Primeira infância (nascimento “período neonatal” – 3 anos)
Desenvolvimento físico No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em graus variados. O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. Desenvolvimento cognitivo As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem rapidamente. Estágios de desenvolvimento de Piaget o primeiro estágio do desenvolvimento cognitivo é o estágio sensório-motor. Durante esse estágio (do nascimento até os 2 anos, aproximadamente), os bebés aprendem sobre si mesmos e sobre o mundo mediante as suas atividades sensoriais e motoras. 6 subestágios do estágio sensório-motor do desenvolvimento cognitivo de Piaget: Subestágio 1. Uso de reflexos Idade: Nascimento até 1 mês Descrição: Os bebés exercitam seus reflexos inatos e obtêm algum controlo sobre eles. Não coordenam as informações dos sentidos. Não agarram um objeto para o qual estejam olhando. Exemplo: Denise começa a sugar quando o peito da mãe está em sua boca. Subestágio: 2. Reações circulares primárias Idade: 1 a 4 meses Descrição: Os bebés repetem comportamentos agradáveis que primeiro ocorrem ao acaso (como sugar o dedo). As atividades são focadas no seu corpo e não nos efeitos do comportamento sobre o ambiente. Fazem as primeiras adaptações adquiridas; ou seja, sugam diferentes objetos de maneira diferente. Começam a coordenar a informação sensorial e agarrar objetos. Exemplo: Quando lhe dão a mamadeira, Daniel, que geralmente mama no peito, consegue ajustar a sucção ao bico de borracha. Subestágio: 3. Reações circulares secundárias Idade: 4 a 8 meses Descrição: Os bebés tornam-se mais interessados no ambiente; repetem ações que produzem resultados interessantes (como agitar um chocalho) e prolongam experiências interessantes. As ações são intencionais, mas inicialmente não orientadas para uma meta. Exemplo: Alexandre empurra pedacinhos de cereal até a borda de sua cadeirinha e observa cada pedaço caindo no chão. Subestágio: 4. Coordenação de esquemas secundários Idade: 8 a 12 meses Descrição: O comportamento é mais deliberado e proposital (intencional) à medida que os bebés coordenam esquemas previamente aprendidos (como olhar para um chocalho e agarrá-lo) e usam comportamentos previamente aprendidos para atingir suas metas (como atravessar a sala engatinhando para pegar um brinquedo desejado). Podem antecipar eventos. Exemplo: Ana aperta o botão de seu livrinho de músicas infantis e ouve “Cai cai balão”. Em vez de apertar os botões das outras músicas, ela prefere apertar esse botão repetidas vezes. Subestágio: 5. Reações circulares terciárias Idade: 12 a 18 meses Descrição: As crianças demonstram curiosidade e experimentação; variam propositadamente as suas ações para ver os resultados (agitando diferentes chocalhos para ouvir os sons). Exploram ativamente o seu mundo para determinar o que é novidade sobre um objeto, evento ou situação. Experimentam novas atividades e fazem uso da tentativa e erro para resolver problemas. Exemplo: A irmã mais velha de Bruno segura o livro favorito do irmão e tenta passá-lo para ele através das grades do berço. Ele estica os braços para pegá-lo, mas não consegue porque o livro é muito largo. Logo, porém, Bruno vira o livro de lado e o abraça, encantado com o sucesso. Subestágio: 6. Combinações mentais Idade: 18 a 24 meses Descrição: Agora que as crianças já podem representar eventos mentalmente, não estão mais limitadas à tentativa e erro para resolver problemas. O pensamento simbólico permite pensar sobre eventos e antecipar suas consequências sem precisar recorrer sempre à ação. Elas começam a demonstrar insights. Sabem usar símbolos como gestos e palavras, e sabem fingir. Exemplo: Júlia brinca com sua caixa-encaixa procurando cuidadosamente o encaixe certo para cada forma antes de tentar – e conseguir. Permanência do objeto O conceito de objeto é a base para a consciência que as crianças têm de que elas próprias existem separadamente dos objetos e das outras pessoas. É fundamental para entender um mundo cheio de objetos e eventos. A permanência do objeto se desenvolve gradualmente durante o estágio sensório-motor. A princípio, o bebê não tem essa noção. Por volta do terceiro subestágio, entre 4 e 8 meses, ele vai procurar algo que tenha derrubado, mas se não conseguir encontrar, agirá como se o objeto não mais existisse. No quarto subestágio, entre 8 e 12 meses, ele procurará o objeto no lugar onde o