa vazia. Por isso,
defendem que a linguagem como a conhecemos surgiu junto com a espécie e está relacionada a uma
mutação radical no conglomerado de genes dos hominídeos mais antigos.
30
No momento, a Lingüística não tem nenhuma base para optar entre essas hipóteses. A linguagem
falada é um bem imaterial. Assim, de seu passado nada sobrou. Não temos, por exemplo, o menor indício
de como teria sido o estágio semiótico imediatamente anterior à linguagem propriamente humana, isto
é, aquela anterior à nossa linguagem. (...)
[FARACO, Carlos Alberto. No rastro da fala. Revista Discutindo Língua Portuguesa, ano 1, n. 3, p. 18-
21. (fragmento adaptado)]
33 - (UFPI/2006)
Identifique a seqüência que apresenta três vocábulos acentuados por motivos diversos, segundo a gra-
mática normativa:
a) evidência (linha 03), hipóteses (linha 04), indícios (linha 06);
b) espécie (linha 06), domésticos (linha 14), milênios (linha 23);
c) África (linha 07), Ásia (linha 07), América (linha 08);
d) têm (linha 10), está (linha 28), inimaginável (linha 19);
e) antropólogos (linha 17), atrás (linha 18), época (linha 20).

TEXTO: 8 - Comum à questão: 34

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As belas praias e a visão de uma rede entre coqueiros deixaram de ser o único elemento de atração
para turistas. O Estado do Ceará consolida-se hoje como um pujante pólo de produção têxtil e de calça-
dos no País, com um expressivo aumento no volume de exportações.
Nos últimos anos, foram acrescidas facilidades irresistíveis para os investidores: além de portos e ae-
roportos modernos, o Nordeste fica muito mais perto dos mercados da Europa e da América do Norte.
Isso se traduz em menores custos e mais competitividade, armas essenciais para fazer frente aos concor-
rentes chineses e indianos, que inundam o mercado com seus produtos.
(Adaptação livre de matéria publicada no suplemento Novo mapa do Brasil, Região Nordeste. Estado de
S. Paulo, 23 de outubro de 2005)

34 - (UNIFOR CE/2006)
... como um pujante pólo de produção têxtil e de calçados no País...

Observe o emprego dos sinais de acentuação nas palavras grifadas acima. A mesma razão justifica os
acentos, respectivamente, nas palavras grifadas na frase:
a) No sinal vermelho o carro pára e aproximam-se dele vendedores de lembranças típicas da região.
b) A produção de açúcar nos bangüês do Nordeste constituiu uma das bases da economia nacional.
c) Pesquisadores recentemente descobriram que a pêra é uma fruta extremamente saudável.
d) Empresários de diversas regiões estabeleceram-se no Ceará, atraídos pelo potencial da região.
e) A recuperação do patrimônio histórico garantiu um fluxo maior de turistas na região.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 35

O novo manifesto

Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma
pela Pátria, pela família, pela humanidade.
Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas ver-se-ia bambo, pois teria, certamente, os du-
zentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele.
Contra as suas idéias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom senso.
Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não farei coisa alguma, a não ser receber o subsídio.
Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro eleitorado sufrague o
meu nome nas urnas.
Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mulher e aos filhos, ficando mais generoso nas
facadas aos amigos.
Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha.
Ganha porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria reflete
sobre o todo de que fazem parte.
Concordarão os nossos leitores e prováveis eleitores que o meu propósito é lógico e as razões apontadas
para minha candidatura são bastante ponderosas.
De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país; que nada sei da sua geo-
grafia; que nada entendo de ciências sociais e próximas, para que o nobre eleitorado veja bem que vou
dar um excelente deputado.
(Lima Barreto, Vida Urbana, 16.01.1915)

35 - (UFTM MG/2007)
Assinale a alternativa em que todas as palavras recebem acento gráfico por seguirem a mesma regra.
a) Pátria; subsídio; prováveis.
b) Família; idéias; história.
c) País; ciências; próximas.
d) Três; é; aí.
e) Propósito; espíritos; também.

44 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

TEXTO: 10 - Comum à questão: 36

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais
fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto
do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake* sabia disso e afirmou:
“A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando
vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua
casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza.
Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
(Rubem Alves, A complicada arte de ver. Folha de S.Paulo, 26.10.2004)

* William Blake (1757-1827) foi poeta romântico, pintor e gravador inglês.


Autor dos livros de poemas Song of Innocence e Gates of Paradise.

36 - (FGV /2007)
As palavras que são acentuadas graficamente pelas mesmas regras de fácil, científica e Moisés, respecti-
vamente, são:
a) negócio, saída, já.
b) espírito, atribuída, herói.
c) cárter, lógica, atrás.
d) incluído, século, dólar.
e) benefício, pára, cafés.

TEXTO: 11 - Comum à questão: 37

Dupla dinâmica

No dicionário, a Sociologia está definida como uma ciência que pretende pesquisar e estudar a organi-
zação e funcionamento das sociedades humanas e as leis fundamentais que regem as relações sociais.
Já a Economia se preocupa em estudar os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos re-
cursos materiais necessários a uma população. Embora o campo de estudos de ambas as disciplinas seja
parecido, na prática há um abismo separando as duas áreas. Filhas da mesma mãe, a Filosofia, as duas
disciplinas vieram ao mundo praticamente na mesma época. Em razão de algumas diferenças, porém,
estão sem dialogar entre si há quase três séculos.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 45
(...)
Em meados dos anos 1970, porém, uma leve brisa dissipou as nuvens que acobertavam esse cenário
sombrio entre as áreas. Alguns temas, como a construção social do mercado, o papel das instituições
e das redes sociais no funcionamento da vida econômica, revigoraram o debate entre a Sociologia e a
Economia. Surgiram os primeiros vislumbres da chamada Nova Sociologia Econômica cujo precursor foi
o sociólogo norte-americano Mark Granovetter. Em um de seus estudos mais célebres, o Getting a Job,
de 1973, Granovetter demonstrou que as pessoas estão ligadas às outras por laços fortes (pais, filhos e
amigos) e laços fracos (colegas de trabalho, professores e alunos).
(Sociologia, ciência & vida, 2007)

37 - (FGV /2008)
Assinale a alternativa correta quanto à acentuação e à grafia de palavras.
a) Temas comuns, como a construção social do mercado, permitem entrevêr as possibilidades de uma
saudável relação entre Sociologia e Economia, que não pode se paralizar em virtude de algumas diferen-
ças.
b) Em um de seus estudos mais célebres, Mark Granovetter vêm demonstrar que as pessoas se ligam às
outras por laços fortes e laços fracos. Por isso, é imprecindível que as pessoas consigam entender essas
ligações.
c) Alguns temas revigoraram o debate entre a Sociologia e a Economia, sendo responsáveis por compôr
um novo cenário. O diálogo deve basear-se nos pontos positivos e comuns e não nas excessões.
d) A falta de dialogo entre Sociologia e Economia perdurou pôr quase três séculos, mas é um quadro
que parece estar mudando, sobretudo em função de fragrantes pontos em comum entre as disciplinas.
e) Em meados dos anos 1970, parece que uma leve brisa intervém na falta de comunicação entre soció-
logos e economistas, que não mais hesitam em pôr em discussão assuntos inerentes às duas disciplinas.

TEXTO: 12 - Comum à questão: 38

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande
ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu
ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão
maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco car-
regado de flores. Para onde iam aquelas flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante
de quem brilhariam, na sua breve existência? e que mãos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de
alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz. [...]
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que
essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar,
para poder vê-las assim.
(Cecília Meireles, A arte de ser feliz.
Em Escolha seu sonho, p. 24.)

38 - (UFSCar SP/2008)
Assinale a alternativa em que as palavras estão acentuadas graficamente pelas mesmas regras por que
estão acentuadas, respectivamente, em: chalé, céu, existência.
a) atrás, jóia, próprio.
b) três, pólo, evidência.
c) Jaú, caráter, máscara.
d) pré-requisitos, ruína, vários.
e) fé, mídia, competência.

46 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

TEXTO: 13 - Comum à questão: 39

BRASIL TEM 65 MILHÕES DE ELEITORAS E


61 MILHÕES DE ELEITORES

Os candidatos que concorrem às eleições de outubro deste ano disputarão o voto de 125.913.479 eleito-
res, quase 10 milhões de votantes a mais do que nas eleições de 2002. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
divulgou recentemente as primeiras tabelas que mostram como o eleitorado se divide pelo país e em que
locais será preciso intensificar a campanha.
As informações incluem eleitores dos 26 Estados, do Distrito Federal e os cerca de 86 mil brasileiros que
moram no exterior e representam 0,07% do eleitorado. (...) Os residentes no exterior votam apenas para
presidente e vice-presidente da República. Os demais elegerão governadores, um candidato ao Senado
por Estado, deputados federais e estaduais em 91.037 locais de votação. (...)
Dados atualizados até maio deste ano, pela instituição, mostram que 51,53% (em torno de 65 milhões)
dos eleitores são do sexo feminino. Em 2002, as mulheres representavam 50,84% do eleitorado. Até maio
de 2006, o Brasil tinha aproximadamente 61 milhões de homens votantes.
De acordo com a atualização de maio, a maior parte dos eleitores (cerca de 30 milhões) tem entre 25 e 34
anos, mas seguida de perto pelos que têm entre 45 e 59 anos (em torno de 26,6 milhões) e pelos que têm
entre 35 e 44 anos (aproximadamente 25 milhões). (...)
Até abril, a maior faixa dos votantes declarou ter o primeiro grau completo (34,77%). O eleitorado analfa-
beto corresponde a 6,57% dos eleitores nacionais. Os que concluíram o ensino superior representavam,
até maio, 3,33%. (...)
Jornal O Sul, 9 de julho de 2006. (adaptado)

39 - (UFSM RS/2007)
Observe o trecho: “a maior parte dos eleitores (...) tem entre 25 e 34 anos, mas seguida de perto pelos que
têm entre 45 e 59 anos”.
O verbo ter aparece duas vezes, uma sem acento gráfico e outra com acento. A segunda forma está acen-
tuada
a) porque é uma palavra monossílaba átona.
b) porque é uma oxítona terminada em “-em”.
c) para concordar com “a maior parte”.
d) para concordar com “entre 45 e 59 anos”.
e) para indicar a flexão da terceira pessoa do plural.

TEXTO: 14 - Comum à questão: 40

Afinal, quem manda na floresta?

Enfim resolveu o Leão sair para fazer sua pesquisa, verificar se ainda era o Rei dos Animais. Os tempos ti-
nham mudado muito, as condições de progresso alterado fundamentalmente a psicologia e os métodos
de combate das feras, as relações de respeito e hierarquia entre os animais já não eram as mesmas, di-
ziam até que subterraneamente as formigas estavam organizadas. De modo que seria bom indagar. Não
que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar–se é uma das constantes do
espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso
valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o
Macaco e perguntou: “Hei, você aí, Macaco, quem é o rei dos animais?” O Macaco, surpreendido pelo rugir
indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore
da floresta: “Claro que é você, Leão, claro que é você!”.
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: “Currupato, Papagaio. Quem, se-

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 47
gundo seu conceito, é o Senhor da Floresta, não é o Leão?” E como aos papagaios não é dado o dom de
improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o Papagaio, rumorejando as asas: “Currupato... é o Leão?
Não é o Leão? Currupato, não é o Leão?”.
Cheio de si, o Leão penetrou mais ainda na floresta adentro, em busca de novas afirmações de sua perso-
nalidade. Encontrou a coruja e perguntou: “Coruja velha, não sou eu o Maioral da Mata?” “Sim, ninguém
duvida de que és tu”, disse a Coruja. Mas disse de lábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no
passo, mais alto de cabeça. Encontrou o Tigre! “Tigre, disse em voz de estertor, para impor–se ao rival
terrível – não tens a menor dúvida de que sou o Rei da Floresta. Certo?” O tigre rugiu, hesitou, tentou não
responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão queimando as folhas e disse, rugindo contrafeito: “É”.
E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o Leão se afastou.
Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o Elefante. Perguntou: “Elefante,
quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor das árvores e
dos seres, dentro da mata?” O Elefante pegou–o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou–o
contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e humilhado,
levantou–se lambendo uma das patas, e murmurou: “Que diabo, só porque não sabia a resposta não era
preciso ficar tão zangado”.
M o r a l: Cada um tira dos acontecimentos a conclusão que bem entende.
Millôr Fernandes

40 - (UEMS/2008)
As palavras “indagatório”, “árvore” e “até” recebem acento gráfico, respectivamente, porque são:
a) paroxítona terminada em ditongo – proparoxítona – monossílaba átona
b) proparoxítona – proparoxítona – monossílaba tônica
c) paroxítona terminada em ditongo – proparoxítona – oxítona terminada em “e” aberto
d) monossílaba átona – paroxítona terminada em ditongo – proparoxítona
e) paroxítona terminada em hiato – proparoxítona – monossílaba átona

TEXTO: 15 - Comum à questão: 41

As coisas boas

Recebo e-mail de um jovem de 16 anos reclamando, num texto lúcido e bem escrito, de que sou
01

02
pessimista. Pois escrevi na última coluna que "ninguém faz nada", quando, segundo ele, eu deveria
dar uma 03mensagem esperançosa a quem quer "mudar o mundo". De alguma forma, isso me comoveu.
Quase todos 04queremos melhorar o mundo na juventude, e é bom querer não ficar ________, amargo
ou ________ na 05idade adulta. Pior ainda, chato na velhice. Sou esperançosa e otimista, por isso mesmo
não posso escrever 06apenas sobre coisas amenas, e infelizmente não tenho mensagem nem receita para
o mundo melhorar. 07Pois eu sou apenas mais uma pessoa que de um lado se alegra, de outro se aflige. O
número espantoso de 08leitores desta revista me dá uma sensação de comprometimento com a não-alie-
nação. Escondendo a 09realidade é que não se vai poder mudar ou melhorar coisa nenhuma.
10
Acho nosso momento tristíssimo. Até jornais estrangeiros importantes, que em geral não nos dão
bola, 11registram os fatos que andam ocorrendo no Senado e em outras __________ solenes como "co-
roamento da 12corrupção brasileira". A impressão que se tem, que eu tenho, é que ninguém anda fazen-
do grande coisa, ou 13pouca gente faz alguma coisa para melhorar. Escrever que "ninguém faz nada" é
uma hipérbole literária, é 14como dizer, sem realmente querer dizer isso, "morri de ódio". Acho, sim, que
muitos responsáveis não fazem 15nada, ou fazem o mal: desviam ou aplicam de maneira irresponsável
dinheiro destinado aos pobres, 16desprezam a educação e a cultura, ________ na saúde, enganam uma
montanha (não, um verdadeiro 17Everest...) de gente que merecia coisa melhor.
18
Mas também vejo muita gente fazendo muita coisa positiva, gente querendo acertar, jovens ou ve-
lhos 19com esperança, pessoas espalhando o bem. Cada vez que um de nós é leal com alguém, faz uma
coisa 20boa; cada vez que respeitamos o outro com suas diferenças, seus dramas e necessidades, fazemos

48 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

uma 21coisa boa. Cada vez que somos decentes em vez de perversos, cada vez que cultivamos compreen-
são e 22respeito em lugar de rancor, cada vez que somos carinhosos, alegres, solidários, fazemos coisas
muito 23boas.
24
Cada vez que um jovem estuda, trabalha, e se constrói como pessoa produtiva e positiva, faz algo
muito 25bom. Cada vez que um pai presta atenção no filho, cada vez que uma mãe é dedicada sem depois
cobrar 26isso, fazem uma coisa boa. Cada vez que alguém fuma seu último cigarro, bebe seu derradeiro
copo, cheira 27sua ultimíssima carreirinha e dá o primeiro passo numa nova vida, faz uma coisa maravi-
lhosa. Sempre que 28alguém recusa uma baforada de maconha, negando-se a homenagear os traficantes
que amanhã vão matar 29seu filho ou trucidar seu amigo, está fazendo uma coisa muito boa.
30
Quando olhamos uma árvore na beira da estrada, a luz do sol num gramado, a chuva na vidraça, a
31
criança observando um besouro, um bebê dormindo, um velho rodeado pelos filhos, estamos fazendo
uma 32coisa muito boa; cada professor mal pago que atende com dedicação seus alunos, cada médico de
uma 33saúde pública apodrecida que cuida com humanidade de seus doentes faz uma coisa muito boa.
Sempre 34que uma mulher aproxima os filhos do pai mostrando que ele é um ser humano, está fazendo
uma coisa 35boa; cada filho que abraça o pai que já não o pode sustentar faz uma coisa boa. O político que
rema contra 36a correnteza permanecendo honrado faz uma coisa muito boa.
37
Fazem-se muitas coisas boas neste mundo, e por isso ainda não nos matamos. Por isso ainda esta-
mos 38abertos ao belo, ao bom e ao outro. Por isso vale a pena viver. Mas, sinto muito, o ser humano é um
animal 39predador: o desejo de destruir e arruinar coexiste em todos nós com a bondade, a decência, a
dignidade. 40Que fazer? Somos assim. Se pudermos estar do lado do bem, querendo melhorar o mundo,
viva! As coisas 41não estarão perdidas, a amargura não vai nos dominar, a sombra acabará fugindo da
claridade, e 42continuaremos sendo, mais que feras, humanos. Mesmo quando alguém escreve sobre as
realidades 43menos bonitas, elas não precisam prevalecer. E muita gente continuará fazendo muita coisa
boa, aos 16 44anos, aos 68 ou aos 86.
(Luft, Lya. Revista Veja.19 de dezembro de 2007. Texto adaptado.)
41 - (UERGS RS/2008)
O uso de acento gráfico em Até (l. 10) é exigido pela mesma regra que determina seu uso em
a) é (l. 12).
b) ódio (l. 14).
c) saúde (l. 16).
d) dá (l. 27).
e) acabará (l. 41).

TEXTO: 16 - Comum à questão: 42

Leia com atenção um fragmento do poema extraído do livro A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de
Andrade, e responda às questões.
A Flor e a Náusea

1.
Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
5.
Posso, sem armas, revoltar-me?

6.
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
10.
fundem-se no mesmo impasse.

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11.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
14.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

15.
(...)
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
21.
garanto que uma flor nasceu.

22.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
25.
É feia. Mas é realmente uma flor.

26.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
30.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

42 - (FEI SP/2008)
Qual das palavras abaixo é acentuada segundo a mesma regra aplicada à palavra “ênfase” (verso 14)?
a) relógio (verso 6)
b) enjôo (verso 4)
c) ódio (verso 30)
d) está (verso 24)
e) códigos (verso 12)

TEXTO: 17 - Comum à questão: 43

TEXTO II

A genética da paixão

(...)
1
Quanto mais se estudam os genes, mais se atribuem a eles um papel decisivo na escolha de nossos
parceiros amorosos. A antropóloga e pesquisadora americana Helen Fisher, da Universidade Rutgers,
de Nova Jersey, considerada uma das 5maiores autoridades em comportamento amoroso, avaliza essa
teoria e está prestes a lançar um livro sobre ela. Helen relaciona as características de comportamento à
predominância de determinados tipos de hormônios e neurotransmissores no organismo. A produção
dessas 10substâncias é controlada pelo sistema endócrino, que funciona de acordo com o perfil genético
de cada ser humano. Ela sustenta que há, basicamente, quatro tipos de personalidade. Indivíduos com
predominância de dopamina seriam os exploradores; de serotonina, os construtores; de 15estrógeno, os
negociadores; e de testosterona, os diretores. "Todos nós somos uma combinação dos quatro tipos, mas
um deles se expressa com mais destaque em nossa personalidade", disse Helen a VEJA. Para chegar a es-
ses quatro perfis humanos, a psicóloga submeteu um questionário 20baseado em sua teoria a assinantes
da agência americana de namoro pela internet Chemistry.com. Após avaliar 20.000 respostas, ela con-

50 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

cluiu que os negociadores, com altos níveis de estrógeno, se sentem mais atraídos pelos diretores, ricos
em testosterona. Já os exploradores e construtores sentem 25mais desejo por pessoas do seu próprio
grupo. (....)
Lima, R. Abreu .www.revistaveja.com.br, 21/05/08.

43 - (UFCG PB/2008)
Assinale a alternativa que NÃO apresenta palavras acentuadas pela mesma regra de acentuação:
a) Hormônio – indivíduo– próprio.
b) Antropólogo – estrógeno – endócrino.
c) Produção – paixão – combinação.
d) Predominância – agência – substância.
e) Após – está – atraído.

TEXTO: 18 - Comum à questão: 44

É a mais pura verdade, pode acreditar: no último fim de semana, um rapaz foi seduzido e embriagado por
uma loira daquelas de cinema numa boate e acordou numa banheira de hotel cercado de gelo, com uma
mensagem escrita no espelho com batom vermelho para que procure imediatamente um médico, pois
seu rim fora retirado. Uma variável dessa história é a do menino – “filho da vizinha de um primo” – que
desapareceu quando comprava lanches no McDonald’s de um famoso shopping da cidade e foi encontra-
do uma semana depois pálido. Quando a mãe foi dar banho nele, viu um grande corte não cicatrizado e
o levou ao pronto-socorro, onde descobriram que traficantes de órgãos tinham retirado um de seus rins.
Que usuário regular de internet em todo o planeta nunca recebeu pelo menos uma mensagem assim, re-
passada por amigo ou conhecido, com o relato de algum caso que lhe pareceu bizarro ou absurdo, capaz
de causar calafrios? Provavelmente, nenhum.
(Pesquisa – Fapesp, maio 2008)

44 - (UNISA SP/2009)
Assinale a alternativa em que as palavras estão acentuadas graficamente pelas mesmas regras por que
se acham acentuadas, respectivamente, as palavras médico, variável, história.

a) dólares, tórax, lírio.


b) inédita, tênis, número.
c) até, incidência, porém.
d) resistência, próximas, mongolóides.
e) América, genética, moratória.

TEXTO: 19 - Comum à questão: 45

UM MUNDO, UM SONHO

A festa de abertura dos 29º Jogos Olímpicos foi tão bonita, grandiosa e bem executada 2que se torna
1

praticamente impossível escolher um momento como o mais significativo. Na 3hora emblemática da sor-
te para os chineses (8h 8min do dia 8-8-08), o mundo parou para 4seguir as pegadas de fogos de artifício
no céu de Pequim e mergulhar no Ninho do Pássaro, 5estádio que serviu de cenário para uma encenação
inesquecível da história de um povo 6milenar e de sua relação com o planeta. Ainda que se façam as
ressalvas ao autoritarismo do 7governo chinês, que despreza liberdades individuais e polui o ambiente
em nome de um 8crescimento quase selvagem, não há como deixar de reconhecer que a China realizou
de 9maneira impecável a cerimônia de inauguração da sua Olimpíada, com uma conjugação de 10histó-
ria, tecnologia e muita criatividade. Diante de um espetáculo de tamanha dimensão, é de 11se perguntar

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__________ o mundo não é sempre assim, com o ser humano aplicando o 12melhor de sua inteligência na
construção da beleza da solidariedade e da paz.
13
O esporte é uma das realizações humanas que mais se presta à cooperação e à 14harmonia entre
os povos. Reunidos, atletas de nacionalidades, raças, credos e costumes 15diversos misturaram-se no
ambiente de alegria e congraçamento. Pela mesma pista, 16__________ representantes de nações que
ainda vivem em conflito, numa demonstração 17inquestionável de que o esporte constrói pontes sobre as
barreiras políticas e ideológicas.
18
Neste ambiente, a China - que se viu obrigada a receber, sob a bandeira do Comitê 19Olímpico Inter-
nacional, a delegação de Taiwan - mostrou com orgulho suas contribuições para 20a civilização, como
as invenções do papel, da imprensa, da bússola e da pólvora. Simbolizada 21por um engenhoso teclado
de tipos móveis, a máquina de faz-de-conta imaginada pelos 22criadores da festa também serviu para
lembrar os visitantes dos constrangimentos impostos 23pelo governo chinês __________ livre expressão.
Com a mesma exaltação pela própria 24história, os chineses mostraram suas sagas e suas obras. Lembra-
ram as antigas dinastias, 25enalteceram Confúcio, mas não hesitaram em apagar períodos constrangedo-
res da biografia 26do país, como a era Mao-Tse-Tung. A festa teve também o seu toque de censura.
27
Mas o espírito olímpico e a juventude dos atletas que já começaram a competir 28renovam o sonho
ancestral de um mundo solidário e pacífico. Durante três semanas, os 29melhores e mais saudáveis repre-
sentantes competirão pelo lugar mais alto do pódio, mas 30certamente voltarão a desfilar juntos e alegres
no final da competição. Se o mundo pára a 31cada quatro anos para celebrar o vigor, o talento e a inteli-
gência, por que a humanidade não 32consegue usar essas potencialidades para promover o progresso e a
paz duradoura entre os 33povos?
34
A magia do espetáculo chinês transformou momentaneamente o sonho em realidade, 35A magia do
espetáculo chinês transformou momentaneamente o sonho em realidade, 36voando, de cabeça para bai-
xo, apresentando suas realizações. Agora o desafio é fazer com 37que o sonho perdure para além da com-
petição. E este desafio não é só dos atletas e dos 38governantes, reunidos em Pequim para acompanhar
a festa. É de todos nós.
(PIONEIRO, Caxias do Sul, 09 ago. 2008. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/jornais/pioneiro –
Texto adaptado.)

45 - (UCS RS/2009)
Considerando as regras de acentuação vigentes, assinale a única alternativa INCORRETA.

a) Os vocábulos já (ref. 27) e nós (ref. 38) recebem acento devido à mesma regra de acentuação.
b) O acento em cenário (ref. 05) e em história (ref. 05) é motivado pela regra de acentuação das paroxíto-
nas terminadas em ditongo.
c) Acentua-se a palavra períodos (ref. 25) devido à presença de um hiato, ou seja, o o aparece sozinho na
sílaba.
d) O acento em ideológicas (ref. 17) e em máquina (ref. 21) é motivado pela mesma regra de acentuação.
e) O acento em céu (ref. 04) e em constrói (ref. 17) é motivado pela regra de acentuação dos ditongos
tônicos abertos.

TEXTO: 20 - Comum à questão: 46

Uma ideia radical demais

“Grátis pode significar muitas coisas, e esse significado tem mudado ao longo dos anos. Grátis levanta
suspeitas, mas não há quase nada que chame tanto a atenção. Quase nunca é tão simples quanto pare-
ce, mas é a transação mais natural de todas. Se agora estamos construindo uma economia em torno do
Grátis, deveríamos começar entendendo o que ele é e como funciona.” Essas são as palavras que abrem
o segundo capítulo de um livro lançado nesta semana nos Estados Unidos. O título é Free – The Future of
a Radical Price (“Grátis – o futuro de um preço radical”, numa tradução livre). A editora Campus-Elsevier

52 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

deve lançá-lo no Brasil no final deste mês. É preciso reconhecer que o autor não falta com a verdade.
“Grátis” pode realmente significar muitas coisas, entre elas cobrar por um livro cuja ideia central é uma
defesa apaixonada de tudo o que é gratuito.
A favor de Anderson, é necessário avisar de saída: em nenhum momento ele escreve que tudo será de
graça. Sua tese central é que certos produtos e serviços podem, sim, ser gratuitos – e mesmo assim dá
para ganhar dinheiro. Anderson constrói seu argumento sobre as diferenças fundamentais entre o mun-
do das coisas materiais, ou o mundo dos átomos, e a internet, ou o mundo dos bits. Eis a ideia central:
todos os custos dos insumos básicos do mundo digital caem vertiginosamente.
(portalexame.abril.uol.com.br/revista/exame/edicoes/0947/tecnologia/ideiaradical-
demais-482570.html)

46 - (FGV /2010)
Observe a tira.

(http://educacao.uol.com.br/album/tiras_reforma_album.jhtm)

No título do texto – Uma ideia radical demais – aparece a palavra ideia e, destacada no 2.º parágrafo, a
palavra constrói. Tendo como base as informações da tira, conclui-se que

a) nenhuma das duas palavras contém ditongo, por isso a regra do acordo descrita não se aplica a elas.
b) ambas as palavras estão corretamente grafadas, tendo como referência o novo acordo ortográfico.
c) nenhuma das palavras deve receber acento agudo no ditongo aberto, pois elas são oxítonas.
d) ambas as palavras deveriam receber acento, pois este deve estar presente nos ditongos das paroxíto-
nas, conforme o novo acordo ortográfico.
e) houve troca no acento, pois a primeira, por ser oxítona, é que deveria ser acentuada conforme o novo
acordo ortográfico.

TEXTO: 21 - Comum à questão: 47

De bem com a vida

1A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube,
naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a fe-
licidade com letras 5maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos
entendemos por gente, aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele
outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que, de certa 10forma, coincidia com o
meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os
contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro. Na vida real, o que existe
é uma felicidade homeopática, distribuída 15em conta-gotas. Um pôr de sol aqui, um beijo ali, uma xícara
de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma
amiga que nos faz rir... São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza
que 20merecem − alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
FERREIRA, Leila. Revista Marie Claire. nov. 2008. p.56. (fragmento)

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47 - (UNIFICADO RJ/2010)
São acentuadas por justificativas distintas as palavras

a) “dúvida” e “xícara”.
b) “contrário” e “trajetória”.
c) “café” e “até”.
d) “mágico” e “homeopática”.
e) “pôr de sol” e “recém-coado”.

TEXTO: 22 - Comum à questão: 48

Sua excelência

[O ministro] vinha absorvido e tangido por uma chusma de sentimentos atinentes a si mesmo que
quase lhe falavam a um tempo na consciência: orgulho, força, valor, satisfação própria etc. etc.
Não havia um negativo, não havia nele uma dúvida; todo ele estava embriagado de certeza de seu
valor intrínseco, das suas qualidades extraordinárias e excepcionais de condutor dos povos. A respeito-
sa atitude de todos e a deferência universal que o cercavam, reafirmadas tão eloquentemente naquele
banquete, eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção dos povos de ser ele o resumo do país,
vendo nele o solucionador das suas dificuldades presentes e o agente eficaz do seu futuro e constante
progresso.
Na sua ação repousavam as pequenas esperanças dos humildes e as desmarcadas ambições dos ricos.
Era tal o seu inebriamento que chegou a esquecer as coisas feias do seu ofício... Ele se julgava, e só o
que lhe parecia grande entrava nesse julgamento.
As obscuras determinações das coisas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá-lo-
-iam, visto que, só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar ao destino que os antece-
dentes dele impunham.
(Lima Barreto. Os bruzundangas. Porto Alegre: L&PM, 1998, pp. 15-6)

48 - (FGV /2012)
Assinale a alternativa contendo as palavras acentuadas segundo a regra que determina a acentuação,
respectivamente, de consciência, intrínseco e levá-lo-iam.

a) Extraordinárias; própria; país.


b) Parágrafo; porém; até.
c) Ofício; dúvida; atrás.
d) Vivência; tórax; virá.
e) Cenógrafo; bíceps; contê-las.

TEXTO: 23 - Comum à questão: 49

O que é preservar?

De acordo com Michel Parent (1984, p. 112), a exigência relacionada à preservação não se restringe
apenas a uma questão de antiguidade, como se definia em outros tempos. Essa necessidade, dentro
dos conceitos atuais, tende a englobar tudo o que se relaciona a testemunhos culturais, aos estudos das
mentalidades, aos modos de vida em todas as épocas, assim como aos vínculos do homem com a natu-
reza, vistos de um modo amplo e global.
Assim, todo edifício ou conjunto arquitetônico de interesse histórico deve ser preservado, mesmo que
sua ligação com a história não seja por meio de personalidades ou acontecimentos históricos relevantes.

54 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

O fato de um determinado edifício apresentar características marcantes de um período de nosso desen-


volvimento já é suficiente para que nos preocupemos com sua defesa. A apresentação de elementos
decorativos ou de técnicas construtivas específicas, de caráter regional, é também motivo que justifica
seu estudo e sua preservação.
Em 1933, o IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (IV CIAM) apresentou como resultado de
sua reunião, realizada na Grécia, um documento que entrou para a história do século XX com o nome de
“Carta de Atenas”, dedicando interesse objetivo sobre questões relacionadas ao patrimônio histórico e à
conservação e preservação, tanto de monumentos quanto no que se relaciona à cidade como um todo.
Segundo esse documento,

“A vida de uma cidade é um acontecimento contínuo que se manifesta ao longo dos séculos por obras
materiais, traçados ou construções que dotaram-na de sua personalidade própria e dos quais emana
pouco a pouco a sua alma. São testemunhos preciosos do passado que serão respeitados, a princípio por
seu valor histórico ou sentimental, depois, porque alguns trazem em si uma virtude plástica na qual se
incorporou o mais alto grau de intensidade do gênio humano. Eles fazem parte do patrimônio humano,
e aqueles que o detêm ou são encarregados de sua proteção, têm a responsabilidade e a obrigação de
fazer tudo o que é lícito para transmitir intacta, para os séculos futuros, essa nobre herança” (Le Corbu-
sier, 1993, p. 118).

E não há como transmitir para gerações futuras o conhecimento construído sobre o fazer urbano e
arquitetônico, a não ser com base na preservação dos monumentos e de considerável extensão da malha
urbana, não interessando aí o período que tal monumento venha representar.
Sendo assim, os edifícios públicos de nossas cidades coloniais guardam características próprias que os
diferenciam tanto das construções civis e religiosas de sua época como de seus congêneres de períodos
posteriores. Também aqueles representativos do neoclássico e do ecletismo trazem, em suas estrutu-
ras, seus elementos decorativos e organização interna, importantes informações, tanto para o estudo
do desenvolvimento da arquitetura como da forma como a sociedade se organizava em cada um desses
períodos.
COELHO, Gustavo Neiva; VALVA, Milena D´Ayala. Patrimônio cultural
edificado. Goiânia: UCG, 2001. p. 73-74.

49 - (UNIRG TO/2013)
No trecho “aqueles que o detêm ou são encarregados de sua proteção, têm a responsabilidade...”, a pre-
sença do acento circunflexo é justificada

a) pelo fato de a palavra “proteção” derivar do verbo “proteger”.


b) pela concordância com o pronome “eles” presente na frase anterior.
c) pela presença do sujeito no plural “aqueles”.
d) pelo verbo “ser” flexionado na terceira pessoa.

TEXTO: 24 - Comum à questão: 50

O que significa orégano

Você eu não sei, mas eu estou preocupadíssimo com ___ revelação de que os americanos têm 02 mo-
01

nitorado tudo que é dito e escrito no Brasil nos últimos anos. Ouvem nossos telefonemas, leem nossos
03
e-mails e, provavelmente, examinem o nosso lixo, atrás de indícios da nossa periculosidade. O que me
04
preocupa é que essa informação, depois de coletada e classificada, é analisada talvez pelas mesmas 05
pessoas que nunca duvidaram que o Saddam Hussein tivesse armas de destruição em massa e nunca 06
estranharam que os sequestradores daqueles aviões que derrubaram as torres, no onze de nove, não se
07
interessassem pelas aulas de aterrissagem nos seus cursos de aviação. Quer dizer, que garantia nós 08

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temos que não se enganarão de novo, e verão ameaças ___ segurança americana nas nossas 09 comuni-
cações mais inocentes? Um simples telefonema entre namorados (“desliga você”, “não, desliga 10 você”)
pode ser interpretado como parte de um plano para sabotar centrais elétricas. Um pedido para 11 troca
de bujão de gás, uma evidente referência cifrada à explosão da Casa Branca. O fato é que tenho 12 tentado
recapitular todos os meus telefonemas e e-mails nos últimos anos, com medo de que um deles, 13 mal
interpretado, acabe provocando minha aniquilação por um drone.
14
Ou então me vejo chegando aos Estados Unidos, sendo barrado por um agente da imigração e le-
vado 15 para uma sala sem janelas, onde sou cercado por outros agentes, provavelmente da CIA, que me
pedem 16 explicações sobre um telefonema, obviamente em código, que fiz antes de viajar. Reconheço
minha voz 17 na gravação.
18
— O que quer dizer “à calabresa”, Mr. Verissimo? — pergunta um dos agentes.
19
Estou confuso. Não consigo pensar. Calabresa, calabresa...
20
— Alguma referência à máfia? Uma ligação da organização terrorista ___ qual o senhor evidente-
mente 21 pertence, como a camorra, visando a um atentado aqui nos Estados Unidos? O senhor veio se
encontrar 22 com ___ máfia americana para acertar os detalhes do complô. É isso, Mr. Verissimo?
23
— Não, não. Eu...
24
— Notamos que, mais de uma vez na gravação, o senhor diz “sem orégano, sem orégano”. Deduzi-
mos 25 que ___ uma divergência dentro do complô entre vocês e a máfia, uns a favor de se usar “orégano”
no 26 atentado, outros contra. O que, exatamente, significa “orégano”?
27
Finalmente, me dou conta.
28
— Orégano significa orégano. Eu estava pedindo uma...
29
— Por favor, não faça pouco da nossa inteligência, Mr. Verissimo. Não gastamos milhões de dólares
30
para ouvir que orégano significa orégano.
VERISSIMO, Luis Fernando. O que significa orégano.
In: O Estado de S. Paulo, 18 jul. 2013.

50 - (IFRS/2014)
Assinale a alternativa que NÃO justifica adequadamente o acento gráfico das palavras destacadas:

a) Orégano, preocupadíssimo e código são palavras que, por serem proparoxitonas, recebem acento
gráfico.
b) Indícios, máfia e inteligência são palavras oxítonas que recebem acento gráfico por terminarem em
ditongo.
c) Em gás e há o acento gráfico justifica-se porque ambas as palavras são monossílabas tônicas termi-
nadas em a, seguidas ou não de s.
d) Têm recebe acento gráfico para marcar a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo
ter.
e) Em você e complô, o acento gráf ico justifica-se porque as palavras são oxítonas terminadas em e e o,
seguidas ou não de s.

56 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

GABARITO DA SEÇÃO

1 D 11 C 21 B 31 D 41 E
2 E 12 B 22 B 32 E 42 E
3 B 13 C 23 B 33 D 43 E
4 C 14 C 24 C 34 C 44 A
5 A 15 C 25 E 35 A 45 C
6 C 16 D 26 D 36 C 46 B
7 C 17 B 27 E 37 E 47 E
8 C 18 C 28 B 38 A 48 C
9 E 19 E 29 C 39 E 49 C
10 B 20 D 30 E 40 C 50 B

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COESÃO E COERÊNCIA

01 - (ENEM/2009)
Manuel Bandeira

Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado a abandonar os estudos de arquitetura por causa da
tuberculose. Mas a iminência da morte não marcou de forma lúgubre sua obra, embora em seu humor
lírico haja sempre um toque de funda melancolia, e na sua poesia haja sempre um certo toque de morbi-
dez, até no erotismo. Tradutor de autores como Marcel Proust e William Shakespeare, esse nosso Manuel
traduziu mesmo foi a nostalgia do paraíso cotidiano mal idealizado por nós, brasileiros, órfãos de um país
imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Descrever seu retrato em palavras é uma tarefa impossí-
vel, depois que ele mesmo já o fez tão bem em versos.
Revista Língua Portuguesa, nº- 40, fev. 2009.

A coesão do texto é construída principalmente a partir do(a)

a) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as informações apresentadas no texto.


b) substituição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e “morbidez”, “melancolia” e “nostalgia”.
c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos: “sua”, “seu”, “esse”, “nosso”, “ele”.
d) emprego de diversas conjunções subordinativas que articulam as orações e períodos que compõem
o texto.
e) emprego de expressões que indicam sequência, progressividade, como “iminência”, “sempre”, “de-
pois”.

02 - (ENEM/2010)
Diego Souza ironiza torcida do Palmeiras

O Palmeiras venceu o Atlético-GO pelo placar de 1 a 0, com um gol no final da partida. O cenário era para
ser de alegria, já que a equipe do Verdão venceu e deu um importante passo para conquistar a vaga para
as semifinais, mas não foi bem isso que aconteceu. O meia Diego Souza foi substituído no segundo tempo
debaixo de vaias dos torcedores palmeirenses e chegou a fazer gestos obscenos respondendo à torcida.
Ao final do jogo, o meia chegou a dizer que estava feliz por jogar no Verdão.
— Eu não estou pensando em sair do Palmeiras. Estou muito feliz aqui — disse.
Perguntado sobre as vaias da torcida enquanto era substituído, Diego Souza ironizou a torcida do Pal-
meiras.
—Vaias? Que vaias? — ironiza o camisa 7 do Verdão, antes de descer para os vestiários.
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 29 abr. 2010.

A progressão textual realiza-se por meio de relações semânticas que se estabelecem entre as partes do
texto. Tais relações podem ser claramente apresentadas pelo emprego de elementos coesivos ou não ser
explicitadas, no caso da justaposição. Considerando-se o texto lido,

a) no primeiro parágrafo, o conectivo já que marca uma relação de consequência entre os segmentos do
texto.
b) no primeiro parágrafo, o conectivo mas explicita uma relação de adição entre os segmentos do texto.
c) entre o primeiro e o segundo parágrafos, está implícita uma relação de causalidade.
d) no quarto parágrafo, o conectivo enquanto estabelece uma relação de explicação entre os segmentos
do texto.
e) entre o quarto e o quinto parágrafos, está implícita uma relação de oposição.

58 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

03 - (ENEM/2013)
Brasil é o maior desmatador, mostra estudo da ONU

O Brasil reduziu sua taxa de desmatamento em vinte anos, mas continua líder entre os países que mais
desmatam, segundo a FAO (órgão da ONU para a agricultura).
A entidade apresentou ontem estudo sobre a cobertura florestal no mundo e o resultado é preocupan-
te: em apenas dez anos, uma área de floresta do tamanho de dois estados de São Paulo desapareceu do
país. De forma geral, a queda no ritmo da perda de cobertura florestal foi de 37% em dez anos. Entre 1990
e 1999, 16 milhões de hectares por ano sumiram. Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões
de hectares.
Mas o número é considerado alto. A América do Sul é apontada como a maior responsável pela perda
de florestas do mundo, com cortes anuais de 4 milhões de hectares. A África vem em seguida, com 3,4
milhões de hectares/ano.
O Estado de São Paulo, 26 mar. 2010.

Na notícia lida, o conectivo “mas” (terceiro parágrafo) estabelece uma relação de oposição entre as sen-
tenças: “Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares” e “o número é considerado
alto”. Uma das formas de se reescreverem esses enunciados, sem que lhes altere o sentido inicial, é:

a) Porque, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, o número é considerado
alto.
b) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, por isso o número é considerado
alto.
c) Entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, uma vez que o número é conside-
rado alto.
d) Embora, entre 2000 e 2009, esse número tenha caído para 13 milhões de hectares, o número é consi-
derado alto.
e) Visto que, entre 2000 e 2009, esse número caiu para 13 milhões de hectares, o número é considerado
alto.

04 - (ENEM/2015)
Da timidez

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório.
Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que
atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os
outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como
no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um com-
plexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
[...]
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o
tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma plateia, o
tímido não pensa nos membros da plateia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo
tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a
plateia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade.
Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu
vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Entre as estratégias de progressão textual presentes nesse trecho, identifica-se o emprego de elementos
conectores. Os elementos que evidenciam noções semelhantes estão destacados em:

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 59
a) “Se ficou notório por ser tímido” e “[…] então tem que se explicar”.
b) “[…] então tem que se explicar” e “[…] quando as estrelas virarem pó”.
c) “[…] ficou notório apesar de ser tímido […]” e “[…] mas isto não é vantagem […]”.
d) “[…] um estratagema para ser notado […]” e “Tão secreto que nem ele sabe”.
e) “[…] como no paradoxo psicanalítico […]” e “[…] porque só ele acha […]”.

05 - (ENEM/2016)
Apesar de

Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa não por causa de, mas apesar de. Gostar daqui-
lo que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligência, simpatia, tudo isso a gente tem em estoque
na hora em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la. Os defeitos ficam guardadinhos nos primei-
ros dias e só então, com a convivência, vão saindo do esconderijo e revelando-se no dia a dia. Você então
descobre que ele não é apenas gentil e doce, mas também um tremendo casca-grossa quando trata os
próprios funcionários. E ela não é apenas segura e determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por
mês com TPM. E que ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é supersticioso por bobagens, e
que ela enjoa na estrada, e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e agora? Agora,
convoquem o amor para resolver essa encrenca.
MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011 (adaptado).

Há elementos de coesão textual que retomam informações no texto e outros que as antecipam. Nos tre-
chos, o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma informação do texto é

a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.


b) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
c) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
d) “[...] resolve conquistá-la.”
e) “[...] para resolver essa encrenca.”

06 - (ENEM/2016)
“Ela é muito diva!”, gritou a moça aos amigos, com uma câmera na mão. Era a quinta edição da Campus
Party, a feira de internet que acontece anualmente em São Paulo, na última terça-feira, 7. A diva em ques-
tão era a cantora de tecnobrega Gaby Amarantos, a “Beyoncé do Pará”. Simpática, Gaby sorriu e posou
pacientemente para todos os cliques. Pouco depois, o rapper Emicida, palestrante ao lado da paraense
e do também rapper MV Bill, viveria amesma tietagem. Se cenas como essa hoje em dia fazem parte do
cotidiano de Gaby e Emicida, ambos garantem que isso se deve à dimensão que suas carreiras tomaram
através da internet — o sucesso na rede era justamente o assunto da palestra. Ambos vieram da periferia
e são marcados pela disponibilização gratuita ou a preços muito baixos de seus discos, fenômeno que
ampliou a audiência para além dos subúrbios paraenses e paulistanos. A dupla até já realizou uma apre-
sentação em conjunto, no Beco 203, casa de shows localizada no Baixo Augusta, em São Paulo, frequen-
tada por um público de classe média alta.
Disponível em: www.cartacapital.com.br.
Acesso em: 28 fev. 2012 (adaptado).

As ideias apresentadas no texto estruturam-se em torno de elementos que promovem o encadeamento


das ideias e a progressão do tema abordado. A esse respeito, identifica-se no texto em questão que

a) a expressão “pouco depois”, em “Pouco depois, o rapper Emicida”, indica permanência de estado de
coisas no mundo.
b) o vocábulo “também”, em “e também rapper MV Bill”, retoma coesivamente a expressão “o rapper
Emicida”.
c) o conectivo “se”, em “Se cenas como essa”, orienta o leitor para conclusões contrárias a uma ideia

60 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

anteriormente apresentada.
d) o pronome indefinido “isso”, em “isso se deve”, marca uma remissão a ideias do texto.
e) as expressões “a cantora de tecnobrega Gaby Amarantos, a ‘Beyoncé do Pará’”, “ambos” e “a dupla”
formam uma cadeia coesiva por retomarem as mesmas personalidades.

07 - (FUVEST SP/2004)
O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR

Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que diz que um pai, mo-
rador lá do interior do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto aquela massa
de água infinita. Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse a ele: “Pai,
me ajuda a olhar”. Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a exata verdade, representando
a sensação de faltarem não só palavras mas também capacidade para entender o que é que estava se
passando ali.
Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós pára diante de uma grande obra de arte visual:
como olhar para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo. Não quer
dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um Picasso ou um Nie-
meyer ou um Caravaggio. Quer dizer apenas que a gente pode ver melhor se entender a lógica da criação.
(Luís Augusto Fischer, Folha de S. Paulo)

A frase “Não quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto” é
pouco clara. Mantendo-se a coerência com a linha de argumentação do texto, uma frase mais clara seria:
“Não quer dizer que:
a) algum de nós se emocione pelo simples fato de estar diante de uma obra clássica”.
b) a primeira aparição de um clássico absoluto venha logo a nos emocionar”.
c) nos emocionemos já na primeira reação diante de um clássico indiscutível”.
d) o simples contato com um clássico absoluto não possa nos emocionar”.
e) tão-somente em nossa relação com um clássico absoluto deixemos de nos emocionar”.

