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EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Acadêmicos:
Daniele de Avelar Macedo¹
Mairead Cristina de Jesus Pereira¹
Mayara Souza¹
Sara Gomes¹
Tutor externo: Mariléia Fogulari Ubinski²

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância da educação inclusiva e sua práxis na
escola, apresentando um breve histórico da educação inclusiva no mundo e no Brasil, bem como,
demonstrar a relevância do papel do professor, como peça chave neste processo.

Palavras chave: Educação inclusiva, Brasil, Professor.

1.INTRODUÇÃO

O tema “educação inclusiva” tem sido muito debatido hoje no ambiente escolar e
acadêmico. O estudante de pedagogia tem em seu currículo base esta disciplina para sua
formação. Trazer este tema da teoria para a prática em sala de aula tem sido o grande
desafio para o professor. Nesse sentido, a relevância desta pesquisa e debate.
A escola tem o dever de cumprir a lei que garante a todos o direito de frequentar a
rede regular de ensino, adequando-se às reais necessidades de cada aluno. As
dificuldades não são apenas de infraestrutura, mas elas perpassam pela necessidade de
mudança de mentalidade e políticas públicas efetivas. Por muitos anos as pessoas com
deficiência foram excluídas da escola, pensava-se que este posicionamento era melhor
para eles, quando na verdade os marginalizava à solidão de suas casas e famílias.
Houve um grande avanço quanto à inclusão das crianças especiais na rede regular
de ensino, porém, é preciso compreender a educação inclusiva numa perspectiva mais
ampla, que compreende todos os alunos, sem exceção. Nesta perspectiva este trabalho
de pesquisa traz a temática, apresentando a educação inclusiva no decorrer da história,
sua trajetória no Brasil e levantando a discussão sobre a importância do professor neste
processo.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso – Pedagogia 2682 – Prática do Módulo VI – 03/07/20
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2. DEFINIÇÃO DE TERMOS

Para melhor compreensão deste tema se torna relevante diferenciarmos os termos:


educação inclusiva e educação especial. Para a pesquisadora Denise Crispim, mãe de
uma criança com paralisia cerebral, “a educação inclusiva deveria ser o que na verdade a
educação precisa ser para todos. Ela tem que criar sentidos, abrir possibilidades, permitir
a participação e estar conectada com a realidade. ” (INSTITUTO RODRIGO MENDES
E DIVERSA, 2016). Nesta perspectiva a psicóloga Liliane Garcez também esclarece o
termo:
A educação inclusiva pode ser entendida como uma concepção de ensino
contemporânea que tem como objetivo garantir o direito de todos à educação. Ela
pressupõe a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças humanas,
contemplando, assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais,
físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos. Implica a transformação da
cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino,
de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos, sem
exceção. (GARCEZ, INSTITUTO RODRIGO MENDES E DIVERSA, 2016).

Segundo o dicionário on line de português, educação especial é “a área da


educação dedicada ao ensino de pessoas com algum tipo de deficiência, normalmente
em escolas regulares, ou também em instituições especializadas”. (EDUCAÇÃO
ESPECIAL, 2019)

3. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Na Idade Antiga (3.500 a. C. a 476 d. C.), também chamada de era pré-cristã, não
encontramos registros que demonstrem o atendimento oferecido às pessoas com
necessidades especiais.
Apesar das demonstrações artísticas mostrarem casos positivos de integração, a
história traz situações extremas de exclusão. Isto pode ser comprovado pela afirmação de
Gurgel (2007, s. p.) ao citar que Platão e Aristóteles, em seus livros a república e a
política, respectivamente, “trataram do planejamento das cidades gregas indicando as
pessoas nascidas “disformes” para eliminação. A eliminação era por exposição, ou
abandono ou, ainda, atiradas do aprisco de uma cadeia de montanhas chamada
Taygetos, na Grécia”.
Por muitos anos as pessoas com necessidades especiais eram excluídas da
educação escolar pois eram vistos como pessoas doentes, incapazes de aprender. Na
Idade Média as pessoas com deficiências eram perseguidas, e até mesmo executadas,
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porque acreditavam que elas tinham a presença do demônio. De acordo com GUGEL
(2007, s. p., apud FLORIANI, 2017, p. 10):

A população ignorante encarava o nascimento de pessoas com deficiência como


castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou
bruxos. As crianças que sobreviviam elas separadas de suas famílias e quase
sempre ridicularizados. A literatura da época coloca os anões e os corcundas
como foco de diversão dos mais abastados.

Em Roma havia leis igualmente não favoráveis às pessoas nascidas com


deficiências. Aos pais era permitido matar as crianças que nasciam com deformações,
pela prática do afogamento, como afirma Gugel (2007, s.p.). Há relatos de que pais
abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados. Os
sobreviventes eram explorados nas cidades por “esmoladores”, ou passavam a fazer
parte de circos para o entretenimento dos abastados.
No século XIII surge pela primeira vez uma instituição para cuidar de pessoas com
deficiência, uma Colônia Agrícola na Bélgica, que propunha o tratamento com base na
alimentação, exercícios e ar puro para minimizar os efeitos da deficiência, como nos diz
Rodrigues 2008, p.9.
Com o surgimento do cristianismo foram criados hospitais de caridade que
abrigavam indigentes e pessoas com deficiências, na época foi criado a primeira
Universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes Mestres, em Alexandria.
Dentre eles, Dídimo, o cego conhecia e recitava a Bíblia de cor. Dídimo perdeu a visão,
quando tinha cinco anos, mas continuou seus estudos tendo ele próprio gravado o
alfabeto em madeira para utilizar o tato.
No século XVII aconteceram muitos avanços oriundos da área da Medicina que se
voltaram também para a deficiência, cabe lembrar que nesse período, a criança ainda
estava institucionalizada em conventos, asilos e hospitais psiquiátricos. A história nos
mostra que neste período, as pessoas que possuíam algum tipo deficiência começam a
ser valorizadas como ser humano, a partir da consideração de sua patologia. Observou-
se que muitas deficiências eram causadas por lesões e disfunções no organismo. Então
entre os séculos XVIII e XIX são criadas as primeiras instituições para deficientes, mas
com atendimento precário, próprio do paradigma da exclusão.
A sociedade Mundial passou por diversas fases relacionadas a educação especial.
Assim também aconteceu no Brasil: houveram as instituições segregativas, as escolas
especiais, o Centro de Saúde e cuidado, o atendimento Clínico, para, atualmente,
discutirmos a prática da Integração Social e a inclusão.
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3. 1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Os dados do censo realizado pelo Instituto Brasileiro de geografia e estatística _


IBGE no ano de 2010 apontam um contingente de 45,6 milhões de pessoas com pelo
menos uma das deficiências: visual, auditiva, motora e intelectual, o que corresponde a
23,9% da população. Com o Censo percebe-se que houve um aumento considerável em
relação ao número de matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais no
ensino regular.
Todos têm direito à educação, não somente alguns segmentos da sociedade, hoje
isto é garantido por lei. No Brasil, por muito tempo, os alunos com algum tipo de
deficiência não eram aceitos pelas escolas, negavam-lhes o direito ao estudo e a
educação. Essa realidade foi mudando através de iniciativas de algumas escolas.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC) no Brasil, o atendimento às
pessoas com deficiência começou na época do Império. Nesse período duas instituições
foram criadas: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin
Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto
Nacional da Educação dos surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. O perfil, contudo,
era muito mais voltado as deficiências visuais e auditivas continuando a excluir as
limitações físicas e principalmente as intelectuais.
A história da educação inclusiva no Brasil começa na década de 70, quando
algumas escolas passam a aceitar alunos especiais, desde que os mesmos
conseguissem se adequar ao plano de ensino da instituição.
No século XX surgia as ideias de educação para todos, todos na escola, escola
para todos. Neste contexto é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), instituição
especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954, é fundada a
primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 1945, é criado o
primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na
Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
Em 1969 o Brasil contava com mais de 800 escolas especializadas na educação de
pessoas com deficiência intelectual. Na década de 80 a educação especial começa a
ganhar o caráter de inclusão. O primeiro passo para isso, em 1988, com o artigo 208 da
Constituição Brasileira que garante o atendimento preferencialmente na rede regular de
ensino, aos indivíduos que apresentam deficiência. Em dezembro de 1996 é publicada a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394. O texto confirma que a
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educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino e deve
haver serviços de apoio especializado.
Atualmente existem normas estabelecidas que visam a acessibilidade dentro das
escolas como a construção de rampas, de elevadores, corrimãos e outros elementos
facilitadores da vida dos deficientes físicos. As diretrizes também colocam o ensino de
libras nos currículos dos cursos superiores, entre outras ações que visam impulsionar a
inclusão escolar.

3. O PROFESSOR COMO AGENTE DE INCLUSÃO

A inclusão envolve todo o corpo docente da escola. Passa por uma gestão que
acompanha de perto professor e alunos. A coordenação pedagógica que faz essa
mediação com docentes e discentes e chega no professor, este último, está na linha de
frente e conhece melhor que todos, os alunos, sabe os desafios da inclusão em sala de
aula.
Falar sobre o papel que o professor exerce como agente de inclusão é lembrar qual
papel ele desempenha, e qual papel poderia desempenhar. Na sala de aula o professor
tem a oportunidade de aprender sobre a inclusão com seus alunos. Cada turma tem na
diversidade, um desafio para o professor. Ele precisa incluir aquele aluno que tem
dificuldades na aprendizagem, o que não sabe ler em uma turma já alfabetizada, sem
rotular e estigmatizar. A exclusão acontece quando se elogia apenas os mais
caprichosos, aqueles que terminam as atividades primeiro, que são os alunos destaque
na sala de aula. Sempre haverá alunos tímidos, aqueles que se escondem no fundo da
sala... A prática da inclusão se estende além dos alunos com necessidades especiais, sua
amplitude deve alcançar cada educando em suas especificidades e individualidade.
Na postura deste profissional se encontra uma porta aberta ou fechada a inclusão.
Não se pode colocar apenas sobre o professor está responsabilidade, mas como mestre
em sua sala ele pode fazer a diferença neste ambiente. Sendo um professor acolhedor,
atento às necessidades de seus alunos, que busca parceria com as famílias e com o
segundo professor, quando este está presente em sala. Mudar nunca foi fácil, mas as
grandes transformações começaram muitas vezes, por iniciativas individuais, com
pequenos passos que alcançaram grandes proporções, através de uma visão.
Para a jornalista e escritora Claudia Werneck, fundadora da ONG Escola de Gente,
no Rio de Janeiro (RJ), o ambiente educacional inclusivo é o melhor exemplo do que seria
a escola como um bem público levado às suas últimas consequências. “A educação
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inclusiva é a base da sociedade. Ela nada mais é do que a consequência natural de uma
escola de qualidade para todos”, define. Claudia diz que o desafio da escola não está em
lidar com as crianças com deficiência, mas em compreender as múltiplas formas de ser
um estudante. “A educação inclusiva olha para cada criança como um ser em uma fase
específica da vida”, afirma. No entanto, muitas vezes as instituições educacionais não
consideram as diferentes formas de aprender quando organizam seus processos. Todos
os alunos ficam dispostos em carteiras enfileiradas, sentados por horas para fazer as
mesmas atividades. Segundo especialistas como Claudia, a deficiência só evidencia o
impacto de um modelo educacional que já não faz mais sentido para os estudantes e não
atende às expectativas do século XXI.
O projeto inclusivo precisa ser assumido por todos, a fim de que, por meio de um
projeto político pedagógico que assume o compromisso com a diversidade, baseado em
princípios Democráticos possa realizar adaptações curriculares, que permitam concretizar
metas, sustentados em novos paradigmas, desafiando o professor a ser flexível, levando
a caminhar para níveis mais elevados de Formação, compromisso e enfrentamento das
dificuldades em relação ao processo inclusivo.

5. CONCLUSÃO

Uma escola inclusiva permite uma constante revisão de suas práticas e saberes,
possibilitando uma tomada de consciência que possa renovar suas concepções. A
educação para todos depende da união de esforços e recursos para sua implementação.
Se historicamente as pessoas com necessidades educativas especiais foram excluídas e
marginalizadas, são necessários uma mudança de atitude e envolvimento com a
aprendizagem.
É necessário o preparo de toda a comunidade escolar para receber bem os alunos,
uma nova concepção de escola precisa ser desenvolvida, a fim de que experiências
educacionais possam contribuir com a inclusão dos alunos com necessidades especiais,
tornando a escola um espaço acolhedor, de aprendizagem, sustentado por uma prática
educativa que favoreça novas formas de compreensão sobre a deficiência, defina o
planejamento e acompanha a trajetória escolar dos alunos, contribuindo com a crença da
possibilidade de mudança e aprendizagem de todos. É necessário criar uma imagem
positiva em relação aos alunos que estão em processo de inclusão, desenvolvendo
conteúdos atitudinais, trabalhando respeito, valores e cooperação.
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A escola precisa ser um ambiente onde se convive harmoniosamente com as


diferenças, oferecendo aos alunos uma educação de qualidade, mas isso é um processo.
Existe uma progressão em relação às práticas inclusivas nas quais as diferenças são
valorizadas e consideradas fontes de aprendizagem, mas ainda há muito para se
conquistar.
Para dimensionar as diferenças é possível afirmar que a educação inclusiva
engloba a educação especial. Uma escola para todos inclui não apenas as pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades, mas também os
índios, ricos, pobres, brancos, negros, enfim, todos sem distinção.

REFERÊNCIAS

MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.

FLORIANI; Marlei Adriana Beyer. Educação Inclusiva. Indaial: Uniasselvi, 2017.

VAGULA; Edilaine; VEDOATO, Sandra C. Malzinoti. Educação Inclusiva e Língua


Brasileira de Sinais. Londrina: Unopar, 2014.

GARCEZ, Liliane. O que é educação inclusiva. Instituto Rodrigo Mendes e DIVERSA,


2016. Disponível em: https://diversa.org.br/educacao-inclusiva/o-que-e-educacao-
inclusiva/. Acesso em: 02 de julho de 2020.

CAPELLINI, Lúcia M. Fialho. Linha do tempo: Educação inclusiva. 2015. Disponível


em: youtube.com/watch?v=a4Ntfg98xlY&t=164s. Acesso em 29/06/2020.

EDUCAÇÃO ESPECIAL. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus,


2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br/educacao-especial/. Acesso em:
29/06/2020.

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