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MODELOS DE 100 páginas com o essencial do

REDAÇÃO

MODELOS DE REDAÇÃO
3UHSDUHVHEHPHFRQTXLVWHVXDYDJD

O F E S S O RES
PR

LIS TA S Temas
7HPDVTXHPDLVFDHPQDVSURYDV

E S P E C I A
que caíram desde a
1ª edição do Enem

Critérios
O que se avalia e como não
cometer os erros comuns

Manual
da boa redação e como
estudar os temas atuais

Passos
Um roteiro completo
das redações nota 1000

Pratique com
38 redações recentes
do Enem que tiveram
nota máxima

8PLQWHQVLYRFRPSOHWRGHHVWXGR
Expediente

Enem e
vestibulares
Direção Geral
Joaquim Carqueijó

Gestão de Canais
Vanusa Batista

Veja as diferenças entre os


e Wellington Oliveira

Gestão Administrativa Financeira


Elisiane Freitas, Vanessa Pereira,
e Pedro Moura exames e prepare-se para ambos
Canais Digitais
Clausilene Lima e Sergio Laranjeira

Distribuição em Bancas e Livrarias O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado para
Total Publicações (Grupo Abril)
avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica.
Um termômetro de como conduzir a educação no futuro para
melhorar a qualidade desse nível de escolaridade.
Atualmente torna-se cada vez mais importante como me-
canismo de seleção para concluir o ensino médio e ingressar
no ensino superior. Uma oportunidade de acesso às vagas das
Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e de várias ou-
tras através do Programa Universidade para Todos (ProUni), fi-
Publisher nanciamento estudantil (Fies) ou bolsa de estudo de diversos
Joaquim Carqueijó
sistemas de seleção - inclusive particulares - que usam critérios
Sócia-gerente
Adriana Andrade: específicos do resultado do Enem combinado ao processo se-
geral@edicase.pt
letivo próprio de suas universidades. Pode ocorrer como fase
única de seleção ou como parte da nota através do Sistema de
Seleção Unificada (Sisu).
Produção Editorial
Tami Oliveira O conteúdo do segundo dia do Enem - Linguagens, códi-
Design gos e suas tecnologias - abrange a principal ferramenta de
Ligia Fagundes
seleção e mecanismo de eliminação para todos os processos
Redação
Matilde Freitas (MTB 67769/SP) e seletivos: Redação. Nessa edição abordamos os vários tipos de
Saula Lima (MTB 82535/SP)
redação, principalmente a do tipo dissertativo-argumentativo
Atendimento ao Leitor
Redação que é cobrado no Enem mas entenda que, tanto nos vestibu-
atendimento@caseeditorial.com.br
lares quanto em outros exames, os temas cobram que o candi-
dato esteja atualizado com os assuntos recentes: atualidades.
Colocamos aqui modelos de redação que atingiram excelente
Editora Filiada pontuação e citamos os erros e acertos mais praticados assim
NOS SIGA NAS
REDES SOCIAIS!
como os temas que já caíram e os que estão em alta para essa
próxima edição.
/caseeditorial Cada vestibular tem sua própria linguagem, específica para a
instituição. Já o Enem usa uma linguagem interdisciplinar, foca-
PROIBIDA A REPRODUÇÃO
da em interpretação de textos e imagens relacionados ao dia a
total ou parcial sem prévia autorização da editora.
dia. Na redação não é diferente! Saiba argumentar sobre assun-
PRESTIGIE O JORNALEIRO:
compre sua revista na banca
tos do contidiano: ficar bem informado para escrever. Atente
para as regras de acentuação, gramática e pontuação e respeite
IMAGENS MERAMENTE ILUSTRATIVAS
Créditos: Shutterstock os limites impostos de 8 a 30 linhas. Boa leitura!
www.caseeditorial.com.br
Fabio Maldonado - tao_consult@yahoo.com.br
Redação
O domínio da arte escrita exige concentração,
dedicação e prática. O exercício deve ser contínuo
Fazer uma boa redação no Enem Impede também de entrar na univer-
significa 20% de uma vaga em progra- sidade pública pelo Sisu. O Sistema de
mas como ProUni e Sisu. É o primeiro Seleção Unificada usa a nota do Enem
critério de desempate nesses dois pro- para classificar candidatos a vagas em
gramas. Ao contrário das notas con- universidades públicas. Para concor-
vencionais, no Enem a redação vale rer a uma dessas vagas, é necessário
até mil pontos. A redação nota dez, na ter feito o Enem no ano anterior, com
verdade, é nota mil! pelo menos 450 pontos na média das
O que acontece se você tirar zero provas e não ter zerado na redação.
na redação do Enem? Zerar na reda- Com o FIES não é diferente! Conseguir
ção do Enem o impede, por exemplo, financiamento do FIES (Fundo de Fi-
de ganhar uma Bolsa do ProUni. O Pro- nanciamento ao Estudante do Ensino
grama Universidade para Todos ofere- Superior) - programa do Governo Fe-
ce bolsas de estudos em faculdades deral que concede financiamento es-
A prática da
particulares para estudantes de baixa tudantil a juros baixos (3,4% ao ano) redação deve
ser constante.
renda. Para participar, além de cumprir é necessário que os candidatos que Reserve um tempo
alguns requisitos de escolaridade e concluíram o ensino médio a partir de para, pelo menos,
uma redação por
renda, é necessário ter participado do 2010 precisam ter feito o Enem, com semana. Escolha
temas atuais pois
Enem no ano anterior, com pelo me- pelo menos 450 pontos na média das certificará se está
por dentro dos
nos 450 pontos na média das provas provas objetivas e nota maior do que acontecimentos.
e nota maior do que zero na redação. zero na redação.

www.caseeditorial.com.br 3
Critérios de Correção Conceito: Tema
O que significa: objeto de discussão
de Texto Dissertativo específico, particularizado. Exemplo:
Violência doméstica.
O que se avalia: Adequação ao Conceito: Convencer
tema O que significa: provar para alguém
Como se avalia: o texto aborda total que uma tese é verdadeira, que se tem
ou parcialmente a proposta temática, razão. Isso não significa que o interlo-
ou foge ao tema; demonstra compre- cutor necessariamente mudará de opi-
ensão da coletânea de textos ou se en- nião. Exemplo: Convenço um amigo
trega à paráfrase. fumante de que o tabaco é nocivo ao
O que se avalia: Adequação ao tipo organismo. Entretanto, ele continua a
de texto fumar.
Como se avalia: a redação apresenta Conceito: Persuadir
a estrutura básica do texto dissertativo O que significa: provar para alguém
(tese-desenvolvimento-conclusão). que uma tese é verdadeira, de modo
O que se avalia: Coerência a ocasionar a mudança de atitude do
Como se avalia: qual a consistência interlocutor. Exemplo: Convenço um
da estrutura argumentativa do texto; amigo fumante de que o tabaco é no-
há contradições internas (entre ora- civo ao organismo. A partir de nossa
ções e parágrafos), externas (leitura conversa, ele deixa de fumar. Observa-
de mundo, veracidade dos dados) e/ ção: o objetivo da redação de um con-
ou nonsense. curso público é convencer o leitor vir-
O que se avalia: Coesão tual da consistência dos argumentos
Como se avalia: como se organizam apresentados para a defesa de uma
os elementos de ligação de ideias (ora- tese, e não persuadi-lo a mudar suas
ções e parágrafos); como se dá a estru- opiniões, crenças e/ou convicções.
turação de apoio ao texto dissertativo Conceito: Dialética
(concatenação de ideias de modo a O que significa: grosso modo, tra-
privilegiar a clareza e a objetividade). ta-se da abordagem de um tema de
O que se avalia: Correção gramati- modo a compreender os opostos com-
cal plementares. A partir da leitura dialé-
Como se avalia: a composição do tica, compreende-se, por exemplo, por
texto atende à Norma Culta de Lin- que, historicamente, os responsáveis
guagem ou dela se distancia. (diretos ou indiretos) pela criação do
Movimento dos Trabalhadores Sem-
Vocabulário básico terras (MST) são os próprios latifun-
diários que insistem em manter suas
para o estudo do terras improdutivas. Nesse sentido,
Texto Dissertativo entende-se também que a internet,
por si só, é um instrumento neutro: o
Conceito: Assunto uso que se faz dela pode ser benéfico
O que significa: objeto de discussão ou não, conforme as circunstâncias. O
abrangente, amplo. Exemplo: Violên- processo dialético pode ser verificado,
cia. ainda com mais facilidade, na própria

4 Enem e Vestibulares
natureza. Para que haja o dia, é neces- Estrutura do
sário haver a noite, e vice-versa. Como
são opostos complementares, um não Texto Dissertativo
existe sem o outro. O ponto de muta-
ção do dia para a noite é o entardecer. Grosso modo, o texto dissertativo
Já o momento de transição da noite divide-se em três etapas:
para o dia é o amanhecer. O ciclo se al-
terna de maneira que o novo, calcado 1 - Introdução (onde se apresenta a
no velho, o substitui. Da mesma ma- tese a ser defendida);
neira, para que surja a planta (o novo), 2 - Desenvolvimento (espaço por
a semente (o velho) tem de se trans- excelência para o arrolamento de ar-
formar: a planta estava contida na se- gumentos) e
mente, a qual se metamorfoseou para 3 - Conclusão (encerramento do
não interromper o ciclo da vida. texto em consonância com a tese de-
Conceito: Leitor virtual fendida por meio dos argumentos ar-
O que significa: o destinatário do rolados).
texto. O leitor virtual de uma redação
de concurso público tem o seguinte Antes de analisarmos as diversas
perfil: culto, bem informado, crítico. É possibilidades de elaboração de cada
para ele que se escreve o texto, e não uma dessas etapas, vejamos a estru-
para o professor/corretor. tura do texto dissertativo no editorial
Conceito: Auditório universal transcrito abaixo.
O que significa: público amplo de
interlocutores (leitores e/ou ouvin- Horrível
tes).
Conceito: Auditório particular INTRODUÇÃO
O que significa: público específico
de interlocutores (leitores e/ou ou- 1 “Horrível, horrível, horrível” fo-
vintes). Obs.: Os argumentos devem ram as palavras escolhidas pela rela-
ser elaborados conforme o perfil de tora especial da ONU Asma Jahangir
dos leitores virtuais de cada auditório. para qualificar as condições de duas
Numa redação de concurso público unidades da Febem paulista – uma de-
(auditório universal), cujo tema seja las considerada modelo pelo Estado. A
a legalização do aborto, caso o autor expressão traduz bem as dificuldades
do texto seja contrário a essa prática, que cercam a luta pelos direitos hu-
não deverá utilizar o argumento de manos no Brasil. Seria injusto afirmar
que o aborto é uma agressão a Deus, que não houve progressos ao longo
uma vez que pode ser contestado por dos anos, mas eles foram tão lentos, e
todos aqueles que não acreditam em o descalabro da situação é tamanho,
Deus. Por outro lado, numa comuni- que há pouco a comemorar.
dade religiosa (auditório particular), o
mesmo argumento surtirá efeito entre DESENVOLVIMENTO
aqueles que, embora pensem de ma-
neiras diferentes, partilham a mesma 2 A visita de Jahangir, que ocu-
fé ou dogmas etc. pa o posto de relatora especial das

www.caseeditorial.com.br 5
Nações Unidas para Execuções Arbi- Comentários
trárias, Sumárias e Extrajudiciais, é
um desses raros fatos positivos. Ela 1 - Introdução (1º parágrafo)
está no Brasil a pedido do governo
federal e deverá apresentar relatório
t5FTF TJUVBÎÍP EPT EJSFJUPT IVNB-
à Comissão de Direitos Humanos da
nos no Brasil absurdamente desres-
ONU.
peitada/desrespeitosa, ainda que te-
nha havido avanços (ressalva).
3 Os mais cínicos poderão se t$POUFYUVBMJ[BÎÍPWJTJUBEBSFMBUP-
perguntar por que o governo traz um ra especial da ONU a duas unidades da
estrangeiro que inevitavelmente fará Febem paulista.
críticas do país num foro internacio-
nal. É justamente sob essa aparente
2 - Desenvolvimento (2º, 3º e 4º pa-
incoerência que se encerra algo alen-
rágrafos)
tador no campo dos direitos humanos:
o poder central ao menos sinaliza que
está disposto a tocar na questão das t " WJTJUB EF +BIBOHJS  B QFEJEP EP
torturas e ações de extermínio com a governo federal, representa um avan-
participação de policiais. ço na questão dos direitos humanos
no Brasil. Note-se o desdobramento,
a explicitação do cargo ocupado por
4 Infelizmente, tal disposição pa-
Jahangir na ONU. (2º parágrafo).
rece mais reduzida em esferas estadu-
t $POUSBBSHVNFOUBÎÍP iPT NBJT
ais. Asma Jahangir, que goza da mais
cínicos” X ponto-de-vista do articulis-
sólida reputação internacional, tentou,
ta (autor do editorial) – corroboração
mas não conseguiu, ser recebida pelo
do argumento de que houve melhoras
governador de São Paulo, Geraldo Al-
em relação ao espinhoso tema abor-
ckmin. Pior, ela teve seu pedido para
dado. (3º parágrafo).
visitar a UAI (Unidade de Atendimento
t $POUSBTUF FOUSF B QPTUVSB EP HP-
Inicial) do complexo da Febem no Brás
verno estadual de São Paulo e a pre-
inicialmente negado.
sença de Jahangir no Brasil (note-se,
mais uma vez: a convite do governo fe-
CONCLUSÃO deral). Se, ao longo do atual governo, o
país avançou, ainda que timidamente,
5 Eliminar a chaga da tortura e da na defesa e garantia dos direitos hu-
violência policial não é tarefa simples. manos, quadro predominante ainda é
Ela torna-se ainda mais difícil quan- de horror e descaso. (4º parágrafo).
do altas vozes de comando da polícia
paulista parecem preferir a linguagem 3 - Conclusão (5º parágrafo)
da força e do confronto e tratar o res-
peito aos direitos humanos como um
t3FUPNBEBSFJUFSBÎÍPEBUFTF
empecilho, e não como uma norma
t /PUFTF P DPOUFYUP B TJUVBÎÍP
inegociável.
agrava-se com atitudes como a de par-
te do comando da polícia paulista, o
(Folha de São Paulo,
1º de outubro de 2003, p. A-2) que legitima a violência institucional.

6 Enem e Vestibulares
Observações sobre a linguagem: está perto de ser aclamado como ali-
mento funcional. Ou seja, acredite-se
Forma encontrada no texto: “Ela que previna doenças – do diabete tipo
torna-se ainda mais difícil” 2 a certos tipos de câncer! Só não vale
Forma gramaticalmente preferível exagerar.
segundo a Norma Culta da Língua: “Ela
se torna ainda mais difícil” (...)
Forma encontrada no texto: “UAI
(Unidade de Atendimento Inicial)” Os prós*
Forma gramaticalmente preferí- t"NQMJGJDBBBUFOÎÍPFBDPODFOUSB-
vel segundo a Norma Culta da Lín- ção.
gua: “Unidade de Atendimento Inicial t3FEV[PSJTDPEFEFTFOWPMWFSEJB-
(UAI)” bete tipo 2, mal de Parkinson, câncer
no cólon e câncer de bexiga.
t $PODFOUSB NBJPS RVBOUJEBEF EF
Objetividade e minerais do que algumas bebidas iso-
Ponto-de-vista tônicas.
t "KVEB OP USBUBNFOUP EF EFQFO-
a) Objetividade e subjetividade dentes químicos.

De modo geral, o texto objetivo é Os contras*


marcado pela impessoalidade (au- t "VNFOUB PT OÓWFJT EB IPNPDJTUF-
sência de traços que indiquem o “eu”, ína no sangue, substância que amplia
como pronomes e verbos na primeira o risco de enfarte.
pessoa do singular, adjetivos etc). Isso, t1SPWPDBVNMFWFBVNFOUPEBQSFT-
porém, não significa que o texto seja são arterial depois de cada xícara.
amorfo, sem vida ou não deixe trans- t1PEFDBVTBSJOUPMFSÉODJBHÈTUSJDB
parecer claramente as opiniões do au- t "DBGFÓOB QPEF BVNFOUBS BFMJNJ-
tor. nação de cálcio na urina. Mulheres de-
Por sua vez, o texto subjetivo repre- pois da menopausa devem tomar café
senta claramente as opiniões pesso- com parcimônia, de preferência com
ais do autor. Por esse motivo, mais do leite.
que argumentos, explicita sensações,
emoções, estados de alma e lembran- * Consumo regular acima de 600ml.
ças do autor. (Saúde!, maio de 2004, p. 29)
Vejamos dois exemplos (o segundo,
construído por você mesmo): Texto Subjetivo

Texto Objetivo Eu gosto de café porque _____


____________________________
Uma xícara, duas, três... ____________________________
____________________________
Saboreie sem culpa seu aromático e ____________________________
fumegante cafezinho. Absolvido pela ____________________________
ciência, ele deixou o banco dos réus e ___________________________.

www.caseeditorial.com.br 7
Isso me lembra quando _________ que o deus dos negros não é tão bom
_______________________________ quanto o deus dos brancos, que exis-
_______________________________ tem até negros entre eles e que que-
_______________________________ riam apenas evitar atrocidades contra
_________. os animais. Pode ser verdade, mas não
Fico feliz se ___________________ basta. Se isso for mesmo, se o que os
_______________________________ move é tão-somente a defesa dos ani-
_______________________________ mais, onde estão então os protestos
_______________________________ diante dos abatedouros de bois, por-
_______________________________ cos e aves? Onde estão os protestos
_______________________________ contra a condição do Brasil de maior
_______________________________ exportador mundial de carne bovina
____________ . e de frango? Dias atrás, o governo da
Rússia anunciou que vai voltar a per-
Para mim, portanto, ____________ mitir a importação de carnes bovina,
_______________________________ suína e de frango de regiões do Brasil
_______________________________ onde havia suspeita de alguma doen-
_______________________________ ça. Foi uma excelente notícia para a
_______________________________ economia brasileira – e não se ouviu o
_______________________________ protesto dos defensores dos bois, por-
_______________________________ cos e galinhas.”
_______________________________
___________ . (André Petry, “Isso é que é racismo”.
Veja, 27 de abril de 2005, p. 93)
b) Contra-argumentação.
Leitura Crítica
Recurso argumentativo que con-
siste em citar o argumento do interlo- a) Posicionamento crítico
cutor de modo a desconstruí-lo e de-
sautorizá-lo. Não deve ser confundido Uma dissertação bem elaborada
com estratégia de agressão e/ou des- não deixa espaço para o senso comum
qualificação da imagem do interlocu- nem para o lugar-comum.
tor. No exemplo a seguir, André Petry Senso comum: reprodução de uma
procura, por meio da contra-argumen- ideia, consagrada pelo uso, porém,
tação, demonstrar que determinada sem base científica e/ou na realidade.
postura de defensores dos animais é Exemplos: Todo velho é sábio. (Será
antes uma atitude racista do que eco- mesmo? A idade concede sabedoria,
lógica. ou as experiências?); Toda criança é
inocente, ingênua. (Será mesmo? O
“Como racismo no Brasil é sempre que se entende por inocência? Estu-
coisa do vizinho (argentino ou não), dos de Psicologia e Psicanálise con-
os defensores dos animais que lutam testam essa tese em muitos pontos...
contra o rito das religiões africanas O que dizer do protagonista do filme
vão jurar de pés juntos que não são O Anjo Malvado?). Observação: mui-
racistas, que jamais quiseram dizer tas vezes, senso comum é utilizado

8 Enem e Vestibulares
também como sinônimo de consenso, Pena de morte no Brasil
sem a carga de alienação argumenta-
tiva atribuída acima. Prós: somada a outras medidas, a
Lugar-comum: expressões consa- pena de morte inibirá a criminalidade.
gradas pelo uso, que se tornaram des- t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFB-
gastadas. Exemplos: O Brasil tem uma lidade: para que a pena de morte re-
natureza exuberante./Vimos por meio almente contribua para a inibição/
desta (no caso de uma carta). diminuição da criminalidade, elencar
Ao contrário, uma argumentação medidas que a auxiliem nessa tarefa.
eficiente jamais negará os fatos, a re- t1FTRVJTBT FTUBUÓTUJDBTVNBWF[RVF
alidade. Ao tratar, por exemplo, de as- não se propõe para o Brasil o mesmo
sunto polêmico como o aborto, tanto modelo de países onde a pena de mor-
partidários pró ou contra essa prática, te termina por ser ineficaz, as pesquisas
em nome da lógica, não poderão dei- e estatísticas que procuram demons-
xar de admitir que: trar que essa medida é inócua ao com-
1) toda forma de aborto constitui- bate ao crime serão desautorizadas.
se numa experiência traumática para A fim de evitar injustiças, antes da im-
a mulher; plementação da pena de morte no Bra-
2) o embrião/feto, embora esteja li- sil (que poderá ser decidida por meio de
gado ao corpo da gestante, não é um plebiscito), o Estado deverá reaparelhar
simples apêndice da mãe, mas um in- os sistemas judiciário e penal.
divíduo em formação. t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFBMJ-
Contra fatos há argumentos? Quem dade: não se negam as deficiências
nunca viu, em livro ou filme, a clássi- dos sistemas judiciário e penitenciário
ca cena em que um par amoroso é brasileiros. Enquanto o primeiro carece
surpreendido e responde para o(a) de transparência e agilidade, o segun-
bisbilhoteiro(a): Não é nada do que do necessita de urgente reformulação,
você está pensando...? a fim de se tornar realmente correcio-
Argumentos camuflam, ainda, as nal, abandonado as características de
chamadas razões ideológicas. Você verdadeira universidade do crime.
acha que realmente existe, ou existiu, t1FTRVJTBT FTUBUÓTUJDBTEFNPOTUSBS
algum tipo de guerra santa? Ou todas a urgência na reforma dos sistemas ju-
elas (cruzadas católicas, movimentos diciário e penitenciário.
de expansão árabes/islâmicos para o A pena de morte, no Brasil, seria
Ocidente, deposição de Sadam Hus- aplicada apenas aos condenados que
sein pelo protestante Bush etc.) não cometerem crimes hediondos.
passam/passaram de justificativas t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFB-
para expandir territórios e mercados? lidade: verdadeira defesa parcial da
A fim de elaborar o posicionamen- pena de morte (apenas para crimes
to crítico de forma eficiente, é preciso hediondos); prevenção à possibilida-
arrolar argumentos e compreender de de injustiças (a pena de morte não
como pensa o oponente. Vejamos, a incidiria sobre crimes mais brandos).
esse respeito, alguns argumentos fa- Contras: nos países onde vigora, a
voráveis e contrários à implantação da pena de morte não diminuiu a inci-
pena de morte no Brasil. dência da criminalidade.

www.caseeditorial.com.br 9
t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFBMJ- as mulheres, enquanto motoristas, são
dade. mais prudentes do que os homens. Por
t1FTRVJTBT FTUBUÓTUJDBT essa razão, oferecem seguros a preços
Quando da execução de um conde- diferenciados para motoristas do sexo
nado, inexiste a possibilidade de rever feminino, as quais se envolvem em
o caso e sanar possíveis distorções/in- menos acidentes do que motoristas
justiças. do sexo masculino.
t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFBMJ- Argumentação baseada em pesqui-
dade: erros judiciários ocorrem e, no sas, estatísticas, verificações de ocor-
caso da pena de morte, são irrepará- rências etc.
veis.
t 1FTRVJTBT  FTUBUÓTUJDBT DPOTJEFSBS
quais as classes sociais de onde pro-
Dicas de sucesso
vém o maior número de condenados
Para a resolução das provas.
à pena de morte.
t -FS BUFOUBNFOUF PT FOVODJBEPT 
De certa forma, a pena de morte já
dividi-los e fazer marcações pessoais,
vigora no país, por meio da chama-
a fim de não se perder durante a lei-
da violência institucional, promovida
tura.
pela polícia, nas mais diversas esferas,
t &MBCPSBS  EF NBOFJSB TVDJOUB  VN
sem que isso diminua a criminalidade.
projeto de texto para a resposta/reda-
t 'BUPT DPODSFUPT F EBEPT EB SFBMJ-
ção.
dade: crítica ao sistema vigente, cor-
t&MBCPSBSVNSBTDVOIP
rupto e ineficiente. Nesse contexto,
t%FGJOJSPUFYUPGJOBM
a implementação da pena de morte
apenas legitimará a violência institu-
Lembre-se de:
cional.
t PSHBOJ[BS P UFYUP DPOGPSNF B FT-
trutura da dissertação.
b) Preconceito e desinformação tFMBCPSBSVNBFTUSBUÏHJBBSHVNFO-
versus Fatos tativa consistente.
t FTDSFWFS P RVF SFBMNFOUF BDSFEJ-
Conforme a sabedoria popular, con- ta, e não o que pensa que agradaria ao
tra fatos não há argumentos. Todavia, corretor.
baseadas no senso comum – cuja defini- tDJUBSBTGPOUFTDPSSFUBTEFFTUBUÓTUJ-
ção vimos acima – muitas informações cas, argumentos de autoridades etc.
são transmitidas, de geração a geração, t VUJMJ[BSTF EB OPSNB DVMUB EF MJO-
de maneira a cristalizar-se e a legitimar guagem.
crenças e preconceitos. Exemplo: tPSEFOBSBTJEFJBTEFGPSNBDPFSFO-
Senso comum (sem base científica): te e coesa.
Minha vizinha dirige mal. Logo, todas t QSPEV[JS VN UFYUP DSJBUJWP F FMF-
as mulheres dirigem mal. gante sem, contudo, deixar de abor-
Raciocínio indutivo falacioso. dar o tema proposto.
Base do preconceito (pré+conceito): tOÍPTFVUJMJ[BSEBQSJNFJSBQFTTPB
generalização. do singular.
Dados concretos da realidade: As Segundo a sabedoria popular (e os
companhias de seguros atestam que publicitários, profissionais liberais e

10 Enem e Vestibulares
do comércio), a propaganda é a alma Como nosso objetivo não é rir de
do negócio. Nesse contexto, uma das alguém, mas rir com alguém, vejamos
melhores maneiras de “vender” o seu juntos os absurdos abaixo, a fim de
texto é caprichar na utilização do títu- evitá-los em nossos textos e nos de
lo e da epígrafe (citação logo abaixo nossos alunos. Boas gargalhadas!
do título, no canto esquerdo da pági-
na, relacionada ao tema a ser desen- Fragmento: Sobrevivência de um
volvido). A esse respeito, leia os frag- aborto vivo (título).
mentos abaixo: Problemas de elaboração de texto:
Título – é a carteira de identidade Incoerência externa (aborto X vivo/so-
do texto. Assim como na cédula de brevivência).
identidade cabem dados sobre sua Fragmento: O Brasil é um país abas-
identificação, foto e assinatura, no tí- tardo com um futuro promissório.
tulo devem aparecer de forma conci- Problemas de elaboração de texto:
sa à ideia central do texto. De forma Vocabulário: abastado X abastardo;
sedutora, naturalmente. Dessa forma, promissor X promissório.
use com equilíbrio trocadilhos e recur- Fragmento: O maior matrimônio do
sos poéticos os mais variados. Títulos país é a Educação.
genéricos como “As eleições no Brasil”, Problemas de elaboração de texto:
além de não serem atraentes, não de- Vocabulário: patrimônio X matrimô-
limitam o tema. Vale a pena “praticar” nio.
títulos, mesmo quando o modelo de Fragmento: Precisamos tirar as fen-
prova que você fará não o exigir. das dos olhos para enxergar com cla-
Epígrafe – que eu saiba, nenhuma reza o número de famigerados que
prova de Redação a exige. No entanto, almenta (sic).
atribui elegância intelectual ao texto. Problemas de elaboração de texto:
Prefira versos da MPB ou de poemas, Vocabulário: fendas X vendas; famin-
trocadilhos bem feitos, provérbios e tos X famigerados. Ortografia: almen-
citações que não pertençam ao senso ta X aumenta.
comum etc. Em tempo: não se esque- Fragmento: Os analfabetos nunca
ça das aspas e da referência ao autor tiveram chance de voltar à escola.
(Carlos Drummond de Andrade, Pro- Problemas de elaboração de texto:
vérbio popular nordestino etc.) Incoerência externa: analfabetos X es-
cola/escolarização.
Rir para não chorar Fragmento: O bem star (sic) dos
abtantes endependente (sic) de roça,
Segundo Jean de Santeuil, poeta religião, sexo e vegetarianos, está pre-
neolatino (1630-1687), castigat riden- ocudan-do-nos.
do mores [(A sátira), rindo, corrige Problemas de elaboração de tex-
os costumes]. Os exemplos a seguir, to: Ortografia: bem star X bem-estar;
excertos das provas de Redação da abtantes X habitantes; endependente
UFRJ-2000, ao mesmo tempo em que X independente; preocudan-do-nos.
divertem, são trágicos, pois refletem o Precisão vocabular: roça X raça; en-
depauperamento dos sistemas educa- dependente (adjetivo) independen-
cionais público e privado no Brasil. temente (advérbio). Flexões verbal

www.caseeditorial.com.br 11
e pronominal: preocudan-do-nos X apoio fragmentos do artigo “Políticas
preocupando-nos. Incoerência inter- do Corpo”, do escritor e frade domini-
na: roça (raça)/religião/sexo X vegeta- cano Frei Betto (Carlos Alberto Libânio
rianos. Christo, 1944-), e um trecho da repor-
Fragmento: É preciso melhorar as tagem “Corpos à Venda”, assinada por
indiferenças sociais e promover o sa- Ana Paula Buchalla e Karina Pastore.
neamento de muitas pessoas.
Problemas de elaboração de texto: Políticas do Corpo
Precisão vocabular: indiferenças so-
ciais X diferenças sociais; saneamento
(...) Uma pessoa é o seu corpo. Vive
X bem-estar/cidadania (?).
ao nutri-lo e faz dele expressão do
Fragmento: Também preoculpa (sic)
amor, gerando novos corpos. Morto o
o avanço regesssivo da violência.
corpo, desaparece a pessoa. Contudo
Problemas de elaboração de texto:
chegamos ao século XXI e ao terceiro
Ortografia: preoculpa X preocupa. In-
milênio num mundo dominado pela
coerência externa e interna: avanço X
cultura necrófila da glamourização de
regressivo.
corpos aquinhoados pela fama e ri-
Fragmento: Segundo Darcy Gonçal-
queza e pela exclusão de corpos con-
ves (Darcy Ribeiro) e o juiz Nicolau de
denados pela pobreza ou marcados
Melo Neto (Nicolau dos Santos Neto).
por características que não coincidem
Problemas de elaboração de texto:
com os modelos do poder.
Incoerência externa (na tentativa de
(...) Os premiados pela loteria bioló-
utilizar-se do argumento de autorida-
gica, nascidos em famílias que podem
de): Darcy/Dercy Gonçalves X Darcy
se dar ao luxo de come menos para
Ribeiro; Nicolau de Melo Neto/João Ca-
não engordar, são indiferentes aos fa-
bral de Melo Neto X Nicolau dos Santos
mintos ou dedicam-se a iniciativas ca-
Neto. Incoerência interna (na tentativa
ridosas, com a devida cautela de não
de utilizar-se do argumento de autori-
questionar as causas da pobreza.
dade): o que haveria de comum entre o
Clonam-se corpos, mas não a justi-
juiz Lalau e Darcy Ribeiro?
ça. (...) Açougues virtuais, as bancas de
Fragmento: E o presidente onde
revistas exaltam a exuberância erótica
está? Certamente em sua cadeira, fu-
de corpos, sem que haja igual espaço
mando baseado e conversando com o
para ideias, valores, subjetividades,
presidente dos EUA.
espiritualidades e utopias. Menos li-
Problemas de elaboração de texto:
vrarias, mais academias de ginástica.
Senso comum: o trecho indica indigna-
Morremos todos esbeltos e saudáveis;
ção, e não análise crítica. Oralidade: “em
o cadáver, impávido colosso, sem uma
sua cadeira”; “fumando um baseado”.
celulite.
(...) Na prática de Jesus, a justiça
Tema de redação, abordagem da encontra sua expressão mais bela na
proposta e modelo de projeto saúde dos corpos e na comensalidade,
de texto. (UNIFESP/2003) que faz da mesa comunhão entre pes-
soas. A ponto de Cristo tornar a parti-
Instrução: Sua redação deverá ser lha do pão e do vinho, da bebida e da
realizada, tendo-se como textos de comida, sacramento de sua presença

12 Enem e Vestibulares
entre nós e em nós. E nos ensinar a categoria. Desde 1994, quando entrou
oração “Pai nosso/pão nosso”. Se o pão em cena o Plano Real, que estabilizou
é só meu, como o Pai pode ser nosso? a economia e ampliou o poder de con-
A política das nações pode ser jus- sumo, fazer plástica integra o rol de
tamente avaliada pela maneira como aspirações possíveis da classe média.
a economia lida com a concretude dos (...)
(Veja São Paulo, 06/3/2002)
corpos, sem exceção. Um país, como o
Brasil, que segrega corpos condenan-
do-os ao desemprego e à miséria, em Com base nos textos apresentados,
nome da estabilidade da moeda e das e procurando revelar seu ponto de
imposições do FMI, ainda está longe vista sobre o assunto, realize uma re-
do portal da civilização. (...) dação, em forma dissertativa, sobre o
(Frei Betto. Folha de S. Paulo. Tendências/Debates, 13/02/2000)
tema: A realidade do ser e do parecer,
no brasil.
Corpos à venda
Modelo de elaboração
Movidos pelo desejo legítimo de de projeto de texto
ter uma aparência melhor, milhares
de brasileiros recorrem à cirurgia plás- Tema: A realidade do ser e do pare-
tica como quem vai às compras. Para cer, no Brasil.
tudo, no entanto, há limite. “Formas Tese: Numa sociedade cada vez
perfeitas ao alcance de todos.” Tenha mais narcísica, cujos comportamen-
um corpo irresistível.” “Beleza, harmo- tos, em grande parte, se pautam pela
nia, sensibilidade... Conceitos ligados reprodução de valores veiculados pela
à arte, manejados por quem entende mídia, a obsessão pela aparência física
do que faz.” As frases entre aspas que produz distorções na relação do indi-
você acabou de ler parecem tiradas de víduo com o seu corpo. No caso brasi-
propagandas de academia de ginásti- leiro, tais distorções se acentuam, uma
ca, de comida light ou até de loja de vez que grande parcela da população
decoração. São, na verdade, anúncios não se alimenta adequadamente en-
de clínicas de cirurgia plástica, veicu- quanto indivíduos pertencentes às
lados em revistas especializadas no classes com alto poder aquisitivo, em
ramo, como Plástica & Beleza e Corpo busca do chamado corpo perfeito, ou
& Plástica. Essa é uma das faces da po- se submetem a dietas que desconsi-
pularização das operações estéticas deram as quantidades mínimas para o
no país. Para se ter uma ideia, só no bom funcionamento do organismo, ou
ano passado 350.000 brasileiros saí- investem grande soma de dinheiro em
ram na faca para ficar mais bonitos. cirurgias plásticas, tratamentos estéti-
Ou seja, em cada grupo de 100.000 cos ou produtos que visem a compen-
habitantes, 207 foram operados. Os sar os efeitos produzidos pelo excesso
Estados Unidos, tradicionais líderes do de alimentação.
ranking em números absolutos, regis- Argumento 1: A busca incansável
traram no mesmo período 185 opera- pela reprodução no próprio corpo de
dos por 100.000. Isso significa que o padrões de beleza praticamente ina-
Brasil se tornou campeão mundial da cessíveis a todos evidencia:

www.caseeditorial.com.br 13
t %FTFRVJMÓCSJP FNPDJPOBM WJEF Vide, ainda, a classe média brasilei-
agressões ao organismo por meio de ra e o início do Plano Real.
programas de alimentação deficientes Conclusão: Necessidade de o ho-
e nocivos) e carência afetiva (o indiví- mem equilibrar-se (vide holismo: cor-
duo é aceito por determinados grupos po/mente/espírito). Beleza e saúde a
sociais apenas se o seu corpo traduzir serviço do bem-estar, e não do exibi-
medidas estabelecidas em telenove- cionismo. Resgate da solidariedade, já
las, revistas, filmes etc); que, respeitar o corpo significa respei-
t"USPGJBEBBGFUJWJEBEFFEBBUJWJEB- tar o aspecto externo e visível do ser.
de intelectual – vide, respectivamente, Nesse contexto,
a corpolatria e declarações de Paula tDPOTJEFSBSRVFTFHSFHBSPDPSQPÏ
Lavigne, produtora artística e ex-es- segregar também a alma/o indivíduo
posa de Caetano Veloso: segundo ela, por inteiro.
quando viaja pelo mundo, deixa de t WJEF B JNQPSUÉODJB EF BÎÜFT DP-
ir a museus para dedicar-se à ginásti- munitárias e/ou governamentais res-
ca nas academias dos hotéis onde se ponsáveis pela distribuição de renda e
hospeda. Vide ainda, a receptividade poder (citar, com crítica fundamenta-
(ou não) da novela Metamorphoses, da e “ligeira”, o Programa Fome Zero,
exibida pela TV Record em 2004. Cf. o do Governo Federal).
distanciamento dos ideais humanísti- Lembrete: Evocar o célebre texto de
cos, que marcaram civilizações antigas Betinho (anos 90), segundo o qual, a
(vide Grécia) e a História Moderna (Re- partir da Campanha Contra a Fome e
nascimento). pela Cidadania, seus dias começavam
Argumento 2: A classe média bra- pelo “pão nosso”, e não pelo “Pai Nosso”.
sileira, numa imitação incessante do
comportamento norte-americano,
t$POTFHVFTVQFSBSBDJGSBBOVBMEF Falácia
cirurgias plásticas praticadas nos EUA,
a despeito das evidentes disparidades A partir do site lusitano http://www.
sociais em relação à renda do cidadão animalfreedom.org/portuguese/opi-
médio norte-americano; niao/argumentos/tipos_argumentos_
t3FQSPEV[OPQBÓTBiMØHJDBJMØHJDBw falaciosos.html, observe-se como os
da dieta do norte-americano médio, argumentos falaciosos se cristalizam
rica em calorias e carboidratos que de- e passam a representar “verdades” em
verão ser gastos em atividades físicas nosso cotidiano, de modo a impedir o
desgastantes ou em cirurgias de repa- diálogo, o confronto de ideias:
ração (a respeito da dieta, vide o hábi- Alguns argumentos são usados fre-
to dos norte-americanos de consumir quentemente, mas são inválidos. O
ovos com bacon no café da manhã). uso destes argumentos - chamados
Some-se ao quadro de aberrações falaciosos - é feito tanto pelos que são
alimentares no Brasil o caso dos que a favor como pelos que são contra. Co-
passam fome para atingir níveis míni- locamos estes argumentos em tópicos
mos de massa na balança em oposição e apresentamos o contra-argumento
àqueles que, por motivos socioeconô- entre parênteses para que a discussão
micos, não se alimentam dignamente. seja clara e honesta.

14 Enem e Vestibulares
Há vários tipos de argumentos fala- tos significa que os animais têm de ser
ciosos: tratados como se fossem pessoas (Ten-
t/ÍPWBMFBQFOBGB[FSBMHP QPSRVF tativa de distorcer os argumentos);
ninguém vai cooperar (Raciocínio cir- t5PEB B HFOUF DPN KVÓ[P TBCF RVF
cular); não faz mal usar os animais (Tentativa
t4ØFTQFSPRVFWPDÐQSØQSJPOVODB de invertir o ónus da prova);
se encontre nessa situação (Apelo ao
poder);
t 4F B TVB BDÎÍP UJWFS TVDFTTP  BDB-
Leitura
bamos todos por ter de pagar as con- Observe, neste texto que circula no
sequências (Apelo às consequências); mundo virtual, conceitos como lugar-
t ² VNB UPMJDF QSFPDVQBSOPT DPN comum, senso comum e contra-argu-
estes casos, porque noutros casos a si- mentação. Veja, ainda, como a definição
tuação ainda é pior (Apelo a argumen- de amor se dá pela não-definição, isto
tos não-próprios); é, pela desconstrução de conceitos.
t $MBSP RVF PT TFSFT IVNBOPT QP-
dem fazer o que fazem aos animais O amor é outra coisa
porque são mais inteligentes (Apelo à
ignorância); O amor não te faz arder em chamas.
t 1PTTP BQSFTFOUBS FYFNQMPT EF O nome disso é combustão instantâ-
ações) que custaram a vida a animais, nea. Amor é outra coisa.
mas que salvaram muitas vidas huma- O amor não faz brotar uma nova
nas (Falácia de indução e generaliza- pessoa dentro de você. O nome disso
ção ilícita); é gravidez. O amor é outra coisa.
t7PDÐEJ[RVFÏBGBWPSEPTBOJNBJT  O amor não te deixa completamen-
mas também se aproveita deles (Ata- te feliz. O nome disso é Prozac. Amor é
que pessoal como argumento); outra coisa.
t &V FTUVEP CJPMPHJB NÏEJDB F QPS O amor não te deixa saltitante. O
isso sei porque razão as experiências nome disso é Pogobol. O amor é outra
com animais são necessárias (Apelo à coisa.
autoridade); O amor não te faz acreditar em fal-
t 0T BOJNBJT OÍP TF JNQPSUBN EF sas promessas. O nome disso é campa-
serem usados, porque você não pode nha eleitoral. O amor é outra coisa.
provar que se importam (Apelo à ig- O amor não te faz esquecer de tudo.
norância); O nome disso é amnésia. Amor é outra
t5FNPTVTBEPTFNQSFBOJNBJTFUF- coisa.
mos alcançado muitos sucessos (Ape- O amor não te faz perder a articula-
lo a uma relação não provada); ção das palavras de repente. O nome
t " NBJPS QBSUF EBT QFTTPBT BDIB disso é AVC. O amor é outra coisa.
muito natural usarem-se animais (Ape- O amor não te faz sentir borboletas
lo à multidão); no estômago. O nome disso é fome. O
t 4F EFJYBSNPT EF QPEFS VTBS BOJ- amor é outra coisa.
mais, cai muita gente no desemprego O amor não te deixa completamen-
(Apelo à misericórdia); te imóvel. O nome disso é trânsito de
t$PODFEFSRVFPTBOJNBJTUÐNEJSFJ- São Paulo. O amor é outra coisa.

