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DEFICIÊNCIA FÍSICA
1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Dentre as diversas definições para a deficiência física, podemos entendê-la como uma
alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das pessoas e as impede de
participarem da vida de forma independente. Ou como uma desvantagem, resultante de um
comprometimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor do
indivíduo. Ou ainda, refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o
sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso; as doenças ou lesões que afetam
quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações
físicas de grau e gravidade variáveis, segundo o(s) segmento(s) corporais afetados e o tipo de lesão
ocorrida. Assim, a deficiência física ou motora pode ser considerada um distúrbio da estrutura
anatômica ou da função, que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo.
No Decreto Federal nº 5.296/04, considera-se deficiência física
Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar comprometida quando faltar
algum membro (quando houver amputação), sua má formação ou deformação (alterações que
comprometam o sistema muscular e esquelético).
Desde que as sociedades foram formadas, as pessoas foram criando conceitos e teorias. Às
vezes, como o passar dos anos, muitos desses conceitos e dessas teorias foram ou são utilizados
para discriminar, inferiorizar e distinguir as pessoas umas das outras. Por isso, no transcorrer da
história da humanidade, as pessoas que não nasciam com o corpo perfeito eram tidas como
anormais. Isto quer dizer, eram os deficientes. Uma pessoa é deficiente quando “tem perda de uma
de suas funções, seja ela física, psicológica ou sensorial” (SCHIRMER et al 2007, p. 21).
Então, de acordo com Gil; Santos; Barbato (2010, p. 259),
Os autores citam alguns exemplos de patologias que costumam remeter a uma deficiência
física, as quais veremos detalhes mais adiante: lesão cerebral (paralisia cerebral, traumatismo
crânio-encefálico); lesão medular (tetraplegias, paraplegias); miopatias (distrofias musculares);
patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose lateral
amiotrófica, Mal de Parkinson); lesões nervosas periféricas; amputações; sequelas de
politraumatismos; malformações congênitas; distúrbios dolorosos, posturais ou sequelas de
patologias da coluna ou articulações dos membros (cifoses, hérnias de disco, artropatias,
reumatismo); sequelas de queimaduras.
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É importante conhecer a patologia com a qual o aluno convive, suas manifestações e curso de
desenvolvimento, no entanto, essas alterações podem implicar singularidades nos modos de
mobilidade, alimentação, coordenação motora, comunicação oral ou escrita, por exemplo, o que
pode remeter à necessidade de adaptações para a realização das atividades escolares. Ressalta-se
ainda que tais dificuldades podem se modificar ao longo do tempo conforme o curso de
desenvolvimento da pessoa e/o da patologia.
Dessa forma, nota-se a importância de conhecer bem cada aluno. Fazendo isso, os
profissionais da educação evitam tirar conclusões equivocadas a respeito do processo ensino-
aprendizagem do aluno. Os mesmos autores informam ainda que às vezes, o que pode parecer uma
perda ou piora do quadro em um determinado momento de vida da pessoa é o esperado no curso de
desenvolvimento da patologia.
2 – CLASSIFICAÇÕES
3 – PARALISIA CEREBRAL
A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos como deficiência
física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar uma atenção especial ao seu estudo.
As crianças que sofrem dessa patologia são motivo de grande preconceito e discriminação na
escola, principalmente porque as pessoas pensam que é uma deficiência mental, o que é um grande
equívoco. Muitas dessas crianças têm dificuldades de se comunicar e expressar devido às suas
limitações motoras e não cognitivas e demonstram um comportamento alheio à realidade, por falta
de oportunidades e de mediações que lhes auxiliem na expressão de toda sua vontade.
A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, quase sempre se
pode encontrar um ou outro distúrbio decorrente da lesão neurológica como: convulsões que podem
levar ao déficit cognitivo, alterações oculares e visuais, distúrbios de deglutição, comprometimento
auditivo, alterações nas funções corticais superiores, distúrbios do comportamento (BRASIL, 2007).
Importante ressaltar que esses distúrbios que acompanham a paralisia cerebral podem ser
decorrentes também do meio em que a criança vive, suas condições de higiene, nutrição,
tratamentos e oportunidades em geral.
Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou associadas, Braga (1995
apud BRASIL, 2007) sintetiza assim:
1. pré-natais – infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes e sífilis),
anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de migração neuronal e outras malformações
cerebrais;
2. perinatais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia em trabalho de
parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com baixo peso, entre outros;
3. pós-natais – traumatismos crânio-encefálicos, infecções do sistema nervoso central
(encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, afogamentos, convulsões ou paradas
cardíacas) e acidente vascular cerebral.
4 – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
O atendimento para alunos com deficiência física, deve levar em conta a necessidade dos
professores conhecer a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física para
definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial dos alunos.
De acordo com a limitação física apresentada, é necessário utilizar recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas
situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar. Proporcionando assim sua autonomia, por
consequência, podendo oferecer melhor qualidade de desenvolvimento, interagindo com o meio
social para ter uma melhor qualidade de vida.
Devemos reunir dados suficientes não apenas do diagnóstico, mas também da maneira como
ele se concretiza no aluno de nossa classe. A diversidade de pessoas com deficiência motora é igual
ou maior à que pode haver entre as que não têm essa dificuldade.
