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Unidade IV

Equoterapia e a Psicomotricidade
Com Foco Na Inclusão De Necessi-
dades Consideradas Graves

Chegamos à nossa última unidade, nela vere-


mos uma opção de trabalho na Psicomotricidade
Clínica, que é a Equoterapia, vamos ver a sua finali-
dade passando também por necessidades especiais,
como a estimulação da criança cega. Vamos?

4.1 A Psicomotricidade Relacional


com foco na Equoterapia: postura e
posicionamento.

Primeiramente, vamos entender o que é Equo-


terapia e qual a sua inter-relação com a Psicomotri-
cidade. Basicamente, a Equoterapia é um forte ins-
trumento de trabalho terapêutico, em que o cavalo é
usado para as atividades para que pessoas de várias
idades possam se beneficiar. O cavalo é treinado e,
assim, passa a ser promotor da devolução em nível
físico e psíquico. Atividades que usam o cavalo como
instrumento ajudam na evolução do corpo e seus
movimentos, trazendo fortalecimento muscular, re-
laxamento, aperfeiçoando, coordenação motora e
equilíbrio com foco em todas as habilidades físicas.

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A Psicomotricidade e a Equoterapia ajudam o
indivíduo a ganhar evoluções significativas nas áreas
cognitivas, perceptivas, sensoriais, motoras, funcio-
nais, laborativas, afetivas, emocionais e sociais. Po-
rém, esta não é a única forma de tratamento para
evolução destas áreas, e sim mais uma para comple-
mentar atividades de outros profissionais.
No Brasil, ainda são poucas as áreas nas quais
encontramos análises através da Equoterapia, po-
rém, estudos comprovam que há, em 90% dos ca-
sos, um grande efeito na evolução terapêutica de
pessoas com traumas em diversas partes do corpo,
sendo a Psicomotricidade e a Equoterapia trans-
formadoras na evolução do indivíduo, tornando-o
mais organizado através das vivências cognitivas,
motoras e socioafetivas. Hoje, a Equoterapia é es-
tudada pela medicina e psicologia com foco na fi-
siologia e neuropsicofisiologia.
A indicação para praticar a Equoterapia deve
ser realizada pelo médico da pessoa com deficiência,
sendo neurologista, pediatra, ortopedista, psicomo-
tricista clínico com especialização, entre outros.
A colocação do paciente em postura correta,
com devido posicionamento dos braços, mãos, per-
nas e pés, permite a recepção favorável pelo animal
dos comandos solicitados pelo ser em terapia.
A Psicomotricidade reconhece a Equoterapia
por seus incríveis seguimentos em estimulação dos

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movimentos corporais. Agora, quando falamos da
estimulação da criança cega, a Equoterapia traba-
lha a evolução das sensibilidades, como o sentir e
o ouvir, que, neste caso, é necessário um trabalho
psicomotor intenso. Na sequência a criança cega é
estimulada a não precisar do solo como único refe-
rencial, e sim usar outros referenciais para se manter
em movimento de forma mais ativa e independente,
através da terapia com o cavalo.

4.2. A importância da visão e a es-


timulação da criança cega com a
Psicomotricidade no setting clínico
e terapêutico.

Para falar deste precioso assunto, vamos nos


guiar por Kirk e Gallagher, que afirmam em sua bi-
bliografia a seguinte teoria/prática: “as crianças ce-
gas precisam desenvolver uma série de habilidades
para compensar os seus problemas de comunicação
e espaciais” (1987, p. 207).
Um indivíduo que em qualquer parte de sua
vida foi, por motivos diversos, impedido de ver, so-
fre mais em perder sua visão do que a que o que já
nasceu sem ela.
Quando uma criança nasce cega ela natural-
mente aprende a sentir e a ouvir as coisas externas
de uma maneira mais fácil visto que ela tem estes

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dois elementos mais desenvolvidos do que as pesso-
as que enxergam, essas funções serão os seus guias
até o fim de suas vidas.
Uma criança, por exemplo, que foi impedida
de ver aos 10 anos logo terá muitas dificuldades em
se locomover, ouvir, sentir, pois terá que se esforçar
para usar essas funções em 100% de sua capacidade
total ai entra a Psicomotricidade clinica para estimu-
lar a criança cega com o intuito que ela reaprenda
a usar seus sentidos básico em seu favor para que
consiga viver dali em diante.
A estimulação só poderá ser trabalhada depois
de um processo de recuperação de autoestima tan-
to dela quanto dos pais que se sentem impotentes
direcioná-la depois poderá ser treinada através do
sentir colocando a criança em atividades ligadas aos
sentidos básicos.
Segundo o MEC-CENESP (1984, p14), a
criança cega apresenta dificuldades na realização de
movimentos coordenados, com o corpo inteiro, e,
também, nas atividades em que há emprego especí-
fico das mãos. Essas dificuldades apresentam-se por
meio de:

- movimentos inadequados ou incompletos;


- dificuldade de movimentos alternados;
- dificuldade de movimentos simultâneos;
- dificuldade de movimentos dissociados; e

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- dificuldade de perceber o alvo dos movimentos.

É de suma importância que se faça o contato


corporal da família em terapia, pois o contato físico
tem poder indireto na formação da criança e, conse-
quentemente, ajuda-a no desenvolvimento da auto-
estima sem perder o vínculo com os seus genitores.