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O amor não te deixa molinho e ma- O amor não faz o coração bater
nhoso. O nome disso é Rivotril. O amor mais rápido. O nome disso é arritmia.
é outra coisa. O amor é outra coisa.
O amor não te deixa temporaria- O amor não faz você dar suspiros. O
mente cego. O nome disso é spray de nome disso é dia de Cosme e Damião.
pimenta. O amor é outra coisa. O amor é outra coisa.
O amor não faz seu mundo girar O amor não te faz ver tudo com ou-
sem parar. O nome disso é labirintite. tros olhos. O nome disso é transplante.
O amor é outra coisa. O amor é outra coisa.
O amor não te deixa sem chão, o nome (Adaptação de texto coletado por Jacqueline Marques)

disse é cratera. O amor é outra coisa.


O amor não te deixa quente e te
leva pra cama. O nome disso é den-
Temas sem coletânea
gue. O amor é outra coisa.
Alguns vestibulares costumam tra-
O amor não retribui suas declara-
zer no enunciado da prova de Redação
ções. O nome disso é restituição de im-
máximas ou citações. A partir disso, o
posto de renda. O amor é outra coisa.
candidato deve identificar o assunto e
O amor não leva teu café da ma-
delimitar o tema, para então elaborar
nhã na cama e ainda dá na boquinha.
o projeto de texto e a própria reda-
O nome disso é enfermeira. O amor é
ção. Parece uma prova difícil, porém,
outra coisa.
quando bem orientado e preparado, o
O amor não te faz olhar pro céu e
vestibulando obtém bons resultados,
ver tudo colorido. O nome disso é
já que constrói sua tese, expõe/argu-
queima de fogos de artifício. O amor
menta e a ilustra com exemplos/fatos
é outra coisa.
que “traduzem” o (s) tema (s) contido
O amor não te faz ficar simpático e
(s) na proposta. Geralmente, nas máxi-
amoroso de repente. O nome disso é
mas ou citações propostas o candida-
Natal. O amor é outra coisa.
to encontrará o assunto, e não o tema.
O amor não te liberta. O nome disso
Qual a diferença básica? De forma su-
é alvará de soltura. Amor é outra coisa.
cinta, o assunto é o mais abrangente
O amor não te deixa à mercê da
(relacionamentos), enquanto o tema
vontade alheia. O nome disso é Boa-
é mais específico, particularizado (re-
noite, Cinderela. O amor é outra coisa.
lacionamentos amorosos; relaciona-
O amor não é aquela coisa brega,
mentos familiares etc.)
mas que te remexe todo. O nome disso
é Banda Calypso. O amor é outra coisa.
O amor não te dá a chance de mu- Temas com coletânea
dar o que está diante de você. O nome
disso é controle remoto. O amor é ou- Esteja atento (a) para, a partir da
tra coisa. coletânea, delimitar o tema. Lugar co-
O amor não tira suas defesas. O nome muníssimo: as aparências enganam.
disso é HIV. O amor é outra coisa. Lembro-me de um simulado muito
O amor não te pega desprevenido e bem elaborado por alguns colegas
te impulsiona para frente. O nome dis- cujo assunto era a morte, com coletâ-
so é topada. O amor é outra coisa. nea composta por quatro textos: dois

16 Enem e Vestibulares
excertos jornalísticos escritos por au- população (“Oitenta e cinco por cento
tores ocidentais, um fragmento de po- da população brasileira preferem des-
ema de Álvares de Azevedo e a análise cansar em casa nos feriados"). Núme-
de um ideograma do I Ching. A maio- ro arbitrário, não? No exemplo acima,
ria dos candidatos desconsiderou o os candidatos hipotéticos deveriam
último texto, entretanto era de funda- ter sido mais específicos, restringindo
mental importância contrapor as lei- o grupo de que trata, conforme, por
turas da morte elaboradas no Oriente exemplo, a classe social e/ou a faixa
e no Ocidente. Ademais, observando etária.
atentamente, os candidatos percebe-
riam que, num universo de três textos
ocidentais, o ideograma e sua leitura/
Carta Argumentativa
interpretação ocupam lugar de desta-
Ao optar pela carta argumentativa,
que, e não o contrário.
utilize-se dos recursos próprios a essa
tipologia textual (data, formatação,
Argumento de uso das iniciais para assinar a carta
etc.). Atente ainda para a presença do
autoridade interlocutor: bons textos são zerados
porque seus autores se referem aos
Citar autoridades no assunto/tema destinatários apenas no início da es-
desenvolvido confere a seu texto mais trutura da carta, o que, segundo os
credibilidade, além de demonstrar que avaliadores, parece mais um texto ar-
você realmente conhece o assunto/ gumentativo “comum” acrescido de
tema e o aborda criticamente. Quan- local, data e iniciais do remetente do
do, por exemplo, você trata da repres- que uma carta propriamente dita. Nos
são a que se submete a criança e, por exercícios, informe-se a respeito do (s)
esse motivo, cita José Ângelo Gaiarsa, destinatário (s) da (s) carta (s), a fim de
seu texto se fortalece. Nesse sentido, empregar os pronomes de tratamento
confirma-se para o leitor que o texto adequados e não deslizar em impreci-
não se baseia apenas em impressões. sões de dados, informações, caracte-
Atenção, contudo, para não fazer ci- rísticas etc.
tações aleatórias, equivocadas ou pe-
dantes. Também não permita que a ci-
tação de Freud ou Vinicius de Moraes Pele
obscureça seus argumentos, os quais,
ao contrário, devem se robustecer. Para dar maior verossimilhança a
sua carta argumentativa – e já que
você não deve assiná-la –, você pode
Estatísticas utilizar-se de uma personagem direta-
mente ligada ao tema da carta e a seu
Ao utilizar estatísticas, procure citar interlocutor. Caso não se sinta segu-
as fontes. Além disso, nada de estatís- ro para esse exercício, basta escrever
ticas generalizantes. Exemplo: candi- como candidato/cidadão. Que a pro-
datos que sustentam que “a maioria va de Redação não lhe cause crise de
dos brasileiros” corresponde a 85% da identidade...

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Texto Narrativo ção a extensão dos enunciados de
questões dissertativas e mesmo de
múltipla escolha? Pois é, ler de forma
Prime pela criatividade, sem, con-
atenta o enunciado, dividi-lo em par-
tudo, sentir-se pressionado a ter a
tes para entender realmente o que se
performance de um contista ou escri-
pede é de fundamental importância
tor de best-seller. Converse bastante
para a elaboração correta da respos-
com os professores de Língua, Lite-
ta. Na verdade, trata-se de um exer-
ratura e Redação, pois ser um ótimo
cício de leitura como outro qualquer.
e apaixonado leitor de textos narra-
Entretanto, movido pela pressa ou
tivos não significa necessariamente
ansiedade, o candidato comete erros
tirar nota máxima nessa modalidade
óbvios, os quais, aliás, o deixam mais
textual solicitada por alguns vestibu-
indignado do que nunca (Pô, profes-
lares. É preciso entender bem o que
sor, errar de bobeira é fogo. Se ainda
a banca examinadora solicita e sa-
fosse um erro grave...). Esteja atento
ber aliar técnica e talento, como, ali-
(a) e rascunhe o caderno de questões
ás, você certamente fará nas demais
à vontade. Em sala de aula ou no es-
provas. Leia, portanto, os enunciados
tudo em grupo, peça ao professor/
de provas de anos anteriores, a fim
monitor que esmiúce a questão. As-
de não confundir conceitos literários
sim, você terá mais segurança para in-
de criatividade com o conceito esco-
terpretar as perguntas de uma prova.
lar de criatividade, este último (infe-
Em vestibulares bem estruturados, as
lizmente?) solicitado nos vestibula-
questões são realmente complexas, o
res. De certa forma, optar pelo texto
que não significa que sejam necessa-
narrativo num vestibular significa ser
riamente difíceis. Ou, pior ainda, um
criativo dentro de certos limites, isto
enigma proposto por uma esfinge
é, encarar a possibilidade de ser ple-
(Decifra-me ou devoro-te!).
namente circular dentro de um... qua-
drado...
Organização
Leitura dos das respostas
enunciados
A resposta às questões dissertativas
é uma pequena redação. Portanto, use
Já percebeu que numa aula ou cor-
o seguinte esquema:
reção de exercícios, os professores
costumam gastar mais tempo expli-
a) use para rascunho o espaço em
cando o enunciado de uma questão
branco disponível;
do que a resposta propriamente dita?
Lembra-se de quando era garotinho b) leia atentamente as questões;
(a) e, num problema de Matemática, c) reflita sobre as respostas;
mesmo conhecendo todas as “con- d) esquematize as respostas;
tinhas”, você errava porque dividia
amigos por chocolate, e não chocola- e) redija o rascunho/refaça o texto;
te por amigos? Observou com aten- f ) passe a limpo.

18 Enem e Vestibulares
Pensar, escrever
A leitura e sua reflexão são indispensáveis para
a compreensão da composição da redação

Texto Dissertativo: Tese


apresentação e/ou Ideia a ser apresentada (dissertação
defesa de ideias expositiva) ou defendida (dissertação
argumentativa).
Grosso modo, o texto dissertativo
divide-se em três etapas: Alguns tipos de tese
t *OUSPEVÎÍP POEF TF BQSFTFOUB B
tese a ser defendida); Cena descritiva
t%FTFOWPMWJNFOUP FTQBÎPQPSFY-
celência para o arrolamento de argu- Crianças acendem cachimbos de
mentos); crack. Adultos embriagados urinam
t$PODMVTÍP FODFSSBNFOUPEPUFYUP em postes e sacos de lixo. Uma mãe
em consonância com a tese defendida oferece frutas rejeitadas a seus filhos. Ao esquematizar o
desenvolvimento,
por meio dos argumentos arrolados). Policiais passam indiferentes. Um mo- registre todas as
suas ideias. Depois
rador abre a janela do segundo andar ordene-as e selecio-
ne as melhores para
Texto expositivo: livros didáticos, de um prédio comercial e grita maldi- então transformar
as palavras em
verbetes de dicionários, relatórios etc. ções contra todos. Com algumas varia- frases dando forma
Texto argumentativo: editorial, re- ções, é o retrato dos chamados centros à redação.

senha crítica, cartas de leitores etc. velhos dos grandes centros urbanos.

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Frase declarativa ou afirmação engloba não apenas o conteúdo (aspec-
to ético), mas também a forma (aspecto
O Teatro cada vez mais seleciona estético), do que é enunciado, de modo
seu público, com apresentações em a propor uma pluralidade de leituras.
espaços inusitados ou com propostas
de aproveitamento de espaço diferen- Linguagem figurada
ciadas nos palcos mais tradicionais.
Tais soluções, embora abertas a todos, O livro é uma garrafa jogada ao mar
acabam por atrair espectadores/parti- com um bilhete dentro, com a van-
cipantes mais críticos que aqueles que tagem de que, quem o encontra nas
vão a espetáculos estreados apenas praias da leitura ou mesmo nas ilhas
por atores televisivos. de consumo poderá facilmente iden-
tificar e localizar seu autor, ainda que
Frases ou expressões nominais este se encontre em mares nunca dan-
tes navegados pelo leitor.
Longas filas. Atrasos. Excesso de
trabalho dos funcionários. Greves. Al- Ideias contrastantes ou ponto de
tas taxas. Tal é o retrato do sistema vista oposto
bancário brasileiro.
Incongruências do sistema demo-
Citação textual crático: de um lado, congressistas au-
mentam seus salários e verbas de ga-
“Não sabendo que era impossível, binete; de outro, o salário mínimo mal
ele foi lá e fez.” Jean Cocteau, escritor consegue suprir a alimentação de uma
francês. Para Cocteau, os limites são família com quatro pessoas.
criações do próprio homem.
Comparação (semelhança ou opo-
Citação comentada sição)

O escritor francês Jean Cocteau afir- A democratização da informação


ma que, por não saber da impossibilida- via internet pode mascarar a falta de
de de realizar algo, alguém vai lá e faz, senso crítico: enquanto na geração de
o que demonstra que, na realidade, os nossos pais o aluno acomodado co-
limites são criações do próprio homem. piava informações das enciclopédias,
hoje, o aluno “copião” o faz diretamen-
Pergunta/sequência de perguntas te da Wikipédia.

Seria possível vivenciar o impossí- Contestação ou confirmação de


vel? Quais os limites de nossas ações? uma citação
Até que ponto sonhos podem tornar-
se realidade? A literatura é um vício solitário, reza
o senso comum. Entretanto, cada vez
Definição mais pessoas se aproximam de outras
motivadas pelo livro, seja em pontos
A Literatura é a arte da palavra, a qual de ônibus ou grupos de leitura orga-

20 Enem e Vestibulares
nizados em bibliotecas, comunidades mental. No município do Guarujá, no
religiosas e outros. litoral paulista, o número de jovens
nessas condições é de 16.000. Vale di-
Hipótese zer, cada edição do ProJovem Urbano
no Guarujá contempla 5% desse total.
O problema da violência nos gran- Essa parcela expressiva de jovens sem
des urbanos decorre da má distribui- formação escolar básica não deman-
ção de renda e da ausência de políti- daria outras ações emergenciais espe-
cas públicas eficazes. cíficas para aquele município?

Narração
Coesão
Marcelo saiu de casa no domingo
Modo como se organizam os ele-
pela manhã para assistir a um jogo
mentos de ligação de ideias (orações
decisivo de futebol. Não sabia, po-
e parágrafos) e como se dá a estrutu-
rém, que seria vítima de uma briga de
ração de apoio ao texto dissertativo
torcidas que acabaria por definir seu
(concatenação de ideias de modo a
futuro. Em virtude de ações covardes
privilegiar a clareza e a objetividade).
como esta, muitos torcedores têm op-
Os elementos de coesão são di-
tado por não frequentar estádios, ao
versos, como pronomes, conjunções,
menos em dia de decisões, clássicos
sinônimos etc. A fim de recordar a
ou jogos de muita rivalidade entre ti-
importância da “consciência sintáti-
mes e torcidas.
ca” (não necessariamente da nomen-
clatura e/ou da classificação), seguem
Estatística
abaixo exemplos com orações subor-
dinadas com conjunções diversas e/
O ProJovem Urbano, programa do
ou o pronome relativo "que" (caso das
Governo Federal, a cada edição, con-
adjetivas).
templa 800 jovens de 18 a 29 anos que
ainda não concluíram o ensino funda-
mental. No município do Guarujá, no Substantivas
litoral paulista, o número de jovens
nessas condições é de 16.000. Vale di- Oração Subjetiva
zer, cada edição do ProJovem Urbano Exemplo: É necessário que você ve-
no Guarujá contempla 5% desse total, nha.
o que, certamente, demanda outras Tira-Teimas: É necessária sua vinda.
ações emergenciais específicas para (Sujeito)
aquele município. Oração Objetiva direta
Exemplo: Descobrimos que ele
Mista mente.
Tira-Teimas: Descobrimos sua men-
O ProJovem Urbano, programa do tira. (Objeto direto)
Governo Federal, a cada edição, con- Objetiva indireta
templa 800 jovens de 18 a 29 anos que Exemplo: Necessitamos de que ela
ainda não concluíram o ensino funda- se compadeça.

www.caseeditorial.com.br 21
Tira-Teimas: Necessitamos de sua Comparativa
compaixão. (Objeto indireto) Conjunções subordinativas: do que,
Predicativa quanto
Exemplo: A alegria é que importa. Exemplo: Ela fala quanto sabe.
Tira-Teimas: A alegria é importante. Tira-Teimas: Ela fala tanto quanto
(Predicativo do sujeito) sua sabedoria (seu conhecimento).
Completiva nominal (Adjunto adverbial de comparação)
Exemplo: Tenho necessidade de Concessiva
que ele me empreste dinheiro. Conjunções subordinativas: ainda
Tira-Teimas: Tenho necessidade de que, embora
seu empréstimo de dinheiro. (Comple- Exemplo: Embora seja linda, não
mento nominal) tem pretendentes.
Apositiva Tira-Teimas: Mesmo linda, não tem
Exemplo: Soube mais tarde: o caso pretendentes. (Adjunto adverbial de
estava encerrado. concessão)
Tira-Teimas: Soube mais tarde: caso Condicional
encerrado. (Aposto) Conjunções subordinativas: se, caso,
desde que
Adjetivas Exemplo: Caso ela o perdoe, ele vol-
tará.
Restritiva Tira-Teimas: Com o perdão dela, ele
Exemplo: Empresta sempre o livro voltará. (Adjunto adverbial de condi-
aos amigos que têm interesse. (o livro ção)
é emprestado somente aos amigos in- Conformativa
teressados) Conjunções subordinativas: como,
Tira-Teimas: Empresta sempre o livro conforme
aos amigos interessados. (Adjetivo) Exemplo: Ela age como foi instruí-
Explicativa da.
Exemplo: Empresta sempre o livro Tira-Teimas: Ela age conforme ins-
aos amigos, que têm interesse. (o livro truções. (Adjunto adverbial de confor-
é emprestado aos amigos em geral, os midade)
quais são interessados no mesmo) Consecutiva
Tira-Teimas: Empresta sempre o livro Conjunções subordinativas: tal, ta-
aos amigos interessados. (Adjetivo) manho, tanto, tão - que
Exemplo: Tanto chora que conse-
Adverbiais gue o que deseja.
Tira-Teimas: não é possível
Causal Final
Conjunções subordinativas: por- Conjunções subordinativas: a fim de
que, visto que, como que, para que
Exemplo: Dormiu porque estava Exemplo: Enviou o texto para que
cansado. fosse avaliado.
Tira-Teimas: Dormiu de cansado Tira-Teimas: Enviou o texto para
(em virtude do cansaço). (Adjunto ad- avaliação. (Adjunto adverbial de fina-
verbial de causa) lidade)

22 Enem e Vestibulares
Proporcional professores, monitores, grupos de es-
Conjunções subordinativas: à medi- tudos etc. Lembrando: quatro passos
da que, à proporção que para a resolução de provas discursivas
Exemplo: À medida que chora, con- (redações, questões específicas, ques-
segue o que deseja. tões interdisciplinares etc.):
Tira-Teimas: não é possível 1. Ler atentamente os enunciados,
Temporal dividi-los e fazer marcações pessoais,
Conjunções subordinativas: logo a fim de não se perder durante a lei-
que, mal, quando tura.
Exemplo: Chegarei quando amanhe- 2. Elaborar, de maneira sucinta, um
cer. projeto de texto para a resposta/reda-
Tira-Teimas: Chegarei de manhã. ção.
(Adjunto adverbial de tempo) 3. Elaborar um rascunho.
4. Definir o texto final.
Nem sempre é possível elaborar o
tira-teima com substituição adequa- Proposta 1 – ENEM 2009
da. Naturalmente, isso não invalida a
substância e a classificação de uma Com base na leitura dos textos mo-
oração subordinada, conforme a fun- tivadores seguintes e nos conheci-
ção por ela exercida. mentos construidos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-
argumentativo em norma culta escrita
Coerência da língua portuguesa sobre o tema O
indivíduo frente à ética nacional, apre-
De modo geral, é a consistência da
sentando proposta de ação social, que
estrutura argumentativa do texto, de
respeite os direitos humanos. Selecio-
modo a evitar contradições internas
ne, organize e relacione coerentemen-
(entre orações e parágrafos), exter-
te argumentos e fatos para defesa de
nas (leitura de mundo, veracidade dos
seu ponto de vista.
dados), bem como o nonsense. Exem-
plos:
Os quatro trompetistas são três:
Marcos e Lúcio. (incoerência interna)
Sexta-feira Santa é o dia em que se
celebra o enforcamento de Jesus. (in-
coerência externa).
Ambos os exemplos beiram o non-
sense.

Leitura de propostas
A partir da leitura das propostas de
redação a seguir, bem como de seus
comentários, elabore projetos de tex-
Imagem Milôr Fernandes disponível em www2.uol.com.br/milor.
tos e redações, apresentando-os a seus Acesso em 14/07/2009

www.caseeditorial.com.br 23
Andamos demais acomodados, todo Desenvolva seu texto em prosa: não
mundo reclamando em voz baixa como redija narração, nem poema.
se fosse errado indignar-se. O texto com até 7 (sete) linhas es-
Sem ufanismo, porque dele estou critas será considerado texto em bran-
cansada, sem dizer que este é um país co. O texto deve ter, no máximo, 30
rico, de gente boa e cordata, com natu- linhas.
reza (a que sobrou) belíssima e gene- O rascunho da redação deve ser fei-
rosa, sem fantasiar nem botar óculos to no espaço apropriado.
cor-de-rosa, que o momento não per-
mite, eu me pergunto o que anda acon- Comentários
tecendo com a gente.
Tenho medo disso que nos tornamos Eis um tema propício para o candi-
ou em que estamos nos transformando, dato se enredar no senso comum do
achando bonita a ignorância eloquente, tipo “políticos são todos iguais”, “as
engraçado o cinismo bem-vestido, inte- coisas são assim mesmo” etc.
ressante o banditismo arrojado, normal É possível estabelecer paralelos
o abismo em cuja beira nos equilibra- entre o individual e o coletivo, assim
mos - não malabaristas, mas palhaços. como entre os anos 70 e 80 (grosso
LUFT, L. Ponto de vista Veja. Ed. 1988, 27 dez, 2006 (adaptado). modo, mais “politizados”) e os anos 90
(mais conhecidos pelo individualismo,
Qual é o efeito em nós do “eles são pelo consumismo etc.).
todos corruptos”? A própria coletânea indica genera-
As denúncias que assolam nos- lizações que devem ser evitadas pelo
so cotidiano podem dar lugar a uma candidato (“eles” X eu/nós honesto (s);
vontade de transformar o mundo só todos “andamos demais acomodados”;
se nossa indignação não afetar o mun- “que solidão” em ser honesto), bem
do inteiro. “Eles são TODOS corruptos” como o discurso fácil do descolamento
é um pensamento que serve apenas entre o eu/nós e a corrupção quando
para “confirmar” a “integridade” de o cotidiano aponta diversas situações
quem se indigna. em que o cidadão comum, em interes-
O lugar-comum sobre a corrupção se próprio, perpetua o clientelismo, o
generalizada não é uma armadilha para exclusivismo, a própria corrupção (em
os corruptos: eles continuam iguais e li- várias instâncias).
vres, enquanto, fechados em casa, fes- Tanto a análise da realidade nacio-
tejamos nossa esplendorosa retidão. nal quanto os possíveis encaminha-
O dito lugar-comum é uma arma- mentos de solução devem pautar-se
dilha que amarra e imobiliza os mes- pelo respeito aos direitos humanos, ci-
mos que denunciam a imperfeição do vis, de modo a não se confundir Justi-
mundo inteiro. ça e Vingança nem se propor qualquer
CALLIGARIS, c, A armadilha da corrupção. Disponível em www1.
folha.uol.com.br
forma de ditadura (direita, esquerda,
personalista etc.) no lugar da demo-
Instruções cracia, a qual, mesmo com diversas
fissuras, apresenta muitas vantagens
Seu texto tem de ser escrito à tinta, como o diálogo e a fiscalização múlti-
na folha própria. pla dos três poderes. Boa redação!

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Proposta 2 – UF Lavras 2010 comum (“O Brasil é um país de natureza
exuberante”) nem para o senso comum
(“Portanto, todos devemos preservar a
natureza, a fim de vivermos melhor”).
Nortear-se pelos pares acima identifi-
cados auxiliará, e muito, o percurso de
uma redação, já embrionado no projeto
de texto.
Considerando-se o estado “natural”
do homem sua relação verdadeiramen-
te ecológica com a natureza (não como
senhor ou último degrau da cadeia evo-
“Todos querem voltar à natureza, lutiva, mas como elemento, e elemento
mas ninguém quer ir a pé.” consciente), é seu desejo recuperar o
Petra Kelly
“paraíso perdido”, algo ancestral, atávi-
co, presente em suas memórias celular,
Instruções arquetípica etc. Nesse contexto, mes-
mo que viva um cotidiano totalmente
A partir da declaração acima, iden- massacrante, o homem busca uma vida
tifique o tema e redija um texto dis- mais próxima da natureza por meio, por
sertativo, de máximas 25 linhas. exemplo, de pequenas viagens ao cam-
po ou ao litoral, bem como, de maneira
Comentários vicária, ouvido cds com sons de pássa-
ros, cachoeiras etc. ou vendo documen-
Propostas sem coletâneas abrem tários sobre savanas, florestas etc.
diversos caminhos nos quais é preciso As informações consistentes do can-
estar atento para não se confundir as- didato, porém, também podem levá-lo
sunto e tema. ao senso comum. É o caso, por exem-
Na proposta acima, para a leitura plo, do conceito de sustentabilidade,
dialética, convém analisar os seguin- com certeza presente em seu projeto
tes pares: de texto, em sua redação. Outra possí-
vel armadilha (e não apenas para esta
Todos x ninguém; proposta) é perder-se no elenco de
voltar x ir. exemplos, sem abordagem crítica, sem
reflexão.
“Todos” e “ninguém” são generali- Na abordagem dialética, convém
zantes, contudo expressam desejos lembrar, não basta responsabilizar em-
individuais e coletivos. Por sua vez, presas de grande porte pela degrada-
“voltar” permite visualizar um “já ter ção da natureza. Nas várias instâncias,
estado”, donde se conclui ser natural/ todos somos responsáveis pelo equilí-
intrínseco ao ser humano viver inte- brio/desequilíbrio da natureza. Trata-se,
grado à natureza (se isso não aconte- portanto, de uma questão de cidadania,
ce, há uma situação de desequilíbrio). de atitudes individuais e coletivas pelo
A abrangência da proposta, eviden- bem da qualidade de vida do indivíduo
temente, não cede espaço para o lugar- e da comunidade. Boa redação!

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Proposta 3 – Fuvest 1995 Instruções:

Relacione os textos e a imagem se- A redação deve obedecer à norma


guintes e escreva uma dissertação em padrão da língua portuguesa.
prosa, discutindo as ideias neles conti-
das e expondo argumentos que susten- Escreva, no mínimo, 20 e, no máxi-
tem o ponto de vista que você adotou. mo, 30 linhas.

Em muitas pessoas já é um descara- Dê um título à sua redação.


mento dizerem “Eu”.
T.W. Adorno Comentários
Não há sempre sujeito, ou sujeitos. Na ocasião das provas, este tema
(...) Digamos que o sujeito é raro, tão causou alvoroço em professores, can-
raro quanto as verdades. didatos e cursinhos, os quais disse-
A. Badiou
ram “não estarem preparados” para a
reprodução da tela de Andy Warhol.
Todos são livres para dançar e para A partir de então, deu-se mais ênfase
se divertir, do mesmo modo que, des- a outras tipologias que não apenas o
de a neutralização histórica da reli- texto verbal (embora isso já constasse
gião, são livres para entrar em qual- dos programas do Ensino Médio).
quer uma das inúmeras seitas. Mas a Em linhas gerais, uma das possibili-
liberdade de escolha da ideologia, que dades de encaminhamento do tema é
reflete sempre a coerção econômica, abordagem da relação dialética entre
revela-se em todos os setores como a o eu (a personalidade, as opiniões, a
liberdade de escolher o que é sempre individualidade) e a massificação (de
a mesma coisa. conceitos, de valores, de indivíduos),
T.W. Adorno
permeada/centrada na influência (não
no determinismo) do meio social, cul-
tural e econômico em que se insere o
indivíduo.

ANDY WARHOL, Marilyn Monroe, 1962.


Óleo sobre tela. 81 x 55 3/4

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Dicas de sucesso
Estudo em grupo: Conexão
ficção ou realidade?
Antes de iniciar uma nova ativida-
Raquel num canto da sala pergun- de, é sempre bom se concentrar, rela-
ta a Célio se ele foi à festa do Ricardo. xar ou fazer um ritual, dependendo de
Marcelo folheia revistas de esporte en- suas convicções pessoais. Imagine um
quanto Camila explica um exercício de colega que tenha brigado com os pais
Física a Maurício. Giovana, na cozinha, e chegue para o estudo em grupo: vai
ataca a geladeira e o forno. Isso pode conseguir acompanhar os estudos se
ser tudo, menos estudo em grupo! antes não se desligar do problema?
No entanto, geralmente é assim que Não. A regra vale para qualquer ativi-
muitos vestibulandos estudam, sem dade: antes de iniciá-la, respire fundo,
disciplina. Aliás, a palavra costuma faça uma prece, relaxe, mentalize, en-
deixar os adolescentes com os cabelos fim, estabeleça conexão com aquilo
em pé. Por razões de saúde individu- que vai fazer. No caso do estudo em
al e pública, vamos quebrar mais esse grupo, escolha sempre algo ecumêni-
preconceito? co. Feito isso, que tal um aquecimen-
Se esse fosse um teste de múltipla to? Leia uma crõnica ou um poema
escolha, qual seria a alternativa mais (não necessariamente das listas dos
adequada para o conceito de discipli- vestibulares) antes de mergulhar nos
na de que tratamos? estudos.

a) Regime de ordem imposta ou Horário


menos consentida.
b) Ordem que convém ao bom fun- Evite reunir grupos de estudo em
cionamento de uma organização. horários nos quais quase sempre os
c) Relações de subordinação do alu- colegas estão cansados (logo após o
no ao mestre. almoço e às 21h, por exemplo). O or-
d) Submissão a um regulamento. ganismo tem seu timing e, portanto,
e) Qualquer ramo do conhecimento domingos e feriados nacionais tam-
humano. bém devem ser respeitados. Feriados
municipais, tudo bem, vá lá...
Obviamente o item "b", pois, para
o vestibulando consciente, disciplina Objetivos
não significa rigidez, e sim um meca-
nismo de organização em todos os Para que servirá esta reunião de
níveis para o aproveitamento qualita- estudos? Para resolver dúvidas, fazer
tivo de determinada atividade. Bem, exercícios, apresentar resultado e es-
não tenho a pretensão de escrever um quemas? Planeje, organize, defina. A
dicionário. Apenas espero ajudá-lo a propósito, isso é uma constante na
colocar um pouco de ordem em seu universidade. Acostume-se a trabalhar
trabalho em grupo. com método.

30 Enem e Vestibulares
Programação professores, pois sentem na pele as difi-
culdades de aprendizado. Depende. Se
Toda atividade em grupo pressu- o professor tiver formação e experiên-
põe responsabilidade conjunta. As ta- cia, terá método e, portanto, simulará si-
refas devem ser divididas previamen- tuações de dificuldades de aprendizado
te. Nada de eu chego lá e vejo o que comuns a diversos tipos de estudantes.
faço. Improviso pega bem para quem Dessa forma, utilizará em suas aulas vá-
domina a técnica (vide atores, músicos rios recursos, que podem (e devem) ser
e outros). Dessa forma, para que a reu- incorporados ao estudo em grupo, tais
nião seja harmônica, é necessário que como fotocópias de esquemas, painéis,
cada componente do grupo venha murais, dramatizações, ilustrações, si-
preparado, tenha feito a lição de casa, mulações em computador, gráficos, re-
o ensaio, a fim de contribuir com o co- troprojetor, data-show etc. Uso o que
letivo, e não apenas colocar um funil estiver ao alcance de sua mão e, natural-
na orelha esquerda e receber explica- mente, de seu bolso.
ções de colegas benevolentes.
Notas e apontamentos
Duração
Anote as explicações, copie exercí-
Lugar-comuníssimo: o que impor- cios, faça esquemas. Além de estar a
ta é a qualidade, não a quantidade. um passo dos métodos de pesquisa
Não adianta o grupo se reunir por que empregará na universidade, difi-
oito horas e se estafar. Estabelecidos cilmente vai sentir sono. Após os en-
previamente os objetivos da reunião, contros, quando for estudar sozinho,
cada componente terá um tempo de- valha-se de resumos (reconstrução do
terminado para explicar exercícios, le- conteúdo a partir de ideias principais
vantar dúvidas etc. Essa atitude pode e palavras-chave), resenhas (releitura
parecer burocrática, mas não é. Trata- crítica do conteúdo) e paráfrases (con-
se de disciplina. A não ser que a cada teúdo reescrito com as palavras do lei-
explanação de História do Brasil você tor/estudante).
queira ouvir novamente a história da
família daquele amigo que teve um Celebração
tataravô bandeirante, que saiu de São
Paulo rumo a Minas Gerais e se casou Para seus estudos renderem mais,
com uma índia, teve três filhos, dois para não se desequilibrar com tantas
homens e uma mulher, e... atividades, a palavra-chave é descon-
tração. Aproveite a presença da turma
Recursos e cante, dance, comemore mais essa
jornada de trabalho. Tome suco na-
Dentre as vantagens de estudar em tural, ria, relaxe o corpo no chão ou
grupo, os vestibulandos comumente em almofadas, ouça música, aprovei-
apontam o fato de que os colegas, em te o momento e sinta gratidão por ser
muitos casos, entendem melhor as dú- amado e ter amigos, colegas, pais e
vidas dos candidatos do que os próprios professores com quem pode contar.

www.caseeditorial.com.br 31
Reflexões sobre o ato desejos na mão beijada dos tiranetes
da ocasião).
e a arte de escrever No ato da redação, acho que a luta
se faz no rasgo. Hein? Pois é, no rasgo.
Texto I Assim como qualquer criança apren-
de a falar por imitação, aprendemos
“(...) aprender a escrever contém di- a escrever por imitação também.
ficuldades nada técnicas. Clarear a re- Inicialmente, chupando modelos li-
dação implica chamar o outro a pene- dos aqui e acolá, até dominarmos os
trar-me. Dispor-me a tanto é questão códigos da escrita o suficiente para
de desejo, ou de acirrada luta entre o transgredi-los, superando os mode-
desejo e o medo. los. Quem começa a escrever primei-
A expressão obscura também pode ro põe no papel o que já leu, mais ou
indicar uma agressão (fruto do medo menos, como estava lá. Depois, vai
em momento adiantado). Uma espé- combinando as ideias e as palavras
cie de resposta do indivíduo às nor- de forma nova, pessoal, passando a
mas desindividualizantes das institui- constituir o seu próprio texto num
ções familiares e escolares. Um certo novo modelo para os outros. Que, por
garoto aprende, por exemplo, que se sua vez, deverá ser imitado até poder
deve escrever com letra que a profes- ser transgredido e superado.
sora entenda. Mas aprende também Há quem pare no primeiro momen-
que letra que a professora entende é to e fique imitando sempre, num gu-
letra de menina. Aprende, ainda, que gu-dadá por escrito que lhe garantirá
se deve dizer a verdade e nada mais do um estilo repetitivo e muita inconsis-
que a verdade (mesmo que seja para tência nas ideias mal desenvolvidas.
dedurar um coleguinha que faz pipi Mal desenvolvidas, porque toda imi-
fora do vaso). Mas aprende também tação é necessariamente inferior ao
que algumas palavras e certas verda- original, reduzindo-o à insuficiência
des não podem ser ditas ou escritas de quem imita porque ainda não cria.
de maneira nenhuma. Daí, fica fulo da Como não parar neste primeiro mo-
vida e desenvolve um garrancho que mento?
nem ele entende, passando a escre- Rasgando-o. As primeiras senten-
ver numa mistura de estilos e de tons ças que fluem da cabeça e do braço
completamente ilógica e caótica – es- são as que se encontram na superfície
pelhando precisamente, no entanto, o de nós. São aquelas que nos transmiti-
caos desindividualizante das normas ram desde pequenos, as que ouvimos
institucionais. e lemos à volta, as que não são nossas
O medo, ou o medo com ódio, in- mas estão coladas em nós. Se elas fo-
dicam dependência que se não dese- ram rasgadas, surgem outras, que de-
ja. Ninguém escapa à dependência, a vem vir de outro lugar: um lugar em
partir do instante em que nasce e é que as falas do mundo se transforma-
educado pela sociedade em que nas- ram no cadinho fervente de um ego, e
ceu. Portanto, todos se destinam a lu- desde então são outras falas: as falas
tar pela liberdade (embora tantos se daquele ego.
furtem a esta sina, e entreguem seus Rasgar a superfície é rasgar os tra-

32 Enem e Vestibulares
ços de dependência social e mental. dade individual. A curto prazo, aluno,
Certamente é um ato de coragem, pois jornalista e político têm mesmo de
aquelas primeiras palavras parecem redigirem sem rascunho, para não
nossas; mas as segundas e as seguin- perderem aquelas coisas. A médio
tes o serão muito mais. Porque terão e a longo prazo, porém, eles podem
passado por diferentes esforços – es- considerar o que fizeram como um
crever, rasgar, reescrever – que multi- rascunho, refazendo-o sem pressão
plicam o envolvimento das diferentes das instituições, como uma forma de,
partes do eu no ato. Nenhum eu é só respeitando a vida da própria palavra,
assim e pronto. Todo eu é assim, as- conquistarem o respeito por si mes-
sado, cozido e servido, um monte de mos.
partes que fazem um feixe, e o ser é A redação, no sentido da cuidadosa
este feixe. Que deve respeitar cada rede de ações, se faz no rasgo. E se faz
uma de suas linhas/partes, fazendo-as fora do tempo programado e padroni-
presentes nas sínteses que expressa/ zado, à revelia dos programadores.”
escreve. BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. 2 ed., Porto Alegre, Rio de
Janeiro: Globo, 1986, pp. 20 a 22.
Obviamente defendendo o ras-
cunho. Não acredito na inspiração.
Acredito no esforço múltiplo de uma Texto II
pessoa, que faz e desconfia do que
faz, refaz e desconfia do que refez, “O ensino da redação costuma ba-
até esgotar aquele movimento numa lizar a questão do estilo pessoal em
obra, num produto, de modo a partir dois limites perigosos: a exigência de
para outros que devem ser feitos e re- correção e a exigência de criatividade.
feitos. Para a redação, este esforço tem A necessidade de uma certa corre-
seu ponto no rasgar. Não, é claro, no ção linguística é, sem dúvida, legíti-
rasgar desiludido que abandone o ato. ma, a partir do momento em que nos
Sim nos rasgar ansioso e ativo, que comunicamos através de um código
instante contínuo reescreve. comum e pré-estabelecido pelas so-
Pode fazer isto o aluno que preci- ciedades. As transgressões gramati-
sa entregar a redação de trinta linhas cais dos escritores, como Guimarães
em uma hora para nota? Pode fazê-lo Rosa, alcançam maior expressividade
o jornalista que precisa entregar vinte e definem melhor o seu estilo próprio
laudas datilografadas diárias? Pode fa- quanto maior e melhor seja o seu co-
zer assim o político que discursa sobre nhecimento dos padrões linguísticos.
os acontecimentos da véspera? Rosa, por exemplo, era poliglota. E
Não podem. Se não, perdem o ano, combinou estruturas de línguas dife-
o emprego ou o momento crítico. Mas rentes com as estruturas do falar re-
o tempo destas instituições faz par- gional do interior mineiro, para lastre-
te das normas desindividualizantes, ar a sua arte, repleta de neologismos
uma vez que se impõe sobre o tem- e aparentes transtornos sintáticos. Em
po de cada um, procurando mesmo geral, não se cria do zero, mas sim con-
acabar com o direito de cada um ao tra o que se nos oferece. Daí a neces-
seu tempo. Normas contra as quais é sidade de conhecer, até mesmo para
necessário lutar, para lutar pela liber- subverter.

www.caseeditorial.com.br 33
Mas da necessidade de conhecer A questão do estilo nos traz a ne-
não se deriva a exigência de correção. cessidade da diferença, e não passa
(...) o erro sob um ângulo é uma men- por exigências. Passa, talvez, pela co-
sagem verdadeira sob outros ângulos. ragem que o desejo nos empresta.
O mesmo se pode dizer do erro gra- Barthes diz: escrever é um modo de
matical. Eros. Nascido de Narciso, nascido da
auto-afirmação, escrever se faz Eros
(...) porque se alimenta primeiro do dese-
jo, e se realiza no exercício da sedução.
Por sua vez, a exigência da criati- No exercício do próprio amor, sempre
vidade também se faz perigosa. Lem- um amor de si mesmo. O amor de si
brando: a criatividade virou moda no mesmo, radicalizado, perfura o espe-
Brasil nas décadas de 60 e 70. Moda lho narcísico e chega, intenso, ao amor
esta que coincidiu, não por acaso, do outro.”
BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. 2 ed.,
com a ditadura militar. Em parte, tal- Porto Alegre, Rio de Janeiro: Globo, 1986, pp. 89 a 90.
vez, como uma espécie de confusa
resistência, onde ainda era possível,
à absoluta falta de criatividade so- Texto III
cial, produto inevitável de qualquer
estado policial. Em parte maior, me “Ler é ainda outra aventura. As
parece, como um reflexo na peda- pessoas leem alguém que escre-
gogia, da própria ditadura: permitir veu. Esse estado é insustentável. É
criatividade onde fosse inócua, para um prazer parcial. No fundo, há um
não permitir onde se apresentasse desejo de escrever. A leitura é o ato
transformadora e/ou constestadora; de escrever sublimado, inexistente,
exigi-la no esporte e nas artes visu- mas desejado. As pessoas podem ler
ais, para reprimi-las na imprensa, nos imaginando que estão escrevendo o
discursos e no teatro; fazer bastante que leem; podem ler para escrever.
barulho 'criativo', para esconder o ta- Podem ler para satisfazer o próprio
manho do silêncio que se impunha desejo de escrever. Ler é em si mes-
no pensamento. mo escrever. Mas aqui, nosso modo
Criatividade não se exige. Criativi- de vida intervém; as estruturas eco-
dade não se pode exigir, posto sua im- nômicas e as relações sociais atuam;
previsibilidade e natureza subversiva. escrever é mais elitista que ler. Ler
O professor que atribui nota a criati- permanece no campo dos possíveis,
vidade ou originalidade deixa o aluno escrever é ainda uma utopia, uma
num duplo nó sem saída. Se for criati- possibilidade impalpável. Para es-
vo como o professor espera, então não crever é preciso estar 'do outro lado'.
o será por si. Se não atender ao que o Assim, o leitor em geral é condena-
professor espera, se machuca do mes- do ao prazer do desrecalque de seu
mo jeito. Acaba recebendo a punição desejo de escrever através da leitura.
em qualquer caso: ou por escrever co- Ler mascara o ato de escrever.
piando o professor, ou por não copiar BELLENGER, Lionel apud CHIAPPINI, Lígia.
Reinvenção da catedral: língua, literatura, comunicação.
o desejo do professor. São Paulo: Cortez, 2005, pp. 193-194.