Além disso, algumas que compartilham o mesmo diagnóstico podem ter muito pouco em
comum. Não esqueçamos que não há “doenças”, e sim “doentes”. Não existem “dificuldades”, mas
sim “pessoas com dificuldade”.
Esse primeiro nível de informação é muito importante porque nos ajudará a entender e a
considerar alguns aspectos aos quais devemos estar atentos na prática educativa habitual. Além
disso, interessa-nos conhecê-las porque assim poderemos saber se aquele fator que nos chama a
atenção decorre ou não do próprio diagnóstico. Interessa-nos igualmente para saber qual o possível
alcance e qual a variedade de necessidades educacionais postas. Em última análise, serão os
profissionais da educação que organizarão a resposta educativa a um aluno concreto, com nome e
sobrenome, e é recomendável saberem como se concretizou o diagnóstico.
Podemos encontrar a informação geral sobre os diagnósticos em livros, na internet, etc.; mas a
informação particular, aquela que se refere ao seu aluno, tem de obter com os pais e profissionais
que já trabalhavam com ele antes de vocês, seja por meio de entrevistas pessoais, seja por meio de
seus informes.
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Assim, depois de obterem os dados pessoais do aluno, aquelas informações que se coletam
habitualmente, e de saberem que apresenta algum tipo de deficiência motora (diagnóstico),
interessa-lhes reunir mais informação sobre:
a) aspectos médicos e de saúde – cuidados com a aparência externa é importante, pois
muitas vezes o aluno se desloca com certa facilidade, quer seja com uma cadeira de rodas ou
muletas, mas no fundo podem existir problemas que ele não relata ou não reclama. Portanto, é
necessário conversar com seu terapeuta ou médico para entender as reações que pode ter. Por
exemplo, é preciso saber que espasmos motores ocorrem no caso de crianças com paralisia cerebral,
como contê-los e o que fazer para preveni-los; entender para que serve a válvula de desvio de
líquido cefalorraquiano da criança com espinha bífida, que manifestações podem aparecer se for
obstruída, ou então que posturas são mais aconselháveis e quais devem ser evitadas.
b) controle postural, deslocamento e manipulação – as pessoas sem deficiências se sentam
em diferentes assentos em função da atividade que pretendem desempenhar: no sofá, para ler; em
uma cadeira mais dura, para estudar; em um banquinho, para desenhar; em uma cadeira macia, na
hora da refeição, etc. No entanto, com frequência, obrigamos os cadeirantes a realizar todas essas
funções (e muitas outras) na mesma cadeira.
Se para nós está clara a necessidade de mudarmos de assento para realizarmos diferentes
funções, e que a postura condiciona a efetividade, a precisão, a velocidade de nossos atos, por que
não aplicamos isso às pessoas com deficiência motora? A posição em que alguém está sentado é
muito importante pelo que condiciona, como dissemos. Teríamos de pedir a um médico reabilitador,
a um fisioterapeuta ou a um terapeuta ocupacional que nos indicasse qual a melhor postura para
nosso aluno na hora de ler, escrever, trabalhar com o computador, recortar ou desempenhar
atividades de modelagem. Enfim, são grandes as implicações no mobiliário disponível para o aluno.
É preciso que o profissional especializado avalie sua adequação, principalmente para evitar a
presença de lesões ósseo-articulares ou de contraturas musculares que necessitarão de tratamento
(inclusive hospitalizações) ou causarão dor.
c) comunicação – trata-se de um dos pilares mais relevantes do desenvolvimento, para não
dizer o mais importante. Muitas pessoas com deficiência motora – apresentam dificuldades nessa
área, por exemplo, as que têm paralisia cerebral, os indivíduos com doenças neuro-degenerativas
em fases avançadas, etc.; algumas porque a fala aparece tarde, outras porque falam com um grau de
inteligibilidade que as impede de serem entendidas por grande parte do círculo de pessoas que lhe
são próximas; em outros casos, porque a fala não aparece e, em outros, porque se perde
inteligibilidade.
Como profissionais da educação, temos de ser muito sensíveis às necessidades de
comunicação, porque esta medeia todas as aprendizagens escolares. A comunicação é um direito.
Diante dos problemas, precisamos da ajuda de um fonoaudiólogo, tanto mais quanto maior seja a
gravidade dos problemas.
d) aspectos cognitivos e de aprendizagem – as informações necessárias sobre o que, como e
quando ensinar diferenciam-se conforme o nível de escolarização em que o aluno se encontre.
Podemos obter dados dessa área com os profissionais que tenham atendido o aluno em anos
anteriores, por exemplo, professores, psicólogos das diversas equipes de orientação ou diferentes
profissionais das equipes de saúde.