Para interagir mais, acesse:


http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/por-
tals/pde/arquivos/488-4.pdf

4.2. Estimulação psicomotora da


criança cega

Atividades que enfocam a estimulação da aqui-


sição ou aprimoramento do esquema corporal.

Atividade 1
Material: espelho.
Posicione a criança na frente do espelho e no-
meie, tocando cada parte do corpo. Você pode fazer
isso cantando músicas que citem as partes do corpo
e estimulem movimentos.

Atividade 2
Material: Espelho.
Na frente do espelho façam caretas, modifican-

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do a expressão (fisionomia triste, alegre, espantada,
brava, etc.).

Atividade 3
Material: papel Kraft, ou manilha, e uma caneta
grossa ou giz de cera.
Deite a criança em cima do papel e desenhe o
contorno de seu corpo. Mostre à criança o desenho
e complete com os detalhes.

Atividade 4
Material: lençol ou piscina de bolinhas.
Cubra a criança deixando a cabeça de fora. Vá
descobrindo uma parte do corpo de cada vez, nome-
ando-o na hora do “achou!”.

Atividade 5
Material: boneco fácil de manusear e roupas de
bonecos.
Vista e dispa o boneco com a criança, nomean-
do as partes do corpo.

Atividade 6
Material: água, boneca de plástico, bacia, sabo-
nete e toalha.
Com a criança, dê um banho na boneca nome-
ando as partes do corpo.

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Atividade 7
Material: massinha de modelar.
Faça com a criança, uma bola de massa de mo-
delar. Batam na massa até ela ficar achatada. Mode-
lem o nariz, boca, olhos, etc., nomeando-os.

Atividade 8
Material: revistas, tesoura, cola e papel.
Procure com a criança, figuras humanas em
revistas. Recorte-as, separando a cabeça, tronco e
membros. Monte uma nova figura solicitando que
a criança identifique qual parte se junta com a outra.

4.3 Atividades que enfocam a es-


timulação do controle dos
movimentos

Atividade 1
Material: Giz de cera e papel.
Deixe a criança riscar e pintar livremente o pa-
pel, de preferência grande, para que ela não tenha
que limitar a sua expressão gráfica.

Atividade 2
Material: Giz de cera e papel.
Desenhe uma figura simples e peça para a crian-
ça pintar o interior da figura, respeitando os limites.
Varie a complexidade das figuras desenhadas.

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Atividade 3
Material: nenhum.
Faça diversos movimentos com o corpo e peça
para a criança imitar. Inverta os papéis.

Atividade 4
Material: bola.
Role a bola para perto da criança e chame sua aten-
ção, incentive-a a pegá-la. Peça para que devolva a você.
Varie os movimentos, fazendo-a pular, girar a bola.

Atividade 5
Material: Garrafas plásticas vazias e bola.
Mostre a criança como derrubar as garrafas fa-
zendo com que a bola bata nela como num boliche.
Estimule a criança a arremessar e rolar a bola.

Atividade 6
Material: Brinquedo que flutue.
Durante o banho, deixe o brinquedo flutuando,
próximo à criança. Incentive-a a pegá-lo. Brinquem
com ele tentando afundá-lo, fazendo espirrar água,
manipulando-o de diferentes maneiras.

Atividade 7
Material: Cartolina, guache e canudinhos.
Coloque gotas de diluída sobre a cartolina e

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mostre à criança que soprando através do canudi-
nho, ela se espalha e desenha formas no papel.

Atividade 8
Material: Brinquedos variados, papel ou jornal.
Embrulhe o brinquedo com o papel ou jornal e
ofereça-o à criança para que o desembrulhe.

Atividade 9
Material: brinquedos variados e caixa.
Estimule a criança a retirar objetos da caixa e
também a guardá-los.

Atividade 10
Material: revistas e livros.
Mostre à criança como folhear um livro ou re-
vista e estimule-a a fazer o mesmo.

Rodrigues, Maria de Fátima A. e Miranda, Silva-


na de Moraes. A estimulação da criança especial
em casa. Atheneu, 2005, 183p.

4.4. Vocabulário de Psicomotricidade

Abstração – Ato de separar e considerar men-


talmente um ou mais elementos de um todo, os quais
não podem ter existência concreta fora da totalidade
à qual pertencem.

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Afetividade – Área das emoções e dos senti-
mentos relacionados com as modificações do vivido
corporal e com o meio.

Agnosia – Etimologicamente, falta de conheci-


mento. Impossibilidade de obter informações através
de um dos canais de recepção dos sentidos embora
o órgão do sentido não esteja afetado. Ex.: a agnosia
auditiva é a incapacidade de reconhecer ou interpretar
um som mesmo quando é ouvido. Assim um indiví-
duo pode ouvir, mas não reconhecer a campainha do
telefone. No campo médico está associada com uma
deficiência neurológica do sistema nervoso central.

Afasia – Perda da capacidade de usar ou compre-


ender a linguagem oral. Está usualmente associada com
um traumatismo ou anormalidade do sistema nervoso
central. Utilizam-se várias classificações, tais como afa-
sia expressiva e receptiva, congênita e adquirida.

Agonístico – diz-se do músculo cuja ação pro-


duz um movimento desejado em oposição ao anta-
gonísitco. Usado para exercício físico com a finalida-
de de aumentar a força muscular.

Antagonístico – músculos que exercem cada


qual uma ação contrária em cada uma das articula-
ções e promovem a descontração.

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