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1 – INTRODUÇÃO
Vamos iniciar este módulo com uma pequena historinha, mas verdadeira e que pode bater à
porta da sala de aula de qualquer um de vocês, educadores e que necessariamente não precisa estar
em uma escola especial.
Primeiro dia de aula, turma de crianças de 6 anos, num misto de animação, alegria, medo e
ansiedade, afinal nunca foram à escola...e na primeira tarefa deparam com uma menina, nome
fictício Maria Clara, que fixa os olhos para tentar completar a simples tarefa de colar uma etiqueta
no caderno. Primeiro diagnóstico ou identificação do problema: baixa visão. O que fazer? Com
certeza não será enviá-la para uma instituição de cegos ou escola que atenda este tipo de clientela,
mas sim, utilizar os métodos, estratégias e recursos disponíveis como a Tecnologia Assistiva!
Lembrem-se sempre:
A tecnologia Assistiva aumenta ou restaura a função humana, proporcionando uma vida
independente e produtiva à pessoa com deficiência.
A tecnologia Assistiva ou ajudas técnicas, a sala de recursos devidamente equipada, uma dose
extra de paciência e carinho com certeza serão grandes aliados de ambos, você e seu aluno com
deficiência.
2 – TECNOLOGIA ASSISTIVA
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O serviço de tecnologia Assistiva na escola é aquele que buscará resolver os problemas
funcionais do aluno, no espaço da escola, encontrando alternativas para que ele participe e atue
positivamente nas várias atividades neste contexto (BRASIL, 2006).
Fazer uso da Tecnologia Assistiva na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para
que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa fazer de
outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação a partir
de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade,
leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração e produção
de temas através do computador, etc. É envolver o aluno ativamente, desafiando-se a experimentar
e conhecer, permitindo que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do
aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator (BRASIL, 2007).
Citamos as várias categorias de TA, agora vamos falar, mesmo que sucintamente sobre cada
uma delas, porque o nosso foco é a comunicação alternativa.
a) Auxílios para a vida diária e vida prática - Materiais e produtos que favorecem
desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em
situação de dependência de auxílio, nas atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar
banho e executar necessidades pessoais. São exemplos os talheres modificados, suportes para
utensílios domésticos, roupas desenhadas para facilitar o vestir e despir, abotoadores, velcro,
recursos para transferência, barras de apoio, etc.
b) CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa - Destinada a atender pessoas sem fala
ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar
e/ou escrever. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica
(BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para
expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos. A alta tecnologia dos vocalizadores
(pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares específicos, garantem grande
eficiência à função comunicativa.
c) Recursos de acessibilidade ao computador - Conjunto de hardware e software
especialmente idealizado para tornar o computador acessível, no sentido de que possa ser utilizado
por pessoas com privações sensoriais e motoras. São exemplos de equipamentos de entrada os
teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos,
softwares de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça por luz, entre outros. Como equipamentos
de saída podemos citar a síntese de voz, monitores especiais, os softwares leitores de texto (OCR),
impressoras braile e linha braile.
d) Sistemas de controle de ambiente - Através de um controle remoto, as pessoas com
limitações motoras, podem ligar, desligar e ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som,
televisores, ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer
chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala,
escritório, casa e arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou indireta e neste
caso, um sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de
que seja ativado, se dará por acionadores (localizados em qualquer parte do corpo) que podem ser
de pressão, de tração, de sopro, de piscar de olhos, por comando de voz etc.
e) Projetos arquitetônicos para acessibilidade - Projetos de edificação e urbanismo que
garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independente de sua condição
física e sensorial. Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de
rampas, elevadores, adaptações em banheiros, mobiliário, entre outras, que retiram ou reduzem as
barreiras físicas.
f) Órteses e próteses - Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo.