08 - (ITA SP/1998)
Indique a opção cuja forma não será utilizada para completar a frase abaixo:

Vemo-___ raramente por aqui. ___ poucas vezes em que a vimos, sequer chegou ___ tempo de participar
das cerimônias ___ que fora convidada ___ cerca de quatro meses.

a) Artigo definido feminino no plural.


b) Contração de preposição com artigo feminino.
c) Preposição.
d) Verbo “haver” na terceira pessoa do singular.
e) Pronome oblíquo átono.

09 - (UFCG PB/2008)
Encadeie os enunciados abaixo, estruturando o texto “Educação e capitalismo: aliados ou inimigos?”, de
Gustavo Ioschpe, retirado da Revista Veja Online, 24/julho/2008.
( ) Essa leitura da situação se tornou absolutamente hegemônica: vai da imprensa à academia, dos mais
louvados pensadores do tema à correspondência enviada a este articulista por professores dos grotões
do Brasil.
( ) Virou consenso no Brasil associar o nosso fracasso educacional com as maquinações do sistema ca-
pitalista/neoliberal.
( ) Ou, no máximo, recebesse uma educação totalmente “alienante”, para que não questionasse suas
mazelas nem incomodasse o status quo.
( ) Apenas continuasse fornecendo sua mão-de-obra barata para a manutenção do sistema.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 61
( ) Segundo essa leitura, calcada em Marx, interessaria aos “poderosos”, à “elite”, que o proletariado não
fosse instruído.
( ) Em realidade, o que ocorre é exatamente o oposto: quanto mais capitalista o país, melhor e mais
abrangente é o seu sistema educacional.
( ) Até para trabalhar em uma linha de montagem de uma fábrica é preciso capacidade analítica para
lidar com um maquinário cada vez mais sofisticado.

A seqüência correta é:
a) 5 – 1 – 3 – 4 – 2 – 6 – 7.
b) 3 – 1 – 5 – 4 – 6 – 7 – 2.
c) 1 – 3 - 4 – 5 – 2 – 6 – 7.
d) 7 – 1 – 3 – 4 – 5 – 2 – 6.
e) 2 – 1 – 5 – 6 – 3 – 4 – 7

10 - (FUVEST SP/1997)
Assinale a única frase em que a ordem de colocação das palavras NÃO produz ambigüidade.
a) Rossi pede ao STF processo por calúnia contra Motta.
b) E só colocar as moedas, girar a manivela e ter a escova já com pasta embalada nas mãos.
c) Casal procura filho seqüestrado via Internet.
d) Câmara torna crime porte ilegal de armas.
e) Regressou a Brasília depois de uma cirurgia cardíaca com cerimonial de chefe de Estado.

11 - (FUVEST SP/1997)
“A casa que papai alugara não ficava na praia exatamente, mas numa das ruas que a ela davam e onde
uns operários trabalhavam diariamente no alinhamento de um dos canais que carreavam o enxurro da
cidade para o mar do golfo.”
[Mário de Andrade]

No período acima, o segmento “que a ela davam e onde” pode ser substituído, sem prejuízo para o sen-
tido original do período, por:
a) “para a cuja iam, nas quais”
b) “que lhe conduziam, aonde”
c) “à qual cortavam, em cuja rua”
d) “nela terminavam, às quais”
e) “que nela desembocavam, rua em que”

12 - (FUVEST SP/1998)
Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas antigas; remexo
as brasas com o ferro, baixo um pouco a tampa de metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja,
grunhe. Abro: mais intensos clarões vermelhos lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece
regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e
outras cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fume-
gando com seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata velha
que estala de popa a proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações.
(Rubem Braga)

Em relação ao texto, a única afirmação que NÃO está correta é:


a) Nos dois primeiros períodos, o fenômeno da repetição é rigorosamente controlado pelo narrador,
sobretudo por meio do recurso da elipse.
b) Na expressão “ele chia”, o narrador explicitou o pronome para estabelecer, com maior precisão, a
relação entre a ação expressa pelo verbo chiar e “fogo”, atrás referido.
c) No segundo e terceiro períodos, a coerência entre as ações do narrador e as ações atribuídas a “fogo”

62 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

é estabelecida por meio de relações de causa e conseqüência.


d) Em “Abro”, estão subentendidos eu e tampa de metal.
e) Os dois pontos utilizados após “Abro” permitem introduzir o complemento da ação de abrir.

13 - (FUVEST SP/1998)
Os dados sobre a educação dos brasileiros revelados pelo minicenso do IBGE permitem várias leituras
– todas elas acusando uma tendência positiva, apesar de alguns números absolutos causarem preocu-
pação. Ainda há perto de 2 milhões e meio de crianças sem escolas no País, não tanto, tudo leva a crer,
por deficiência da rede física. De fato, pode ler-se no censo que, embora esteja longe da ideal, a expansão
quantitativa das escolas já permite ao governo redirecionar investimentos para a expansão qualitativa
do ensino.
(O Estado de S. Paulo, 10/08/97, A3)

“...todas elas acusando uma tendência positiva, apesar de alguns números absolutos causarem preocu-
pação.”
A expressão que evita uma contradição, no excerto acima, é:
a) “todas elas”.
b) “tendência positiva”.
c) “apesar de”.
d) “alguns”.
e) “números absolutos”.

14 - (FUVEST SP/1998)
A única frase em que a correlação de tempos e modos NÃO foi corretamente observada é:
a) Segundo os Correios, se a greve terminar amanhã, as entregas serão normalizadas em 13 dias.
b) Para que o agricultor não se limitasse aos recursos oficiais, as fábricas também criaram suas próprias
linhas de crédito.
c) Um dos seus projetos de lei exigia que os professores e servidores das universidades fizessem exames
antidoping.
d) Na discussão do projeto, o deputado duvidou que o colega era o autor da emenda.
e) A Câmara Municipal aprovou a lei que concede descontos a multas e juros que estão em atraso.

15 - (FUVEST SP/1998)
Agora os parlamentares concluem sua obra com a anuência unânime àquele dispositivo inconstitucional.
(Folha de S. Paulo, 28/08/97, 1-2)

A paráfrase correta do texto é:


a) A maioria dos parlamentares aprova um certo dispositivo inconstitucional.
b) Os parlamentares, sem exceção, aprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado.
c) Todos os parlamentares reprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado.
d) A maioria absoluta dos parlamentares boicotou um certo dispositivo inconstitucional.
e) A maioria dos parlamentares conclui sua obra com indiferença à aprovação ou não de um certo dis-
positivo inconstitucional.

16 - (ITA SP/1991)
As quatro frases abaixo podem ser corretas ou incorretas. Verifique quais apresentam, ou não, infração
de regras gramaticais e/ou restrições estilísticas e, observando cuidadosamente o número de cada ques-
tão, assinale:

01. O arroz parboilizado, o agulhinha com coloração amarela, segundo o proprietário da arrozeira, con-
tém mais vitaminas do que o agulhinha branco.
02. O médico, que defendia a descriminação do aborto, havia dito: “Sou a favor de que o aborto saia já

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do Código Penal!”
03. Um agente de segurança daquele “shopping” surpreendeu, há uns dias atrás, um caixa fraudando a
empresa em cumplicidade com uma amiga.
04. Previsão: céu nublado, com períodos de chuva forte todo dia em lugares isolados.

a) Se for correta somente a frase 1.


b) Se for correta somente a frase 2.
c) Se for correta somente a frase 3.
d) Se for correta somente a frase 4.
e) Se todas forem incorretas.

17 - (ITA SP/1991)
As quatro frases abaixo podem ser corretas ou incorretas. Verifique quais apresentam, ou não, infração
de regras gramaticais e/ou restrições estilísticas e, observando cuidadosamente o número de cada ques-
tão, assinale:

01. Muitos são, ao mesmo tempo, portadores de doenças cardíacas e reumatológicas.


02. Você pode ir ao Banco para mim? Inclusive, vai chover, e eu tenho que passar pelo colégio para apa-
nhar a Marina;, antes das 4:30 hs.
03. O Governo quer saber porque insumos e tratores custam menos ao exportar do que no mercado in-
terno.
04. As forças policiais não interviram apesar de já haver ocorrido três choquei entre os grevistas.

a) Se for correta somente a frase 1.


b) Se for correta somente a frase 2.
c) Se for correta somente a frase 3.
d) Se for correta somente a frase 4.
e) Se todas forem incorretas.

18 - (ITA SP/1991)
Assinale o texto que estilística e gramaticalmente expressa, com a necessária clareza, ênfase e correção,
a indicação de cada frase, dada nos parênteses.

I. A Igreja viveu verdadeira ‘Via Crucis’ no México.


(Oração Principal)
II. Noventa por cento da população do México ser católica.
(Oposição)
III. A essa ‘Via Crucis’ não faltou uma cruenta perseguição religiosa.
(Atributo de I)

a) Dado que 90% da população no México seja católica, a Igreja mexicana viveu verdadeira ‘Via Crucis’ à
qual não faltou cruenta perseguição religiosa.
b) A Igreja viveu verdadeira ‘Via Crucis’ no México, mas 90% de sua população são de católicos, e a isso
não faltou cruenta perseguição religiosa.
c) Sendo 90% da população católica, a Igreja viveu no México uma verdadeira ‘Via Crucis’, onde não
faltou uma cruenta perseguição religiosa.
d) Não obstante 90% da população seja católica, a Igreja viveu no México verdadeira ‘Via Crucis’, a que
não faltou cruenta perseguição religiosa.
e) Apesar de que uma cruenta perseguição religiosa não haja faltado, a Igreja viveu uma verdadeira ‘Via
Crucis’ no México, cujo 90% por cento de sua população é católica.

64 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

19 - (ITA SP/1991)
Assinale a opção que melhor reestrutura gramatical e estilisticamente o seguinte grupo de frases.

“Os Estados Unidos e a União Soviética se revezam no primeiro lugar no quadro geral de medalhas. Isso
desde os Jogos de Londres, acontecidos 1948. Para esses países a hipótese da formação de uma única
equipe olímpica alemã surge como uma ameaça. É que no esporte, área onde as negociações tendem a
ser mais amenas, essa hipótese também surge como uma possibilidade factível.”

a) Os Estados Unidos e União Soviética se revezam no primeiro lugar no quadro geral de medalhas des-
de os Jogos de Londres em 1948, e a hipótese da formação de uma única equipe olímpica alemã surge
para os mesmos como possibilidade factível e como uma ameaça, pois o esporte e área em que as nego-
ciações tendem a ser mais amenas.
b) A hipótese da formação de uma única equipe alemã surge como uma possibilidade factível e como
uma clara ameaça para os Estados Unidos e a União Soviética, no esporte, área onde as negociações
tendem a ser mais amenas, embora aqueles países se revezem no primeiro lugar no quadro geral de me-
dalhas, desde os Jogos de Londres, em 1948.
c) Desde 1948, nos jogos de Londres, Estados Unidos e União Soviética se revezam no primeiro lugar no
quadro gral de medalhas, mas a hipótese da formação de uma única equipe olímpica alemã surge como
forte possibilidade factível e ameaça também para eles no esporte, área na qual as negociações tendem
a ser mais amenas.
d) No esporte, área em que as negociações tendem a ser mais amenas, a hipótese da formação de uma
única equipe olímpica alemã surge como forte possibilidade e clara ameaça para os Estados Unidos e
União Soviética, países que se revezam no primeiro lugar no quadro geral de medalhas, desde os Jogos
de Londres, em 1948.
e) Apesar dos Estados Unidos e União Soviética se revezarem no primeiro lugar no quadro geral de me-
dalhas, desde os Jogos de Londres, em 1948, a hipótese para eles da formação de uma única equipe ale-
mã surge como uma ameaça, pois é no esporte, área onde as negociações alemãs tendem a ser as mais
amenas, que essas hipótese surge como uma possibilidade fortemente factível.

20 - (ITA SP/1994)
Assinale a opção que melhor reestrutura – gramaticalmente e estilisticamente os seguintes grupos de
frases:

[O pé-de-pato permitir os nadadores deslocar na água. E isso é feito com rapidez] – O. Principal. Condi-
ção: adaptar o pé-de-pato aos pés. O pé-de-pato é um calçado de borracha, com forma de pé-de-pato.

a) O pé-de-pato, calçado com este formato, caso seja adaptado aos pés dos nadadores, permitir-lhes-á
um rápido deslocamento na água.
b) Se for adaptado aos pés, o pé de pato, calçado de borracha com forma de pé-de-pato, permite os
nadadores deslocarem com rapidez na água.
c) O pé-de-pato, calçado de borracha com forma de pé-de-pato, permite um rápido deslocamento na
água aos nadadores, desde que o mesmo esteja adaptado aos seus pés.
d) Calçado de borracha com a forma de pé de pato, desde que se o adapte aos pés, o pé-de-pato porque
os nadadores se desloquem com rapidez na água.
e) O pé-de-pato, calçado de borracha com forma de pé de pato, permite aos nadadores, se adaptado
aos pés, rápido deslocamento na água.

21 - (ITA SP/1994)
Assinale a opção que completa corretamente as frases abaixo:

I. O viajante, antes de sair, …… indispensável.


II. Fundamentalmente, a lei tem por fim …… os erros.

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III. “Sou a que chora sem saber ……”.

a) proveu-se do –– proscrever –– por quê


b) preveu-lhe o –– prescreve –– o por quê.
c) proviu-se do –– discriminar –– por que
d) proveio-lhe o –– descriminar –– por quê
e) previu o –– infligir –– porque

22 - (ITA SP/1994)
Assinale a opção que completa corretamente as lacunas:

Ao …… minha frente, ……, …… as atropelaria, e a Rosa ateve-se em mim para não bater com a cabeça
no ……

a) passar á / freei / se não / pára-brisa


b) passarem á / freiei / senão / parabrisa
c) passarem na / freei / senão / pára-brisa
d) passar a / freiei / se não / pára-brisa
e) passarem a / freei / senão / parabrisa

23 - (ITA SP/2001)
No texto abaixo sobre as eleições em São Paulo, há ambigüidade no último período, o que pode dificultar
o entendimento.

Ao chegar à Liberdade*, a candidata participou de uma cerimônia xintoísta (religião japonesa anterior ao
budismo). Depois, fez um pedido: “Quero paz e amor para todos”. Ganhou um presente de um ramo de
bambu.
(Folha de S. Paulo, 9/7/2000, adaptado.)
* Bairro da cidade de São Paulo.

A ambigüidade deve-se:
a) à inadequação na ordem das palavras.
b) à ausência do sujeito verbal.
c) ao emprego inadequado dos substantivos.
d) ao emprego das palavras na ordem indireta.
e) ao emprego inadequado de elementos coesivos.

24 - (ITA SP/2004)
Assinale a opção em que a ambigüidade ou o efeito cômico NÃO decorre da ordem dos termos.
a) O estudo analisou, por 16 anos, hábitos como caminhar e subir escadas de homens com idade média
de 58 anos. (Equilíbrio. Folha de S. Paulo, 19/10/2000)
b) Andando pela zona rural do litoral norte, facilmente se encontram casas de veraneio e moradores de
alto padrão. (Folha de S. Paulo, 26/01/2003)
c) Atendimento preferencial para: idosos, gestantes, deficientes, crianças de colo (Placa sobre um dos
caixas de um banco.)
d) Temos vaga para rapaz com refeição (Placa em frente a uma casa em Campinas, SP.)
e) Detido acusado de furtos de processos (Folha de S. Paulo, 8/7/2000)

25 - (UNP RN/1999)
As pessoas, que nos maltratam, devem ser ignoradas, mesmo que essa atitude seja difícil. Para que a
oração grifada conserve seu sentido original, ela poderia ser redigida da seguinte forma:
a) ... desde que essa atitude seja difícil.

66 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

b) ... porque essa atitude é difícil.


c) ... a menos que essa atitude seja difícil.
d) ... por mais que essa atitude seja difícil.

26 - (UNP RN/1999)
“Com sua ascendência sobre as crianças, Xuxa se transforma em uma séria concorrente para os pais e
professores. Ela pode pôr em xeque sua autoridade na educação dos “baixinhos”. Sendo assim, é plena-
mente aceitável a preocupação da família.”

Há, no fragmento, uma passagem ambígua. Aponte-a:


a) “Com sua ascendência sobre as crianças...”
b) “ ... em uma séria concorrente para os pais e professores.”
c) “Ela pode pôr em xeque sua autoridade na educação dos “baixinhos”.”
d) “... a preocupação da família.”

27 - (UNP RN/1999)
“Sem a reforma agrária não há como resolver a desnutrição desse povo brasileiro.”
“O grande mal desse povo brasileiro é ter nascido pobre.”

Se uníssemos as duas orações com pronome relativo, teríamos:


a) Sem a reforma agrária cujo grande mal do povo brasileiro é ter nascido pobre, não há como resolver
a desnutrição desse povo brasileiro.
b) Sem a reforma agrária cujo grande mal é ter nascido pobre não há como resolver a desnutrição desse
povo brasileiro.
c) Sem a reforma agrária não há como resolver a desnutrição do povo brasileiro que ter sido pobre é o
seu grande mal.
d) Sem a reforma agrária não há como resolver a desnutrição desse povo brasileiro cujo grande mal é ter
nascido pobre.

28 - (UNP RN/1999)
“O único jornal que pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber é de minha pro-
priedade.”

Utilizando-se o advérbio “só”, aponte a opção que ainda mantém o mesmo sentido da oração acima:
a) Só um jornal pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber: o de minha proprie-
dade.
b) O único jornal que só pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber é de minha
propriedade.
c) O único jornal que pode oferecer ao público só as notícias que todos gostariam de saber é de minha
propriedade.
d) O único jornal que pode oferecer ao público as notícias que todos gostariam de saber é só de minha
propriedade.

29 - (UNP RN/1999)
“Em face da História, rio sem fim que vai arrastando tudo e todos no seu curso, o contista é um pescador
de momentos singulares, cheios de significação. Inventor do novo: descobrir o que os outros homens
não souberam ver com tanta clareza, não souberam sentir com tanta força. Literariamente: o contista
explora no discurso ficcional uma hora intensa e aguda de percepção. Esta, acicatada pelo demônio da
visão, não cessa de perscrutar situações narráveis na massa aparentemente amorfa do real. E entre nós,
o que tem achado?”

A que palavras do texto remetem respectivamente os seguintes vocábulos: rio - seu - inventor - esta ?

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a) História - contista - pescador - clareza
b) História - rio - pescador - hora
c) História - rio - contista - percepção
d) História - contista - pescador - massa

30 - (UNIRIO RJ/1995)
Assinale a opção que contém o nexo sintático que melhor estabeleceria a ligação entre “AQUELE FICOU
SENDO RIO POR ENGANO” - e - “O CARIOCA, ESSE JÁ O ERA, HAVIA SÉCULOS” (§ 5º).
a) e
b) portanto
c) enquanto
d) se
e) logo

31 - (UNP RN/1999)
“A menos que a violência tenha um fim, muitas pessoas inocentes morrerão sem saber o porquê.” Obser-
vando a oração destacada, aponte a opção que possui essa mesma circunstância.
a) Desde que você chegou à cidade, todos os aceitaram com muito carinho.
b) Mesmo que tenha cometido enganos, o perdão é um direito de todos.
c) Desde que conheça seus direitos, dificilmente alguém o prejudicará.
d) Mal restabelecemos a verdade, outros problemas complicaram nossa vida.

32 - (UNIRIO RJ/2002)
TEXTO II

A Alma Esférica do Carioca

Chego do mato vendo tanta gente de cara triste pelas ruas, tanto silêncio de derrota dentro e fora das
casas, como se o gosto da vida se tivesse encerrado, de vez, com as cinzas do finado carnaval dos últimos
dias.
Imperdoável melancolia de quem sabe, e sabe muito bem, que esta deliciosa cidade não é samba, ape-
nas; que o Rio, alma do Brasil, afina também seus melhores sentimentos populares por outra paixão não
menos respeitável – o futebol.
Esse abençoado binômio, carnaval-futebol, é que explica e eterniza a alma esférica da gente mais alegre
de nosso alegre País.
Por que, então, chorar a festa passada se ao breve ciclo da fantasia do samba logo se segue a ardente
realidade do futebol? Desmontaram o palanque por onde desfilou a elite do samba? E daí? Lá está o
Maracanã, rampas gigantescas, assentos intermináveis, tudo pronto para o grande desfile de angústias e
paixões que precedem a glória de um chute. Agora mesmo, alguém me veio dizer, contente, que a grama
está uma beleza, de área a área, e que, com as últimas chuvas, o verde rebentou verdíssimo.
Salgueiro, Fluminense, Mangueira, Flamengo, Império, Botafogo - milagrosa alternação de emoções na
vida de uma cidade; passos e passes de uma gente que curtiu seu amor ao mesmo tempo no contratem-
po de um tamborim e no instante infinito de um gol.
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamengo, preto e vermelho, apontando, ardente, na boca do
túnel que se abre para a multidão em delírio.
Couro de gato, bola de couro, quicando e repicando pela glória de uma cidade que não tem por que cho-
rar tristezas.
(Armando Nogueira) Rio.

Reescrevendo o terceiro parágrafo do texto, o sentido não se altera em:


a) A eternização da alma esférica da gente mais alegre de nosso alegre País é que explica esse abençoa-

68 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

do binômio, carnaval-futebol.
b) É esse abençoado binômio, carnaval-futebol, que explica e eterniza a alma esférica da gente mais
alegre de nosso alegre País.
c) Esse abençoado binômio, que eterniza carnaval-futebol, explica e eterniza a alma esférica da gente
mais alegre de nosso alegre País.
d) É que esse abençoado binômio, carnaval-futebol, explica e eterniza a alma esférica da gente mais
alegre de nosso alegre País.
e) A explicação desse abençoado binômio, carnaval-futebol, é que eterniza a alma esférica da gente
mais alegre de nosso alegre País.

33 - (UNIRIO RJ/1995)
A opção que indica referente do demonstrativo aquele em “AQUELE FICOU SENDO O RIO POR ENGANO”
(§ 5º) é:
a) o Carioca
b) o rio Carioca
c) rio
d) um Rio
e) o Rio de Janeiro

34 - (UNIRIO RJ/1995)
A opção que indica referente do demonstrativo aquele em “AQUELE FICOU SENDO O RIO POR ENGANO”
(§ 5º) é:
a) o Carioca
b) o rio Carioca
c) rio
d) um Rio
e) o Rio de Janeiro

35 - (UNIRIO RJ/1995)
Analisando o sétimo parágrafo do texto em seus aspectos morfossintáticos, só NÃO encontramos:
a) QUE (pronome relativo), com função de adjunto adverbial.
b) QUE (conjunção subordinativa integrante) iniciando oração subordinada substantiva objetiva direta.
c) QUE (pronome relativo) com função de predicativo do sujeito.
d) POR MENINAS EM FLOR, com função de agente da passiva.
e) COMO (advérbio de modo), com função de adjunto adverbial.

36 - (UNIFOR CE/2002)
Outro dia, falando na vida do caboclo nordestino, eu disse aqui que ele não era infeliz. Ou não se sente
infeliz, o que dá no mesmo. Mas é preciso compreender quanto varia o conceito de felicidade entre o
homem urbano e essa nossa variedade de brasileiro rural. Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em
“ter coisas”: ter apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas
mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de bem
sucedido. O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser
feliz é ser livre, não precisar de trabalhar. E, mormente, não trabalhar obrigado. Trabalhar à vontade do
corpo, quando há necessidade inadiável. Tipicamente, os três dias de jornal por semana que o morador
deve a fazenda, segundo o costume, são chamados “a sujeição”. O melhor patrão do mundo não é o que
paga mais, é o que não exige sujeição. E a situação de meeiro é considerada ideal, não porque permita
um maior desafogo econômico – o que nem sempre acontece – mas sim porque meeiro não é sujeito.
(Rached de Queiroz. Cem crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: J. Olympio Editora, 1989. p. 216)

E, mormente, não trabalhar obrigado.]

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A frase aparece reescrita, conservando o sentido original, em:
a) E, principalmente, trabalhar por sua própria vontade.
b) E, não obstante, trabalhar por obrigação.
c) E agradecer, especialmente, por ter trabalho.
d) E, sobretudo, conseguir trabalhar por conta própria.
e) E, no entanto, trabalhar com liberdade.

37 - (UNIMAR SP/2002)
Assinale a alternativa que, corretamente, preencha as lacunas do período:
Consciente ... perigo de uma catástrofe, o cientista abdicou ... pesquisas ... havia empenhado parte de
sua vida.
a) Ao – das – para que
b) Com o – nas – em que
c) Para o – das – de que
d) Do – das – em que
e) Com o – nas – de que

38 - (UNIFOR CE/2002)
É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, como cidadãos eleitores e normalmente por via
partidária, escolher os nossos representantes no governo. Mas é igualmente verdade que a possibilidade
de ação democrática começa e acaba aí.
O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto
não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única real força que governa o mundo
e, portanto, o seu país e a sua pessoa.
Refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele sempre em aumento, gerida
pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele
bem comum a que, por definição, a democracia aspira.
Todos sabemos que é assim e, contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos
deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e
atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de forças ritualizadas, os inócuos passes e
os gestos de uma espécie de missa laica.
(José Saramago – Trecho do discurso pronunciado no “Fórum de Porto Alegre”, realizado em janeiro de
2002)

A coerência do primeiro parágrafo decorre:


a) da repetição da expressão é verdade.
b) de idéias centradas num eixo de significação.
c) da seqüência de orações subordinadas.
d) da exatidão de reflexões sobre o sentido de democracia.
e) do efeito persuasivo da exposição de idéias.

39 - (UNIFOR CE/2002)
… que o levou a escolher uma alternativa menor, conquistar o mundo.
A oração reduzida grifada acima pode ser corretamente substituída, sem alteração do sentido original,
por:
a) quando conquistasse o mundo.
b) para uma conquista mundial.
c) a conquista do mundo.
d) conquistando o mundo.
e) mundialmente conquistada.

70 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

40 - (UNIFOR CE/2002)
É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, como cidadãos eleitores e normalmente por via
partidária, escolher os nossos representantes no governo. Mas é igualmente verdade que a possibilidade
de ação democrática começa e acaba aí.
O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto
não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única real força que governa o mundo
e, portanto, o seu país e a sua pessoa.
Refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele sempre em aumento, gerida
pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele
bem comum a que, por definição, a democracia aspira.
Todos sabemos que é assim e, contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos
deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e
atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de forças ritualizadas, os inócuos passes e
os gestos de uma espécie de missa laica.
(José Saramago – Trecho do discurso pronunciado no “Fórum de Porto Alegre”, realizado em janeiro de
2002)
Substituindo-se pela expressão entre parênteses o termo sublinhado, NÃO se altera o sentido da frase
somente em:
a) Gerida de acordo com estratégia de domínio. (em relação a)
b) Como se se tratasse de algo vivo e atuante. (conforme)
c) A força que governa o mundo e, portanto, o seu país. (conquanto)
d) Pouco mais nos resta que um conjunto de forças ritualizadas. (senão)
e) Refiro-me em particular à parte dele sempre em aumento. (exclusivamente)

41 - (UNIFOR CE/2002)
Gostava de jipe, não de automóvel, e dirigia com extrema cautela. Evitava o centro urbano, e quando ti-
nha de ir até lá, descrevia longas voltas e terminava a pé, para não se expor ao tráfego desembestado das
ruas principais. Os filhos riam, pondo em dúvida sua capacidade no volante. Mas todos arrebentavam a
máquina, ao usá-la, e ele tinha como pequena glória nunca ter dado uma batida.
Como pequena glória. Porque as maiores eram as que lhe vinham do sítio. Possuíra fazenda, agora tinha
sítio. E ficava feliz quando o jipe tropicador o levava para a modesta pasárgada. Esquecendo-se da idade,
punha exagero de moço – trinta anos depois – em capinar, plantar, podar; se chovia, plantava mental-
mente. Orgulhava-se de produzir não só frutas tropicais como subtropicais. Um cruzamento de espécies,
determinando novo sabor, nova forma ou colorido, era uma festa para ele. O sítio confinava com uma
fazenda; matava saudades do antigo latifúndio ouvindo, à distância, o vozeio dos vaqueiros, o urro do
jumento, pontual como um relógio.
Bacharel? Sim, fizera o curso de Direito, tirara diploma, se necessário lutava contra empresas poderosas,
e vencia, sem ligar muito a isso. Guardava os livros essenciais ao exercício da profissão, só esses, no pe-
queno armário envidraçado. Sua consulta constante era às sementes, à terra, ao tempo; nem se lembrava
mais de que, na mocidade, cultivara as letras, escrevera poemas em prosa neo-simbolistas, induzira o
irmão menor a seguir o ofício de juntar palavras. Em 1959 bateu um recorde negativo, escrevendo só
quatro cartas, profissionais e concisas.
Anos e anos escoados na cidadezinha natal, entre problemas pequenos e grandes que nunca se resol-
viam. [...] Mudou de terra e de vida.
Carlos Drummond de Andrade

Encontra-se uma relação de causa e conseqüência em:


a) mas todos arrebentavam a máquina ao usá-la.
b) Possuíra fazenda, agora tinha sítio.
c) Esquecendo-se da idade, punha exagero de moço em capinar.
d) Orgulhava-se de produzir não só frutas tropicais como subtropicais.
e) Se necessário lutava contra empresas poderosas e vencia.

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42 - (UNIFOR CE/2002)
Observe a pontuação e a colocação de palavras nas frases que se seguem.

I. E só ele nunca tinha dado uma batida.


E ele só nunca tinha dado uma batida.
II. Guardava os livros essenciais, só esses, no armário.
Guardava só os livros essenciais no armário.
III. Escrevendo só quatro cartas.
Escrevendo, só, quatro cartas.

Com a alteração da pontuação e da colocação de uma ou outra palavra, houve também mudança de
sentido SOMENTE, em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

43 - (UNIFOR CE/2002)
Gostava de jipe, não de automóvel, e dirigia com extrema cautela. Evitava o centro urbano, e quando
tinha de ir até lá, descrevia longas voltas e terminava a pé, para não se expor ao tráfego desembestado
das ruas principais. Os filhos riam, pondo em dúvida sua capacidade no volante. Mas todos arrebenta-
vam a máquina, ao usá-la, e ele tinha como pequena glória nunca ter dado uma batida.
Como pequena glória. Porque as maiores eram as que lhe vinham do sítio. Possuíra fazenda, agora tinha sí-
tio. E ficava feliz quando o jipe tropicador o levava para a modesta pasárgada. Esquecendo-se da idade, punha
exagero de moço – trinta anos depois – em capinar, plantar, podar; se chovia, plantava mentalmente. Orgulha-
va-se de produzir não só frutas tropicais como subtropicais. Um cruzamento de espécies, determinando novo
sabor, nova forma ou colorido, era uma festa para ele. O sítio confinava com uma fazenda; matava saudades
do antigo latifúndio ouvindo, à distância, o vozeio dos vaqueiros, o urro do jumento, pontual como um relógio.
Bacharel? Sim, fizera o curso de Direito, tirara diploma, se necessário lutava contra empresas pode-
rosas, e vencia, sem ligar muito a isso. Guardava os livros essenciais ao exercício da profissão, só esses,
no pequeno armário envidraçado. Sua consulta constante era às sementes, à terra, ao tempo; nem se
lembrava mais de que, na mocidade, cultivara as letras, escrevera poemas em prosa neo-simbolistas,
induzira o irmão menor a seguir o ofício de juntar palavras. Em 1959 bateu um recorde negativo, escre-
vendo só quatro cartas, profissionais e concisas.
Anos e anos escoados na cidadezinha natal, entre problemas pequenos e grandes que nunca se resol-
viam. [...] Mudou de terra e de vida.
Carlos Drummond de Andrade

O 3º parágrafo está reescrito, com lógica, clareza e correção, conservando o sentido original, em:
a) Embora fosse bacharel, suficientemente capaz de vencer as demandas necessárias – e para isso guar-
dava num pequeno armário envidraçado os livros essenciais – dedicava-se ao cultivo da terra, consul-
tando as condições do tempo e das sementes, esquecendo-se de toda atividade literária da mocidade, a
ponto de escrever algumas cartas profissionais e concisas.
b) Ele era bacharel, que fizera o curso de Direito e na mocidade as letras, onde escrevia poemas em
prosa, mas agora era a terra que ele dedicava-se embora, consultando as condições do tempo e das se-
mentes, e escrevendo somente quatro cartas profissionais e concisas, guardando os livros num pequeno
armário envidraçado, para vencer as demandas.
c) Um bacharel que guardava os livros num pequeno armário envidraçado era ele que agora dedicava-
-se ao cultivo da terra, e consultava o tempo e as sementes – com a atividade das letras do passado es-
quecidas – nem escrevia mais, só algumas cartas profissionais e concisas, capaz de vencer as demandas
contra as empresas poderosas.

72 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

d) Como bacharel era na mocidade quem escrevia poemas em prosa que esqueceram, mudando-se
para o cultivo da terra, com os livros guardados num pequeno armário envidraçado – se necessário nas
demandas contra empresas poderosas – consultando as condições do tempo e das sementes, com o que
escrevia quatro cartas profissionais.
e) Tinha feito poemas em prosa na mocidade e era bacharel e abandonou-os, com os livros guardados
num pequeno armário envidraçado – onde agora consultava as condições do tempo e das sementes, sem
demandas com as empresas poderosas – e dedicava-se a terra e apenas algumas cartas cultivando-as, e
não mais a atividade literária.

44 - (UNIFOR CE/2002)
Na frase A interatividade permitirá não só receber informação mas também dialogar, o conectivo:
a) está representado na junção de duas expressões semanticamente indissociáveis.
b) está representado em duas expressões que se distinguem.
c) tem valor adversativo, pois referencia oposição entre as orações.
d) introduz no texto a noção de concessão.
e) liga duas orações justapostas.

TEXTO: 1 - Comum à questão: 45

UM SONHO DE SIMPLICIDADE

Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de sim-
plicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer
essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São
uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou
os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me
surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida simples, mulher, quê mais? Que se
possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava
a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.
Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A gente
tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom.
Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barraca, no meio do mato e, chegamos à
choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei,
numa grande rede branca - foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um
pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em
tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes distantes de animais noturnos.
Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma
vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade
de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a
gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconheci-
mento. Mas para quê, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não
assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer
coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo
de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone toca.
Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar
nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número, fortes,
doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
(BRAGA, Rubem. In: 200 crônicas escolhidas, 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. p.262-3.)

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45 - (USS RJ)
A alternativa em que a preposição destacada tem o valor indicado entre parênteses é:

a) ...”por que procurar a voz de mulher”... (L. 9) - (movimento de afastamento de um ponto)


b) “Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer uma pergunta.”... (L. 4-5) -
(direção)
c) “Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jei-
to,”... (L. 51-53) – (finalidade)
d) ...”conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um baralho meio
marcado,”... (L. 45-47) - origem
e) ...”precisamos apenas viver – sem nome, nem número,”... (L. 65-66) - (posição no interior de dois
limites indicados)

TEXTO: 2 - Comum à questão: 46

Nós também já fomos

Como disse o famoso pensador Alfred E. Neumann, o mal da nova geração é que não pertence-
mos mais a ela. Grande e triste verdade, que sou obrigado, mais uma vez, a reconhecer. Sempre foi assim,
informam-nos almanaques e obras de divulgação. Praticamente desde que o homem aprendeu a escre-
ver, algum mais velho anota comentários desalentados sobre a juventude. Deste jeito não dá, reclamam
invariavelmente; deste jeito o mundo vai acabar, com essa dissolução de costumes, esse desapego aos
valores mais básicos, essa permanente afronta ao estabelecido e sedimentado através de longa expe-
riência. “A juventude é valiosa demais para ser desperdiçada com os jovens”, resmungou Bernard Shaw e
resmungamos nós, coroas despeitados.
Às vezes é difícil crer que já fomos assim. Não, nunca fomos assim, hoje em dia é muito diferente.
E, por outro lado, quase não dá para acreditar que os portadores de certas cataduras assustadoras ou re-
pelentes, que vemos na rua ou na televisão, já foram bebês, talvez rechonchudos, fofinhos e todos os ad-
jetivos dengosos que costumamos usar em relação a bebês. Não, não, esse canalha aí nunca foi neném,
já apareceu com esse aspecto, essa cara untuosa e malévola de quem está permanentemente aplicando
um golpe no semelhante.
Mas fomos, já fomos nenéns e, ai de nós, já fomos adolescentes. Penso nisto enquanto procuro
conter as nênias de horror que me tumultuam o peito fatigado, ao encontrar de manhã a pia da cozinha
cheia de garrafas de água e cubas de gelo vazias, portas de armários abertas, tênis e camisetas jogadas
pelo chão e outros vestígios que a adolescência deixa em seu rastro, como bem poderão testemunhar
pais de adolescentes e de ex-adolescentes. Conheço vários pais que rogam praga – aqui se faz, aqui se
paga; quando doer no bolso deles, aí é que eles vão ver; deixa ele casar com uma megera, que ele vai ver
o que é bom para a tosse, e assim por diante.
Não adianta nada, é claro. As pragas podem até colar, mas não têm efeito retroativo e talvez já
nem estejamos neste vale de lágrimas, quando se concretizarem. Mas quiçá encontremos algum consolo
e esperança, ao contribuir para o acúmulo e intercâmbio das descobertas mais relevantes, a respeito
dos adolescentes. Pai de dois e, atualmente, anfitrião de mais dois, creio que posso oferecer algumas
achegas, fruto de observação científica e de experiência duramente vivenciada. Mártir da ciência e do
conhecimento, menciono algumas, despretensiosamente e sem ordem de importância.
A primeira é que eles são surdos. Estou convicto de que o sentido da audição só completa seu
aparato com a maturidade. Antes, precisa de considerável estímulo para funcionar. É imperioso ter com-
preensão para com o fato inescapável de que, para que eles possam entender o que se fala na TV, neces-
sitam de um volume suficiente para abafar três trios elétricos. Do contrário, não entendem nada e, muito
justamente, se revoltam. Como lemos nos jornais que os adolescentes revoltados esquartejam pais e
avós, entram para seitas orientais que preceituam a abstenção de banhos ou erigem Átila como modelo,
cabe nos resignarmos e nos refugiarmos num quarto acusticamente isolado. Penso nisso e baixo a mira
do rifle que já endereçava às caixas de som do home theater de um brioso adolescente, nosso vizinho,

74 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

que no momento espalha seu som por toda a Zona Sul do Rio de Janeiro.
Apagar luzes e aparelhos elétricos em geral é absolutamente estrangeiro à adolescência. Quando
reclamei a meu filho de 17 anos, ele me apontou uma solução óbvia, que minha obtusidade anciã não me
deixava perceber.
– A luz é só pagar – disse ele. – E, os aparelhos, é só comprar novos.
Perfeitamente, como não me havia ocorrido isso antes? Nem cheguei a abordar o problema, tor-
nado bastante flagrante com a presença de outros jovens aqui em casa. Trata-se da circunstância de
que um não come carnes (inclusive de peixe), embora se indigne, quando chamado de vegetariano. Não
é vegetariano, até porque detesta verdura e sua dieta de farofa com lingüiça, feijão e arroz é absoluta-
mente pessoal, não se enquadra em nenhum desses códigos de velho. Outra passa a sanduíches e cata
meticulosamente qualquer prato de natureza diversa, enquanto se queixa da algozaria do destino, que
a submete a um regime inaceitável para qualquer pessoa normal – y compris coisas borrachudas, coisas
meladas, coisas dessa cor, coisas daqueloutra, coisas secas, coisas branquelas e muitas outras coisas por
nós imemorizáveis. Outra só come o que, a cada dia, lhe ditam entidades para nós misteriosas, cuja única
coerência é rejeitar tudo o que na semana passada era uma delícia.
Isso nos preocupava, porque tornava impossível organizar uma mesa de almoço ou jantar. Éra-
mos obrigados a conceber e preparar um menu para cada um, com os naturais transtornos acarretados
para a administração do lar e a economia doméstica. Meu filho, entretanto, me abriu horizontes. Da mes-
ma forma que deixar tudo ligado e comprar novo aparelho de som para substituir aquele em que derra-
maram sorvete é a solução, contratar um bufê para cada um é o caminho mais indicado. Faz-se apenas
uma pequena despesa, que não é nada diante dos ganhos de tranqüilidade e paz obtidos.
E eles pagam mico. Todos eles pagam mico por nossa causa. Em meu caso pessoal, devo evitar,
por exemplo, dançar. Se eu dançar em público e na presença deles, é um mico impiedoso. Isso se esten-
de a muitas atividades que me são vedadas e das quais tenho que manter um rol atualizado. Outro dia,
à saída de um restaurante, resolvi cantarolar, de mãos dadas com minha filha mais nova. Ela deu uma
corridinha, se afastando de mim em grande embaraço. Inadvertidamente, eu a tinha feito pagar um mico
indelével, que até agora a traumatiza e, sem dúvida, a seguirá pela vida afora.
Não, nunca fomos assim, no nosso tempo era diferente. Faço um exame de consciência, para
confirmar esta impressão. Bem, e o dia em que resolvi botar ácido sulfúrico nas verrugas que me faziam
pagar os piores micos, assim esburacando por contato a casa toda, de sofás a estatuetas? E o dia em que,
treinando para lançador de facas, transformei a porta do meu quarto numa peneira? E como me consi-
derava o mais infeliz dos homens, por ser forçado a tomar sopa em jantares de cerimônia? É, melhor não
mexer nessas coisas. Aqui se faz, aqui se paga, pensando bem.
(RIBEIRO, João Ubaldo. Nós também já fomos. O Globo, Rio de Janeiro, 17 jan 1999. c. 1 , p. 6.)
Vocabulário:
Algozaria – Ação própria do algoz; crueldade.
Catadura – Semblante, aspecto, aparência.
Nênia – Canto fúnebre; canção plangente, melancólica.
Y compris (francês) – Incluindo.
Home theater (inglês) – Disposição de aparelho sonoro que dá aos ouvintes sensação de som ao vivo.

46 - (EFOA MG/2002)
A alternativa em que se destaca ERRADAMENTE a palavra ou expressão a que se refere o termo sublinhado é:
a) “Penso nisto enquanto procuro conter as nênias de horror que me tumultuam o peito fatigado [...].”
(§ 3) / que já fomos nenéns e adolescentes.
b) “Conheço vários pais que rogam praga – aqui se faz, aqui se paga; quando doer no bolso deles, aí é
que eles vão ver [...].” (§ 3) / dos pais.
c) “Penso nisso e baixo a mira do rifle que já endereçava às caixas de som do home theater de um brioso
adolescente [...].” (§ 5) / nas ações violentas ou inusitadas dos adolescentes.
d) “Perfeitamente, como não me havia ocorrido isso antes?” (§ 8) / que era só pagar a luz e comprar aparelhos novos.
e) “Inadvertidamente, eu a tinha feito pagar um mico indelével [...].” (§ 10) / a filha caçula.

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TEXTO: 3 - Comum à questão: 47

O FORTE

As amuradas, plantadas no chão, fecham o pátio. Os corredores são galerias adentro dos pare-
dões de pedra, levam aos antigos depósitos e às prisões, estabelecem as comunicações entre os aloja-
mentos. No centro, bem no centro, a terra nua. Quase um castelo assim em seu tamanho, altas suas tor-
res de vigia, deve pesar como uma montanha. Erguendo-se na colina, quadrado pelos muros que sobem,
vê as ladeiras, as ruas, as praças. E, muito embaixo, o mar de saveiros e o oceano aberto. Os canhões
enferrujados, para o mar, voltados já estiveram. Poder-se-ia dizer, e sem mentir, que a Bahia cresceu com
ele.
Largos são os passeios que o rodeiam e neles a multidão passa durante o dia, descendo e subin-
do, o ar cheio de barulho. Caminho de muitos, as ladeiras saindo dos quatro cantos, sua sombra escurece
os sobrados de azulejos. O portão, na verdade uma cancela gigantesca, range quando se abre. Por cima,
nas manhãs de domingo, saíam os cantos dos sinos de sua capela. É possível vê-la, encostada ao pátio,
ameaçando cair. Baixa, as paredes esburacadas, as telhas partidas. E por cima também escapavam, nos
velhos tempos, as ordens das cornetas, os rumores das marchas, as algazarras do rancho.
A terra nua, no pátio, tem a cor do cobre. Sustenta, porém, as três árvores. Espalhadas, os troncos
grossos, ganharam altura. Levantam-se como se o Forte fosse um convento, tranqüilas, moradia de pás-
saros. Os ventos altos, vindos do mar, não têm forças para agitá-las. E, no verão, sua sombra é pouso. Faz
bem vê-las, assim nos recantos, folhas cobrindo o chão. O pico da colina está coberto. A carcaça imensa,
o labirinto por dentro, torres e colunas, os fundos alicerces plantados na rocha. Construído aos pedaços,
alargando-se e subindo, sua dureza fere os olhos. O ar, porém, é livre. E abriga, quando o vento não falta,
os cheiros da Bahia. Os torreões aprumados, como braços erguidos, apontam o céu de estrelas e paz.
(ADONIAS FILHO, O Forte.)

47 - (FESO RJ/2001)
O pronome pessoal oblíquo “-la” (§2) refere-se, anaforicamente, ao substantivo:
a) “terra”(§1)
b) “montanha” (§1)
c) “colina”(§1)
d) “capela” (§2)
e) “Bahia” (§3)

TEXTO: 4 - Comum às questões: 48, 49, 50

Neste momento, o bordado está pousado em cima do console e o interrompi para escrever, substituin-
do a tessitura dos pontos pela das palavras, o que me parece um exercício bem mais difícil.
Os pontos que vou fazendo exigem de mim uma habilidade e um adestramento que já não tenho. Esfor-
ço-me e vou conseguindo vencer minhas deficiências. As palavras, porém são mais difíceis de adestrar e
vêm carregadas de uma vida que se foi desenrolando dentro e fora de mim, todos esses anos. São teimo-
sas, ambíguas e ferem. Minha luta com elas é uma luta extenuante. Assim, nesse momento, enceto duas
lutas: com as linhas e com as palavras, mas tenho a certeza que, desta vez, estou querendo chegar a um
resultado semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim desse texto, algo de delicado, recôndito e
imperceptível sobre o meu próprio destino e sobre o destino dos seres que me rodeiam. Ontem, quando
entrei no armarinho para escolher as linhas, vi-me cercada de pessoas com quem não convivia há muito
tempo, ou convinha muito pouco, de cuja existência tinha esquecido. Mulheres de meia-idade que com-
pravam lãs para bordar tapeçarias, selecionando animadamente e com grande competência os novelos,
comparando as cores com os riscos trazidos, contando os pontos na etamine, medindo o tamanho do
bastidor. Incorporei-me a elas e comecei a escolher, com grande acuidade, as tonalidades das minhas
meadas de linha mercerizada. Pareciam pequenas abelhas alegres (...), levando a sério as suas tarefas.
(...) Naquelas mulheres havia alguma coisa preservada, sua capacidade de bordar dava-lhes uma digni-

76 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

dade e um aval. Não queria que me discriminassem, conversei com elas de igual para igual, mostrando-
-lhes os pontos que minha pequena mão infantil executara.
(JARDIM, Rachel. O penhoar chinês. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)

48 - (UNIRIO RJ/1997)
A expressão “…abelhas alegres” (11º período) justifica, especificamente, a significação expressa, no 9º
período, com:
a) “Mulheres de meia-idade…”
b) “…para bordar tapeçarias…”
c) “…selecionando animadamente e com grande competência os novelos…”
d) “…comparando as cores com os riscos trazidos…”
e) “…medindo o tamanho do bastidor”.