Sabemos que em qualquer ato educativo há uma série de elementos a se considerar para que
ele se realize:
a história das aprendizagens;
a motivação;
os conhecimentos prévios;
a importância de propor as aprendizagens na faixa que estimula o aprendizado pelo
desequilíbrio das anteriores;
a própria vivência do aluno como pessoa capaz de superar os desafios ou como alguém que
acumula fracassos;
o acerto dos professores em proporcionar auxílio ao aluno para que este aprenda;
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a metodologia, os materiais, etc.
e) funcionalidade na vida diária – para favorecer o desenvolvimento mais autônomo
possível de um aluno, é preciso saber como ele realiza as várias atividades da vida diária. Os
objetivos da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental consideram bastante o
trabalho da autonomia pessoal. Mais tarde, esta é deixada de lado, na medida em que se pensa já
adquirida.
6 – CUIDADOS ESPECIAIS
Na sala de aula, outros cuidados para com o aluno com deficiência física, garantindo-lhe
segurança e qualidade na educação, se fazem importantes:
propiciar a melhor adaptação possível do aluno à cadeira para lhe proporcionar melhores
condições de aprendizagem e de respostas às atividades apresentadas;
acomodar os alunos de acordo com a sua deficiência física – alguns podem sentar-se nas
mesmas cadeiras dos demais alunos, outros devem ter suas próprias cadeiras, as quais
sigam as reais necessidades anatômicas do aluno. Seria importante que a professora
entrasse em contato com o médico ou o fisioterapeuta do aluno para saber se ele pode ser
transferido para uma cadeira normal ou deve permanecer na sua própria cadeira de rodas;
carregar o aluno com deficiência física o menos possível, para evitar futuros problemas na
sua coluna e na do professor também;
ao carregar o aluno, sentá-lo simetricamente, trazendo seu tronco para próximo dos quadris
e levantá-lo segurando embaixo dos seus joelhos e nas suas costas. Se o aluno tiver
condições de colocar seus braços em torno do pescoço do professor, poderá facilitar a sua
locomoção;
conversar com a família ou com os terapeutas do aluno (fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional, fonoaudióloga, etc.) para buscar informações sobre qual a melhor forma de
adaptar o aluno à sala de aula;
perguntar aos pais sobre a alimentação do aluno e sobre os remédios que ele toma, assim
que ele entrar na escola, pois algumas crianças com deficiência física não podem se
alimentar com comidas sólidas por causa de refluxo ou de problemas sérios na deglutição
de alimentos;
manter a posição correta da cabeça do aluno, pois isso permite que a criança tenha melhor
percepção espacial, noção de profundidade e consciência corporal;
providenciar descanso para os pés, caso a criança não fique na sua cadeira de rodas. Os pés
do aluno devem sempre estar apoiados em uma base;
manter o aluno com deficiência física o maior tempo possível com boa postura;
forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar a escrita
para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação motora, espasticidade;
colocar canaletas de madeira ou de PVC cortado ao meio, se necessário, em toda a volta da
carteira para evitar que os lápis caiam no chão;
providenciar suportes para livros;
aumentar o calibre do lápis, garfo, colher, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda
com espuma para facilitar a preensão caso não haja condições de comprar os materiais
adaptados que existem à venda em lojas especializadas.
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De todo modo, o Atendimento Educacional Especializado não deve ser confundido com o
reforço escolar nem como atendimento clínico, ou como substituto dos serviços educacionais
comuns.
Ressalta-se que a escolarização dos alunos com deficiências e condutas típicas deve ser um
compromisso da escola e compete à classe comum, que deve responder às necessidades dos
educandos com práticas que respeitem as diferenças.
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8 – SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS PARA DEFICIÊNCIA FÍSICA
O AEE para pessoas com deficiência física busca promover essas premissas, sendo por
adaptações estruturais dos espaços físicos, e também ações como a adoção de recursos de
comunicação alternativa/aumentativa, principalmente para alunos com paralisia cerebral e que
apresentam dificuldades funcionais de fala e escrita.
A comunicação alternativa/aumentativa contempla os recursos e estratégias que
complementam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou inexistente (pranchas
de comunicação e vocalizadores portáteis). Prevê ainda estratégias e recursos de baixa ou alta
tecnologia que promovem acesso ao conteúdo pedagógico (livros digitais, softwares para leitura,
livros com caracteres ampliados) e facilitadores de escrita, no caso de deficiência física, com
engrossadores de lápis, órteses para digitação, computadores com programas específicos e
periféricos (mouse, teclado, acionadores especiais).
Assim, de acordo com Alves (2006), o atendimento para alunos com deficiência física, deve
levar em conta a necessidade dos professores conhecer a diversidade e a complexidade dos
diferentes tipos de deficiência física para definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial
dos alunos (daí justificamos porque explicamos em detalhes os tipos de deficiência e suas
características).
A autora ainda diz que
de acordo com a limitação física apresentada, é necessário
utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua
educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas
situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar (ALVES,
2006, p.29).
Proporcionando assim sua autonomia, por consequência, podendo oferecer melhor qualidade
de desenvolvimento, interagindo com o meio social para ter uma melhor qualidade de vida.
ATIVIDADES CURRICULARES
DESCRIÇÃO CARGA HORÁRIA
FICHAMENTO do Capítulo 1 – Conhecendo o aluno com deficiência
física da publicação do MEC Formação Continuada a Distância de
Professores para o Atendimento Educacional Especializado, disponível
4h
em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf.