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Caso Rodrigo1

Nome: RM Género: Masculino Idade: 17 anos, 2 meses e 0 dias


Escolaridade: 10º ano Data nascimento: 12/03/1998
Processo: xxxxx
Sessão nº3 Data avaliação: 12/05/2015

O Rodrigo apresentou-se na consulta de psicologia acompanhado pela mãe, que não


assistiu à sessão, na data e hora previamente agendadas.
Num primeiro momento, foi abordada a condição atual do jovem. O Rodrigo é tido como
um adolescente introvertido, inibido e tímido (sic.-mãe), aspeto que, aparentemente, preocupa
a sua mãe. É um aluno regular que parece não ter grande convivência com o seu grupo de pares
(sic), possivelmente devido às caraterísticas já referidas. No presente ano letivo, o Rui tem
manifestado alguns estados de ansiedade e humor deprimido, o que parece estar a interferir com
o seu rendimento escolar.
No seguimento do motivo de encaminhamento (Avaliação do nível intelectual e emocional
“WISC-III e teste projetivo”) e tendo em conta as informações obtidas procedeu-se à avaliação
do funcionamento cognitivo e emocional do Rodrigo, bem como do seu comportamento em
determinadas situações sociais através da aplicação do Teste Apercetivo de Roberts.
Antes de se iniciar o processo de avaliação, foi explicado ao Rui que se tinha planeado a
realização de uma atividade que consiste na apresentação de cartões com diferentes imagens
para os quais ele teria que imaginar uma história, com princípio meio e fim. Para cada cartão,
teria que explicar o que estava a acontecer naquela situação, o que ocorreu antes, o que poderia
acontecer depois, bem como o que cada um dos personagens estaria a pensar e sentir. No final
das instruções da prova, clarificou-se que não havia respostas certas ou erradas pelo que apenas
teria que usar a imaginação. O Rui aceitou colaborar na atividade proposta.

Apresentação dos cartões e respetivas narrativas


Cartão 1- Confrontação Familiar
Vê-se que estão… O Senhor (deve ser o pai destes dois jovens) está a falar com o seu filho, a discutir
sobre algo importante. Não se sabe bem o que estiveram a falar antes, pela forma como estão a reagir.
O sentimento é de concentração…estão focados no Senhor. O que pode acontecer não sei…Podem ser
muitas coisas (UNR).

1
Nome fictício

a
Cartão 2- Suporte Materno
Vê-se uma senhora e um rapaz a abraçarem-se… poderá ser amizade da própria família, por se estarem
a abraçar.O que aconteceu antes… Talvez terá havido uma conversa entre ambos. A conversa foi
parental, ou familiar. A nível de conclusão podem estar a abraçar-se.Está a pensar que têm que estar
unidos … A cara do rapaz é triste (DEP). Pode ter havido perda ou saudade de alguém próximo
(PROB). A mãe está a tentar serenar o rapaz (SUPO/RES1). O sentimento é saudade ou união.

Cartão 3- Atitude escolar


Vê-se um rapaz a escrever… Provavelmente está a estudar. Pela cara está a achar aborrecido (DEP).
Antes… Sabia que ia ter um teste e teria que estudar (PROB). O que aconteceu foi que fez algo de mal
e a mãe pôs de castigo a estudar (LIM), daí a cara de aborrecido. Foi algo chato para o rapaz.
Sentimentos… Basicamente, o rapaz está chateado (ANS). O que pode acontecer depois… O rapaz terá
o teste ou então a mãe chama-o para outra tarefa (RES1) … Caso esteja de castigo.

Cartão 4- Agressão, acidente ou doença


Aqui vêem-se duas meninas… Provavelmente, uma está cansada ou a brincar, para estar deitada. A
cara da menina que está de pé parece que está à espera que a menina que está deitada se possa levantar.
Antes podem ter estado a correr e agora a descansar (PROB). Está muito calor… Pode ter sido só
uma brincadeira. A nível de sentimentos, poucos… a rapariga deitada está cansada (DEP) e a de pé
está a observar a amiga deitada. Depois, eventualmente, a que está deitada levantar-se-á e
continuarão a sua caminhada ou brincadeira (RES2)

Cartão 5- Afeção parental


Aqui vêem-se… Provavelmente, os pais destes jovens estão a acarinhar-se. Então marido e mulher
poderão estar a fazer miminhos. Estão apaixonados, são um casal e estão abraçados (SUPC) e o filho
está a observar. Antes, poderão ter tido uma conversa tranquila, sobre a juventude ou namoro… sobre
o tempo em que namoravam (PROB). Foi o que provocou esta reação, sentimento de paixão, estão os
dois juntos. No rapaz não há muitos sentimentos, está a ver os pais a abraçarem-se. Depois,
provavelmente estarão a falar sobre este tema do amor e continuarão as suas vidas (RES1).

Cartão 6- Interação entre pares (amizades, sentimentos de rejeição ou rivalidade)


Aqui vêem-se dois rapazes mas… negros a falarem com um rapaz mais gordinho. Provavelmente,
estarão a ofendê-lo (ANS), no sentido de que é mais gordo (REJ). Bullying, ou outras coisas
relacionadas com bullying (PROB). Antes, estes dois rapazes mais escuros poderão tê-lo visto a andar

b
sozinho (REJ) e decidiram … (hesita) … falar com ele de forma mais agressiva a nível sentimental.
Ofendê-lo por ser mais forte ou chamar nomes. Sentimentos… (pela cara do rapaz mais cheiinho) de
culpa (ANS) … estará a pensar porque é que é mais forte (REJ). Talvez sentimentos mais… O
sentimento dos rapazes mais negros… (hesita) é de dizer palavras que não deveriam… estão a gozar
com o rapaz mais forte. Talvez o rapaz se sinta triste (DEP) quando sair dali, se a discussão não acabar
mal. Terá a sensação de andar sozinho e provavelmente o sucesso na escola não será o melhor (REJ).
Os rapazes negros… Se vier um empregado poderão ser chamados à atenção, ou então sair sem
nenhuma culpa se ninguém fizer queixa (REL/RES2).