34 Enem e Vestibulares
Leitura obrigatória
Não basta ler, é preciso interpretar o texto,
compreender o sentido e absorver a ideia

Texto Dissertativo cabem dados sobre sua identificação,


foto e assinatura, no título devem apa-
recer de forma concisa à ideia central
Estrutura do texto dissertativo
do texto. De forma sedutora, natural-
mente. Dessa forma, use com equilí-
Grosso modo, o texto dissertativo
brio trocadilhos e recursos poéticos os
divide-se em três etapas:
mais variados. Títulos genéricos como
“As eleições no Brasil”, além de não se-
t *OUSPEVÎÍP POEF TF BQSFTFOUB B
rem atraentes, não delimitam o tema.
tese);
Vale a pena “praticar” títulos, mesmo
t%FTFOWPMWJNFOUP FTQBÎPQPSFY-
quando o modelo de prova que você
celência para o arrolamento de argu-
fará não o exigir.
mentos) e
t$PODMVTÍP FODFSSBNFOUPEPUFYUP
em consonância com a tese defendida Epígrafe Revistas, livros,
jornais. Comece
por meio dos argumentos arrolados). pelos meios impres-
sos que possuem
Nenhuma prova de Redação a exi- fontes mais seguras
Título ge. No entanto, atribui elegância inte- e desenvolvidas
para depois ler
lectual ao texto. Prefira versos da MPB os meios digitais,
normalmente mais
É a carteira de identidade do texto. ou de poemas, trocadilhos bem feitos, resumidos e sem
profundidade.
Assim como na cédula de identidade provérbios e citações que não perten-

www.caseeditorial.com.br 35
çam ao senso comum etc. Em tempo: listas, sem que haja análise, ou ao me-
não se esqueça das aspas (neste livro, nos concatenação minimamente cla-
substituídas pelo itálico) e da referên- ra com o que se pretende expor e/ou
cia ao autor (Carlos Drummond de An- provar.
drade, Provérbio popular nordestino
etc.). Testemunho e
Argumento de autoridade
Argumentação
Em ambos os casos, deve-se evitar a
Exemplificação simples citação, sem comentários, sem
análise. Tanto o testemunho quanto o
Exemplos compõem a argumenta- argumento de autoridade não são me-
ção. Deve-se evitar, portanto, apenas ros enxertos, ou mesmo soluções para
citá-los, ou simplesmente fazer listas, argumentações fracas. Ao contrário,
sem que haja análise, ou ao menos devem fortalecer a argumentação do
concatenação minimamente clara com autor do texto, ou seja, você.
o que se pretende expor e/ou provar.
Atenção, candidato!
Argumentação histórica
Aprenda a elogiar, a motivar as pes-
Referências pontuais, linhas do soas a sua volta. Não se trata de baju-
tempo e outros procedimentos forta- lação, mas de estímulo. Alguém que
lecem a argumentação, à medida que faça dieta ficará feliz em saber que
demonstram conhecimento e leitura sua nova silhueta é notada. Um ami-
abrangente, diacrônica sobre o tema. go que tenha conseguido boas notas
Referências temporais ou de conteú- numa prova, ou um emprego... enfim,
do incorretas devem ser evitadas. Já muitas são as oportunidades de você
as referências temporais abrangentes espalhar simpatia, bom humor e afir-
ou aproximadas (desde que claramen- mações positivas. Use a palavra cria-
te anunciadas, e não para maquiar dora de modo positivo: isso facilitará
imprecisões ou “enganar” o leitor) não a integração com os eventuais colegas
contaminam a argumentação. de estudo, professores e com a própria
família.
Constatação
Argumento de comprovação ou
Uma constatação não deve ser con- baseado em provas concretas
fundida com senso comum ou lugar-
comum, sendo fruto da observação Apoia-se em dados, fatos compro-
crítica do autor do texto. vados, pesquisas, estatísticas e ou-
tros.
Comparação
Argumento por raciocínio lógico
Aqui também, como no caso da
exemplificação, deve-se evitar fazer Por meio do percurso de causa e

36 Enem e Vestibulares
efeito, visa a convencer (no caso de Conclusão
uma prova/de um concurso, não ne-
cessariamente persuadir) o leitor de
que se tem razão.
Síntese

Mais adequada para textos exposi-


Argumento por consenso tivos, consiste em resumir/sintetizar/
condensar as ideias apresentadas/de-
Trata-se de proposições universal- fendidas no texto.
mente aceitas, as quais, entretanto,
não devem ser confundidas com o Retomada da tese
senso comum, vale dizer, precisam ser
comprovadas. Sem apelar para a redundância/re-
petição da tese, confirma a ideia cen-
tral, isto é, a tese apresentada no início
Atenção, candidato! do texto.
Muitos confundem humildade
com baixa auto-estima. Sobretudo Encaminhamento de soluções
durante a preparação para o vestibu-
A partir das questões levantadas na
lar, urge que o candidato realmente
discussão, propõe encaminhamentos,
esteja consciente de seus pontos for-
isto é, possíveis soluções para essas
tes, para poder trabalhar os pontos
mesmas questões. Não se trata de so-
fracos. A técnica de auto-afirmação
luções alheias à realidade, muito me-
ajuda muito nesse sentido. Repetir
nos desconectadas do que foi discuti-
para si mesmo palavras de apoio, em
do/apresentado no texto.
silêncio ou em voz alta, sozinho ou
diante do espelho, fortalece a con-
fiança e instrumentaliza o indivíduo Pergunta retórica
para desenvolver plenamente seu
pontencial. Experimente esse exer- A pergunta retórica deve suscitar
cício alguns minutos por dia. Repita a reflexão do leitor, e não jogar para
conscientemente palavras de apoio ele a responsabilidade de encaminhar
(se quiser, escreva um pequeno tex- possíveis soluções para o que foi dis-
to para ler para si mesmo), como um cutido/apresentado no texto.
mantra ou as jaculatórias do terço
bizantino. Povoe sua mente de bons Atenção, candidato!
pensamentos a respeito de si mesmo.
Todos temos defeitos e limitações, Fundamental para a espécie huma-
mas também somos luz e, é claro, a na e um dos responsáveis pela falên-
luz produz sombras. Conviver com a cia da indústria de clavas e porretes, o
luz e as sombras, estar no chiaroscu- diálogo ocorre com o consentimento
ro, como numa pintura renascentista: entre as partes. Portanto, numa discus-
desafio que só faz crescer. são acalorada, quando perceber que

www.caseeditorial.com.br 37
o outro não vai ouvi-lo, respire fundo tDJUBSBTGPOUFTDPSSFUBTEFFTUBUÓTUJ-
e proponha discutirem (argumenta- cas, argumentos de autoridades etc.
rem) mais tarde. Argumentar com al- t VUJMJ[BSTF EB OPSNB DVMUB EF MJO-
guém nervoso assemelha-se a tentar guagem.
convencer um indivíduo alcoolizado tPSEFOBSBTJEFJBTEFGPSNBDPFSFO-
a parar de beber: isso é possível ape- te e coesa.
nas quando o alcoólatra está lúcido. O t QSPEV[JS VN UFYUP DSJBUJWP F FMF-
diálogo ainda é o melhor instrumento gante sem, contudo, deixar de abor-
para o vestibulando resolver (e dissol- dar o tema proposto.
ver) cobranças e encaminhar aquelas tOÍPTFVUJMJ[BSEBQSJNFJSBQFTTPB
conversinhas chatas a respeito da área do singular.
e da carreira pretendidas (Por que não
tenta outra carreira mais valorizada? Proposta 1 - ENEM 2006
Você tem condições. Veja o caso de
Fulano...). Uma vez que nos tornamos leitores
da palavra, invariavelmente estaremos
lendo o mundo sob a influência dela,
Propostas tenhamos consciência disso ou não. A
partir de então, mundo e palavra per-
A seguir, algumas propostas de mearão constantemente nossa leitura
provas de Redação, com diversos for- e inevitáveis serão as correlações, de
matos e tipologias textuais variadas. modo intertextual, simbiótico, entre
A sugestão é você elaborar textos e realidade e ficção.
partilhá-los com colegas, grupos de
Lemos porque a necessidade de
estudos e professores.
desvendar caracteres, letreiros, núme-
Para tanto, alguns lembretes para a
ros faz com que passemos a olhar, a
resolução das provas:
questionar, a buscar decifrar o desco-
nhecido. Antes mesmo de ler a palavra,
t -FS BUFOUBNFOUF PT FOVODJBEPT  já lemos o universo que nos permeia:
dividi-los e fazer marcações pessoais, a um cartaz, uma imagem, um som, um
fim de não se perder durante a leitura. olhar, um gesto. São muitas as razões
t &MBCPSBS  EF NBOFJSB TVDJOUB  VN para a leitura. Cada leitor tem a sua
projeto de texto para a resposta/reda- maneira de perceber e de atribuir sig-
ção. nificado ao que lê.
t&MBCPSBSVNSBTDVOIP Inajá Martins de Almeida. O ato de ler.
t%FGJOJSPUFYUPGJOBM Internet: www.amigosdolivro.com.br (com adaptações).

Minha mãe muito cedo me introdu-


Lembre-se de:
ziu aos livros. Embora nos faltassem
t PSHBOJ[BS P UFYUP DPOGPSNF B FT-
móveis e roupas, livros não poderiam
trutura da dissertação.
faltar. E estava absolutamente certa.
tFMBCPSBSVNBFTUSBUÏHJBBSHVNFO-
Entrei na universidade e tornei-me es-
tativa consistente.
critor. Posso garantir: todo escritor é,
t FTDSFWFS P RVF SFBMNFOUF BDSFEJ-
antes de tudo, um leitor.
ta, e não o que pensa que agradaria ao
Moacyr Scliar. O poder das letras. In: TAM Magazine,
corretor. jul./2006, p. 70 (com adaptações).

38 Enem e Vestibulares
Existem inúmeros universos coe- t 0 UFYUP OÍP EFWF TFS FTDSJUP FN
xistindo com o nosso, neste exato ins- forma de poema (versos) ou narração.
tante, e todos bem perto de nós. Eles t 0 UFYUP EFWF UFS  OP NÓOJNP  
são bidimensionais e, em geral, neles (quinze) linhas escritas.
imperam o branco e o negro. t"SFEBÎÍPEFWFTFSEFTFOWPMWJEB
na folha própria e apresentada a tin-
Estes universos bidimensionais que ta.
nos rodeiam guardam surpresas incrí- t0SBTDVOIPQPEFTFSGFJUPOBVMUJ-
veis e inimagináveis! Viajamos instan- ma pagina deste Caderno.
taneamente aos mais remotos pon-
tos da Terra ou do Universo; ficamos
sabendo os segredos mais ocultos de Atenção, candidato!
vidas humanas e da natureza; atraves-
samos eras num piscar de olhos; co- A palavra e a tradição
nhecemos civilizações desaparecidas
e outras que nunca foram vistas por
hebraico-cristã
olhos humanos.
Segundo o Antigo Testamento, a
criação do mundo se dá por meio da
Estou falando dos universos a que
palavra de Deus (o fiat ou faça-se re-
chamamos de livros. Por uns poucos
gistrado no livro do Gênesis). Ainda
reais podemos nos transportar a esses
conforme o Antigo Testamento, Adão
universos e sair deles muito mais ricos
é autorizado por Deus a nomear se-
do que quando entramos.
Internet: www.amigosdolivro.com.br (com adaptações).
res e coisas, o que o torna co-autor
da criação. Já no Novo Testamento,
nas palavras de João e na interpre-
Considerando que os textos acima
tação tradicional das Escritoras, o
têm caráter apenas motivador, redija
Jesus é o Verbo feito carne, o Logos.
um texto dissertativo a respeito do
Outro episódio significativo é o do
seguinte tema: O poder de transfor-
centurião que pede a Jesus a cura de
mação da leitura.
um criado e, ao saber que o próprio
Mestre iria a sua casa, responde, de
Ao desenvolver o tema proposto, acordo com as palavras de Mateus:
procure utilizar os conhecimentos ad- “Senhor, eu não sou digno de que
quiridos e as reflexões feitas ao longo entres sob o meu teto; dize-me so-
de sua formação. Selecione, organize mente uma palavra e meu servo será
e relacione argumentos, fatos e opini- curado.”
ões para defender seu ponto de vista
e suas propostas, sem ferir os direitos
humanos. Tema UEL – 1999

Observações: Redação
t4FVUFYUPEFWFTFSFTDSJUPOBNP-
dalidade padrão da língua portugue- 1. Leia o tema dado a seguir e anali-
sa. se as ideias nele contidas.

www.caseeditorial.com.br 39
Tema UEL - 1983

O espaço que o homem habita diz Tema


muito de seu modo de ser.
O humorismo pode ser uma das
2. Considerando essa afirmação, melhoras formas de crítica.
leia atentamente o texto publicitário
abaixo.
Atenção, candidato!
Apartamento pronto para morar A palavra nas
Zona nobre - 1 dormitório, 2 vagas “mil e uma noites”
em garagem privativa coberta
Central de vendas: Rua Guapuruvu, Um sultão, traído pela esposa, re-
503 - Fone: 1052-5616 solveu casar-se todos os dias com uma
mulher diferente e, após a consuma-
ção das núpcias, assassiná-la. Shera-
3. Faça uma dissertação em que
zade, uma jovem culta e inteligente,
você, tendo refletido sobre a relação
pediu para ser apresentada ao sultão,
entre os dois textos, exponha o que
que se apaixonou por ela e com ela se
pensa a respeito do tema.
casou. Na noite de núpcias, Sherazade
começou a contar ao rei uma história
4. A dissertação deve ter a extensão
muito curiosa. Contudo, ao amanhe-
mínima de 20 linhas e máxima de 30,
cer, no momento em que deveria ser
considerando-se letra de tamanho re-
morta, a narrativa chegava ao ponto
gular.
mais interessante. Então, o sultão re-
solveu lhe dar mais um dia de vida. A
Atenção, candidato! estratégia de Sherazade surtiu efeito
e, após mil e uma noites de amor e
A palavra e a tradição histórias, o sultão revogou a lei cruel
greco-romana e resolveu assumir seu amor pela jo-
vem contadora de histórias. Exemplo
O valente Odisseu teria enfrentado consagrado da vitória da pena sobre
o gigante Polifemo com um estratage- a espada, da força criadora da palavra
ma peculiar. Primeiro conversou com sobre a força bruto, do amor sobre o
ele e disse chamar-se Ninguém, en- ódio e o ressentimento.
quanto o embebedava. Depois feriu
seu único olho. Os demais gigantes, ao Vunesp 1999
ouvirem os gritos de Polifemo dizen-
do-se ferido, perguntavam quem fora Instrução: Leia os três textos se-
o autor da façanha. Ao que ele respon- guintes.
dia “Ninguém!”. Os amigos, conside-
rando-o bêbado, não se ocupavam em Ecologia
socorrê-lo ou mesmo em procurar o
tal de... Ninguém. Quando, em 1982, o cineasta Ridley

40 Enem e Vestibulares
Scott dirigiu o filme Blade Runner – O meras fotográficas eram invenção de
Caçador de Andróides, ambientou sua filmes como 007, assim como o único
utopia num cenário de pesadelo: uma carro que se movia direcionado por
cidade sombria, suja, superpovoada, um computador era o Batmóvel de
submetida a uma incessante chuva outro seriado dos anos 60. A ficção,
ácida e com seus espaços totalmente contudo, está virando rapidamente
engarrafados por toda a sorte de ve- realidade. Hoje é possível conversar
ículos. Saía-se do cinema, então, com com outra pessoa do outro lado do
uma indisfarçável sensação de alívio, mundo olhando para ela na tela do
para respirar ar puro e ver de novo a computador. A tecnologia do carro
luz do sol. Passados menos de 20 anos controlado por um cérebro eletrônico
desde a realização do filme, o horror também já existe. No 007 de hoje, os
que se viu nas telas, feito ficção, se aparelhos utilizados por James Bond
aproxima perigosamente da vida real. não são obra de ficção, mas de mer-
chandising, uma forma de divulgação
Florestas ardem durante meses, de produtos usada pela publicidade
rios são dados como irreversivelmente em cenas de filmes ou programas de
mortos, crianças nascem descerebra- TV. Eles existem de verdade e podem
das devido à poluição atmosférica, na- ser comprados nas lojas especializa-
vios derramam toneladas de petróleo das.
nos mares, espécies animais e vegetais
são rotineiramente exterminadas. Há
dez anos, por exemplo, nem ao mais Isso é o melhor da história: o sur-
pessimista dos cidadãos do planeta gimento de todas essas novidades
ocorreria viver em uma cidade onde os não é mera atividade de laboratório,
veículos têm de se alternar nas ruas de mas um processo comandado pelo
modo a tornar o ar minimamente res- mercado. São produtos acessíveis
pirável, como ocorre hoje na Cidade ao bolso do consumidor comum, a
do México e em São Paulo. Num país maior parte dos quais está chegando
de proporções continentais, como o ao Brasil junto com tecnologias como
Brasil, com graves problemas sociais, a do telefone celular digital. Não que
essas questões se tornam particular- os laboratórios também não estejam
mente preocupantes. avançando. É verdade que ainda não
(‘’Ecologia’’. In: Guia de Profissões.
se pode mandar pessoas de um lugar
7ª ed. São Paulo: Unesp – Universidade a outro por teletransporte, como em
Estadual Paulista, 1998, p. 52.)
Jornada nas Estrelas. Mas até isso já
não pertence tanto ao domínio da fic-
A ficção vira realidade
ção científica, como era antigamente.
No final de 1997, a equipe do Institu-
Houve um tempo em que era fic-
to de Física Experimental da Universi-
ção. Há não mais que dez anos, con-
dade de Innsbruck, na Áustria, conse-
versar com outra pessoa através de
guiu desintegrar uma partícula – um
uma tela de televisão era coisa para
fóton – e fazê-la reaparecer em outro
o capitão Kirk, instalado na ponte de
local.
comando da Enterprise, a nave do se-
(GUARACY, Thales & LUZ, Sérgio Ruiz.
riado Jornada nas Estrelas. Microcâ- In: Veja, 20/5/98, p. 70.)

www.caseeditorial.com.br 41
Quase no ano 2.000... Um dos assuntos mais discutidos
(Letra do Samba-Enredo da Escola de neste fim de século é o do futuro de
Samba Imperatriz Leopoldinense.) nosso planeta. Muitas pessoas mani-
Preto Joia, Flavinho, festam pessimismo ante a devastação
Darcy do Nascimento, Guga. ambiental e o que esta pode implicar.
Outras, ao contrário, creem que a tec-
Vou viajar nas previsões nologia acabará trazendo soluções a
Do homem sonhador esse e a muitos outros problemas da
Que pensou voar, cruzar o mar humanidade. A Literatura e o Cinema,
Nas asas da imaginação dando forma artística a tais pontos de
vista, produzem visões do futuro ora
Fez o tempo avançar no tempo otimistas, ora pessimistas. Tomando
Através da criação como referência, se julgar necessário,
De máquinas sem sentimento os textos apresentados, manifeste sua
Que funcionam quando ele põe a mão própria opinião a respeito, escrevendo
uma redação em gênero dissertativo
Mas o homem que previa ôôô... sobre o tema: A intervenção huma-
Esqueceu a ecologia ôôô... na no meio-ambiente e o futuro do
A natureza, o ar planeta.
A terra azul e o mar

Fez o universo acordar Atenção, candidato!


Robô, roubou a festa
O cinema deu visão
De acordo com a sabedoria popu-
Imaginando o que seria bis
lar, a língua é um instrumento tão pe-
A nova civilização (foi ilusão)
rigoso que Deus a colocou atrás dos
(bis) dentes e dos lábios para o homem
pensar duas vezes antes de usá-la.
Lá se vai mais um milênio, amor Todavia, sempre dizemos algo de que
A devastação dói demais nos arrependemos depois. E mais:
Proteção para os mananciais ouvimos constantemente grosserias
Pras matas e os animais ou palavras que abalam nossa auto-
estima. Nessas ocasiões, por mais do-
E o futuro então lorosas que sejam, é preciso respirar
Virá com mais vigor fundo e considerar o estado de espíri-
Se a nossa terra to do interlocutor (nervosismo, raiva,
For tratada com amor inveja). Provavelmente, mais tarde,
ele se arrependerá do que disse. O
É novo tempo, é bom pensar importante é você se preservar e não
É tempo, amor, de libertar refrão permitir que a mente martele o insul-
O sentimento e a terra preservar to recebido. Saiba peneirar as críticas
construtivas e jogue fora os escolhos.
(refrão) Além disso, lembre-se: perdoar faz
in: CD 7432153593-2 – Sambas de Enredo, 98
muito bem à saúde, nos torna mais
Gravadora Escola de Samba Ltda. – 1998. leves.

42 Enem e Vestibulares
Leitura como Leitura, literatura e
fonte de informações escrita
Ler diversos jornais, revistas e ou- Infelizmente, poucos estudantes
tros constitui-se num bom exercício são leitores autônomos e, ao longo de
para melhorar o nível de informação alguns anos de estudo, você já deve
e de checagem da veracidade dos fa- ter produzido algum texto sobre as
tos e/ou da confiabilidade das fontes causas desse fenômeno, bem como de
e das agências noticiosas. Todavia, o suas consequências. Tenha sempre em
leitor deve estar consciente de que mente que nenhum dos livros da lista
nem sempre o texto impresso repro- do vestibular foi produzido para tor-
duz a Norma Culta de Linguagem. turá-lo. Antes de mais nada, ler é uma
Cadernos para adolescentes e crôni- fruição, isto é, um exercício prazeroso,
cas esportivas, por exemplo, se utili- e pode ser feito, inclusive, em momen-
zam de jargões específicos e marcas tos de lazer, na praia, na poltrona, na
de oralidade nem sempre adequados cama, no ônibus etc. (sem causar do-
para constar de uma redação escolar res na coluna e nos braços, por favor!).
e/ou de processo seletivo. Além disso, Como estudante, porém, além do pra-
a imprensa toma liberdades que con- zer do texto, será preciso analisar uma
tradizem a Norma Culta, como a subs- série de requisitos que, a essa altura,
tituição dos algarismos romanos pelos lhe são familiares (linguagem, estilo
hindu-arábicos, como no caso de “sé- do autor, contexto histórico etc.).
culo 21” no lugar de “século XXI”. Em Mas, e quando o candidato (ainda)
virtude da utilização do computador não sente prazer pela leitura? Em pri-
e da consequente demissão de reviso- meiro lugar, tem de se conscientizar da
res, erros e repetições se multiplicam, urgência em ler os livros selecionados
pois, na pressa (urgência?) de entregar pelas bancas examinadoras e solicitar
a matéria, o jornalista nem sempre re- ao professor que estabeleça um rotei-
visa o texto, e os enxertos facilitados ro de leitura, o qual não corresponda
pelo processador de textos permane- necessariamente à cronologia dos pe-
cem (quem nunca reescreveu um tex- ríodos literários, mas se aproxime da
to e se esqueceu de apagar trechos experiência do leitor adolescente. Por
sobressalentes?). exemplo, é muito mais fácil para o ves-
Para entender melhor a estrutura tibulando começar a estudar crônica
do texto dissertativo, ampliar o vo- do que romance. Ou então, por mais
cabulário e familiarizar-se com estra- absurdo que pareça, ler primeiro “Me-
tégias de argumentação e contra-ar- mórias póstumas de Brás Cubas” do
gumentação, nada como ler ensaios, que “Memórias sentimentais de João
textos opinativos, editoriais e outros. Miramar”.
Você não precisa concordar com o que Ler e escrever são experiências
os autores sustentam. Leia e analise complementares, porém distintas. O
seus textos tecnicamente, com o au- fato de alguém ler muito não significa
xílio de professores, em especial o de que tenha necessariamente “facilida-
Redação. de” em escrever.

www.caseeditorial.com.br 43
Dicas de sucesso cobrança? Você pode descobrir que a
universidade fica logo ali, ao lado do
paraíso.
O dia

O dia da prova chegou. São neces-


Faquir ou condenado à morte?
sários cuidados especiais? Se você se
preparou com afinco e calma, nem Lembre-se: a palavra-chave é equilí-
tanto, pois está num ritmo saudável e brio. Na data da prova, e nos dias que a
equilibrado. Por outro lado, é natural antecedem, não jejue nem se alimente
que os instintos estejam mais aguça- como se fizesse a última refeição! Você
dos e a ansiedade pique o corpo e o não é faquir nem condenado à morte,
faça coçar. Nesse caso, que tal intensi- apenas (e isso já diz tudo!) candidato...
ficar a atenção e a calma? Faça um número razoável de refeições
As dicas abaixo desdobram outras e balanceadas, não pule nenhuma. Du-
as tonificam para o momento da pro- rante a prova se abasteça com água
va. São, portanto, específicas, ainda e frutas. Você não estuda Biologia à
que retomem ideias gerais do livro. toa; portanto, coma com sabedoria.
Como não existem fórmulas prontas Para otimizar a sensação de conforto,
para o sucesso, porém sugestões, pis- use roupas adequadas à estação e ao
tas, placas de trânsito etc., relaxe caso tempo que fizer no dia da prova. Evite
não se identifique com algumas das peças que dificultem a circulação san-
dicas. Receba-as de coração aberto e guínea.
faça sua (de você) síntese.

Véspera
Cada indivíduo sabe a melhor ma-
“O peru morre na véspera” (a propó- neira de se conectar com a espiritu-
sito, como na dica abaixo, aconselho o alidade e consigo mesmo. Para isso
candidato carnívoro a não comer um existem rituais, e mesmo as religiões,
peru inteiro dantes da prova) e você doutrinas e filosofias que dizem não
não precisa engrossar a lista dos de- utilizá-los, na verdade, empregam es-
sencarnados (e desossados) gluglus. ses recursos. Ou acolher alguém não
Sem estresse, decida o que fazer no é um ritual, simples e bonito? Como
dia anterior ao vestibular. O mais acon- vestibulando, faça tudo que com-
selhável é relaxar. Entretanto, como o plemente a dedicação ao estudo e o
método de estudo é muito pessoal, se fortaleça. Se quiser, peça orações. So-
não lhe causa cansaço nem incômodo, licite aos familiares que vibrem com
revisa as matérias que achar impor- você. No dia da prova, caso deseje,
tante. Faça-o sem exagero. Aliás, como elabore pequeno ritual, o qual deve
em tudo: se sair, não chegue tão tarde; ser carregado de significado para
evite consumir álcool etc. Que tal ati- você. Acender uma vela, respirar fun-
vidades físicas leves, uma piscininha do, tomar banho enquanto mentaliza
ou praia (sem insolação, naturalmen- a ansiedade indo para o ralo, rezar
te) e aquele namorinho gostoso e sem para o santo de sua devoção, invocar

44 Enem e Vestibulares
a proteção de entidades espirituais e/ Conhecendo a prova
ou anjos, conectar-se com sua intui-
ção etc. Valores, dogmas, leis, mesmo Aqui, mais do que nunca, vale o
a moral e a ética variam entre indiví- toque pessoal. Se você não sabe por
duos, povos e civilizações ao longo onde começar, decida isso depois de
do tempo e do espaço, entretanto a passear pela prova, dar uma olhada.
ética do coração é universal e reside Então, selecione as disciplinas que
em todo ser humano, manifestada lhe são mais fáceis e apetecíveis. Em
ou latente. No dia da prova, portan- seguida, dedique-se às disciplinas/
to, aja com o coração, sinta-se como questões mais difíceis ou complexas.
realmente é: filho (a) de Deus/do Uni- Como bom atleta, dose autoconfiança
verso. Se acredita nisso, que tal esta e esforço. Em outras palavras, se você
visualização antes da prova: feche os possui mais facilidade em Exatas, isso
olhos, respire fundo e se imagine pro- não constitui motivo para resolver ra-
tegido e aquecido deitado na palma pidamente e sem critério as questões
da mão de Deus (ou Deusa, Universo de Matemática, Física e Química e gas-
etc.). Você pode fazer esse exercício tar três horas nas provas de História
deitado confortavelmente na cama e Literatura. Caso se sinta paralisado,
ou no chão, ou mesmo sentado na não hesite em pular questões: em vez
carteira da sala onde fará a prova. de fugir, elas o aguardarão ansiosa-
Deus possui vários endereços. Um de- mente.
les é seu corpo, sua mente.
Problema ou (re)solução?
Pontualidade
Como você participou de simula-
dos, estudou muito e conhece diver-
Tristes e repetitivas as imagens e sos modelos de prova, com certeza já
fotos de candidatos que chegam atra- não considera mais o vestibular como
sados e perdem as provas. É impor- um tiro no escuro. Dessa forma, pode
tante conhecer antecipadamente o concentrar-se em ler atentamente os
local das provas, até porque existem enunciados, grifando-os e fazendo
alterações para diversas fases de um anotações e esquemas ao lado das
mesmo processo seletivo. Sem fata- questões. Como o tempo de resolução
lismo, paranoia ou pessimismo, con- de cada questão é muito curto, ao ler
tudo com muita prudência, saia de os enunciados, rascunhe com gosto
casa com antecedência, pois pneus e disposição, anote aquelas palavri-
furam, ônibus atrasam, congestiona- nhas-chave, arme contas, faça esque-
mentos acontecem em ruas, aveni- minha de regra de três etc. Em outras
das, rodovias... Caso seja mais seguro, palavras, traduza os enunciados numa
durma na casa de amigos ou parentes linguagem que lhe permita organizar
e, sobretudo, se a prova for em outro claramente as respostas. Ao sublinhar
município, viaje com um dia de folga: palavras-chave dos enunciados, evo-
você poderá visitar lugares interes- cará palavras e ideias que pertencem
santes, bater papo e relaxar sem pre- ao mesmo universo. O raciocínio li-
ocupação. teralmente se desenrolará, feito per-

www.caseeditorial.com.br 45
gaminho ou página corrida do Word. muito quente, coma uma frutinha ou
Recurso interessante – ao ser utilizado uma barra de cereais. Se necessário,
também durante a preparação para as vá ao banheiro (seja breve, o tempo
provas – é criar marcas pessoais (* para urge e ruge): além de satisfazer as ne-
trechos não compreendidos; X para a cessidades fisiológicas, seu organismo
ideia central do parágrafo etc.), dividir liberará tensão e energias acumuladas
o enunciado em tópicos (a. contexto; que não lhe servem. No toalete, lave o
b. dados; c. solicitação 1; d. solicita- rosto, molhe a cabeça e não se esque-
ção 2 etc.) ou mesmo utilizar canetas ça de, se houver espelho, olhar para
de cores diferentes e lápis para subli- ele, mirar seus olhos, respirar fundo
nhar as partes do enunciado, no qual três vezes e recarregar sua confiança.
podem estar contidas duas ou três so- Lembrete sobre a água: ingestão de
licitações. Muitos candidatos perdem ao menos dois litros de água por dia
pontos ao não identificar mais de uma (você já conhece os benefícios). Du-
solicitação no enunciado, pois acredi- rante as aulas, ao fazer os exercícios,
tam que isso ocorre apenas quando simulados e provas, não se desidrate
a questão didaticamente se dividem (em outras palavras, não queime os
nos itens a, b e c. Atenção também neurônios. Afinal, vai precisar deles
para as armadilhas dos testes de múl- por toda a vida): tenha sempre à mão
tipla escolha. Desde a preparação para uma garrafinha d´água, principalmen-
as provas, invista na eliminação de al- te nos dias quentes (com exceção dos
ternativas absurdas e identifique qual vestibulares de meio de ano, todos
(is) a (s) inverdade (s) presente (s) nas ocorrem no final da primavera ou no
alternativas incorretas. Por vezes, uma verão). Seu corpo agradecerá. Boa pe-
alternativa incorreta contém apenas dida é também, aos poucos, substituir
uma inverdade, o que confunde o bebidas com cafeína (café, chá preto,
candidato; outras, entretanto, pare- refrigerante, guaraná) por água.
cem contaminadas por vírus/pontos
coloridos a iluminar a teia do monitor Alie-se ao relógio
(Algum hacker já fez essa maldade?
Espero não alimentar a criatividade de Faça do relógio um aliado, e não
nenhum deles.). mais um motivo de tensão. Não gas-
te tempo controlando o tempo. O fato
Pit stop de não saber as horas talvez o faça
sentir-se numa dimensão atemporal e
Você pode estabelecer horários aleatória (ficção científica?). Em outras
para paradas estratégicas durante as palavras, você pode perder o chão, o
provas: que tal de 20 em 20 minutos norte. Portanto, use o relógio como
dar uma paradinha e se ajeitar na ca- uma bússola, determine o tempo ne-
deira? Se preferir, ouça seu corpo e, cessário para ler as questões e resolvê-
ao menor sinal de incômodo, respire las, respeite a necessidade de paradas
fundo, faça alongamentos de braços e (vide dica anterior) e reserve tempo
pernas, movimente a cabeça em círcu- suficiente para passar as respostas a
los. Ao longo da prova, beba água em limpo (provas dissertativas e de reda-
abundância, sobretudo se o dia estiver ção) e preencher o cartão (testes de

46 Enem e Vestibulares
múltipla escolha). Como aprender a dezembro/janeiro. Nesse último caso,
administrar o tempo? Fazendo simula- na prática, trata-se de um mesmo con-
dos não apenas na escola e no cursi- curso oferecido para duas turmas.
nho, mas também em casa. Fique de
olho no relógio, use um despertador Ócio criativo
ou contrate alguma criança interessa-
da – irmão, irmã, afilhado – que se con- Para não passar o mês de julho dei-
gratulará em olhar ponteiros e dígitos tado no sofá, culpando-se por não es-
enquanto você resolve equações ou tudar, aproveite o tempo para visitar
relê documentos históricos transcritos exposições e museus, fazer um tour
nos enunciados das questões. por cidades históricas, ir ao cinema,
curtir a natureza etc. Encare essas ati-
Conferência de resultados vidades como estudo do meio (por
que não?). A dica vale também para
Parodiando duas citações bíblicas/ quem faz as provas de meio de ano
literárias: a) você já combateu o bom longe da cidade onde mora. Algumas
combate; b) o que escreveu, está escri- empresas especializaram-se em trans-
to. Dessa forma, relaxe após as provas. porte e hospedagem para estudantes
A seguir, mais do que os resultados, que desejam mais do que um bate-
confira as resoluções das provas, dis- volta nos campi em que pretendem
ponibilizadas por escolas e cursinhos estudar: organizam festas, passeios e
em jornais, sítios, programas de tevê. eventos. Naturalmente, você também
A partir desses dados, reformule as es- poderá reunir a turma e fazer seu pró-
tratégias de estudo e mesmo os planos prio caminho.
de cursar esta ou aquela instituição,
caso não seja aprovado ou catapulta- Organização
do para as segundas fases. Antes de
tomar qualquer decisão, é necessário Como é importante manter organi-
curtir. A alegria ou o luto. zado o espaço de trabalho – geralmen-
te o quarto –, atente para a bagunça,
pois ela pode significar, dentre tantas
Papo leve coisas, desatenção, baixa auto-estima,
medo de enfrentar algo novo. Dessa
Datas forma, tente reorganizar-se a partir
do exterior, sem se sobrecarregar. Não
Muitos vestibulares realizados na prometa a si mesmo limpar o quarto
metade do ano são menos concorri- todo numa tarde: comece com a estan-
dos do que os do final de ano. Cheque, te de livros, as gavetas de papéis, ou o
portanto, as possibilidades e (re)faça armário de roupas... Você pode tornar
seus planos em caso de necessidade. a atividade de limpeza e organização
Mas, atenção: provas de meio de ano uma forma de distração, ou medita-
não são necessariamente mais fáceis ção, ou ainda lazer, desde que a faça
que as outras. Além disso, algumas conscientemente. Ah, não se esqueça
instituições costumam repartir as va- de dar seu toque pessoal à atividade.
gas disponíveis entre provas de julho e Como? Você é quem sabe...

www.caseeditorial.com.br 47
Um dia de cada vez não se engane: apenas deixe as DNTAs
para o final do horário de estudo se
Grupos de apoio a dependentes realmente conseguir sustentar a op-
químicos, neuróticos e/ou vítimas de ção. Caso contrário, comece por elas.
traumas fazem desse bordão/mantra c) Evite também estudar as DNTAs so-
um grande instrumento de cura. Como zinho, já que o estudo em grupo faci-
vestibulando, você já é tão pressiona- litará a compreensão. d) Identifique se
do, não precisa ser mais um a lhe atri- a dificuldade maior é na compreensão
buir tarefas. Vida um dia de cada vez, da teoria ou na resolução de exercí-
conscientemente, faça o que for pre- cios e testes. e) É importante também
ciso para se preparar para as provas, compreender o porquê de estudar
conciliando os estudos com as outras tais e quais disciplinas e/ou matérias.
atividades. Faça o seu melhor! Exemplo: você pode odiar Física e suas
fórmulas, contudo, com a ajuda de
professores e amigos, ao associar os
Conteúdo conceitos físicos ao cotidiano, enxer-
gará a beleza da disciplina, apesar dos
Em todas as disciplinas (Redação,
exercícios e das fórmulas. Isso lhe dará
Geografia, Biologia, História etc.) os
certo conforto, já que os conceitos se-
professores orientam os alunos a estu-
rão utilizados por toda a vida, não se-
dar o que se costuma chamar de atua-
rão aprendidos e apreendidos em vão,
lidades. No caso específico de literatu-
de acordo? O mesmo vale se a DNTA
ra, os concursos que não solicitam lista
que mais o incomoda for Literatura:
de livros tendem a elaborar questões
passado o choque, o furacão do ves-
sobre autores e obras em evidência
tibular, será um leitor mais hábil dos
(clássicos, centenário de nascimento
textos que escolher. Portanto, apesar
de autor e/ou publicação de livro etc.).
do amargor, concentre-se nas habili-
Dessa forma, esteja atento a datas,
dades de leitura, independentemente
mas, por favor, não faça disso uma ob-
de estilos, períodos etc. f ) Ótimo exer-
sessão.
cício de visualização é imaginar-se
resolvendo as provas de DNTAs com
Amor e ódio: a mão firme e o semblante tranquilo:
disciplinas e matérias isso o ajudará a desenvolver confian-
ça. g) Quanto às DQs, siga a regra dos
O segredo é fazer pactos consigo: campeões do esporte: mesmo saben-
a) Convença-se do inevitável, isto é, da do-se tri ou penta, treine com o mes-
necessidade de estudar as Disciplinas mo cuidado do início de carreira, com
Não Tão Amadas (doravante chama- disciplina e determinação, use todo
das de DNTAs) para ser aprovado. Para o tempo disponível durante as horas
sua alegria, ao longo dos anos, os ves- de estudo e em provas e simulados
tibulares mais inteligentes têm atribu- (quantas vezes, numa prova escolar,
ído maior peso às disciplinas afins ao um aluno comete erros bobinhos por
curso pretendido. b) Decida se as DN- excesso de autoconfiança, isto é, lei-
TAs serão estudadas antes ou depois tura desatenta de enunciados, ou pela
das Queridinhas (as DQs). Entretanto pressa de ir logo para o pátio?).

48 Enem e Vestibulares
Memória a ducha fria propriamente dita. Ah,
não tenha pressa em deixar a água fria
A mente é fantástica, porém tem cair sobre a barriga, as costas e o bum-
de ser exercitada. A memória precisa bum, partes evidentemente sensíveis
ser cuidada. Antes de mais nada, sono à água em baixa temperatura. Já que
e descanso proporcionais ao esfor- optou pela operação Sibéria, faça bem
ço excessivo típico de vestibulando. feito. Seu corpo agradecerá.
Alimentação adequada, com farta in-
gestão de alimentos ricos em fósforo E depois?
(lembra-se das aulas de Biologia?), (pesadelos "além da aprovação")
com destaque para frutas e verduras
cruas. Promovem ainda a saúde da No senso comum do vestibulando
memória exercícios de Programação cabe a seguinte máxima: mais difícil
Neurolinguística (PNL) e respiratórios do que entrar é sair da faculdade. No
(estes últimos são muito utilizados caso se aprovação, como sobreviver?
por terapeutas que trabalham a cha- (Esta dica é para quem não conseguiu
mada ginástica cerebral). Sugestões: fazer um pé-de-meia antes de iniciar o
pela manhã, ainda em jejum, tome um curso, ou não pode ser bancado pela
copo d´água. Em seguida, para oxi- família, ou ainda, em virtude da carga
genar o cérebro, sente-se em posição horária do curso escolhido, exercer ati-
confortável (se possível, no chão, com vidade remunerada mais do que duas
as pernas cruzadas), com as mãos nos horinhas por dia). Nas particulares de-
joelhos, inspire, com a coluna ereta, vidamente credenciadas, são várias as
e expire ao mergulhar o corpo para a possibilidades de financiamentos ou
frente. Então, inspire, volte à posição permuta. Você ainda terá à disposi-
original e continue a sequência por ção vários tipos de bolsas de estudos
mais 1 ou 2 minutos. oferecidas por instituições públicas
ou particulares. Informe-se a respeito
Banhos de quais são oferecidas pelas escolas
onde você pretende estudar. Planejar
Para relaxar, banho morno. Para ati- significa também enfrentar um leão
var a circulação, banho frio. Este último de cada vez.
parece crueldade, como diversos há-
bitos culturais que nos são estranhos. Mural
Contudo, ao começar, pouco a pouco
sentirá os benefícios. Banho frio pela Um mural pode ser bem mais do
manhã é ótimo. Sugestões para ini- que um simples quadro de avisos. Que
ciantes: a) tome um banho morno, en- tal fazer dele uma forma de terapia ou
xágue o corpo e só então passe para meditação? Personalize o seu – a co-
uma rápida ducha fria; b) quando for meçar pelo material –, coloque textos
realmente tomar banho frio e ainda importantes para você, anexe postais e
estranhar as sensações, comece mo- fotos das pessoas que ama. Se quiser,
lhando os pulsos e o pescoço; c) você tente também um blog, já que mural é
pode dar uma molhadinha no corpo, a para ser visto, no quarto/escritório ou
fim de ensaboá-lo e depois partir para pela comunidade virtual.

www.caseeditorial.com.br 49
Bloqueio ma em dia para aprender com as lições
– boas ou difíceis. Dessa maneira, não
estará em crise: as cries é que passarão
“Escrever é fácil: começa com mai-
por você.
úscula e termina com um ponto. No
O vestibular, enquanto sistema de
meio você coloca ideias.” (Pablo Ne-
avaliação, possui uma série de impre-
ruda). Não obstante a genialidade do
cisões e injustiças. O que fazer: pro-
poeta, essa afirmação está prenhe de
testar e deixar de fazer a prova? Ou
ironia. Professores e candidatos co-
preparar-se com o mínimo de (auto)
nhecem as reais dificuldades para se
violência e obter bons resultados? De
escrever bem. Por mais que desenvolva
qualquer maneira, pesquise nos sítios
técnicas de leitura e produção de tex-
para vestibulandos outras opções de
tos, em simulados e provas o candida-
processos seletivos.
to pode ser vítima de bloqueios. Como
Muitas são as instituições que já se
agir nessas circunstâncias? Em primei-
utilizam da nota do Enem para classifi-
ro lugar, respire fundo, relaxe, pense
car candidatos. Outras analisam o his-
nas possibilidades: a) ou você escreve;
tórico escolar do candidato no ensino
b) ou entrega a prova em branco. In-
médio. Há também as que preferem
felizmente, não há como argumentar
aplicar provas no final de cada série do
com a prova ou pedir prorrogação, já
ensino médio e seleciona os mais bem
que o vestibular é um concurso pú-
colocados. Algumas mesclam análise
blico e, como todos os eventos dessa
de histórico e entrevista... Em qual-
natureza, também provoca medo, es-
quer desses sistemas você merece ter
tresse e pânico. Dominadas essas sen-
bons resultados e sair ileso (ou vivo...).
sações (não se preocupe em fazê-las
Em outras palavras, aprenda a ser ava-
desaparecer), releia a proposta, orga-
liado de maneira saudável, pois caso
nize o projeto de texto, rascunhe o su-
o resultado não seja o esperado, você
ficiente, redija o texto e passe a limpo.
terá de encontrar forças para reescre-
Seja firme com o bloqueio, mas não se
ver sua história. Avaliações sempre
violente. Em tempo: quando estudar
ocorrerão: provas, vestibular, exames,
sozinho ou em grupo, caso não con-
testes, provão, entrevistas para em-
siga realmente escrever seu texto ou
prego, análise de editores, propostas
responder a questões, relaxe, deixe
de sociedade etc.
tudo e recomece mais tarde. Nessas
Formas de avaliação não precisam
ocasiões, você está num ensaio, não
ser experiências dolorosas. O vestibu-
na estreia da peça.
lar ou os mecanismos de processo se-
letivo mais flexíveis são apenas etapas
Importância provisórias para avaliações.
Esteja, portanto, consciente e rela-
Tenha sempre em mente que você xado. Respire bem e faça o seu melhor!
vale mais do que uma prova. Além dis-
so, esteja pronto para ser constante- Trabalho ou sorte?
mente avaliado. No convívio familiar,
no emprego, na vida acadêmica: você Claro que o vestibular tem uma
precisa estar pronto e com a auto-esti- pitadinha de sorte (temas com os

50 Enem e Vestibulares
quais você mais se identifica, exercí- esperado virá imediatamente. Você
cios semelhantes aos resolvidos pe- sabe: muitos são os fatores para seu
los professores etc.). Contudo, tenha nome constar da lista de chamada.
a certeza de fazer um bom trabalho Trabalhe com afinco, segurança e
antes, durante e depois das provas. permita-se aprender com as expe-
Isso não exclui a sorte. Ao contrário, riências, positivas ou negativas. Os
a legitima. Mude sue pradrão de pen- benefícios, por vezes, custam a apa-
samento ao desejar Bom trabalho! E recer. Procure não se incomodar com
não apenas Boa sorte! A seus colegas palavras de feto (ou de escárnio!) do
(e também concorrentes, filhos, alu- tipo “Vestibular é como carnaval: tem
nos etc.). todo ano...”.

Trotes Alternativas

Infelizmente no início de cada ano Certamente não é fácil optar por


acadêmico surgem estudantes feridos uma carreira agora, sobretudo em
física e psicologicamente em nome de caso de reprovação. Muitos pais, in-
uma suposta integração. Não entre em clusive, combinam outras atividades
barca furada. O que esperar, por exem- com os filhos (cursos, intercâmbios
plo, de um futuro médico que violenta no exterior, estágios etc.) para livrá-
um colega? Ou de um formando em los da pressão do vestibular e lhes
Direito que humilha publicamente dar mais tempo para pensar a respei-
os “bixos”? Desde a década de 1990 to da futura profissão. Se esse não é
o trote imbecil e violento vem sendo o seu caso, evite ficar só. Pais, ami-
substituído pelo trote realmente in- gos, parentes que realmente o amam
tegrativo. Reitoria, diretórios centrais torcem pela sua felicidade, muito
e centros acadêmicos voltam-se para mais do que pelo seu sucesso numa
atividades culturais e/ou cidadãs (tro- prova. Assim, fica mais fácil construir
te solidário). Portanto, fuja do trote seus sonhos.
violento. Sua aprovação merece festa,
não mau-trato. Em caso de agressão, Lição
denuncie (preservando o anonimato,
se for o caso) à Reitoria e à polícia. Es- O Dalai Lama aconselha mais ou
colha bem sua turma: a clássica cena menos o seguinte: se você perder al-
de veteranos que se retiram da mesa guma coisa, não perca a lição. A pre-
do restaurante universitário quando paração para o vestibular, saber lidar
um calouro chega é coisa de filminho com os resultados (de sucesso ou de-
norte-americano mal dublado. cepcionantes) podem ser um exercício
para poder agir em outras situações.
Reprovação Portanto, não desperdice a lição. Essa
é a grande dica para um vestibular de
Assim como você está chegan- sucesso, para uma vida prósperda, em
do ao final desta publicação, cer- todos os níveis. Afinal, se este planeta
tamente passará pelo vestibular e é uma escola, curta as aulas e o inter-
sairá ileso. Nem sempre o resultado valo!

www.caseeditorial.com.br 51
Dica de tema da rios. Provoca a morte de animais, exige
sacrifício das pessoas que vivem nes-
Redação Enem 2015 tas áreas, e já cria cenas de migração
interna, de pessoas fugindo da seca.
Sem sombra de dúvida, a crise hí- Cena de retirantes, como há muito não
drica no Brasil está entre os temas se via.
cotados. A pauta de atualidades está
dominada por escândalos de corrup-
Cenário Econômico
ção, doenças em expansão como a
dengue, e pela crise da água no Brasil.
Com a falta de chuvas caíram os es-
Entre estas três calamidades públicas
toques de agua nos reservatórios utili-
que nos cercam, o tema da água pode
zados para gerar energia elétrica. Para
ser um forte candidato a tema da Re-
completar o atendimento ao mercado
dação do Enem 2015 e pode render
o Governo Federal orientou para au-
boas redações.
mentar a produção de energia pelas
Você poderia experimentar e trei-
usinas termelétricas, movidas a gás ou
nar fazendo rascunhos diferentes
a óleo diesel. O preço das contas de
com os diversos aspectos que a crise
luz explodiu, e já afeta a economia do-
da água traz. Possui implicações para
méstica e o custo das empresas;
o Aspecto Ambiental, para o Drama
Humano, para o Conflito Político, para
o Cenário Econômico, e para proble- Conflito Político
mas crônicos do País como Obras Ina- na Crise da Água
cabadas. Estas dimensões da crise da
água no Brasil caem como uma luva As principais Regiões Metropolita-
em 2015. nas do Brasil (São Paulo, Rio de Janei-
Veja alguns aspectos que podem ro, e Belo Horizonte) enfrentam ou en-
cair como Tema da Redação Enem frentaram sério risco de racionamento
2015: e desabastecimento. A culpa seria ‘das
chuvas que não vieram’, ou da falta de
Aspecto Ambiental previsão dos políticos para reeducar a
população e fazer novas obras de cap-
A falta de chuvas é atribuída por tação de agua?
diversos cientistas a problemas decor-
rentes do desmatamento no País, em Promessas
especial na Amazônia. Mas, há cientis- que nunca se realizam
tas que destacam que a falta de chuvas
pode ser consequência de um regime Outra dimensão política presente
histórico de chuvas, sem vínculo ao na crise da água no Brasil aparece
desmatamento. Dá uma boa polêmica! em obras prometidas há mais de um
século e que nunca ficam prontas,
Drama Humano como a Transposição das Águas do
Rio São Francisco. O Sertão do Nor-
Em muitas regiões do País a seca deste está ainda na espera da água
prolongada já secou açudes, lagoas, prometida.

52 Enem e Vestibulares
Meios eletrônicos
Cuidado com a veracidade e a qualidade da
informação. Atente para fontes seguras.

Redação mente o que você não poderá fazer.


As regras tendem a ser parecidas nos
Passo-a-Passo concursos vestibulares e no Enem. Pa-
lavrões, xingamentos, cópia de textos,
Passo 1 etc. costumam ser proibidos.
Calcule o tempo
Passo 3
Pode parecer bobagem, mas muita Respeite essas regras
gente se esquece de separar o tempo
correto para fazer a redação. No Vesti- Siga o modelo solicitado. Existem
bular e no Enem, esse prazo costuma muitos modelos de redação e cada
ser de uma hora. Organize-se para ter prova pode pedir um estilo diferente.
tempo suficiente de escrever, reler e Alguns vestibulares dão opções para
passar a limpo a sua redação. o candidato escolher, podendo pedir A velocidade
da informação,
para o estudante escrever uma narra- principalmente
Passo 2 ção, dissertação ou até mesmo um fi- pela imprensa
eletrônica, como
Saiba o que você não pode fazer nal diferente para um livro. No Enem, portais, dá margem
a erros em títulos,
o tipo solicitado é o dissertativo-argu- textos, linguagem,
entendimento e até
Antes mesmo de começar a escre- mentativo. Nele, o estudante precisa veracidade das notí-
cias. Fique atento!
ver sua redação, é importante ter em tentar convencer o leitor, apresentan-

www.caseeditorial.com.br 53
do uma tese, argumentando seu pon- Passo 7:
to de vista e dando uma solução para Releia
o problema. Fazer uma redação dentro
do modelo solicitado é fundamental e Colocou o último ponto final? Re-
quem não respeitar essa regra pode leia seu texto e corrija o que for neces-
zerar. sário. Arrume palavras repetidas ou
“comidas”, revise a pontuação, o enca-
Passo 4 deamento de ideias e a ortografia an-
tes de partir para o próximo passo.
Respeite o número de linhas
Passo 8
Outro motivo que pode fazer você
Passe a limpo
zerar na redação do Enem ou do Ves-
tibular é não respeitar o número de
Copie a sua redação com letra legí-
linhas solicitadas. Normalmente, as vel no local apropriado. Normalmente,
provas indicam um tamanho ideal no Vestibular e no Enem, você precisa
para o texto. Procure ficar dentro dis- passar sua redação a limpo para uma
so. “Folha de Redação”. Cuide para não ra-
surar este papel e certifique-se de que
Passo 5 está seguindo todas as regras, como o
Fique dentro do tema proposto tipo e cor de caneta.
Lembra do primeiro passo, que fala-
va em reservar um tempo para fazer a
Ficar dentro do tema proposto é redação? Pois uma parte desse tempo
um dos passos mais importantes para reservado deve ser destinada a passar
fazer uma boa redação. Isso exige, em a redação para a folha de resposta.
primeiro lugar, uma boa habilidade de
interpretação de texto para identificar
o assunto que está sendo pedido. Fu- Sete motivos que
gir do tema é um dos principais moti- fazem sua redação
vos para o zero na redação do Enem.
Fique de olho!
"zerar" no Enem
Zerar na redação do Exame Nacio-
Passo 6 nal do Ensino Médio pode deixar você
Use a norma culta de fora da disputa por uma bolsa de
da Língua Portuguesa estudos em faculdade particular ou
vaga na universidade pública e impe-
dir a contratação de financiamento
A norma culta da Língua Portugue-
estudantil. Isso porque iniciativas do
sa nada mais é do que o português es-
governo como o Programa Universi-
crito, formal. Evite gírias e abreviações,
dade para Todos (ProUni), Sistema de
use um bom vocabulário, pontuação Seleção Unificada (Sisu) e Fundo de
correta e respeite as regras da gramá- Financiamento ao Estudante do Ensi-
tica e da ortografia. no Superior (FIES) exigem nota maior

54 Enem e Vestibulares
do que zero na redação do Enem para apresentado no desenvolvimento do
participar. texto. Redações que não seguem essa
No Enem de 2014, dos mais de 6 estrutura (como poemas ou narrações,
milhões de inscritos, apenas 250 es- por exemplo), recebem automatica-
tudantes conseguiram a nota máxima mente nota zero dos corretores.
(1000 pontos) na prova de redação. O
tema proposto foi “Publicidade Infan- Não atingir
til em questão no Brasil” e mais de 529 o número mínimo de linhas
mil candidatos zeraram na redação do
Enem. De acordo com o MEC, os prin- Para ser considerada válida pelos
cipais motivos da nota zero naquele corretores, a redação do Enem precisa
ano foram, nesta ordem: ter no mínimo 8 e no máximo 30 linhas
(ideal). Textos com 7 linhas ou menos
1. Fuga do tema recebem nota zero. Vale lembrar que
2. Cópia de textos motivadores trechos copiados dos textos motiva-
3. Textos com menos de sete linhas dores ou de outras questões do Enem
4. Redações que não se encaixavam são desconsiderados na contagem de
no tipo solicitado linhas e o título, que é opcional, conta
como linha escrita.
Fugir do tema
Usar formas propositais
A prova de redação do Enem come- de anulação
ça com uma série de “textos motivado-
res”. Eles podem ser trechos de revistas, O Guia da Redação do Enem, divul-
jornais ou livros, anúncios publicitá- gado pelo MEC, inclui o item “impro-
rios, desenhos ou charges e ajudam o périos, desenhos e outras formas pro-
candidato a entender o tema propos- positais de anulação ou parte do texto
to. Escrever uma redação dentro desse deliberadamente desconectada do
tema é condição obrigatória e abordar tema proposto” nos motivos para tirar
um assunto diferente, ou seja, fugir do zero na redação. Ou seja, candidatos
tema, recebe nota zero. que desenham na folha de redação,
escrevem palavrões e xingamentos
Não obedecer ou incluem textos que não tenham a
o tipo de redação solicitado ver com o tema da redação (como as
famosas receitas de “miojo” que causa-
O Enem costuma pedir um estilo ram polêmica em edições anteriores)
específico de redação: “dissertativo- recebem zero na redação do Enem.
argumentativo”. Para cumprir esse re-
quisito, o candidato deve seguir uma Desrespeitar
estrutura que começa com a propo- os direitos humanos
sição de uma tese, inclui argumentos
para apoiar a defesa dessa tese e ter- O respeito aos direitos humanos
mina com uma proposta de interven- é um requisito obrigatório na elabo-
ção social para solucionar o problema ração da redação do Enem. Ou seja,

www.caseeditorial.com.br 55
mensagens de ódio, preconceito de 5 - Elaborar proposta de interven-
qualquer tipo, racismo e outras for- ção para o problema abordado, res-
mas de desrespeito resultam em nota peitando os direitos humanos.
zero.
O candidato que não conseguir de-
Entregar a folha de redação monstrar minimamente nenhuma das
em branco competências avaliadas, tira zero na
redação.
No dia em que a redação é aplica-
da, os candidatos tem uma hora a mais Dicas essenciais
para elaborar o texto e passá-lo a lim-
po para a folha apropriada. É impor- de Redação
tante ficar atento a esse tempo, pois
mesmo que o candidato termine a sua Escrever, escrever, e escrever!
redação nas folhas de rascunho, se en-
tregar a folha de redação em branco A melhor maneira de se preparar
tira zero. para a Redação Enem é escrever mui-
tos textos sobre os mais diversos as-
Não conseguir demonstrar as suntos, sejam eles temas propostos
cinco competências avaliadas em outras edições da prova ou temas
de atualidades. O hábito de escrever é
São cinco as competências avalia- muito importante, pois confere segu-
das na redação do Enem, cada uma rança ao aluno. Então, o básico é mes-
delas valendo de 0 a 200 pontos: mo escrever. Ler e escrever é a melhor
dica dessa lista.
1 - Demonstrar domínio da moda-
lidade escrita formal da Língua Portu- Sem medo do relógio!
guesa
No dia da redação Enem também
2 - Compreender a proposta de re- são aplicadas as provas de Linguagens
dação e aplicar conceitos das várias e Matemática, com duração total de
áreas de conhecimento para desen- cinco horas e meia. Ou seja, o candida-
volver o tema, dentro dos limites es- to terá, mais ou menos, uma hora para
truturais do texto dissertativo- argu- escrever a redação. Para não se distrair
mentativo em prosa. com o cálculo do tempo no dia do Exa-
me a sugestão é treinar com provas
3 - Selecionar, relacionar, organizar anteriores, cronometrando seu tem-
e interpretar informações, fatos, opi- po médio. Reserve um dia por semana
niões e argumentos em defesa de um para fazer redações e vá marcando o
ponto de vista. tempo que você gasta. E, pelo menos
uma vez por mês durante a sua prepa-
4 - Demonstrar conhecimento dos ração de estudos faça as 90 questões
mecanismos linguísticos necessários de Matemática e Linguagens e mais a
para a construção da argumentação. redação.

56 Enem e Vestibulares
Contra ou a favor? Clareza nas ideias!

Já no dia da prova, a principal ideia Você é um dentre os milhões de can-


para você ter em mente é: “Como eu didatos. Capriche com atenção e muito
me posiciono diante deste tema da cuidado para demonstrar a clareza das
Redação Enem: contra ou a favor?”. As- ideias. Ou seja, você deve apresentar
sim, já se define a tese, ou seja, o posi- um texto de fácil entendimento. A dica
de Redação é que você seja claro, mas
cionamento que será adotado diante
sem ser óbvio ou repetitivo.
do tema proposto. A partir daí, é pre-
ciso ficar de olho na estrutura cobrada
pelo Enem, que é de um texto disser- Temas
tativo-argumentativo.
Segundo o Ministério da Educação, a
redação exige um tema de ordem social,
Estrutura da Redação do Enem científica, cultural ou política. Para este
ano, alguns assuntos possíveis de serem
Na redação do Enem a capacidade cobrados incluem: falta de água, crise
de desenvolver um texto bem argu- no setor energético, desafios da mobili-
mentado é avaliada a partir do racio- dade urbana, a juventude e as transfor-
cínio lógico desenvolvido pelo can- mações sociais, as transformações em
didato. Considerando que se pede decorrência da Copa do Mundo e o de-
um texto dissertativo-argumentativo, safio do envelhecimento da população
além dos mecanismos de coesão, uma no século XXI.
tese deve ser explicitada e devem ser
expostos argumentos de diversos ti- Temas que podem
pos que a sustentem. A estrutura é
uma prioridade. cair na Redação
Para garantir a nota 1000, é impor-
Raciocínio na Redação Enem tante também saber quais temas podem
cair no Enem. Assim, você fica atento
Fique alerta se a seguinte estrutura sempre que um assunto com potencial
de raciocínio está presente no seu tex- aparece na televisão, nos jornais ou nas
to da Redação: revistas.

Tese inicial;
Processo de redemocratização do Brasil
Dados (argumentos);
Garantia (conhecimentos implícitos Patriotismo
que apoiam e complementam os ar-
gumentos); Reforma política
Inferências (ligações implícitas que
permitem relacionar os dados à con- Desgaste da imagem política
clusão);
Conclusão (ponto de vista central). Mobilizações populares no Brasil

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Manifestações pelo Brasil A criminalidade e a agressão aos jovens

Participação política Violência infantil

Ética na política Delinquência juvenil

Eleições: falta de credibilidade do voto Violência nas escolas

Monarquia constitucional Bullying (físico e verbal)

A Comissão da Verdade Efeitos do bullying na vida das crianças

A postura diplomática do Brasil Intolerância no mundo contemporâneo

O Brasil diante dos estrangeiros Redução da maioridade penal

Brasil no cenário internacional Mobilidade urbana

Ondas de imigração no Brasil Crise nos transportes

Mercosul Comportamento do motorista brasileiro

Participação da Venezuela no Mercosul Álcool e direção

Primavera árabe Os desafios dos ciclistas

Espionagem norte-americana Olimpíadas no Brasil em 2016

Guerra das Coreias Benefícios do esporte para a sociedade

Guerra das Malvinas Campanhas de vacinação pelo Brasil

Desarmamento Meio ambiente

Contrabando de armas Conferências da ONU: meio ambiente

Mercado paralelo de armas Desastres naturais

Despreparo policial Sustentabilidade

Legalização da maconha Economia verde

Justiça feita com as próprias mãos Acidentes nucleares

Racismo na sociedade brasileira Crise da água

Futebol e violência Situação dos aquíferos brasileiros

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Construção da usina de Belo Monte Anafalbetismo funcional

Construções hidrelétricas na Amazônia Educação para todos

Produção de energia elétrica no Brasil O papel dos professores na sociedade

Devastação da floresta amazônica O papel da educação

Questões indígenas no Brasil Reprovação e abandono escolar

Intervenção do Estado: hábitos culturais Terceirização da educação básica

A nova classe média brasileira Cotas nas universidades

Ascensão da classe C Educação on-line

Terceira idade Ensino interativo on-line

Regulamentação: trabalho doméstico O poder transformador da internet

Concentração de renda Marco civil da internet

Inclusão social Lei de combate à pirataria on-line

Desigualdade social Comportamento jovem: mídias sociais

Direito das minorias sociais Os limites do humor nas redes sociais

Preconceito e direito das minorias Redes sociais e direitos humanos

Inclusão social dos deficientes Os limites da liberdade de expressão

Direitos da mulher Bullying na internet

Ascensão feminina Sexualidade dos jovens brasileiros

Protestos em prol dos direitos femininos Índice de gravidez na adolescência

Feminismo em alta Individualismo dos jovens

O papel da mulher no século XXI Supervalorização da imagem

Desigualdade de gênero Setores essenciais em Greve

Homofobia e direitos dos homossexuais Novas formas de trabalho

Direitos e deveres do cidadão Casamento gay

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Temas do Enem 2008
nos últimos anos
Como preservar a floresta Amazônica

2007
2017
O desafio de se conviver com as
Desafios para a formação educacional
diferenças
de surdos no Brasil
2006
2016
O Poder de Transformação da Leitura
Caminhos para combater a
intolerância religiosa no Brasil 2005

2015 Trabalho infantil no Brasil

A persistência da violência contra a 2004


mulher na sociedade brasileira
Como garantir a liberdade de
2014 informação e evitar abusos nos meios
de comunicação?
Publicidade infantil em questão no
2003
Brasil
A violência na sociedade brasileira
2013
2002
questão da Lei Seca no Brasil
O direito de votar
2012
2001
O movimento imigratório para o Brasil
no século XXI Desenvolvimento e preservação
ambiental
2011
2000
Viver em rede no século 21
Direitos da criança e do adolescente
2010
1999
O trabalho na construção da
dignidade humana Cidadania e participação social

2009 1998

O indivíduo frente à ética nacional Viver e Aprender

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Confira redações na íntegra e de próprio punho de candidatos do
Enem e Fuvest que conseguiram excelente pontuação!

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Redações
1. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Criança: futuro consumidor

A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Dissemina-


da em todos os meios de comunicação, a ampla visibilidade publicitária
atinge seu principal objetivo: expor um produto e explicar sua respec-
tiva função. No entanto, essa mesma função é distorcida por anúncios
apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a compra, atin-
gindo principalmente as crianças.
As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis,
desenhos animados e trilhas sonoras induzem a criança a relacionar seus
gostos a vários produtos. Dessa maneira, as indústrias acabam compar-
tilhando seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High fazen-
do propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta de discussão sobre
o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme
a OMS, no Reino Unido há leis que limitam a publicidade para crianças
como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são proibidos em
certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em
propagandas de alimentos infantis. Já no Brasil há a autorregulamenta-
ção, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo,
sem legislação específica.
A relação entre pais, filhos e seu consumo se torna conflituosa. As
crianças perdem a noção do limite, que lhes é tirada pela mídia quando
a mesma reproduz que tudo é possível. Como forma de solucionar esse
conflito, o governo federal pode criar leis rígidas que restrinjam a publi-
cidade de bens não duráveis para crianças. Além disso, as escolas pode-
riam proporcionar oficinas chamadas de “Consumidor Consciente” em
que diferenciam consumo e consumismo, ressaltando a real utilidade
e a durabilidade dos produtos, com a distribuição de cartilhas didáticas
introduzindo os direitos do consumidor. Esse trabalho seria efetivo alia-
do ao diálogo com os pais.
Sérgio Buarque de Hollanda constatou que o brasileiro é suscetível a
influências estrangeiras, e a publicidade atual é a consequência direta
da globalização. Por conseguinte é preciso que as crianças, desde pe-
quenas, saibam diferenciar o útil do fútil, sendo preparados para anali-
sar informações advindas do exterior no momento em que observarem
as propagandas.
(G. L. S., Rio Grande do Sul)

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2. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
O verdadeiro preço de um brinquedo

É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com


a existência de personagens famosos, músicas para crianças e parques
temáticos, a indústria de produtos destinados a essa faixa etária cresce
de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a idade desse
público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bom-
bardeio de consumo que as propagandas veiculam?
Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de co-
municação. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por mudar
o curso da História. A imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias ilu-
ministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas não é pre-
ciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e
os debates eleitorais são capazes de definir o resultado de eleições. É
impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma retórica
bem estruturada.
O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público in-
fantil. Comerciais para essa faixa etária seguem um certo padrão: en-
feitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo,
utilizando o produto em questão. Tal manobra de “marketing” acaba
transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos
está condicionada ao fato dela possuir ou não os mesmos brinquedos
que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável
de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento infan-
til.
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação
atual a fim de limitar, como já acontece em países como Canadá e No-
ruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas
abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização
dessa faixa etária em escolas, com professores que abordem esse as-
sunto de forma compreensível e responsável. Só assim construiremos
um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos sem
obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil.
(C. E. L. M., Rio de Janeiro)

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3. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Consumismo modfica os hábitos

A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável


por considerável aumento no número de vendas de produtos e serviços
direcionados às crianças. No Brasil, o debate sobre a publicidade infantil
representa uma questão que envolve interesses diversos. Nesse contex-
to, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de campa-
nhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem
ser prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e
emocionais.
Em primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao públi-
co mais jovem podem influir nos hábitos alimentares, podendo alterar,
consequentemente, o desenvolvimento físico e a saúde das crianças. Os
brindes que acompanham as refeições infantis ofertados pelas grandes
redes de lanchonetes, por exemplo, aumentam o consumo de alimen-
tos muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas crianças, interessadas
nos prêmios. Esse aumento da ingestão de alimentos pouco saudáveis
pode acarretar o surgimento precoce de doenças como a obesidade.
Em segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estí-
mulo ao consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinque-
dos e aparelhos eletrônicos modifica os hábitos comportamentais de
muitas crianças que, para conseguir acompanhar as novas brincadeiras
dos colegas, pedem presentes cada vez mais caros aos pais. Quando
esses não podem compra-los, as crianças podem ser vítimas de piadas
maldosas por parte dos outros, podendo também ser excluídas de de-
terminados círculos de amizade, o que prejudica o desenvolvimento
emocional e psicológico dela.
Em decorrência disso, cabe ao Governo Federal e ao terceiro setor a
tarefa de reverter esse quadro. O terceiro setor – composto por associa-
ções que buscam se organizar para conseguir melhorias na sociedade
– deve conscientizar, por meio de palestras e grupos de discussão, os
pais e os familiares das crianças para que discutam com elas a respeito
do consumismo e dos males disso. Por fim, o Estado deve regular os
conteúdos veiculados nas campanhas publicitárias, para que essas não
tentem convencer pessoas que ainda não têm o senso crítico desen-
volvido. Além disso, ele deve multar as empresas publicitárias que não
respeitarem suas determinações. Com esses atos, a publicidade infantil
deixará de ser tão prejudicial e as crianças brasileiras poderão crescer e
se desenvolver de forma mais saudável.
(A. I. A., Ceará)

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4. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Consumidor final: crianças

Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicida-
de e propaganda no Brasil – sobretudo em relação ao público infantil. Com
o advento do meio técnico-científico informacional, as crianças são inseri-
das de maneira cada vez mais precoce ao consumismo imposto por uma
economia capitalista globalizada – a qual preconiza flexibilidade de produ-
ção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se necessário, portanto,
uma preparação específica voltada para esse jovem público, a fim de tornar
tal transição saudável e gerar futuros consumidores conscientes.
Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vi-
venciada nas últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos
“smartphones”, videogames e outros aparatos que revolucionaram a in-
fância das atuais gerações. Logo, tornou-se essencial a produção de um
marketing voltado especialmente para esse consumidor mirim – objeti-
vando cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias
persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de programas e até
mesmo canais voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e
Discovery Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural (defendido
por filósofos como Theodor Adorno) – o qual aborda o uso dos meios de
comunicação de massa com fins propagandísticos.
Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direi-
tos das crianças e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais
essa pertinente discussão. No Brasil, vigoram os acordos isolados com
o Poder Público – sem a existência de leis específicas. Recentemente,
a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do Adolescen-
te) emitiu resolução condenando a publicidade direcionada ao público
infantil, provocando o repúdio de empresários e propagandistas – que
não reconhecem autoridade dessa instituição para atuar sobre o merca-
do. Diante desses posicionamentos antagônicos, o debate persiste.
Com o intuito de melhor adequar os “consumidores do futuro” a essa
realidade, e não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absor-
ver as muitas informações. Isso pode ser obtido por meio de campanhas
promovidas pelo Poder Público nas escolas (com atividades lúdicas e cons-
cientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos, internet), bem como
a criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no Brasil –
fiscalizando empresas (prevenindo possíveis abusos) – além de orientação
aos pais para que melhor lidem com o impulso de consumo dos filhos (tor-
nando as crianças conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os
consumidores da próxima geração estarão prontos para cumprirem suas
responsabilidades quanto cidadãos brasileiros (preocupados também com
o próximo) e será promovido o desenvolvimento da nação.
(J. C. C., Pará)

92 Enem e Vestibulares
5. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Por um bem viver

O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças'.


A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado
que uma nação deve ter com as questões referentes à infância. Dessa
forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade infan-
til pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos peque-
nos e do Brasil.
É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infân-
cia muda o foco das crianças do que realmente é necessário para sua
faixa etária. Tal situação torna essas crianças pequenos consumidores
compulsivos de bens materiais, muitas vezes desapropriados para de-
terminada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial, passada
através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova
disso são os dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crian-
ças preferirem se divertir com os objetos divulgados nas propagandas,
tornando notório que a relação entre ser humano e consumo está “nas-
cendo” desde a infância.
É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está atre-
lado ao tipo que infância que está sendo construída na atualidade. Essa
relação existe porque um país precisa de futuros adultos conscientes,
tanto no que se refere ao consumo, como às questões políticas e sociais,
pois a atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar adultos
alienados e somente preocupados em comprar. Assim, a ideia do líder
Gandhi de que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente
parece fazer alusão ao fato de que não é prudente deixar que a publi-
cidade infantil se torne abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor
forma com o consumismo.
Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessi-
va influencia de maneira negativa tanto a infância em si como também
o Brasil. É preciso que o governo atue iminentemente nesse problema
através da aplicação de multas nas empresas de publicidade que ultra-
passarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente pelo
Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas
crianças sejam estimuladas pelos pais e pelas escolas a terem um maior
hábito de ler, através de concessões fiscais às famílias mais carentes, em
livrarias e papelarias, distando um pouco do padrão consumista atual,
a fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes.
Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem.
(D. L. C., Pernambuco)

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6. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Criança: comunicação massiva

Em meio a uma sociedade globalizada, é evidente o crescimento dos


recursos capazes de estimular a adesão ao consumo. Em meio a esse
contexto, encontram-se as propagandas destinadas às crianças, que, por
possuírem seu caráter em processo de formação, tornam-se alvos fáceis
desses anunciantes. A regulamentação da publicidade infantil constitui,
assim, um fator imprescindível, visando à preservação da integridade
mental desse público.
Com o advento do capitalismo e, principalmente, do modelo liberal
introduzido pelo pensador iluminista Adam Smith, as pessoas encon-
tram-se inseridas em uma sociedade de consumo, na qual o apelo à
adesão popular é realizado de diferentes formas, como, por exemplo,
por meio da mídia. Diante disso, estão as crianças, que ao possuírem,
muitas vezes, fácil acesso a veículos de comunicação massivos, são es-
timuladas a construírem um ideal de consumismo desenfreado, tento
em vista que não possuem o discernimento entre o que é necessário e
o que é supérfluo.
Imersa nessa logística, encontra-se a participação de famosos em
propagandas ou mesmo a alusão a desenhos animados, que visam ao
convencimento da criança de que aquele produto anunciado é essen-
cial. Isso evidencia a falta de regulamentação no setor de propagandas
do país, já que não há sequer determinação de horários para a veicula-
ção delas, proporcionando uma recepção massiva daquilo que é divul-
gado para o público infantil. A par disso, aqueles que são responsáveis
pela promoção de tais propostas de adesão ao consumo mostram-se
contrários à concretização da proposta, ratificando a preocupação ex-
clusivamente econômica com a realização de uma publicidade desre-
gulamentada.
É certo que a mídia constitui um instrumento de massificação da
sociedade e, por serem indivíduos que ainda estão em processo de
construção do caráter, as crianças necessitam de medidas protecionis-
tas, que garantam sua integridade mental. Nessa perspectiva, deve-se
proibir a veiculação de propagandas infantis em determinados horários,
como naqueles em que há uma programação destinada a esse público;
com a instituição de leis federais. Dessa forma, anunciantes e emissoras
devem ser fiscalizados e punidos com aplicação de multas em caso de
desrespeito ao estabelecido. Além disso, é necessária a introdução de
disciplinas de educação financeira e direcionada ao consumo, visando à
formação de consumidores conscientes. Assim, a criança deixará de ser
alvo dessas práticas apelativas.
(V. M. L. B., Piauí)

94 Enem e Vestibulares
7. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Estímulo ao consumo

A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante


o século XVIII, trouxe a necessidade de um mercado consumidor cada
vez maior em função do aumento de produção. Para isso, o investimen-
to em publicidade tornou-se um fator essencial para ampliar as vendas
das mercadorias produzidas. Na sociedade atual, percebe-se as crianças
como um dos focos de publicidade. Tal prática deve ser restringida pelo
Estado para garantir que as crianças não sejam persuadidas a comprar
determinado produto.
A partir da mecanização da produção, o estímulo ao consumo tor-
nou-se um fator primordial para a manutenção do sistema capitalista.
De acordo com Karl Marx, filósofo alemão do século XIX, para que esse
incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria: constroi-se
a ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do pro-
duto. Assim, as crianças tornaram-se um grande foco das empresas por
não possuírem elevado grau de esclarecimento e por serem facilmente
persuadidas a realizarem determinada ação.
Para atingir esse objetivo, as empresas utilizam da linguagem infantil,
de personagens de desenhos animados e de vários outros meios para
atrair as crianças. O Conselho Nacional de Direitos de Criança e do Ado-
lescente aprovou uma resolução que considera a publicidade infantil
abusiva, porém não há um direcionamento concreto sobre como isso
vai ocorrer. É imprescindível uma maior rigidez do Estado sobre as cam-
panhas publicitárias infantis, pois as crianças farão parte do mercado
consumidor e devem ser educadas para se tornarem consumidores
conscientes.
Logo, o Estado deve estabelecer um limite para os comerciais vol-
tados ao público infantil por meio da proibição parcial, que estabelece
horários de transmissão e faixas etárias. Além disso, o uso de persona-
gens de desenhos animados em campanhas publicitárias infantis deve
ser proibido. Para efetivar as ações estatais, instituições como a família
e a escola devem educar as crianças para consumirem apenas o que
é necessário. Apenas assim o consumo consciente poderá se realizar a
médio prazo.
(J. N. S. D., Minas Gerais)

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8. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Orientação da Criança

A publicidade infantil tem sido pauta de discussões acerca dos abu-


sos cometidos no processo de disseminação de valores que objetivam
ao consumismo, uma vez que a criança, ao passar pelo processo de
construção da sua cidadania, apropria-se de elementos ao seu redor,
que podem ser indesejáveis à manutenção da qualidade de vida.
O sociólogo Michel Foucault afirma que 'nada é político, tudo é po-
litizável, tudo pode tornar-se político'. A publicidade politiza o que é
imprescindível ao consumidor à medida que abarca a função apelativa
associada à linguagem empregada na disseminação da imagem de um
produto, persuadindo o público-alvo a adquiri-lo.
Ao focar no público infantil, os meios publicitários elencam os códi-
gos e as características do cotidiano da criança, isto é, assumem o habi-
tus – conceito de Pierre Bourdieu, definido como 'princípios geradores
de práticas distintas e distintivas' – típico dessa faixa etária: o desenho
animado da moda, o jogo eletrônico socialmente compartilhado, o brin-
quedo de um famoso personagem da mídia, etc.
Por outro lado, a criança necessita de um espaço que a permita cres-
cer de modo saudável, ou seja, com qualidade de vida. Os abusos publi-
citários afetam essa prerrogativa: ao promoverem o consumo exarceba-
do, causam dependência material, submetendo crianças a um círculo
vicioso de compras, no qual, muitas vezes, os pais não podem sustentar.
A felicidade é orientada para um produto, em detrimento de um conví-
vio social saudável e menos materialista.
De modo a garantir o desenvolvimento adequado da criança e dimi-
nuir os abusos da publicidade, algumas medidas devem ser tomadas. O
governo deve investir em políticas públicas que atuem como construto-
ras de uma 'consciência mirim', através de meios didáticos a fomentar a
imaginação da criança, orientando-a na recepção de informações que a
cercam. Em adição, os pais devem estar atentos aos elementos apropria-
dos pelos seus filhos em propagandas, estimulando o espírito crítico de-
les, a contribuir para a futura cidadania que os espera.
(L. A. F. , Sergipe)

96 Enem e Vestibulares
9. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Cabe aos pais educar

Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo


econômico capitalista, cresce no mundo o consumismo desenfreado.
Entretanto, as consequências dessa modernidade atingem o ser huma-
no de maneira direta e indireta: através da dependência por compras e
impactos ambientais causados por esse ato. Nesse sentido, por serem
frágeis e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças
tornaram-se um alvo fácil dos atos publicitários.
Por ser uma questão de cunho global, as ações de propagandas in-
fantis também são vivenciadas no Brasil. Embora a economia passe por
um período de recessão, a vontade de consumir pouco mudou nos bra-
sileiros. Com os jovens não é diferente, influenciados, muitas vezes, por
paradigmas de inferioridade social impostos tanto pela mídia, quanto
pela sociedade, além de geralmente serem desprovidos de uma educa-
ção de consumo, tornam-se adultos desorganizados financeiramente,
ao passo que dão continuidade a esse ciclo vicioso.
Diante desse cenário, os prejuízos são sentidos também pela natu-
reza, uma vez que o descarte de materiais gera poluição e mudança cli-
mática na Terra. No entanto, o Brasil carece de medidas capazes de in-
tervir em ações publicitárias direcionadas àqueles que serão o futuro da
nação, hoje, facilmente manipulados e influenciados por personagens
infantis e pela modernização em que passam os produtos. Em outras
palavras, é preciso consumir de maneira consciente desde a infância,
para que se construam valores e responsabilidade durante o desenvol-
vimento do indivíduo.
Dessa forma, sabe-se que coibir a propaganda voltada ao público in-
fanto-juvenil não é a melhor medida para superar esse problema. Cabe
aos pais, cobrarem ações do governo – criação de leis mais rigorosas
– além de agirem diretamente na formação e educação de consumo
dos filhos: impondo limites e dando noções financeiras ainda enquanto
jovens. Ademais, as escolas têm papel fundamental nesse segmento. É
imprescindível, também, utilizar a própria mídia para alertar sobre os
problemas ambientais decorrentes do consumo em larga escala e in-
centivar o desenvolvimento sustentável.
(L. S. B., Alagoas)

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10. (ENEM - 2014) Tema: Publicidade Infantil
Mais família e menos mídia

Em Esparta, importante pólis grega, os meninos eram exaustivamen-


te treinados para serem guerreiros que defenderiam sua cidade. Hoje,
no Brasil, as crianças não tem essa preocupação: crescem e no futuro,
podem escolher suas profissões. Porém, a publicidade infantil tem in-
fluenciado, não só este, mais inúmeros outros aspectos dos jovens, e
não deveria.
No Brasil, é comum que se ligue a televisão e esteja passando algu-
ma propaganda com teor apelativo aos jovens: publicitários usam de
inúmeros meios para atrair a atenção das crianças, e conseguem. Estas,
cada vez mais conectadas a todo tipo de mídia, acabam se influencian-
do pelo que é divulgado na televisão e pedem aos seus pais que compre
o que foi ofertado. O problema é que cabe aos pais escolher qual brin-
quedo o filho deve ter, por exemplo, e não ao grande empresário. Este
tem como finalidade o lucro, enquanto aqueles querem o crescimento
de seus jovens. Dessa forma, é comum que os donos de empresas criem
brinquedos que não têm a menor intenção de ensinar nada às crianças.
Os pais, pelo contrário, tendem a escolher, por exemplo, os brinquedos
que passem a seus filhos conhecimentos que julguem necessários. Com
a publicidade infantil, os empresários tomam para si, funções que ca-
bem aos pais, e por isso este tipo de publicidade deve ter fim.
Muitas pessoas, porém, pensa que esta é uma forma de censura, simi-
lar à que Vargas implantou com o Departamento de Imprensa e Propa-
ganda, mas não é. Crianças ainda estão na fase de aprendizado básico
e, pela falta de maturidade, não desenvolveram censo crítico: ao verem
propagandas fantasiosas, acham que o produto é maravilhoso e dese-
jam adquiri-lo no mesmo instante. Não sabem, porém, que o refrigeran-
te possui muito corante – e pode desencadear uma alergia, ou que o
brinquedo é muito frágil, e logo se quebrará. Os pais, por esses motivos,
não irão comprar os produtos, o que, em muitos casos, deixará o filho
desapontado. Sabendo que as crianças não têm censo crítico para sele-
cionar o que é bom através da publicidade infantil, observa-se que estas
devem ser pouco, ou nada, divulgadas.
Vendo a questão publicitária sob esta ótica, um implemente à lei
deve ser colocado em prática. Deve partir do Governo uma adequação
ao projeto pedagógico brasileiro: aulas de filosofia e sociologia, coloca-
das na base da escola, ensinariam aos jovens como a mídia de compor-
ta. Com o tempo, e a maturidade, as crianças verão que os pais estão, na
maioria dos casos, corretos na formação que lhe deram. Dessa forma, a
sociedade irá crescer e se desenvolver de forma mais humana e menos
financeira.
(L. S. B., Alagoas)

98 Enem e Vestibulares
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PORTUGUESA
LÍNGUA

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Tirinhas, obras, Francesa e Industrial
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e canções para refletir


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História doReiBr s vivos,
Linguagem Segundo nado, Era
Classificação dos sere
reinos, vírus e citolog
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Interdisciplinar com Velha
Vargas e República
atualidades globais m
Pratique conte
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65 questões rece
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do Enem além de
s do Enem além de 22 de vestibulares
61 questões rece
do Enem além de 26 de vestibulares
59 de vestibulares
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Resistores, potênc das redações nota 100
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