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© 2019 by Anna Lou Olivier

Gerente Editorial: Alan Kardec Pereira Editor: Waldir Pedro


Revisão Gramatical: Lucíola Medeiros Brasil
Capa e Projeto Grá co: 2ébom Design
Capa: Eduardo Cardoso Diagramação: Flávio Lecorny

Este livro foi revisado por duplo parecer, mas a editora tem a política de reservar a privacidade.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

O55d
Olivier, Anna Lou
Dislexia, dislexia adquirida e disgra a: como detectar, diferenciar, entender e tratar/ Anna Lou Olivier.
Wak Editora, 2019.
112p : 21cm

Inclui bibliogra a
ISBN 978-85-7854-462-1

1. Dislexia. 2. Inabilidade na leitura. 3. Distúrbios na aprendizagem. 4. Língua portuguesa – Ensino


corretivo. I. Título.

19-55341 CDD 371.9144 CDU 616.89-008.434.5

2019

Direitos desta edição reservados à Wak Editora


Proibida a reprodução total e parcial.

WAK EDITORA
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Este livro é dedicado a todas as pessoas que não se conformam com
diagnósticos fatalistas e buscam sempre novos conhecimentos e descobertas.
E vencem, seja qual for o desa o.
Ao Escritor dos Escritores, Deus Eterno, que diariamente escreve a história
de cada vida do planeta, dedico meus dons e sou grata por todas as
oportunidades e todo o conhecimento que me proporciona estudar, pesquisar,
vivenciar e assimilar.

Anna Lou Olivier (Lou de Olivier)


A partir de 2017, Lou de Olivier passou a assinar-se Anna Lou Olivier, em
decorrência de um episódio que envolve um plágio de seu nome. Alguém, não
se sabe com qual propósito, publicou alguns livros com conteúdo adulto usando
o nome “Lou Olivier”. Para evitar ter seu sério trabalho como escritora e
pesquisadora associado à pornogra a, Lou passou a assinar-se Anna Lou Olivier.
APRESENTAÇÃO
Introdução ao tema Dislexia
Historio da Dislexia (incluindo a Dislexia Adquirida)
Lesão cerebral
Dislexia e Dislexia Adquirida – nem tudo que se divulga é correto!
O que parece ser, mas não é Dislexia
Distúrbios especí cos de linguagem
Os principais sintomas e os equívocos que se cometem nos diagnósticos da
Dislexia
Disgra a
Os lobos cerebrais
Hemisférios cerebrais
Voltando às diferenças entre os distúrbios
Como estimular uma criança com Disgra a?
Tratamentos
Diferença entre Multiterapia e Multidisciplinar
Crianças com problemas de aprendizagem, o que fazer?
Como agir ao detectar problemas de aprendizagem?
Como agir com o disléxico ou disgrá co?
PERGUNTAS E RESPOSTAS
PUBLICAÇÕES OFICIAIS
Escrito em linguagem simples e objetiva, este livro traz informações sobre a
história das pesquisas, as características e diferenciações do distúrbio da Dislexia,
da Dislexia Adquirida e da Disgra a. O que parece ser Dislexia, porém não é,
entre outras importantes informações, sintomas e tratamentos. É ideal para pais
e professores que querem entender melhor seus lhos/alunos ou para os
pro ssionais que buscam uma base fundamentada e simples para o acesso aos
conhecimentos básicos e para um melhor diagnóstico deste e de outros
distúrbios.
Entenda a Dislexia, a Dislexia Adquirida e a Disgra a e conheça todos os
detalhes de pesquisas e descobertas de Anna Lou Olivier nestas páginas de muita
informação.
Dislexia
Há muitos anos, discute-se a Dislexia, suas causas e possíveis tratamentos,
porém, lamentavelmente, ainda nos dias de hoje, há muita polêmica e até
desinformação partindo muitas vezes dos próprios pro ssionais que a devem
tratar.
É comum encontrar entre os sintomas da dislexia a troca de letras que pode
ser especi cada como trocas verbais e auditivas. Também é comum a a rmação
de que é incurável e, por isso, deve-se tratar a Dislexia de forma permanente e
até adaptar o sistema de ensino ao disléxico. Tudo isso gera uma insegurança e
uma certa desesperança, já que o indivíduo parece condenado a um estado
sempre disléxico.
Não se pode negar que um disléxico sempre será disléxico, mas isso não o
condena a ser sempre de ciente na aprendizagem. Há muitos tratamentos que
podem desenvolver a criatividade e até treinar memória e aprendizagem do
disléxico.
Um consenso entre pro ssionais, como Susan Brady, Hugh Catts, Emerson
Dickman, Guinevere Eden, Jack Fletcher, Je rey Gilger, Robin Moris, Harley
Tomey e omas Viall, em 2003, cdefendeu que
Dislexia é uma di culdade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela
di culdade com a uência correta na leitura e por di culdade na habilidade de decodi cação e
soletração. Essas di culdades resultam tipicamente do de cit no componente fonológico da
linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.
Sintomas: Nas crianças pequenas (antes do início da fase escolar) é um tanto difícil diagnosticar a
dislexia, pois há outros distúrbios que apresentam sintomas parecidos. Portanto a idade que mais
facilita o diagnóstico da Dislexia (e de outros distúrbios de aprendizagem) é a idade escolar. É
durante a alfabetização que se pode detectar com mais certeza a dislexia, cuja principal
característica está na ausência ou grande di culdade em aprender a ler e/ou escrever.
Porém, é preciso estar atento, pois não se trata apenas de di culdade em
aprender letras, mas a di culdade em identi cá-las. Dependendo da gravidade
do caso, o cérebro de um disléxico não consegue identi car nenhuma letra, as
letras parecem apenas sinais sem nexo algum. E, ao contrário das a rmações em
consenso, é perfeitamente possível identi car uma dislexia antes da fase de
alfabetização, o que se necessita é de um maior esclarecimento do que é dislexia
e como pode ser detectada e tratada.
Causas divulgadas
Causas: muitos pro ssionais defendem que a causa deste distúrbio é uma
alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da
mesma família. Há pesquisas que apontam que a dislexia pode estar relacionada
com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da
criança. Neste mesmo livro, abordarei em detalhes esta pesquisa.
Em 1999, em meu livro “A Escola Produtiva”, publiquei:
DISLEXIA: Causas mais divulgadas: alterações nos cromossomos 6 e 15,
caracteriza-se como distúrbio, que também pode ser causado por ectópias (células
fora do lugar), displasia (células com funções diferentes), Displasia ectópica e
arquitetônica (má-formação no arranjo dos neurônios). B- Distúrbio hereditário e
incurável, sem ligação com causas intelectuais, emocionais nem culturais. Apresenta
alterações no lobo temporal direito que é maior do que o esquerdo, quando o normal
é o inverso. Em consequência, há di culdade de estabelecer relação correta entre letra
e som, troca de letras, inversões, separações e junções de palavras, gerando a
necessidade de realfabetização.
Fatores orgânicos, como, por exemplo, a anoxia perinatal, complicações gerais
durante a gestação e parto, que apresentam como sequelas, as di culdades de
aprendizagem (dislexia, discalculia, disgra a etc.). Há quem defenda a tese de que a
dislexia é uma junção de todos estes fatores, e há também a linha de raciocínio que
defende a dislexia como apenas uma consequência de problemas emocionais. De
certa forma, todas as colocações têm fundamento cientí co e estão corretas. Exceto a
causa psicológica que seria, isoladamente, muito simplista para de nir um distúrbio
tão signi cativo de aprendizagem. Pode haver a causa psicológica, mas sempre
adicionada a outros fatores e nunca de forma isolada (OLIVIER, Lou de. A Escola
Produtiva. pág. 11. São Paulo: Editora Scortecci, 1999).
Neste livro, abordo todos estes aspectos que continuam in uenciando o
diagnóstico da dislexia e proponho uma nova forma de detectar e tratar a
dislexia.
Na ocasião e até os dias atuais, ainda há quem de na da seguinte forma: “A
dislexia é um distúrbio independente de causas intelectuais, emocionais ou culturais,
apresenta di culdade acentuada no processo de leitura e escrita, com alterações nos
hemisférios cerebrais e faz sobressair o hemisfério direito (da criatividade) em
detrimento ao esquerdo (do raciocínio lógico). É, portanto, um distúrbio que deve
ser diagnosticado e tratado por neurologistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos e, em
casos também de caráter emocional, por psicólogos, formando, assim, o que
chamamos de Avaliação Multidisciplinar” (OLIVIER, Lou de. A Escola
Produtiva. pág. 12. São Paulo: Editora Scortecci, 1999).
Estas a rmações continuam relevantes, porém, para mim (mesmo eu as
tendo citado em meu primeiro livro “A Escola Produtiva”), sempre foram
equivocadas. Friso que, como pesquisadora, sou obrigada a citar os consensos de
pesquisas e publicações, mas isso não me impede de raciocinar, pesquisar com
mais profundidade e perceber falhas e equívocos. Primeiro porque a Dislexia
pode ser detectada por exames, inclusive na alteração hemisférica que pude
comprovar desde 2003, em observações de pacientes submetidos ao Brainwave I
e a TMS Transcranial Magnetic Stimulation (Estimulação Magnética
Transcraniana) em que se percebe claramente a maior e menor
inibição/estimulação dos hemisférios cerebrais, e não em tamanho como se
a rmou por muito tempo. Os hemisférios são de tamanhos idênticos ou bem
parecidos, sendo que o que os diferencia é um estar mais excitado e o outro mais
inibido. Friso que analisei pacientes submetidos a um ou outro procedimento.
Nunca aos dois, ou seja, nunca se submeteram (ou poderiam se submeter)
pacientes a tratamentos com Brainwave 1 e TMS simultaneamente. Sempre se
deve optar por um ou outro procedimento.
Quanto a avaliação e o tratamento multidisciplinar, sempre friso que não sou
contra este método. Sou contra a se passar a ideia de que seja o único método e
da utilização do multidisciplinar sem necessidade. Em muitos casos, percebe-se
que não há necessidade de envolvimento de tantos pro ssionais para o
tratamento e, por isso, defendo a Multiterapia que adapta-se a cada caso e
dispõe de diversas técnicas que podem ser aplicadas por um único pro ssional,
o multiterapeuta, atuando em conjunto com o neurologista. Isso torna o
tratamento muito mais rápido e e caz.
Quanto a alterações cromossômicas, atualmente se publica o seguinte
Estudos de ligação e associação têm apontado várias regiões cromossômicas que podem conter
genes candidatos à Dislexia. Essas regiões incluem os cromossomos 1p (5), 2p (6), 6p (7), 15q (8),
e 18p (9). Alguns genes têm sido associados à Dislexia tais como: KIAA0319 (10) e DCDC2 (11)
no cromossomo 6p e EKN1 no cromossomo 15q (12). A identi cação destes polimor smos
genéticos pode signi car que o risco particular de uma criança desenvolver certos tipos de
problemas de leitura pode ser estimado antes de a criança desenvolver severos problemas de leitura
e escrita. (Desempenho em consciência fonológica, memória operacional, leitura e escrita na
dislexia familial. Unicamp, 2007)
HISTÓRICO DA
DISLEXIA (incluindo
a Dislexia Adquirida)
Alguns historiadores citam o neurologista alemão Adolph Kussmaul como o
primeiro a interessar-se em pacientes com di culdades de leitura, isso pode ter
ocorrido em 1878. Ele teria inserido o termo “Cegueira Verbal” ou “Cegueira
da Palavra” ao de nir a di culdade de leitura de seus pacientes. Há também a
citação, por outros historiadores, de que a identi cação deste distúrbio ocorreu
pela primeira vez em 1881 pelo médico também alemão Oswald Berkahn.
Alguns historiadores também mencionam que ambos os médicos, Kussmaul e
Berkahn, detectaram em parceria em 1878. Todavia o termo “Dislexia” foi
o cialmente utilizado em 1887 por um oftalmologista também alemão Rudolf
Berlin. Apesar das variações quanto a datas e nomes que identi caram o
distúrbio, não há dúvidas de que foi na Alemanha.
Há quem questione os métodos utilizados pelos alemães, alegando que suas
descobertas ocorreram à custa de sofrimento de cobaias humanas utilizadas em
seus experimentos. Porém, a intenção neste livro é mostrar as descobertas em
relação ao distúrbio da Dislexia e não nos cabe julgar os bastidores destas
descobertas. Até porque as descobertas em outros países foram à custa do
sofrimento animal, o que nos parece também questionável. Sendo assim, não
nos ateremos nas críticas aos métodos e, sim, nos resultados obtidos.
Apesar de a descoberta e o termo serem citados na Alemanha desde 1881,
demorou para ser usado em outros países, especialmente no Brasil, onde, até
algumas décadas atrás, ainda se intitulava Cegueira Verbal e, até hoje, há
quem defenda apenas a causa hereditária/genética, negando-se a aceitar a
evolução das pesquisas não só de Anna Lou Olivier mas também de diversos
outros pro ssionais e pesquisadores de dislexias no mundo todo, cada qual
identi cando e de nindo a Dislexia de acordo com suas pesquisas e
descobertas.
No caso especí co da Dislexia Adquirida, esta foi identi cada por Anna Lou
Olivier exatamente 98 anos após a primeira detecção do distúrbio atribuída a
Berkhan. Aliás, foi em um livro alemão, citando o distúrbio e as suas
características que Anna Lou percebeu que havia “adquirido” este distúrbio
durante o afogamento que sofreu em 1978.
Antes de relatarmos os rumos das pesquisas e descobertas de Anna Lou
Olivier, vamos fazer um resumo das pesquisas que ocorreram entre a primeira
identi cação do distúrbio em 1881 e o acidente que impulsionou Lou a
pesquisar a dislexia.
Trajetória das pesquisas
O termo cegueira verbal
1878: provável introdução do termo “Cegueira Verbal” ou “Cegueira da
Palavra” pelo neurologista alemão Adolph Kussmaul.
1896: W. Pringle Morgan descreveu a “Cegueira de Palavra Congenital”
publicado em British Medical Journal relatando caso de um paciente de 14
anos que não conseguia aprender a ler.
1890 a 1900: o oftalmologista James Hinshelwood publicou vários artigos
sobre Dislexia em diversos jornais médicos e publicou, em 1917, o livro “A
Cegueira de Palavra Congenital”, sugeriu que o maior problema na
Dislexia era a de ciência na memória visual de palavras e letras.
LESÃO CEREBRAL

A Lesão Cerebral era outra causa muito estudada, mas, em 1925, Samuel
T. Orton escreveu que a dislexia não dependia de lesão ou dano cerebral.
Orton, em parceria com a psicóloga Anna Gillingham, desenvolveu as
intervenções educacionais que formaram a base do ensino multissensorial que,
até os dias de hoje, são usadas para ensinar crianças disléxicas.
Alteração hemisférica
Em 1951, G. Mahec fez um experimento utilizando sequência de letras que
as crianças com e sem a dislexia leram da esquerda para a direita e da direita
para a esquerda. Percebeu que crianças sem dislexia leram da esquerda para a
direita mais facilmente e crianças disléxicas leram na mesma velocidade
independentemente do sentido que liam e 10% dos disléxicos leu com mais
facilidade da direita para a esquerda. Isso deu início à ideia de o hemisfério
esquerdo ser maior nos portadores de Dislexia. Esta ideia seguiria por muitos
anos até que Anna Lou Olivier elucidou este tema (em 2003) provando que
não há lado maior ou menor e sim mais (ou menos) excitado e mais (ou
menos) inibido.
Explicando melhor: Anna Lou Olivier, após muitos anos de pesquisas
teóricas e práticas, conseguiu comprovar que o que ocorria com o cérebro dos
disléxicos (assim como de outros distúrbios) era uma maior excitação no
hemisfério direito e maior inibição no hemisfério esquerdo. E isso nada tinha a
ver com o tamanho dos hemisférios. Apesar da polêmica gerada por esta sua
a rmação (e comprovação), seu livro intitulado “Verdades que ninguém
publicou”, que trazia esta descoberta, tinha o aval de dois grandes pro ssionais
da Psiquiatria, Dr. Rony Broder (introdutor da TMS Estimulação Magnética
Transcraniana no Brasil) e professor Dr. Francisco Assumpção Jr (referência em
Autismo e Psiquiatria Infantil). E, a partir daí, muitos pro ssionais passaram a
perceber esta realidade.
Voltando aos anos 70, foi quando se entendeu a importância da consciência
fonológica na Dislexia. Em 1979, enquanto Anna Lou Olivier a rmava sua
“Dislexia Adquirida” em um afogamento (ocorrido em 1978), Galaburda e
Kemper relataram suas descobertas após observarem cérebros pós-
autópsias das pessoas disléxicas, que os centros de línguas nestes eram
diferentes dos normais. Novamente o contraponto, Anna Lou Olivier vivendo
na prática o que os considerados grandes nomes só vivenciavam em
laboratório. A partir deste período, Lou começou a delinear a Multiterapia e a
defender a tese de a Dislexia ser adquirida por um acidente em que ocorra
diminuição ou ausência de oxigênio no cérebro, isso inclui AVC, Anoxia por
afogamento, por enforcamento, entre outros.
Agora podemos retornar ao caminho das pesquisas e vivências na prática de
Anna Lou Olivier. Antes, porém, citamos que uma busca pelo Google
acadêmico fornece uma série de artigos com títulos que remetem à Acquired
Dyslexia (artigos o ciais em Inglês e um em Francês) publicados a partir de
1977. Porém, lendo os artigos na íntegra, percebe-se que os estudos
preocuparam-se com a inabilidade de leitura letra por letra, já que os pacientes
não conseguiam ler palavras inteiras. Ou, quando liam, era sempre de forma
insatisfatória. As causas que levaram à Dislexia cam em aberto, nem sequer
citam o termo “adquirida” e, até hoje, as comprovações o ciais são voltadas à
Dislexia Adquirida por AVC e outras doenças cerebrais. Lou desde 1978
defendeu a Dislexia causada por acidentes com privação de oxigênio no
cérebro (afogamentos, enforcamentos, anoxia/hipóxia perinatal/neonatal).
Por ter perdido a capacidade de leitura, Lou dependia de alguns amigos que
liam para ela todos os livros que podia encontrar sobre Psiquiatria e correlatas.
Foi em um livro alemão (do qual, infelizmente, não recorda o título), lido por
um amigo que tinha uência no idioma, que Lou veri cou os sintomas
descritos e teve a certeza de ter adquirido o referido distúrbio.
Os principais sintomas eram ausência de memória, incapacidade de leitura,
ausência de concentração, entre outros que Lou reconheceu imediatamente
como sendo da Dislexia que ela adquirira logo após o seu afogamento. Passou a
relatar sua descoberta em todas as consultas e a todos os médicos que a
atendiam. Chegou a ir a alguns congressos, abordando os palestrantes e
relatando suas descobertas “extrao ciais”, contudo nenhum deles pareceu
convencido pelos argumentos da jovem desmemoriada. Até porque o distúrbio
dela parecia algo totalmente novo, pois conseguia escrever com certa uência,
mas não conseguia ler em Português e também perdera totalmente a
capacidade de falar, ler e escrever em outros idiomas. E, como já relatamos, as
pesquisas mais avançadas na época eram com cérebros de disléxicos já falecidos,
e os médicos estudavam a diferença do centro de linguagem nos cérebros
disléxicos versus não disléxicos. Como admitiriam a possibilidade de se
“adquirir um distúrbio”? Parecia-lhes apenas um grande devaneio de uma
adolescente desmemoriada.
Lou passou a escrever tudo que pensava, via, sentia, sonhava. Foi anotando
diários e pequenos trechos que descobria nas leituras de amigos que escreveu
sua primeira peça teatral “Eu inteiro, metade de mim...” Era como Lou se
sentia, inteira, porém pela metade... Após três anos passando por inúmeros
testes e exames em que os médicos apenas a rmavam não detectar “nada físico”
e recusavam-se a aceitar a teoria que esta defendia, a de ter “adquirido uma
dislexia” (e estando ela totalmente desmemoriada), restavam a Anna Lou
poucas opções, na verdade, só duas: conformar-se em viver desmemoriada e
desenganada para sempre ou buscar de forma independente alguma solução
para seu caso.
Nessa época, já estava fazendo curso de teatro para auxiliar a recuperação de
memória e já conseguia, com bastante di culdade, ler alguns artigos e livros,
embora esquecesse tudo assim que terminava de ler. A partir daí, desenvolveu
um treinamento que consistia em gravar tudo de que precisava lembrar, textos,
artigos, livros e ouvir as gravações de forma contínua, inclusive, durante o
sono. Este método deu origem ao que hoje ela aplica como Multiterapia.
Obviamente, hoje, com muito mais bases cientí cas.
A década de 80 foi bastante controversa em relação aos estudos sobre
dislexia, houve, inclusive, um retrocesso, visto que a hipótese dos hemisférios
cerebrais maiores ou menores de acordo com a normalidade ou Dislexia, a
princípio, atribuída às pesquisas de Orton, mas, como já citamos
anteriormente neste artigo, na verdade, foram fruto do experimento de G.
Mahec em 1951, foi alvo de novos estudos póstumos nas décadas de 80 e 90,
estabelecendo que
o lado esquerdo do planum temporale (plano temporal constitui a superfície superior do giro
temporal superior ao lobo parietal), uma região cerebral associada ao processamento da
linguagem, seria sicamente maior que a região direita nos cérebros de pessoas não disléxicas; nas
pessoas disléxicas, essas regiões são simétricas ou mesmo ligeiramente maiores no lado direito do
cérebro.
Como já citamos, em 2003, Anna Lou Olivier elucidou esse equívoco sobre
os hemisférios cerebrais, porém, em plena década de 80 e até 90, esta foi a
linha mais pesquisada em relação à Dislexia. E, estranhamente, ainda há
muitos pro ssionais citando este equívoco até os dias atuais.
Em meio a este consenso dos especialistas, em 1981, Anna Lou Olivier
conseguiu recuperar alguma uência de leitura em Português e, a partir daí,
passou a pesquisar com mais intensidade, pois já não dependia de ninguém
para ler para ela. Seguiu pelo bacharelado em Artes Cênicas e estudou também
Musicoterapia, assim englobou os recursos da Musicoterapia no método que já
apresentava bons resultados com crianças e adolescentes com autismo e
síndrome de Down.
Entre 1981 e 1996, ano em que publicou o primeiro artigo o cial sobre a
Dislexia Adquirida, Lou passou por várias outras faculdades e cursos,
destacando-se Psicopedagogia, Neuropsicologia, Psicanálise e muitos
treinamentos em Psiquiatria, estudando especialmente TOC (Transtorno
Obsessivo-Compulsivo), Tourette, Paixões Obsessivas, Autismo e Dislexias em
geral.
Em 1989, seguindo a linha de pesquisa de Galaburda e Kemper, surgiram os
estudos de Cohen e outros sugerindo que o desenvolvimento cortical estivesse
dani cado durante os primeiros seis meses do crescimento fetal do cérebro nos
indivíduos com dislexia.
As pesquisas e os estudos o ciais sugeriam fortemente a
genética/hereditariedade e, nos anos 90, iniciaram-se com grandes promessas
para os disléxicos. A nal, com o desenvolvimento de técnicas de neuroimagem,
(tomogra a por emissão de pósitrons e ressonância magnética), vieram mais
pistas sobre o processamento fonológico nos disléxicos... Ninguém sequer
cogitava a possibilidade de um distúrbio adquirido não só em um acidente mas
também em uma anoxia ou hipóxia perinatal (diminuição/ausência de oxigênio
no cérebro durante o nascimento).
Mas, agora, Anna Lou Olivier não era mais apenas uma jovem
desmemoriada a rmando ser possível “adquirir um distúrbio” por “acidente”,
ela já se posicionava como psicopedagoga e psicoterapeuta, com
especializações, extensões universitárias e, acima de tudo, com sua vivência
prática. E, com força e determinação, seguiu publicando, palestrando,
divulgando a Dislexia Adquirida (e a técnica de Multiterapia), não só no Brasil
mas também no exterior, especialmente Europa, onde escreveu em revistas
impressas (Inglaterra) e eletrônicas (Portugal), sugeriu a muitos pesquisadores
que veri cassem a possibilidade de aquisição de um distúrbio e conquistou dois
troféus (Inglaterra).
A partir de 1996, foram nove livros didáticos impressos (em todos, citando
seus estudos e descobertas em Dislexia e Dislexia Adquirida), inúmeros os
artigos em revistas e jornais impressos e eletrônicos e, também, entrevistas em
rádio e televisão, além de dois programas próprios: “Lou e Você na TV” (1999)
e “De tudo um pouco” (2008/2009), programas estes voltados a esclarecer os
diversos distúrbios, em especial, as dislexias e outros distúrbios de
aprendizagem. Entre 2011 e 2012, o Distúrbio da Dislexia Adquirida foi
o cializado nos descritores da Saúde, codi cado em Português, Espanhol e
Inglês, sendo neste idioma classi cado como Acquired Dyslexia. Hoje é possível
encontrar a descrição de Dislexia Adquirida em diversos sites, artigos e em
descritores o ciais, como National Library of Medicine – Medical Subject
Headings, onde se encontram, inclusive, variações da dislexia adquirida, tais
como: Acquired Global Dyslexia, Acquired Spelling Dyslexia, Acquired Alexia,
entre outros que virão. E isso só é possível hoje porque Anna Lou Olivier não
se acomodou com um diagnóstico fatalista, ela foi estudar, pesquisar e não só
encontrou a solução para sua dislexia adquirida mas também levou suas
descobertas a todo o mundo, inclusive impulsionando outros pesquisadores.
Anna Lou é um grande exemplo de superação e de vitória em todos os
sentidos. Atualmente, Lou passa períodos mais e menos disléxicos como relata,
mas está sempre ativa, ministra palestras, participa de diversas atividades e
prova que, com força e determinação, é possível vencer qualquer distúrbio ou