Cartão 7- Dependência e ansiedade


Aqui vê-se um rapaz na cama que está ou doente (DEP)… Sim! Ou então, a ver algo que não gostaria
(pausa prolongada) Ohm… O que poderá ter passado… Se for doença estará na cama por causa disso,
parece que está a tossir… Ohm... Se não for… estiver doente então… Ah! Poderia ter estado a… na
cama tranquilamente a dormir. Mas depois vê algo que o perturba, daí a reação na imagem
(PROB/ANS). Sentimentos… Se estiver doente não há, está a tossir. Se estiver a ver algo desarrumado
ou que não gosta poderá estar a sentir-se desesperado, zangado (DEP/ANS) com o que está a ver.
O que pode acontecer… se estiver doente apenas está à espera que a mãe vá buscar o remédio (SUPO).
Se for algo que o está a perturbar, provavelmente, vai ter ao sítio que está desarrumado. Se for o caso
de estar a ver TV e uma notícia que o desagradasse, se calhar vai ter com a família (há jovens que têm
TV no quarto) (REL). O que está a pensar é que poderá ter sido uma catástrofe… pela reação
(MAL/UNR).

Cartão 8- Conferência familiar (interação familiar)


Aqui esses… uma família. Pelo menos vê-se um senhor, uma senhora e dois jovens. Ohm… em que a
senhora está a falar com o senhor… Provavelmente, por mau comportamento. Porque parece que a
jovem está a olhar com… está a ter um olhar fixo, atento à senhora. Poderá ter sido por mau
comportamento… e o pai dos dois (ou um dos dois) se forem irmãos… Uma discussão que podem ter
tido e a senhora está a chamar à atenção do encarregado de educação para não voltar a acontecer.
Foi uma discussão… (PROB) Sentimentos… A senhora está a tentar fazer com que o encarregado de
educação compreenda (REL). O encarregado não tem sentimentos está focado na senhora. A rapariga
está em desacordo com a senhora. O rapaz não parece ter sentimentos (DEP). O que pode acontecer
é que não voltem a discutir e o senhor poderá chamar à atenção os jovens para não se portarem mal
(LIM/RES2).

Cartão 9- Agressão física

c
Nesta imagem vê-se o rapaz a preparar para ajudar o rapaz deitado (SUPO).Poderá ser uma
brincadeira de mau gosto ou algo sério (PROB). O rapaz que está a ajudar o que está no chão vai
tentar usar a superioridade física para bater ou agredir o rapaz que vinha andando (ANS).
Provavelmente, antes estará tranquilo e depois de repente veio o rapaz para tentar agredir.
Sentimentos… para já de medo para o rapaz que está para lhe bater. Para o rapaz que está para agredir,
sentimentos… para já… não tem muitos e parece estar focado em realmente querer ameaçá-lo com
algo (AGG/DEP).O que pode acontecer é que… ou o rapaz salva-se se vier alguma pessoa ajudá-lo e
separar o agressor da vítima (REL) … ou então, vai sair desta briga… O rapaz que está no chão sairá
magoado e poderá fazer queixa aos pais ou tentar esconder (MAL/RES1).

Cartão 10- Rivalidade fraterna


Aqui pode-se ver uma senhora com um bebé ao colo e um rapazito a ver o bebé que está ao colo. Poderá
eventualmente ser filho desta senhora e pela cara está com ciúmes (REJ) pelo bebé estar a receber os
mimos da sua mãe… poderá ter acontecido (hesita) …Poderá… primeiro a mãe foi pegar no bebé e o
rapaz poderia estar com ela (PROB). Como poderia não estar e só ter chegado no momento.
Sentimentos… entre mãe e bebé é amor. E o rapaz ciúmes por ver o bebé ser acarinhado, ou amor pelo
irmão (SUPC).O que poderá acontecer… neste caso não se sabe bem… provavelmente, vão ficar os
três juntinhos e depois continuar a vida deles (RES1).

Cartão 11- Medo


Na imagem estamos a ver uma rapariga que está, provavelmente, admirada com algo que aconteceu.
Pelo aspeto terá sido algo muito mau o que terá provocado reação de medo. (ANS) Não se sabe o que
aconteceu, não se vê na imagem. Os sentimentos poderão ser de medo… Ou até pode estar a ser
fotografada e não querer. Poderá ser muitas coisas…O que está a pensar… é que não gosta do que
está a ver (DEP), ou pensa que aquilo é horrível. O que pode acontecer… pode depender muito do que
ela estiver a ver (REF).

Cartão 12- Conflito entre os pais


Na imagem temos uma senhora ajoelhada… poderá estar a rezar… ou triste (DEP) de algo que
aconteceu. Temos um senhor que está de pé a olhar para a senhora, e poderá estar a pensar o que é
que ela está a fazer. Vê-se um rapaz na cadeira a observar a sua mãe. Ohm… mas não muito mais no
presente. O que poderá ter acontecido… algo mau! (ANS) Pela cara que os três estão. Poderá ter sido
a perda de alguém, daí parecer que têm lágrimas (PROB/DEP). (Será? Não sei…) A mãe do
rapaz…Poderá ter sido uma perda ou então uma discussão forte entre a mãe e o senhor! (ANS/DEP)
Sentimentos… ou de perda ou de tristeza…ohm, algo que perturbe a mente da senhora. O senhor estará,
neste momento, focado na senhora. Sentimentos não parece…O rapaz terá pouca consciência do que
se passa. Apenas observa a senhora. O que pode acontecer no futuro… poderá acontecer muita coisa…

d
se for uma perda continuarão tristes. Se for uma discussão pode ser que estejam menos tempo
zangados (RES1).

