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ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PEDRO DA ALDEIA


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E TECNOLOGIA ASSISTIVA

1 – INTRODUÇÃO

Vamos iniciar este módulo com uma pequena historinha, mas verdadeira e que pode bater à
porta da sala de aula de qualquer um de vocês, educadores e que necessariamente não precisa estar
em uma escola especial.
Primeiro dia de aula, turma de crianças de 6 anos, num misto de animação, alegria, medo e
ansiedade, afinal nunca foram à escola...e na primeira tarefa deparam com uma menina, nome
fictício Maria Clara, que fixa os olhos para tentar completar a simples tarefa de colar uma etiqueta
no caderno. Primeiro diagnóstico ou identificação do problema: baixa visão. O que fazer? Com
certeza não será enviá-la para uma instituição de cegos ou escola que atenda este tipo de clientela,
mas sim, utilizar os métodos, estratégias e recursos disponíveis como a Tecnologia Assistiva!
Lembrem-se sempre:
A tecnologia Assistiva aumenta ou restaura a função humana, proporcionando uma vida
independente e produtiva à pessoa com deficiência.
A tecnologia Assistiva ou ajudas técnicas, a sala de recursos devidamente equipada, uma dose
extra de paciência e carinho com certeza serão grandes aliados de ambos, você e seu aluno com
deficiência.

2 – TECNOLOGIA ASSISTIVA

A Tecnologia Assistiva engloba as áreas de comunicação alternativa e ampliada (CAA),


adaptações de acesso ao computador; equipamentos de auxílio para visão e audição; controle do
meio ambiente, adaptação de jogos e brincadeiras; adaptações da postura sentada; mobilidade
alternativa; próteses e a integração dessa tecnologia nos diferentes ambientes como a casa, a escola,
a comunidade e o local de trabalho (KINQ, 1999 apud PELOSI, 2005).
Muitos profissionais podem estar envolvidos no trabalho da tecnologia Assistiva como
engenheiros, educadores, terapeutas ocupacionais, protéticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
oftalmologistas, enfermeiras, assistentes sociais e especialistas em audição.
Objetivo da Tecnologia Assistiva:
Proporcionar à pessoa com de deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão
social, através da ampliação da comunicação, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades de
seu aprendizado, competição, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade.
Tecnologia Assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e
serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com
deficiência e, consequentemente, promover vida independente e inclusão.
Ainda, de acordo com Dias de Sá (2003), a Tecnologia Assistiva deve ser compreendida
como resolução de problemas funcionais, em uma perspectiva de desenvolvimento das
potencialidades humanas, valorização de desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade
de vida, as quais incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de
atividades de vida diárias, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de
veículos, órteses e próteses, entre outros.

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O serviço de tecnologia Assistiva na escola é aquele que buscará resolver os problemas
funcionais do aluno, no espaço da escola, encontrando alternativas para que ele participe e atue
positivamente nas várias atividades neste contexto (BRASIL, 2006).
Fazer uso da Tecnologia Assistiva na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para
que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa fazer de
outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação a partir
de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade,
leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração e produção
de temas através do computador, etc. É envolver o aluno ativamente, desafiando-se a experimentar
e conhecer, permitindo que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do
aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator (BRASIL, 2007).

2.1 CATEGORIAS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA

Citamos as várias categorias de TA, agora vamos falar, mesmo que sucintamente sobre cada
uma delas, porque o nosso foco é a comunicação alternativa.
a) Auxílios para a vida diária e vida prática - Materiais e produtos que favorecem
desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em
situação de dependência de auxílio, nas atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar
banho e executar necessidades pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para
utensílios domésticos, roupas desenhadas para facilitar o vestir e despir, abotoadores, velcro,
recursos para transferência, barras de apoio, etc.
b) CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa - Destinada a atender pessoas sem fala
ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar
e/ou escrever. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica
(BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para
expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia dos vocalizadores
(pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares específicos, garantem grande
eficiência à função comunicativa.
c) Recursos de acessibilidade ao computador - Conjunto de hardware e software
especialmente idealizado para tornar o computador acessível, no sentido de que possa ser utilizado
por pessoas com privações sensoriais e motoras. São exemplos de equipamentos de entrada os
teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos,
softwares de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça por luz, entre outros. Como equipamentos
de saída podemos citar a síntese de voz, monitores especiais, os softwares leitores de texto (OCR),
impressoras braile e linha braile.
d) Sistemas de controle de ambiente - Através de um controle remoto, as pessoas com
limitações motoras, podem ligar, desligar e ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som,
televisores, ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer
chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala,
escritório, casa e arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste
caso, um sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de
que seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer parte do corpo) que podem ser
de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando de voz etc.
e) Projetos arquitetônicos para acessibilidade - Projetos de edificação e urbanismo que
garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independente de sua condição
física e sensorial. Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de
rampas, elevadores, adaptações em banheiros, mobiliário, entre outras, que retiram ou reduzem as
barreiras físicas.
f) Órteses e próteses - Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo.
Órteses são colocadas junto a um segmento do corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento,
estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de
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mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, manejo de objetos para
higiene pessoal), correção postural, entre outros.
g) Adequação Postural - Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se
consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está
inseguro com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto. Um projeto de adequação
postural diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis e com boa
distribuição do peso corporal. Indivíduos cadeirantes, por passarem grande parte do dia numa
mesma posição, serão os grandes beneficiados da prescrição de sistemas especiais de assentos e
encostos que levem em consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações músculo-
esqueléticas existentes. Adequação postural diz respeito a recursos que promovam adequações em
todas as posturas, deitado, sentado e de pé, portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores
ortostáticos, entre outros, também podem fazer parte deste capítulo da TA.
h) Auxílios de mobilidade - A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas,
andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo,
equipamento ou estratégia utilizada na melhoria da mobilidade pessoal.
i) Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal – Equipamentos que visam a
independência das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas como: consultar o
relógio, usar calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se as luzes estão acesas ou
apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário, verificar pressão arterial, identificar
chamadas telefônicas, escrever, ter mobilidade independente, etc. Inclui também auxílios ópticos,
lentes, lupas e telelupas; os softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela; os
hardwares como as impressoras braile, lupas eletrônicas, linha braile (dispositivo de saída do
computador com agulhas táteis) e agendas eletrônicas.
j) Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo - Auxílios que inclui vários
equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY),
sistemas com alerta táctil-visual, entre outros.
l) Adaptações em veículos - Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com
deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores
para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para
cadeiras de rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência (BERSCH, 2008).

2.2 COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR ALTERNATIVA

Segundo Manzini (2006), em educação especial, a expressão comunicação alternativa e/ou


suplementar vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e
metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra
situação momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos recursos
usualmente utilizados, mais especificamente a fala.
Comunicação Suplementar Alternativa (CSA) significa qualquer meio de comunicação que
suplemente ou substitua os meios usuais de fala ou escrita. O objetivo da CSA é tornar o indivíduo
com distúrbios de comunicação o mais independente e competente possível em suas situações
comunicativas, podendo ampliar suas oportunidades de interação com outras pessoas, na escola e na
comunidade em geral.
Sistemas de Comunicação Suplementar ou Alternativa, também chamados de Comunicação
Aumentativa e Alternativa (AAC - Augmentative and Alternative Communication), possibilitam a
integração de símbolos, gestos, recursos, estratégias e técnicas para auxiliar a comunicação de
indivíduos que apresentam deficiência e que são impedidos que a comunicação ocorra de forma
natural, como dificuldade ou incapacidade para a gesticulação, articulação, emissão de expressões,
movimentos gestuais e coordenação motora fina, impedindo a comunicação oral e escrita
(CAPOVILLA, 2003; SIMONI, 2003; SOUZA, 2003; CHAN, 2001).

3 – SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA


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A literatura sobre comunicação alternativa tem apontado para uma série de sistemas de
símbolos que permitem a comunicação de pessoas que não produzem linguagem oral. Os mais
conhecidos são: o Sistema de Símbolos Bliss (Bliss, 1965; Hehner, 1980 apud NUNES et al, 1998),
o Pictogram Ideogram Communication System - PIC (Maharaj, 1980 apud NUNES et al, 1998) e o
Picture Communication Symbols - PCS (Johnson, 1981, 1985 apud NUNES et al, 1998).
Estes sistemas têm sido tradicionalmente utilizados por portadores de deficiência sob a forma
de pranchas de madeira, contendo de 50 a 300 símbolos, acopladas às cadeiras de rodas. Mais
recentemente, esses sistemas ganharam versões computadorizadas (CAPOVILLA et al, 1994;
MACEDo et al, 1994) e outros sistemas originais foram construídos – como o ImagoAnaVox
(CAPOVILLA, et AL 1996). O ImagoAnaVox emprega também recursos avançados de multimídia.
Neste sistema são conciliadas a comunicação icônica vocálica obtida pelos 5000 filmes, fotos e
respectivos vocábulos e palavras escritas com a comunicação silábicovocálica obtida pelas 1800
sílabas e respectivos vocábulos.
Esses sistemas computadorizados apresentam determinadas características que os tornam mais
adaptados às necessidades específicas dos usuários, facilitando o processo de comunicação destes
com seu ambiente social. Enquanto a prancha tradicional, em função de suas dimensões, pode
acomodar um número limitado de símbolos, o sistema de telas desdobráveis do programa permite o
acesso a um universo de símbolos cinco a seis vezes maior que a prancha.
No programa, são apresentados inicialmente ícones ou figuras representando classes
semânticas, os quais uma vez acionados se multiplicam em telas exibidas sequencialmente. A
apresentação completa e sonora de cada sentença elaborada pelo portador de deficiência é outra
vantagem dos sistemas computadorizados. Além disso, adaptações especiais, como tela sensível ao
toque, ou ao sopro, detector de ruídos, mouse alavancado à parte do corpo que possui movimento
voluntário e varredura automática dos itens em velocidade ajustável, permitem seu uso por
virtualmente todo portador de paralisia cerebral qualquer que seja o grau de seu comprometimento
motor (CAPOVILLA et al, 1994).
Uma das questões críticas que surgem no processo de escolha do sistema de comunicação
mais adequado para cada sujeito envolve o grau de iconicidade dos símbolos usados nos sistemas.
Iconicidade refere-se ao grau de semelhança entre a aparência física de um signo e a aparência do
objeto, ação, característica, etc. que ele representa (Harrell, Bowers & Bacal, 1973; Olansky &
Bonvillian, 1984 apud NUNES et al, 1998).
Em um estudo experimental destinado a avaliar o grau de translucência dos símbolos dos
quatro sistemas acima referidos, Macedo et al (1994) revelaram que para PIC, PCS e ImagoVox, a
ordem decrescente de pontuação foi: substantivo, verbo e adjetivo; e para Bliss: verbo, substantivo e
adjetivo. Na média geral, os sistemas mais translúcidos foram, em ordem decrescente, ImagoVox,
PCS, PIC e Bliss; as categorias mais translúcidas foram, em ordem decrescente: substantivos,
verbos e adjetivos e advérbios (NUNES et al, 1998).
Discorreremos um pouco sobre outros sistemas de comunicação, mas de antemão sugerimos
aprofundamento no conteúdo.

3.1 SISTEMA BLISS


Charles Bliss nasceu perto da fronteira Russa com a Áustria e sentiu, muitas vezes, os
problemas criados por línguas diferentes, o que o fez sentir-se motivado para criar uma língua
universal que pudesse vencer algumas das barreiras culturais e incompreensões sobre as nações. A
essa língua ou sistema alternativo de comunicação, que tem por base a utilização de símbolos, dá-se
o nome de Sistema Bliss.
A ideia deste sistema foi finalmente concebida durante a 2ª guerra mundial quando, estando
refugiado na China, teve a noção de que os Chineses, embora pudessem ter dificuldades em
compreender os diversos dialetos, não tinham dificuldades quando liam, porque a sua escrita era
baseada num conceito padronizado de símbolos relacionados. Foi então que Charles Bliss sentiu

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que a criação de um sistema gráfico baseado mais no significado do que nos sons era a resposta. Em
1949, depois de vários anos de pesquisa, foi publicada a 1ª edição do seu livro “Semantografia”.
Em 1971, alguns Psicólogos e Terapeutas da Fala canadenses, ao procurarem uma linguagem
que ajudasse as crianças com paralisia cerebral e sem fala, afásicos e débeis mentais, começaram a
aplicar o sistema de Charles Bliss como Sistema de Comunicação Aumentativa no Ontário Chppled
Children's Cenfer, em Toronto – Canadá.
Este sistema é constituído por um determinado número de formas básicas que combinadas
entre si originaram cerca de 2500 símbolos Bliss. A natureza pictográfica e ideográfica dos muitos
símbolos torna-os fáceis de apreender e fixar. Isto faz com que este sistema seja considerado
adequado a indivíduos que, embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional, têm
potencial para aprender e desenvolver um vasto vocabulário, através de operações combinatórias
das formas básicas. O Sistema Bliss pode ser utilizado como principal Sistema de Comunicação
para muitas pessoas não falantes. Os símbolos podem representar pessoas, objetos, ações,
sentimentos, ideias e relações espaço-temporais.
O Bliss é um dos sistemas de comunicação aumentativa e alternativa que se usa com algumas
pessoas sem linguagem oral, desde que estas revelem capacidades cognitivas e visuais para
conseguir compreendê-los. Abaixo temos exemplos dos diversos tipos de símbolos.

Vantagens e desvantagens do uso do BLISS:

Vantagens Desvantagens
Reforça as capacidades de leitura, Limita os utilizadores, na medida em que exige um perfil
uma vez que utiliza símbolos tal de capacidades (boa capacidade de discriminação visual,
como a ortografia tradicional; capacidades cognitivas, boa ou moderada compreensão
A natureza pictográfica e ideográfica auditiva e boas capacidades visuais);
dos símbolos são fáceis de apreender Boa capacidade de discriminação visual para conseguir
e fixar. distinguir pequenas diferenças em características como o
tamanho, a configuração e a orientação dos símbolos;
Capacidades cognitivas ao último nível pré-operatório ou
ao nível das primeiras operações concretas;
Para pessoas com afasia é necessária boa ou moderada
compreensão auditiva e boas capacidades visuais.

São potenciais utilizadores do Sistema BLISS:


 Indivíduos com deficiências motoras;
 Indivíduos com atrasos de desenvolvimento médio ou severo;
 Indivíduos com deficiência múltipla;
 Indivíduos surdos;
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 Indivíduos com afasias de adultos;
 Indivíduos que embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional, têm
potencial para aprender e desenvolver o vocabulário.

3.2 O SISTEMA PICTOGRÁFICO


Um dos sistemas gráficos mais usados na comunicação com e por pessoas que não usam a
fala para comunicar é o “Sistema Pictográfico para a Comunicação” (SPC) criado por Mayer-
Johnson.
Além de utilizados em tabelas de comunicação e digitalizadores de fala, pode ser utilizado
para adaptar canções, histórias, etc.

3.3 O SISTEMA SCALA E PECS PARA AUTISTAS


O SCALA é um software de comunicação alternativa que visa, dentre outros públicos, os
autistas.
Visa desenvolver a oralidade e letramento de pessoas com autismo a partir da construção de
pranchas de comunicação e histórias em quadrinho. As pranchas dispõem de recursos de áudio e
animação de seus símbolos, além do acompanhamento de legendas junto a cada símbolo gráfico.
As histórias contam ainda com recursos de edição de personagens para que o autista possa se
identificar com mais facilidade em suas histórias, bem como trabalhar as expressões faciais que
denotam estados de humor, dificilmente identificáveis por pessoas com autismo.
Os sistemas podem não somente garantir um modo de comunicação efetivo, como também
favorecer o desenvolvimento e uso da linguagem, sendo amplamente utilizados com pacientes que
não adquiriram a fala ou a perderam devido algum acidente neurológico.
“The Picture Exchange Communication System” (PECS) é um dos diversos sistemas de CSA.
Desenvolvido em 1985 por Lory Frost e Andy Bondy nos Estados Unidos, o programa é destinado
às crianças com transtorno do espectro autista ou quaisquer outros transtornos relacionadas à
comunicação e interação social - aquelas crianças que apresentam fala não funcional, ou seja, sabem
falar, mas não utilizam a fala como forma de comunicação.
O programa PECS (sistema de comunicação pela troca de figuras) segue um protocolo de
treinamento baseado nos princípios da linha “Análise do Comportamento Aplicada” – também
conhecida com “Terapia ABA”, em referência ao termo em inglês Applied Behaviour Annalysis.
Seguindo uma metodologia padronizada e relacionada com o típico desenvolvimento da linguagem,
o programa utiliza as seguintes estratégias: distinção de comportamentos, reforço, correção do erro
e generalização. O primeiro objetivo é ensinar a criança “como” se comunicar e depois apresentar
“regras” para tanto. Crianças utilizando PECS aprendem inicialmente a comunicar com apenas uma
figura, mas depois aprendem a combiná-las, formando estruturas gramaticais, relações semânticas e
funções comunicativas (RIBEIRO, 2010).

3.4 SISTEMA AUMENTATIVO E ALTERNATIVO


O Sistema Aumentativo e Alternativo (SPC) foi concebido em 1981 por uma terapeuta da
fala, Roxana Mayer Jonhson, que ao verificar que havia indivíduos com dificuldades com o sistema
Bliss, sentiu a necessidade de criar um sistema que pelas suas características pudesse ser facilmente
aprendido por estes indivíduos.
Os símbolos do SPC são iconográficos, desenhados a preto sobre fundo branco, na parte
superior do símbolo está escrito o seu significado para que seja facilmente e perceptível por pessoas
que não conheçam o sistema. Os símbolos foram desenhados com o objetivo de:
 serem facilmente apreendidos;
 serem apropriados para todos os níveis etários;
 serem facilmente diferenciados uns dos outros;
 simbolizarem as palavras e atos mais comuns usados na comunicação diária;
 serem agrupados em seis categorias gramaticais;
 possíveis de reproduzir em fotocopiadora.
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O sistema é composto por 3200 símbolos agrupados em seis categorias gramaticais. A divisão
em categorias relaciona-se com o fato de ser adequado à construção de frases simples. As categorias
são: pessoas, verbos, adjetivos, substantivos, diversos e sociais, sendo recomendado o sistema de
cores da chave de Fitzgerald. Esta chave foi usada em 1926 por uma professora de surdos, com o
objetivo de ensinar os princípios linguísticos e a estrutura da frase a crianças surdas.
Deste modo, as crianças aprendiam a analisar as relações funcionais dos elementos de uma
frase e a compreender como a ordenação das palavras na frase afeta o significado desta. À categoria
pessoas corresponde a cor amarelo, à categoria verbos a cor verde, à categoria substantivos a cor
laranja, à categoria adjetivos a cor azul, à categoria diversos a cor branca, à categoria sociais a cor
rosa. Pensa-se que o uso desta chave para além da consistência no seu uso, facilitará a combinação
com outros sistemas.
O SPC pode ser utilizado tanto por pessoas cujas necessidades comunicativas estejam
limitadas à necessidade de um vocabulário limitado e a uma estruturação frásica simples, como a
indivíduos que necessitam de utilizar um vocabulário mais vasto e tem possibilidades de estruturar
frases com maior grau de complexidade.
No caso de crianças que usam estes sistemas, as atividades devem ser adaptadas e organizadas
de modo a facilitarem a participação ativa das crianças nas atividades, promovendo o processo de
aprendizagem e de socialização (SANTOS; SANCHEZ, 2005).

3.5 BRAILLE

3.6 LIBRAS

4 – RECURSOS, TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA

Os símbolos são as representações visuais, auditivas ou táteis de um conceito.


Na CAA utiliza-se de vários símbolos como os objetos, a fala, os gestos, a linguagem de
sinais, as fotografias, os desenhos e a escrita.

Há vários tipos de símbolos que são usados para representar mensagens.


Eles podem ser divididos em:
 Símbolos que não necessitam de recursos externos - o indivíduo utiliza apenas o seu
corpo para se comunicar. São exemplos desse sistema os gestos, os sinais manuais, as
vocalizações, e as expressões faciais.
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 Símbolos que necessitam de recursos externos - requerem instrumentos ou
equipamentos além do corpo do usuário para produzir uma mensagem. Esses sistemas
podem ser muito simples, ou de baixa tecnologia ou tecnologicamente complexos ou
de alta tecnologia.

4.1 TIPOS DE SÍMBOLOS


Objetos reais - Os objetos reais podem ser idênticos ao que estão representando ou similares,
onde há variações quanto ao tamanho, cor ou outra característica.
Miniaturas - Os objetos em miniatura precisam ser selecionados com cuidado para que
possam ser utilizados como recursos de comunicação. Devem ser consideradas as possibilidades
visuais e intelectuais dos indivíduos na sua utilização.
Objetos parciais- Em situações onde os objetos a serem representados são muito grandes a
utilização de parte do objeto pode ser muito apropriada.
Fotografias - Fotos coloridas ou preto e branco podem ser utilizadas para representar objetos,
pessoas, ações, lugares ou atividades. Nas escolas, muitas vezes, são utilizados recortes de revistas
ou embalagens de produtos.
Símbolos gráficos- Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar
a comunicação de pessoas com necessidades educativas especiais. Alguns deles são:
 Picture Communication Symbols (PCS)
 Símbolos para alfabetização da Widgit (Rebus Symbols)
 Picsyms
 Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC) Blissyymbolics
 COMPIC
 Self Talk
 Pick 'N Stick
 Brady-Dobson Alternative Communication (B-DAC)
 Talking Pictures I, II e III
 Oakland Schools Picture Dictionary
 Pictogramas ARASAAC
 Letras

4.2 BAIXA E ALTA TECNOLOGIA


Os recursos são os objetos ou equipamentos utilizados para transmitir as mensagens e podem
ser de baixa ou de alta tecnologia.
Dentre os recursos de baixa tecnologia temos:
 Pranchas de comunicação - as pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando-se
objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números. Elas são personalizadas e
devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário. Essas pranchas

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podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a
informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora.
 Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada
em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar
com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando
a resposta desejada.
 Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras
com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as
letras ou as palavras e a criança responde através do olhar.
 Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo
dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa.
Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do
ponteiro apertando um acionador.

São recursos de alta tecnologia:


 Comunicadores com voz gravada - são comunicadores onde as mensagens podem ser gravadas
pelo parceiro de comunicação.
 Comunicadores com voz sintetizada - no comunicador com voz sintetizada o texto é
transformado eletronicamente em voz.
 Computadores - com o avanço da tecnologia têm surgido novos sistemas de CAA para as
pessoas com necessidades especiais como o Classroom, o OverlayMaker, o Comunicar com
Símbolos, o Boardmaker, o Invento, entre outros.

4.3 TÉCNICAS
As técnicas de seleção referem-se à forma pela qual o usuário escolhe os símbolos no seu
sistema de comunicação.
É importante determinar a técnica de seleção mais eficiente para cada indivíduo. Deve ser
determinado o posicionamento ideal da prancha e do usuário, a precisão do acesso, a taxa de fadiga
e a velocidade. O terapeuta ocupacional é o profissional que realiza essa avaliação.
São técnicas de seleção:
 Seleção direta - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou
outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou com uma luz fixada à cabeça.
 Técnica de varredura - exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária consistente
como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar sua
resposta. Nos recursos de baixa tecnologia o usuário vai necessitar de um facilitador para apontar os
símbolos. Os métodos de varredura podem ser linear, circular, de linhas e colunas ou blocos.
 Técnica da codificação - permite a ampliação de significados a partir de um número
limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para usuários
com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstração.

4.4 ESTRATÉGIAS
As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa são
utilizados.
Exemplo: Adaptação de livros de histórias como recurso de imersão nos símbolos.

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Outra estratégia seria o uso de letras maiúsculas ampliadas, sendo que os livros são transcritos
ou modificados a partir da reescrita simplificada da história impressa com letra maiúscula, tamanho
28 ou superior, fonte Arial e negrito. Quando necessário, os livros podem ser adaptados com a
escrita Braille.
Ainda temos a associação de brinquedos ao conteúdo do livro como os bichinhos da história e
a construção de pranchas de comunicação relacionadas com a história.
Os símbolos pictográficos como Picture Communications Simbols (PCS) são elaborados
como o auxílio do software Boardmaker e podem ser impressos isoladamente em cartões ou
organizados em pranchas de comunicação. O objetivo principal dos símbolos é o desenvolvimento
de uma comunicação alternativa que possibilite ao usuário acompanhar a história através dos
símbolos, responder ou fazer perguntas e recontar a sequência de acontecimentos (PELOSI, 2011).

5 – AVALIAÇÃO E ESCOLHA DAS ESTRATÉGIAS

A avaliação consiste em:


 Identificar as necessidades do indivíduo de se comunicar;
 Obter informação geral;
 Entrevistar a família;
 Envolver toda a equipe;
 Observar o indivíduo;
 Entrevistar o indivíduo;
 Avaliar a linguagem;
 Combinar as habilidades com as características do sistema;
 Implementar o sistema;
 Avaliar os resultados.

São recursos de avaliação:


 Entrevistas;
 Avaliações padronizadas;
 Avaliações formais específicas;
 Questionário para melhor analisar a rotina em casa e/ou na escola;
Lembre-se que a avaliação deve ocorrer preferencialmente no meio natural do aluno existindo
expectativa do indivíduo atuar, bem como deve ser dada importância ao que ele pode ou não fazer.
Na entrevista, os questionamentos abaixo seriam importantes:
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 Como o cliente se comunica?
 O que o cliente se comunica?
 Quando é que o cliente se comunica?
 Com quem o cliente se comunica?
 Quais são as habilidades visuais, auditivas e perceptivas do cliente?
 Quais são as habilidades motoras?
 Qual é a atitude frente a comunicação?
 O cliente conhece algum sistema(s) de comunicação alternativa?
 O que ele precisa comunicar? O que ele não consegue? Quando? Aonde?
 Qual é o sistema ideal de comunicação?

Quando a avaliação acontecer através de atividades estruturadas e/ou não estruturadas deve-se
observar como o cliente se relaciona e se comunica com o avaliador; as funções motoras (global e
fina); as funções sensorial e perceptiva e as funções cognitivas e de aprendizagem que se traduzem
nos seguintes questionamentos a responder: Como aprende melhor? Reconhece fotografias,
desenhos, formas abstratas (círculo, quadrado)? Reconhece letras, capacidade de discriminar
palavras simples? Como são a sua atenção, a compreensão de causa e efeito, habilidade de
expressar preferência, habilidade de fazer escolha, compreensão da permanência de objeto, possuir
representação simbólica?
Avaliando o indivíduo, suas necessidades de comunicar, suas expectativas, podemos
determinar os objetivos e estabelecer um Plano de Ação.
Quanto aos objetivos, estes podem ser específico – concreto – claro; possível de medir
qualitativa ou quantitativamente; orientado pela ação a ser tomado para se conseguir alcançar o
desejado; deve ser realista, ou seja, alcançável; deve ter um tempo para começar e terminar; deve
estar de comum acordo com o cliente e todos envolvidos; e, claro, deve estar dentro do contexto.
Quanto ao Plano de Ação, este precisa estar de comum acordo com todos; deixar clara a tarefa
de cada membro da equipe em detalhes e incluir o prazo de conclusão. As barreiras devem ser
identificadas em parceria com todos envolvidos para que possam ser ultrapassadas e não
simplesmente jogadas para o lado.

ATIVIDADES CURRICULARES
DESCRIÇÃO CARGA
HORÁRIA
RESENHA do Artigo: HOSDA, C.K.; CAMARGO, R.G.; NEGRINI, T. “Altas
Habilidades/Superdotação e Hiperatividade: possíveis relações que podem
geram alguns equívocos”. Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2539_1700.pdf 4h
.

Entrega: No dia do Módulo 10.

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