barreira.
Atualmente o distúrbio da Dislexia Adquirida está o cializado na Ciência
da Saúde, codi cado em Português, Inglês e Espanhol, graças ao empenho e à
determinação de Anna Lou Olivier nas pesquisas e na defesa deste tema.
Como já foi citado e necessita ser frisado, em outubro de 2016, Anna Lou
Olivier participou como oradora on-line do Global Clinical Psychologist
Annual Meeting (Congresso Psicólogos Clínicos Globais) que ocorreu na
Malásia (Kuala Lumpur), abordando “Acquired Dyslexia” (Dislexia Adquirida)
e Multi erapy (Multiterapia). Em 2018, Anna Lou Olivier apresentou a
Multiterapia em três importantes congressos internacionais, sendo Multi
therapy technique developed by Anna Lou Olivier treating obsessive-
compulsive disorder video presentation 25th World Congress on Conference
Neurology & Neuroscience June 18-19 2018 | Dublin, Ireland,
Multitherapy – therapy technique developed by Anna Lou Olivier treating
Autism Spectrum disorder (ASD), 5 World Congress on Mental Health
and Well-being – Vancouver, Canadá 25-26 July 2018. E dois temas que
foram apresentados em Congresso Médico em Harvard, são eles: 1 -
Multitherapy as an allied in the treatment of dyslexia and acquired
dyslexia (speci c learning disorder with impairment in reading); 2 - Toy
library allied to learning, reassessment twenty years after the
implementation of the method; Movement and Cognition at the Joseph B.
Martin Conference Center at Harvard Medical School, Boston, USA 27-29
July 2018, consolidando em de nitivo estes importantes temas no meio
acadêmico internacional.
DISLEXIA E
DISLEXIA
ADQUIRIDA
nem tudo que se
divulga é correto!*
Há anos tem sido divulgada uma série de mitos (equívocos) sobre Dislexia, e
isso torna não só o entendimento falho mas também confunde os leigos e até
os pro ssionais que tratam o distúrbio. Eu, Anna Lou Olivier, há 40 anos,
dedico-me a elucidar este tema e trago aqui neste pequeno artigo a explicação
dos três principais mitos mais divulgados sobre a Dislexia. Há alguns meses,
um programa de televisão entrevistou supostos especialistas abordando
Dislexia. Na sequência, muitos outros programas passaram a abordar o tema, e
os vídeos na Internet viralizaram. Isso continua repercutindo de forma negativa
pelos diversos equívocos que divulgaram. Por isso, esclareço.
Hereditária/Genética
A questão da hereditariedade/genética tem sido amplamente difundida. Não
se pode negar que exista um tipo de Dislexia possivelmente hereditária/genética
que faz com que algumas famílias sejam propensas ao distúrbio, ou seja, se o
pai ou a mãe tem Dislexia, os lhos têm mais probabilidade de apresentarem
Dislexia. Mas, é preciso frisar que este é apenas um dos tipos de Dislexia. Há
outros tipos e classi cações que dependem inclusive da linha de pesquisa pela
Neuropsicologia, pela Psicopedagogia, pela Multiterapia (da qual sou
precursora) e por outras linhas de pesquisa que classi cam os diversos tipos de
Dislexia.
“Dislexia Adquirida”. Esta Dislexia quase sempre é renegada e, quando é
citada, além de omitirem minhas pesquisas e pioneirismo, ainda divulgam de
forma equivocada. Em certo debate televisivo, um médico citou fatores que
podem causar Dislexia Adquirida, mas omitiu o principal que é anoxia
perinatal/hipóxia neonatal que publiquei o cialmente, em 1996, o TCC que
z sobre o tema. Em 1998, diversos sites de Saúde e/ou Educação e também
meu Portal publicaram esta pesquisa na íntegra, tanto no Brasil quanto na
Europa, onde se comprova a aquisição de distúrbios, especi camente Dislexia e
Disgra a, por anoxia. Não só minhas pesquisas mas também outras pesquisas
que surgiram a partir desta minha iniciativa zeram com que a Dislexia
Adquirida fosse o cialmente reconhecida pela Ciência da Saúde a partir de
2011/2012. É lamentável que todas estas pesquisas e descobertas reconhecidas
internacionalmente sejam desconhecidas (ou omitidas) no Brasil, ainda mais
sendo isto em um programa de grande audiência televisiva.
Troca de letras
Outro equívoco que tem sido amplamente difundido é a “troca de letras”
supostamente característica de uma Dislexia. Quanto a isso, eu também tenho
feito palestras, publicado inúmeros artigos há mais de 30 anos abordando esta
questão. E, novamente, a rmo que a Dislexia NÃO PROVOCA troca de
letras, o que ocorre com o cérebro do disléxico é uma di culdade de entender
os sinais das letras. Ele não identi ca o que é letra, ele apenas não consegue
distinguir uma letra de outra e acaba não conseguindo ser alfabetizado ou
perdendo a capacidade de leitura, no caso da Dislexia Adquirida. Isso é muito
diferente do trocar “p” com “b” ou “d” com “q”, ou seja lá qual for a troca.
Quando uma criança faz essas trocas de letras, o mais provável é que tenha
uma di culdade auditiva e, ao passar por ditado, escute errado e, na sequência,
escreva errado. Pode também ser uma di culdade visual que a faz inverter letras
ou enxergá-las de forma espelhada. Nesta forma de escrita espelhada, deve-se
citar também que é comum a quase todas as crianças em fase de alfabetização
inverterem letras e, com a continuidade dos estudos, passarem a escrever de
forma normal. Portanto, trocar letras não pode ser classi cado como
“Dislexia”. Em relação a este equívoco, devo citar que, em meu livro
“Distúrbios de Aprendizagem e de comportamento – Verdades que ninguém
publicou”, lançado em 2003, eu citei pela primeira vez a pesquisa de
Doutorado de uma pesquisadora cientí ca que sugeriu esta troca de letras na
Dislexia. Esta pesquisa foi publicada em 1969, e ela também lançou um livro
em 1975, onde a rmava esta troca de letras. Depois disso, ela não abordou
mais o tema, talvez por ela própria ter percebido que não tinha sentido o que
ela tinha publicado, ou por ter seguido por outros temas, esquecendo-se desta
pesquisa que zera. Acontece que aí já era tarde, muitas teses foram
fundamentadas neste livro dela e muitas teses também foram feitas em
continuidade desta tese de doutorado dela. Não posso a rmar que tenha sido
só esta pesquisadora a culpada por esse equívoco que até hoje se divulga, mas
foi, de fato, muito in uente nisto. Não vou estender este tema, quem quiser
saber de forma mais aprofundada o nome da pesquisadora, a tese e outros
detalhes poderá ler meu livro que atualmente está em sétima edição com o
título “Distúrbios de Aprendizagem e de comportamento”. Há também meu e-
book “Dislexia sem rodeios” que complementa o assunto.
Maior incidência em meninos e a questão da testosterona
Ainda sobre Dislexia, citaram a maior incidência em meninos, por um
excesso de testosterona da mãe durante a gestação, o que já há tempos se
descartou. Na verdade, esta linha de raciocínio iniciou-se em 1982 com a
publicação “ e testosterone hypothesis: Assessment since Geschwind and
Behan” – Albert M Galaburda (Annals of Dyslexia – January 1990 Volume 40,
Issue 1, pp 18-38).
O resumo desta publicação é o seguinte: a hipótese de Geschwind propõe
uma interação causal entre imparcialidade não direita, doenças imunológicas e
de ciência, inclusive Dislexia, por meio da ação intrauterina do hormônio
masculino (testosterona). Alguns estudos epidemiológicos têm apoiado, pelo
menos, uma associação estatística entre os três traços; outros não têm. As
associações entre distúrbios de aprendizagem e doença imune e entre os
transtornos de aprendizagem e lateralidade direita não parecem ser melhor
apoiado do que entre doenças imunológicas e imparcialidade não direita. No
entanto, nenhum dos dados acumulados até ao momento é conclusivo, porque
não é claro que as amostras estudadas foram verdadeiramente representativas.
A evidência neuropatológica, tanto em estudos de autópsia em disléxicos
humanos como em modelos animais de anormalidades corticais de
desenvolvimento, é coerente, mas não um diagnóstico de patologia
imunológica. Mecanismos são discutidos porque um sistema imunitário
anormal poderia, assim, ferir o cérebro em desenvolvimento, com ênfase nas
interações materno-fetais anormais, incluindo doença autoimune materno e
incompatibilidade materno-fetal. Uma origem genética também é possível em
que o papel materno é menos signi cativo.
O que precisa ser muito frisado e entendido é que, além de o próprio autor
citar que não havia nenhum dado conclusivo e considerar o fator genético
isentando as características da mãe, estes estudos americanos foram feitos em
autópsias em humanos disléxicos e em animais que sequer tem o mesmo
organismo e reações humanas. As pesquisas “mais avançadas” nessa época
(1982) eram feitas em cérebros de disléxicos mortos… Enquanto isso, países
como a Alemanha já estudavam casos de pacientes vivos e, por mais que alguns
retrógrados relutem em aceitar, uma brasileira (Anna Lou Olivier)
desmemoriada e dependendo de amigos para ler e entender o tema já
despontava com a descoberta da Dislexia Adquirida.
Observação: há alguns questionamentos em relação às pesquisas alemãs que
podem ter-se desenvolvido com “cobaias humanas” cruelmente sacri cadas,
porém não estamos aqui para questionar os métodos utilizados pelos alemães.
O que frisamos é que as respostas que Anna Lou Olivier procurava em relação
à detecção de seu distúrbio foram encontradas em livros de autores alemães.
Enquanto o mundo todo caminhava a lerdos passos, a Alemanha já tinha
detectado a Dislexia e outros distúrbios de aprendizagem. A forma como
chegaram a estas descobertas não nos cabe julgar.
Continuando, esta teoria do excesso de testosterona seguiu até que, em
2007, outro estudo “No relation between 2D : 4D fetal testosterone marker
and dyslexia” – Boets, Barta b; De Smedt, Berta; Wouters, Janb; Lemay,
Katriena; Ghesquière, Pola (Neuroreport: 17 September 2007 – Volume 18 –
Issue 14 – pp 1487-1491) publicou que tem sido sugerido que os níveis
elevados de exposição pré-natal à testosterona estão implicados na etiologia da
dislexia e seus frequentes problemas sensoriais. Este estudo examinou 2D: 4D
relação dígitos (um marcador de exposição à testosterona fetal) em crianças
disléxicas e normais de leitura. Foram observadas 4D: há diferenças entre os
grupos em 2D. Mas, não mostraram a relação postulada com leitura, escrita,
habilidade fonológica, a percepção da fala, o processamento auditivo e
processamento visual. Estes resultados desa am a validade das teorias que
atribuem um papel proeminente à exposição à testosterona fetal na etiologia da
dislexia e suas de ciências sensoriais.
Como se comprova, esta teoria foi rebatida em 2007, mas, infelizmente, há
emissoras descompromissadas que divulgam qualquer absurdo em troca de
audiência ou por uma boa quantia de patrocínio e, com isso, prestam um ato
desleal à população, condenando seus espectadores à ignorância. Diversos
outros equívocos têm sido divulgados não só durante este debate nesta
emissora mas também em diversos outros programas e vídeos, porém estes são
os mais comuns e insistentemente divulgados por pro ssionais e pelos meios de
comunicação, tornando o diagnóstico e tratamento da Dislexia mais demorado
e ine caz. É preciso repensar a forma como a Dislexia tem sido divulgada no
Brasil e em outros países também.

* Este artigo foi reformulado e publicado pela revista Psique Ciência e Vida – Editora Escala – edição
133, com o título “Mitos na Dislexia”.
O QUE PARECE
SER, MAS NÃO É
DISLEXIA
São diversos os distúrbios que parecem ser, mas não são Dislexia, porém são
os mais confundidos como tal.
Disgra a: Desordem de integração visório-motora
DISGRAFIA. De origem grega. DYS = Di culdade; difícil e GRAPHOS
= Gra a, entende-se que é a di culdade ou ausência na aquisição da escrita.
Geralmente o portador de Disgra a é desatento, pode tornar-se hiperativo, e o
principal é que a di culdade se estende a todas as formas de escrita (letras,
sinais, e até desenho). Por estas características, é comum diagnosticar crianças
como disléxicas, sendo que seu distúrbio, é na verdade, Disgra a. Existem
muitos casos de crianças que conseguem ler, mas não escrevem e vice-versa, ou
seja, conseguem escrever, mas não são capazes de ler o que escreveram. Estas
crianças devem ser diagnosticadas de forma correta e não de forma errônia
como apenas disléxicas. O mais correto é, no caso de crianças que leem, porém
não escrevem, serem diagnosticadas como portadoras de Disgra a. As crianças
que conseguem reproduzir letras, sinais e desenhos, contudo não reconhecem
nem conseguem ler o que escreveram, podem ser consideradas disléxicas. E as
que não conseguem nem ler nem escrever devem ser consideradas disléxicas e
disgrá cas. Neste mesmo livro, há um capítulo especí co sobre Disgra a, onde
este distúrbio é mais bem explicado.
Disortogra a: Di culdade na expressão da linguagem escrita
Entendendo melhor. ORTOGRAFIA é a parte da Gramática que ensina a
escrever as palavras corretamente, portanto a Disortogra a é o escrever
incorretamente. Este é um distúrbio especí co na aquisição e reprodução de
letras (escrita de um idioma) e diferencia-se da Disgra a que é generalizada.
Geralmente, a Disortogra a é classi cada como letra feia, letra de “médico” e
outras classi cações, todavia isto está incorreto. A Disortogra a caracteriza-se
por escrever de forma incorreta, cometer erros na escrita, às vezes por também
ouvir e falar erradamente, em outras vezes, por não saber passar para o papel o
que consegue ler ou falar corretamente.
Diferença entre síndrome e transtorno
Antes de citar o próximo distúrbio confundido com Dislexia, vamos analisar
a diferença entre síndrome e transtorno. De forma simplista...
Síndrome: quando não se sabe a origem (causa) nem se identi cou todos os
sintomas de uma nova doença.
Transtorno: quando já se sabe a maioria dos sintomas, e a causa ou as
causas estão de nidas.
Os pesquisadores e pro ssionais de Saúde devem ter cuidado ao identi car
um novo distúrbio, transtorno ou síndrome. Devem veri car antes de
identi car se já há um distúrbio/transtorno parecido e só se encontrou uma
variação ou se é algo nunca antes descrito, aí se anuncia a síndrome.
Infelizmente, nem todos se preocupam com isso, por isso veremos agora...
Síndrome de Irlen
É uma alteração “visório-perceptual”, causada por um desequilíbrio da
capacidade de adaptação à luz que produz alterações no córtex visual e dé ces
na leitura. A síndrome tem caráter hereditário e se manifesta sob maior
demanda de atenção visual.
Descrita em 1983 pela psicóloga Helen Irlen, a síndrome tem como
manifestações, além da fotofobia, problemas na resolução “visório-espacial”,
di culdades na manutenção do foco, estresse visual, alteração na percepção de
profundidade e cefaleias. Durante a leitura, segundo os pacientes, o brilho e o
re exo do papel branco contra o texto causam irritabilidade, assim como a luz
natural ou uorescente. Eles possuem ainda uma sensação de movimentação
das letras que “pulsam, tremem, vibram, con uem ou desaparecem”, e a leitura
passa a ser fragmentada. Além disso, queixam de insegurança ao dirigir,
estacionar, com esportes com bola ou em outros movimentos, como descer e
subir escadas rolantes.
Os sintomas da síndrome de Irlen têm sido citados, com muita frequência,
como sendo da Dislexia. Há inclusive lmes e documentários que citam estes
sintomas como sendo próprios da Dislexia, e isso acaba confundindo até
mesmo alguns pro ssionais e, mais ainda, os pais e professores. E quem mais
sofre é o paciente que acaba tendo um diagnóstico errado, seguindo por um
tratamento equivocado e demorando anos para conseguir algum progresso
quando, se tivesse o diagnóstico correto e o tratamento mais adequado, teria
progressos muito mais rápidos e notáveis.
No caso especí co da síndrome de Irlen, o tratamento é feito pelo
oftalmologista que dispõe atualmente de técnicas e equipamentos que
solucionam o caso em pouco tempo. Se um paciente com esta síndrome for
diagnosticado de forma errada como sendo disléxico, passará a vida tratando-se
de forma multidisciplinar sem, no entanto, ter melhora alguma.
DISTÚRBIO
ESPECÍFICO DE
LINGUAGEM
Alguns distúrbios de linguagem também são confundidos com Dislexia.
Crianças que apresentam muita di culdade em desenvolver a fala costumam
ser diagnosticadas como autistas, de cientes intelectuais, e este sintoma (atraso
na aquisição da fala) é sempre citado como sendo característica da Dislexia.
Porém, estas crianças com di culdade em desenvolver a fala devem ser levadas
ao otorrinolaringologista para testes, pois podem apresentar problemas
auditivos. A ausência ou di culdade de aquisição da falta também pode ser
causada por falta de estímulos.
Eliminadas estas possíveis causas, aí sim se inicia testes para detectar autismo
ou de ciência intelectual. Em caso a rmativo, ou seja, se a criança for
diagnosticada como autista ou de ciente intelectual, o pro ssional adequado a
tratar dela é o psiquiatra. Um neurologista também poderá tratá-la, caso não se
encontre um psiquiatra. Um psicólogo poderá tratar algum possível trauma
que a criança apresente. E, como já citei, defendo a Multiterapia como aliada à
aprendizagem dessas crianças. Caso seja detectado o Distúrbio Especí co de
Linguagem, o pro ssional ideal para tratar esta criança é o
otorrinolaringologista. Há também um pro ssional pouco conhecido que é o
foniatra. É um médico, geralmente um otorrino especializado em Foniatria que
está apto a tratar os distúrbios da comunicação e linguagem.
E, a nal, o que é, de fato, Dislexia?
Como o termo já diz Dis-lexia: Di culdade ou ausência da aquisição do
conjunto de palavras de um determinado idioma. De forma simplista
pode-se dizer que seja Di culdade na aquisição da LEITURA. E não de
leitura e escrita como se ensina erroneamente, já que, como citado
anteriormente, a Disgra a e a Disortogra a já estão ligadas à escrita como
distúrbios.
Entre tantos dicionários e livros que pretendem de nir a Dislexia, a
de nição mais precisa e simples parece ser do Gutenberg, em sua página 655,
que cita: “Dislexia (csi) f. Di culdade de ler e compreender a escrita”.
Portanto o termo “Dislexia de leitura”, muitas vezes utilizado, é errado, pois,
ao falar o termo Dislexia, já se presume que seja de leitura... Assim como
Dislexia de linguagem e outros termos usados estão errados...
Dislexia é Dislexia e só isso já de ne o que vem a ser...
OS PRINCIPAIS
SINTOMAS E OS
EQUÍVOCOS QUE
SE COMETEM NOS
DIAGNÓSTICOS DA
DISLEXIA
Resumo dos principais sintomas e das características divulgados e suas
explicações
Dislexia NÃO FAZ TROCAR LETRAS, o cérebro NÃO RECONHECE
as letras, é diferente! Portanto, a a rmação de trocar “P” por “B”, “P” por
“D”, “P” por “Q” ou “N” por “U”, “W” por “M” e outras letras que até hoje
se a rma que sejam “trocas próprias da Dislexia”, na verdade, denotam outros
tipos de distúrbios. As trocas “P” por “B” ou “D” ou “Q” podem ser associadas
a distúrbios auditivos, ou seja, a criança ouve errado e, obviamente, reproduz
errado quando escreve. As trocas “U” por “N”, “W” por “M” e as trocas
envolvendo “P”, “D”, “B” e “Q”, especialmente na letra cursiva u-n, w-m, p-b,
p-q, p-b, podem ser associadas a distúrbios auditivos ou visuais e, em casos
mais graves, ao neurológico, porém devem ser descartados dos sintomas da
dislexia, já que este distúrbio faz com que a criança não identi que nenhuma
letra, as letras parecem apenas sinais sem nexo para quem tem, de fato,
Dislexia.
Dislexia não tem hemisférios maiores ou menores. Este é outro grande
equívoco que se comete nos diagnósticos. Como já foi mostrado no histórico
da Dislexia, em diversos livros de minha autoria e em diversos artigos meus já
publicados em revistas especializadas, isto tem relação com a excitabilidade e
inibição dos hemisférios. Leia mais sobre isso no meu livro “Distúrbios de
aprendizagem e de comportamento”, publicado pela Wak Editora.
Dislexia não é apenas hereditária/genética (congênita como atualmente
é de nida), ela pode ser adquirida (por acidentes), pode também ser
ocasional. São muitos os tipos de dislexia e cada um tem seus sintomas
característicos. Em comum, apenas a ausência ou di culdade na aquisição da
leitura ou a perda de capacidade de leitura em caso de acidentes.
DISGRAFIA

Um dos maiores equívocos no diagnóstico de Dislexia é incluir a questão da


escrita pobre ou ausência na aquisição de escrita entre seus sintomas. Na
verdade, esta di culdade ou ausência na aquisição de escrita deve ser
diagnosticada como Disgra a. Apesar de alguns autores insistirem em a rmar
que Disgra a seja letra feia ou até uma suposta característica disléxica, a
Disgra a vai muito além disso. E é preciso saber detectar os sintomas e tratar
este distúrbio de forma correta, evitando, assim, que o paciente (ou aluno)
passe longos anos em tratamento ine ciente ou aprendizado defasado.
Como citei em meu livro “Transtornos de Comportamento e Distúrbios de
Aprendizagem”, nas páginas 45 e 46, no DSM-IV, a Disgra a vem de nida da
seguinte maneira: “a disgra a caracteriza-se por erros gramaticais de pontuação,
organização pobre de parágrafos, múltiplos erros de ortogra a e uma gra a
de citária”. Esta de nição que o DSM-IV apresenta inclui também a dimensão
simbólica da escrita junto com as dimensões motora e grá ca. O tão aguardado
DSM-V trouxe uma modi cação interessante, mas, no meu entendimento,
complicou o diagnóstico deste e de outros distúrbios de aprendizagem. A
classi cação do “transtorno especí co da aprendizagem” faz uma espécie de
combinação dos diagnósticos do DSM-IV de transtorno da leitura, transtorno
da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem
sem outra especi cação.
Os dé ces de aprendizagem nas habilidades de leitura, expressão escrita e
matemática estão codi cados como especi cadores separados.
Ainda sobre o DSM-V, pode-se citar o Diagnóstico Diferencial. São diversas
as de nições e exclusões nesta diferenciação de diagnóstico e procurarei
resumir. As principais são: o transtorno especí co da aprendizagem distingue-
se de variações normais no desempenho acadêmico devido a fatores externos
(falta de oportunidade educacional, educação escolar consistentemente
insatisfatória, aprendizagem em uma segunda língua), ou seja, a criança tem
todo um ambiente propício ao aprendizado, mas, ainda assim, não aprende; o
transtorno especí co da aprendizagem também difere de di culdades gerais de
aprendizagem associadas à de ciência intelectual, porque as di culdades para
aprender ocorrem na presença de níveis normais de funcionamento intelectual
(isto é, escore do QI de, no mínimo, 70± 5). Este transtorno também se
distingue de di culdades de aprendizagem causadas por problemas
neurológicos ou sensoriais (AVC – acidente vascular cerebral pediátrico, lesão
cerebral traumática, de ciência auditiva, de ciência visual), porque, nesses
casos, são acusados em exames neurológicos. Também se distingue de
problemas de aprendizagem associados com transtornos cognitivos
neurodegenerativos, porque, no transtorno especí co da aprendizagem, a
expressão clínica de di culdades especí cas de aprendizagem ocorre durante o
período do desenvolvimento, e as di culdades não se manifestam como um
declínio acentuado a partir de um estado anterior.
O DSM-V ainda cita que o transtorno especí co da aprendizagem se
distingue do desempenho acadêmico insatisfatório associado ao TDAH. E cita
que a comorbidade de transtorno especí co da aprendizagem e TDAH é mais
frequente do que o esperado. Se critérios para ambos os transtornos forem
preenchidos, os dois diagnósticos podem ser dados.
O DSM-V segue citando outros transtornos e comorbidades, mas não
transcreverei aqui. Quem tiver interesse pode ler o manual na íntegra. O que
quero frisar é que houve uma junção de diversos distúrbios em um único
transtorno especí co de aprendizagem, e isso torna mais difícil o diagnóstico e
o tratamento, principalmente da Disgra a que nem aparece mais de forma
isolada, passa a integrar o quadro do Transtorno Especí co de Aprendizagem.
Apesar desta junção pelo DSM-V, pre ro (e penso que a maioria dos
pro ssionais conscientes deve preferir) isolar cada distúrbio para melhor
diagnosticar e tratar. Por isso, cito as de nições que se tornaram mais
divulgadas para a Disgra a.
Etimologicamente, Disgra a deriva dos conceitos “dys” (que pode ser
entendido como ausência, di culdade e até como desvio) + “graphos” ou
“gráphein” (que pode ser traduzido como escrita, escrita à mão/cursiva ou ainda
como escrever), ou seja, Disgra a pode ser de nida como “uma di culdade ou
ausência na aquisição da escrita cursiva (à mão) ou até como uma perturbação
de tipo funcional que afeta a qualidade da escrita, traçado ou gra a da criança”.
Há ainda uma de nição da Disgra a como uma di culdade na escrita,
podendo estar relacionada com a componente grafomotora (padrão motor da
escrita).
Segundo a Associação Portuguesa de Pessoas com Di culdades de
Aprendizagem Especí ca, a Disgra a é uma alteração da escrita que a afeta na
forma ou no signi cado, sendo do tipo funcional. Perturbação na componente
motora do ato de escrever, provocando compressão e cansaço muscular, que,
por sua vez, são responsáveis por uma caligra a de ciente, com letras pouco
diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas. A associação ainda
apresenta como um dos sinais secundários a forma errada de segurar a caneta
ou lápis e cita a di culdade no “desenho das letras”.
Alguns outros sinais indicadores podem ser: forma incorreta de segurar o
instrumento com que se escreve (lápis, caneta), ritmo de escrita muito lento ou
excessivamente rápido, letra excessivamente grande, letras desligadas ou
sobrepostas e ilegíveis, traços exageradamente grossos ou demasiadamente
suaves, ligação entre as letras distorcidas.
Problemas associados
Biológicos: perturbação da lateralidade, do esquema corporal e das funções
perceptivo-motoras, perturbação de e ciência psicomotora (motricidade débil;
perturbações ligeiras do equilíbrio e da organização cinético-tônica,
instabilidade).
Pedagógicos: orientação de ciente e in exível, orientação inadequada da
mudança de letra de imprensa para letra manuscrita, ênfase excessiva na
qualidade ou na rapidez da escrita, prática da escrita como atividade isolada das
exigências grá cas e das restantes atividades discentes.
Pessoais: imaturidade física, motora, inaptidão para a aprendizagem das
destrezas motoras, pouca habilidade para pegar no lápis, adoção de posturas
incorretas, dé ces em aspectos do esquema corporal e da lateralidade.
Para melhor explicar a diferença entre Dislexia e Disgra a, além do óbvio
que é a Dislexia envolver a leitura e a Disgra a envolver a escrita, tentarei
explicar de forma simpli cada as funções cerebrais envolvidas na
aprendizagem. Porém, antes de explicar essas funções, preciso frisar que são
inúmeros trabalhos cientí cos publicados com grande frequência no mundo
todo. Cada estudo, pesquisa, artigo publicado envolve uma série de dados
colhidos em determinados grupos de estudos. Há estudos apenas em
laboratórios, há estudos de campo e há estudos que unem os dois. Em meio a
toda esta diversidade, é impossível a rmar algo como verdade absoluta.
Inclusive isso explica por que não há um consenso em relação ao cérebro
humano e suas funções. Aqui relatarei uma síntese do que tem sido publicado.
OS LOBOS
CEREBRAIS
O consenso é que o cérebro humano possui quatro áreas conhecidas como
lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal e lobo occipital. Há também o lobo
límbico, que está envolvido com aspectos do comportamento emocional e
sexual e com o processamento da memória. Mas, não o descreverei em detalhes
para não complicar este tema. Para simpli car, explicarei em detalhes apenas os
quatro lobos. A função de cada lobo varia um pouco, dependendo do foco da
pesquisa.
Lobo Frontal: como o nome já cita, localiza-se na parte frontal do crânio (a
partir do sulco central para a frente). Alguns estudos demonstram que este lobo
frontal é a parte do cérebro associada com a fala e a escrita. Ele parece ser
particularmente importante por ser responsável pelos movimentos voluntários
e, também, por ser o lobo mais signi cante para o estudo da personalidade e
inteligência. Esta área é responsável pelo movimento, raciocínio, julgamento,
planejamento e solução de problemas. Alguns estudos mostram que o lobo
frontal tem maior importância cognitiva entre os quatro lobos, pois sua
principal função é coordenar as atividades motoras e, também, por ser
responsável pelo pensamento, pela escrita, pela fala e pela linguagem articulada.
Outros estudos apontam o lobo frontal como a área do cérebro ligada à
concentração, ao planejamento, à iniciativa e aos cálculos mentais rápidos e,
também, à conceitualização abstrata, às habilidades de solução de problemas, à
execução oral e escrita.
Em meio a todos estes estudos, chega-se à conclusão de que este lobo parece
mesmo ser responsável pela aquisição e manutenção tanto da fala quanto da
escrita, além de outras funções já descritas.
Lobo Parietal: está localizado próximo ao frontal (a partir do sulco central
para trás) e é constituído por duas subdivisões, a anterior e a posterior. A parte
anterior possibilita o entendimento e a recepção das sensações, como dor,
paladar, temperatura, tato, e se designa por córtex somatossensorial. Nesta área
primária, que é responsável por receber os estímulos que têm origem no
ambiente, estão representadas todas as áreas do corpo. A área posterior dos
lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e integra as
informações recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos tanto o
reconhecimento de objetos por meio do tato quanto a localização do nosso
corpo no espaço, entre outras ações.
Alguns estudos demonstram que ele também tem importância na escrita.
Ele “interpreta” as palavras e a linguagem, ou seja, é a área do cérebro que dá a
compreensão das palavras. Pacientes com alguma lesão nesta área do cérebro,
com frequência, apresentam di culdades na fala e escrita cursiva. Alguns
estudos mostram que este lobo possui uma área denominada somatossensória
(que já citei em outro estudo), responsável pela percepção de estímulos
sensoriais que ocorrem por meio da epiderme ou órgãos internos. Há estudos
que mostram que o lobo parietal esquerdo é responsável por habilidades de
sequenciação. Tem como função processar informações relacionadas às noções
de espaço e volume.
Estudos, especialmente da Literatura Portuguesa, mostram não só as funções
já citadas acima mas também o colocam como importante na recepção dos
sons e da linguagem que recebemos pela audição. Analisando todos estes
estudos, pode-se a rmar que este lobo tem também uma importância na
recepção e no entendimento da linguagem falada e na aquisição e manutenção
da escrita cursiva.
Lobo Temporal: localiza-se na parte lateral do nosso cérebro (abaixo da
ssura lateral). Possui uma área especial chamada córtex auditivo, como o
nome já diz, é relacionado primariamente com o sentido de audição,
possibilitando o reconhecimento de tons especí cos e intensidade do som.
Indivíduos que apresentam tumor ou lesão por acidente afetando esta região,
em geral, apresentam de ciência de audição ou surdez. Esta área também
desempenha importante papel no processamento da memória e emoção.
Outros estudos demonstram que, além de ser responsável pelos sons, esta área
também é importante para a compreensão da linguagem (Área de Wernicke) e
ainda pela vigília (atenção). Aqui, preciso citar que há estudos que estipulam
que a área de Wernicke é uma das duas partes do córtex cerebral ligada à fala (a
outra é a Área de Broca). Está relacionada ao conhecimento, à interpretação e
associação de informações e, mais especi camente, à compreensão da
linguagem escrita e falada. Alguns estudos ainda mostram que o lobo temporal
é responsável pela percepção auditiva, memória verbal a longo prazo, memória
de série, realizações matemáticas básicas, subvocalização durante a solução de
problemas. A síntese desta importante área é que apresenta como principais
funções a audição e a memória, além de poder ter alguma in uência na
linguagem principalmente falada.
Lobo Occipital: encontra-se na linha imaginária do nal do lobo temporal
e parietal, na parte de trás da cabeça, mais precisamente na região da nuca. É
responsável pelo processamento da informação visual. Nele, encontra-se o
córtex visual, que recebe todas as informações captadas pelos olhos, ou seja, sua
especialidade é a visão. Lesões nesta área podem causar cegueira parcial ou
total. O lobo occipital é o centro da visão, onde acontece a discriminação
visual de símbolos matemáticos escritos. Uma de suas funções é fazer com que
a pessoa possa diferenciar objetos de cores e texturas semelhantes.
Existem outras áreas dos lobos que não possuem especialização, estas são
chamadas de córtex de associação. Além de estas serem conectadas a vários
sentidos e movimentos, acredita-se que nelas também são processados nossos
pensamentos e armazenadas nossas memórias.
É importante citar também o cerebelo (cerebelo, em Latim, signi ca
pequeno cérebro). Situado na parte inferior, perto do lobo occipital e lobo
temporal, este pequeno grande órgão é importantíssimo. Ele é responsável pelo
nosso equilíbrio, postura, controle de tônus e movimentos involuntários. O
cerebelo é também responsável pela aprendizagem motora e depende dele a
nossa habilidade de andar, correr, pedalar, dançar, en m todos os nossos
movimentos. Recentemente, eu apresentei em um Congresso Médico, que
aconteceu em Harvard, um estudo que demonstra a possível ocorrência de
Dislexia afetando a área do cerebelo. Portanto, deve-se considerar esta área do
cérebro como muito importante ao se estudar os distúrbios de aprendizagem,
especialmente dislexia.
HEMISFÉRIOS
CEREBRAIS
São dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. A conexão entre os dois
hemisférios é realizada pelo corpo caloso (estrutura formada por feixes de bras
neurais). Cada hemisfério do cérebro humano está relacionado a um conjunto
de habilidades. Portanto, o lado esquerdo é o responsável pelas habilidades de:
leitura, uso da linguagem, seguimento de instruções, localização de fatos,
identi cação de símbolos e escrita cursiva. O lado direito, por sua vez, é o
responsável pelas habilidades de: matemática, canto, música, expressão
artística, criatividade, emoções e sentimentos.
Alguns estudos têm questionado a respeito de a matemática constar das
habilidades do lado direito do cérebro. Há estudos que pretendem comprovar
que a habilidade para matemática pode ser realizada pelo lado esquerdo que é o
do pensamento lógico. Isso faz sentido, mas é preciso pensar que, no caso do
Savantismo (síndrome do sábio, síndrome do idiota prodígio, síndrome do
idiota sábio, do Francês savant, “sábio”), os portadores, em geral, têm uma
excelente memória para números, altos cálculos matemáticos e até têm
habilidades artísticas, mas não têm nenhuma capacidade de raciocínio lógico.
Na verdade, este é um distúrbio psíquico que acomete um a cada dez autistas e
se caracteriza por uma grande habilidade intelectual aliada a um dé ce de
inteligência, uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do
que está sendo descrito. Bem, minha teoria é que, se um portador de síndrome
de Savant tem capacidade para Matemática, ainda que de forma mecânica e
não tem raciocínio lógico, logo ele tem estas capacidades desenvolvidas no
hemisfério direito. Isso, no meu entendimento, caracteriza que a Matemática
esteja mesmo entre as habilidades do hemisfério direito.
Além desta linha de pensamento que relatei, há também o que se chama
plasticidade cerebral. Alguns estudos mostram que, ao menos, a fala e o
raciocínio lógico, que anteriormente eram exclusivamente atribuídos ao lado
esquerdo do cérebro, assim como o reconhecimento de imagens e capacidade
musical, antes atribuídos com exclusividade ao lado direito, são hoje
comprovadamente atribuídos aos dois hemisférios. Isso ocorre, depois de
acidentes ou cirurgias ou qualquer situação em que o indivíduo perca uma
parte de um dos hemisférios ou tenha um dano em um dos hemisférios. Nestes
casos, a parte que restou adapta-se para que o indivíduo possa continuar
desempenhando suas funções. Então, não se pode, atualmente, de nir, com
precisão, quais habilidades são exclusivas de um ou de outro hemisfério
cerebral.
Em resumo, apenas para efeito de entendimento do tema, pode-se de nir
que o hemisfério esquerdo é responsável pelo pensamento lógico e pela
comunicação verbal. O hemisfério direito é o responsável pela intuição,
estabelecimento de analogias e comunicação não verbal.
VOLTANDO ÀS
DIFERENÇAS
ENTRE OS
DISTÚRBIOS
Bem, mas depois de toda esta explicação sobre áreas importantes do cérebro
humano, devo voltar a explicar a diferença entre os dois distúrbios de
aprendizagem, ou seja, a diferença entre Dislexia e Disgra a. Além de todos os
sintomas e características que já citei, penso que a maior diferença esteja nas
áreas do cérebro atingidas pelos referidos distúrbios.
Como já foi explicado, a escrita é determinada no Lobo Frontal localizado
na parte frontal do crânio (a partir do sulco central para a frente) e no Lobo
Parietal localizado próximo ao frontal (a partir do sulco central para trás). A
Dislexia pode estar associada a lesões em diversas áreas cerebrais. As principais
que eu defendo são:
Alguns disléxicos demonstram menos ativação elétrica na área lobo parietal inferior. Alguns
disléxicos podem ter inversão dos hemisférios cerebrais. Existem atualmente vários estudos sobre
dislexia afetando o cerebelo. O cerebelo captura o sensorial impulsos de articulações, tendões,
músculos, bem como equilíbrio e visual receptores. E, para esses estudos, também pode estar
ligado à de ciência na leitura própria dos disléxicos. Outras causas são choque elétrico no cérebro
devido a acidentes diversos, anoxia perinatal, doença ou hipóxia neonatal, acidente vascular
cerebral e outras causas, extraído da publicação Multitherapy as an allied in the treatment of
dyslexia and acquired dyslexia (speci c learning disorder with impairment in reading),
developed by Anna Lou Olivier. Pesquisa desenvolvida no Brasil e apresentada no Movement
and Cognition at the Joseph B. Martin Conference Center at Harvard Medical School, Boston,
USA 27-29 July 2018.
Seguindo este raciocínio, posso a rmar que, da mesma forma como existem
diversos tipos de Dislexia, há também diversos tipos de Disgra a,
especialmente, se considerarmos as áreas afetadas pelo distúrbio. Posso a rmar
que há um tipo de Disgra a causado por lesão ou comprometimento na área
do lobo frontal, outro tipo causado por lesão ou comprometimento no lobo
parietal. Há ainda duas formas de se classi car a Disgra a.
Disgra a motora, também, pode ser chamada de discaligra a: a criança
ou o adolescente consegue falar e ler de forma normal, mas apresenta
di culdades na coordenação motora na para escrever as letras, palavras e
números. Apesar de ver e até entender a gura grá ca, o indivíduo com
Disgra a não consegue fazer os movimentos para escrever. É como se não
tivesse a percepção para criar a letra e transferi-la para o papel ou quadro, uma
ausência de identi cação da letra a ser reproduzida. Neste caso, não se trata de
não reconhecer a letra, o indivíduo até pode reconhecer as letras em um quadro
ou livro, mas não encontra uma forma de reproduzi-las.
Disgra a perceptiva: a criança ou o adolescente não consegue relacionar o
sistema simbólico e as gra as que representam os sons, as palavras e as frases.
Neste ponto, e somente neste ponto, pode-se a rmar que possua as
características da Dislexia, sendo que esta está associada à leitura, e a Disgra a
está associada à escrita. Apesar desta semelhança, não se pode a rmar que seja
uma Dislexia, deve-se ter em mente que as características são parecidas, mas a
forma como o distúrbio se manifesta é diferente, ou seja, a Disgra a perceptiva
tem o mesmo mecanismo da Dislexia, mas atinge só a escrita e não afeta a
leitura.
Há diversas outras classi cações para a Disgra a, mas estas são as principais.
Sendo assim, posso concluir que a Dislexia causada por anoxia seja perinatal
ou geral, a causada por alteração hemisférica (lembrando que esta alteração é
em nível de maior ou menor excitação ou inibição), assim como a Dislexia que
atinge o cerebelo, não tem nada em comum com a Disgra a que compromete
o lobo parietal ou lobo frontal. Apesar de os lobos e os hemisférios estarem
ligados, digamos assim, a forma como são afetados difere em muito os
sintomas, as causas e, em consequência, os tratamentos. Da mesma forma, pela
descrição dos sintomas, é possível perceber que a Disgra a Motora também
difere em muito da Dislexia, pois, neste caso, o indivíduo consegue ler e falar
normalmente, apresenta di culdades apenas na escrita. Em geral, na escrita
cursiva. O único caso em que se pode considerar que a Dislexia e a Disgra a
estejam ligadas é no caso da Disgra a causada por lesão ou comprometimento,
atingindo o lobo parietal, levando-se em conta que um dos muitos tipos de
Dislexia afeta o lobo parietal. Neste caso, um indivíduo pode apresentar
Dislexia e Disgra a ao mesmo tempo, sendo os dois distúrbios causados por
lesão ou comprometimento no lobo parietal. Aqui é o caso de se identi car este
indivíduo como disléxico e disgrá co e desenvolver um tratamento
diferenciado para ele(a).
COMO ESTIMULAR
UMA CRIANÇA
COM DISGRAFIA?
O que podemos fazer?
1. Encorajar a expressão por meio de diferentes materiais (massinha de
modelar, pinturas e lápis).
2. Todas as tarefas que impliquem o uso das mãos e dos dedos são positivas,
estimular a criança a recortar desenhos e guras, a fazer colagens e picotar
3. Promover situações em que a criança utilize a escrita (exemplo: escrever
pequenos recados, fazer convites e postais).
4. Fazer atividades como contornar guras, pintar dentro de limites, ligar
pontos, seguir um tracejado etc.
5. Deixar a criança expressar-se livremente no papel, sem corrigir nem julgar
os resultados.
A seguir, mais sugestões de tratamentos para Dislexias e Disgra as.
TRATAMENTOS

Existem diversos tratamentos para Dislexias, sendo que o mais divulgado é o


Multidisciplinar, e o que eu recomendo como mais rápido e e caz é a
Multiterapia, que foi por mim desenvolvida. É uma técnica que engloba
diversas áreas e técnicas e, justamente por isso, é mais e caz, rápida e
completa que qualquer outra técnica terapêutica atual. Multiterapeuta é o
único pro ssional extremamente habilitado em diversas áreas terapêuticas e
apto a aplicar os diversos recursos da Multiterapia e adaptar cada tratamento a
cada paciente de forma artesanal, única e englobada. Em casos muito graves,
que exigem uso de medicação, o multiterapeuta pode e deve trabalhar em
conjunto com um neurologista e/ou psiquiatra. Em alguns casos de falhas na
audição e/ou fala, pode-se necessitar de um fonoaudiólogo e, em casos
especí cos, pode-se incluir tratamento com sioterapeuta ou psicomotricista,
porém estes últimos só devem ser necessários em casos de acidentes ou
limitações que comprometem movimentos físicos e necessitam de exercícios físicos de
reabilitação.
Antes de continuar abordando o tratamento, ou tratamentos, devo
transcrever um importante comentário do meu livro “Transtornos e
Comportamento e Distúrbios de Aprendizagem”.
Avaliações, testes e exames:
Outro detalhe importantíssimo em relação a estes distúrbios é a sua
comprovação por meio de exames. Isso precisa ser respeitado e amplamente
divulgado, pois torna os “testes de identi cação”, “avaliações”, “anamneses”,
“testes de exclusão” e tantos outros métodos utilizados no “diagnóstico” dos
distúrbios de aprendizagem totalmente obsoletos, ultrapassados e inúteis, já
que se pode comprovar a presença do distúrbio por exames. Sendo assim, a
primeira providência ao atender um paciente (ou cliente como insistem em
denominar) é pedir exames que possam comprovar uma possível lesão. Só
depois de concluídos os exames, caso não seja detectada nenhuma lesão, é que
deverão ser analisados os fatores socioambientais e aí sim poderá entrar a
avaliação e até o teste por exclusão, mas para identi car as causas
psicossomáticas, socioambientais, biológicas no sentido de de ciência de
vitaminas, de ciência na alimentação e outras possíveis causas (página 59).
Neste ponto, preciso citar os equipamentos que podem ser utilizados para
tratamento de Dislexia e outros distúrbios de aprendizagem.
Em 2003, quando lancei meu livro “Verdades que ninguém publicou” que
atualmente está em sétima edição com título mais ameno, ou seja, hoje este
livro é comercializado sob título “Distúrbios de Aprendizagem e de
Comportamento”... pois bem, quando lancei este livro, havia duas grandes
promessas para o tratamento de Distúrbios de Aprendizagem e de
Comportamento, incluindo ausência ou falhas de memória, entre outros
distúrbios. Um desses promissores aparelhos era o Brainwave1. Desde aquela
época, eu o anunciava como uma excelente opção de tratamento de distúrbios de
aprendizagem causados por anoxia, em especial, a Dislexia. Na ocasião, eu me
empolguei muito com esta descoberta, aprendi um pouco sobre o método com
o único neuropsicólogo que atuava com Brainwave1 no Brasil e, inclusive,
sugeri que fosse testado o equipamento em disléxicos, o que ampliou a ação e
trouxe uma nova esperança aos disléxicos.
Atualmente, o Brainwave1 continua em ação, mas foram criadas tantas
variações que acabaram por confundir seu uso e diluir sua importância. Hoje se
encontram de nições, tais como: Brainwave Syncronization também
conhecido por “Brainwave Entrainment” induz o indivíduo a determinado
estado cerebral por meio de sons estimuladores que podem ser isocrônicos
(apenas um tipo de frequência nos dois alto-falantes) e sons binaurais
(frequências quase iguais, mas variantes uma em cada lado do fone de ouvido e
que estimulam o cérebro do indivíduo variando nas frequências alfa, beta,
gama e theta). Esta forma de utilização tem sido testada para aliviar dores de
cabeça e outras dores diversas, além de insônia. Nestes casos, a frequência
binaural costuma ser de 2,5 Hz.
Este tipo de utilização abriu espaço para a popularização desta técnica que,
na atualidade, já pode ser encontrada até em “aplicativos” que “combinam”
sons binaurais com música ambiental e que podem ser “baixados” e ouvidos
com a intenção de se aliviar estresse, ansiedade, dores, para incentivar a
memória, melhorar o humor ou apenas para relaxamento e meditação.
O problema desta popularização é que estes sons precisam ser testados antes
de serem usados, cada pessoa reage de forma diferente a cada um dos sons e,
dependendo do som e da frequência, o seu uso pode piorar um sintoma ou
distúrbio em vez de aliviá-lo. Este método não pode ser considerado como
Brainwave1 que citei e ajudei a disseminar em 2003. A utilização de sons desta
forma é Musicoterapia, não é Brainwave1.
Neste ponto, sinto-me até meio responsável, pois, como já citei, fui eu
quem pesquisou e divulgou este equipamento no Brasil. Naquela ocasião, havia
um único neuropsicólogo que atuava com este aparelho no Brasil e, ao contatá-
lo, eu busquei informações, z sugestões e passei a disseminar estas
informações em livros, artigos, em entrevistas em programas de rádio e
televisão. Em poucas palavras, eu trouxe ao público em geral a existência e
e ciência do Brainwave1. E, como atuo também com Musicoterapia, pode até
ser por isso que se iniciou esta forma meio distorcida de aplicar o que se
imagina ser Brainwave1. Mas também não posso ser responsabilizada pelo que
entenderam do que eu ensinei. Eu sempre diferenciei bem os métodos e suas
aplicações. Se alguém entendeu erradamente e passou a aplicar as técnicas de
forma equivocada só posso lamentar e frisar que continuo diferenciando os
métodos, as técnicas e que estes procedimentos não podem ser feitos por leigos
nem pelo próprio paciente em casa. É necessário ir a uma clínica especializada,
onde pro ssionais treinados farão testes, veri carão as frequências e formas de
aplicação e de nirão quantas sessões serão necessárias ao tratamento. As sessões
envolvem sons, imagens e outros recursos com frequências especí cas que
necessitam ser aplicadas por pro ssionais extremamente treinados.
Uma alternativa de tratamento também bastante e caz para Dislexia e
outros distúrbios de aprendizagem é a Multiterapia, que já citei em diversos
livros e artigos. E citarei com mais detalhes em capítulo posterior.
DIFERENÇA ENTRE
MULTITERAPIA E
MULTIDISCIPLINAR
No Brasil (e em alguns países de idioma Português ou Espanhol), têm sido
criadas clínicas e/ou anunciadas técnicas de “multiterapia” e “multiplasterapias”
que nada têm em comum com o método de Multiterapia ou Múltiplas
Terapias descoberto e desenvolvido por mim e não se vinculam a ela. Por isso,
divulgamos este comunicado para orientar o público.
Como já foi amplamente abordado, a Multiterapia engloba várias técnicas
que vão desde Psicanálise Clínica até Arteterapia, adaptadas a cada paciente de
forma única, ou seja, o tratamento é moldado de tal forma que cada paciente
passa por um tratamento independente de o distúrbio/disfunção ser igual ao de
outro paciente. Isso exige muito estudo, pesquisa e também sensibilidade por
parte do pro ssional que aplica a Multiterapia.
O que frequentemente acontece em clínicas que se intitulam de
“Multiterapia” ou “Múltiplas Terapias”, na verdade, é “multidisciplinar”, é uma
junção de pro ssionais unidos para um mesmo tratamento. Então,
fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagogo, sioterapeuta e outros pro ssionais
trabalham em uma mesma clínica e podem atender simultaneamente um
mesmo paciente. Este tipo de tratamento, para funcionar, depende de uma
total integração entre os pro ssionais para aplicarem técnicas compatíveis e não
divergentes e signi ca também muitas sessões para o paciente, já que cada
pro ssional atende individualmente em suas sessões. A tentativa de juntar mais
de dois pro ssionais em uma mesma sessão seria improdutiva e inviável em
todos os aspectos. Por isso, tratamento multidisciplinar implica muitas sessões
com vários pro ssionais. Isso é Multidisciplinar.
Multiterapia é uma técnica que engloba diversas áreas e técnicas e,
justamente por isso, é mais e caz, rápida e completa que qualquer outra
técnica terapêutica atual. Multiterapeuta é o único pro ssional extremamente
habilitado em diversas áreas terapêuticas e apto a aplicar os diversos recursos da
Multiterapia e adaptar cada tratamento a cada paciente de forma artesanal,
única e englobada. Em casos muito graves, que exigem o uso de medicação, o
multiterapeuta pode e deve trabalhar em conjunto com um neurologista e/ou
psiquiatra. Em alguns casos, pode-se incluir tratamento com sioterapeuta ou
psicomotricista, porém estes últimos só devem ser necessários em casos de
acidentes ou limitações que os comprometem movimentos físicos e necessitam
de exercícios físicos de reabilitação. Já uma clínica Multidisciplinar deve
oferecer tratamentos com psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo,
sioterapeuta e, entre outros, acompanhamento com pedagogo. Cada um
desses pro ssionais deve atender a uma sessão individual e, por isso, o
tratamento, além de muito mais longo, depende de compatibilidade entre
pro ssionais e suas técnicas em conjunto. Ao procurar um tratamento
terapêutico, informe-se bem se o atendimento será feito por um
multiterapeuta, um único pro ssional preparado para aplicar as diversas
técnicas que eu desenvolvi ou se será uma equipe com diversos pro ssionais
atendendo em conjunto, pois tanto a abordagem quanto os resultados são bem
diferentes de acordo com a técnica empregada na terapia.
Multiterapia – Diferenciais
Multiterapia é uma junção de terapias voltadas ao melhor tratamento de
distúrbios e disfunções.
É artesanal, analisando e tratando cada caso como único e isolado. Cada
paciente tem um tratamento desenvolvido somente para seu caso que engloba:
áreas de Psicopedagogia, Medicina Comportamental, Neuropsicologia, entre
outras. Técnicas de Psicanálise, Arteterapia, Musicoterapia, Life Dance,
Psicodrama, entre outras adaptadas conjuntamente a cada caso, tornam o
tratamento (artesanal) mais rápido, e ciente e prático. Para cada caso, são
estipuladas as melhores técnicas e áreas a serem mescladas.
Os termos foram criados por mim, para designar seu trabalho, o qual, por
seu ineditismo e pioneirismo, não se encaixa em nenhuma das de nições
utilizadas pelos pro ssionais de terapia, na atualidade.
Atua no ambiente do paciente: após anamnese e análise inicial, penetra no
ambiente do paciente e conhece a verdade, veri ca seus rituais, en m, analisa o
ambiente também do paciente.
E a mudança ocorre de forma global.
O que trata:
• Distúrbios de Aprendizagem (Dislexia é um deles).
• Distúrbios de Comportamento.
• Distúrbios Familiares (termo que criei que engloba casamento, divórcio,
adultério, desequilíbrios diversos envolvendo a família).
CRIANÇAS COM
PROBLEMAS DE
APRENDIZAGEM, O
QUE FAZER?
Muitas são as di culdades de aprendizagem que atingem as crianças em
idade escolar. A mais conhecida e/ou divulgada é a Dislexia que inclui os
distúrbios de leitura. Digo inclui porque crianças com problemas signi cativos
de leitura não são necessariamente disléxicas, mas todas as crianças disléxicas
têm um grave distúrbio de leitura. Crianças disléxicas, seja qual for a causa,
necessitam de atenção e ensino especiais para que possam desenvolver aptidões,
e o quanto antes o problema for detectado, melhores serão os resultados.
As principais de ciências que vêm a prejudicar a aquisição de leitura são:
incompreensão do signi cado das palavras; percepção inadequada das palavras
impressas; inabilidade para distinguir elementos fonéticos; xação exagerada na
leitura de frases etc. Outro distúrbio que, quase sempre, é confundido ou
associado à Dislexia é a Disgra a. Como já veri camos, em raros casos, estes
distúrbios estão de fato associados. Na maioria das vezes, é apenas uma
confusão no diagnóstico que gera um tratamento longo e desnecessário. Por
isso, os pro ssionais devem estar atentos, sempre se reciclando e buscando
inovações. Também pais e professores devem estar atentos para detectar alguma
possível di culdade. E, sabendo distinguir os sintomas, tudo se resolve de
forma mais rápida e e caz. Existem testes simples que qualquer pai/mãe ou
professor pode fazer para saber se seu lho (aluno) em idade pré-escolar
apresenta desenvolvimento normal, como, por exemplo:
A.Provocar qualquer tipo de som de forma suave próximo ao ouvido
esquerdo, depois direito da criança e perguntar se ela ouve algo, que tipo
de som ouve e de onde “vem” o som que ouve.
B.Em uma distância média de dois metros da criança, mostrar-lhe objetos
grandes, médios e pequenos e pedir a ela que os identi que quanto a
forma, cor, tamanho etc.
C
. Mostrar-lhe uma gura qualquer e pedir-lhe que a copie em uma folha
em branco.
D
. Ensinar-lhe pequenas canções ou versinhos falados e veri car se demora a
entender, se não consegue memorizar as frases e/ou a melodia.
Se conseguir cantar a canção ou falar as frases na sequência até o nal, pedir
a ela que repita no dia seguinte e veri que se a criança se lembra ao menos da
melodia ou frases ou se já esqueceu tudo. Se a criança não conseguir identi car
sons e/ou objetos ou, mesmo que os identi que, se não conseguir reproduzir o
desenho de forma a ao menos se parecer com a gura mostrada, se não
conseguir memorizar melodias ou se lembrar de pequenas frases ou
acontecimentos recentes, é sinal de que tem de ciência auditiva e/ou visual
e/ou de aprendizagem, e essa criança necessita de atendimento de um
neurologista e orientação psicopedagógica o quanto antes. O neurologista
deverá encaminhar a criança para exames, e o psicopedagogo consultado fará
novos testes e, havendo necessidade, a criança será encaminhada a um
fonoaudiólogo e/ou psicólogo. Juntos, então, poderão iniciar o que chamamos
de tratamento multidisciplinar...
Aqui eu lembro que sou precursora da Multiterapia e defendo o tratamento
Multiterapêutico que, além de ser mais rápido, é mais e caz, pois elimina
diversos procedimentos com diversos pro ssionais e utiliza apenas o
multiterapeuta em parceria com o neurologista ou psiquiatra. Como já abordei
anteriormente, há diversos artigos em que explico a técnica. Inclusive, em
breve, lançarei um novo livro: “Multiterapia, bem-vindos à terapia do futuro!”,
nesse livro, abordarei melhor e de forma aprofundada este tema.
Outro detalhe muito importante é que sintomas isolados não apontam para
a Dislexia e para nenhum distúrbio. Para ter um prognóstico de qualquer
distúrbio, é necessário apresentar, entre seis a oito dos sintomas especi cados
que variam para cada distúrbio.
COMO AGIR AO
DETECTAR
PROBLEMAS DE
APRENDIZAGEM?
As primeiras atitudes que cabem aos pais e professores são:
1º passo: levar a criança a uma consulta com o neurologista para que faça
exames especí cos. Em paralelo, deve-se levar a criança a consultas com um
oftalmologista e um otorrinolaringologista, entendendo que o
otorrinolaringologista estuda e cuida do que se refere à garganta (incluindo a
voz), audição e respiração. E o oftalmologista estuda e trata as doenças
relacionadas aos olhos e seus anexos. Portanto, a primeira providência é levar a
criança aos cuidados médicos.
2º passo: procurar um bom pro ssional, que não só entenda de
Psicopedagogia e Psicologia mas também esteja antenado com outras áreas,
como Neuropsicologia, Arteterapia, Psiquiatria, pois cada distúrbio apresenta
características próprias e deve ser tratado de formas diferenciadas.
3º passo: pais e professores devem trabalhar em conjunto, sem contradizer
uns aos outros e devem ter consciência da necessidade de Educação Especial
para crianças com distúrbio.
4º passo: não tratar o aluno ou lho como um doente ou incompetente ou
como um fardo, nunca chamá-lo de burro nem ridicularizar suas limitações.
Não deixar que colegas e irmãos ridicularizem as di culdades apresentadas pela
criança ou adolescente. Caso contrário, além do possível distúrbio em si, ainda
haverá um comprometimento psicológico, gerando baixa autoestima e outras
complicações.
5º passo: fazê-lo entender que precisa de ajuda nos estudos, mas nem por
isso perdeu o carinho e a admiração dos pais/professores/colegas/irmãos.
6º e mais importante passo: pais e professores devem se informar melhor,
ler bons livros, questionar o que se divulga em revistas/televisão, pois nem tudo
o que se diz é absoluta verdade. É preciso aprender a ltrar o que é bom e
excluir o que é dito apenas para ganhar audiência ou vender livros, ou qualquer
motivo que fuja da intenção de informação pública.
Atitudes que a família pode e deve tomar
Outra atitude bastante positiva é integrar-se à vida escolar da criança,
acompanhando as lições de casa e as atividades. Aliás, esta deve ser a atitude
correta de qualquer pai ou mãe, independentemente de apresentarem
distúrbios. E sempre deixando claro que também tiveram di culdades quando
pequenos, ninguém nasce sabendo e que, com um pouco de esforço, é possível
acompanhar os ensinamentos na escola e na vida.
A família deve ainda dar atenção ao indivíduo com distúrbio sem sufocá-lo,
sem esquecer-se de outros membros da família. Viver em comunhão de forma
que todos apoiem a todos e nunca tratando o indivíduo com distúrbio de
aprendizagem como se fosse um de ciente inútil, primeiro porque estes
distúrbios não são impedimentos para uma vida normal; segundo, porque nem
os de cientes graves devem ser tratados como inúteis. Cabe à família integrar o
indivíduo ao máximo dentro e fora de casa, pois é um indivíduo normal,
apenas tem di culdade em um ou outro segmento da aprendizagem. Em vez
de se lamentar, a melhor forma de administrar é incentivá-lo às artes e aos
esportes que, além de auxiliá-lo no desenvolvimento de coordenação motora e
no aprendizado de forma geral, ainda abrirão possibilidades de carreiras.
COMO AGIR COM
O DISLÉXICO OU
DISGRÁFICO?
A.Não forçar a alfabetização.
B.Encaminhá-lo ao psicopedagogo ou pro ssional apto a tratar Dislexias.
C
. Incentivar sua criatividade.
D
. O acompanhamento neurológico também é fundamental.
E.Não ridicularizá-lo.
F. Buscar adequar os estudos de forma mais fácil de assimilar (cinestésico,
por exemplo).
G
. Deixar de lado a ideia equivocada do glamour da Dislexia (citando
grandes nomes como disléxicos, alguns deles nem teriam sido mesmo
disléxicos) e trazendo o distúrbio para a realidade que precisa de detecção
e tratamentos corretos e não de citações hollywoodianas. Isso vale
também para a Disgra a, até porque, como já veri camos, na maioria dos
casos, este distúrbio é confundido com Dislexia.
Havendo comorbidades, outros pro ssionais (psiquiatra, psicólogo,
fonoaudiólogo etc.) devem atendê-lo, entendendo que o fonoaudiólogo
atenderá distúrbios de fala, audição, deglutição etc. Psicólogo atenderá
desvio de conduta, traumas etc. Psiquiatra deverá atender ao sintoma de
hiperatividade, comorbidades diversas etc.
PERGUNTAS E
RESPOSTAS
1. Sou psicopedagoga e trabalho na Educação Especial de minha cidade.
Gostaria de informações sobre sua pesquisa com relação à Dislexia Adquirida,
onde posso ter acesso, se está em um livro seu para eu adquirir. Estou fazendo
minha pesquisa sobre Inclusão e Diversidade, e o tema me interessa. Se for
possível, aguardo resposta.
Depois do lançamento recente do meu livro “Transtornos de
comportamento e distúrbios de aprendizagem”, pela Wak Editora, que traz
boas novidades, incluindo hiperatividade, hipoatividade e dislexia
adquirida, agora há este livro novinho e com muitas informações preciosas
sobre Dislexia Adquirida. Agora o site Dislexia Adquirida está englobado
no portal que pode ser acessado em: https://www.loudeolivier.com.br/ .
2. Boa tarde, Lou! Li um de seus textos e gostaria de saber se você atende
on-line (visto que, pelo que notei, você reside em São Paulo, não é?).
Agradecida desde já pela atenção.
Olá! Eu atendi pacientes até 2010, quando encerrei atividades da minha
clínica e, também, do Centro de Referência em Multiterapia. Desde então,
eu continuo apenas com as pesquisas de forma independente. Eu penso
que sou mais útil a todos, apenas pesquisando e palestrando, visto que, ao
atender pacientes, diminuiria muito meu tempo para pesquisas e
publicação/divulgação de resultados.
3. Olá Mestra, tudo bem! Eu me chamo... sou psicopedagogo e
arteterapeuta. Tenho seus dois livros “Distúrbios de aprendizagem” e
“Arteterapia e Psicopedagogia”, Eu gosto de trabalhar essas duas áreas no
colégio que eu atuo como pedagogo, mas acho importante essa área da
multiterapia. A meu ver, para que esse processo da multiterapia seja
reconhecido e se torne lei, o que se precisa é divulgar mais essa modalidade
com pesquisas e mais artigos e, até mesmo, ter seminário e congresso e debater,
também, com todos os especialistas médicos pedagogos, psicopedagogo,
psicólogos, terapeutas ocupacionais etc., todos ligados à saúde e educação. A
meu ver, essa temática não pode se restringir a uma pessoa somente, é louvável
e até como reconhecimento que a mestra é pioneira nesse assunto.
Sim, também penso em expandir a Multiterapia. Infelizmente ela tem
sido utilizada como se fosse multidisciplinar. E não é isso que pretendo.
De minha parte, tenho divulgado o máximo que posso, inclusive em
diversos Congressos Internacionais. Espero que, com toda esta divulgação
que tenho feito, o Brasil acorde e tenha tanto interesse por minhas
pesquisas quanto o exterior tem demonstrado. Muito grata por suas
palavras incentivadoras. Fico feliz em saber que há pessoas como você que
admiram e respeitam este meu trabalho pioneiro.
4. Minha lha tem muita di culdade de aprender e tem uma letra horrível.
O que faço?
Tudo depende da idade da criança. Se ainda está sendo alfabetizada e/ou
tem menos de quatro anos, é aconselhável aguardar um pouco, sempre
supervisionando seu aprendizado, experimentando dar a ela o bom e velho
caderno de caligra a e incentivando o aprendizado pela experimentação,
ou seja, teatralizando e/ou musicando os conteúdos, oferecendo joguinhos
pedagógicos, letrinhas de madeira e tantos outros recursos que hoje temos
na Pedagogia e na Psicopedagogia. Porém, se a criança já tem mais de
quatro anos e/ou se tudo já foi tentado sem resultados e ela continua com
di culdade de aprendizagem e com a letra ilegível, é preciso analisar tanto
a forma de ensino que ela tem na escola quanto sua capacidade de
assimilação e aprendizagem. Para isso, é necessário levar a criança para
uma avaliação com psicopedagogo e/ou psicólogo. Caso se constate que a
criança não apresenta nenhum distúrbio ou disfunção, é necessário avaliar
o sistema de ensino que pode estar em desacordo com as necessidades de
aprendizado desta criança.
5. Quero receber informações sobre a possibilidade de você realizar uma
palestra aqui na minha faculdade. Quero sugestões de temas e valores.
Aguardo.
Olá! Os temas mais pedidos são Dislexia Adquirida (do qual eu sou
detectora e defensora), Multiterapia, bem-vindos à terapia do futuro,
Distúrbios de Aprendizagem, Distúrbios de comportamento e o workshop
Corpo, Mente e Movimento (Life dance e psicodrama). Mas, que à
vontade para sugerir outros temas que tenha interesse. Os valores variam
de acordo com o número de participantes, se a palestra é simples ou inclui
exemplar de livro, certi cados etc. Por favor, envie um e-mail para
equipe@loudeolivier.com informando quantas pessoas pretendem
participar, se querem certi cados e livros incluídos ou só a palestra. E
assim enviaremos um orçamento adaptado à sua necessidade.
6. Boa noite, Anna Lou Olivier! Estou em processo de TCC. Sou
universitária do 6ª período da Faculdade... no curso de Pedagogia e escolhi o
tema “A Dislexia é uma falta de leitura ou uma patologia?” e vi na Internet a
sua página. Será que você poderia me dar uma orientação sua sobre o meu
tema? Agradeço sua atenção. Abraços.
Olá!
Há muito tempo já está comprovado que a Dislexia é um distúrbio
(patologia), podendo ocorrer em diversas variações (tipos) de Dislexia. Sou
detectora da Dislexia Adquirida que, depois de 30 anos sendo defendida,
agora está aceita o cialmente nos descritores da Saúde. Além desta que
detectei, há diversas já detectadas o cialmente.
Por isso, este seu tema pode signi car um retrocesso. O que lhe sugiro é
que mude seu tema e sua pesquisa para algo assim: “Como o pedagogo
pode desenvolver melhor comunicação com alunos disléxicos” ou
“Diversos tipos de Dislexia e a atuação do pedagogo diante desta
patologia”.
Leia meu livro “Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento”,
Wak Editora, atualmente em sexta edição. Este livro mostra todos os
sintomas e tratamentos dos principais tipos de Dislexia, mostra como
diferenciar distúrbios que se parecem, mas não são Dislexia, traz a
abordagem da Neuropsicologia, da Psicopedagogia e da Multiterapia,
abrindo uma nova visão sobre as Dislexias. Há também o livro
“Transtornos de Comportamento e Distúrbios de Aprendizagem” que é a
continuação do primeiro que lhe indiquei.
Em paralelo, pode assistir a um vídeo e acessar o site que indico.
Seguindo estas minhas instruções, tenho certeza de que fará um excelente e
útil TCC.Acesse: http://multiterapia.med.br
Assista a este vídeo em que abordo bastante o tema Dislexia e outros
distúrbios https://www.youtube.com/watch?v=Kr1WK3rqg-0
Tendo dúvidas ou comentários, volte a escrever.
R: Boa noite, Dra. Anna Lou Olivier!
Fiquei muito feliz em receber seu e-mail, sua atenção.
Quando escolhi o meu tema, estava construindo o meu TCC e, atualmente,
estou pesquisando em torno das “Controvérsias do Conceito da Dislexia”, em
que defendo que nem toda di culdade de aprendizagem é Dislexia e que existe
uma falta de conhecimento muito grande por parte dos docentes, da sociedade
em geral com referência ao transtorno.
O seu livro é muito interessante e buscarei embasamento nele para minha
pesquisa, na qual também falo no meu segundo capítulo dos tipos de Dislexia
e, entre eles, está a Dislexia Adquirida.
Muito obrigado e darei notícias!
Abraços.
7. Gostaria que me fosse esclarecida uma dúvida. Na página 75 do seu livro
“Transtornos de Comportamento distúrbios de aprendizagem” (Wak Editora,
2013), é mencionado o termo Limitro a. Então me interessou e não o
encontrei no CID-10, queria saber onde é classi cado. Aguardo resposta,
obrigada.
Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou Transtorno de
Personalidade Borderline (TPB) signi ca “fronteira” ou “limite” em
Inglês. No CID-10, está em F60.3, pois é considerado como Transtorno de
Personalidade com instabilidade emocional. Porém, como eu a rmo no
texto, este termo foi bastante utilizado para de nir grau leve de autismo e,
apesar de ainda ser utilizado em diversas publicações cientí cas,
atualmente o termo mais popular é Limitação de Autonomia
Psicossocioambiental. Esta explicação está no livro nesta página que você
referiu (75) no segundo e terceiro parágrafos, onde o termo “limitro a”
está entre aspas e é explicado logo a seguir. Para melhor entendimento,
transcrevo trecho do CID-10:
F60.3 Transtorno de Personalidade com instabilidade emocional
Transtorno de personalidade caracterizado por tendência nítida a agir
de modo imprevisível sem consideração pelas consequências; humor
imprevisível e caprichoso; tendência a acessos de cólera e uma
incapacidade de controlar os comportamentos impulsivos; tendência a
adotar um comportamento briguento e a entrar em con ito com os outros,
particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou
censurados. Dois tipos podem ser distintos: o tipo impulsivo,
caracterizado principalmente por uma instabilidade emocional e falta de
controle dos impulsos; e o tipo “borderline”, caracterizado, além disto, por
perturbações da autoimagem, do estabelecimento de projetos e das
preferências pessoais, por uma sensação crônica de vacuidade, por relações
interpessoais intensas e instáveis e por uma tendência a adotar um
comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de suicídio e
gestos suicidas.
Personalidade (transtorno da):
• agressiva
• “borderline”
• explosiva
Exclui: personalidade dissocial (transtorno da) (F60.2)
8. Sou aluna de Psicopedagogia da..., estou construindo meu TCC, com o
tema: INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO: DIFICULDADES DE
LEITURA E ESCRITA OU DISLEXIA? preciso fundamentar meus
argumentos em autores que estudaram o assunto, você pode me enviar algum
material, por favor. A... não aceita plágio de forma nenhuma e, por isso,
preciso principalmente do texto exato sobre os três tipos básicos da Dislexia
apresentada por você, Lou. Encontrei em diversos trabalhos acadêmicos, mas
somente citação indireta, eu preciso fazer citação direta e referenciar o meu
TCC. Obrigada por me ajudar.
Olá!
Alegro-me em saber que sua faculdade combate plágios, deve então
combater também a reprodução de livros ou capítulos de livros. Isso é
louvável, visto que a cópia ilegal de capítulos e livros desestimula autores e
editoras.
Há muitos anos, eu comando a campanha “Direitos Autorais, respeite
quem escreve por você” e mantenho contato com a comissão o cial de
Direitos Autorais.
Quanto ao seu TCC, são muitos pontos a esclarecer:
1. eu não de ni apenas três tipos, eu de ni quatro tipos básicos de
Dislexia. Além destes básicos, há mais quatro tipos de nidos por
sintomas, ainda há mais seis tipos de nidos por lesões. En m, são
muitos tipos, é impossível explicar tudo por e-mail;
2. você precisa de nir se quer defender o tema “distúrbio de leitura” ou
“distúrbio de escrita”. Muitos países (isso inclui o Brasil), ensinam os
sintomas de Dislexia de forma equivocada como se causasse
di culdades na leitura e na escrita, mas a Dislexia compromete
somente a leitura.Comprometimento na escrita é causado por outros
distúrbios;
3. pesquiso há mais de 40 anos e publico há quase 30 anos artigos e
livros nacionais e internacionais e, em todos eles, estão comprovações
importantes que você precisa conhecer lendo na íntegra. Não
adiantaria eu passar uma lista de comprovações. Você precisa ler todo
o conteúdo;
4. para fundamentar um bom TCC, você precisa ler ao menos um bom
livro na íntegra, os artigos são apenas complementos. Eu recomendo
que você leia meu livro “Distúrbios de Aprendizagem e de
Comportamento”. Atualmente ele está na sétima edição. Procure
adquirir esse livro, pois ele lhe dará toda a base de que precisa. Ele
aborda todos os sintomas e tratamentos, as de nições dos diversos
tipos de Dislexia, os distúrbios que se parecem, mas não são Dislexia
e todas as comprovações estão citadas tanto nas de nições em diversas
páginas quanto na bibliogra a e, ainda, a ensinará sobre outros
importantes distúrbios de aprendizagem e de comportamento.
Você também pode procurar nas bancas de jornais a revista Psique
Ciência e Vida, há inúmeros artigos meus nesta revista. No número 133, eu
abordei mitos da Dislexia, este artigo é especial, pois eu contradisse o
artigo (de outra autora) anterior neste mesmo exemplar da revista. No
número 138, concedi entrevista abordando dislexia. No nº 146, abordo
Dislexia no DSM. A entrevista pode ser lida (resumida) gratuitamente on-
line, neste link: https://wp.me/p1k6R2-oK, os outros exemplares precisam
ser encomendados nas bancas.
9. Olá! As palestras da Anna Lou Oliver me interessam muito, gostaria de
mais informações sobre datas e horários.
As palestras que me interessam são:
1. Distúrbios de aprendizagem e Transtornos de comportamento.
2. O que é normal, o que é problema e o que é distúrbio.
3. Dislexia Adquirida.
Olá! Vamos incluí-la em lista VIP e a avisaremos assim que novas
turmas forem abertas. Se tiver pressa ou tiver um grupo interessado,
escreva especi cando datas, locais, número de pessoas interessadas que
enviaremos valores e outros detalhes. O e-mail para reservas é este:
equipe@loudeolivier.com.
10. Lou, estou lendo seu livro “Psicopedagogia e Arteterapia”. Atuo como
psicopedagogo em consultório, terminei a Pós-Graduação em Arteterapia –
estou escrevendo monogra a sobre a interface das duas áreas; não tenho muita
experiência nos atendimentos psicopedagógicos; tenho uma Supervisão, porém
o modelo/roteiro para diagnóstico é o tradicional – vi em seu livro que, nessa
fase – diagnóstico, está mais encurtada sem perder a qualidade; de minha parte,
acho muito lenta essa fase – gostaria de otimizar isso. Como faço para
aprofundar o que li em seu livro? Alguma dica? Esse processo lento onera
muito os pais e, para mim, me incomoda como pro ssional e pai que sou
também. Gostaria de saber mais sobre seu método
Que bom que gostou do meu método e quer saber mais. Há várias
formas. Você pode fazer o curso comigo, que lhe dará todas as bases. Ou
pode ler meus diversos livros. Em todos eles, eu abordo a Multiterapia. Há
também alguns artigos de revistas, mas são um pouco antigos e não sei se
encontrará esses exemplares. Como alternativa, você também pode ler os
artigos que disponibilizo gratuitamente em meu portal. Acesse este link:
https://www.portugues.loudeolivier.com.br/Artigos-publicados.php.
11. Entrei no seu site, vi e li que é uma pessoa muito esforçada. Parabéns, e
continue com sucesso. Obrigado.
Muito grata. Comentários como o seu me incentivam a continuar
pesquisando e publicando.
12. Olá! Lou, eu a conheci no... Fiquei com uma dúvida. A senhora está
encarnada ou desencarnada? Minha dúvida é porque a senhora respondeu com
tanta presteza às minhas perguntas que penso que alguém tão evoluído já não
esteja mais entre nós. Se estiver viva, mande-me uma mensagem.
Olá! Penso que ainda estou encarnada, até porque as contas continuam
chegando para eu pagar rs. Mas, brincadeiras à parte, co feliz em saber
que fui útil e consegui responder a todas as suas dúvidas. Fique à vontade
para me contatar, caso tenha novas questões.
PUBLICAÇÕES
OFICIAIS
São inúmeras as publicações o ciais assinadas por Anna Lou Olivier sobre a
Dislexia Adquirida, citamos aqui as principais em ordem decrescente:
Livros, pesquisas e monogra as:
1. OLIVIER, Lou de. Dislexia sem rodeios – e-book. São Paulo: Edição
Independente, 2015.
2. OLIVIER, Lou de. Transtornos de comportamento e Distúrbios de
Aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.
3. OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de comportamento. 7. ed.
Rio de Janeiro: Wak Editora, 2018.
4. OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem/comportamento – Verdades
que ninguém publicou (este livro deu origem aos dois livros citados acima
e não foi reeditado). São Paulo: Edição Independente, 2003.
5. OLIVIER, Lou de. Problemas de Aprendizagem na pré-escola. São Paulo:
Edição Independente, 1999.
6. OLIVIER, Lou de. A Escola Produtiva. São Paulo: Edição Independente,
1999.
7. OLIVIER, Lou de. Monogra a Anoxia perinatal gerando dislexia, disgra a
e outros distúrbios signi cativos de aprendizagem, 1996/1997 – São Paulo –
Brasil.
Artigos em revistas e jornais:
1. O Disléxico precisa de uma aprendizagem diferenciada – Entrevista de Lou
de Olivier concedida a Lucas Vasques para Revista Psique 138, páginas de
8 a 15. Editora Escala.
2. Artes no contexto Terapêutico e Educacional – Entrevista de Lou de Olivier
concedida a Revista Arte-Educa – junho/2017, páginas de 6 a 11. Editora
Escala.
3. Artigo Desvendando mitos sobre Dislexia. Lou de Olivier, Revista Psique
Edição 133 páginas de 74 a 79. Editora Escala.
4. Dossiê anoxia perinatal e dislexia adquirida. Lou de Olivier. Revista
Psique, edição 90, junho 2013. Editora Escala.
5. Artigo Dislexia. Lou de Olivier. Revista Sentidos edição 74, Janeiro 2013.
Editora Escala.
6. Entrevista com Lou de Olivier intitulada Terapeuta das múltiplas
possibilidades. Revista Psicologia Brasil, edição 42, junho/julho 2007.
Editora Criarp.
7. Artigo Dislexia: De nição exata do Distúrbio. Lou de Olivier. Publicado
em diversos jornais impressos e eletrônicos entre 1996 e 2000, diversas
editoras.
Em Inglês
Acquired Dyslexia (formalized in health science national library of medicine
https://www.omicsonline.org/conference-proceedings/2161-
0487.C1.005_009.pdf
Multitherapy – therapy techniques developed by Lou de Olivier.
http://www.oatext.com/pdf/MHAR-1-116.pdf
Medical Sciences Perinatal Anoxia (fetal distress), generating dyslexia,
dysgraphia and other learning disturbances.
http://anoxiaperinatal.loudeolivier.com/English.php
Websitegra a:
http://www.dislexiaadquirida.com
http://www.multiterapia.med.br
https://www.loudeolivier.com.br
https:www.loudeolivier.com
Vídeos
1. Vale a pena conferir os três principais mitos (equívocos) que têm sido
amplamente divulgados sobre Dislexia. Explicados em detalhes por Lou
de Olivier. Con ra! https://youtu.be/326yylCXxDQ
2. Neste vídeo, Lou de Olivier explica de forma bem simples o que é
Dislexia, aborda um pouco sobre Dislexia Adquirida e um pouco do
histórico da Dislexia deste 1881. São apenas seis minutos de muita
informação que pode ser complementada com outro vídeo especí co de
Dislexia Adquirida disponível no mesmo canal indicado ao nal do vídeo:
https://youtu.be/mdsj7e7-1nU
3. Mantenha-se informado(a) sobre Dislexia e Dislexia Adquirida curtindo a
página o cial no Facebook: https://www.facebook.com/dislexiaadquirida/
4. No período entre 1995 e 2017, Lou de Olivier publicou inúmeros
artigos, dossiês, participou de inúmeras entrevistas em rádio e televisão
abordando o tema Dislexia Adquirida, além de temas correlatos
(distúrbios de aprendizagem, transtornos de comportamento, distúrbios
familiares) e divulgando também a técnica inovadora desenvolvida por ela
e intitulada Multiterapia. Assista a:
https://www.portugues.loudeolivier.com.br/Videos-e-entrevistas-TV.php .
Contatos com a autora:
Caixa Postal 18002 – Aeroporto de Congonhas
São Paulo – SP – Brasil – CEP: 04626 – 970
louevoce@loudeolivier.com
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