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1
Nome fictício
a
Cartão 2- Suporte Materno
Vê-se uma senhora e um rapaz a abraçarem-se… poderá ser amizade da própria família, por se estarem
a abraçar.O que aconteceu antes… Talvez terá havido uma conversa entre ambos. A conversa foi
parental, ou familiar. A nível de conclusão podem estar a abraçar-se.Está a pensar que têm que estar
unidos … A cara do rapaz é triste (DEP). Pode ter havido perda ou saudade de alguém próximo
(PROB). A mãe está a tentar serenar o rapaz (SUPO/RES1). O sentimento é saudade ou união.
b
sozinho (REJ) e decidiram … (hesita) … falar com ele de forma mais agressiva a nível sentimental.
Ofendê-lo por ser mais forte ou chamar nomes. Sentimentos… (pela cara do rapaz mais cheiinho) de
culpa (ANS) … estará a pensar porque é que é mais forte (REJ). Talvez sentimentos mais… O
sentimento dos rapazes mais negros… (hesita) é de dizer palavras que não deveriam… estão a gozar
com o rapaz mais forte. Talvez o rapaz se sinta triste (DEP) quando sair dali, se a discussão não acabar
mal. Terá a sensação de andar sozinho e provavelmente o sucesso na escola não será o melhor (REJ).
Os rapazes negros… Se vier um empregado poderão ser chamados à atenção, ou então sair sem
nenhuma culpa se ninguém fizer queixa (REL/RES2).
c
Nesta imagem vê-se o rapaz a preparar para ajudar o rapaz deitado (SUPO).Poderá ser uma
brincadeira de mau gosto ou algo sério (PROB). O rapaz que está a ajudar o que está no chão vai
tentar usar a superioridade física para bater ou agredir o rapaz que vinha andando (ANS).
Provavelmente, antes estará tranquilo e depois de repente veio o rapaz para tentar agredir.
Sentimentos… para já de medo para o rapaz que está para lhe bater. Para o rapaz que está para agredir,
sentimentos… para já… não tem muitos e parece estar focado em realmente querer ameaçá-lo com
algo (AGG/DEP).O que pode acontecer é que… ou o rapaz salva-se se vier alguma pessoa ajudá-lo e
separar o agressor da vítima (REL) … ou então, vai sair desta briga… O rapaz que está no chão sairá
magoado e poderá fazer queixa aos pais ou tentar esconder (MAL/RES1).
d
se for uma perda continuarão tristes. Se for uma discussão pode ser que estejam menos tempo
zangados (RES1).
e
trabalho, parece que está com cara de quem gostou e satisfeito com o trabalho do rapaz (SUPC). Se
for uma foto… a foto pode ter o senhor, e o rapaz ter ido ter com ele para conversar e ver a foto (REL).
Se foi um teste, então foi o rapaz que foi para a beira do senhor e levá-lo para mostrar a nota que teve.
Para o senhor se orgulhar. Saudade se for a foto (para o pai).Para o rapaz não há muitos sentimentos.
Talvez orgulho pelo teste, orgulhou o senhor (SUPC).O rapaz estará a pensar que o pai está
orgulhoso. O que pode acontecer… o senhor vai dar um abraço ao jovem e… se calhar vai
acontecer… vai levá-lo a um sítio especial, dar um prémio… (RES2) ou pode não dar nada. Se for
uma imagem o senhor irá colocá-la no armário… ficará com uma recordação que pelo aspeto das
coisas será boa (SUPC).
Resultados quantitativos
Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X
2 X X X X
3 X X X X
4 X X X
5 X X X
6 X X X X X X
7 X X X X X X X
8 X X X X X
9 X X X X X X X X
10 X X X X
11 X X X
12 X X X X
13 X X X X X X
14 X X X X X
15 X X X X X X
16 X X X X
TOTAL 5 3 3 4 14 6 6 0 8 2 12 2 3 1 4 14
f
Conclusões
O Rodrigo colaborou na atividade que lhe foi solicitada, referiu ter entendido as
instruções e manteve um comportamento adequado ao longo de toda a prova. No fim da
apresentação do primeiro cartão foram reforçadas as instruções do teste.
Ao longo da avaliação o Rui apresentou uma competência reduzida para a construção
de narrativas coerentes, observando-se que a maioria das narrativas não tem princípio
meio e fim. As histórias apresentam ambivalência na identificação dos problemas (e.g.,
Poderá ter sido uma perda ou então uma discussão forte entre a mãe e o senhor) e
pouca imaginação, limitando-se essencialmente ao conteúdo manifesto nos cartões, com
capacidade diminuída de ir para além do objetivamente observável nas placas. No que
respeita à resolução de problemas, na maioria das narrativas os mesmos não apresentam
soluções adequadas e ajustadas à faixa etária do Rui. A resolução, na maioria das
histórias, limita-se à satisfação de desejos ou à situação presente, não sendo acompanhada
de quaisquer novas ideias que possam ser aplicadas a situações problemáticas (e.g., se for
uma perda continuarão tristes. Se for uma discussão pode ser que estejam menos tempo
zangados).
Quanto ao conteúdo emocional, os resultados da prova indicam a presença de estados
de ansiedade e depressão acentuados, verificando-se que, provavelmente, o Rui terá a
auto estima e auto conceito diminuídos (e.g., …estarão a ofendê-lo no sentido de que é
mais gordo; (…) a sensação de andar sozinho e provavelmente o sucesso na escola não
será o melhor) o que poderá fazer com que não se sinta integrado e se afaste do seu grupo
de pares. Este aspeto, provavelmente, estará a interferir com a aprendizagem e o
desempenho escolar do jovem.
A resolução mal adaptativa de algumas histórias poderá estar associada a uma
dificuldade em lidar com as emoções que emergem em determinadas situações que se
apresentam como ansiogénicas, o que provavelmente conduzirá a um maior isolamento
do seu grupo de pares e consequentemente à emergência de sintomas depressivos e
diminuição do aproveitamento na escola.
Todavia, é de ressalvar que em algumas histórias há a presença de fatores protetores
(e.g., suporte da criança, e apoio nos outros) verificando-se a capacidade de identificar
emoções positivas bem como a procura de outros para auxiliar na resolução de problemas.
No que respeita à imposição de limites, parece existir um envolvimento parental
g
adequado, uma vez que as figuras de autoridade, em algumas histórias, estabelecem
limites apropriados e razoáveis em resposta à violação de regras.
De uma maneira geral, o Rui parece evidenciar dificuldades em lidar com algumas
situações do meio envolvente, que possivelmente é entendido como pouco disponível,
aspeto que parece ir ao encontro das dificuldades de socialização que, provavelmente,
existirão entre o grupo de pares, dificultando a realização das tarefas escolares,
interferindo com o desempenho do Rodrigo, neste contexto, em particular.
Caso Rodolfo2
2
Nome fictício
h
Teste Apercetivo de Roberts
Cartão 1
Ok, o filho- “Oh pai eu quero ser bailarino”. O pai-“ Não filho, não podes ser bailarino porque não é
um emprego de homens…” (REJ)
Oh, ele é…esqueci-me…Isso é um emprego para os gays, isso é homo…não é homossexual… Isso é
homofóbico. (REJ)
A mãe concorda com o filho mas não quer conflitos com o pai. O pai, se calhar, vai metê-lo num campo
de futebol. Ele (o pai) está revoltado com o filho (ANS) porque não tem um emprego … A mãe parece
que está nervosa porque está a esfregar as mãos (ANS).
Eu quando estou nervoso também esfrego as mãos…
Mas a mãe também parece estar de acordo com o pai… Não sei!... (UNR)
Escalas clínicas: ansiedade, não resolvido, rejeição
Cartão 2
Aqui, obviamente, o filho está mais velho…a mãe também.
Obviamente, ele está a fazer o que o pai quis, mas, obviamente, está triste porque não pode dançar
(DEP). O filho está aborrecido…ele teve uma grande discussão com o pai (REJ/ANS) porque ele está
cheio do rugby…
A mãe está a consolar e estão de joelhos (SUP-O) …o filho está a pensar em fugir para conseguir
dançar…Possivelmente, ele vai tentar dançar à frente do pai, para mostrar o que ele sabe fazer. O pai
deve estar a pensar” Porque não fiz um filho que queria jogar futebol ou rugby” (UNR/ATY).
Cartão 3
(Oh, isto pareço eu!)
Aqui o rapaz está a trabalhar…oooh, ele aqui está a fazer provas, provas de rugby ou de futebol para
saber o que deve fazer! (PROB) O filho continua a pensar na dança e já está a pensar em chegar a casa
e começar a dançar, mas vai ser visto pelo pai e vão voltar-se a chatear (ANS/UNR).
i
Cartão 4
Oh…ah! Eu tava para dizer que ela viu atropelar ou ser morta daquele tipo! (PROB/ANS) Ela estava
com a cara de “Foi merecido o que aconteceu!” (AGR). Ela estava chateada (ANS) e empurrou a
outra (AGR). Provavelmente, ela meteu-se com o namorado desta e depois esta vingou-se, e depois
tentou fugir da PSP para não ser acusado de homicídio… (MAL)
Eu vejo muito CSI…!
Cartão 5
What!? Ooooh, o rapaz é mais novo, os pais estão-se a arranjar…ou estavam a dançar, músicas
românticas…e o rapaz viu e, possivelmente, foi a partir daí que começou a gostar da dança…e estava
feliz por estar a ver os pais a dançar. (SUP-C)
Tudo estava feliz naquela sala. (SUP-C /RES-1)
Cartão 6
Não…Puf! Isso é racismo! (PROB) Eles estavam a falar de se inscrever na equipa de futebol. Este
chegou e disse: “ Vocês não se podem inscrever porque são pretos”. (AGR/REJ) Ele é racista e não
quer que os negros joguem na equipa dele… (ATY/RES2)
Afinal tenho imaginação!
Cartão 7
Hum…Bem, este viu o pior pesadelo da vida! (DEP). É um pesadelo, ou sentiu-se muito preocupado
(ANS) pelo que fez ao negro, ou ao preto! Ele começou a sentir-se triste por ter feito assim e reagido
j
mal com os negros (DEP). Ele começou a pensar que na escola ia pedir desculpas (SUP-O) aos negros
e vai tentar ajudá-los a entrar na equipa. (RES2/SUP-O)
Cartão 8
Este é o irmão deste… (Bem, tenho de pensar um bocado…espera…) Hum, cheira-me aqui a divórcio
(REJ/PROB) …Eles estão a falar por código que é para os miúdos não perceberem, mas eles
percebem). A mãe diz que eles devem falar sozinhos. A irmã percebe a situação e chamou o irmão
(REL). A mãe diz ao pai que quer abandoná-lo porque tem outro homem (REJ/ ATP).
Cartão 9
Bullying! (PROB) Ok, este rapaz não tem que ser, obviamente, gay, ou qualquer coisa de estúpido!
(REJ) Isto pode ser daqueles que “ ou dás-me muito dinheiro ou eu bato-lhe” (ATY).
Um parece ter 10 e outro 15 e vai fazer sempre bullying (ANS/PROB). Vai começar a pensar mal
(DEP) e a tentar suicidar-se. (MAL)
(Eu não gosto de bullying…já sofri de bullying…porque supostamente tenho as orelhas grandes. Bati
nele e ele parou…Nem lhe bati com muita força…)
Cartão 10
(Oh…Puf! É isto, estou cansado de falar!)
A mulher… (tenho que lhe dar nomes?) A mulher teve um filho…A mãe adorava o menino e o menino
adora a mãe, ele era filho único até que o irmão nasceu (PROB). Toda a concentração vai sair dele
para o irmão. A mãe vai começar a ter pouca paciência (ANS) por causa do choro do bebé (DEP) …
e depois ele vai-se chatear com a mãe e com o pai, se ele estiver lá (ATY), não sei. (UNR)
k
Escalas clínicas: Ansiedade, depressão, não resolvido
Indicadores clínicos: Resposta atípica
Cartão 11
Ah, hum…falando dos americanos, ela é uma líder de claque, está na maior, boas notas e com a
faculdade paga e foi estúpida com outra mulher qualquer. Ela chateou-se com a miúda e empurrou-a
para o meio lá de um carro (MAL). Ela portou-se mal.
Escalas adaptativas
Escalas clínicas
Indicadores clínicos: Resposta mal-adaptado
Cartão 12
>, tu bates-lhe e o puto está a ver (PROB)… sim senhor, a mãe confronta o marido (RES-2)- “ Só
chegaste agora!”- e o pai bateu-lhe (MAL)…o filho viu e pensa que é normal bater às mulheres (ATY).
Se o pai faz porque não posso fazer?
O rapaz chega à escola e bate numa rapariga e diz “ Se o meu pai faz porque é que eu não possa fazer?”
(ATY)
Conta à educadora a situação sem saber que o pai está a fazer mal (REL)! A professora chamou a PSP
e a PSP leva preso o pai (ATY)
Cartão 13
Tu estás numa sala de aula, a professora tirou-te o telemóvel (PROB) e tu ameaçaste com uma cadeira
(ATY/AGR).
“Ah queres o telemóvel? Então vais ter que ir buscar ao Conselho…ou a tua mãe tem que ir buscar ao
conselho”. Para a mãe não se chatear com ele não queria dizer (ANS). A mãe soube e meteu-o num
colégio interno (ATY).
l
(Oh, este é um artista!)
A mãe disse-lhe- “ Pedro vamos pintar a parede” (SUP-O) … E o miúdo pega numa cor… Azul? Pode
ser vermelho por ser do Benfica. Ele podia pintar a parede de vermelho e não tem medo de se pintar
mal com as mãos. Se pintar com as mãos de vermelho e depois pintar com vermelho não faz mal…Mas
mesmo assim ele pintou a parede (LIM/PROB).
Escalas adaptativas: Suporte dos outros, estabelecimento de limites, identificação de problemas
Escalas clínicas
Indicadores clínicos
Cartão 15
Oh (riu-se)… Ok, eu vou assumir que é a tua irmã, a irmã está no WC… (Se visse isto eu sentia
vergonha, porque se fosse eu tinha vergonha…até porque não tenho um físico…)
O irmão parou e viu a irmã no WC (PROB). O irmão diz- “ Para a próxima fecha a porta”
(ANS/UNR).A irmã diz: “ Não tens problema, és o meu irmão não tens que ter vergonha!” (REL) …
Mas mesmo assim, ele não gosta de ver a irmã assim (UNR).
(Eu gosto da minha privacidade).
Cartão 16
(Oh…Puf, isto é óbvio!) Ele chegou da escola com o boletim das notas, acho que vai de F a A (vou
assumir que são todos americanos). O pai está a ver as notas e o filho diz que teve nota muito baixa a
matemática (PROB). O pai diz que o vai pôr na explicação a matemática (RES2). O filho disse- “
obrigado” ou “muito obrigado” (SUP-O).
m
Resultados quantitativos
ESCALAS PERFIL INDICADORES
ESCALAS ADAPTATIVAS ESCALAS CLÍNICAS
Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X X
2 X X X X X X
3 X X X
4 X X X X
5 X X
6 X X X X X X
7 X X X X
8 X X X X
9 X X X X X X
10 X X X X X
11 X
12 X X X X
13 X X X X
14 X X X
15 X X X X
16 X X X
TOTAL 4 3 1 1 10 1 4 10 3 4 5 7 7 4 0
Considerações gerais/Conclusão
Durante a sessão, o Rodolfo manteve uma postura correta mantendo o contato ocular
cada vez que era solicitado para responder a questões, colaborou na atividade que lhe foi
solicitada evidenciando um comportamento adequado ao longo de toda a prova, apesar
de ter tendência para a fuga de ideias, (e.g., “Vejo muito CSI”) o que poderá indicar a
necessidade de reforço positivo em determinadas situações para que se possa sentir
apoiado e compreendido.
Ao longo da avaliação o Rodolfo, embora demonstrasse capacidade de imaginação,
evidenciou uma competência reduzida para a construção de narrativas coerentes.
Relativamente à resolução de problemas, na maioria das histórias os mesmos não são
resolvidos de forma construtiva, evidenciando-se falta de soluções adequadas e ajustadas
para a faixa etária do Rodolfo. De uma maneira geral, o Rodolfo parece evidenciar
dificuldades em lidar com o meio envolvente, que possivelmente é entendido como
ameaçador e pouco disponível, caraterística que parece ir ao encontro das dificuldades de
comunicação que possivelmente existirão tanto no interior do seio familiar como na
escola.
n
Quanto ao conteúdo emocional, os resultados da prova indicam a presença de estados
de ansiedade acentuados, baixa autoestima e humor depressivo, possivelmente associados
à ausência prolongada da figura paterna e ao facto de compartir o seu dia-a-dia familiar
com três figuras femininas (irmãs e mãe). Quanto à figura materna parecem existir
sentimentos de ambivalência o que poderá evidenciar que o Mauro não sente que tenha
uma base segura de apoio a quem possa recorrer em situações de maior vulnerabilidade e
insegurança. A não resolução de algumas histórias poderá estar associada a uma
dificuldade em lidar com as emoções inerentes a determinadas situações que se
apresentam como ameaçadoras, o que provavelmente conduzirá à exibição de certos
comportamentos agressivos, bem como à sensação de sentimentos de rejeição e
ansiedade, particularmente no seio familiar, na escola e no contacto interpessoal com o
grupo de pares.
De um modo geral, os resultados indicam que o Rodolfo parece ter uma perceção da
realidade desenquadrada para o que seria esperado na sua faixa etária, o que poderá
indicar que há ausência de estratégias adaptativas para lidar com determinados problemas
do dia-a-dia, bem como com as emoções que emergem dessas mesmas situações. Todavia,
não parece que esteja presente uma psicopatologia, mas sim uma dificuldade acrescida
em lidar com a crise desenvolvimental caraterística da adolescência, podendo estar
presente uma difusão da identidade.
Caso Alvim3
Nome: Alvim Género: Masculino Idade: 11 anos, 5 meses e 2 dias
Escolaridade: 6º Ano Data nascimento: 2004/08/14
3
Nome fictício
o
que enfrentar o escuro, ou ficar sozinho num andar da casa mesmo sabendo que está
alguém na residência (sic). Apesar das melhorias nos sintomas o rendimento escolar de
Alvim diminui ligeiramente, aspeto que preocupa a sua mãe (“ Tirou alguns quatros”.
“Tem chegado cerca de cinco minutos atrasado às aulas de apoio porque fica a jogar
matrecos, e um menino de quadro de honra não pode ter este comportamento. ”- mãe).
Quando a mãe se ausentou da sala, relembrou-se o que se tinha efetuado na sessão
anterior e estabeleceu-se a agenda da sessão. Assim, com base nas queixas expostas pela
mãe e pela criança, julgou-se pertinente avaliar o funcionamento emocional e cognitivo
do Alvim em determinadas situações através da execução do Teste Apercetivo de Roberts.
Este instrumente insere-se no domínio os testes projetivos e consiste na apresentação de
um conjunto de cartões, cada um com diferentes imagens. Para cada cartão a
criança/jovem tem que inventar uma narrativa com princípio, meio e fim, esclarecendo o
que os personagens da história estão a pensar e a sentir.
O Alvim aceitou participar na tarefa, parecendo interessado e animado (“Ah, parece
giro”). Neste sentido, foram dadas as instruções da prova, explicando que para cada cartão
teria que imaginar uma história com principio, meio e fim, sem esquecer de referir o que
cada personagem está a fazer, a pensar e a sentir, ressalvando que não há respostas certas
ou erradas.
Teste Apercetivo de Roberts
p
Cartão 2- Suporte materno
Oh! Esta é fácil…Por exemplo, vou usar um caso vulgar, o amor (SUP-C).
O miúdo está triste (PROB/DEP). A mãe está preocupada (ANS) mas também está
triste. A mãe está preocupada e o miúdo precisa de apoio e carinho (DEP).
Depois resolveu-se… (UNR)
Escalas adaptativas: SUP-C, PROB
Escalas clínicas: DEP, ANS, UNR
q
Cartão 6- Interação entre pares (amizades, sentimentos de rejeição ou rivalidade)
Pode ser muitas coisas…Discussão, conselho, amigos a falar…
Mas pela cara do miúdo branco há aqui qualquer coisa…Para mim é um assalto
(PROB/ATY), o miúdo branco está afligido, preocupado (ANS), porque, muitas vezes,
num assalto não se sabe o que vai acontecer.
Os outros miúdos estão a fazer por maldade e acho que aquilo não vai acabar nada
bem para o miúdo branco (REJ/ATY/UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, REJ/UNR
Indicadores clínicos: ATY
r
Pode ter sido uma provocação do outro. Este pode querer estar a armar-se para ficar
bem visto para ser acolhido pelos amigos.
Não consigo perceber o que está na cabeça deles…Podem estar a fazer aquilo que não
querem, mas também, podem estar a fazer de propósito. Porque o miúdo que está deitado
no chão não mostra o que sente…No desenho não mostra muito bem (UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, AGG, UNR
s
Escalas clínicas: DEP, UNR
Indicadores clínicos: ATY
t
O pai sente orgulho pelo que o filho fez (SUP-O). O filho está a sorrir pelo que o pai
lhe transmitiu, porque ele teve muito esforço para agradar o pai (DEP).
Escalas adaptativas: SUP-O
Escalas clínicas: ANS, DEP
Resultados quantitativos
Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X X X X X
2 X X X X X
3 X X X X X X X
4 X X X X X
5 X X X X X X
6 X X X X X
7 X X X X X X
8 X X X
9 X X X X
10 X X X X X
11 X X X
12 X X X X
13 X X X
14 X
15 X X X X
16 X X X
TOTAL 1 2 6 2 13 1 1 1 13 1 8 4 9 5 1 1
Reflexão/Conclusão
O Alvim colaborou na execução do teste, parecendo satisfeito com a atividade
proposta.
Ao longo da prova manifestou alguns comportamentos ansiosos, como pausas
prolongadas, interjeições à procura de aprovação, não resolução de histórias e recusa de
um dos cartões (nº 11- Medo). Estas caraterísticas vão ao encontro dos resultados
quantitativos da prova, uma vez que a maior pontuação foi obtida na escala de ansiedade
(ver cotação). Apesar disso, os resultados não salientam problemas significativos pois os
números obtidos nas diferentes escalas não se revelam atípicos em jovens da sua idade.
Não obstante, alguns resultados (e.g., cartão 7, cartão 11 enquadram-se nas queixas
referidas na entrevista inicial.
Quanto à construção das narrativas as mesmas não são elaboradas de forma coerente,
sendo por vezes difícil identificar o início e o fim da história. Embora o vocabulário usado
u
pelo Alvim pareça cuidado, a apresentação das histórias é, por vezes, confusa e revela
pouco uso da imaginação. Apesar de na maioria dos cartões existir a identificação do
problema, o mesmo não é resolvido, ou as estratégias usadas para a sua resolução não
parecem adequadas à faixa etária do Alvim, o que pode ser sinal de imaturidade.
Estes aspetos não vão ao encontro das capacidades intelectuais referidas pelo Alvim
e sua mãe, e observadas ao longo das anteriores sessões. Sendo o Alvim um aluno de
quadro de honra, com capacidades intelectuais superiores aos seus colegas da escola (sic),
esperar-se-ia não só um vocabulário rico, mas também maior coerência e criatividade,
bem como uma resolução de problemas mais estruturada e adequada para a sua faixa
etária. A ausência destas caraterísticas, possivelmente, dever-se-á à ansiedade
manifestada ao longo da atividade, uma vez que o Alvim, embora colaborasse, pareceu
entender o teste como uma prova escolar no qual teria que ser o melhor. Já a estruturação
pouco coesa da resolução de problemas e a atipicidade registada em algumas narrativas
poderá estar associada à hiperprotecção dos progenitores que, aparentemente, procuram
que o Alvim desenvolva ao máximo as suas capacidades intelectuais colocando em
segundo plano as capacidades de socialização e a resolução de problemas que surgem no
quotidiano diário, provavelmente resolvendo por ele os problemas.