Cartão 13- Agressividade


Nesta imagem vê-se um rapaz a pegar numa cadeira. Provavelmente vai atirá-la para o chão.
Estará furioso (pela forma como a utiliza). Antes terá tido uma briga forte… (AGG/ANS/PROB)
para reagir desta forma. Sentimentos… raiva, e outros negativos (ANS/DEP). Poderá estar a pensar
que a única maneira de resolver o assunto é com esta atitude. Terá que pagar por aquilo que vai fazer.
Não quer dizer que atire a cadeira. Pode não atirá-la, mas as consequências serão más para o rapaz
(MAL/DEP/UNR).

Cartão 14- Estabelecimento de limites impostos pela figura materna


Aqui vê-se um rapaz a sujar a parede com tinta, usando as mãos para pintar. (Se for uma remodelação
da casa) para pintar a casa e achar que é uma coisa nova…Ou então, uma brincadeira de mau gosto.
Pela reação da senhora é algo horrível (ANS) … está a sujar a casa. O que pode ter acontecido é que
estava a pintar a casa mas não tinha material e usou esta forma… (PROB) ou foi só uma brincadeira.
Parece que o rapaz não tem muitos sentimentos (DEP) … pode achar que é giro de fazer. Quanto à mãe
os sentimentos podem ser de admiração e estará a pensar porque é que ele decidiu fazer isso. O que
pode acontece… ohm… a mãe pode chamá-lo à atenção e também pode castigá-lo (LIM). Ou então
pode só mesmo chamar à atenção o rapaz por estar a sujar. Poderá fazê-lo limpar o que sujou até
agora (RES2).

Cartão 15- Nudez e sexualidade


Nesta imagem vê-se um rapaz a olhar para a casa de banho onde vê uma jovem na banheira.
Como não se vê a cara não se sabe o que pensa ou os sentimentos. Mas, provavelmente, estará a admirar
o que está a acontecer. Está focado… O que aconteceu… a rapariga foi à banheira e o rapaz apanhou-
a na banheira (PROB).Sentimentos… no rapaz não haverá muitos, está focado. A rapariga está
pensativa porque está a observar o sabonete. Não há muitos sentimentos (DEP).
No futuro o que pode acontecer é que o rapaz foge e não é apanhado pela rapariga (RES2), e não
chamam à atenção. Ou então, chamam-lhe à atenção por estar a olhar (LIM). Provavelmente, pode
ter um mau desfecho (ATY/MAL).

Cartão 16- Apoio e estabelecimento de limites da figura paterna


Nesta imagem vê-se um Senhor a olhar para uma folha. Pode ser o teste do rapaz que está ao lado, ou
algum trabalho que realizou ou uma foto gigante… (PROB) Como sentimentos… para o senhor é de
saudade, se for algo de … (pausa prolongada) … se for uma imagem mesmo. Se for um teste ou um

e
trabalho, parece que está com cara de quem gostou e satisfeito com o trabalho do rapaz (SUPC). Se
for uma foto… a foto pode ter o senhor, e o rapaz ter ido ter com ele para conversar e ver a foto (REL).
Se foi um teste, então foi o rapaz que foi para a beira do senhor e levá-lo para mostrar a nota que teve.
Para o senhor se orgulhar. Saudade se for a foto (para o pai).Para o rapaz não há muitos sentimentos.
Talvez orgulho pelo teste, orgulhou o senhor (SUPC).O rapaz estará a pensar que o pai está
orgulhoso. O que pode acontecer… o senhor vai dar um abraço ao jovem e… se calhar vai
acontecer… vai levá-lo a um sítio especial, dar um prémio… (RES2) ou pode não dar nada. Se for
uma imagem o senhor irá colocá-la no armário… ficará com uma recordação que pelo aspeto das
coisas será boa (SUPC).
Resultados quantitativos

ESCALAS PERFIL INDICADORES


ESCALAS ADAPTATIVAS ESCALAS CLÍNICAS

Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X
2 X X X X
3 X X X X
4 X X X
5 X X X
6 X X X X X X
7 X X X X X X X
8 X X X X X
9 X X X X X X X X
10 X X X X
11 X X X
12 X X X X
13 X X X X X X
14 X X X X X
15 X X X X X X
16 X X X X
TOTAL 5 3 3 4 14 6 6 0 8 2 12 2 3 1 4 14

f
Conclusões
O Rodrigo colaborou na atividade que lhe foi solicitada, referiu ter entendido as
instruções e manteve um comportamento adequado ao longo de toda a prova. No fim da
apresentação do primeiro cartão foram reforçadas as instruções do teste.
Ao longo da avaliação o Rui apresentou uma competência reduzida para a construção
de narrativas coerentes, observando-se que a maioria das narrativas não tem princípio
meio e fim. As histórias apresentam ambivalência na identificação dos problemas (e.g.,
Poderá ter sido uma perda ou então uma discussão forte entre a mãe e o senhor) e
pouca imaginação, limitando-se essencialmente ao conteúdo manifesto nos cartões, com
capacidade diminuída de ir para além do objetivamente observável nas placas. No que
respeita à resolução de problemas, na maioria das narrativas os mesmos não apresentam
soluções adequadas e ajustadas à faixa etária do Rui. A resolução, na maioria das
histórias, limita-se à satisfação de desejos ou à situação presente, não sendo acompanhada
de quaisquer novas ideias que possam ser aplicadas a situações problemáticas (e.g., se for
uma perda continuarão tristes. Se for uma discussão pode ser que estejam menos tempo
zangados).
Quanto ao conteúdo emocional, os resultados da prova indicam a presença de estados
de ansiedade e depressão acentuados, verificando-se que, provavelmente, o Rui terá a
auto estima e auto conceito diminuídos (e.g., …estarão a ofendê-lo no sentido de que é
mais gordo; (…) a sensação de andar sozinho e provavelmente o sucesso na escola não
será o melhor) o que poderá fazer com que não se sinta integrado e se afaste do seu grupo
de pares. Este aspeto, provavelmente, estará a interferir com a aprendizagem e o
desempenho escolar do jovem.
A resolução mal adaptativa de algumas histórias poderá estar associada a uma
dificuldade em lidar com as emoções que emergem em determinadas situações que se
apresentam como ansiogénicas, o que provavelmente conduzirá a um maior isolamento
do seu grupo de pares e consequentemente à emergência de sintomas depressivos e
diminuição do aproveitamento na escola.
Todavia, é de ressalvar que em algumas histórias há a presença de fatores protetores
(e.g., suporte da criança, e apoio nos outros) verificando-se a capacidade de identificar
emoções positivas bem como a procura de outros para auxiliar na resolução de problemas.
No que respeita à imposição de limites, parece existir um envolvimento parental

g
adequado, uma vez que as figuras de autoridade, em algumas histórias, estabelecem
limites apropriados e razoáveis em resposta à violação de regras.
De uma maneira geral, o Rui parece evidenciar dificuldades em lidar com algumas
situações do meio envolvente, que possivelmente é entendido como pouco disponível,
aspeto que parece ir ao encontro das dificuldades de socialização que, provavelmente,
existirão entre o grupo de pares, dificultando a realização das tarefas escolares,
interferindo com o desempenho do Rodrigo, neste contexto, em particular.

Caso Rodolfo2

Nome: Rodolfo Género: Masculino Idade: 15 anos, 11meses e 16dias


Escolaridade: 7º ano vocacional Data nascimento: 04/02/1999
Processo: xxxx
Sessão nº2 Data avaliação: 20/01/2015
Relatório de sessão
O Rodolfo apresentou-se na consulta de psicologia acompanhado pela mãe, que não assistiu
à sessão, na data e hora previamente agendadas.
Num primeiro momento foi avaliada a condição atual do jovem. Segundo a sua mãe o
Miguel mantém o mesmo comportamento de oposição e, na semana passada teve um “ataque
de pânica” pelo qual teve que ser medicamente assistido. Tendo em conta estas informações e
os dados obtidos na primeira entrevista de avaliação psicológica julgou-se pertinente avaliar o
funcionamento cognitivo e emocional do Rodolfo, as relações interpessoais, bem como o seu
comportamento em determinadas situações sociais através da aplicação do Teste Apercetivo de
Roberts.
Antes de iniciar o processo de avaliação foi explicado ao Rodolfo que se tinha planeado a
realização de uma atividade que consiste na apresentação de cartões com diferentes imagens
para os quais ele teria que imaginar uma história, com princípio meio e fim. Neste sentido, foi
solicitado que explicasse, em cada cartão, o que estava a acontecer naquela situação, o que
ocorreu antes, o que poderia acontecer depois, bem como o que cada um dos personagens estaria
a pensar e sentir, clarificando-se que não havia respostas certas ou erradas pelo que apenas teria
que usar a imaginação. O Rodolfo aceitou colaborar na atividade proposta.

2
Nome fictício

h
Teste Apercetivo de Roberts
Cartão 1
Ok, o filho- “Oh pai eu quero ser bailarino”. O pai-“ Não filho, não podes ser bailarino porque não é
um emprego de homens…” (REJ)
Oh, ele é…esqueci-me…Isso é um emprego para os gays, isso é homo…não é homossexual… Isso é
homofóbico. (REJ)
A mãe concorda com o filho mas não quer conflitos com o pai. O pai, se calhar, vai metê-lo num campo
de futebol. Ele (o pai) está revoltado com o filho (ANS) porque não tem um emprego … A mãe parece
que está nervosa porque está a esfregar as mãos (ANS).
Eu quando estou nervoso também esfrego as mãos…
Mas a mãe também parece estar de acordo com o pai… Não sei!... (UNR)
Escalas clínicas: ansiedade, não resolvido, rejeição

Cartão 2
Aqui, obviamente, o filho está mais velho…a mãe também.
Obviamente, ele está a fazer o que o pai quis, mas, obviamente, está triste porque não pode dançar
(DEP). O filho está aborrecido…ele teve uma grande discussão com o pai (REJ/ANS) porque ele está
cheio do rugby…
A mãe está a consolar e estão de joelhos (SUP-O) …o filho está a pensar em fugir para conseguir
dançar…Possivelmente, ele vai tentar dançar à frente do pai, para mostrar o que ele sabe fazer. O pai
deve estar a pensar” Porque não fiz um filho que queria jogar futebol ou rugby” (UNR/ATY).

Escalas adaptativas: Suporte dos outros


Escalas clínicas: ansiedade, depressão, rejeição, não resolvido
Indicadores clínicos: Resposta atípica

Cartão 3
(Oh, isto pareço eu!)
Aqui o rapaz está a trabalhar…oooh, ele aqui está a fazer provas, provas de rugby ou de futebol para
saber o que deve fazer! (PROB) O filho continua a pensar na dança e já está a pensar em chegar a casa
e começar a dançar, mas vai ser visto pelo pai e vão voltar-se a chatear (ANS/UNR).

Escalas adaptativas: identificação do problema


Escalas clínicas: ansiedade, não resolvido
Indicadores clínicos

i
Cartão 4
Oh…ah! Eu tava para dizer que ela viu atropelar ou ser morta daquele tipo! (PROB/ANS) Ela estava
com a cara de “Foi merecido o que aconteceu!” (AGR). Ela estava chateada (ANS) e empurrou a
outra (AGR). Provavelmente, ela meteu-se com o namorado desta e depois esta vingou-se, e depois
tentou fugir da PSP para não ser acusado de homicídio… (MAL)
Eu vejo muito CSI…!

Escalas adaptativas: identificação do problema


Escalas clínicas: ansiedade, agressão
Indicadores clínicos: resposta mal adaptado

Cartão 5
What!? Ooooh, o rapaz é mais novo, os pais estão-se a arranjar…ou estavam a dançar, músicas
românticas…e o rapaz viu e, possivelmente, foi a partir daí que começou a gostar da dança…e estava
feliz por estar a ver os pais a dançar. (SUP-C)
Tudo estava feliz naquela sala. (SUP-C /RES-1)

Escalas adaptativas: suporte da criança, resolução 1


Escalas clínicas:
Indicadores clínicos:

Cartão 6
Não…Puf! Isso é racismo! (PROB) Eles estavam a falar de se inscrever na equipa de futebol. Este
chegou e disse: “ Vocês não se podem inscrever porque são pretos”. (AGR/REJ) Ele é racista e não
quer que os negros joguem na equipa dele… (ATY/RES2)
Afinal tenho imaginação!

Escalas adaptativas: identificação do problema, resolução nível 2


Escalas clínicas: ansiedade, rejeição, agressão
Indicadores clínicos: resposta atípica

Cartão 7
Hum…Bem, este viu o pior pesadelo da vida! (DEP). É um pesadelo, ou sentiu-se muito preocupado
(ANS) pelo que fez ao negro, ou ao preto! Ele começou a sentir-se triste por ter feito assim e reagido

j
mal com os negros (DEP). Ele começou a pensar que na escola ia pedir desculpas (SUP-O) aos negros
e vai tentar ajudá-los a entrar na equipa. (RES2/SUP-O)

Escalas adaptativas: Suporte dos outros, resolução 2.


Escalas clínicas: ansiedade, depressão
Indicadores clínicos

Cartão 8
Este é o irmão deste… (Bem, tenho de pensar um bocado…espera…) Hum, cheira-me aqui a divórcio
(REJ/PROB) …Eles estão a falar por código que é para os miúdos não perceberem, mas eles
percebem). A mãe diz que eles devem falar sozinhos. A irmã percebe a situação e chamou o irmão
(REL). A mãe diz ao pai que quer abandoná-lo porque tem outro homem (REJ/ ATP).

Escalas adaptativas: Identificação de problemas, depender dos outros


Escalas clínicas: Rejeição
Indicadores clínicos: Resposta atípica

Cartão 9
Bullying! (PROB) Ok, este rapaz não tem que ser, obviamente, gay, ou qualquer coisa de estúpido!
(REJ) Isto pode ser daqueles que “ ou dás-me muito dinheiro ou eu bato-lhe” (ATY).
Um parece ter 10 e outro 15 e vai fazer sempre bullying (ANS/PROB). Vai começar a pensar mal
(DEP) e a tentar suicidar-se. (MAL)
(Eu não gosto de bullying…já sofri de bullying…porque supostamente tenho as orelhas grandes. Bati
nele e ele parou…Nem lhe bati com muita força…)

Escalas adaptativas: Identificação de problemas,


Escalas clínicas: Rejeição, ansiedade, depressão
Indicadores clínicos: Resposta atípica, resposta mal adaptada

Cartão 10
(Oh…Puf! É isto, estou cansado de falar!)
A mulher… (tenho que lhe dar nomes?) A mulher teve um filho…A mãe adorava o menino e o menino
adora a mãe, ele era filho único até que o irmão nasceu (PROB). Toda a concentração vai sair dele
para o irmão. A mãe vai começar a ter pouca paciência (ANS) por causa do choro do bebé (DEP) …
e depois ele vai-se chatear com a mãe e com o pai, se ele estiver lá (ATY), não sei. (UNR)

Escalas adaptativas: Identificação de problemas

k
Escalas clínicas: Ansiedade, depressão, não resolvido
Indicadores clínicos: Resposta atípica

Cartão 11
Ah, hum…falando dos americanos, ela é uma líder de claque, está na maior, boas notas e com a
faculdade paga e foi estúpida com outra mulher qualquer. Ela chateou-se com a miúda e empurrou-a
para o meio lá de um carro (MAL). Ela portou-se mal.

Escalas adaptativas
Escalas clínicas
Indicadores clínicos: Resposta mal-adaptado

Cartão 12
>, tu bates-lhe e o puto está a ver (PROB)… sim senhor, a mãe confronta o marido (RES-2)- “ Só
chegaste agora!”- e o pai bateu-lhe (MAL)…o filho viu e pensa que é normal bater às mulheres (ATY).
Se o pai faz porque não posso fazer?
O rapaz chega à escola e bate numa rapariga e diz “ Se o meu pai faz porque é que eu não possa fazer?”
(ATY)
Conta à educadora a situação sem saber que o pai está a fazer mal (REL)! A professora chamou a PSP
e a PSP leva preso o pai (ATY)

Escalas adaptativas: Depender dos outros, resolução nível 2


Escalas clínicas:
Indicadores clínicos: Resposta atípica e resposta mal adaptada

Cartão 13
Tu estás numa sala de aula, a professora tirou-te o telemóvel (PROB) e tu ameaçaste com uma cadeira
(ATY/AGR).
“Ah queres o telemóvel? Então vais ter que ir buscar ao Conselho…ou a tua mãe tem que ir buscar ao
conselho”. Para a mãe não se chatear com ele não queria dizer (ANS). A mãe soube e meteu-o num
colégio interno (ATY).

Escalas adaptativas: Identificação de problemas


Escalas clínicas: Agressão, ansiedade
Indicadores clínicos: Resposta atípico
Cartão 14

l
(Oh, este é um artista!)
A mãe disse-lhe- “ Pedro vamos pintar a parede” (SUP-O) … E o miúdo pega numa cor… Azul? Pode
ser vermelho por ser do Benfica. Ele podia pintar a parede de vermelho e não tem medo de se pintar
mal com as mãos. Se pintar com as mãos de vermelho e depois pintar com vermelho não faz mal…Mas
mesmo assim ele pintou a parede (LIM/PROB).
Escalas adaptativas: Suporte dos outros, estabelecimento de limites, identificação de problemas
Escalas clínicas
Indicadores clínicos

Cartão 15
Oh (riu-se)… Ok, eu vou assumir que é a tua irmã, a irmã está no WC… (Se visse isto eu sentia
vergonha, porque se fosse eu tinha vergonha…até porque não tenho um físico…)
O irmão parou e viu a irmã no WC (PROB). O irmão diz- “ Para a próxima fecha a porta”
(ANS/UNR).A irmã diz: “ Não tens problema, és o meu irmão não tens que ter vergonha!” (REL) …
Mas mesmo assim, ele não gosta de ver a irmã assim (UNR).
(Eu gosto da minha privacidade).