Órteses são colocadas junto a um segmento do corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento,
estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de
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mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, manejo de objetos para
higiene pessoal), correção postural, entre outros.
g) Adequação Postural - Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se
consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está
inseguro com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto. Um projeto de adequação
postural diz respeito à seleção de recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis e com boa
distribuição do peso corporal. Indivíduos cadeirantes, por passarem grande parte do dia numa
mesma posição, serão os grandes beneficiados da prescrição de sistemas especiais de assentos e
encostos que levem em consideração suas medidas, peso e flexibilidade ou alterações músculo-
esqueléticas existentes. Adequação postural diz respeito a recursos que promovam adequações em
todas as posturas, deitado, sentado e de pé, portanto, as almofadas no leito ou os estabilizadores
ortostáticos, entre outros, também podem fazer parte deste capítulo da TA.
h) Auxílios de mobilidade - A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas,
andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo,
equipamento ou estratégia utilizada na melhoria da mobilidade pessoal.
i) Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal – Equipamentos que visam a
independência das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas como: consultar o
relógio, usar calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se as luzes estão acesas ou
apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário, verificar pressão arterial, identificar
chamadas telefônicas, escrever, ter mobilidade independente, etc. Inclui também auxílios ópticos,
lentes, lupas e telelupas; os softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela; os
hardwares como as impressoras braile, lupas eletrônicas, linha braile (dispositivo de saída do
computador com agulhas táteis) e agendas eletrônicas.
j) Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo - Auxílios que inclui vários
equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY),
sistemas com alerta táctil-visual, entre outros.
l) Adaptações em veículos - Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com
deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores
para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para
cadeiras de rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência (BERSCH, 2008).
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que a criação de um sistema gráfico baseado mais no significado do que nos sons era a resposta. Em
1949, depois de vários anos de pesquisa, foi publicada a 1ª edição do seu livro “Semantografia”.
Em 1971, alguns Psicólogos e Terapeutas da Fala canadenses, ao procurarem uma linguagem
que ajudasse as crianças com paralisia cerebral e sem fala, afásicos e débeis mentais, começaram a
aplicar o sistema de Charles Bliss como Sistema de Comunicação Aumentativa no Ontário Chppled
Children's Cenfer, em Toronto – Canadá.
Este sistema é constituído por um determinado número de formas básicas que combinadas
entre si originaram cerca de 2500 símbolos Bliss. A natureza pictográfica e ideográfica dos muitos
símbolos torna-os fáceis de apreender e fixar. Isto faz com que este sistema seja considerado
adequado a indivíduos que, embora não estejam bem preparados na ortografia tradicional, têm
potencial para aprender e desenvolver um vasto vocabulário, através de operações combinatórias
das formas básicas. O Sistema Bliss pode ser utilizado como principal Sistema de Comunicação
para muitas pessoas não falantes. Os símbolos podem representar pessoas, objetos, ações,
sentimentos, ideias e relações espaço-temporais.
O Bliss é um dos sistemas de comunicação aumentativa e alternativa que se usa com algumas
pessoas sem linguagem oral, desde que estas revelem capacidades cognitivas e visuais para
conseguir compreendê-los. Abaixo temos exemplos dos diversos tipos de símbolos.
Vantagens Desvantagens
Reforça as capacidades de leitura, Limita os utilizadores, na medida em que exige um perfil
uma vez que utiliza símbolos tal de capacidades (boa capacidade de discriminação visual,
como a ortografia tradicional; capacidades cognitivas, boa ou moderada compreensão
A natureza pictográfica e ideográfica auditiva e boas capacidades visuais);
dos símbolos são fáceis de apreender Boa capacidade de discriminação visual para conseguir
e fixar. distinguir pequenas diferenças em características como o
tamanho, a configuração e a orientação dos símbolos;
Capacidades cognitivas ao último nível pré-operatório ou
ao nível das primeiras operações concretas;
Para pessoas com afasia é necessária boa ou moderada
compreensão auditiva e boas capacidades visuais.
3.5 BRAILLE
3.6 LIBRAS
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podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a
informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora.
Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada
em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar
com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando
a resposta desejada.
Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras
com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as
letras ou as palavras e a criança responde através do olhar.
Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo
dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa.
Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do
ponteiro apertando um acionador.
4.3 TÉCNICAS
As técnicas de seleção referem-se à forma pela qual o usuário escolhe os símbolos no seu
sistema de comunicação.
É importante determinar a técnica de seleção mais eficiente para cada indivíduo. Deve ser
determinado o posicionamento ideal da prancha e do usuário, a precisão do acesso, a taxa de fadiga
e a velocidade. O terapeuta ocupacional é o profissional que realiza essa avaliação.
São técnicas de seleção:
Seleção direta - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou
outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou com uma luz fixada à cabeça.
Técnica de varredura - exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária consistente
como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar sua
resposta. Nos recursos de baixa tecnologia o usuário vai necessitar de um facilitador para apontar os
símbolos. Os métodos de varredura podem ser linear, circular, de linhas e colunas ou blocos.
Técnica da codificação - permite a ampliação de significados a partir de um número
limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para usuários
com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstração.
4.4 ESTRATÉGIAS
As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa são
utilizados.
Exemplo: Adaptação de livros de histórias como recurso de imersão nos símbolos.
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Outra estratégia seria o uso de letras maiúsculas ampliadas, sendo que os livros são transcritos
ou modificados a partir da reescrita simplificada da história impressa com letra maiúscula, tamanho
28 ou superior, fonte Arial e negrito. Quando necessário, os livros podem ser adaptados com a
escrita Braille.
Ainda temos a associação de brinquedos ao conteúdo do livro como os bichinhos da história e
a construção de pranchas de comunicação relacionadas com a história.
Os símbolos pictográficos como Picture Communications Simbols (PCS) são elaborados
como o auxílio do software Boardmaker e podem ser impressos isoladamente em cartões ou
organizados em pranchas de comunicação. O objetivo principal dos símbolos é o desenvolvimento
de uma comunicação alternativa que possibilite ao usuário acompanhar a história através dos
símbolos, responder ou fazer perguntas e recontar a sequência de acontecimentos (PELOSI, 2011).
Quando a avaliação acontecer através de atividades estruturadas e/ou não estruturadas deve-se
observar como o cliente se relaciona e se comunica com o avaliador; as funções motoras (global e
fina); as funções sensorial e perceptiva e as funções cognitivas e de aprendizagem que se traduzem
nos seguintes questionamentos a responder: Como aprende melhor? Reconhece fotografias,
desenhos, formas abstratas (círculo, quadrado)? Reconhece letras, capacidade de discriminar
palavras simples? Como são a sua atenção, a compreensão de causa e efeito, habilidade de
expressar preferência, habilidade de fazer escolha, compreensão da permanência de objeto, possuir
representação simbólica?
Avaliando o indivíduo, suas necessidades de comunicar, suas expectativas, podemos
determinar os objetivos e estabelecer um Plano de Ação.
Quanto aos objetivos, estes podem ser específico – concreto – claro; possível de medir
qualitativa ou quantitativamente; orientado pela ação a ser tomado para se conseguir alcançar o
desejado; deve ser realista, ou seja, alcançável; deve ter um tempo para começar e terminar; deve
estar de comum acordo com o cliente e todos envolvidos; e, claro, deve estar dentro do contexto.
Quanto ao Plano de Ação, este precisa estar de comum acordo com todos; deixar clara a tarefa
de cada membro da equipe em detalhes e incluir o prazo de conclusão. As barreiras devem ser
identificadas em parceria com todos envolvidos para que possam ser ultrapassadas e não
simplesmente jogadas para o lado.
ATIVIDADES CURRICULARES
DESCRIÇÃO CARGA
HORÁRIA
RESENHA do Artigo: HOSDA, C.K.; CAMARGO, R.G.; NEGRINI, T. “Altas
Habilidades/Superdotação e Hiperatividade: possíveis relações que podem
geram alguns equívocos”. Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2539_1700.pdf 4h
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