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Desenho da família

O desenho da família avalia: o estado afectivo da criança, estruturação da


personalidade,v i v ê n c i a   d o   c o n t e x t o   f a m i l i a r ,   d i n â m i c a   f a m i l i
a r   –   s u a   r e p r e s e n t a ç ã o ,   m a t u r i d a d e psicomotora, formação do
esquema corporal.
Interpretação1. Nível gráfico:
1.1. Amplitude do traço:
Extroversão: linhas traçadas num gesto amplo e ocupam uma boa parte da
página. Indicam energia. (Expansão vital)I n t r o v e r s ã o : g e s t o d e p o u c a
a m p l i t u d e , l i n h a s c u r t a s , i n d i c a f a l t a d e e n e r g i a e inibição.

1.2. Força do traço:


representa a força dos impulsos, com liberação ou inibição dos
instintos.
Traço forte: indica agressividade, impulsividade e audácia.
Traço fraco: é indicador de fragilidade e timidez. É muito significativo o extremo
em ambos.
1.3. Ritmo do traçado:
subentende-se como o sujeito desenvolve a tarefa de forma mais
espontânea ou, pelo contrário, estereotipadamente, numa repetição simétrica
de traços, pontos, etc., até atingir um grau de minuciosidade
que pode chegar a ser compulsivo. A repetição rítmica
( r e p e t i ç ã o d e p e r s o n a g e m p a r a p e r s o n a g e m , i s t o é , desenhar as
personagens de forma igual: cabeça, tronco, pernas, tamanho) indica perda de
espontaneidade e presença de um ambiente repressivo com regras
rígidas. Casos muito pronunciados poderão diagnosticar neurose ou a
presença de traços obsessivos.
A simetria das personagens poderá indicar repetição, hesitação ou estereótipo. 
1.4. Localização:
Zona inferior: ausência de fantasia, de energia, cansaço, astenia e depressão.
Zona superior: expressão da fantasia, imaginação e criatividade.
Zona esquerda: relaciona-se com o passado, tendências regressivas,
passividade, falta de iniciativa, forte dependência dos pais.
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Zona direita: relaciona-se com o futuro, desenvolvimento progressivo
(evolução),capacidade de autonomia e de iniciativa.
 
Os lugares que ficam vazios significam zonas proibidas.

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1.5 Sentido do desenho:
 Sentido para a direita: sentido natural, sentido progressivo.
2. Nível das estruturas formais:
A representação da figura humana é pressuposta como o esquema
corporal do sujeito, sendo possível avaliar a sua maturidade e a presença de
transtornos do esquema corporal.
2.1. Esquema corporal:
como é desenhada cada parte do corpo, detalhes
atribuídos ou omitidos. Proporções, vestimentas e ornamentos. O
grau de perfeição dod e s e n h o   t o r n a -
se um indicador de maturidade. Pode ser influenciado por fact
o r e s emocionais.
2.2. Estrutura do corpo:
ausência ou não de interacções entre as personagens, contexto animado ou
imóvel no qual evolui.
2.3 Tipo Sensorial:
mais espontâneo e livre. 
Linhas curvas – interesse pela estimulação emocional,
espontaneidade, sensibilidade ao ambiente circundante.
2.4. Racional:
mais rígido. 

Linhas rectas e ângulos – rigidez, racionalidade, repressão de
emoções, ambiente muito exigente e rígido.

3. Nível do conteúdo:3.1. Valorização do personagem principal:
o personagem principal é o
maisi m p o r t a n t e   n o   s e n t i d o   d e   q u e   a s   r e l a ç õ e s   d o   s u j e i t o  
c o m   e l e   s ã o   e s p e c i a l m e n t e significativas, seja porque o “admira,
inveja, teme”, seja porque se identifica com
ele.-   P e r s o n a g e n s   d e s e n h a d a s   e m   1 º   l u g a r ,   o c u p a n d o   q u a
s e   s e m p r e   o   l u g a r   à esquerda.- Pelo tamanho, geralmente maior. - O
desenho é executado com maior cuidado e investimento gráfico.
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- As personagens são ricas em acessórios: com mais adornos.- Localização ao
lado de uma figura importante.- A personagem ocupa um lugar de
destaque. Ser desenhado em posição mais central, de modo a chamar
a atenção entre as figuras.
 Personagem mais enfatizada, por representar o próprio sujeito, que com ele se
identifica.- Capacidades que se distinguem pelo físico valorizado relativamente
às
outras.-   E s t ã o   a s s o c i a d o s   s e n t i m e n t o s   m a i s   f o r t e s   d o   s u j e
i t o ,   s e j a m   n e g a t i v o s   o u positivos.
3.2. Desvalorização de um personagem:
i m p l i c a i n t e n t o s d e n e g a ç ã o , q u e é indicada, frequentemente, pela:-
Omissão total da personagem ou de detalhes da mesma.

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- Personagem menor que as outras.
- Personagem colocada em último lugar, na margem da página.
- Personagem desviada/distanciada ou debaixo das outras, horizontalmente ou
emplano
inferior.-   P e r s o n a g e m   d e s e n h a d a   c o m   m e n o r   c u i d a d o   o u   c o
m   o m i s s ã o   d e   d e t a l h e s importantes.- Depreciada de alguma maneira:
por um atributo negativo ou alteração da idade, omissão do nome, ao contrário
das restantes que integram o desenho.- Figura com que raramente o sujeito se
identifica.- Geralmente um dos irmãos.
3.3. Distância entre as figuras:
associa-se com dificuldades no relacionamento e t a n t o p o d e s e r i n d i c a d a
pelo afastamento entre as representações dos personagens
quanto por outros indícios, como por um traço de separação.
3.4. Presença de representações simbólicas:
- Inclusão de animais, domésticos ou selvagens, que serviriam para a
expressão mais livre de diferentes tendências pessoais, que podem, assim,
ser mascaradas.- Desenhar irmãos como figuras de animais seria uma
forma de desvalorizá-los como pessoas.
Afectividade:
Positiva: sentimentos de admiração e carinho que fazem com que a criança
invistana figura privilegiando-
a.N e g a t i v a :   s e n t i m e n t o s   d e   d e s c o n s i d e r a ç ã o   q u e   f a z e m   c
o m   q u e   a   c r i a n ç a desinvista, desvalorizando o objecto.
 
Negação de Existência:
a criança não se reconhece como parte da família. Não se desenha como se
“não existisse” na família. Há omissão do próprio na representação da família,
quando ele não se sente incluído, quando não participa, não recebe afecto
ouse há um problema de rejeição. Ausência de poder ou de influência na
família. Baixa auto-estima.
 
Inversão de papéis:
troca de papéis no desenho.
Transferência:
transfere para outra personagem, isto é, a criança não faz parte do
desenho, mas esta faz o irmão afirmando ser ela.
Regressão:
no desenho a criança diz ter menos idade do que na realidade.
Personagens acrescidas:
- Pode aparecer no desenho uma ou mais figuras imaginárias, que pode fazer
tudoo que a criança não ousa fazer: Um bebé – fortes tendências regressivas.
Uma criança mais velha/adulto – ser o mais
feliz.U m   d u p l o   –   c a r a c t e r í s t i c a s   d a   c r i a n ç a   q u e   p o d e m   s e r   l i v r e
m e n t e   e x p r e s s a s (desenha outra criança em que esta pode fazer tudo o
que a criança não pode fazer).

 
Os laços e as relações:
- Os laços estabelecidos no desenho reflectem o modo como a
criança encara essas relações. A aproximação entre duas pessoas
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indica a intimidade desprezada ou desejada pela criança.- O afastamento
entre as personagens pode corresponder à verdade, por exemplo, quando os
pais estão separados. Tanto a distribuição sequencial, como ênfases
especiais no desenho de algum m e m b r o d a f a m í l i a , p o d e m - s e
r e l a c i o n a r c o m a v a l ê n c i a a f e c t i v a q u e e l e t e m p a r a o sujeito,
seja num sentido positivo como negativo.
Se o sujeito coloca-se em primeiro lugar, a hipótese é de
egocentrismo e, e múltimo, de restringimento.
 
Representação de algum membro em negrito:
 
conflito com essa pessoa.
 
Figura riscada:
desejo de afastá-la da família ou subentender um desejo da sua morte.
 
Membro da família circunscrito num círculo:
mesmo significado que o anterior ou denunciar uma ênfase especial por
razões afectivas ou circunstanciais (problema de doença, por exemplo).
Inclusão de pessoas falecidas:
fixação.
 
Família desenhada em grupos que se distanciam uns dos outros:
 
Hipótese de divisão na constelação familiar.
Grande figura materna:
 
mãe dominante.
 
Pai pequeno:
apenas maior que o sujeito, indica que este percebe aquele como sendo
somente um pouco mais importante que ele. Por outro lado, chama a atenção
para a existência ou não de uma relação entre tamanho e idade.
A forma como as figuras são representadas, bem como a ordem sequencial em
que aparecem, permitem explorar as relações inter-familiares e a maneira
como o sujeito se percebe dentro do contexto.
Cozinhar:
simboliza uma figura materna protectora.
 
Limpar:
associa-se a mães compulsivas que se preocupam mais com a casa do que
com a gente que a habita.
 
Pai representado a guiar ou no trabalho:
p a r e c e n ã o e s t a r i n t e g r a d o n a família, como aquele que lê o
jornal, paga as contas ou brinca com os filhos: que são actividades
frequentes de pais normais.
 

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Personagem em posição precária ou no verso do papel:
 
existência de tensão, ou de conflito não resolvido.
 
Sujeito mal desenhado:
insegurança quanto aos seus sentimentos de pertencer à família.
 
Figuras em plano mais elevado:
associam-se a sentimentos de dominação e poder.
 
Braços estendidos:
podem sugerir uma tentativa de controlo do ambiente.
 
Bolas:
usadas para indicar interacção, às vezes com um sentido competitivo.
Certas actividades agressivas entre irmãos, que também
p o d e m e n v o l v e r o arremesso de uma bola ou de uma faca, podem indicar
rivalidade fraterna.
 
Luz e fogo:
representações concretas de sentimentos positivos na interacção,
relacionados com afeição e amor, embora fogo, possa subentender
raiva por falta de gratificação das necessidades correspondentes.
 
Nuvens pesadas:
relação com preocupações e depressão.
 
Se há sentimentos de instabilidade, o sujeito pode tenta
r   c r i a r   a l g u m a instabilidade, sublinhando todo o desenho ou os indivíduos
com os quais as suas relações parecem instáveis.
 
Chapéu:
precisa de protecção.
Manual: O tamanho
A relação entre o tamanho dos desenhos e o espaço disponível
projecta a vivência da relação dinâmica entre o indivíduo e o ambiente, mais
concretamente, entre o indivíduo e as figuras parentais. A forma de
responder a pressões ambientais e ao sentimento de auto-estima é
também outra característica. O tamanho no teste da família depende, pelo
menos parcialmente, do nível cultural.
Desenhos grandes:
c o r r e s p o n d e m   a   p e s s o a s   q u e   r e a g e m   h a b i t u a l m e n t e   a pressões
ambientais com atitude agressiva e expansiva. O tamanho grande é mais
frequente na classe alta que na média e na baixa. As crianças procedentes dos
níveis sócio culturais elevados tendem a reagir com maior frequência deforma
expansiva e agressiva, têm uma auto-imagem mais forte, aceitam as
frustrações com mais dificuldade e defendem os seus interesses com mais
afinco.
Desenhos demasiadamente grandes:

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que tendem a pressionar as bordas das páginas, denotam sentimentos de
opressão (ansiedade) do ambiente, acompanhados de acções e fantasias
sobre compensatórias. O orgulho ou vaidade, o desejo de superar os
sentimentos de inferioridade, a necessidade de demonstrar algo, etc.
Desenhos pequenos:
associam-se a uma auto-imagem da pessoa insuficiente,
as e n t i m e n t o s   d e   i n f e r i o r i d a d e   f o r m a s   a u t o - c o n t r o l a d a s  
de responder às pressões ambientais e a retraimento. Os
desenhos pequenos aparecem com maior frequência nos sujeitos
pertencentes às classes média e baixa, levando a pensar que estes
possuem uma auto-imagem mais débil, que reagem a pressões
ambientais com maior auto-controlo, retraimento e com menos
espírito de luta. As classes economicamente débeis parecem mostrar
estruturas m a i s r í g i d a s , e a f a l t a d e t o l e r â n c i a e d e
f l e x i b i l i d a d e i n c i d e n a p e r s o n a l i d a d e d a s crianças, tornando-as
mais limitadas. A inibição nas reacções, projectada através do tamanho dos
desenhos, afecta também o desenvolvimento das capacidades criativas e
isso justificaria, em parte, as
diferençasr e i t e r a d a m e n t e   i n t e l e c t u a l   d a s   c r i a n ç a s  
p r o c e d e n t e s   d a   d i t a   c l a s s e   s o c i a l , economicamente baix
as.Os primogénitos tendem a fazer desenhos maiores do que os filhos mais
novos,
porqueo s   p r i m e i r o s   s ã o   v í t i m a s   d e   u m a   r e l a ç ã o   m a i s   a n s i o
s a   c o m   o s   p a i s ,   s o f r e m   m a i s comparações, são incumbidos de r
esponsabilidades desproporcionadas e sobretudo,porque a segurança
vê-se ameaçada pelos irmãos que podem mudar-lhes as situações
falsamente consideradas pelos pais como privilegiadas. Os mais
novos porque
vivemg e r a l m e n t e   u m a   s i t u a ç ã o   d e   a m b i v a l ê n c i a ,  
a c a b a m   p o r   s e r   m a i s   m i m a d o s   e sobreprotegidos e, por
outro lado, como parecem menos maduros que os seus irmãos, os pais tratam-
nos um pouco à margem das normas familiares; mais, o costume de
receber a j u d a p o d e d a r l u g a r a u m E g o d é b i l , q u e p a r e c e
p r o j e c t a r - s e a t r a v é s d e u m a m a i o r   tendência a realizar desenhos
pequenos.
Zona da página
Zona superior 
– representa o mundo das ideias, a fantasia e o espiritual. Quanto mais acima
de situam os desenhos, maior probabilidade haverá dos sujeitos fugir da
realidade, procurando as satisfações na fantasia.
Zona inferior 
– significa sólido,
firme, concreto.O s   d e s e n h o s   s i t u a d o s   n a   z o n a   i n f e r i o r   p a r e c e
m   r e v e l a r   u m   m a i o r   c o n t a c t o   c o m   a realidade e corresponde
m   a   s u j e i t o s   m a i s   f i r m e m e n t e   e n r a i z a d o s .   N a   z o n a   i n f e r i o r   corr
esponde a sujeitos mais maduros.
Zona central
– zona do coração, dos afectos e da
sensibilidade.O s   d e s e n h o s   n a   m a r g e m   d a   p á g i n a   p a r e c e
m   r e f l e c t i r   t e n d ê n c i a s   d e p r e s s i v a s , insegurança,

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necessidade de apoio e dependência exagerada. A l i g a ç ã o à z o n a
superior da página, especialmente se o desenho é pequeno e
f i c a deslocado para o lado esquerdo, parece mostrar uma tendência
regressiva.

 
A supressão de algum elemento da família responde a u
m   m e c a n i s m o   d e   d e f e s a consistente em negar uma realidade que
produz angústia. Perante o pensamento de incapacidade de adaptar-
se a essa realidade, o sujeito reage negando sua existência. Podemos
pensar que um menino de 9 anos que suprime um elemento da família, de uma
forma inconsciente deseja a sua eliminação. A este respeito devemos precisar,
todavia,q u e   o s   s e n t i m e n t o s   d o   s u j e i t o   p o d e m   s e r   e m   t a i s   c a s o s  
a m b i v a l e n t e s ,   p o d e n d o - s e apreciar frequentemente a coexistência do
amor e do ódio. Devido a sentimentos de culpa que tal eliminação produz
na criança, esta tende a racionalizar o seu problema, como ocorre, por
exemplo, quando na entrevista nos indica que não houve tempo de
desenhar certo personagem, que não coube, ou simplesmente, que se
esqueceu.E l i m i n a r   u m   e l e m e n t o   d a   p r ó p r i a   f a m í l i a  
é   a   m á x i m a   e x p r e s s ã o   p o s s í v e l   d e desvalorização, e
indicará sempre, problemas relacionais importantes. E m c r i a n ç a s o p a i é
suprimido com maior frequência que a mãe. Estas supressões
devem-se a uma problemática de ciúmes edípicos; então o
sujeito elimina o pai que percebe como rival. Em outros casos,
a e l i m i n a ç ã o d o p a i o b e d e c e a o u t r o t i p o d e problemas relacionais.
Quando a existência de algum irmão ou irmã causa, por
m o t i v o s d e c i ú m e s , u m a sensação de angústia na criança esta tenta
proteger-se negando a existência do rival e, em consequência, elimina-os dos
seus desenhos. Esta supressão de algum dos irmãos é algo mais frequente
que a dos pais. Esta característica pode observar-se com alguma
maior frequência nos sujeitos pertencentes à classe social mais baixa. A maior
acumulação de supressões de algum irmão dá-se nas famílias
numerosas da classe baixa. Qualquer tipo de desvalorização de um irmão ou
de um dos progenitores é uma reacção agressiva da criança. Perante os
mesmos problemas, a criança pode reagir de outras formas. Devido
provavelmente aos sentimentos de culpa vinculados à desvalorização
dea l g u m   e l e m e n t o   d a   f a m í l i a ,   a   c r i a n ç a   p o d e   r e a g i r  
v e r t e n d o   s o b r e   s i   m e s m o   a agressividade. Este facto constitui
uma reacção depressiva, e projecta-se nos desenhos a t r a v é s d a p r ó p r i a
desvalorização ou supressão. Os sentimentos de culpa
i m p e d e m atacar os outros e então a criança sente-se infeliz e desvinculado
do bloco familiar.
Estar e a c ç ã o   d e p r e s s i v a   p o d e   s e r   d e p e n d e n t e   d e   c o n f l i t o s   d e   r i
v a l i d a d e   f r a t e r n a l   o u   d e problemas relacionais com os pais. A maior
propensão das crianças das classes baixas a manifestar os seus
problemas através de reacções depressivas, parece obedecer à realidade de
um Ego mais débil.
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Outros indícios de desvalorização
Certas ocasiões, a desvalorização projecta-se através de uma 
representação maispequena, mais imperfeita, com menos deta
l h e s ,   o   d i s t a n c i a m e n t o   d a   p e r s o n a g e m desvalorizado do resto dos
elementos integrantes da família.
A supressão das mãos nos desenhos
