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ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PEDRO DA ALDEIA


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

DEFICIÊNCIA FÍSICA

1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Dentre as diversas definições para a deficiência física, podemos entendê-la como uma
alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das pessoas e as impede de
participarem da vida de forma independente. Ou como uma desvantagem, resultante de um
comprometimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor do
indivíduo. Ou ainda, refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o
sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso; as doenças ou lesões que afetam
quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações
físicas de grau e gravidade variáveis, segundo o(s) segmento(s) corporais afetados e o tipo de lesão
ocorrida. Assim, a deficiência física ou motora pode ser considerada um distúrbio da estrutura
anatômica ou da função, que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo.
No Decreto Federal nº 5.296/04, considera-se deficiência física

a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,


acarretando o comprometimento da função física. São elas: paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, e
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar comprometida quando faltar
algum membro (quando houver amputação), sua má formação ou deformação (alterações que
comprometam o sistema muscular e esquelético).
Desde que as sociedades foram formadas, as pessoas foram criando conceitos e teorias. Às
vezes, como o passar dos anos, muitos desses conceitos e dessas teorias foram ou são utilizados
para discriminar, inferiorizar e distinguir as pessoas umas das outras. Por isso, no transcorrer da
história da humanidade, as pessoas que não nasciam com o corpo perfeito eram tidas como
anormais. Isto quer dizer, eram os deficientes. Uma pessoa é deficiente quando “tem perda de uma
de suas funções, seja ela física, psicológica ou sensorial” (SCHIRMER et al 2007, p. 21).
Então, de acordo com Gil; Santos; Barbato (2010, p. 259),

deficiência física, em linhas gerais, diz respeito à perda ou redução da capacidade


de movimento de qualquer parte do corpo em decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares, ortopédicas ou malformações congênitas e adquiridas.

Os autores citam alguns exemplos de patologias que costumam remeter a uma deficiência
física, as quais veremos detalhes mais adiante: lesão cerebral (paralisia cerebral, traumatismo
crânio-encefálico); lesão medular (tetraplegias, paraplegias); miopatias (distrofias musculares);
patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose lateral
amiotrófica, Mal de Parkinson); lesões nervosas periféricas; amputações; sequelas de
politraumatismos; malformações congênitas; distúrbios dolorosos, posturais ou sequelas de
patologias da coluna ou articulações dos membros (cifoses, hérnias de disco, artropatias,
reumatismo); sequelas de queimaduras.
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É importante conhecer a patologia com a qual o aluno convive, suas manifestações e curso de
desenvolvimento, no entanto, essas alterações podem implicar singularidades nos modos de
mobilidade, alimentação, coordenação motora, comunicação oral ou escrita, por exemplo, o que
pode remeter à necessidade de adaptações para a realização das atividades escolares. Ressalta-se
ainda que tais dificuldades podem se modificar ao longo do tempo conforme o curso de
desenvolvimento da pessoa e/o da patologia.
Dessa forma, nota-se a importância de conhecer bem cada aluno. Fazendo isso, os
profissionais da educação evitam tirar conclusões equivocadas a respeito do processo ensino-
aprendizagem do aluno. Os mesmos autores informam ainda que às vezes, o que pode parecer uma
perda ou piora do quadro em um determinado momento de vida da pessoa é o esperado no curso de
desenvolvimento da patologia.

2 – CLASSIFICAÇÕES

Podemos classificar a deficiência física de várias maneiras. Quanto à natureza, podemos


dividir as deficiências físicas em:
 distúrbios ortopédicos – referem-se a problemas originados nos músculos, ossos e/ou
articulações;
 distúrbios neurológicos – que se referem a deterioração ou lesão do sistema nervoso.
A deficiência física também pode ser dividida em congênita ou adquirida; aguda ou crônica;
permanente ou temporária; e, progressiva ou não progressiva.
Quanto às lesões motoras decorrentes de lesão do sistema nervoso, estas podem ser de
diferentes tipos, como alterações de:
 ordem muscular – hipertonias, hipotonias, atividades reflexas, movimentos descoordenados
e involuntários;
 ordem nervosa, no que diz respeito à sensibilidade e à força muscular – hemiparesias,
paraparesia, monoparesia e tetraparesia (BRASIL, 1999).
Quando se trata de alterações funcionais motoras decorrentes de lesão do Sistema Nervoso,
observaremos, principalmente, a alteração do tônus muscular (hipertonia, hipotonia, atividades
tônicas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados). As terminologias “para, mono, tetra,
tri e hemi”, diz respeito à determinação da parte do corpo envolvida, significando respectivamente,
“somente os membros inferiores, somente um membro, os quatro membros, três membros ou um
lado do corpo” (BRASIL, 1999).

Como a deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor, irá


compreender o Sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso.

As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto,


podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos
corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida (BRASIL, 2006, p. 28).
Enquanto “Plegia” é a ausência TOTAL de movimentos. “Paresia” é a ausência PARCIAL de
movimentos. Ou seja, um aluno que apresenta uma “PLEGIA” é muito mais comprometido (em
nível de movimentação) do que um aluno que apresenta uma “PARESIA”. Ter uma lesão “HEMI”
significa ter uma lesão em meio lado do corpo. Ter uma lesão “PARA” significa ter uma lesão
abaixo da cintura.
Classificação topográfica:
 um aluno que apresenta uma HEMIPLEGIA tem um comprometimento motor total em
meio lado do corpo;
 um aluno que apresenta uma HEMIPARESIA tem um comprometimento motor parcial em
meio lado do corpo;
 um aluno que apresenta uma PARAPLEGIA tem um comprometimento motor total abaixo
da cintura, decorrente de uma lesão medular; são os “paraplégicos”;
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 um aluno que apresenta uma PARAPARESIA tem um comprometimento motor parcial
abaixo da cintura.
 monoplegia – ausência de movimentos em apenas um membro do corpo, como um dos
braços ou uma das pernas;
 diplegia – ausência de movimentos em dois membros do corpo, como os dois braços ou as
duas pernas;
 tetraplegia – ausência de movimentos nos quatro membros do corpo, braços e pernas,
decorrente de uma lesão medular;
 amputações – quando há retirada total ou parcial de um ou mais membros do corpo.
 As pessoas que apresentam paraplegia, ou seja, um comprometimento total abaixo da
cintura muitas vezes, podem frequentar uma sala regular.
São as pessoas conhecidas como “paraplégicos” e usuários de cadeiras de rodas quem
chamamos de “cadeirantes”.

3 – PARALISIA CEREBRAL

A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos como deficiência
física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar uma atenção especial ao seu estudo.
As crianças que sofrem dessa patologia são motivo de grande preconceito e discriminação na
escola, principalmente porque as pessoas pensam que é uma deficiência mental, o que é um grande
equívoco. Muitas dessas crianças têm dificuldades de se comunicar e expressar devido às suas
limitações motoras e não cognitivas e demonstram um comportamento alheio à realidade, por falta
de oportunidades e de mediações que lhes auxiliem na expressão de toda sua vontade.
A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, quase sempre se
pode encontrar um ou outro distúrbio decorrente da lesão neurológica como: convulsões que podem
levar ao déficit cognitivo, alterações oculares e visuais, distúrbios de deglutição, comprometimento
auditivo, alterações nas funções corticais superiores, distúrbios do comportamento (BRASIL, 2007).
Importante ressaltar que esses distúrbios que acompanham a paralisia cerebral podem ser
decorrentes também do meio em que a criança vive, suas condições de higiene, nutrição,
tratamentos e oportunidades em geral.
Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou associadas, Braga (1995
apud BRASIL, 2007) sintetiza assim:
1. pré-natais – infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes e sífilis),
anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de migração neuronal e outras malformações
cerebrais;
2. perinatais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia em trabalho de
parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com baixo peso, entre outros;
3. pós-natais – traumatismos crânio-encefálicos, infecções do sistema nervoso central
(encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, afogamentos, convulsões ou paradas
cardíacas) e acidente vascular cerebral.

4 – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

As causas são diversas, podendo estar ligadas a problemas genéticos, complicações na


gestação ou gravidez, doenças infantis e acidentes. São considerados fatores de risco: violência
urbana, uso de drogas, acidentes desportivos, sedentarismo, acidentes do trabalho,
epidemias/endemias, tabagismo, agentes tóxicos, maus hábitos alimentares e falta de saneamento
básico.
Enfatizando as causas para deficiência física, temos:
 causas pré-natais – problemas durante a gestação (remédios tomados pela mãe. Tentativas
de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a gestação, crises maternas de
hipertensão, problemas genéticos e outras);
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 causas perinatais – problema respiratório na hora do nascimento, prematuridade, bebê que
entra em sofrimento na hora do nascimento por ter passado da hora, cordão umbilical
enrolado no pescoço e outras;
 causas pós-natais – parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou outra doença
infectocontagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o da mãe (se esta for Rh
negativo), traumatismo craniano ocasionado por uma queda muito forte e outras;
 no caso de jovens e adultos, a deficiência física pode ocorrer após uma lesão medular,
aneurisma, acidente vascular cerebral ou outros problemas.

As mutilações e as sequelas motoras (sejam de causas ligadas a moléstias ou acidentes)


podem ser subdivididas de acordo com os sistemas orgânicos de origem, que foram afetados:
 de origem encefálica – neste grupo incluímos a esclerose múltipla, o AVC, Paralisia
Cerebral;
 de origem espinhal – neste grupo estão incluídas poliomielite, traumatismos com ruptura
ou compressão medular, má-formação, como espinha bífida, por degeneração, como a
Síndrome de Werdnig-Hoffmann, etc.;
 de origem muscular – especialmente a distrofia muscular progressiva (ou miopatia) de
origem ósteo-articular: são aqui incluídas a luxação coxofemoral, artrogripose (contração
permanente da articulação) múltipla, ausência congênita de membros ou partes;
 de formas distróficas como osteocondriosis (coxa plana), osteogenesis imperfecta (doença
que fragiliza o tecido ósseo, sendo popularmente chamada de “ossos de vidro”),
condrodistrofia (má formação de tecidos cartilaginosos e no processo normal de
ossificação), amputações, entre outras.

5 – ATENDIMENTO AO ALUNO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

O atendimento para alunos com deficiência física, deve levar em conta a necessidade dos
professores conhecer a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física para
definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial dos alunos.
De acordo com a limitação física apresentada, é necessário utilizar recursos didáticos e
equipamentos especiais para a sua educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas
situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar. Proporcionando assim sua autonomia, por
consequência, podendo oferecer melhor qualidade de desenvolvimento, interagindo com o meio
social para ter uma melhor qualidade de vida.
Devemos reunir dados suficientes não apenas do diagnóstico, mas também da maneira como
ele se concretiza no aluno de nossa classe. A diversidade de pessoas com deficiência motora é igual
ou maior à que pode haver entre as que não têm essa dificuldade.
Além disso, algumas que compartilham o mesmo diagnóstico podem ter muito pouco em
comum. Não esqueçamos que não há “doenças”, e sim “doentes”. Não existem “dificuldades”, mas
sim “pessoas com dificuldade”.
Esse primeiro nível de informação é muito importante porque nos ajudará a entender e a
considerar alguns aspectos aos quais devemos estar atentos na prática educativa habitual. Além
disso, interessa-nos conhecê-las porque assim poderemos saber se aquele fator que nos chama a
atenção decorre ou não do próprio diagnóstico. Interessa-nos igualmente para saber qual o possível
alcance e qual a variedade de necessidades educacionais postas. Em última análise, serão os
profissionais da educação que organizarão a resposta educativa a um aluno concreto, com nome e
sobrenome, e é recomendável saberem como se concretizou o diagnóstico.
Podemos encontrar a informação geral sobre os diagnósticos em livros, na internet, etc.; mas a
informação particular, aquela que se refere ao seu aluno, tem de obter com os pais e profissionais
que já trabalhavam com ele antes de vocês, seja por meio de entrevistas pessoais, seja por meio de
seus informes.

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Assim, depois de obterem os dados pessoais do aluno, aquelas informações que se coletam
habitualmente, e de saberem que apresenta algum tipo de deficiência motora (diagnóstico),
interessa-lhes reunir mais informação sobre:
a) aspectos médicos e de saúde – cuidados com a aparência externa é importante, pois
muitas vezes o aluno se desloca com certa facilidade, quer seja com uma cadeira de rodas ou
muletas, mas no fundo podem existir problemas que ele não relata ou não reclama. Portanto, é
necessário conversar com seu terapeuta ou médico para entender as reações que pode ter. Por
exemplo, é preciso saber que espasmos motores ocorrem no caso de crianças com paralisia cerebral,
como contê-los e o que fazer para preveni-los; entender para que serve a válvula de desvio de
líquido cefalorraquiano da criança com espinha bífida, que manifestações podem aparecer se for
obstruída, ou então que posturas são mais aconselháveis e quais devem ser evitadas.
b) controle postural, deslocamento e manipulação – as pessoas sem deficiências se sentam
em diferentes assentos em função da atividade que pretendem desempenhar: no sofá, para ler; em
uma cadeira mais dura, para estudar; em um banquinho, para desenhar; em uma cadeira macia, na
hora da refeição, etc. No entanto, com frequência, obrigamos os cadeirantes a realizar todas essas
funções (e muitas outras) na mesma cadeira.
Se para nós está clara a necessidade de mudarmos de assento para realizarmos diferentes
funções, e que a postura condiciona a efetividade, a precisão, a velocidade de nossos atos, por que
não aplicamos isso às pessoas com deficiência motora? A posição em que alguém está sentado é
muito importante pelo que condiciona, como dissemos. Teríamos de pedir a um médico reabilitador,
a um fisioterapeuta ou a um terapeuta ocupacional que nos indicasse qual a melhor postura para
nosso aluno na hora de ler, escrever, trabalhar com o computador, recortar ou desempenhar
atividades de modelagem. Enfim, são grandes as implicações no mobiliário disponível para o aluno.
É preciso que o profissional especializado avalie sua adequação, principalmente para evitar a
presença de lesões ósseo-articulares ou de contraturas musculares que necessitarão de tratamento
(inclusive hospitalizações) ou causarão dor.
c) comunicação – trata-se de um dos pilares mais relevantes do desenvolvimento, para não
dizer o mais importante. Muitas pessoas com deficiência motora – apresentam dificuldades nessa
área, por exemplo, as que têm paralisia cerebral, os indivíduos com doenças neuro-degenerativas
em fases avançadas, etc.; algumas porque a fala aparece tarde, outras porque falam com um grau de
inteligibilidade que as impede de serem entendidas por grande parte do círculo de pessoas que lhe
são próximas; em outros casos, porque a fala não aparece e, em outros, porque se perde
inteligibilidade.
Como profissionais da educação, temos de ser muito sensíveis às necessidades de
comunicação, porque esta medeia todas as aprendizagens escolares. A comunicação é um direito.
Diante dos problemas, precisamos da ajuda de um fonoaudiólogo, tanto mais quanto maior seja a
gravidade dos problemas.
d) aspectos cognitivos e de aprendizagem – as informações necessárias sobre o que, como e
quando ensinar diferenciam-se conforme o nível de escolarização em que o aluno se encontre.
Podemos obter dados dessa área com os profissionais que tenham atendido o aluno em anos
anteriores, por exemplo, professores, psicólogos das diversas equipes de orientação ou diferentes
profissionais das equipes de saúde.
Sabemos que em qualquer ato educativo há uma série de elementos a se considerar para que
ele se realize:
 a história das aprendizagens;
 a motivação;
 os conhecimentos prévios;
 a importância de propor as aprendizagens na faixa que estimula o aprendizado pelo
desequilíbrio das anteriores;
 a própria vivência do aluno como pessoa capaz de superar os desafios ou como alguém que
acumula fracassos;
 o acerto dos professores em proporcionar auxílio ao aluno para que este aprenda;
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 a metodologia, os materiais, etc.
e) funcionalidade na vida diária – para favorecer o desenvolvimento mais autônomo
possível de um aluno, é preciso saber como ele realiza as várias atividades da vida diária. Os
objetivos da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental consideram bastante o
trabalho da autonomia pessoal. Mais tarde, esta é deixada de lado, na medida em que se pensa já
adquirida.

6 – CUIDADOS ESPECIAIS

Na sala de aula, outros cuidados para com o aluno com deficiência física, garantindo-lhe
segurança e qualidade na educação, se fazem importantes:
 propiciar a melhor adaptação possível do aluno à cadeira para lhe proporcionar melhores
condições de aprendizagem e de respostas às atividades apresentadas;
 acomodar os alunos de acordo com a sua deficiência física – alguns podem sentar-se nas
mesmas cadeiras dos demais alunos, outros devem ter suas próprias cadeiras, as quais
sigam as reais necessidades anatômicas do aluno. Seria importante que a professora
entrasse em contato com o médico ou o fisioterapeuta do aluno para saber se ele pode ser
transferido para uma cadeira normal ou deve permanecer na sua própria cadeira de rodas;
 carregar o aluno com deficiência física o menos possível, para evitar futuros problemas na
sua coluna e na do professor também;
 ao carregar o aluno, sentá-lo simetricamente, trazendo seu tronco para próximo dos quadris
e levantá-lo segurando embaixo dos seus joelhos e nas suas costas. Se o aluno tiver
condições de colocar seus braços em torno do pescoço do professor, poderá facilitar a sua
locomoção;
 conversar com a família ou com os terapeutas do aluno (fisioterapeuta, terapeuta
ocupacional, fonoaudióloga, etc.) para buscar informações sobre qual a melhor forma de
adaptar o aluno à sala de aula;
 perguntar aos pais sobre a alimentação do aluno e sobre os remédios que ele toma, assim
que ele entrar na escola, pois algumas crianças com deficiência física não podem se
alimentar com comidas sólidas por causa de refluxo ou de problemas sérios na deglutição
de alimentos;
 manter a posição correta da cabeça do aluno, pois isso permite que a criança tenha melhor
percepção espacial, noção de profundidade e consciência corporal;
 providenciar descanso para os pés, caso a criança não fique na sua cadeira de rodas. Os pés
do aluno devem sempre estar apoiados em uma base;
 manter o aluno com deficiência física o maior tempo possível com boa postura;
 forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar a escrita
para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação motora, espasticidade;
 colocar canaletas de madeira ou de PVC cortado ao meio, se necessário, em toda a volta da
carteira para evitar que os lápis caiam no chão;
 providenciar suportes para livros;
 aumentar o calibre do lápis, garfo, colher, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda
com espuma para facilitar a preensão caso não haja condições de comprar os materiais
adaptados que existem à venda em lojas especializadas.

7 – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O atendimento educacional especializado é uma modalidade de ensino que perpassa todos os


níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, identificar as
necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar planos de atendimento, visando ao
acesso e à participação no processo de escolarização em escolas comuns, atender o aluno com
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deficiências no turno oposto àquele em que ele frequenta a sala comum, produzir e/ou indicar
materiais e recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com deficiência aos
conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em sala de aula, verificando sua
funcionalidade, sua aplicabilidade e a necessidade de eventuais ajustes, e orientar as famílias e
professores quanto aos recursos utilizados pelo aluno.
O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento
curricular no caso de altas habilidades, o ensino de linguagens e códigos específicos de
comunicação e sinalização, ajudas técnicas e recursos de tecnologia assistiva, dentre outros. Ao
longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta
pedagógica do ensino comum.
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias
para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às
formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físico, cognitivo,
emocional, psicomotor e social e a convivência com as diferenças favorecem as relações
interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Nesse sentido, o atendimento educacional
especializado deve estar presente em todas as etapas e modalidades da educação básica, e se destina
a apoiar o desenvolvimento dos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação. De oferta obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou em centro especializado que realize esse
serviço educacional.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE), segundo Mantoan (2004), refere-se ao
serviço de apoio para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência,
complementando a educação escolar e devendo estar disponível em todos os níveis de ensino.
A autora diz que a Constituição admite ainda que o atendimento educacional especializado
deve ser, preferencialmente, oferecido na rede regular de ensino, no entanto, também pode ser
oferecido fora da rede regular, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino
ministrado na escola comum para todos os alunos.
Ele deve ser oferecido em horários distintos das aulas das escolas comuns, com outros
objetivos, metas e procedimentos educacionais. Suas ações são definidas conforme o tipo de
deficiência que se propõe a atender. O AEE, é de acordo com o MEC e a Secretaria de Educação
Especial, um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos
e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as
suas necessidades específicas.
O Atendimento Educacional Especializado na forma de apoio representa os atendimentos que
favorecem o acesso ao currículo, podendo ser oferecidos dentro, como apoio ao professor
relacionado a estratégias em sala de aula, ou fora da sala de aula no contraturno da escolarização, no
caso para atendimento do aluno.
Segundo Silva e Maciel (2005), o AEE na forma de complementação representa um trabalho
pedagógico complementar necessário ao desenvolvimento de competências e habilidades próprias
nos diferentes níveis de ensino, deve ser realizado no contraturno da escolarização do aluno e se
efetiva por meio dos seguintes serviços: salas de recursos; oficinas pedagógicas de formação e
capacitação profissional.
Em linhas gerais, o objetivo do AEE, é o de oferecer o que não é próprio dos currículos da
base nacional comum, possuindo outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. Segundo
Silva; Maciel (2005, p. 5),
suas ações são definidas conforme o tipo de deficiência ou
condutas típicas que se propõe a atender, bem como deve
contemplar as necessidades educacionais especiais de cada
aluno, as quais devem estar fundamentadas na avaliação
pedagógica.

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De todo modo, o Atendimento Educacional Especializado não deve ser confundido com o
reforço escolar nem como atendimento clínico, ou como substituto dos serviços educacionais
comuns.
Ressalta-se que a escolarização dos alunos com deficiências e condutas típicas deve ser um
compromisso da escola e compete à classe comum, que deve responder às necessidades dos
educandos com práticas que respeitem as diferenças.

8 – SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS

As salas de recursos são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional


especializado de alunos público alvo da Educação Especial, matriculados na escola comum. O
atendimento em salas de recursos constitui um serviço educacional de natureza pedagógica, feito
por professor especializado, num espaço dotado de materiais, equipamentos e recursos pedagógicos
adequados às necessidades educacionais dos alunos da escola que apresentam dificuldades
acentuadas em relação à aprendizagem, vinculadas a algum tipo de deficiência ou não.
A sala de recursos multifuncionais é, portanto, um espaço da escola comum provido de
materiais didáticos, pedagógicos e de tecnologia assistiva, onde trabalham profissionais com
formação específica para o atendimento dos alunos com dificuldades educacionais especiais em
razão de algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora, cognitiva, verbal), de transtornos
globais de desenvolvimento ou de altas habilidades/superdotação.
Chama-se sala de recursos multifuncionais, precisamente, porque nela se concentram
materiais didáticos, equipamentos e profissionais aptos a atender, de forma flexível, aos diversos
tipos de necessidades educacionais especiais.
A sala de recursos é parte do Atendimento Educacional Especializado que propõe a
complementação do atendimento educacional comum. As atividades nesta sala devem ocorrer em
horário diferente ao turno do ensino regular, para alunos com quadros de deficiências (auditiva,
visual, física, mental ou múltipla) ou de condutas típicas (síndromes e quadros psicológicos
complexos, neurológicos ou psiquiátricos persistentes) matriculados em escolas comuns, em
qualquer dos níveis de ensino, considerando-se que na sala deve haver equipamentos e recursos
pedagógicos adequados às necessidades especiais. O agrupamento dos alunos deverá ocorrer por
necessidades especiais semelhantes e mesma faixa etária.
No que se refere ao atendimento da sala de recursos, se resume ao número de 15 a 20 alunos
por turma, sendo que o atendimento pode ser coletivo (até 08 alunos por grupo), devendo ser
individualizado quando o aluno demandar apoio intenso e diferenciado do grupo, atendimento
organizado em módulos de 50 minutos até 2 horas/dia; atendimento de alunos de várias escolas da
região.
A sala de recursos deve ser vista como um espaço organizado com materiais didáticos,
pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades
educacionais especiais. Esse espaço pode ser utilizado para o atendimento das diversas
necessidades, assim, uma mesma sala de recursos, pode ser organizada com diferentes
equipamentos e materiais, tendo capacidade para atender, conforme cronograma e horários
diferenciados, alunos surdos, cegos, com baixa visão, com deficiência mental, com deficiência
física, com deficiência múltipla ou com condutas típicas, desde que o professor tenha formação
compatível, além de também poder promover apoio pedagógico ao professor da classe comum do
aluno.
Nesse serviço complementar, implica abordar questões pedagógicas que são diferentes das
oferecidas no ensino regular e que são necessárias para melhor atender às especificidades dos
alunos com necessidades educacionais especiais, para que os mesmos sejam ativos tanto na sala de
aula regular quanto em sociedade. Fica claro que a abordagem na sala de recursos não pode ser
confundida com uma mera aula de reforço (repetição da prática educativa da sala de aula), nem com
o atendimento clínico, tão pouco um espaço de socialização.

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8 – SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS PARA DEFICIÊNCIA FÍSICA

O AEE para pessoas com deficiência física busca promover essas premissas, sendo por
adaptações estruturais dos espaços físicos, e também ações como a adoção de recursos de
comunicação alternativa/aumentativa, principalmente para alunos com paralisia cerebral e que
apresentam dificuldades funcionais de fala e escrita.
A comunicação alternativa/aumentativa contempla os recursos e estratégias que
complementam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou inexistente (pranchas
de comunicação e vocalizadores portáteis). Prevê ainda estratégias e recursos de baixa ou alta
tecnologia que promovem acesso ao conteúdo pedagógico (livros digitais, softwares para leitura,
livros com caracteres ampliados) e facilitadores de escrita, no caso de deficiência física, com
engrossadores de lápis, órteses para digitação, computadores com programas específicos e
periféricos (mouse, teclado, acionadores especiais).
Assim, de acordo com Alves (2006), o atendimento para alunos com deficiência física, deve
levar em conta a necessidade dos professores conhecer a diversidade e a complexidade dos
diferentes tipos de deficiência física para definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial
dos alunos (daí justificamos porque explicamos em detalhes os tipos de deficiência e suas
características).
A autora ainda diz que
de acordo com a limitação física apresentada, é necessário
utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua
educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas
situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar (ALVES,
2006, p.29).

Proporcionando assim sua autonomia, por consequência, podendo oferecer melhor qualidade
de desenvolvimento, interagindo com o meio social para ter uma melhor qualidade de vida.

ATIVIDADES CURRICULARES
DESCRIÇÃO CARGA HORÁRIA
FICHAMENTO do Capítulo 1 – Conhecendo o aluno com deficiência
física da publicação do MEC Formação Continuada a Distância de
Professores para o Atendimento Educacional Especializado, disponível
4h
em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf.

Entrega: No dia do Módulo 3.

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