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Trabalho Semestral

Métodos de Investigação I
Licenciatura em Psicologia
Ano Letivo 2023-2024

O IMPACTO DO ABUSO SEXUAL INFANTIL NA DEPRESSÃO NA


ADOLESCÊNCIA

Docente
Professora Doutora Marta Antunes

Discentes
31757 - Matilde Silva

31758 - Mariana Costa

31784 - Ana Tavares

31913 - Beatriz Figueiredo

31941 - Lara Silva

Turma 1TP5.1

Data: 15 de dezembro de 2023


ÍNDICE

Resumo/Abstract 3
Conceitos-Chave 3
Introdução 4
Traumas 4
Abuso Sexual 5
Depressão 6
Infância 8
Adolescência 8
Objetivo 9
Hipótese 9
Variável Independente 9
Variável Dependente 9
Estudos Anteriores 9
Pertinência do estudo 10
Questão de investigação 10
Método 10
Participantes 10
Instrumentos/Materiais 11
Abuso Sexual 11
Depressão 12
Procedimento 13
Propostas de Plano de Análise de Dados 14
Resultados Esperados 15
Conclusões/Propostas de Discussão 15
Informação para a Comissão Institucional de Ética 18
Referências Bibliográficas 20
Anexos 22
Anexo 1 22
Anexo 2 24
Anexo 3 25
Anexo 4 27

2
Resumo

Introdução: Existem poucos estudos sobre o abuso sexual na infância versus


desenvolvimento posterior de depressão, mas fundamentais para o presente estudo, que
assenta naquela correlação nos diferentes sexos, em confronto com crianças que não
sofreram qualquer abuso. Métodos: Utilizou-se uma amostra de 438 alunos do
secundário, apresentando-lhes dois questionários em conjunto, Questionário sobre
Abuso Sexual de Crianças (QASC) e Escala de Depressão do Centro de Estudos
Epidemiológicos (CES-D). Resultados: Adolescentes vítimas destes abusos demonstram
maior probabilidade de desenvolver depressão, sendo as raparigas, o maior número de
vítimas, comparativamente com os rapazes. Discussão: O abuso sexual infantil tem
aumentado, levando à importância da abordagem e aprofundamento deste tema,
aperfeiçoando estudos anteriores, nas suas limitações, desenvolvendo dados mais
específicos e claros.

Abstract

Introduction: There are few studies on childhood sexual abuse versus later development
of depression, but they are fundamental to the present study, which is based on that
correlation in the different sexes, in comparison with children who have not suffered
any abuse. Methods: A sample of 438 secondary school students was used, presenting
them with two questionnaires together, the Questionnaire on Sexual Abuse of Children
(QASC) and the Centre for Epidemiological Studies Depression Scale (CES-D).
Results: Adolescents who are victims of this abuse show a greater likelihood of
developing depression, with girls having the highest number of victims compared to
boys. Discussion: Child sexual abuse has been on the rise, leading to the importance of
addressing and deepening this issue, improving previous studies in their limitations,
developing more specific and clearer data.

Conceitos-Chave: Traumas, Abuso Sexual, Depressão, Infância, Adolescência

3
INTRODUÇÃO

Traumas
O trauma pode ser definido como uma resposta a um ou mais acontecimentos
profundamente angustiantes ou perturbadores que condicionam a capacidade de o
indivíduo lidar com a situação experienciada, provocando posteriormente sentimentos
de desamparo, diminuindo o sentido de si próprio e a capacidade de ultrapassar todo um
conjunto de emoções e experiências (Schroeder et al., 2021).
As experiências traumáticas não são homogêneas, englobando um conjunto de
experiências que diferem em termos de intensidade e gravidade. Porém, existe um
consenso comum sobre as experiências que são consideradas geralmente como
traumáticas. Por exemplo, a concessão de trauma abrange especialmente a adversidade
na infância, que engloba circunstâncias que ameaçam o bem-estar físico ou psicológico
de uma criança (Schroeder et al., 2021).
Entre as diversas experiências traumáticas na infância, incluem-se o abuso
físico, psicológico ou social (Schroeder et al., 2021).
Devido à presença de períodos de desenvolvimentos sensíveis, os efeitos do
trauma infantil persistem ao longo da vida, no entanto apesar de a infância ser um
período particularmente de grande vulnerabilidade, o trauma pode ocorrer também na
vida adulta (Schroeder et al., 2021).
Os traumas infantis, em especial os que são interpessoais, intencionais ou
crônicos, são os que estão mais facilmente associados à existência de transtornos,
depressões, ansiedade e consumo de substâncias e de álcool, tanto na adolescência como
na idade adulta. (Bianco, 2021)
Os traumas por abusos sexuais são muito difíceis de superar sendo uma
experiência terrível na vida de qualquer indivíduo. A vítima acaba por tentar esquecer o
sucedido, o que torna com que a solução seja ainda mais complexa. Estes traumas
provêm de violações, tentativas de violações, violência sexual e abuso sexual infantil
(American Psychological Association, 2023).
Segundo várias pesquisas, o trauma infantil tem um grande impacto na saúde
mental da criança e pode gerar danos neuropsicológicos (Grassi-Oliveira et al., 2006).
Os traumas podem ter impactos distintos, sendo que o efeito de múltiplas
experiências traumáticas é geralmente aditivo. Além disso, a forma como os indivíduos
reagem ao trauma pode ser muito vulnerável (Schroeder et al., 2021).

4
Posto isto, o trauma afeta de forma negativa a saúde mental, bem como o bem-
estar psicossocial, aumentando consequentemente o risco de transtorno, do uso de
substâncias, ansiedade, depressão, violência interpessoal e suicídio (Schroeder et al.,
2021).
Para superar um trauma é normalmente utilizada a psicoterapia. O indivíduo
acaba por ter um espaço adequado para poder partilhar e normalizar os seus sentimentos
e emoções. Além disso, o psicólogo é também uma ajuda fundamental para o indivíduo
conseguir processar e elaborar o trauma, fornecendo diversas ajudas para desenvolver
capacidades de enfrentar o problema (American Psychological Association, 2008).

Abuso Sexual
A expressão “Abuso Sexual” é entendida como um ato em que um sujeito é
obrigado por outro indivíduo a realizar certo tipo de ações de modo a obter uma
recompensa sexual. Este ato, relaciona o poder e submissão, utilizando-o de forma
excessiva e desrespeitosa (Santos et al. 2021).
O Abuso Sexual Infantil (ASI) é conhecido como um dos grandes problemas da
saúde pública da atualidade, e está presente em todo o mundo, em todas as idades,
faixas etárias e classes sociais. No caso de abuso sexual infantil, a criança é vista como
um instrumento sexual, sendo obrigada a realizar ações sexuais contra a sua vontade
(Santos et al., 2021).
O ato praticado pelo o indivíduo que obriga e utiliza a criança para seu benefício
sexual, seja relação sexual, jogos eróticos ou qualquer outro tipo de atitude de caracter
sexual é considerado como Abuso Sexual Infantil (ASI). Na perspetiva da criança,
conseguimos entender que, na maior parte das vezes, a criança não percebe o que está a
acontecer, sendo desta forma mais fácil para o abusador impor atitudes que envolvam
força física e ameaças. Numa grande parte dos casos, o abuso sexual decorre dentro do
seio familiar, provocando um estrago maior, por poder existir uma vinculação afetiva
com o abusador, desta forma é criado uma fragmentação familiar, fazendo com que a
criança perca a confiança total que tem com os pais (Santos et al., 2021).
No ponto de vista do desenvolvimento, uma criança que presencie este trauma, é
mais suscetível a desenvolver no futuro problemas emocionais, comportamentais e
sociais. O Abuso Sexual, tem tendência a proporcionar diversas consequências na
vítima, entre elas, a perda de apetite, rejeição do pai e da mãe, dificuldade em
desenvolver competências escolares e sociais, e, para além disso, ainda pode apresentar

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comportamentos mais sedutores, inapropriados e precoces para a idade da criança
(Santos et al., 2021).
A intervenção da terapia ocupacional é um fator importante para a diminuição
do abalo emocional e das consequências físicas causadas, através de recursos
terapêuticos e do uso do Modelo Lúdico, que é uma das formas da criança restabelecer
ligações com os pais e resolver as confusões causadas com esse trauma (Santos et al.,
2021).
Um terapeuta ocupacional tem o papel de restabelecer a relação de vinculação
com a família e resolver os conflitos trazidos pelo trauma, tentando trazer, de uma
forma mais fácil, o restabelecimento da criança em relação às suas vivências, de
maneira a que ela possa reconhecer que é um ser valorizado no mundo, pelo jeito de
brincar, através do Modelo Lúdico (Santos et al., 2021).
Por fim, Abuso Sexual Infantil, causa, em maior parte dos casos graves, traumas
psicopatológicos, como comportamentos sexuais inadequados, ou seja, comportamentos
precoces não espectáveis para a idade da criança, entre depressão, choro facilmente
atingível, medo de conhecer e de conviver com pessoas, um desempenho negativo a
nível escolar e até mesmo pensamentos suicidas. Desta forma este estudo pretender
conhecer o impacto que o Abuso Sexual Infantil causa no adolescente que sofra de
depressão (Santos et al., 2021).

Depressão
Atualmente o tema da depressão tem vindo a ser cada vez mais abordado e
frequente na sociedade. É uma doença grave de transtorno mental, que consiste num
distúrbio que pode atingir todo o tipo de pessoas, de diferentes idades. Este distúrbio
tem vindo a alastrar-se progressivamente, em especial nos adolescentes, o que é bastante
preocupante. Caracteriza-se por sentimentos negativos como tristeza, mudanças de
apetite, problemas em dormir, sentimento de culpa, de perda de confiança e autoestima,
falta de interesse, um humor deprimido e sentimentos excessivos de inutilidade ou de
culpa, o que leva bastantes vezes a ideias e até tentativas de suicídio. (Melo et al., 2017)
Segundo Souza et al. (2008) a depressão na adolescência é por norma assinalada
em média aos 16 anos e é considerada a doença mais frequente nessa fase (Melo et al.,
2017).
A depressão pode ser apenas diagnosticada por um psiquiatra, a partir do
diagnóstico de determinados sintomas num determinado período de tempo, com uma

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certa frequência e intensidade e que os manuais psiquiátricos mundialmente
reconhecidos e que se encontram em vigor (Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais - DSM-IV, 1995; Organização Mundial de Saúde, CID-10, 1996-
1997) descrevam cuidadosamente (Rodrigues, 2000).
O paciente é diagnosticado com transtorno mental quando os sintomas perduram
pelo menos duas semanas e esta mudança é significativa no funcionamento normal.
Estudos estimam que uma em cada seis pessoas sofrerá de depressão em alguma parte
da sua vida e serão as mulheres as mais afetadas. Existe a enorme probabilidade de ser
uma doença hereditária, especialmente pais/filhos/irmãos. Contudo é uma doença que
tem cura e é tratada ao longo do tempo. São vários os fatores que podem afetar o
aparecimento e desenvolvimento de depressão como, fatores bioquímicos, onde a
diferença em certos produtos químicos no cérebro podem vir a contribuir para sintomas
da depressão, fatores genéticos, em que a depressão pode ocorrer de forma hereditária,
um fator de personalidade, onde pessoas com baixa autoestima, que são facilmente
expostas a stress são mais propensas a desenvolver depressão e fatores ambientais,
provocados pela exposição contínua à violência, ambientes negligente, abuso ou
pobreza, tornando as pessoas mais vulneráveis à depressão (American Psychiatric
Association, 2020).
Luto e depressão são conceitos parecidos, mas diferentes. Por exemplo, quando
uma pessoa próxima falece, o sentimento de tristeza apodera-se levando à mistura de
memórias positivas e negativas do ente querido e a autoestima mantém-se, ao contrário
da depressão, o humor e interesse mudam negativamente, durante pelo menos duas
semanas e a autoestima é afetada com pensamentos de inutilidade (American
Psychiatric Association, 2020).
Uma pessoa que sofre de depressão submete-se a um diagnóstico de saúde
realizado por um especialista da área, esta avaliação pode ser feita através de
entrevistas, exames físicos e/ou exames de sangue (American Psychiatric Association,
2020).
Os antidepressivos, medicamentos para melhorar e atenuar a depressão, não são
sedativos nem tranquilizantes, estes não causam habituação e não têm efeito estimulante
para pessoas que não têm depressão. Estes medicamentos são prescritos pelo médico
com vista a ajudar na modificação química do cérebro, uma vez que a química do
cérebro pode contribuir para a depressão. Os psiquiatras recomendam a toma destes
num tempo de seis meses ou mais após a melhoria dos sintomas, uma vez que a

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manutenção a longo prazo diminui os riscos futuros. A psicoterapia é usada sozinha
para o tratamento da depressão leve, já para a depressão moderada e grave, a
psicoterapia é usada juntamente com medicamentos antidepressivos (American
Psychiatric Association, 2020).
Para reduzir os sintomas de depressão, o leque é variado. Para muitas pessoas o
exercício físico ajuda a regular a propensão de sentimentos e ideias positivas,
melhorando o humor, dormir boas horas de sono com qualidade e comer saudavelmente
são medidas que atenuam a depressão e ajudam na melhoria para quem tem. Tratar da
saúde mental é importante (American Psychiatric Association, 2023).

Infância
Para percebermos melhor a infância no contexto da sociedade é preciso entender
que a infância é a primeira fase da vida humana que começa no nascimento e vai até à
adolescência. É uma época descrita por um rápido crescimento e desenvolvimento
físico, cognitivo e emocional. É também durante este período que as crianças alcançam
capacidades motoras, linguísticas e sociais básicas, sendo uma fase bastante importante
para a construção da sua personalidade e o estabelecimento de bases sólidas para o
futuro. As crianças passam também por um período de socialização na infância, isto
consiste no processo pelo qual as crianças aprendem e constroem as normas e valores da
sociedade em que vivem e no seu meio mais próximo, especialmente da sua família de
origem (Pinto & Sacramento, 1997).

Adolescência
A adolescência é uma das fases mais difíceis e desafiadoras para todos os
indivíduos. Os adolescentes lidam com várias mudanças hormonais e um mundo cada
vez mais complexo, acabando assim, por sentir que ninguém entende os seus
sentimentos e pensamentos, principalmente os seus pais, acabando por ser uma fase
mais complicada para toda a família. Estes acabam por reduzir a dependência que têm
dos seus progenitores e consequentemente tornaram-se mais responsáveis e
independentes. Apesar desta independência, os pais devem estar sempre com atenção a
alguns sinais de alerta, como por exemplo, comportamentos agressivos e violentos,
abuso do consumo de álcool ou utilização de drogas e comportamentos desonestos. Os
adolescentes acabam muitas vezes por se sentirem irritados, solitários e confusos muitas
vezes, quando confrontados com diversas questões mais complexas, como a sua

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identidade, pressão dos amigos, comportamentos sexuais, álcool e drogas (American
Psychological Association, 2010).

Objetivo
Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto que o abuso sexual na infância tem na
probabilidade de desenvolvimento de depressão na adolescência.

Hipótese
Sendo esperado que os adolescentes que sofreram abuso sexual durante a infância terão
uma maior tendência para desenvolver depressão mais tarde na adolescência,
comparativamente com jovens adolescentes que não sofreram qualquer tipo de abuso
infantil.
Variável independente (VI): Abusos sexuais (existência ou não de abusos sexuais
quando eram crianças)
Variável dependente (VD): Quadros depressivos

Até hoje foram realizados alguns estudos que investigaram os vários conceitos
acima abordados.
Kuzminskaite et al. (2020) realizaram um estudo que permitiu avaliar se o
trauma infantil estava associado à desregulação de múltiplos sistemas de estresse
biológico na idade adulta, no qual se verificou que pouco menos de metade da amostra
experienciou pelo menos um tipo de trauma infantil, sendo que destes, uma
percentagem elevada de indivíduos possuíam trastorno depressivo e/ou ansiedade atual
ou em remissão (Suzana & Fernandes, 2021).
Schreier et al. (2020) conseguiu identificar que os traumas na infância estavam
significativamente relacionados com sintomas depressivos, assim como a negligência
emocional e o abuso emocional. Dessa forma, os indivíduos que possuíam um histórico
de maus-tratos na infância, demonstraram ser mais propensos a desenvolver sintomas
depressivos e de stress durante a vida adulta, sendo que essa exposição conjugada pode
estar relacionada em parte com a saúde mental precária daqueles que possuem histórico
de maus-tratos na infância (Suzana & Fernandes, 2021).

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O estudo realizado por Win et al. (2021) procurou avaliar se a exposição a maus-
tratos na infância estava correlacionada com o desenvolvimento de vários transtornos na
idade adulta, tais como, transtorno depressivo, de ansiedade e de pânico. Os dados
obtidos estão de acordo com as teorias psicossociais de maus-tratos na infância, no qual
se pressupõe que os indivíduos que são mais sensíveis a nível fisiológico experienciam
maiores níveis de stress e emoções mais negativas em resposta ao trauma que sofreram
na infância, do que os indivíduos que são menos sensíveis, cujas suas reações aos
eventos traumáticos que vivenciaram podem aumentar significativamente a sua
reatividade emocional, levando posteriormente a uma maior dificuldade de regulação
(Suzana & Fernandes, 2021).
Karakurt G e Silver KE (2014), estudaram as vítimas de violência sexual e
chegaram à conclusão que estas vítimas, chegando à idade adulta têm menos confiança
nas relações com os seus parceiros e consequentemente medo de serem abandonadas.
No plano internacional, existem vários estudos que relacionam os traumas na
infância e a depressão na vida adulta. Foram realizados estudos específicos nos EUA e
na Europa. Temos como exemplo Kessler, Davis e Kendler, que utilizaram a Pesquisa
Nacional de Comorbidade (NCS) (Zavaschi et al., 2002).
Estudos mundiais demonstraram que a denúncia pessoal por parte de vítima de
abuso sexual é maior nas raparigas do que nos rapazes, sendo de uma em cada cinco
raparigas e de um em cada doze rapazes, antes dos 18 anos (Nabais, 2018).
Autores como Sethi e colaboradores (2013) realçam estes valores de denúncia de
abuso sexual por parte das vítimas, referindo que na Europa a taxa de abuso sexual nas
meninas é de 13.4% e nos rapazes de 5.7% (Nabais, 2018).
No que diz respeito à classificação dos abusos sexuais, não se verificaram
diferenças nas taxas de predomínio entre a definição combinada, isto é, com ou sem
contacto e a definição restrita, só com contacto (Nabais, 2018).
Este estudo tem a sua relevância, dado que têm existido cada vez mais casos de
abuso sexual é de elevada importância estudar este tema e o impacto que este terá na
adolescência de cada indivíduo e as suas implicações, tentando dar resposta à seguinte
questão de investigação: Crianças que sofreram de abuso sexual na infância têm mais
probabilidade de vir a desenvolver depressão na adolescência?

MÉTODO

10
Participantes

De forma a realizarmos este estudo, reuniu-se uma amostra constituída por


adolescentes do sexo feminino e masculino, do 12º ano da Escola Secundária D. Filipa
de Lencastre, localizado no concelho de Lisboa, no distrito de Lisboa, com idades
compreendidas entre 16 e 20 anos. Esta amostra abrangeu 438 alunos, dos quais 240
eram raparigas e 198 eram rapazes, com a devida autorização por parte das entidades
competentes e recolhidas apenas num único momento de tempo.
A amostra retirada desta Escola Secundária em Lisboa, foi generalizada a todos
os alunos do 12º ano, e não apenas às vítimas de abusos sexuais indiscriminadamente,
para fazer com que todos os alunos se sentissem confortáveis e não tivessem de se expor
perante a escola sobre a sua situação.
Dado que, aos alunos, foram apresentados dois questionários, o questionário
referente ao abuso sexual e outro à depressão, foram retirados da amostra alunos que
tenham sofrido a perda de um dos pais, divórcio, que tenham histórico de quadros
depressivos ou familiares próximos com esse histórico, ou outro fator externo que possa
estar associado à depressão, sem ser o caso específico do abuso sexual.
Esta experiência foi classificada como sendo um delineamento transversal, dado
que, a amostra foi retirada apenas num único momento de tempo, nas salas de aula. A
amostra deste estudo é uma amostra não-probabilística, e foi realizada de uma forma
correlacional, na medida em que, o nosso objetivo é fazer predições, neste caso, se os
adolescentes que viveram eventos traumáticos de abusos sexuais na infância são mais
suscetíveis a desenvolver a doença patológica “depressão”, durante a sua adolescência.

Instrumentos/Materiais

Abuso sexual
Foi utilizado uma adaptação do Childhood Sexual Experiences Questionnaire
(CSEQ), desenvolvido por Altman (2005), que se designou por Questionário sobre
Abuso Sexual de Crianças (QASC) (Nabais, 2018).
O questionário é composto por quatro etapas e divide-se em duas partes, na qual
na primeira parte, são feitas questões relativamente a dados demográficos (Ex: género,
idade, nacionalidade e língua materna), já na segunda parte, as questões abordadas são
baseadas no tema que pretendemos estudar, ou seja, o abuso sexual em crianças
(Nabais, 2018).
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A primeira etapa, da segunda parte, englobava no total 14 itens (1 - “convite ou
pedido para falar de algo sexual”; 2 - “Beijar e abraçar de forma sexual”; 3 - “Alguém
lhe mostrou os seus órgãos genitais”; 4 - “Mostrou os seus órgãos genitais a alguém”; 5
- “Ser apalpado por cima da roupa”; 6 - “Apalpar alguém por cima da roupa”; 7 -
“Alguém tocar nos seus órgãos genitais”; 8 - “Tocar nos órgãos genitais de alguém”; 9 -
“Masturbar alguém ou ser envolvido na masturbação de alguém”; 10 - “Experienciar
uma relação sexual sem penetração”; 11 - “Alguém ter contacto oral com os seus órgãos
genitais”; 12 - “Ter contacto oral com os órgãos genitais de alguém”; 13 - “Experienciar
uma relação sexual com penetração”; 14 - “Ser envolvido ou tentativa de envolvê-lo em
relações sexuais anais”). Os participantes tinham como opções de resposta: “Não tenho
a certeza”, “Nunca”, “Raramente”, “Às vezes”, “Frequentemente” e “Muito
frequentemente” (Nabais, 2018).
Na segunda etapa, da segunda parte, é apresentada aos participantes uma lista
composta por vários indivíduos, com o objetivo de fazer com que o participante
identifique quem foi o penetrador. Essa lista inclui pessoas como: “Estranho”; “Pessoa
conhecida”; “Amigo”; “Sobrinho(a)”; “Primo(a)”; “Irmão”; “Irmã”; “Pai”; “Mãe”;
“Tio”; “Tia”; “Avô”; “Avó”; “Padrasto”; “Madrasta”; “Meio-irmão”; “Meia-irmã”;
“Professor(a)”; “Treinador(a)” e “Outro” (Nabais, 2018).
Na terceira e quarta etapa, da segunda parte, é questionado ao participante qual a
idade da vítima quando os abusos começaram e qual a idade em que se deu o término do
abuso, respetivamente (Nabais, 2018).
É de salientar que as respostas dos participantes às respetivas questões são dadas
tendo em conta que as situações de abuso sexual terão acontecido até aos 11 anos de
idade (Nabais, 2018).

Depressão
Foi utilizada uma adaptação da Escala de Depressão do Centro de Estudos
Epidemiológicos (CES-D), sendo utilizado para avaliar a probabilidade de o adolescente
sofrer depressão, através de várias questões, relativamente à semana anterior ao
questionário e baseia-se numa escala de likert de 4 pontos, sendo que as pontuações
variam entre 0 e 60 pontos (Moutinho et al. 2013).
O questionário é composto por 16 questões (1 - “Sentiu-se incomodado(a) com
coisas que habitualmente não lhe incomodam?”; 2 - Teve pouca vontade de comer ou
falta de apetite?”; 3 - “Sentiu que não conseguiu melhorar o seu estado de espírito,

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mesmo com a ajuda de familiares ou amigos?”; 4 - “Sentiu que tinha igual ou tanto
valor, ao comparar-se com outras pessoas?”; 5 - “Sentiu dificuldade em se concentrar
numa tarefa?”; 6 - Sentiu-se deprimido(a)?”; 7 - “Sentiu que teve de fazer um esforço
extra para realizar as suas tarefas habituais?”; 8 - “Sentiu-se otimista sobre o futuro?”; 9
- “Considerou que sua vida tinha sido um fracasso?”; 10 - “Sentiu-se feliz?”; 11 -
“Falou menos que o habitual?”; 12 - “Sentiu-se sozinho(a)?”; 13 -“Sentiu que as
pessoas não foram empáticas consigo?”; 14 - “Teve crises de choro?”; 15 - “Sentiu-se
triste?”; 16 - “Sentiu que as pessoas não gostavam de si?”). As opções de respostas
eram: “Nunca ou Raramente”, “Às vezes”, “Frequentemente” e “Sempre” (Moutinho et
al. 2013).
Relativamente à pontuação obtida, quando esta se encontra entre os 16 e os 21
pontos, os resultados sugerem que a “depressão é ligeira e moderada”. Caso a pontuação
seja superior a 21 sugere que a “depressão é elevada” (Moutinho et al. 2013).

Procedimento

Os dados foram recolhidos na escola Secundária D. Filipa de Lencastre durante


todo o dia, para incluir todos os horários da escola. Os alunos foram antecipadamente
avisados sobre a realização do estudo de caso e foi lhes pedido que preparassem
materiais de escrita para realizarem os questionários. Em sala estavam presentes dois
experimentadores, juntamente com um professor responsável por cada turma a fim de
assegurar o bom funcionamento do questionário estando disponível para qualquer tipo
de esclarecimento de dúvidas.
No início da experiência foi entregue um consentimento informado (ver anexo
1) aos alunos de 18 ou mais anos, pois aos alunos menores de idade, foi-lhes entregue
esse consentimento previamente para entregarem aos seus cuidadores para assinarem,
que informaria que as suas respostas iriam ser anónimas e os seus dados pessoais iriam
ser confidenciais, sendo também explicado de forma clara o objetivo do estudo, sendo
também entregue, a todos os alunos, um assentimento em como queriam participar no
estudo.
Primeiramente foi entregue aos participantes um questionário relativamente aos
dados demográficos – ver anexo 2 (gênero, idade, nacionalidade e língua materna). De
seguida foram entregues aos alunos dois questionários baseados no tema que
pretendemos estudar (Questionário sobre Abuso Sexual de Crianças (QASC) e a Escala

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de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D)), tendo um limite
máximo de 30 minutos para a sua realização.
O Questionário sobre Abuso Sexual de Crianças (QASC) (ver anexo 3) era
composto por quatro etapas. A primeira etapa englobava 14 questões, onde os alunos
teriam de selecionar a resposta adequada para si. Na segunda etapa foi pedido aos
participantes que selecionassem quem foi o penetrador e na terceira e quarta etapas, é
perguntado qual a idade da vítima quando começaram os abusos e qual a sua idade em
que o abuso terminou.
Já o questionário sobre a depressão, onde foi utilizado a Escala de Depressão do
Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D) (ver anexo 4), era constituído por 15
questões.
Depois de terminada a experiência, os experimentadores recolheram os
questionários dos alunos.
A entrega de um consentimento informado aos alunos, serviu para nos certificarmos que
os participantes respondem às questões do questionário de forma honesta, livre e sem se
sentirem julgados.
Após a recolha de 438 inquéritos, foi realizada uma seleção de maneira a excluir
todos aqueles que não estariam devidamente respondidos, tendo-se verificado um total
de 27 questionários a não considerar. Dessa forma recolheram-se no total 411
questionários devidamente respondidos.

PROPOSTAS DE PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados recolhidos foram analisados através dos dois questionários mais


apropriados à avaliação do abuso sexual e da depressão. O QASC permitiu avaliar o
abuso sexual e o CES-D possibilitou a análise da depressão.
No questionário CES-D, as dezasseis questões foram codificadas numa escala de
likert de 4 pontos e as pontuações variaram entre os 0 e os 60 pontos. De seguida,
optou-se por calcular a pontuação total de cada participante em particular, sendo que
cada indivíduo poderia ter no máximo 60 pontos no questionário. Posto isto,
relativamente à pontuação, conseguimos interpretar que os inquiridos, cuja pontuação se
encontravam entre os 16 e os 21 pontos apresentavam “depressão ligeira e moderada”.
Já quando a pontuação era superior a 21 pontos, os indivíduos apresentavam “depressão
elevada”.

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Para além disso, focou-se a atenção na questão seis (6 - “Sentiu-se deprimido?), uma
vez que se centra especificamente numa das variáveis em estudo.
Já o questionário QASC foi utilizado com as recomendações do autor Altman
(2005), sendo constituído por quatro etapas. A primeira etapa, da segunda parte,
englobava na totalidade catorze itens, cuja pontuação variava entre 0 (“nunca”) e 5
(“muito frequentemente”). As restantes três etapas não tinham pontuação.

RESULTADOS ESPERADOS

A nossa proposta de estudo tem como objetivo avaliar o impacto que o abuso
sexual na infância tem na probabilidade de desenvolvimento de depressão na
adolescência. Para a realização deste estudo, optou-se pela utilização de dois
questionários, com o intuito de avaliar se os indivíduos que manifestam indicadores de
abuso sexual na infância, seriam mais suscetíveis a desenvolver depressão mais tarde,
na adolescência.
A partir da análise dos dados obtidos nos questionários, espera-se que os
adolescentes vítimas de abuso sexual durante a infância, tenham uma maior
probabilidade de apresentar maiores pontuações (superior a 21 pontos) no questionário
CES-D.
Relativamente às diferenças entre género, prevê-se que as raparigas vítimas de
abuso sexual apresentem pontuações mais elevadas no questionário CES-D do que os
rapazes. Para além disso, espera-se que as raparigas apresentem uma taxa mais elevada
de abuso sexual do que os rapazes.
Assim, espera-se que os adolescentes que apresentem pontuações mais elevadas
no questionário QASC, tenham consequentemente uma maior probabilidade de
apresentar pontuações mais altas no questionário CES-D. Por outro lado, os
adolescentes que apresentem menor pontuação no questionário QASC, apresentarão
pontuações mais baixas no questionário CES-D.

CONCLUSÕES/PROPOSTAS DE DISCUSSÃO

O presente estudo tem como objetivo avaliar o impacto que o abuso sexual
infantil tem na probabilidade de desenvolvimento de depressão na adolescência.

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Relativamente aos resultados esperados, verifica-se que estes corroboram com a
hipótese inicialmente colocada, uma vez que, os adolescentes que manifestaram
indicadores de abuso sexual na infância apresentam pontuações mais altas no
questionário CES-D, ou seja, têm uma maior probabilidade de vir a desenvolver
depressão. Para além disso, os adolescentes que não manifestaram indicadores que
foram vítimas de abuso sexual infantil, apresentaram pontuações mais reduzidas no
questionário CES-D e dessa forma demostraram ser menos suscetíveis em desenvolver
depressão mais tarde.
O abuso sexual infantil é considerado um problema de saúde pública a nível
mundial, e que pode ter impacto não só a nível físico como também a nível psicológico
e social (Nabais, 2018).
Cada vez mais, tem-se verificado um aumento significativo do número de
estudos que avalia o abuso sexual infantil (Nabais, 2018).
Com base em vários estudos, este tipo de abuso sexual tem vindo a aumentar
significativamente, no entanto pelo facto de ser um tema sensível, muitas vítimas
preferem não denunciar estes tipos de caso, desse modo, é cada vez mais importante a
criação de estudos por forma a combater este tipo de abuso sexual (Nabais, 2018).
De acordo com alguns estudos relativos a este tipo de abuso, demonstram que
uma em cada cinco raparigas e um em cada doze rapazes fizeram uma queixa pessoal
sobre casos de abuso sexual. (Nabais, 2018). Estes resultados são consistentes com os
resultados esperados do presente estudo, na medida em que, é esperado que as raparigas
apresentem uma taxa mais elevada de abuso sexual comparativamente com os rapazes.
Como tal, consideramos pertinente avaliar se o abuso sexual na infância tem
impacto no desenvolvimento de depressão na adolescência.
A partir dos dados recolhidos, é esperado que os jovens adolescentes que
manifestaram indicadores de abuso sexual infantil demostram ter maior probabilidade
para desenvolver depressão na adolescência, uma vez que, os jovens que passaram por
experiências traumáticas na infância podem vir a desenvolver problemas psicológicos,
como a depressão que podem afetar negativamente a saúde mental e emocional. Por
outro lado, os adolescentes que não demonstraram ser vítimas de abuso sexual infantil,
terão menos probabilidade de vir a desenvolver depressão mais tarde.
O estudo de Schreier et al. (2020), está meramente relacionado com esta
questão, na qual os autores conseguiram identificar que os sintomas depressivos

16
estavam significativamente associados ao trauma infantil, assim como o abuso
emocional e a negligencia emocional (Suzana & Fernandes, 2021).
Outro estudo pertinente foi realizado por Kuzminskaite et al. (2020), onde se
verificou que menos de metade da amostra tinha histórico de pelo menos um tipo de
trauma na infância, sendo que deste, uma elevada percentagem possuía transtorno
depressivo e/ou ansiedade (Suzana & Fernandes, 2021).
Tanto no estudo de Kuzminskaite et al. (2020), como no estudo de Schreier et al.
(2020), os dados obtidos sobre os traumas na infância, independente de quais tipos de
traumas, estão relacionados com sintomas depressivos e de stress na idade adulta
(Suzana & Fernandes, 2021).
É de relevante pertinência e importância o desenvolvimento de mais estudos
onde se relacionem o impacto do abuso sexual, principalmente na infância, na depressão
na adolescência, porque, em primeiro lugar, os casos de abuso sexual infantil têm sido
cada vez mais recorrentes na atualidade, e já não se tem vindo a dar tanta importância
como a alguns tempos atrás, o que se torna preocupante, porque para além de não se dar
importância ao bem estar dos jovens, é-se benevolente no que toca à penalização destes
criminosos. Em segundo lugar, porque os adolescentes, independentemente da
nacionalidade e cultura, são o futuro da humanidade, está nas mãos deles o
desenvolvimento, e por isso deve-se zelar para o seu saudável e seguro
desenvolvimento, quer seja, físico, emocional e psicológico, enquanto crianças até à
vida adulta, porque para que haja este desenvolvimento é preciso que os nossos jovens
consigam transmitir ideais e valores corretos, justos e exequíveis. Tem de se ter em
conta que as nossas escolhas e opções do passado influenciam o nosso presente e futuro,
e que o nosso presente influencia o futuro, por isso, é importante no passado zelar para o
bem daqueles que vão comandar no futuro.
É importante notar que este estudo foi um estudo transversal, o que implica a
análise dos participantes uma única vez, o que se pode reproduzir em resultados pouco
fiáveis no sentido em que os participantes no dia do questionário se podem sentir mais
ou menos bem-dispostas, ou mais ou menos emotivos, e por isso, influenciar as suas
respostas nos questionários.
Outras duas limitações, são limitações que estão presentes em todos os
questionários em geral, pois, apesar de os questionários serem respondidos em sala de
aula, sob supervisão do professor e dos dois experimentadores, existe na mesma a falta
de controlo sobre o ambiente em que o questionário é respondido, e também ter em

17
conta que o questionário leva a uma livre interpretação das perguntas, podendo-se
traduzir em resultados enviesados.
Uma última limitação, seria o facto de a amostra ser muito pequena e totalmente
portuguesa, o que quer dizer que não há representatividade da população.
Em estudos futuros é relevante atentar, por um lado, a uma possível camuflagem
dos sintomas da depressão, e por sua vez perceber se os participantes na resposta ao
questionário estão a ser verdadeiros com os seus próprios sentimentos e emoções ou
não, e, por outro lado, se estão a tentar encobrir a pessoa que lhes fez aquilo, devido a
ameaça, no momento do questionário em que o têm de fazer (Feijó et al., 2021).
Dado que este estudo foi um estudo transversal, podemos, em estudos futuros,
analisar a mesma amostra, ou uma diferente, mas mais vezes, para fazer com que não
haja enviesamento das respostas no que toca ao estado de espírito dos participantes
(Golay et al., 2023).
Utilizando ainda a última limitação apresentada, em estudos futuros podem-se
procurar amostras mais representativas da população, ou seja, incluir outras
nacionalidades e culturas.

INFORMAÇÃO PARA A COMISSÃO INSTITUCIONAL DE ÉTICA

Título do Estudo: O impacto do Abuso Sexual Infantil na Depressão na Adolescência

Identificação dos Participantes:


Nomes: Ana Tavares; Beatriz Figueiredo; Lara Silva; Mariana Costa; Matilde Silva;
1º ano de Licenciatura de Psicologia.
Filiação Institucional: Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da
Vida (ISPA).

Orientador: Professora Doutora Marta Antunes

Este estudo tem como objetivo perceber a influência dos abusos sexuais infantis
no desenvolvimento da depressão nos adolescentes.
Este estudo tem apenas a duração de um único momento, que consistirá na
distribuição de um questionário dividido em três partes: a primeira parte irá ser apenas a
recolha de alguns dados demográficos, de forma completamente anónima e

18
confidencial, a segunda parte será um questionário sobre o abuso sexual, e por fim, a
terceira parte, referir-se-á a um questionário sobre a depressão.
Este estudo não apresenta riscos superiores aos que os indivíduos estão expostos
no dia-a-dia. Contudo, deverá sentir-se à vontade para desistir ou interromper este
estudo a qualquer momento.
Ao participar em estudos desta natureza está a contribuir para o avanço do
conhecimento científico, e por sua vez promover o desenvolvimento e conhecimento
deste tipo de problemas e de outros que irão ser abordados.
Toda a informação recolhida neste estudo é extremamente confidencial. Os
dados deste inquérito serão recolhidos pelos os investigadores na altura da experiência e
depois de analisados, serão anulados de qualquer plataforma. Ao serem descarregados
os dados serão logo de seguida anonimizados, separando assim os dados pessoais de
quaisquer outros dados recolhidos.
Os dados estarão acessíveis unicamente para os experimentadores responsáveis
por esta investigação, designadamente, a Ana Tavares, Beatriz Figueiredo, Lara Silva,
Mariana Costa e Matilde Silva. Estes são os únicos indivíduos a aceder aos seus dados
demográficos e à informação necessária para proceder ao emparelhamento entre estes e
os restantes dados fornecidos por si. Os responsáveis pelo tratamento, têm acesso aos
dados pessoais até à conclusão do estudo (janeiro 2024), sendo este o período de
conservação dos dados pessoais. Os dados pessoais não serão comunicados a nenhuma
entidade nem há possibilidade de serem transferidos para países terceiros.
Apenas os responsáveis por este estudo poderão ter acesso aos dados anónimos,
sendo que estes não poderão ser partilhados em revistas internacionais, congressos
científicos e outras publicações. Este estudo cumpre o Regulamento Geral de Proteção
de Dados (RGPD) e garante assim segurança, confidencialidade e anonimato de todos
os dados facultados pelos participantes. Este estudo segue também as recomendações da
Declaração de Helsínquia para a investigação científica.

Declaração de consentimento informado


Ao assinar, declaro que tenho 16 ou mais anos, que tomei conhecimento do
objetivo do estudo, que compreendi os procedimentos e o que tenho de fazer para
participar no mesmo. Declaro também que tive oportunidade de ler na íntegra o presente

19
consentimento informado, o que considero totalmente explícito, e que, concordando
com o seu conteúdo, aceito participar de livre vontade neste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

American Psychological Association. (2010, May 5). La adolescencia.


https://www.apa.org/topics/teens/adolescencia

American Psychological Association. (2023, October). Trauma


https://www.apa.org/topics/trauma

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Feijó, L., Fermann,I., Andretta, I., Serralta, F. (2021). Indícios de eficácia dos
tratamentos
psicoterápicos pela internet: revisão sistemática. Revista Interinstitucional de
Psicologia, http://dx.doi.org/10.36298/gerais202114e16767

Golay, P., Empson, L., Mebdouhi, N., Conus, P., Alameda, L. (2023). Uma melhor
compreensão do impacto do trauma de infância na depressão em psicose
precoce: Uma abordagem de funcionamento diferencial de itens. Schizophrenia
Research 261 http://doi.org/10.1016/j.schres.2023.09.001

Grassi-Oliveira, R., Stein, L. & Pezzi, J. (2006). Tradução e validação de conteúdo da


20
versão em português do Childhood Trauma Questionnaire. Revista Saúde
Pública, 40(2), 249-55.

Melo, A., Siebra, A., & Moreira,V., (2017). Depressão em Adolescentes: Revisão da
Literatura e o Lugar da Pesquisa Fenomenológica. Psicologia: ciência e
profissão. (37.1) https://doi.org/10.1590/1982-37030001712014

Moutinho, A., Oliveira, A., Torres, B., Costa, N., Brito, S. & Azevedo, S. (2013). E-
DARS-Estudo da depressão em adolescentes e redes sociais. Adolescência &
Saúde, 10(2), 30-38.

Nabais, I., (2018) Validação do questionário sobre abusos sexual de criança na


população
portuguesa. Instituto Universitário Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida.

Rodrigues, M. (2000). O diagnóstico de depressão. Psicologia USP, 11(1).


https://doi.org/10.1590/S0103-65642000000100010

Santos, G. R., Ponte, A. S., & Silva, T. F. (2021). Abuso sexual infantil: impacto no
comportamento da criança e perspectivas para a Terapia Ocupacional.
REFACS, 9, 822-831. http://doi.org/10.18554/refacs.v9i0.5667

Schroeder, K., Noll, J., Henry, K., Suglia, S. & Sarwer, D. (2021). Trauma-informed
neighborhoods: Making the build environment trauma-informed. Preventive
Medicine Reports, 2211-3355. https://doi.org/10.1016/j.pmedr.2021.101501

Suzana, A. & Fernandes, M. (2021). Traumas na infância e regulação emocional na


vida
adulta. Centro Universitário de Anápolis - UNIEVANGÉLICA.

21
Pinto, M. & Sacramento, M. J. (1997) As crianças: Contextos e Identidades.
Universidade
do Minho.

Torres, F. (2020, October) What Is Depression. American Psychiatry Association.


https://www.psychiatry.org/patients-families/depression/what-is-depression

Zavaschi, M., Satler, F., Poester, D., Vargas, C., Piazenski, R., Rohde, P., Eizirik, C.
(2002). Associação entre trauma por perda na infância e depressão na vida
adulta. Revista Brasileira de psiquiatria, 24(4)):189-9.

ANEXOS

Anexo 1

Consentimento Informado

Título do Estudo: O impacto do abuso sexual infantil na depressão na adolescência

Identificação dos Participantes:


Nomes: Ana Tavares; Beatriz Figueiredo; Lara Silva; Mariana Costa; Matilde Silva;
1º ano de Licenciatura de Psicologia.
Filiação Institucional: Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da
Vida (ISPA).

Orientador: Professora Doutora Marta Antunes

Este estudo tem como objetivo perceber a influência dos abusos sexuais infantis
no desenvolvimento da depressão nos adolescentes.

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Este estudo tem apenas a duração de um único momento, que consistirá na
distribuição de um questionário dividido em três partes: a primeira parte irá ser apenas a
recolha de alguns dados demográficos, de forma completamente anónima e
confidencial, a segunda parte será um questionário sobre o abuso sexual, e por fim, a
terceira parte, referir-se-á a um questionário sobre a depressão.
Este estudo não apresenta riscos superiores aos que os indivíduos estão expostos
no dia-a-dia. Contudo, deverá sentir-se à vontade para desistir ou interromper este
estudo a qualquer momento.
Ao participar em estudos desta natureza está a contribuir para o avanço do
conhecimento científico, e por sua vez promover o desenvolvimento e conhecimento
deste tipo de problemas e de outros que irão ser abordados.
Toda a informação recolhida neste estudo é extremamente confidencial. Os
dados deste inquérito serão recolhidos pelos os investigadores na altura da experiência e
depois de analisados, serão anulados de qualquer plataforma. Ao serem descarregados
os dados serão logo de seguida anonimizados, separando assim os dados pessoais de
quaisquer outros dados recolhidos.
Os dados estarão acessíveis unicamente para os experimentadores responsáveis
por esta investigação, designadamente, a Ana Tavares, Beatriz Figueiredo, Lara Silva,
Mariana Costa e Matilde Silva. Estes são os únicos indivíduos a aceder aos seus dados
demográficos e à informação necessária para proceder ao emparelhamento entre estes e
os restantes dados fornecidos por si. Os responsáveis pelo tratamento, têm acesso aos
dados pessoais até à conclusão do estudo (janeiro 2024), sendo este o período de
conservação dos dados pessoais. Os dados pessoais não serão comunicados a nenhuma
entidade nem há possibilidade de serem transferidos para países terceiros.
Apenas os responsáveis por este estudo poderão ter acesso aos dados anónimos,
sendo que estes não poderão ser partilhados em revistas internacionais, congressos
científicos e outras publicações. Este estudo cumpre o Regulamento Geral de Proteção
de Dados (RGPD) e garante assim segurança, confidencialidade e anonimato de todos
os dados facultados pelos participantes. Este estudo segue também as recomendações da
Declaração de Helsínquia para a investigação científica.

Declaração de consentimento informado:

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Ao assinar, declaro que tenho 16 ou mais anos, que tomei conhecimento do
objetivo do estudo, que compreendi os procedimentos e o que tenho de fazer para
participar no mesmo. Declaro também que tive oportunidade de ler na íntegra o presente
consentimento informado, o que considero totalmente explícito, e que concordando com
o seu conteúdo aceito participar de livre vontade neste estudo.

Assinatura_______________________________________________

Anexo 2

Dados Demográficos

1. Qual a sua idade neste momento?


______________________

2. Assinale a opção de género com que mais se identifica:

 Sexo feminino
 Sexo masculino
 Não quero revelar

24
3. Qual a sua nacionalidade?
________________________________

4. Qual a sua língua materna?


________________________________

Anexo 3

Questionário sobre Abuso Sexual de Crianças

1. Assinale com um X, com que frequência estas situações lhe aconteceram antes
dos 11 anos.

Não
tenho a Às Muito
certeza Nunca Raramente vezes Frequentemente frequentemente
Convite ou pedido para falar
de algo sexual
Beijar e abraçar de forma
sexual
Alguém lhe mostrou os seus

25
órgãos genitais
Mostrou os seus órgãos
genitais a alguém
Ser apalpado por cima da
roupa
Apalpar alguém por cima da
roupa
Alguém tocar nos seus órgãos
genitais
Tocar nos órgãos genitais de
alguém
Masturbar alguém ou ser
envolvido na masturbação de
alguém
Experienciar uma relação
sexual sem penetração
Alguém ter contacto oral com
os seus órgãos genitais
Ter contacto oral com os
órgãos genitais de alguém
Experienciar uma relação
sexual com penetração
Ser envolvido ou tentativa de
envolvê-lo em relações
sexuais anais

2. Quem era/eram para si a(s) pessoa(s) que perpetraram as situações acima


identificadas? Assinale com X todas as pessoas envolvidas nesse(s)
acontecimento(s).

 Estranho  Tia
 Pessoa conhecida, mas não amiga  Avó

26  Avô
 Padrasto
 Madrasta
 Amigo(a)
 Sobrinho(a)
 Primo(a)
 Irmão
 Irmã
 Pai
 Mãe
 Outro

3. Indique a sua idade quando se deu esse(s) acontecimento(s).

__________________________________________________

4. Indique a sua idade quando se deu o término do(s) abuso(s).

__________________________________________________

Anexo 4

Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos

1. Assinale com um X, com que frequência estas situações lhe aconteceram na


semana anterior.

Nunca ou Às
Raramente vezes Frequentemente Sempre
Sentiu-se incomodado(a) com coisas que habitualmente não
lhe incomodam?
Teve pouca vontade de comer ou falta de apetite?
Sentiu que não conseguiu melhorar o seu estado de espírito,
mesmo com a ajuda de familiares ou amigos?

27
Sentiu que tinha igual ou tanto valor, ao comparar-se com
outras pessoas?
Sentiu dificuldade em se concentrar numa tarefa?
Sentiu-se deprimido(a)?
Sentiu que teve de fazer um esforço extra para realizar as
suas tarefas habituais?
Sentiu-se otimista sobre o futuro?
Considerou que sua vida tinha sido um fracasso?
Sentiu-se feliz?
Falou menos que o habitual?
Sentiu-se sozinho(a)?
Sentiu que as pessoas não foram empáticas consigo?
Teve crises de choro?
Sentiu-se triste?
Sentiu que as pessoas não gostavam de si?

28

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