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Daniele de Avelar Macedo¹

Mairead Cristina de Jesus Pereira¹


Sara Gomes¹
Tutor externo: Mariléia Fogulari Ubinski²
 A Educação de Jovens e Adultos (EJA) se faz notável no Brasil desde a

época de sua colonização com os Jesuítas que se dedicavam a


alfabetizar (catequizar) tanto crianças indígenas como índios adultos
em uma intensa ação cultural e educacional, a fim de propagar a fé
católica juntamente com o trabalho educativo. Entretanto, com a
chegada da família real e consequente expulsão dos Jesuítas no século
XVIII, a educação de adultos entra em falência, pois a responsabilidade
pela educação acaba ficando às margens do império (STRELHOW,
2010).
 Através da campanha de Educação de Adultos, lançada em 1947, abre-se a

discussão sobre o analfabetismo e a educação de adultos no Brasil. Nesta época


cria-se o Serviço Nacional da Educação de Adultos (SNEA) voltado ao ensino
Supletivo; surge a 1ª Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e
Adultos (CEAA), no intuito de reduzir o analfabetismo das nações em
desenvolvimento; o 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos e,
posteriormente, em 1949, o Seminário Interamericano de Educação de Adultos.
Nos anos 50 é realizada a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo
(CNEA) e na década de 1960 o Movimento da Educação de Base (MEB)
(VIEIRA, 2004).

 Logo após, em 1967, o governo militar cria o Movimento Brasileiro de

Alfabetização (MOBRAL), com o intuito de alfabetizar funcionalmente e


promover uma educação continuada (STRELHOW, 2010).
 Na década de 70 destaca-se no país o ensino supletivo, criado em 1971 pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nos anos 80 foi possível implantar a Fundação
Nacional para Educação de Jovens e Adultos (Fundação Educar), vinculada ao Ministério
da Educação, que ofertava apoio técnico e financeiro às iniciativas de alfabetização
existentes.

 Somente em 1996, surge a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
que reafirma o direito dos jovens e adultos trabalhadores ao ensino básico e ao dever
público sua oferta gratuita. Em 2003 o Governo Federal criou a Secretaria Extraordinária
de Erradicação do Analfabetismo, lançando então o Programa Brasil Alfabetizado, nele
incluídos o Projeto Escola de Fábrica (voltado para cursos de formação profissional), o
PROJOVEM e o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio para
Jovens e Adultos (PROEJA). Já em 2007 o Ministério da Educação (MEC) aprova a criação
do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), passando, todas as
modalidades de ensino, a fazer parte dos recursos financeiros destinados à educação
(BRASIL, 2007).
 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (Inep) aponta queda de 7,7% no número de


alunos na educação de jovens e adultos (EJA). A redução de
matrículas ocorre de forma similar no nível fundamental
(8,1%) e no ensino médio (7,1%). A tendência foi registrada
pelo Censo Escolar da Educação Básica 2019, publicado em
31 de janeiro. A EJA tem 3.273.668 estudantes matriculados.
 Perfil dos estudantes – Os alunos com menos de 30 anos
representam 62,2% das matrículas da EJA.
 Nesta faixa etária, 57,1% dos estudantes é do sexo masculino.
Quando se observa os estudantes com mais de 30 anos, as
mulheres correspondem a 58,6% das matrículas.
 As informações declaradas ao Censo Escolar quanto ao fator
cor/raça dos matriculados na EJA mostram que pretos e
pardos predominam nos dois níveis de ensino.
Educação para o trabalho ou Educação para a vida?
Desde criança ouvimos os pais dizerem: _ “Estuda, meu filho para
que você tenha um futuro na vida!” Há um consenso geral de que
somente aquele que estuda pode alcançar os seus sonhos. Não há
nada de muito mal nisso, porém o que se pode questionar é:
_ Qual a motivação correta um aluno deve ter para estudar? A
escolarização para o trabalho deve ser o foco da educação?
 As declarações de jovens que frequentam o EJA
demonstram vários motivos pelos quais acontece a evasão
escolar. Uma grande maioria dos jovens declara falta de
interesse, desmotivação em continuar os estudos no Ensino
Fundamental II e outra grande parte afirma que o motivo
principal foi a necessidade de entrar para o mercado de
trabalho. Motivo este que, ironicamente, os traz de volta a
escola, levando muitos a ingressarem no EJA para
melhorarem as chances de crescer na área profissional.
 O pensamento grego da educação como evolução do ser humano, o

encantamento pelas letras e sabedoria parece ter ficado nos areópagos de

Atenas. No Brasil herdamos um legado de ignorância e desvalorização da

educação, onde a motivação maior para se estudar é a obrigatoriedade do

mercado de trabalho. Parece utopia pensar em educação como necessidade

da alma no contexto brasileiro. A mudança histórica refletirá nos sujeitos

EJA quando ela for pensada em suas bases: Na formação de profissionais

comprometidos com a educação, num ensino primário humanizado e

solidificado, que consequentemente refletirá em adolescentes que

frequentarão o Ensino Fundamental na idade certa. É fato que O EJA busca

resolver um problema estrutural de nosso país, mas até quando teremos que

remediar problemas que estamos criando diariamente? Há urgência em se

pensar em investir numa educação para a vida.


MIRANDA, Leila Conceição de Paula. SOUZA, Leonardo
Tavares de. PEREIRA, Isabella Rodrigues Diamantino. A
trajetória histórica da EJA no Brasil e suas perspectivas na
atualidade: Seminário de Iniciação Científica, disponível em:
https://www.ifnmg.edu.br/arquivos/2016/proppi/sic/resumos
/e4e0c388-a724-45cb-8189-46e3a70afa64.pdf. Acesso em
03/12/2020.

RATIER, Rodrigo. AMARAL, Aurélio. FERNANDES, Elisângela.


MOÇO, Anderson, VICHESSI, Beatriz. FRAIDENRAICH,
Verônica. Por que jovens de 15 a 17 anos estão na EJA: Nova Escola,
01 de Agosto de 2011, disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/2882/por-que-jovens-de-15-a-
17-anos-estao-na-eja. Acesso em 03/12/2020.

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