Escalas adaptativas: Identificação de problemas, depender dos outros


Escalas clínicas: Ansiedade, não resolvido
Indicadores clínicos

Cartão 16
(Oh…Puf, isto é óbvio!) Ele chegou da escola com o boletim das notas, acho que vai de F a A (vou
assumir que são todos americanos). O pai está a ver as notas e o filho diz que teve nota muito baixa a
matemática (PROB). O pai diz que o vai pôr na explicação a matemática (RES2). O filho disse- “
obrigado” ou “muito obrigado” (SUP-O).

Escalas adaptativas: Identificação de problemas, resolução nível 2, suporte dos outros


Escalas clínicas:
Indicadores clínicos

m
Resultados quantitativos
ESCALAS PERFIL INDICADORES
ESCALAS ADAPTATIVAS ESCALAS CLÍNICAS

Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X X
2 X X X X X X
3 X X X
4 X X X X
5 X X
6 X X X X X X
7 X X X X
8 X X X X
9 X X X X X X
10 X X X X X
11 X
12 X X X X
13 X X X X
14 X X X
15 X X X X
16 X X X
TOTAL 4 3 1 1 10 1 4 10 3 4 5 7 7 4 0

Considerações gerais/Conclusão

Durante a sessão, o Rodolfo manteve uma postura correta mantendo o contato ocular
cada vez que era solicitado para responder a questões, colaborou na atividade que lhe foi
solicitada evidenciando um comportamento adequado ao longo de toda a prova, apesar
de ter tendência para a fuga de ideias, (e.g., “Vejo muito CSI”) o que poderá indicar a
necessidade de reforço positivo em determinadas situações para que se possa sentir
apoiado e compreendido.
Ao longo da avaliação o Rodolfo, embora demonstrasse capacidade de imaginação,
evidenciou uma competência reduzida para a construção de narrativas coerentes.
Relativamente à resolução de problemas, na maioria das histórias os mesmos não são
resolvidos de forma construtiva, evidenciando-se falta de soluções adequadas e ajustadas
para a faixa etária do Rodolfo. De uma maneira geral, o Rodolfo parece evidenciar
dificuldades em lidar com o meio envolvente, que possivelmente é entendido como
ameaçador e pouco disponível, caraterística que parece ir ao encontro das dificuldades de
comunicação que possivelmente existirão tanto no interior do seio familiar como na
escola.

n
Quanto ao conteúdo emocional, os resultados da prova indicam a presença de estados
de ansiedade acentuados, baixa autoestima e humor depressivo, possivelmente associados
à ausência prolongada da figura paterna e ao facto de compartir o seu dia-a-dia familiar
com três figuras femininas (irmãs e mãe). Quanto à figura materna parecem existir
sentimentos de ambivalência o que poderá evidenciar que o Mauro não sente que tenha
uma base segura de apoio a quem possa recorrer em situações de maior vulnerabilidade e
insegurança. A não resolução de algumas histórias poderá estar associada a uma
dificuldade em lidar com as emoções inerentes a determinadas situações que se
apresentam como ameaçadoras, o que provavelmente conduzirá à exibição de certos
comportamentos agressivos, bem como à sensação de sentimentos de rejeição e
ansiedade, particularmente no seio familiar, na escola e no contacto interpessoal com o
grupo de pares.
De um modo geral, os resultados indicam que o Rodolfo parece ter uma perceção da
realidade desenquadrada para o que seria esperado na sua faixa etária, o que poderá
indicar que há ausência de estratégias adaptativas para lidar com determinados problemas
do dia-a-dia, bem como com as emoções que emergem dessas mesmas situações. Todavia,
não parece que esteja presente uma psicopatologia, mas sim uma dificuldade acrescida
em lidar com a crise desenvolvimental caraterística da adolescência, podendo estar
presente uma difusão da identidade.

Caso Alvim3
Nome: Alvim Género: Masculino Idade: 11 anos, 5 meses e 2 dias
Escolaridade: 6º Ano Data nascimento: 2004/08/14

Sessão nº 3 Data avaliação: 20/01/2015


Relatório de sessão
O Alvim veio acompanhado pela mãe, que apenas permaneceu por minutos na sala.
Inicialmente, focou-se o estado atual do cliente que, aparentemente, tem vindo a
revelar melhorias nos sintomas. Porém, contínua a manifestar medos e a desempenhar
algumas tarefas com receio, como ir à garagem procurar algum objeto, obrigando-o ter

3
Nome fictício

o
que enfrentar o escuro, ou ficar sozinho num andar da casa mesmo sabendo que está
alguém na residência (sic). Apesar das melhorias nos sintomas o rendimento escolar de
Alvim diminui ligeiramente, aspeto que preocupa a sua mãe (“ Tirou alguns quatros”.
“Tem chegado cerca de cinco minutos atrasado às aulas de apoio porque fica a jogar
matrecos, e um menino de quadro de honra não pode ter este comportamento. ”- mãe).
Quando a mãe se ausentou da sala, relembrou-se o que se tinha efetuado na sessão
anterior e estabeleceu-se a agenda da sessão. Assim, com base nas queixas expostas pela
mãe e pela criança, julgou-se pertinente avaliar o funcionamento emocional e cognitivo
do Alvim em determinadas situações através da execução do Teste Apercetivo de Roberts.
Este instrumente insere-se no domínio os testes projetivos e consiste na apresentação de
um conjunto de cartões, cada um com diferentes imagens. Para cada cartão a
criança/jovem tem que inventar uma narrativa com princípio, meio e fim, esclarecendo o
que os personagens da história estão a pensar e a sentir.
O Alvim aceitou participar na tarefa, parecendo interessado e animado (“Ah, parece
giro”). Neste sentido, foram dadas as instruções da prova, explicando que para cada cartão
teria que imaginar uma história com principio, meio e fim, sem esquecer de referir o que
cada personagem está a fazer, a pensar e a sentir, ressalvando que não há respostas certas
ou erradas.
Teste Apercetivo de Roberts

Cartão 1- Confrontação familiar


Eu acho que é um conselho…Então…Porque foi o miúdo…
Acho que este conselho é de preocupação (ANS) porque está uma senhora a ouvir
atentamente o miúdo (SUP-O) …Pode ter sido uma asneira, (PROB) mas não tem nada
de mal porque o pai está a dar um conselho (LIM).
Ou então, o pai está a sentir raiva, portanto… (é difícil) … preocupação (ANS), Mas o
miúdo está a ouvir atentamente…Acho que esta senhora pode ser uma pessoa que venha
dizer o que aconteceu para explicar a situação (REL, RES-2).
Escalas adaptativas: REL, PROB, RES-2, LIM
Escalas clínicas: ANS

p
Cartão 2- Suporte materno
Oh! Esta é fácil…Por exemplo, vou usar um caso vulgar, o amor (SUP-C).
O miúdo está triste (PROB/DEP). A mãe está preocupada (ANS) mas também está
triste. A mãe está preocupada e o miúdo precisa de apoio e carinho (DEP).
Depois resolveu-se… (UNR)
Escalas adaptativas: SUP-C, PROB
Escalas clínicas: DEP, ANS, UNR

Cartão 3- Atitude escolar


Oh… este era um miúdo capaz de ter um teste (PROB). O sentimento dele é raiva,
distração… mas sobretudo raiva (ANS). Acho que ele não queria estudar. Mas os pais
obrigaram (REJ/LIM) e ele começou a escrever. No fim tirou boa nota (SUP-C, RES-
3).
Escalas adaptativas: PROB, LIM, SUP-C, RES-3
Escalas clínicas: ANS, REJ

Cartão 4- Agressão anterior, acidente ou doença


Esta acho que…o que esta miúda está a sentir é inveja (REJ), rancor (ANS). Tinha muita
inveja desta miúda…Inveja, rancor, maldade. E acho que ela podia ter matado esta
miúda por não gostar dela (PROB/AGG/MAL) … Mas também pode estar desmaiada
(DEP). Mas acho que remonta ao sentimento de inveja… Mas aqui não sabe. As
expressões dela são frias. Não de mágoa, mas de inveja ou rancor (UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, REJ, DEP, UNR
Indicadores clínicos: MAL
Cartão 5- Afeção parental
Aqui entre os pais…Entre estas duas pessoas o sentimento é o amor (SUP-C). Mas o
miúdo vem contradizer, ele não é feliz (DEP) … Acho que o pai traiu a mãe e foi viver
com outra (PROB/ ATY). O miúdo ficou traumatizado, triste. Porque não percebe como
o pai traiu a mãe à frente dele (ANS).
Acontece muito hoje em dia! (UNR)
Escalas adaptativas: PROB, SUP-C
Escalas clínicas: ANS, DEP, UNR
Indicadores clínicos: ATY

q
Cartão 6- Interação entre pares (amizades, sentimentos de rejeição ou rivalidade)
Pode ser muitas coisas…Discussão, conselho, amigos a falar…
Mas pela cara do miúdo branco há aqui qualquer coisa…Para mim é um assalto
(PROB/ATY), o miúdo branco está afligido, preocupado (ANS), porque, muitas vezes,
num assalto não se sabe o que vai acontecer.
Os outros miúdos estão a fazer por maldade e acho que aquilo não vai acabar nada
bem para o miúdo branco (REJ/ATY/UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, REJ/UNR
Indicadores clínicos: ATY

Cartão 7- Dependência e ansiedade


Isto… O sentimento do miúdo é o medo (PROB/ANS), porque está assustado, apavorado
na situação. Devia estar sozinho e ficou assustado. Como não tinha ninguém ficou com
medo (PROB/REJ/ATY).
Pela imagem o miúdo não está bem porque não deve gostar de estar sozinho (DEP).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, REJ, DEP, UNR
Indicadores clínicos: ATY

Cartão 8- Conferência familiar (interação familiar)


Situação familiar…De família…Os pais estão preocupados (ANS), a cara do pai diz
muito e dos miúdos também… o mais velho. A mãe parece que está a querer falar com
todos (PROB).
O marido e a mulher estão a falar sobre um assunto…Pode não ser uma situação escolar.
Estão mesmo a falar de assuntos realmente importantes (UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, UNR

Cartão 9- Agressão física


Isto é… O miúdo está assustado, o outro enraivecido (ANS) …e este quer andar à
porrada (PROB/AGG).

r
Pode ter sido uma provocação do outro. Este pode querer estar a armar-se para ficar
bem visto para ser acolhido pelos amigos.
Não consigo perceber o que está na cabeça deles…Podem estar a fazer aquilo que não
querem, mas também, podem estar a fazer de propósito. Porque o miúdo que está deitado
no chão não mostra o que sente…No desenho não mostra muito bem (UNR).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS, AGG, UNR

Cartão 10- Rivalidade fraterna


Este miúdo está com inveja porque as mães têm filhos mais velhos e recém-nascidos e
não sabem dar atenção aos dois (REJ/PROB). Ou dão a um ou a outro. O outro já está
crescido tem o pai (SUP-O) … Este sofre um bocado (DEP) por falta de atenção da
mãe, por estar habituado a ser filho único.
Ele está triste por causa da atitude da mãe. A mãe não sabe o que o miúdo está a sentir
e contínua a debruçar-se só no bebé (UNR).
Escalas adaptativas: PROB, SUP-O
Escalas clínicas: DEP, REJ, UNR

Cartão 11- Medo


Oh, estranha! Não sei mesmo o que é isto…Assustada? Mas uma pessoa assustada não
faz isso (ANS). A dançar (SUP-C) …Não faço a mínima. Para mim é uma miúda só.
Não está a fazer nada nem a mostrar nada (REF)
Escalas adaptativas: SUP-C
Escalas clínicas: ANS
Indicadores clínicos: REF

Cartão 12-Conflito entre os pais


Remonta à violência doméstica (PROB) porque não é normal o homem estar com
satisfação a olhar para a mulher (ATY).
A mulher está triste (DEP) …olhando para o cenário… vejo o miúdo com o olhar um
pouco estranho.
Faz-me lembrar a violência doméstica pela forma como a mulher e a criança estão
(UNR).
Escalas adaptativas: PROB

s
Escalas clínicas: DEP, UNR
Indicadores clínicos: ATY

Cartão 13- Agressividade


Ontem no meu colégio aconteceu uma situação…
A fama sobe à cabeça e por tudo e por nada podem fazer o que querem... Tiraram o
telemóvel ao meu colega (PROB), mas ele não bate às pessoas. Faz-me lembrar
raiva…o sentimento é a raiva (ANS). Ele está duro e a forma de aliviar aquilo foi partir
a cadeira (ATY).
Escalas adaptativas: PROB
Escalas clínicas: ANS
Indicadores clínicos: ATY

Cartão 14- Estabelecimento de limites impostos pela figura materna


Finalmente algo fixe! É o que se vê nos desenhos animados…
O miúdo está divertido com o que faz (SUP-C) e a mãe está surpreendida por o menino
estar a fazer uma coisa que gosta.
Faz-me lembrar uma coisa positiva porque o miúdo está interessado e a mãe está
surpresa, mas contente com o que ele está a fazer.
.
Escalas adaptativas: SUP-C

Cartão 15- Nudez e sexualidade


(olha atentamente para o cartão por segundos) O miúdo está a querer… está um pouco
interessado, curioso (SUP-C) e está a querer, digamos, explorar caminhos por onde
nunca foi (ANS). Também pode ser ver a irmã…ou não… e a ver o que ela está a fazer.
Ou então, ela está ao telemóvel e ele a tentar escutar e ver o que ela está a fazer (PROB/
RES-1).
Escalas adaptativas: SUP-C, PROB, RES-1
Escalas clínicas: ANS

Cartão 16- apoio e estabelecimento de limites da figura paterna


Oh… (ANS) O que o miúdo está a sentir é orgulho saudável. Fez para satisfazer o pai.
O pai está interessado, mostra-se estupefacto porque está a ver as capacidades do filho.

t
O pai sente orgulho pelo que o filho fez (SUP-O). O filho está a sorrir pelo que o pai
lhe transmitiu, porque ele teve muito esforço para agradar o pai (DEP).
Escalas adaptativas: SUP-O
Escalas clínicas: ANS, DEP

Resultados quantitativos

ESCALAS PERFIL INDICADORES


ESCALAS ADAPTATIVAS ESCALAS CLÍNICAS

Cartão REL SUPO SUPC LIM PROB RES1 RES2 RES3 ANX AGG DEP REJ UNR ATY MAL REF
1 X X X X X X
2 X X X X X
3 X X X X X X X
4 X X X X X
5 X X X X X X
6 X X X X X
7 X X X X X X
8 X X X
9 X X X X
10 X X X X X
11 X X X
12 X X X X
13 X X X
14 X
15 X X X X
16 X X X
TOTAL 1 2 6 2 13 1 1 1 13 1 8 4 9 5 1 1

Reflexão/Conclusão
O Alvim colaborou na execução do teste, parecendo satisfeito com a atividade
proposta.
Ao longo da prova manifestou alguns comportamentos ansiosos, como pausas
prolongadas, interjeições à procura de aprovação, não resolução de histórias e recusa de
um dos cartões (nº 11- Medo). Estas caraterísticas vão ao encontro dos resultados
quantitativos da prova, uma vez que a maior pontuação foi obtida na escala de ansiedade
(ver cotação). Apesar disso, os resultados não salientam problemas significativos pois os
números obtidos nas diferentes escalas não se revelam atípicos em jovens da sua idade.
Não obstante, alguns resultados (e.g., cartão 7, cartão 11 enquadram-se nas queixas
referidas na entrevista inicial.
Quanto à construção das narrativas as mesmas não são elaboradas de forma coerente,
sendo por vezes difícil identificar o início e o fim da história. Embora o vocabulário usado

u
pelo Alvim pareça cuidado, a apresentação das histórias é, por vezes, confusa e revela
pouco uso da imaginação. Apesar de na maioria dos cartões existir a identificação do
problema, o mesmo não é resolvido, ou as estratégias usadas para a sua resolução não
parecem adequadas à faixa etária do Alvim, o que pode ser sinal de imaturidade.
Estes aspetos não vão ao encontro das capacidades intelectuais referidas pelo Alvim
e sua mãe, e observadas ao longo das anteriores sessões. Sendo o Alvim um aluno de
quadro de honra, com capacidades intelectuais superiores aos seus colegas da escola (sic),
esperar-se-ia não só um vocabulário rico, mas também maior coerência e criatividade,
bem como uma resolução de problemas mais estruturada e adequada para a sua faixa
etária. A ausência destas caraterísticas, possivelmente, dever-se-á à ansiedade
manifestada ao longo da atividade, uma vez que o Alvim, embora colaborasse, pareceu
entender o teste como uma prova escolar no qual teria que ser o melhor. Já a estruturação
pouco coesa da resolução de problemas e a atipicidade registada em algumas narrativas
poderá estar associada à hiperprotecção dos progenitores que, aparentemente, procuram
que o Alvim desenvolva ao máximo as suas capacidades intelectuais colocando em
segundo plano as capacidades de socialização e a resolução de problemas que surgem no
quotidiano diário, provavelmente resolvendo por ele os problemas.

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