49 - (UNIRIO RJ/1997)
O adjetivo preservada (“alguma coisa preservada” – 12º período) significa:
a) passível de corrupção.
b) escondida
c) defendida de perigos.
d) intacta
e) vigiada

50 - (UNIRIO RJ/1997)
A idéia contida em “…que minha pequena mão infantil executara.” (13º período) já se anunciara em:
a) “…o bordado está pousado em cima do console”. (1º período)
b) “…uma habilidade e um adestramento que já não tenho”. (2º período)
c) “…se foi desenrolando dentro e fora de mim, todos esses anos”. (4º período)
d) “…pessoas com quem não convivia há muito tempo…” (8º período)
e) “Não queria que me discriminassem…” (13º período)

GABARITO DA SEÇÃO

1 C 11 E 21 A 31 C 41 C
2 C 12 E 22 C 32 B 42 C
3 D 13 C 23 E 33 E 43 A
4 C 14 D 24 C 34 E 44 A
5 A 15 B 25 D 35 E 45 C
6 D 16 A 26 C 36 A 46 B
7 D 17 A 27 D 37 D 47 D
8 B 18 B 28 A 38 B 48 C
9 A 19 D 29 C 39 C 49 D
10 D 20 E 30 C 40 D 50 B

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FUNÇÕES DE LINGUAGUEM

01 - (ENEM/2009)
Sentimental

1 Ponho-me a escrever teu nome


Com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
4 e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,


7 uma letra somente
para acabar teu nome!
— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

10 Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar.”
ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.

Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no texto
de Drummond, pode-se afirmar que

a) por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu nome” (v. 1) e “esse romântico trabalho” (v. 5), o poeta
faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.
b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos “No prato, a sopa esfria, cheia de esca-
mas e debruçados na mesa todos contemplam” (v. 3 e 4) confere ao poema uma atmosfera irreal e impe-
de o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista.
c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem,
mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
d) em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à
pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em
expressar algo sobre si mesmo.
e) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. 12), o poeta abandona a linguagem poética para fazer uso
da função referencial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v. 11) presente no local.

02 - (ENEM/2009)
Em uma famosa discussão entre profissionais das ciências biológicas, em 1959, C. P. Snow lançou uma
frase definitiva: “Não sei como era a vida antes do clorofórmio”. De modo parecido, hoje podemos dizer
que não sabemos como era a vida antes do computador. Hoje não é mais possível visualizar um biólogo
em atividade com apenas um microscópio diante de si; todos trabalham com o auxílio de computadores.
Lembramo-nos, obviamente, como era a vida sem computador pessoal. Mas não sabemos como ela seria
se ele não tivesse sido inventado.
PIZA, D. Como era a vida antes do computador?
OceanAir em Revista, nº- 1, 2007 (adaptado).

Neste texto, a função da linguagem predominante é

78 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa do plural.


b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que elementos como o clorofórmio e o
computador impulsionaram o fazer científico.
c) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos distintos: o das ciências biológicas e o
da tecnologia.
d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de que o clorofórmio é tão importante
para as ciências médicas quanto o computador para as exatas.
e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator está tentando convencer o leitor de
que é impossível trabalhar sem computador, atualmente.

03 - (ENEM/2017)
Doutor dos sentimentos

Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da neurociência atual,
sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções e da consciência
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno e gravata. A
surpresa vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada o clichê que se tem de
cientista. Preocupado em ser o mais didático possível, tenta, pacientemente, com certa graça e até ironia,
sempre que cabível, traduzir para os leigos estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um
dos principais expoentes da neurociência atual.
Diferentemente de outros neurocientistas, que acham que apenas a ciência tem respostas à compreen-
são da mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm necessariamente daí. Para ele, um subs-
trato imprescindível para entender a mente, a consciência, os sentimentos e as emoções advém da vida
intuitiva, artística e intelectual. Fora dos meios científicos, o nome de Damásio começou a ser celebrado
na década de 1990, quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de emoção, razão e do cérebro
humano.
TREFAUT, M. P. Disponível em: http://
revistaplaneta.terra.com.br. Acesso
em: 2 set. 2014 (adaptado).

Na organização do texto, a sequência que atende à função sociocomunicativa de apresentar objetiva-


mente o cientista António Damásio é a

a) descritiva, pois delineia um perfil do professor.


b) injuntiva, pois faz um convite à leitura de sua obra.
c) argumentativa, pois defende o seu comportamento incomum.
d) narrativa, pois são contados fatos relevantes ocorridos em sua vida.
e) expositiva, pois traz as impressões da autora a respeito de seu trabalho.

04 - (ENEM/2010)
Em uma reportagem a respeito da utilização do computador, um jornalista posicionou-se da seguinte for-
ma: A humanidade viveu milhares de anos sem o computador e conseguiu se virar. Um escritor brasileiro
disse com orgulho que ainda escreve a máquina ou a mão; que precisa do contato físico com o papel. Um
profissional liberal refletiu que o computador não mudou apenas a vida de algumas pessoas, ampliando
a oferta de pesquisa e correspondência, mudou a carreira de todo mundo. Um professor arrematou que
todas as disciplinas hoje não podem ser imaginadas sem os recursos da computação e, para um físico,
ele é imprescindível para, por exemplo, investigar a natureza subatômica.
Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista. n° 1, 2007 (adaptado).

Entre as diferentes estratégias argumentativas utilizadas na construção de textos, no fragmento, está


presente

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a) a comparação entre elementos.
b) a reduplicação de informações.
c) o confronto de pontos de vista.
d) a repetição de conceitos.
e) a citação de autoridade.

05 - (ENEM/2010)

Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto
da campanha publicitária e o da charge apresentam, respectivamente, composição textual pautada por
uma estratégia

a) expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta in-
tercâmbio verbal entre dois personagens.
b) descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à dengue; e narrativa, pois um dos persona-
gens conta um fato, um acontecimento.
c) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque
estabelece uma interação oral.
d) narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realizadas; e descritiva, pois um dos persona-
gens descreve a ação realizada.
e) persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a combater a dengue; e dialogal, pois há a
interação oral entre os personagens.

06 - (ENEM/2010)
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades
menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossis-
tema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua
reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem

a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.

80 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.


c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

07 - (ENEM/2010)
Câncer 21/06 a 21/07

O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo in-
dicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado virá
à tona para ser transformado, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas
ações, já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação en-
tre os irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida
amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de
modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade
com os assuntos da alma.
Revista Cláudia. N.º 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função social específica, seu
objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos socio-
culturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é

a) vender um produto anunciado.


b) informar sobre astronomia.
c) ensinar os cuidados com a saúde.
d) expor a opinião de leitores em um jornal.
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

08 - (ENEM/2010)
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM
JUROS.
Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos.
Revista Época. N.º 424, 03 de jul. 2006.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configurações


específicas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, seu
objetivo básico é

a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo.
b) definir regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado.
c) defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo.
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna.

09 - (ENEM/2010)
Transtorno do comer compulsivo

O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma síndrome ca-
racterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém, diferentemente da
bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios. Os
episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos
de culpa e de vergonha.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 81
Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a
comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado
em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos
de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou
para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.
Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de

a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.


b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.
c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.
d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.
e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.

10 - (ENEM/2010)
Texto I

Sob o olhar do Twitter

Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Público e privado começam a se confundir. A ideia


de privacidade vai mudar ou desaparecer.
O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensagem curta que tenta encapsular uma ideia com-
plexa. Não é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas de milhões de pessoas o praticam diariamente. No
mundo todo, são disparados 2,4 trilhões de SMS por mês, e neles cabem 140 toques, ou pouco mais.
Também é comum enviar e-mails, deixar recados no Orkut, falar com as pessoas pelo MSN, tagarelar no
celular, receber chamados em qualquer parte, a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados,
na verdade, de várias formas.
[...] O mais recente exemplo de demanda por total conexão e de uma nova sintaxe social é o Twitter, o
novo serviço de troca de mensagens pela internet. O Twitter pode ser entendido como uma mistura de
blog e celular.
As mensagens são de 140 toques, como os torpedos dos celulares, mas circulam pela internet, como os
textos de blogs. Em vez de seguir para apenas uma pessoa, como no celular ou no MSN, a mensagem do
Twitter vai para todos os “seguidores” – gente que acompanha o emissor. Podem ser 30, 300 ou 409 mil
seguidores.
MARTINS, I; LEAL, R. Época. 16 mar. 2009 (fragmento adaptado).

82 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Texto II

MARTINS, I; LEAL, R. Época. 16 mar. 2009.

Da comparação entre os textos, depreende-se que o texto II constitui um passo a passo para interferir no
comportamento dos usuários, dirigindo-se diretamente aos leitores, e o texto I

a) adverte os leitores de que a internet pode transformar-se em um problema porque expõe a vida dos
usuários e, por isso, precisa ser investigada.
b) ensina aos leitores os procedimentos necessários para que as pessoas conheçam, em profundidade,
os principais meios de comunicação da atualidade.
c) exemplifica e explica o novo serviço global de mensagens rápidas que desafia os hábitos de comuni-
cação e reinventa o conceito de privacidade.
d) procura esclarecer os leitores a respeito dos perigos que o uso do Twitter pode representar nas rela-
ções de trabalho e também no plano pessoal.
e) apresenta uma enquete sobre as redes sociais mais usadas na atualidade e mostra que o Twitter é
preferido entre a maioria dos internautas.

11 - (ENEM/2010)
O dia em que o peixe saiu de graça

Uma operação do Ibama para combater a pesca ilegal na divisa entre os Estados do Pará, Maranhão e To-
cantins incinerou 110 quilômetros de redes usadas por pescadores durante o período em que os peixes
se reproduzem. Embora tenha um impacto temporário na atividade econômica da região, a medida visa
preservá-la ao longo prazo, evitando o risco de extinção dos animais. Cerca de 15 toneladas de peixes
foram apreendidas e doadas para instituições de caridade.
Época. 23 mar. 2009 (adaptado).

A notícia, do ponto de vista de seus elementos constitutivos,

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 83
a) apresenta argumentos contrários à pesca ilegal.
b) tem um título que resume o conteúdo do texto.
c) informa sobre uma ação, a finalidade que a motivou e o resultado dessa ação.
d) dirige-se aos órgãos governamentais dos estados envolvidos na referida operação do Ibama.
e) introduz um fato com a finalidade de incentivar movimentos sociais em defesa do meio ambiente.

12 - (ENEM/2010)
A Herança Cultural da Inquisição

A Inquisição gerou uma série de comportamentos humanos defensivos na população da época, espe-
cialmente por ter perdurado na Espanha e em Portugal durante quase 300 anos, ou no mínimo quinze
gerações.
Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um século, a pergunta que fiz a vários sociólogos, his-
toriadores e psicólogos era se alguns desses comportamentos culturais não poderiam ter-se perpetuado
entre nós.
Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja, embora alterasse sem dúvida o comportamento da
época, nenhum comportamento permanece tanto tempo depois, sem reforço ou estímulo continuado.
Nao sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas tenho a impressão de que existem alguns compor-
tamentos estranhos na sociedade brasileira, e que fazem sentido se você os considerar resquícios da era
da Inquisição. […]
KANTZ, S. A. A Herança Cultural da Inquisição. In: Revista Veja.
Ano 38, n.º 5, 2 fev. 2005 (fragmento).

Considerando-se o posicionamento do autor do fragmento a respeito de comportamentos humanos, o


texto

a) enfatiza a herança da Inquisição em comportamentos culturais observados em Portugal e na Espa-


nha.
b) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores sobre a manutenção de comportamentos gerados
pela Inquisição.
c) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos a respeito de comportamentos culturais inqui-
sidores.
d) relativiza comportamentos originados na Inquisição e observados na sociedade brasileira.
e) questiona a existência de comportamentos culturais brasileiros marcados pela herança da Inquisição.

13 - (ENEM/2011)
O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores li-
vros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero
nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para
um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos.
Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargu-
ra. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.

O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a


inferir que seu objetivo é

a) esclarecer que a velhice é inevitável.


b) contar fatos sobre a arte de envelhecer.
c) defender a ideia de que a velhice é desagradável.
d) influenciar o leitor para que lute contra o envelhecimento.
e) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.

84 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

14 - (ENEM/2011)
Pequeno concerto que virou canção

Não, não há por que mentir ou esconder


A dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não, nem há por que seguir cantando só para explicar
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar
Ah, eu vou voltar pra mim
Seguir sozinho assim
Até me consumir ou consumir toda essa dor
Até sentir de novo o coração capaz de amor
VANDRÉ, G. Disponível em:
http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 29 jun. 2011.

Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida
na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análi-
se do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por
meio da qual o emissor

a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos.


b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção.
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento.
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção.
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada.

15 - (ENEM/2011)
É água que não acaba mais

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram
o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com volume estimado
em 86 000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do
Amazonas, Pará e Amapá. «Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a população mundial
durante 500 anos», diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase
o dobro do volume de água do Aquífero Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era
a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Época. Nº 623, 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de uma pesquisa
científica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, a função
referencial da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza

a) as suas opiniões, baseadas em fatos.


b) os aspectos objetivos e precisos.
c) os elementos de persuasão do leitor.
d) os elementos estéticos na construção do texto.
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.

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16 - (ENEM/2012)

Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011.

Considerando-se a finalidade comunicativa comum do gênero e o contexto específico do Sistema de Bi-


blioteca da UFG, esse cartaz tem função predominantemente

a) socializadora, contribuindo para a popularização da arte.


b) sedutora, considerando a leitura como uma obra de arte.
c) estética, propiciando uma apreciação despretensiosa da obra.
d) educativa, orientando o comportamento de usuários de um serviço.
e) contemplativa, evidenciando a importância de artistas internacionais.

17 - (ENEM/2012)
Desabafo

Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem
como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci
ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas
para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.

CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o pre-
domínio, entretanto, de uma sobre outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem
predominante é a emotiva ou expressiva, pois

a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.


b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

18 - (ENEM/2013)
Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.

86 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada


no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu
[queria

era escrever um poema sobre a rapariga do


café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se
pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela

a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo.


b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida.

19 - (ENEM/2014)
O exercício da crônica

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcio-
nista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis.
Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através
da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário ma-
tutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se
nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo,
surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela
concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto,
mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas.
São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui

a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.


b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 87
d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.

20 - (ENEM/2011)
O acesso à educação profissional e tecnológica pode mudar a vida de milhões de jovens em todo o país:
há uma nova lei do estágio. Com a nova lei, o governo federal define o estágio profissional como ato edu-
cativo e determina medidas para que esta atividade contribua para familiarizar o futuro profissional com
o mundo do trabalho. Entre as medidas estabelecidas, estão: a obrigatoriedade da supervisão por parte
do professor da instituição de origem do estudante com o auxílio de um profissional no local de trabalho,
a definição de jornada máxima de trabalho de quatro a seis horas.
Carta na Escola. Nº 32, dez. 2008/jan. 2009 (adaptado).

Ao listar as mudanças ocorridas na legislação referente ao estágio, o autor do texto tem como objetivo

a) familiarizar milhões de jovens estudantes com o seu futuro profissional.


b) mostrar que as políticas públicas favorecem os trabalhadores da educação.
c) incentivar a obrigatoriedade da supervisão por parte do professor.
d) familiarizar o leitor com as instituições que definem o ensino profissionalizante.
e) apresentar as novas normas que definem o estágio profissional para estudantes.

21 - (ENEM/2009)

Catálogo Submarino. Ano 7, n.° 37,


mai. 2009, p. 75 (adaptado).

Considerando a propaganda e a função da linguagem que, predominantemente, encontra-se nesse gê-


nero textual, observa-se que está presente a função

a) conativa, com base na qual o texto seduz o receptor da mensagem com o uso de algumas estratégias
linguísticas como “sua mãe” e “você compra”.
b) emotiva, com a qual o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal, como emoções e
opiniões, evidentes no uso da exclamação.
c) poética, com a qual são despertados no leitor o prazer estético e a surpresa, com o uso de imagens
que despertam a atenção e a apreciação estética do receptor.
d) fática, com a qual se busca verificar ou fortalecer a eficiência do canal de comunicação ou do contato,

88 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

evidente no uso dos preços das passagens aéreas para atrair e manter a atenção do receptor.
e) metalinguística, com a qual a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio
referente, como se observa no uso das fotografias para ilustrar as cidades mencionadas na propaganda.

22 - (ENEM/2009)
Tempo Perdido

Todos os dias quando acordo,


Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo:
Temos todo o tempo do mundo.

Todos os dias antes de dormir,


Lembro e esqueço como foi o dia:
(...)
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
(...)
Veja o sol dessa manhã tão cinza:
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos castanhos

Então me abraça forte


E diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo:

Temos nosso próprio tempo.


Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,

O que foi escondido é o que se escondeu,


E o que foi prometido, ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido;

Somos tão jovens


tão jovens
tão jovens

Renato Russo
Disponível em: <http://letras.terra.com.br/
legiao-urbana/22489>. Acesso em: 14 abr. 2009.

Entre os trechos a seguir, retirados da letra Tempo Perdido, o que melhor reflete a função conativa ou
apelativa da linguagem é

a) “Nem foi tempo perdido/ Somos tão jovens”.


b) “Todos os dias antes de dormir/ Lembro e esqueço como foi o dia”.
c) “Todos os dias quando acordo,/ Não tenho mais o tempo que passou”.
d) “Então me abraça forte/ E diz mais uma vez/ Que já estamos distantes de tudo”.
e) “O que foi escondido é o que se escondeu,/ E o que foi prometido, ninguém prometeu”.

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23 - (ENEM/2011)
Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança
conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático,
mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula. Em
compensação, num racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no
meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois
escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.
NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).

O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar co-
lorido a sua expressão, identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem caracterizada pela
intenção do autor em

a) manifestar o seu sentimento em relação ao objeto bola.


b) buscar influenciar o comportamento dos adeptos do futebol.
c) descrever objetivamente uma determinada realidade.
d) explicar o significado da bola e as regras para seu uso.
e) ativar e manter o contato dialógico com o leitor.

24 - (ENEM/2011)
Uma luz na evolução

Dois fósseis descobertos na África do Sul, dotados de inusitada combinação de características arcaicas e
modernas, podem ser ancestrais diretos do homem

Os últimos quinze dias foram excepcionais para o estudo das origens do homem. No fim de março,
uma falange fossilizada encontrada na Sibéria revelou uma espécie inteiramente nova de hominídeo que
existia há 50 000 anos. Na semana passada, cientistas da Universidade de Witwatersrand, na África do
Sul, anunciaram uma descoberta similar. São duas as ossadas bastante completas ― a de um menino de
12 anos e a de uma mulher de 30 ― encontradas na caverna Malapa, a 40 quilômetros de Johannesburgo.
Devido à abundância de fósseis, a região é conhecida como Berço da Humanidade.
Veja. Abr. 2010 (adaptado).

Sabe-se que as funções da linguagem são reconhecidas por meio de recursos utilizados segundo a pro-
dução do autor, que, nesse texto, centra seu objetivo

a) na linguagem utilizada, ao enfatizar a maneira como o texto foi escrito, sua estrutura e organização.
b) em si mesmo, ao enfocar suas emoções e sentimentos diante das descobertas feitas.
c) no leitor do texto, ao tentar convencê-lo a praticar uma ação, após sua leitura.
d) no canal de comunicação utilizado, ao querer certificar-se do entendimento do leitor.
e) no conteúdo da mensagem, ao transmitir uma informação ao leitor.

25 - (ENEM/2011)
Um asteroide de cerca de um mil metros de diâmetro, viajando a 288 mil quilômetros por hora, passou
a uma distância insignificante ― em termos cósmicos ― da Terra, pouco mais do dobro da distância que
nos separa da Lua. Segundo os cálculos matemáticos, o asteroide cruzou a órbita da Terra e somente não
colidiu porque ela não estava naquele ponto de interseção. Se ele tivesse sido capturado pelo campo gra-
vitacional do nosso planeta e colidido, o impacto equivaleria a 40 bilhões de toneladas de TNT ou o equi-
valente à explosão de 40 mil bombas de hidrogênio, conforme calcularam os computadores operados
pelos astrônomos do programa de Exploração do Sistema Solar da Nasa; se caísse no continente, abriria
uma cratera de cinco quilômetros, no mínimo, e destruiria tudo o que houvesse num raio de milhares

90 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

de outros; se desabasse no oceano, provocaria maremotos que devastariam imensas regiões costeiras.
Enfim, uma visão do Apocalipse.
Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br. Acesso em: 23 abr. 2010 (fragmento).

Com base na leitura do fragmento, percebe-se que o texto foi construído com o objetivo de

a) destacar o seu processo de construção, dando enfoque, principalmente, a recursos expressivos.


b) manter um canal de comunicação entre leitor e autor por meio de mensagens subjetivas.
c) transmitir informações, fazendo referência a acontecimentos observados no mundo exterior.
d) persuadir o leitor, levando-o a tomar medidas para evitar os problemas ambientais.
e) transmitir os receios e reflexões do autor no que se refere ao fim do mundo.

26 - (ENEM/2011)
Sacolas

Por que optar pelas duráveis, como faziam nossos avós?

O mundo produz sacolas plásticas desde a década de 1950. Como não se degradam facilmente na na-
tureza, grande parte delas ainda vão continuar por mais de 300 anos em algum lugar do planeta.
Calcula-se que até 1 trilhão de sacolas plásticas são produzidas anualmente em todo mundo. O Brasil
produz mais de 12 bilhões todos os anos, e 80% delas são utilizadas uma única vez.
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando en-
chentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos mortos por
sufocamento.
Várias redes de supermercados do Brasil e do mundo já estão sugerindo o uso de caixas de papelão e
colocando à venda sacolas de pano ou de plástico duráveis para transportar as mercadorias.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para
o meio ambiente.
Anúncio publicitário veiculado na revista Veja. N° 27, 8 jul. 2009.

Os argumentos utilizados no texto indicam que seu público-alvo é o consumidor e seu objetivo é estimu-
lar

a) o abandono do uso de sacolas de plástico.


b) a compra de sacolas de pano em supermercados.
c) o engajamento em campanhas de consumo consciente.
d) a divulgação dos perigos das sacolas plásticas para os animais marinhos.
e) a reutilização das sacolas de plástico.

27 - (ENEM/2012)

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BRASIL. Ministério do Turismo. Disponível em: www.turismo.gov.br. Acesso em: 27 fev. 2012.

Essa peça publicitária foi construída relacionando elementos verbais e não verbais. Considerando-se as
estratégias argumentativas utilizadas pelo seu autor, percebe-se que a linguagem verbal explora, predo-
minantemente, a função apelativa da linguagem, pois

a) imprime no texto a posição pessoal do autor em relação ao lugar descrito, objeto da propaganda.
b) utiliza o artifício das repetições para manter a atenção do leitor, potencial consumidor de seu produto.
c) mantém o foco do texto no leitor, pelo emprego repetido de “você”, marca de interlocução.
d) veicula informações sobre as características físicas do lugar, balneário com grande potencial turístico.
e) estabelece uma comparação entre a paisagem e uma pintura, artifício geralmente eficaz em propa-
gandas.

28 - (ENEM/2013)

Disponível em: www.quiosqueazul.blogspot.com. Acesso em: 25 out. 2011.

O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por turistas quando estão viajando, para enviar,
aos que ficaram, imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal apresentado é uma peça pu-
blicitária, e reconhece-se nela a intenção de

a) apresentar uma paisagem de um local específico, conteúdo recorrente em um cartão-postal.


b) incentivar as pessoas de uma cidade a enviar cartõespostais umas para as outras.
c) instituir um novo tipo de cartão-postal, o virtual, a ser comercializado em um site da internet.
d) fazer propaganda de um ponto turístico romântico específico, atraindo a visitação por casais.
e) comemorar a data da instituição do cartão-postal no Brasil, ainda na época do Império.

29 - (ENEM/2013)

Disponível em: www.flogao.com.br. Acesso: 28 fev. 2012.

92 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Os textos relativos ao mundo do trabalho, geralmente, são elaborados no padrão normativo da língua.
No anúncio, apesar de o enunciador ter usado uma variedade linguística não padrão, ele atinge seus
propósitos comunicativos porque

a) os fazendeiros podem contar com a comodidade de serem atendidos em suas fazendas.


b) a parede de uma casa é um suporte eficiente para a divulgação escrita de um anúncio.
c) a letra de forma torna a mensagem mais clara, de modo a facilitar a compreensão.
d) os mecânicos especializados em máquinas pesadas são raros na zona rural.
e) o contexto e a seleção lexical permitem que se alcance o sentido pretendido.

30 - (ENEM/2014)
Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta
Louca besta vaca solta
Ruiva luz que contra o dia
Tanto e tarde madrugada.
LEMINSKI, P. Distraídos venceremos.
São Paulo: Brasiliense, 2002 (fragmento).

No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros e jogos de imagens. Esses jogos caracterizam
a função poética da linguagem, pois

a) objetivam convencer o leitor a praticar uma determinada ação.


b) transmitem informações, visando levar o leitor a adotar um determinado comportamento.
c) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.
d) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem, explicando o sentido das palavras.
e) representam um uso artístico da linguagem, com o objetivo de provocar prazer estético no leitor.

31 - (ENEM/2014)
Mães

Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento raro — em seu
texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a procuram mais,
porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo materno, ou resolvem estar ao lado
dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que re-
ceberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.

Os gêneros textuais desempenham uma função social específica, em determinadas situações de uso da
língua, em que os envolvidos na interação verbal têm um objetivo comunicativo. Considerando as carac-
terísticas do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função é

a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, especialmente na velhice.
b) influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir segundo um modelo sugerido.
c) informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e necessidades.
d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou de revista.
e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores de jornal.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 93
32 - (ENEM/2015)
14 coisas que você não deve jogar na privada

Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa
mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos:

• Cotonete e fio dental;


• medicamento e preservativo;
• óleo de cozinha;
• ponta de cigarro;
• poeira de varrição de casa;
• fio de cabelo e pelo de animais;
• tinta que não seja à base de água;
• querosene, gasolina, solvente, tíner.

Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem
ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada.
MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável,
jul.-ago. 2013 (adaptado).

O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função
conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca

a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que
beneficiarão a sustentabilidade do planeta.
b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como
fazer o correto descarte de alguns dejetos.
c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do au-
tor do texto em relação ao planeta.
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações
de sustentabilidade está sendo compreendida.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a propor-
cionar melhor compreensão do texto.

33 - (ENEM/2015)
Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente

Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de lixo. Só
nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embala-
gens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias persiste e tem aumentado nos últimos anos.
O problema é que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o
escoamento da água, contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar
acidentes. Além dos perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser
devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor
destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo,
baldes, cabides e até acessórios para os carros.
Disponível em: www.girodasestradas.com.br.
Acesso em: 31 jul. 2012.

Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto, determinados pelo contex-
to em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade. Pela leitura do texto
apresentado, reconhece-se que sua função é

94 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.


b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis.
c) divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras.
d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos.
e) conscientizar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias.

34 - (ENEM/2015)
Manter as contas sob controle e as finanças saudáveis parece um objetivo inatingível para você? Tenha
certeza de que você não está sozinho. A bagunça na vida financeira compromete os sonhos de muita gen-
te no Brasil. É por isso que nós lançamos, pelo terceiro ano consecutivo, este especial com informações
que ajudam a encarar a situação de forma prática. Sem malabarismos – mas com boa dose de disciplina!
– é possível quitar as dívidas, organizar os gastos, fazer planos de consumo que caibam em seus rendi-
mentos mensais e estruturar os investimentos para fazer o dinheiro que sobra render mais.
Ter dinheiro para viver melhor está diretamente relacionado a sua capacidade de se organizar e de eleger
prioridades na hora de gastar. Aceite o desafio e boa leitura!
Você S/A, n. 16, 2011 (adaptado).

No trecho apresentado, são utilizados vários argumentos que demonstram que o objetivo principal do
produtor do texto, em relação ao público-alvo da revista, é

a) conscientizar o leitor de que ele é capaz de economizar.


b) levar o leitor a envolver-se com questões de ordem econômica.
c) ajudar o leitor a quitar suas dívidas e organizar sua vida financeira.
d) persuadir o leitor de que ele não é o único com problemas financeiros.
e) convencer o leitor da importância de ler essa edição especial da revista.

35 - (ENEM/2014)
O telefone tocou.

— Alô? Quem fala?


— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1958 (fragmento).

Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função

a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

36 - (ENEM/2003)
O texto abaixo é um trecho do discurso do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pronunciado quando
da declaração de guerra ao regime Talibã:

Essa atrocidade [o atentado de 11 de setembro, em Nova York] foi um ataque contra todos nós, contra
pessoas de todas e nenhuma religião. Sabemos que a Al-Qaeda ameaça a Europa, incluindo a Grã-Bre-

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 95
tanha, e qualquer nação que não compartilhe de seu fanatismo. Foi um ataque à vida e aos meios de
vida. As empresas aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetadas e a confiança econômica sofreu,
afetando empregos e negócios britânicos. Nossa prosperidade e padrão de vida requerem uma resposta
aos ataques terroristas.
(O Estado de S. Paulo, 8/10/2001)

Nesta declaração, destacaram-se principalmente os interesses de ordem

a) moral.
b) militar.
c) jurídica.
d) religiosa.
e) econômica.

37 - (ENEM/2016)
Centro das atenções em um planeta cada vez mais interconectado, a Floresta Amazônica expõe inú-
meros dilemas. Um dos mais candentes diz respeito à madeira e sua exploração econômica, uma saga
que envolve os muitos desafios para a conservação dos recursos naturais às gerações futuras.
Com o olhar jornalístico, crítico e ao mesmo tempo didático, adentramos a Amazônia em busca de histórias e suti-
lezas que os dados nem sempre revelam. Lapidamos estatísticas e estudos científicos para construir uma síntese útil a
quem direciona esforços para conservar a floresta, seja no setor público, seja no setor privado, seja na sociedade civil.
Guiada como uma reportagem, rica em informações ilustradas, a obra Madeira de ponta a ponta reve-
la a diversidade de fraudes na cadeia de produção, transporte e comercialização da madeira, bem como
as iniciativas de boas práticas que se disseminam e trazem esperança rumo a um modelo de convivência
entre desenvolvimento e manutenção da floresta.
VlLLELA. M.; SPINK, P. In: ADEODATO, S. et al, Madeira de ponta a ponta: o caminho
desde a floresta até o consumo. São Paulo: FGV RAE, 2011 (adaptado).

A fim de alcançar seus objetivos comunicativos, os autores escreveram esse texto para

a) apresentar informações e comentários sobre o livro.


b) noticiar as descobertas científicas oriundas da pesquisa.
c) defender as práticas sustentáveis de manejo da madeira.
d) ensinar formas de combate à exploração ilegal de madeira.
e) demonstrar a importância de parcerias para a realização da pesquisa.

38 - (ENEM/2016)
O livro A fórmula secreta conta a história de um episódio fundamental para o nascimento da matemá-
tica moderna e retrata uma das disputas mais virulentas da ciência renascentista. Fórmulas misteriosas,
duelos públicos, traições, genialidade, ambição – e matemática! Esse é o instigante universo apresenta-
do no livro, que resgata a história dos italianos Tartaglia e Cardano e da fórmula revolucionária para re-
solução de equações de terceiro grau. A obra reconstitui um episódio polêmico que marca, para muitos,
o início do período moderno da matemática.
Em última análise, A fórmula secreta apresenta-se como uma ótima opção para conhecer um pouco
mais sobre a história da matemática e acompanhar um dos debates científicos mais inflamados do sécu-
lo XVI no campo. Mais do que isso, é uma obra de fácil leitura e uma boa mostra de que é possível abordar
temas como álgebra de forma interessante, inteligente e acessível ao grande público.
GARCIA, M. Duelos, segredos e matemática. Disponível em: http://
cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 6 out. 2015 (adaptado).

Na construção textual, o autor realiza escolhas para cumprir determinados objetivos. Nesse sentido, a
função social desse texto é

96 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa.


b) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal.
c) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica.
d) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra.
e) classificar a obra como uma referência para estudiosos da matemática.

39 - (ENEM/2016)
Qual é a segurança do sangue?

Para que o sangue esteja disponível para aqueles que necessitam, os indivíduos saudáveis devem criar o
hábito de doar sangue e encorajar amigos e familiares saudáveis a praticarem o mesmo ato.
A prática de selecionar criteriosamente os doadores, bem como as rígidas normas aplicadas para testar,
transportar, estocar e transfundir o sangue doado fizeram dele um produto muito mais seguro do que já
foi anteriormente.
Apenas pessoas saudáveis e que não sejam de risco para adquirir doenças infecciosas transmissíveis pelo
sangue, como hepatites B e C, HIV, sífilis e Chagas, podem doar sangue.
Se você acha que sua saúde ou comportamento pode colocar em risco a vida de quem for receber seu
sangue, ou tem a real intenção de apenas realizar o teste para o vírus HIV, NÃO DOE SANGUE.
Cumpre destacar que apesar de o sangue doado ser testado para as doenças transmissíveis conhecidas
no momento, existe um período chamado de janela imunológica em que um doador contaminado por
um determinado vírus pode transmitir a doença através do seu sangue.
DA SUA HONESTIDADE DEPENDE A VIDA DE QUEM VAI RECEBER SEU SANGUE.
Disponível em: www.prosangue.sp.gov.br.
Acesso em: 24 abr. 2015 (adaptado).

Nessa campanha, as informações apresentadas têm como objetivo principal

a) conscientizar o doador de sua corresponsabilidade pela qualidade do sangue.


b) garantir a segurança de pessoas de grupos de risco durante a doação de sangue.
c) esclarecer o público sobre a segurança do processo de captação do sangue.
d) alertar os doadores sobre as dificuldades enfrentadas na coleta de sangue.
e) ampliar o número de doadores para manter o banco de sangue.

40 - (ENEM/2016)
Grupo transforma pele humana em neurônios

Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar células extraídas da pele de uma mulher de 82
anos sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e conseguiu transformá-las em células capazes de
se transformarem virtualmente em qualquer tipo de órgão do corpo. Em outras palavras, ganharam os
poderes das células-tronco pluripotentes, normalmente obtidas a partir da destruição de embriões.
O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista Science, existe desde o ano passado, quando um
grupo liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as chamadas iPS (células-tronco de pluripotência
induzida). O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez que é possível aplicá-lo a células de pessoas
doentes, portadoras de esclerose lateral amiotrófica (ELA), mal que destrói o sistema nervoso progressi-
vamente.
“Pela primeira vez, seremos capazes de observar células com ELA ao microscópio e ver como elas mor-
rem”, disse Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que financiou parte da pesquisa. Ob-
servar em detalhes a degeneração pode sugerir novos métodos para tratar a ELA.
KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo.
1 ago. 2008 (adaptado).
A análise dos elementos constitutivos do texto e a identificação de seu gênero permitem ao leitor inferir
que o objetivo do autor é

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 97
a) apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.
b) expor a sua opinião como um especialista no tema.
c) descrever os procedimentos de uma experiência científica.
d) defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores dos EUA.
e) informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos EUA.

41 - (ENEM/2016)

Disponível em: www.superplacas.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.

A presença desse aviso em um hotel, além de informar sobre um fato e evitar possíveis atos indesejados
no local, tem como objetivo implícito

a) isentar o hotel de responsabilidade por danos causados aos hóspedes.


b) impedir a destruição das câmeras como meio de apagar evidências.
c) assegurar que o hotel resguardará a privacidade dos hóspedes.
d) desestimular os hóspedes que requisitem as imagens do hotel.
e) desestimular os hóspedes que requisitem as imagens gravadas.

42 - (ENEM/2016)
As plataformas digitais têm ganhado mais espaço entre os internautas como ferramenta para exercer
a cidadania. Através delas, é possível mapear problemas da cidade e propor soluções, utilizando-se das
redes sociais para aproximar os moradores e articular projetos. O espaço colaborativo PortoAlegre.cc,
um dos mais ativos no país, tem 150 participantes e ajudou a estudante de jornalismo Renata Gomes, 25,
a chamar 80 pessoas para retirar 1 tonelada de lixo da orla do rio Guaíba. “Foi a partir da sugestão de um
integrante da plataforma que criei a causa. Foi fundamental porque sempre senti vontade de fazer algo
pela cidade, mas não sabia como”, diz Renata. O projeto colaborativo baseia-se no conceito de wikicida-
de (inspirado na enciclopédia virtual Wikipédia), em que um território real recebe anotações virtuais das
pessoas por meio de wikispots, que se referem a uma praça, uma rua ou um bairro. “A ideia de wikicidade
é fomentar a cocriação, elaboração e experimentação de sugestões que possam ser aplicadas em uma
cidade”, explica Daniel Bittencourt, um dos desenvolvedores do projeto PortoAlegre.cc.
DIDONÊ, D. Cidadania 2.0.
Vida Simples, n. 119, jun. 2012.

O texto, ao falar da utilização das redes sociais e informar sobre a quantidade de projetos colaborativos
espalhados pelo país, expõe a importância das plataformas digitais no exercício da cidadania. O espaço
colaborativo PortoAlegre.cc tem como principal objetivo

a) contratar pessoas para realizarem a limpeza de ruas e de margens dos rios.


b) sugerir a criação de grupos virtuais de apoio à cidade e sua divulgação na Wikipédia.
c) reunir pessoas dispostas a utilizar sugestões virtuais para a manutenção e a preservação da cidade.
d) divulgar as redes sociais para que mais pessoas possam interagir e resolver os problemas da cidade.
e) aproximar as pessoas de cidades distantes para mapear problemas e criar projetos em comum.

98 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

43 - (ENEM/2016)
Adoçante

Quatro gotas do produto contêm 0,04 kcal e equivalem ao poder adoçante de 1 colher (de chá) de açúcar.
Ingredientes — água, sorbitol, edulcorantes (sucralose e acesulfame de potássio); conservadores: ben-
zoato de sódio e ácido benzoico, acidulante ácido cítrico e regulador de acidez citrato de sódio.
Não contém glúten.
Informação nutricional — porção de 0,12 mL (4 gotas).
Não contém quantidade significativa de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras trans, fibra
alimentar e sódio.
Consumir preferencialmente sob orientação de nutricionista ou médico.
Cosmed Indústria de Cosméticos e Medicamentos S/A. Barueri, SP.

Esse texto, rótulo de um adoçante, tem como objetivo transmitir ao leitor informações sobre a

a) composição nutricional do produto.


b) necessidade de consultar um especialista antes do uso.
c) medida exata de cada ingrediente que compõe a fórmula.
d) quantidade do produto que deve ser consumida diariamente.
e) correspondência calórica existente entre o adoçante e o açúcar.

44 - (ENEM/2016)

ANDRADE, R. Disponível em: www.jormalcidade .com.br. Acessado em 7 out. 2015 (adaptado).

A charge aborda uma situação do cotidiano de algumas famílias. Nesse sentido, ela tem o objetivo comu-
nicativo de

a) denunciar os prejuízos da falta de diálogo entre pais e filhos.


b) mostrar as diferenças entre as preferências de entretenimento entre pais e filhos.
c) evidenciar os excessos de utilização das redes sociais em momentos de convivência familiar.
d) demonstrar que as mudanças culturais ocorridas na sociedade impõe novos comportamentos às famílias.
e) enfatizar que a socialização de informações sobre os filhos é uma forma de demonstrar orgulho de
familiares.

45 - (ENEM/2016)
Pedra sobre pedra

Algumas fazendas gaúchas ainda preservam as taipas, muros de pedra para cercar o gado. Um tipo de
cerca primitiva. Não há nada que prenda uma pedra na outra, cuidadosamente empilhadas com altura
de até um metro. Engenharia simples que já dura 300 anos. A mesma técnica usada no mangueirão, uma

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 99
espécie de curral onde os animais ficavam confinados à noite. As taipas são atribuídas aos jesuítas. O
objetivo era domar o gado xucro solto nos campos pelos colonizadores espanhóis.
FERRI, M. Revista Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.

Um texto pode combinar diferentes funções de linguagem. Exemplo disso é Pedra sobre pedra, que se
vale da função referencial e da metalinguística. A metalinguagem é estabelecida

a) por tempos verbais articulados no presente e no pretérito.


b) pelas frases simples e referência ao ditado “não ficará pedra sobre pedra”.
c) pela linguagem impessoal e objetiva, marcada pela terceira pessoa.
d) pela definição de termos como “taipa” e “mangueirão.
e) por adjetivos como “primitivas” e “simples”, indicando o ponto de vista do autor.

TEXTO: 1 - Comum à questão: 46

Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,


O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses


E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

46 - (ENEM/2009)
Predomina no texto a função da linguagem

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.


b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.
d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 47

100 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

BRASIL. Ministério da Saúde, 2009 (adaptado).

47 - (ENEM/2009)
O texto tem o objetivo de solucionar um problema social,

a) descrevendo a situação do país em relação à gripe suína.


b) alertando a população para o risco de morte pela Influenza A.
c) informando a população sobre a iminência de uma pandemia de Influenza A.
d) orientando a população sobre os sintomas da gripe suína e procedimentos para evitar a contaminação.
e) convocando toda a população para se submeter a exames de detecção da gripe suína.

TEXTO: 3 - Comum à questão: 48

BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa,ano 3, n. 35, maio/jun. 2009.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 101
48 - (ENEM/2009)
Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado

a) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a dengue.


b) conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito da dengue.
c) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à dengue.
d) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate ao mosquito da dengue.
e) apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais no combate ao
mosquito da dengue.

TEXTO: 4 - Comum à questão: 49

Tampe a panela

Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um ci-
dadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o
macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água
ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11
mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11
mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade
de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o poten-
cial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma
população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água,
considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados.
Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007.
49 - (ENEM/2010)
O contato com textos exercita a capacidade de reconhecer os fins para os quais este ou aquele texto é
produzido. Esse texto tem por finalidade

a) apresentar um conteúdo de natureza científica.


b) divulgar informações da vida pessoal do pesquisador.
c) anunciar um determinado tipo de botijão de gás.
d) solicitar soluções para os problemas apresentados.
e) instruir o leitor sobre como utilizar corretamente o botijão.

TEXTO: 5 - Comum à questão: 50

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo
o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar
a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”,
por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente
porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregu-
lamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Abso-
lutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para 30) com a missão
de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso,

102 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo
de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao
Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.
Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, nº 27, 8 jul. 2009.

50 - (ENEM/2011)
Considerando a autoria e a seleção lexical desse texto, bem como os argumentos nele mobilizados, cons-
tata-se que o objetivo do autor do texto é

a) informar os consumidores em geral sobre a atuação do Conar.


b) conscientizar publicitários do compromisso ético ao elaborar suas peças publicitárias.
c) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia.
d) chamar a atenção de empresários e anunciantes em geral para suas responsabilidades ao contrata-
rem publicitários sem ética.
e) chamar a atenção de empresas para os efeitos nocivos que elas podem causar à sociedade, se com-
pactuarem com propagandas enganosas.

GABARITO DA SEÇÃO

1 A 11 C 21 A 31 D 41 C
2 B 12 B 22 D 32 B 42 D
3 A 13 E 23 A 33 E 43 A
4 C 14 A 24 E 34 E 44 C
5 E 15 B 25 C 35 B 45 D
6 E 16 B 26 A 36 E 46 E
7 E 17 B 27 C 37 A 47 D
8 A 18 D 28 E 38 C 48 C
9 D 19 E 29 E 39 A 49 A
10 C 20 E 30 E 40 E 50 A

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

01 - (ENEM/1999)
Diante da visão de um prédio com uma placa indicando SAPATARIA PAPALIA, um jovem deparou com a
dúvida: como pronunciar a palavra PAPALIA?
Levado o problema à sala de aula, a discussão girou em torno da utilidade de conhecer as regras de
acentuação e, especialmente, do auxílio que elas podem dar à correta pronúncia de palavras.

Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escrita, três alunos apresentaram as seguintes con-
clusões a respeito da palavra PAPALIA:

I. Se a sílaba tônica for o segundo PA, a escrita deveria ser PAPÁLIA, pois a palavra seria paroxítona
terminada em ditongo crescente.
II. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALÍA, pois “i” e “a” estariam formando hiato.
III. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALIA, pois não haveria razão para o uso de acento
gráfico.

A conclusão está correta apenas em:

a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III

02 - (ENEM/2009)
José Dias precisa sair de sua casa e chegar até o trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de ôni-
bus e pega três linhas: 1) de sua casa até o terminal de integração entre a zona norte e a zona central; 2)
deste terminal até outro entre as zonas central e sul; 3) deste último terminal até onde trabalha. Sa-
be-se que há uma correspondência numérica, nominal e cromática das linhas que José toma, conforme
o Quadro 2.

José Dias deverá, então, tomar a seguinte sequência de linhas de ônibus, para ir de casa ao trabalho:

104 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) L. 102 – Circular zona central – L. Vermelha.


b) L. Azul – L. 101 – Circular zona norte.
c) Circular zona norte – L. Vermelha – L. 100.
d) L. 100 – Circular zona central – L. Azul.
e) L. Amarela – L. 102 – Circular zona sul.

03 - (ENEM/2009)
Figura 1

Figura 2

Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/wpcontent/uploads/2008/02/cadeira-real.jpg>.


Acesso em: 30 abr. 2009.

Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas diferentes, ou seja, a figura 1 correspon-
de a um projeto elaborado por Fernando e Humberto Campana e a figura 2, a um mobiliário do reinado
de D. João VI, pode-se afirmar que

a) os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário de Fernando e Humberto Campa-


na, assim como os materiais e as ferramentas utilizados na confecção do mobiliário do reinado de D.
João VI, determinaram a estética das cadeiras.
b) as formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto Campana são complexas, enquan-
to que as formas do mobiliário do reinado de D. João VI são simples, geométricas e elásticas.
c) o artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empregado por Fernando e Humberto
Campana, enquanto que o mobiliário do reinado de D. João VI foi industrial.
d) ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando consoante as ne-
cessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade.
e) o mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário daquele do reinado de D. João VI, con-
sidera primordialmente o conforto que a cadeira pode proporcionar, ou seja, a função em detrimento
da forma.

04 - (ENEM/1998)
Texto 1

“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,


Quando a teus pés um homem terno e curvo

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 105
jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias, não, mulher: ele te engana!
As lágrimas são gotas da mentira
E o juramento manto da perfídia.”
Joaquim Manoel de Macedo

Texto 2

“Teresa, se algum sujeito bancar o


sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredite não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA”
Manuel Bandeira

Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima sugerem que:

a) há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.


b) há um tratamento realista da relação homem/mulher.
c) a relação familiar é idealizada.
d) a mulher é superior ao homem.
e) a mulher é igual ao homem.

05 - (ENEM/1998)
Matéria publicada em jornal diário discute o uso de anabolizantes (apelidados de “bombas”) por prati-
cantes de musculação. Segundo o jornal, “os anabolizantes são hormônios que dão uma força extra aos
músculos. Quem toma consegue ganhar massa muscular mais rápido que normalmente. Isso porque
uma pessoa pode crescer até certo ponto, segundo sua herança genética e independentemente do
quanto ela se exercite”. Um professor de musculação, diz: “Comecei a tomar bomba por conta própria.
Ficava nervoso e tremia. Fiquei impotente durante uns seis meses. Mas como sou lutador de vale tudo,
tenho que tomar”.

A respeito desta matéria, dois amigos fizeram os seguintes comentários:

I. o maior perigo da auto-medicação é seu fator anabolizante, que leva à impotência sexual.
II. o crescimento corporal depende tanto dos fatores hereditários quanto do tipo de alimentação da
pessoa, se pratica ou não esportes, se dorme as 8 horas diárias.
III. os anabolizantes devem ter mexido com o sistema circulatório do professor de musculação, pois ele
até ficou impotente.
IV. os anabolizantes são mais perigosos para os homens, pois as mulheres, além de não correrem o
risco da impotência, são protegidas pelos hormônios femininos.

Tomando como referência as informações da matéria do jornal e o que se conhece da fisiologia huma-
na, pode-se considerar que estão corretos os comentários:

106 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) I, II, III e IV.


b) I, II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III, apenas.

06 - (ENEM/1998)
Os efeitos abomináveis das armas nucleares já foram sentidos pelos japoneses há mais de 50 anos
(1945). Vários países têm, isoladamente, capacidade nuclear para comprometer a vida na Terra. Montar
o seu sistema de defesa é um direito de todas as nações, mas um ato irresponsável ou um descuido
pode desestruturar, pelo medo ou uso, a vida civilizada em vastas regiões. A não-proliferação de armas
nucleares é importante.

No 1º domingo de junho de 98, Índia e Paquistão rejeitaram a condenação da ONU, decorrente


da explosão de bombas atômicas pelos dois países, a título de teste nuclear e comemoradas com
festa, especialmente no Paquistão. O governo paquistanês (país que possui maioria da população
muçulmana) considerou que a condenação não levou em conta o motivo da disputa: o território de
CAXEMIRA, pelo qual já travaram 3 guerras desde sua independência (em 1947, do Império Britânico,
que tinha o Subcontinente Indiano como colônia). Dois terços da região, de maioria muçulmana,
pertencem à Índia e 1/3 ao Paquistão.

Sobre o tempo e os argumentos podemos dizer que:

a) a bomba atômica não existia no mundo antes de o Paquistão existir como país.
b) a força não tem sido usada para tentar resolver os problemas entre Paquistão e Índia.
c) Caxemira tornou-se um país independente em 1947.
d) os governos da Índia e Paquistão encontram-se numa perigosa escalada de solução de problemas pela força.
e) diferentemente do século anterior, no início do século XX, o Império Britânico não tinha mais ex-
pressão mundial.

07 - (ENEM/2009)
Observe a tirinha da personagem Mafalda, de Quino.

QUINO, J. L. Mafalda. Tradução de Monica S. M. da Silva. São Paulo: Matins Fontes, 1988.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 107
O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda

a) revelou desinteresse na leitura do dicionário.


b) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa.
c) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar á leitura de um livro tão grande.
d) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava.
e) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha.

08 - (ENEM/2009)
A maioria das declarações do imposto de renda é realizada pela Internet, o que garante maior eficiência
e rapidez no processamento das informações.

Os serviços oferecidos pelo governo via Internet visam

a) gerar mais despesas aos cofres públicos.


b) criar mais burocracia no relacionamento com o cidadão.
c) facilitar e agilizar os serviços disponíveis.
d) vigiar e controlar os atos dos cidadãos.
e) definir uma política que privilegia a alta sociedade.

09 - (ENEM/2009)
Iscute o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefa pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dêxe deserdado
Daquilo que Deus me deu.
PATATIVA DO ASSARÈ. A terra é natural. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como falante de
uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante

a) escolarizado proveniente de uma metrópole.


b) sertanejo morador de uma área rural.
c) idoso que habita uma comunidade urbana.
d) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país.
e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.

108 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

10 - (ENEM/2009)

Estão tirando o verde da nossa terra


Disponível em: http:// www.heliorubiales.zip.net

A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como principal
objetivo

a) mostrar á população que a Mata Atlântica é mais importante para o país do que a ordem e o pro-
gresso.
b) criticar a estética da bandeira nacional, que não reflete com exatidão a essência do país que repre-
senta.
c) informar á população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá.
d) alertar a população para o desmatamento da Mata Atlântica e fazer um apelo para que as derruba-
das acabem.
e) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas em defesa da Amazônia.

11 - (ENEM/2009)
Cada um dos três séculos anteriores foi dominado por uma única tecnologia. O século XVIII foi a época
dos grandes sistemas mecânicos que acompanharam a Revolução Industrial. O século XIX foi a era das
máquinas a vapor. As principais conquistas do século XX se deram no campo da aquisição, do processa-
mento e da distribuição de informações. Entre outros desenvolvimentos, vimos a instalação das redes
telefônicas em escala mundial, a invenção do rádio e da televisão, o nascimento e crescimento sem
precedentes da indústria de informática e o lançamento de satélites de comunicação.
TANEMBAUM, Andrew S. Redes de computadores. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

A fusão dos computadores e das comunicações teve profunda influência na organização da sociedade,
conforme se verifica pela afirmação:

a) A abrangência da Internet não impactou a sociedade como a revolução industrial.


b) O telefone celular mudou o comportamento social, mas não impactou na disponibilidade de infor-
mações.
c) A invenção do rádio foi possível com o lançamento de satélites que proporcionam a transposição de
fronteiras.
d) a televisão não atingiu toda a sociedade devido ao alto custo de implantação e disseminação.
e) As redes de computadores, nos quais os trabalhos são realizados por grande número de computa-
dores separados, mas interconectados, promoveram a aproximação das pessoas.

12 - (ENEM/2009)
Em uma escola, com o intuito de valorizar a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, os es-
tudantes foram distribuídos em grupos para realizar uma tarefa referente às características atuais das
diferentes regiões brasileiras, a partir do seguinte quadro:

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 109
Região Norte Nordeste Centro - Oeste Sul Sudeste
prato com
carne
alimentação peixe milho e churrasco
de sol
mandioca
música
música ciranda baião vaneirão
sertaneja
zona franca praias do Serra de
ponto turístico Pantanal
de Manaus litoral Gramado
tipo
seringueiro baiana vaqueiro prenda
característico

Considerando a sequência de características apresentadas, os elementos adequados para compor o


quadro da Região Sudeste são:

a) mate amargo, embolada, elevador Lacerda, peão de estância.


b) acarajé, axé, Cristo Redentor, piá.
c) vatapá, Carnaval, bumba meu boi, industrial.
d) café, samba, Cristo Redentor, operário fabril.
e) sertanejo, pipoca, folia de Reis, Brasília.

13 - (ENEM/2009)
TEXTO A

OITICICA. H. Metaesquema I, 1958. Guache s/ cartão. 52 cm × 64 cm.


Museu de Arte Contemporânea — MAC/USP.
Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 01 maio 2009.

TEXTO B

Metaesquema I

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sentido de permitir que o apreciador partic-
ipe da obra de forma mais efetiva. Nesta obra, como o próprio nome define: meta — dimensão virtual
de movimento, tempo e espaço; esquema — estruturas, os Metaesquemas são estruturas que parecem
movimentar-se no espaço. Esse trabalho mostra o deslocamento de figuras geométricas simples dentro
de um campo limitado:
a superfície do papel. A isso podemos somar a observação da precisão na divisão e no espaçamento
entre as figuras, mostrando que, além de transgressor e muito radical, Oiticica também era um artista
extremamente rigoroso com a técnica.
Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 02 maio 2009 (adaptado).

Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sentido de permitir que o apreciador partic-
ipe da obra de forma mais afetiva. Levando-se em consideração o texto e a obra Mataesquema I, repro-
duzidos acima, verifica-se que

110 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

a) a obra confirma a visão do texto quanto à ideia de estruturas que parecem se movimentar, no cam-
po limitado do papel, procurando envolver de maneira mais efetiva o olhar do observador.
b) a falta de exatidão no espaçamento entre as figuras (retângulos) mostra a falta de rigor da técnica
empregada, dando á obra um estilo apenas decorativo,
c) Metaesquema I é uma obra criada pelo artista para alegrar o dia a dia, ou seja, de caráter utilitário.
d) a obra representa a realidade visível, espelha o mundo de forma concreta.
e) a visão da representação das figuras geométricas é rígida, propondo uma arte figurativa.

14 - (ENEM/2009)

Disponível em: http://www.uol.com.br.


Acesso em: 15 fev. 2009.

Observa a charge, que satiriza o comportamento dos participantes de uma entrevista coletiva por causa
do que fazem, do que falam e do ambiente em que se encontram.
Considerando-se os elementos da charge, conclui-se que ela

a) defende, em teoria, o desmatamento.


b) valoriza a transparência pública.
c) destaca a atuação dos ambientalistas.
d) ironiza o comportamento da imprensa.
e) critica a ineficácia das políticas.

15 - (ENEM/2009)
O convívio com outras pessoas e os padrões sociais estabelecidos moldam a imagem corporal na mente
das pessoas. A imagem corporal idealizada pelos pais, pela mídia, pelos grupos sociais e pelas próprias
pessoas desencadeia comportamentos estereotipados que podem comprometer a saúde. A busca pela
imagem corporal perfeita tem levado muitas pessoas a procurar alternativas ilegais e até mesmo noci-
vas à saúde.
Revista Corpoconsciência. FEFISA, v. 10, nº- 2, Santo André, jul./dez. 2006 (adaptado).

A imagem corporal tem recebido grande destaque e valorização na sociedade atual. Como consequência,

a) a ênfase na magreza tem levado muitas mulheres a depreciar sua autoimagem, apresentando insat-

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 111
isfação crescente com o corpo.
b) as pessoas adquirem a liberdade para desenvolver seus corpos de acordo com critérios estéticos
que elas mesmas criam e que recebem pouca influência do meio em que vivem.
c) a modelagem corporal é um processo em que o indivíduo observa o comportamento de outros,
sem, contudo, imitá-los.
d) o culto ao corpo produz uma busca incansável, trilhada por meio de árdua rotina de exercícios, com
pouco interesse no aperfeiçoamento estético.
e) o corpo tornou-se um objeto de consumo importante para as pessoas criarem padrões de beleza
que valorizam a raça à qual pertencem.

16 - (ENEM/2009)
Cada vez mais, as pessoas trabalham e administram serviços de suas casas, como mostra a pesquisa re-
alizada em 1993 pela Fundação Europeia para a Melhoria da Qualidade de Vida e Ambiente de Trabalho.
Por conseguinte, a ‘centralidade da casa’ é uma tendência importante da nova sociedade. Porém, não
significa o fim da cidade, pois locais de trabalho, escolas, complexos médicos, postos de atendimento
ao consumidor, áreas recreativas, ruas comerciais, shopping centers, estádios de esportes e parques
ainda existem e continuarão existindo. E as pessoas deslocar-se-ão entre todos esses lugares com
mobilidade crescente, exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de trabalho
e integração social em redes: como o tempo fica mais flexível, os lugares tornam-se mais singulares à
medida que as pessoas circulam entre elas em um padrão cada vez mais móvel.
CASTELLS, M. A Sociedade em rede. V. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

As tecnologias de informação e comunicação têm a capacidade de modificar, inclusive, a forma das


pessoas trabalharem. De acordo com o proposto pelo autor

a) a ‘centralidade da casa’ tende a concentrar as pessoas em suas casas e, consequentemente, reduzir


a circulação das pessoas nas áreas comuns da cidade, como ruas comerciais e shopping centers.
b) as pessoas irão se deslocar por diversos lugares, com mobilidade crescente, propiciada pela flexibil-
idade recém-conquistada pelos sistemas de trabalho e pela integração social em redes.
c) cada vez mais as pessoas trabalham e administram serviços de suas casas, tendência que deve
diminuir com o passar dos anos.
d) o deslocamento das pessoas entre diversos lugares é um dos fatores causadores do estresse nos
grandes centros urbanos.
e) o fim da cidade será uma das consequências inevitáveis da mobilidade crescente.

17 - (ENEM/2009)
Som de preto

O nosso som não tem idade, não tem raça


E não tem cor.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais,
porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.
Essa história de ‘porrada’, isto é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’:
se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança.
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado
Música de Mc’s Amilcka e Chocolate. In: Dj Marlboro. Bem funk. Rio de Janeiro, 2001 (adaptado).

112 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter local, asso-
ciado às favelas e à criminalidade da cidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de símbolo da
marginalização das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso que explicita essa
marginalização é:

a) “O nosso som não tem idade, não tem raça”.


b) “Mas a sociedade pra gente não dá valor”.
c) “Se existia o lado ruim, hoje não existe mais”.
d) “Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’”.
e) “se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança”.

18 - (ENEM/2009)
Luciana trabalha em uma loja de venda de carros. Ela tem um papel muito importante de fazer a
conexão entre os vendedores, os compradores e o serviço de acessórios. Durante o dia, ela se desloca
inúmeras vezes da sua mesa para resolver os problemas dos vendedores e dos compradores. No final
do dia, Luciana só pensa em deitar e descansar as pernas.
Na função de chefe preocupado com a produtividade (número de carros vendidos) e com a saúde e a
satisfação dos seus funcionários, a atitude correta frente ao problema seria

a) propor a criação de um programa de ginástica laboral no início da jornada de trabalho.


b) sugerir a modificação do piso da loja para diminuir o atrito do solo e reduzir as dores nas pernas.
c) afirmar que os problemas de dores nas pernas são causados por problemas genéticos.
d) ressaltar que a utilização de roupas bonitas e do salto alto são condições necessárias para compor o
bom aspecto da loja.
e) escolher um de seus funcionários para conduzir as atividades de ginástica laboral em intervalos de 2
em 2 horas.

19 - (ENEM/2009)
Quer evitar pesadelos? Então não durma de barriga para cima. Este é o conselho de quem garante ter
sido atacado pela Pisadeira. A meliante costuma agir em São Paulo e Minas Gerais. Suas vítimas preferi-
das são aquelas que comeram demais antes de dormir. Desce do telhado — seu esconderijo usual — e
pisa com muita força no peito e na barriga do incauto adormecido, provocando os pesadelos. Há con-
trovérsias sobre sua aparência. De acordo com alguns, é uma mulher bem gorda. Já o escritor Cornélio
Pires forneceu a seguinte descrição da malfeitora: “Essa é ua muié muito magra, que tem os dedos
cumprido e seco cum cada unhão! Tem as perna curta, cabelo desgadeiado, quexo revirado pra riba e
nari magro munto arcado; sobranceia cerrado e zoio aceso...”
Pelo sim, pelo não, caro amigo... barriga para baixo e bons sonhos.
Almanaque de Cultura Popular. Ano 10, out. 2008, nº- 114 (adaptado).

Considerando que as variedades linguísticas existentes no Brasil constituem patrimônio cultural, a de-
scrição da personagem lendária, Pisadeira, nas palavras do escritor Cornélio Pires,

a) mostra hábitos linguísticos atribuídos à personagem lendária.


b) ironiza vocabulário usado no registro escrito de descrição de personagens.
c) associa a aparência desagradável da personagem ao desprestígio da cultura brasileira.
d) sugere crítica ao tema da superstição como integrante da cultura de comunidades interioranas.
e) valoriza a memória e as identidades nacionais pelo registro escrito de variedades linguísticas pouco
prestigiadas.

20 - (ENEM/2009)
A ética nasceu na pólis grega com a pergunta pelos critérios que pudessem tornar possível o enfrenta-
mento da vida com dignidade. Isto significa dizer que o ponto de partida da ética é a vida, a realidade

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 113
humana, que, em nosso caso, é uma realidade de fome e miséria, de exploração e exclusão, de desespe-
ro e desencanto frente a um sentido da vida. É neste ponto que somos remetidos diretamente à questão
da democracia, um projeto que se realiza nas relações da sociabilidade humana.
Disponível em: http://www.jornaldeopiniao.com.br. Acesso em: 03 maio 2009.

O texto pretende que o leitor se convença de que a

a) ética é a vivência da realidade das classes pobres, como mostra o fragmento “é uma realidade de
fome e miséria”.
b) ética é o cultivo dos valores morais para encontrar sentido na vida, como mostra o fragmento “de
desespero e desencanto frente a um sentido da vida”.
c) experiência democrática deve ser um projeto vivido na coletividade, como mostra o fragmento “um
projeto que se realiza nas relações da sociabilidade humana”.
d) experiência democrática precisa ser exercitada em benefício dos mais pobres, com base no frag-
mento “tornar possível o enfrentamento da vida com dignidade”.
e) democracia é a melhor forma de governo para as classes menos favorecidas, como mostra o frag-
mento “É neste ponto que somos remetidos diretamente à questão da democracia”.

21 - (ENEM/2009)
A falta de espaço para brincar é um problema muito comum nos grandes centros urbanos. Diversas
brincadeiras de rua tal como o pular corda, o pique pega e outros têm desaparecido do cotidiano das
crianças. As brincadeiras são importantes para o crescimento e desenvolvimento das crianças, pois
desenvolvem tanto habilidades perceptivo-motoras quanto habilidades sociais.

Considerando a brincadeira e o jogo como um importante instrumento de interação social, pois por
meio deles a criança aprende sobre si, sobre o outro e sobre o mundo ao seu redor, entende-se que

a) o jogo possibilita a participação de crianças de diferentes idades e níveis de habilidade motora.


b) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas na busca da excelência na execução de ativi-
dades do cotidiano.
c) o jogo gera um espaço para vivenciar situações de exclusão que serão negativas para a aprendiza-
gem social.
d) através do jogo é possível entender que as regras são construídas socialmente e que não podemos
modificá-las.
e) no jogo, a participação está sempre vinculada à necessidade de aprender um conteúdo novo e de
desenvolver habilidades motoras especializadas.

22 - (ENEM/2009)
Texto I

Principiei a leitura de má vontade. E logo emperrei na história de um menino vadio que, dirigindo-se à
escola, se retardava a conversar com os passarinhos e recebia deles opiniões sisudas e bons conselhos.
Em seguida vinham outros irracionais, igualmente bem-intencionados e bem falantes. Havia a moscaz-
inha que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, desobedecendo às ordens maternas, e tanto
voou que afinal caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o [livro] Barão de Macaúbas. Infelizmente
um doutor, utilizando bichinhos, impunha-nos a linguagem dos doutores. — Queres tu brincar comi-
go? O passarinho, no galho, respondia com preceito e moral, e a mosca usava adjetivos colhidos no
dicionário. A figura do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia que era dele o pedan-
tismo atribuído à mosca e ao passarinho. Ridículo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipilar
conselhos, zumbir admoestações.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1986 (adaptado).

114 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Texto II

Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que atua com toda sua gama, é artificial quer-
er que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade não pode senão escolher
o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais curiosos
paradoxos, pois mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem fre-
quentemente o que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de inevitável contrabando é um
dos meios por que o jovem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.
CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades.
São Paulo: Ed. 34, 2002 (adaptado).

Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abordam um mesmo problema, que se refere, simultan-
eamente, ao campo literário e ao social. Considerando-se a relação entre os dois textos, verifica-se que
eles têm em comum o fato de que

a) tratam do mesmo tema, embora com opiniões divergentes, expressas no primeiro texto por meio da
ficção e, no segundo, por análise sociológica.
b) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em defesa de uma mesma tese: a literatura,
muitas vezes, é nociva à formação do jovem estudante.
c) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que apresentam um mesmo ponto de vista: a
literatura deixa ver o que se pretende esconder.
d) a linguagem figurada é predominante em ambos, embora o primeiro seja uma fábula e o segundo,
um texto científico.
e) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os textos, em que se defende o caráter ped-
agógico da literatura.

23 - (ENEM/2009)
Analise as seguintes avaliações de possíveis resultados de um teste na Internet.

Veja. 8 jul. 2009. p.102 (adaptado).

Depreende-se, a partir desse conjunto de informações, que o teste que deu origem a esses resultados,
além de estabelecer um perfil para o usuário de sites de relacionamento, apresenta preocupação com
hábitos e propõe mudanças de comportamento direcionadas

a) ao adolescente que acessa sites de entretenimento.


b) ao profissional interessado em aperfeiçoamento tecnológico.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 115
c) à pessoa que usa os sites de relacionamento para complementar seu círculo de amizades.
d) ao usuário que reserva mais tempo aos sites de relacionamento do que ao convívio pessoal com os
amigos.
e) ao leitor que se interessa em aprender sobre o funcionamento de diversos tipos de sites de relacio-
namento.

24 - (ENEM/2009)
A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo
da infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas du-
rações, dos instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período
em que as obras foram compostas.

Figura 1 - http://images.quebarato.com.br/photos/big/2/D/15A12D_2.jpg.
Figura 2 - http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/dados/fotos/2009/07/07/normal.
Figura 3 - http://www.edmontonculturalcapital.com/gallery/edjazzfestival/JazzQuartet.jpg.
Figura 4 - http://www.filmica.com/jacintaescudos/archivos/Led-Zeppelin.jpg.

Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, pode-se concluir que o(os) grupo(s) mostrado(s)
na(s) figura(s)

a) 1 executa um gênero característico da música brasileira, conhecido como chorinho.


b) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo compositor mais conhecido é Tom Jo-
bim.
c) 3 executa um gênero característico da música europeia, que tem como representantes Beethoven e
Mozart.
d) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de
ruído permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis.
e) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma vez que as possibilidades de combi-
nações sonoras ao longo do tempo são limitadas.

25 - (ENEM/2009)
No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela
primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito
foi tão surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz,
música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie
Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova

116 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

mensagem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de
sirene e dínamo e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação
coreográfica confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justa-
posição, colagem de ações isoladas seguindo um estímulo musical.
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo.
São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotid-
ianas de um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o
qual reflete

a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.


b) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial.
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da música.
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de figurino.
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares.

26 - (ENEM/2009)
Apesar da ciência, ainda é possível acreditar no sopro divino – o momento em que o Criador deu vida
até ao mais insignificante dos micro-organismos?

Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:
“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em algum momento, começou a existir algo, para poder
evoluir em seguida. O ato do criador precede a possibilidade de evolução: só evolui algo que existe. Do
nada, nada surge e evolui.”
LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. SuperInteressante,
São Paulo, n. 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptações).

Resposta de Daniel Dennet, filósofo americano ateu e evolucionista radical, formado em Harvard e
Doutor por Oxford:
“É claro que é possível, assim como se pode acreditar que um super-homem veio para a Terra há 530
milhões de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a explosão da vida daquele período.
Mas não há razão para crer em fantasias desse tipo.”
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. SuperInteressante,
São Paulo, n. 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptações).

Os dois entrevistados responderam a questões idênticas, e as respostas a uma delas foram reproduz-
idas aqui. Tais respostas revelam opiniões opostas: um defende a existência de Deus e o outro não
concorda com isso. Para defender seu ponto de vista,

a) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria da Evolução, e o ateu apresenta comprovações


científicas dessa teoria para derrubar a ideia de que Deus existe.
b) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”, por se considerar autoridade compe-
tente para definir o assunto, enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões como “é possível”,
assumindo não ter opinião formada.
c) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo em dúvida a existência de Deus, e o ateu
argumenta com base no fato de que algo só pode evoluir se, antes, existir.
d) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a existência de Deus, enquanto o filósofo faz
uma ironia, sugerindo que qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna.
e) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, ao afirmar que a crença em Deus é algo
primitivo, criado na época cambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação no fato de que
algumas coisas podem “surgir do nada”.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 117
27 - (ENEM/2009)
A sociedade atual testemunha a influência determinante das tecnologias digitais na vida do homem
moderno, sobretudo daquelas relacionadas com o computador e a internet. Entretanto, parcelas signif-
icativas da população não têm acesso a tais tecnologias. Essa limitação tem pelo menos dois motivos:
a impossibilidade financeira de custear os aparelhos e os provedores de acesso, e a impossibilidade de
saber utilizar o equipamento e usufruir das novas tecnologias. A essa problemática, dá-se o nome de
exclusão digital.

No contexto das políticas de inclusão digital, as escolas, nos usos pedagógicos das tecnologias de infor-
mação, devem estar voltadas principalmente para

a) proporcionar aulas que capacitem os estudantes a montar e desmontar computadores, para garan-
tir a compreensão sobre o que são as tecnologias digitais.
b) explorar a facilidade de ler e escrever textos e receber comentários na internet para desenvolver a
interatividade e a análise crítica, promovendo a construção do conhecimento.
c) estudar o uso de programas de processamento para imagens e vídeos de alta complexidade para
capacitar profissionais em tecnologia digital.
d) exercitar a navegação pela rede em busca de jogos que possam ser “baixados” gratuitamente para
serem utilizados como entretenimento.
e) estimular as habilidades psicomotoras relacionadas ao uso físico do computador, como mouse,
teclado, monitor etc.

28 - (ENEM/2009)
Ouvir estrelas

“Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo


perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto


a Via-Láctea, como um pálio aberto,
cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas?” Que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919.

Ouvir estrelas

Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo


que estás beirando a maluquice extrema.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.

118 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo


que mais eu gozo se escabroso é o tema.
Uma boca de estrela dando beijo
é, meu amigo, assunto p’ra um poema.

Direis agora: Mas, enfim, meu caro,


As estrelas que dizem? Que sentido
têm suas frases de sabor tão raro?

Amigo, aprende inglês para entendê-las,


Pois só sabendo inglês se tem ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia.
São Paulo: Brasiliense, 1961.

A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que,

a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de


Tigre, em linguagem conotativa.
b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis
aos que as ouvem e as entendem.
c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estrutu-
ras como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”.
d) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrela
dando beijo/é, meu amigo, assunto p’ra um poema.”
e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última
estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas.

29 - (ENEM/2009)
Folclore designa o conjunto de costumes, lendas, provérbios, festas tradicionais/populares, manifes-
tações artísticas em geral, preservado, por meio da tradição oral, por um povo ou grupo populacional.
Para exemplificar, cita-se o frevo, um ritmo de origem pernambucana surgido no início do século XX.
Ele é caracterizado pelo andamento acelerado e pela dança peculiar, feita de malabarismos, rodopios e
passos curtos, além do uso, como parte da indumentária, de uma sombrinha colorida, que permanece
aberta durante a coreografia.

As manifestações culturais citadas a seguir que integram a mesma categoria folclórica descrita no texto são

a) bumba-meu-boi e festa junina.


b) cantiga de roda e parlenda.
c) saci-pererê e boitatá.
d) maracatu e cordel.
e) catira e samba.

30 - (ENEM/2009)
Texto 1

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 119
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

[...]

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
DIAS, G. Poesia e prosa completas.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.

Texto 2

Canto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmares


Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas


E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas


Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo
ANDRADE, O.
Cadernos de poesia do aluno Oswald.
São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

120 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético:
a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que

a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se
revestem os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto 2, que valoriza a paisagem tropical re-
alçada no texto 1.
c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o texto 1, mas sem perder a visão crítica da realidade bra-
sileira.
d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

31 - (ENEM/2009)

Figura 1 — Disponível em http://www.numaboa.com

Figura 2 — Disponível em http://www.poracaso.com

Figura 3 — Disponível em http://www.decodificandocodigos.pbwiki.com

Figura 4 — Disponível em http://www.numaboa.com

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 121
O homem desenvolveu seus sistemas simbólicos para utilizá-los em situações específicas de inter-
locução. A necessidade de criar dispositivos que permitissem o diálogo em momentos e/ou lugares dis-
tintos levou à adoção universal de alguns desses sistemas. Considerando que a interpretação de textos
codificados depende da sintonia e da sincronia entre o emissor e o receptor, pode-se afirmar que a

a) recepção das mensagens que utilizam o sistema simbólico da figura 1 pode ser feita horas depois de
sua emissão.
b) recepção de uma mensagem codificada com o auxílio do sistema simbólico mostrado na figura 2
independe do momento de sua emissão.
c) mensagem que é mostrada na figura 4 será decodificada sem o auxílio da língua falada.
d) figura 3 mostra um sistema simbólico cuja criação é anterior à criação do sistema mostrado na figu-
ra 2.
e) figura 4 representa um sistema simbólico que recorre à utilização do som para a transmissão das
mensagens.

32 - (ENEM/2017)
TEXTO I

DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Aço e madeira,


1,3 m x 64 cm x 42 cm, 1913.
Museu de Arte Moderna de Nova York.
DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Barcelona: Polígrafa, 1995.

TEXTO II

Ao ser questionado sobre seu processo de criação de ready-mades, Marcel Duchamp afirmou:
— Isto dependia do objeto; em geral, era preciso tomar cuidado com o seu look. É muito difícil escolher
um objeto porque depois de quinze dias você começa a gostar dele ou a detestá-lo. É preciso chegar a
qualquer coisa com uma indiferença tal que você não tenha nenhuma emoção estética. A escolha do
ready-made é sempre baseada na indiferença visual e, ao mesmo tempo, numa ausência total de bom
ou mau gosto.
CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro
do tempo perdido. São Paulo: Perspec-
tiva, 1987 (adaptado).

Relacionando o texto e a imagem da obra, entende-se que o artista Marcel Duchamp, ao criar os ready-

122 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

mades, inaugurou um modo de fazer arte que consiste em

a) designar ao artista de vanguarda a tarefa de ser o artífice da arte do século XX


b) considerar a forma dos objetos como elemento essencial da obra de arte.
c) revitalizar de maneira radical o conceito clássico do belo na arte.
d) criticar os princípios que determinam o que é uma obra de arte.
e) atribuir aos objetos industriais o status de obra de arte.

33 - (ENEM/2017)
Como se apresentam os atos de ler e escrever no contexto dos canais de chat da internet? O próprio
nome que designa estes espaços no meio virtual elucida que os leitores-escritores ali estão empenha-
dos em efetivar uma conversação. Porém, não se trata de uma conversação nos moldes tradicionais,
mas de um projeto discursivo que se realiza só e através das ferramentas do computador via canal
eletrônico mediado por um software específico. A dimensão temporal deste tipo de interlocução
caracteriza-se pela sincronicidade em tempo real, aproximando-se de uma conversa telefônica, porém,
devido às especificidades do meio que põe os interlocutores em contato, estes devem escrever suas
mensagens. Apesar da sensação de estarem falando, os enunciados que produzem são construídos
num “texto falado por escrito”, numa “conversação com expressão gráfica”. A interação que se dá “tela a
tela”, para que seja bem-sucedida, exige, além das habilidades técnicas anteriormente descritas, muito
mais do que a simples habilidade linguística de seus interlocutores. No interior de uma enorme coorde-
nação de ações, o fenômeno chat também envolve conhecimentos paralinguísticos e socioculturais que
devem ser partilhados por seus usuários. Isso significa dizer que esta atividade comunicacional, assim
como as demais, também apresenta uma vinculação situacional, ou seja, não pode a língua, nesta es-
fera específica da comunicação humana, ser separada do contexto em que se efetiva.
BERNARDES, A. S.; VIEIRA, P. M. T.
Disponível em: www.anped.org.br.
Acesso em: 14 ago. 2012.

No texto, descreve-se o chat como um tipo de conversação “tela a tela” por meio do computador e en-
fatiza-se a necessidade de domínio de diversas habilidades. Uma característica desse tipo de interação
éa

a) coordenação de ações, ou atitudes, que reflitam modelos de conversação tradicionais.


b) presença obrigatória de elementos iconográficos que reproduzam características do texto falado.
c) inserção sequencial de elementos discursivos que sejam similares aos de uma conversa telefônica.
d) produção de uma conversa que articula elementos das modalidades oral e escrita da língua.
e) agilidade na alternância de temas e de turnos conversacionais.

34 - (ENEM/2017)
O último refúgio da língua geral no Brasil

No coração da Floresta Amazônica é falada uma língua que participou intensamente da história da
maior região do Brasil. Trata-se da língua geral, também conhecida como nheengatu ou tupi moderno.
A língua geral foi ali mais falada que o próprio português, inclusive por não índios, até o ano de 1877.
Alguns fatores contribuíram para o desaparecimento dessa língua de grande parte da Amazônia, como
perseguições oficiais no século XVIII e a chegada maciça de falantes de português durante o ciclo da
borracha, no século XIX. Língua-testemunho de um passado em que a Amazônia brasileira alargava seus
territórios, a língua geral hoje é falada por mais de 6 mil pessoas, num território que se estende pelo
Brasil, Venezuela e Colômbia. Em 2002, o município de São Gabriel da Cachoeira ficou conhecido por ter
oficializado as três línguas indígenas mais usadas ali: o nheengatu, o baníua e o tucano. Foi a primeira
vez que outras línguas, além do português, ascendiam à condição de línguas oficiais no Brasil. Embora
a oficialização dessas línguas não tenha obtido todos os resultados esperados, redundou no ensino de

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 123
nheengatu nas escolas municipais daquele município e em muitas escolas estaduais nele situadas. É
fundamental que essa língua de tradição eminentemente oral tenha agora sua gramática estudada e
que textos de diversas naturezas sejam escritos, justamente para enfrentar os novos tempos que chega-
ram.
NAVARRO, E. Estudos Avança-
dos, n. 26, 2012 (adaptado).

O esforço de preservação do nheengatu, uma língua que sofre com o risco de extinção, significa o recon-
hecimento de que

a) as línguas de origem indígena têm seus próprios mecanismos de autoconservação.


b) a construção da cultura amazônica, ao longo dos anos, constituiu-se, em parte, pela expressão em
línguas de origem indígena.
c) as ações políticas e pedagógicas implementadas até o momento são suficientes para a preservação
da língua geral amazônica.
d) a diversidade do patrimônio cultural brasileiro, historicamente, tem se construído com base na uni-
dade da língua portuguesa.
e) o Brasil precisa se diferenciar de países vizinhos, como Venezuela e Colômbia, por meio de um idio-
ma comum na Amazônia brasileira.

35 - (ENEM/2017)
É dia de festa na roça. Fogueira posicionada, caipiras arrumados, barraquinhas com quitutes suculentos
e bandeirinhas de todas as cores enfeitando o salão. Mas o ponto mais esperado de toda a festa é sem-
pre a quadrilha, embalada por música típica e linguajar próprio. Anarriê, alavantú, balancê de damas e
tantos outros termos agitados pelo puxador da quadrilha deixam a festa de São João, comemorada em
todo o Brasil, ainda mais completa.
Embora os festejos juninos sejam uma herança da colonização portuguesa no Brasil, grande parte das
tradições da quadrilha tem origem francesa. E muita gente dança sem saber.
As influências estrangeiras são muitas nas festas dos três santos do mês de junho (Santo Antônio, no
dia 13, e São Pedro, no dia 29, completam o grupo). O “changê de damas” nada mais é do que a troca
de damas na dança, do francês “changer”. O “alavantú”, quando os casais se aproximam e se cumpri-
mentam, também é francês, e vem de “en avant tous”. Assim também acontece com o “balancê”, que
também vem de bailar em francês.
SOARES, L. Disponível em: http://
gazetaonline.globo.com. Acesso
em: 30 jun. 2015 (adaptado).

Ao discorrer sobre a festa de São João e a quadrilha como manifestações da cultura corporal, o texto
privilegia a descrição de

a) movimentos realizados durante a coreografia da dança.


b) personagens presentes nos festejos de São João.
c) vestimentas utilizadas pelos participantes.
d) ritmos existentes na dança da quadrilha.
e) folguedos constituintes do evento.

36 - (ENEM/2010)
Texto I

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse,
e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos
vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados,

124 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agre-
mia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a
própria vida, resiste às idades e às épocas.
RIO. J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

Texto II

A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu reino, na
região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das mulheres acaba-
vam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do Catete com o seu
passo miúdo e sólido. [...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres de uma casa de
cômodos da vizinhança.
[...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepan-
hando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus domínios.
BARRETO, L. Um e outro. in: Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito (fragmento).

A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e
início do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos I e II, a rua é
vista, respectivamente, como lugar que

a) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento.


b) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos.
c) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais.
d) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal.
e) promove o anonimato e a segregação social.

37 - (ENEM/2010)
Fora da ordem

Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli publicou Le Diverse et Artificiose Machine, no
qual descrevia uma máquina de ler livros. Montada para girar verticalmente, como uma roda de ham-
ster, a invenção permitia que o leitor fosse de um texto ao outro sem se levantar de sua cadeira.
Hoje podemos alternar entre documentos com muito mais facilidade – um clique no mouse é suficiente
para acessarmos imagens, textos, vídeos e sons instantaneamente. Para isso, usamos o computador, e
principalmente a internet – tecnologias que não estavam disponíveis no Renascimento, época em que
Romelli viveu.
BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa. Ano II. Nº 14.

O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos princípios definidores do hipertexto: a quebra de
linearidade na leitura e a possibitidade de acesso ao texto conforme o interesse do leitor. Além de ser
característica essencial da internet, do ponto de vista da produção do texto, a hipertextualidade se
manifesta também em textos impressos, como

a) dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de acesso à informação.


b) documentários, pois o autor faz uma seleção dos fatos e das imagens.
c) relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua percepção dos fatos.
d) editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem detalhada dos fatos.
e) romances românticos, pois os eventos ocorrem em diversos cenários.

38 - (ENEM/2011)
Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 125
espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos.
Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo
pelas ruas.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008.

Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por

a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando
o atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a
qualidade de vida.
b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e
manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos
socialmente.
c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabóli-
ca, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhe-
cimento.
d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcio-
namento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base
em produtos naturais.
e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidra-
tos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou
modelar o corpo.

39 - (ENEM/2011)

COSTA, C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado).

Os amigos são um dos principais indicadores de bem-estar na vida social das pessoas. Da mesma forma
que em outras áreas, a internet também inovou as maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do
infográfico, depreendem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus
prós e contras. Enquanto a primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda

a) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede.


b) parte do anonimato obrigatório para se difundir.
c) reforça a configuração de laços mais profundos de amizade.
d) facilita a interação entre pessoas em virtude de interesses comuns.
e) tem a responsabilidade de promover a proximidade física.

40 - (ENEM/2011)
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão

126 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou
200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo
dos Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips quânti-
cos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: pá-
gina impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer
texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São
Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via
eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que

a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia.
b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores culturais.
c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes im-
pressos.
d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo que os livros
desapareçam.
e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais
diversos gêneros.

41 - (ENEM/2011)
Não tem tradução

[…]
Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
[...]
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma
francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone
ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista Língua Portuguesa.
Ano 4, nº 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada
preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos
anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba Não tem tradução, por meio do recurso da
metalinguagem, o poeta propõe

a) incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente com vocábulos es-
trangeiros.
b) respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.
c) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacio-
nal.

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 127
d) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popu-
lar brasileira.
e) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades mais
desenvolvidas.

42 - (ENEM/2009)
Saúde, no modelo atual de qualidade de vida, é o resultado das condições de alimentação, habitação,
educação, renda, trabalho, transporte, lazer, serviços médicos e acesso à atividade física regular.
Quanto ao acesso à atividade física, um dos elementos essenciais é a aptidão física, entendida como
a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo — incluindo músculos, esqueleto, coração, enfim, todas
as partes —, de forma eficiente em suas atividades cotidianas; logo, quando se avalia a saúde de uma
pessoa, a aptidão física deve ser levada em conta.
A partir desse contexto, considera-se que uma pessoa tem boa aptidão física quando

a) apresenta uma postura regular.


b) pode se exercitar por períodos curtos de tempo.
c) pode desenvolver as atividades físicas do dia-a-dia, independentemente de sua idade.
d) pode executar suas atividades do dia a dia com vigor, atenção e uma fadiga de moderada a intensa.
e) pode exercer atividades físicas no final do dia, mas suas reservas de energia são insuficientes para
atividades intelectuais.

43 - (ENEM/2009)
A partir da metade do século XX, ocorreu um conjunto de transformações econômicas e sociais cuja
dimensão é difícil de ser mensurada: a chamada explosão da informação. Embora essa expressão tenha
surgido no contexto da informação científica e tecnológica, seu significado, hoje, em um contexto mais
geral, atinge proporções gigantescas.
Por estabelecerem novas formas de pensamento e mesmo de lógica, a informática e a Internet vêm
gerando impactos sociais e culturais importantes. A disseminação do microcomputador e a expansão
da Internet vêm acelerando o processo de globalização tanto no sentido do mercado quanto no sentido
das trocas simbólicas possíveis entre sociedades e culturas diferentes, o que tem provocado e acelera-
do o fenômeno de hibridização amplamente caracterizado como próprio da pós-modernidade.
FERNANDES, M. F.; PARÁ, T. A contribuição das novas tecnologias da informação na
geração de conhecimento. Disponível em: http://www.coep.ufrj.br.
Acesso em: 11 ago. 2009 (adaptado).

Considerando-se o novo contexto social e econômico aludido no texto apresentado, as novas tecnolo-
gias de informação e comunicação

a) desempenham importante papel, porque sem elas não seria possível registrar os acontecimentos
históricos.
b) facilitam os processos educacionais para ensino de tecnologia, mas não exercem influência nas
ciências humanas.
c) limitam-se a dar suporte aos meios de comunicação, facilitando sobretudo os trabalhos jornalísti-
cos.
d) contribuem para o desenvolvimento social, pois permitem o registro e a disseminação do conheci-
mento de forma mais democrática e interativa.
e) estão em estágio experimental, particularmente na educação, área em que ainda não demonstr-
aram potencial produtivo.

44 - (ENEM/2009)
O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de 2004, propõe o compartilhamento de conheci-
mentos de forma equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os usuários da Internet, uma

128 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

biblioteca virtual que deverá constituir referência para professores, alunos, pesquisadores e para a
população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o com-
partilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras
literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou
que tenham a sua divulgação devidamente autorizada.
BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 29 jul. 2009 (adaptado).

Considerando a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, o
ambiente virtual descrito no texto exemplifica

a) a dependência das escolas públicas quanto ao uso de sistemas de informação.


b) a ampliação do grau de interação entre as pessoas, a partir de tecnologia convencional.
c) a democratização da informação, por meio da disponibilização de conteúdo cultural e científico à
sociedade.
d) a comercialização do acesso a diversas produções culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia
da informação e da comunicação.
e) a produção de repertório cultural direcionado a acadêmicos e educadores.

45 - (ENEM/2009)
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) vieram aprimorar ou substituir meios tradicionais
de comunicação e armazenamento de informações, tais como o rádio e a TV analógicos, os livros, os
telégrafos, o fax etc. As novas bases tecnológicas são mais poderosas e versáteis, introduziram forte-
mente a possibilidade de comunicação interativa e estão presentes em todos os meios produtivos da
atualidade. As novas TIC vieram acompanhadas da chamada Digital Divide, Digital Gap ou Digital Ex-
clusion, traduzidas para o português como Divisão Digital ou Exclusão Digital, sendo, às vezes, também
usados os termos Brecha Digital ou Abismo Digital. Nesse contexto, a expressão Divisão Digital refere-se
a

a) uma classificação que caracteriza cada uma das áreas nas quais as novas TIC podem ser aplicadas,
relacionando os padrões de utilização e exemplificando o uso dessas TIC no mundo moderno.
b) uma relação das áreas ou subáreas de conhecimento que ainda não foram contempladas com o uso
das novas tecnologias digitais, o que caracteriza uma brecha tecnológica que precisa ser minimizada.
c) uma enorme diferença de desempenho entre os empreendimentos que utilizam as tecnologias digi-
tais e aqueles que permaneceram usando métodos e técnicas analógicas.
d) um aprofundamento das diferenças sociais já existentes, uma vez que se torna difícil a aquisição
de conhecimentos e habilidades fundamentais pelas populações menos favorecidas nos novos meios
produtivos.
e) uma proposta de educação para o uso de novas pedagogias com a finalidade de acompanhar a
evolução das mídias e orientar a produção de material pedagógico com apoio de computadores e out-
ras técnicas digitais.

46 - (ENEM/2009)
A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o corpo, que
fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da
tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O
padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha
com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros
xavantes: Wamarĩdzadadzeiwawẽ, Butséwawẽ, Tseretomodzatsewawẽ, que foram descobrindo através
da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o
adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 129
e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
WÉRÉ’ É TSI’RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do
Programa de Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e da
tradição cultural apresentados originam-se da

a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.


b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos a serem
entoados.

47 - (ENEM/2009)
Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais elabora-
das pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à desmecanização física e
intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de que a linguagem teatral não deve ser diferen-
ciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele propõe condições práticas
para que o oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de
expressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro.
Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a condução
ou mesmo o fim da história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor.
Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br.
Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).

Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que

a) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro que usa, nas suas ações cênicas, a lin-
guagem rebuscada e hermética falada normalmente pelo cidadão comum.
b) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela separação entre atores e público, na qual
os atores representam seus personagens e a plateia assiste passivamente ao espetáculo.
c) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo cidadão comum, no sentido de
proporcionar-lhe autonomia crítica para compreensão e interpretação do mundo em que vive.
d) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o fim da história evidencia que a
proposta de Boal se aproxima das regras do teatro tradicional para a preparação de atores.
e) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção do teatro clássico aristotélico, que
visa à desautomação física e intelectual de seus praticantes.

TEXTO: 1 - Comum à questão: 48

Leia o poema de Manoel de Barros.

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.


Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.

130 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

Entendo bem o sotaque das águas


Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.

48 - (ENEM/2009)
Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que

a) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo
valor na sua poesia.
b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar
sentido à própria vida.
c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológi-
cos.
d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática.
e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabili-
dade.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 49

Texto I

É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens
de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devi-
do à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as
contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso
dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100%
recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de
plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).

Texto II

Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando en-

WWW.PROJETOREDACAO.COM.BR 131
chentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos
por sufocamento.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para
o meio ambiente.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do
Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.

49 - (ENEM/2009)
Na comparação dos textos, observa-se que

a) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais plásticos; o texto II


justifica o uso desse material reciclado.
b) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens do uso do plástico na
contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os consumidores sobre os problemas ambientais decor-
rentes de embalagens plásticas não recicladas.
c) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto II busca convencer o
leitor a evitar o uso de embalagens plásticas.
d) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas, mostrando por que elas
devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumidores comuns, que buscam pratici-
dade e conforto.
e) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de produtos orgânicos e
industrializados decorrente do uso de plástico em suas embalagens; o texto II apresenta vantagens do
consumo de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas.

TEXTO: 3 - Comum às questões: 50, 51

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode
ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma
que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes.
Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta
que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome
da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para
nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precis-
am de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de
vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais.
Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

50 - (ENEM/2009)
Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o
emissor foca o seu discurso, pertence

a) ao mesmo grupo social do falante/autor.


b) a um grupo de brasileiros considerados como não índios.
c) a um grupo étnico que representa a maioria europeia que vive no país.
d) a um grupo formado por estrangeiros que falam português.
e) a um grupo sociocultural formado por brasileiros naturalizados e imigrantes.

132 GUIA DEFINITIVO DE REDAÇÃO PARA O ENEM


EXERCÍCIOS

GABARITO DA SEÇÃO

1 E 11 E 21 A 31 C 41 C
2 C 12 D 22 C 32 D 42 C
3 D 13 A 23 D 33 D 43 D
4 A 14 E 24 A 34 B 44 C
5 D 15 A 25 D 35 A 45 D
6 D 16 B 26 D 36 D 46 E
7 D 17 B 27 B 37 A 47 C
8 C 18 A 28 D 38 E 48 B
9 B 19 E 29 E 39 D 49 B
10 D 20 C 30 C 40 D 50 B

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