encontrou pela primeira vez após vê-lo escondido, mesmo se depois ele o viu ser removido para outro lugar; isso é conhecido como erro A-não-B. No quinto subestágio, entre 12 e 18 meses, o bebê, segundo Piaget, não mais comete esse erro; ele vai procurar o objeto no último lugar em que o viu escondido. Entretanto, não procurará em um lugar onde não o viu escondido. Por volta do sexto subestágio, entre 18 e 24 meses, a permanência do objeto é plenamente conquistada; crianças pequenas procuram um objeto mesmo se não o virem escondido. No entanto, a idade em que o bebé desenvolve a permanência do objeto é alvo de controvérsias. Desenvolvimento simbólico, competência imagética e compreensão de escala Boa parte do conhecimento que as pessoas adquirem sobre seu mundo é obtida não por meio da observação ou da experiência direta, mas de símbolos, que são representações intencionais da realidade. Aprender a interpretar símbolos é, portanto, uma tarefa essencial na infância. Um dos aspetos do desenvolvimento simbólico, estudado por Judy DeLoache e colaboradores, é o desenvolvimento da competência imagética, a capacidade de entender a natureza das imagens. (…) Desenvolvimento psicossocial Formam-se os vínculos afetivos com os pais e com outras pessoas. A autoconsciência se desenvolve. Ocorre a passagem da dependência para a autonomia. Aumenta o interesse por outras crianças. Estratégias de promovem a competência Descobertas feitas pelo inventário HOME e por estudos neurológicos e outras pesquisas sugerem as seguintes diretrizes para promover o desenvolvimento cognitivo de bebês e crianças pequenas: 1. Nos primeiros meses, forneça estimulação sensorial, mas evite a superestimulação e os ruídos que distraem. 2. À medida que o bebê for crescendo, crie um ambiente que promova a aprendizagem – um ambiente que inclua livros, objetos interessantes (que não precisam ser brinquedos caros) e um lugar para brincar. 3. Responda aos sinais do bebê. Isso estabelece um senso de confiança de que o mundo é um lugar amigável e lhe dá um senso de controle sobre sua vida. 4. Dê ao bebê poder de efetuar mudanças com brinquedos que possam ser chacoalhados, moldados ou movimentados. Ajude o bebê a descobrir que girar a maçaneta faz abrir a porta, pressionar um interruptor faz acender a luz e abrir uma torneira faz correr a água para tomar banho. 5. Dê ao bebê liberdade para explorar. Não o confine regularmente, durante o dia, em um berço, cadeirinha ou em um quarto pequeno e, mesmo por curtos períodos, num cercado. Torne o ambiente seguro para ele e solte-o! 6. Converse com o bebê. Ele não vai aprender a falar ouvindo rádio ou televisão; precisa de interação com adultos. 7. Ao falar ou brincar com o bebê, envolva-se naquilo que ele estiver interessado no momento, em vez de tentar redirecionar a atenção dele para outra coisa. 8. Arranje oportunidades para ele aprender as habilidades básicas, como nomear, comparar e separar objetos (por tamanho, cor, etc.), colocando itens em sequência e observando as consequências das ações. 9. Aplauda as novas habilidades e ajude o bebê a praticá-las e expandi-las. Fique por perto, mas não sufoque. 10. Desde a mais tenra idade, leia para o bebé num ambiente aconchegante e afetuoso. Ler em voz alta e falar sobre as histórias desenvolve as habilidades de prontidão para a alfabetização. 11. Utilize a punição com moderação. Não puna nem ridicularize os resultados da exploração normal de tentativa e erro
Segunda infância (3 anos – 6 anos)
Desenvolvimento físico O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais parecidas com as de um adulto. O apetite diminui e são comuns os distúrbios do sono. Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habilidades motoras finas e gerais e aumenta a força físicas. Desenvolvimento cognitivo O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Aprimoram-se a memória e a linguagem. A inteligência torna-se mais previsível. É comum a experiência da pré-escola; mais ainda a do jardim de infância. Desenvolvimento psicossocial O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima é global. Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole. Desenvolve-se a identidade de género. O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e, geralmente, mais social. Altruísmo, agressão e temor são comuns. A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes. Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget