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Desenvolvimento infantil (0-6 anos)

Primeira infância (nascimento “período neonatal” – 3 anos)


 Desenvolvimento físico
No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em graus variados. O
cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O
crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos.
 Desenvolvimento cognitivo
As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O
uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desenvolvem por volta do final
do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem
rapidamente.
Estágios de desenvolvimento de Piaget
o primeiro estágio do desenvolvimento cognitivo é o estágio sensório-motor. Durante
esse estágio (do nascimento até os 2 anos, aproximadamente), os bebés aprendem sobre
si mesmos e sobre o mundo mediante as suas atividades sensoriais e motoras.
6 subestágios do estágio sensório-motor do desenvolvimento cognitivo de Piaget:
Subestágio 1. Uso de reflexos
Idade: Nascimento até 1 mês
Descrição: Os bebés exercitam seus reflexos inatos e obtêm algum controlo sobre eles.
Não coordenam as informações dos sentidos. Não agarram um objeto para o qual
estejam olhando.
Exemplo: Denise começa a sugar quando o peito da mãe está em sua boca.
Subestágio: 2. Reações circulares primárias
Idade: 1 a 4 meses
Descrição: Os bebés repetem comportamentos agradáveis que primeiro ocorrem ao
acaso (como sugar o dedo). As atividades são focadas no seu corpo e não nos efeitos do
comportamento sobre o ambiente. Fazem as primeiras adaptações adquiridas; ou seja,
sugam diferentes objetos de maneira diferente. Começam a coordenar a informação
sensorial e agarrar objetos.
Exemplo: Quando lhe dão a mamadeira, Daniel, que geralmente mama no peito,
consegue ajustar a sucção ao bico de borracha.
Subestágio: 3. Reações circulares secundárias
Idade: 4 a 8 meses
Descrição: Os bebés tornam-se mais interessados no ambiente; repetem ações que
produzem resultados interessantes (como agitar um chocalho) e prolongam experiências
interessantes. As ações são intencionais, mas inicialmente não orientadas para uma
meta.
Exemplo: Alexandre empurra pedacinhos de cereal até a borda de sua cadeirinha e
observa cada pedaço caindo no chão.
Subestágio: 4. Coordenação de esquemas secundários
Idade: 8 a 12 meses
Descrição: O comportamento é mais deliberado e proposital (intencional) à medida que
os bebés coordenam esquemas previamente aprendidos (como olhar para um chocalho e
agarrá-lo) e usam comportamentos previamente aprendidos para atingir suas metas
(como atravessar a sala engatinhando para pegar um brinquedo desejado). Podem
antecipar eventos.
Exemplo: Ana aperta o botão de seu livrinho de músicas infantis e ouve “Cai cai balão”.
Em vez de apertar os botões das outras músicas, ela prefere apertar esse botão repetidas
vezes.
Subestágio: 5. Reações circulares terciárias
Idade: 12 a 18 meses
Descrição: As crianças demonstram curiosidade e experimentação; variam
propositadamente as suas ações para ver os resultados (agitando diferentes chocalhos
para ouvir os sons). Exploram ativamente o seu mundo para determinar o que é
novidade sobre um objeto, evento ou situação. Experimentam novas atividades e fazem
uso da tentativa e erro para resolver problemas.
Exemplo: A irmã mais velha de Bruno segura o livro favorito do irmão e tenta passá-lo
para ele através das grades do berço. Ele estica os braços para pegá-lo, mas não
consegue porque o livro é muito largo. Logo, porém, Bruno vira o livro de lado e o
abraça, encantado com o sucesso.
Subestágio: 6. Combinações mentais
Idade: 18 a 24 meses
Descrição: Agora que as crianças já podem representar eventos mentalmente, não estão
mais limitadas à tentativa e erro para resolver problemas. O pensamento simbólico
permite pensar sobre eventos e antecipar suas consequências sem precisar recorrer
sempre à ação. Elas começam a demonstrar insights. Sabem usar símbolos como gestos
e palavras, e sabem fingir.
Exemplo: Júlia brinca com sua caixa-encaixa procurando cuidadosamente o encaixe
certo para cada forma antes de tentar – e conseguir.
Permanência do objeto
O conceito de objeto é a base para a consciência que as crianças têm de que elas
próprias existem separadamente dos objetos e das outras pessoas. É fundamental para
entender um mundo cheio de objetos e eventos. A permanência do objeto se desenvolve
gradualmente durante o estágio sensório-motor. A princípio, o bebê não tem essa noção.
Por volta do terceiro subestágio, entre 4 e 8 meses, ele vai procurar algo que tenha
derrubado, mas se não conseguir encontrar, agirá como se o objeto não mais existisse.
No quarto subestágio, entre 8 e 12 meses, ele procurará o objeto no lugar onde o
encontrou pela primeira vez após vê-lo escondido, mesmo se depois ele o viu ser
removido para outro lugar; isso é conhecido como erro A-não-B. No quinto subestágio,
entre 12 e 18 meses, o bebê, segundo Piaget, não mais comete esse erro; ele vai procurar
o objeto no último lugar em que o viu escondido. Entretanto, não procurará em um lugar
onde não o viu escondido. Por volta do sexto subestágio, entre 18 e 24 meses, a
permanência do objeto é plenamente conquistada; crianças pequenas procuram um
objeto mesmo se não o virem escondido. No entanto, a idade em que o bebé desenvolve
a permanência do objeto é alvo de controvérsias.
Desenvolvimento simbólico, competência imagética e compreensão de escala
Boa parte do conhecimento que as pessoas adquirem sobre seu mundo é obtida não por
meio da observação ou da experiência direta, mas de símbolos, que são representações
intencionais da realidade. Aprender a interpretar símbolos é, portanto, uma tarefa
essencial na infância. Um dos aspetos do desenvolvimento simbólico, estudado por Judy
DeLoache e colaboradores, é o desenvolvimento da competência imagética, a
capacidade de entender a natureza das imagens. (…)
 Desenvolvimento psicossocial
Formam-se os vínculos afetivos com os pais e com outras pessoas. A autoconsciência se
desenvolve. Ocorre a passagem da dependência para a autonomia. Aumenta o interesse
por outras crianças.
Estratégias de promovem a competência
Descobertas feitas pelo inventário HOME e por estudos neurológicos e outras pesquisas
sugerem as seguintes diretrizes para promover o desenvolvimento cognitivo de bebês e
crianças pequenas:
1. Nos primeiros meses, forneça estimulação sensorial, mas evite a superestimulação e
os ruídos que distraem.
2. À medida que o bebê for crescendo, crie um ambiente que promova a aprendizagem –
um ambiente que inclua livros, objetos interessantes (que não precisam ser brinquedos
caros) e um lugar para brincar.
3. Responda aos sinais do bebê. Isso estabelece um senso de confiança de que o mundo
é um lugar amigável e lhe dá um senso de controle sobre sua vida.
4. Dê ao bebê poder de efetuar mudanças com brinquedos que possam ser chacoalhados,
moldados ou movimentados. Ajude o bebê a descobrir que girar a maçaneta faz abrir a
porta, pressionar um interruptor faz acender a luz e abrir uma torneira faz correr a água
para tomar banho.
5. Dê ao bebê liberdade para explorar. Não o confine regularmente, durante o dia, em
um berço, cadeirinha ou em um quarto pequeno e, mesmo por curtos períodos, num
cercado. Torne o ambiente seguro para ele e solte-o!
6. Converse com o bebê. Ele não vai aprender a falar ouvindo rádio ou televisão; precisa
de interação com adultos.
7. Ao falar ou brincar com o bebê, envolva-se naquilo que ele estiver interessado no
momento, em vez de tentar redirecionar a atenção dele para outra coisa.
8. Arranje oportunidades para ele aprender as habilidades básicas, como nomear,
comparar e separar objetos (por tamanho, cor, etc.), colocando itens em sequência e
observando as consequências das ações.
9. Aplauda as novas habilidades e ajude o bebê a praticá-las e expandi-las. Fique por
perto, mas não sufoque.
10. Desde a mais tenra idade, leia para o bebé num ambiente aconchegante e afetuoso.
Ler em voz alta e falar sobre as histórias desenvolve as habilidades de prontidão para a
alfabetização.
11. Utilize a punição com moderação. Não puna nem ridicularize os resultados da
exploração normal de tentativa e erro

Segunda infância (3 anos – 6 anos)


 Desenvolvimento físico
O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais
parecidas com as de um adulto. O apetite diminui e são comuns os distúrbios do sono.
Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habilidades motoras
finas e gerais e aumenta a força físicas.
 Desenvolvimento cognitivo
O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista
dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo.
Aprimoram-se a memória e a linguagem. A inteligência torna-se mais previsível. É
comum a experiência da pré-escola; mais ainda a do jardim de infância.
 Desenvolvimento psicossocial
O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima
é global. Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole. Desenvolve-se a
identidade de género. O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e,
geralmente, mais social. Altruísmo, agressão e temor são comuns. A família ainda é o
foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes.
Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget

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