A supressão pode atribuir-se à insuficiente capacidade 
a n a l í t i c a ,   d e p e n d e n t e   d o desenvolvimento intelectual; no entanto
deve-se a diferenças individuais no âmbito da afectividade. Alguns
autores, apoiando-se no facto natural de que as mãos são órgãos de
contacto,r e l a c i o n a m   a s   a l t e r a ç õ e s ,   d e f o r m a ç õ e s   o u   s u p r e s
s õ e s   d e s t a   z o n a   c o r p o r a l ,   c o m dificuldades de contacto
ambiental. Se estão ocultas ou se suprimem é possível que o sujeito
projecte sentimentos de culpabilidade. No teste de Machover as
alterações nas mãos são interpretadas sistematicamente como expressão de
dificuldades de contacto ou de sentimentos de culpa em relação com
actividades manipuladoras ou de
masturbação.A   a u s ê n c i a   d e   m ã o s   d á - s e   f r e q u e n t e m e n t e   n a  
c l a s s e   m é d i a ,   t a n t o   q u e   p r o j e c t a sentimentos de culpabilidade.
Isso parece congruente dada a maior exigência e rigidez que se pode
observar nas famílias de classe média. As supressões das mãos aumentam
paralelamente ao tamanho da família, tanto no que se refere à totalidade
das personagens como a cada um dos pais ou irmãos em particular, sendo
significativas as diferenças entre famílias pequenas e grandes.
A supressão dos traços faciais nos desenhos
A supressão dos traços faciais nos personagens que representam a própria
família é
umi n d i c a t i v o   d e   d e s v a l o r i z a ç ã o   d o s   m e s m o s .   P r o v a v e l m e n t e   a  
d i t a   s u p r e s s ã o   r e f l e c t e também algum tipo de perturbações nas
relações interpessoais, e que a cara é a parte mais expressiva do corpo
e as feições representam os aspectos sociais por excelência.
A adição de outros elementos
As adições mais frequentes consistem em desenhar um ou vários
avós, primos,
tios,a n i m a i s ,   o u   p a i s a g e m .   Q u a l q u e r   u m a   d e s t a s   a d i ç õ e s   t e m   u
m   s i g n i f i c a d o   d i f e r e n t e segundo os casos de que se
trate.O s   a v ó s   s ã o   a   a d i ç ã o   m a i s   f r e q u e n t e .   G e r a l m e n t e   e s
t e s   a p a r e c e m   c l a r a m e n t e valorizados em relação aos pais, ou,
pelo contrário, são desenhados num plano distinto
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do resto da família e com sinais claros de desvalorização. Isso
dependerá do papel real que tenham dentro da família, e o tipo de relações
estabelecidas. A p r e s e n ç a d e p r i m o s o u t i o s é b a s t a n t e
excepcional. Em geral estes desenhos
sãobastante conflituosos, porque estes personagens tendem a 
interferir nas relaçõesafectivas da criança com os pais, de
m o d o q u e a p a r e c e m c o m f r e q u ê n c i a e m l u g a r   destes. Isto é, as
crianças que desenham especialmente tios tendem a suprimir algum
dos progenitores. Em casos, a presença de animais parece projectar uma

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reacção agressiva do sujeito. O animal assume um papel justiceiro, ao ser
encarregado de castigar os pais ou irmãos. E noutros casos observa-se
também uma identificação com o animal desenhado, sem que apareça
esta intenção punitiva. As crianças indicam que gostariam de ser o cão ou o
gato desenhado, porque a esses animais todo o mundo os acaricia.
Nestes casos, o que a realidade projecta é a sensação de uma carência
afectiva. A adição de paisagem, sol, nuvens, montanhas, árvores, flores,
parece ser um reflexo de uma viva imaginação.

http://pt.scribd.com/doc/11355756/Desenho-Da-Familia

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