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MÓDULO 3

Deficiência visual e
Surdocegueira

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Autores
Carlos Eduardo Frederico
Miria de Souza Fagundes

Designers instrucionais
Ana Caroline de Lazzari de Oliveira
Suelen Fernanda Machado

Revisão Textual
Ana Paula Istschuk
Tatiane Valéria Rogério de Carvalho

Ilustrações
Jocelin José Vianna

Projeto Gráfico e Diagramação


Fernanda Serrer
Edna do Rocio Becker
Olá, professor!
É importante que você saiba que o estudante
da área da deficiência visual cresce e se desenvolve
de forma semelhante àqueles que enxergam. No
entanto, podem apresentar diferenças em função
do seu ritmo e potencialidades, considerando os
diferentes graus da limitação visual.
Assim, ao final desta unidade, esperamos
que você, professor, conheça aspectos sobre as
especificidades e necessidades educacionais
especiais dos estudantes da área da Deficiência
Visual.

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1 DEFICIÊNCIA VISUAL: PANORAMA HISTÓRICO DO
ATENDIMENTO ESPECIALIZADO

A história da deficiência visual na humanidade é


comum a todos os tipos de deficiências. Os conceitos sobre
as pessoas que a apresentavam foram se modificando
conforme as crenças, os valores culturais, a concepção de
homem e as transformações sociais que ocorreram nos
diferentes momentos históricos.
Assim, pessoas que nasciam com deficiências
Você sabia?
visíveis, como a falta ou deformação de membros ou Com o
fortalecimento
incapacidade de falar ou enxergar, eram relegadas ao
do Cristianismo,
abandono e até exterminadas por não terem valor social. a situação das
A cegueira apresentava-se, também, como pena pessoas com
judicial regulada pela lei ou pelos costumes, e era aplicada deficiência se
modificou, elevou-se
como castigo para crime nos quais havia participação dos
à categoria de valor
‘olhos’, como crimes contra a divindade, e faltas graves às absoluto e todos
leis de matrimônio. os homens, sem
Entre os milhares de cegos das classes sociais menos exceção, passaram
a ser considerados
privilegiadas internados em asilos, poucos conseguiram
filhos de Deus. O
se destacar, porque a limitação imposta pela deficiência Evangelho dignifica
não impedia o contato social e nem a aprendizagem de o cego e, deste
conhecimentos, já que se baseavam na linguagem oral. modo, a cegueira
deixa de ser um
A explicação que se dava ao fato era também rústica,
estigma de culpa
pois se os cegos eram abandonados à própria sorte e e indignidade e
alguns conseguiram atingir níveis de atuação expressivos, transforma-se num
concluía-se que eram possuídos de um ‘toque de graça’. meio de ganhar o
As preocupações de cunho educacional em relação céu, tanto para a
pessoa cega quanto
às pessoas cegas surgiram no século XVI, com Girolínia
para o homem que
Cardono – médico italiano – que testou a possibilidade tem piedade dessa
de algum aprendizado de leitura através do tato. pessoa.

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Na passagem de uma visão supersticiosa para uma visão
organicista, como ocorreu, principalmente, a partir do século XVIII, o
entendimento a respeito da deficiência visual tornou-se mais embasado
cientificamente (MAZZOTTA, 1996).
Os séculos XVIII e XIX marcaram uma mudança e um avanço na
história das pessoas com deficiência visual. Em 1784, Valentin Haüy
inaugurou na França o Instituto Real dos Jovens Cegos, a primeira
escola do mundo destinada à educação de pessoas cegas. Entre 1791
e 1795, com o nome de Instituto para os Cegos de Nascimento, essa
escola passou a aceitar somente cegos que pudessem trabalhar, o que
acarretou em nova denominação: Instituto dos Trabalhadores Cegos.
Assim, o atendimento institucional dos cegos, que se iniciou com
proposta de educação sistemática, em apenas dez anos se transformou
em escola industrial e asilo combinados - expressão que nada mais
é do que um disfarce para encobrir a internação dos cegos que, em
troca de moradia e alimentação, deveriam corresponder com trabalho
obrigatório. A situação era de mão de obra manual e barata reunida na
instituição, que retirava os desocupados da rua e os encaminhavam
para o trabalho.
Os direitos eram pautados por estas condições e regulados
segundo a posição de determinadas categorias e/ou segmentos das
populações na estrutura produtiva. Aqueles que não se encontravam
inseridos, não eram considerados cidadãos, ou apenas cidadãos de
segunda classe.
Chama-nos a atenção que, já nessa época, a sociedade brasileira
e o sistema capitalista determinavam acentuado grau de riqueza em
contraposição à pobreza e à miséria. A exploração de mão de obra
era a lei básica na qual se fundava a desigualdade entre as classes
e, também, a desigualdade de direitos e deveres, sendo sobre estas
condições materiais de existência que se erguiam os valores sociais
distintos, de acordo com os objetivos de cada classe social.

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Numa sociedade assim estruturada, as classes
dominantes necessitavam de mecanismos para exercer o
controle das atividades, de comportamentos socialmente
necessários e das aspirações individuais para manter o
sistema. E, assim, mecanismos eram utilizados para a
introjeção de valores que mascaravam os conflitos existentes
entre as classes, alienando as populações frente as suas
condições reais de vida.
A partir de 1808, com a idealização do primeiro sistema
tátil de escrita, é que as condições sociais das pessoas cegas
começaram a mudar, Charles Barbier oficial do exército francês,
criou um sistema utilizando 12 pontos em relevo, permitindo
mensagens cifradas e secretas. Barbier estendeu este método
de comunicação às pessoas cegas. Entretanto, o número de
sinais usados era muito grande, o que tornaria longa e difícil a
Importante!
leitura.
Em 1825, Louis
A implantação do Sistema Braille não foi fácil,
Braille desenvolveu
mesmo na França, no Instituto dos Jovens Cegos de Paris, a leitura tátil
houve reação. Reagiam alguns por descrença ou por inveja, de seis pontos
outros por interesse de ordem pessoal, e muitos por usada até hoje.
desconhecimento. Mas os jovens cegos aplaudiam, pois Os seis pontos
combinados,
sabiam que com isso teriam acesso às escolas, ao lazer e
de acordo com
maiores possibilidades de participação social. o número e a
A repercussão do sucesso das novas técnicas e posição, geram
métodos chegam ao Brasil com José Alvares de Azevedo 63 símbolos
ao regressar de seus estudos, em Paris. Azevedo ensina suficientes para
todo o alfabeto,
o Sistema Braille à Adèle Sigaud, filha cega do Dr. Xavier
símbolos
Sigaud, médico da Corte, e logo Adèle é levada à presença
matemáticos,
de D. Pedro II pelo Barão de Bom Retiro e seu pai, para químicos, físicos,
apresentar suas ideias de criar, no Brasil, um colégio onde números e notas
as pessoas cegas pudessem estudar. A concretização desse musicais.

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ideal se consubstanciou na criação do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos, em 1854, hoje Instituto Benjamin Constant
(IBC).
Fica evidente que a preocupação do acesso das
Você sabia?
pessoas cegas à escola só teve seu início em função da
O Instituto
necessidade da filha de uma pessoa ilustre, pertencente Benjamin Constant
à classe mais privilegiada, frequentá-la, já que os demais foi o primeiro
cegos continuariam marginalizados. Educandário
Com todos esses acontecimentos no Brasil, ainda para cegos na
América Latina e é
existia uma lacuna para o exercício efetivo da cidadania,
a única Instituição
o que só aconteceu algum tempo depois: a emancipação Federal de
política do cego, por meio do direito ao voto, em 1932. Para ensino destinada
o processamento da votação, o Presidente da Mesa assinava a promover a
as folhas eleitorais ‘a rogo’ do eleitor cego, que trazia de casa educação das
pessoas cegas
as ‘chapas prontas’ (com o nome do candidato assinalado).
e amblíopes
Em 1945, um decreto-lei diz que o cego teria que votar no Brasil. Já a
como os demais eleitores. Assim, o direito ao voto só foi primeira Imprensa
concedido àqueles que escreviam pelo alfabeto comum. Braille do país foi
Mais uma vez a exclusão acontecia, pois poucos eram os criada no Rio de
Janeiro em 1926,
que tinham sido alfabetizados em tinta (só os que perderam
possibilitando
a visão por doenças progressivas) e a aceitação dessa
aos cegos a
condição, à época, era tida como natural. oportunidade de

Desse modo, embora os discursos sociais e acesso à leitura.
institucionais defendessem a inserção do indivíduo
estigmatizado na sociedade, ficava cada vez mais evidente
o distanciamento entre o discurso e a prática.
A cronologia dos acontecimentos em prol da educação
de pessoas cegas no Brasil apontam o surgimento de
instituições especializadas para cegos em vários estados do
país, seguindo o mesmo modelo educacional do Instituto
Benjamin Constant: em 1926, o Instituto São Rafael, em Belo
Horizonte; em 1928, o Instituto Padre Chico, em São Paulo;
em 1929, o Instituto de Cegos da Bahia, em Salvador; em

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1939, o Instituto Paranaense de Cegos, em Curitiba; em 1941,
o Instituto Santa Luzia, em Porto Alegre; em 1943, o Instituto
de Cegos do Ceará, em Fortaleza; e, em 1957, o Instituto de
Cegos Florisvaldo Vargas, em Campo Grande.
No Paraná, como em outros estados do país, o
Instituto Paranaense de Cegos, por ser a primeira instituição
especializada do Estado, conserva, ainda, algumas
características de sua fundação, com algumas pessoas em
regime de internato.
Todas essas instituições tiveram como orientação
para o atendimento serviços de caráter clínico-terapêutico,
que, como em outras áreas, tiveram seu início logo após a
1ª Guerra Mundial, quando surgiram os primeiros centros de
reabilitação.
Os programas para reabilitação específicos para
deficientes visuais em nosso país, iniciaram em 1957, em
São Paulo, na Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje
denominada Fundação Dorina Nowill.
Helen Keller, professora surdacega, que durante sua
vida teve total dedicação ao progresso dos deficientes
visuais, vem ao Brasil em 1953 e reúne-se com representantes
da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP),
além de um grande grupo interessado na reabilitação
da pessoa com deficiência. De sua ação, aliada a alguns
líderes, surge no Brasil a preocupação de recuperar
profissionalmente as pessoas cegas.
A reabilitação era destinada às pessoas com deficiência
adquirida, na idade jovem ou adulta, e tinha por objetivo
principal sua independência e autonomia, visando a realizar
o aproveitamento dessas pessoas em diferentes setores da
produção industrial.

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No ano de 1960, quando é criado o 1° Centro de
Reabilitação para pessoas com deficiência visual na
Fundação, enfatizavam-se programas de Orientação e
Mobilidade, Atividades da Vida Diária (hoje Atividades da
Vida Autônoma) e o Sistema Braille.
O paradigma existente na década de 60 registrava
duas concepções de atendimento na área visual: de cegos
e amblíopes. Diversamente do que poderíamos supor, o
termo cegueira não era absoluto, pois reunia indivíduos
com vários graus de visão residual. Não significava total
incapacidade para ver, mas prejuízo a níveis incapacitantes
para tarefas rotineiras. A ambliopia (considerada na época
caso particular de cegueira) é classicamente definido como
baixa visão em um olho organicamente perfeito, em que
ao exame oftalmológico nada revelaria que justificasse o
sujeito enxergar pouco. (ROCHA; GONÇALVES, 1987).
O atendimento especializado às pessoas amblíopes
fundamentou-se nos estudos e pesquisas realizados pela
médica Natalie Barraga, da Universidade do Texas, em
1965, conhecidos no Brasil em 1977, pois comprovaram
que a capacidade de ver não é inata, e a eficiência visual
não depende diretamente da acuidade visual, pois o uso
e a estimulação da visão residual podem levar à melhor
utilização da visão.
Assim, as pesquisas de Barraga, aliadas à classificação
da Organização Mundial de Saúde (1980), deram um grande
impulso ao atendimento especializado em relação às
deficiências visuais parciais, com a utilização de critérios
mais precisos de diagnóstico.
Nas décadas de 70 e 80, o atendimento especializado
na área visual estendeu-se às pessoas amblíopes,
denominadas com visão subnormal e, atualmente, a pessoas
com baixa visão.

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Essa perspectiva foi apropriada pelos primeiros
serviços em educação especial, que tinham por trabalhos
iniciais cuidados clínicos e terapêuticos para a “conservação
da visão”, enfatizando o uso de materiais e métodos que Você sabia?
exigissem sua mínima utilização, pois se acreditava que as No Brasil, o termo
Reeducação Visual
pessoas com deficiências visuais graves (termo utilizado
foi utilizado no
na época), não poderiam ficar sem utilizar a visão residual,
Paraná, em 1981,
correndo o risco de perdê-la. no Instituto Para-
Em 1983 esse programa foi sistematizado e naense de Cegos,
implantado na rede pública estadual de ensino, pela ação onde, naquela
do Departamento de Educação Especial, com serviços data, foi montado
um programa para
de reeducação visual ofertados em todos os Centros de
o atendimento às
Atendimento Especializados, na Área da Deficiência Visual
pessoas com visão
- sob a fundamentação dos estudos de Natalie Barraga, subnormal.
que objetivavam um programa sequencial de experiências
visuais para melhorar a capacidade visual.
No ano seguinte, através de esforços conjuntos entre
a Secretaria de Saúde do Estado, Secretaria de Estado da
Educação e Fundação Aristides Athayde, criou-se o Centro
de Reeducação Visual, no Centro de Saúde Metropolitano,
o qual, posteriormente, passou a atender um maior número
de pessoas, contemplando os alunos da rede municipal,
por meio de convênio com a Prefeitura Municipal de
Curitiba.
No período de 70 e 80, surgem, entre outras, as
Associações de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais,
no Paraná; Associação Catarinense para Integração do
Cego (ACIC), em Santa Catarina; Associação de Amigos do
Deficiente Visual (AADV), no Distrito Federal; Associação
de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Caxias do Sul
(APADEV), no Rio Grande do Sul; LARAMARA, em São Paulo,

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entre outras, que além de advogar o direito de cidadania têm
lutado pela melhoria da qualidade de vida na educação de
pessoas com deficiência visual.
No Paraná, novos paradigmas sustentam a proposta
de estimulação visual nos Centros de Atendimento
Educacional Especializado (CAEEs) e nas Salas de Recursos
Multifuncionais, substituindo o modelo clínico-terapêutico
utilizado anteriormente. A prática deixa de ser baseada em
critérios médicos e efetuada de forma mecânica, em virtude
das condições visuais dos alunos, e se efetiva associada ao
apoio à escolaridade, tornando a aprendizagem significativa,
promovendo a concretização de conceitos por meio de
vivências no cotidiano e mediante a utilização de recursos
pedagógicos específicos.
A atual concepção de atendimento especializado
pressupõe a escolarização dos alunos com deficiência visual
na rede regular de ensino, por meio de recursos humanos,
técnicos, tecnológicos e materiais, em todo o fluxo educacional.
O processo ensino-aprendizagem de pessoas com
deficiência visual, envolve os mesmos aspectos pertinentes
ao desenvolvimento de qualquer ser humano.
Vygotski (1987) afirma que o desenvolvimento humano é,
em parte, definido pelos processos de maturação do organismo,
porém é a aprendizagem que possibilita o desabrochar de
processos internos por meio do contato do homem com o seu
meio.
Durante o desenvolvimento humano, os aspectos
biológico e cultural se entrecruzam e se relacionam
mutuamente, dando origem ao aspecto sociobiológico. Os
elementos da natureza biológica contribuem para o processo
de aprendizagem, porém subordinados aos processos culturais.
No desenvolvimento do ser humano, a aprendizagem ocupa o
papel principal, especialmente com relação às funções psicológicas

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superiores, tipicamente humanas, e são sobre essas funções que
se desenvolvem as principais práticas escolares.
Para Vygotski, os processos psicológicos superiores são de
natureza sócio-histórica “artificiais”, que se desenvolvem a partir
dos processos psicológicos “naturais”. Entretanto, a atividade
psicológica superior não pode ser considerada como evolução
biológica de uma aprendizagem social da interiorização de
significados sociais derivados da atividade cultural.
Para compreender de que forma o professor mediador
poderá contribuir, efetivamente, para a apropriação do
conhecimento de alunos com deficiência visual, é necessário
estabelecer a diferença entre os processos de aprendizagem de
estudantes com cegueira ou baixa visão.
A pessoa cega é aquela que, por ter ausência da percepção
de forma e imagens, necessita, para seu desenvolvimento e
aprendizagem, de recursos e estratégias que lhes possibilitem
a interação com o meio, através da integração sensorial, para
apropriação de conceitos e significados.
A pessoa de baixa visão é aquela que por ter
comprometimento no sistema visual, não corrigível, necessita
tanto de recursos ópticos quanto educacionais para maximizar
sua capacidade visual e, em consequência, sua independência e
qualidade de vida.
Muitos teóricos tentaram entender ou explicar a cegueira
por meio das pessoas que enxergam. Vygotski (1989) foi além,
tentando compreender o significado social e individual que a
cegueira pode causar, como também a forma dessas pessoas
viverem sem o sentido da visão. Para o autor:

Cegueira não é apenas a falta de visão, é meramente a


ausência de visão (o defeito de um órgão específico), senão
que assim mesmo provoca uma grande reorganização de
todas as forças do organismo e da personalidade. A cegueira,
ao criar uma formação peculiar de personalidade, reanima
novas forças, altera as direções normais das funções e, de uma
forma criadora e orgânica, refaz e forma a psique da pessoa.

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Portanto a cegueira não é somente um defeito, uma debilidade,
senão também, em certo sentido, uma fonte de manifestação
das capacidades, uma força (por estranho e paradoxal que seja!).
(VIGOTSKI, 1989, p. 74).

Para Vygotski, uma pessoa que nunca enxergou não pode ter
noção do que é a cegueira a não ser por referências sociais ou por
uma atitude de reflexão. Para ele a psicologia do cego é construída
como conhecimento científico, não pode ser apenas o estudo de
suas funções e habilidades sensoriais ou desvios isolados, mas sim a
compreensão de todas as suas manifestações durante sua vida, a
sua totalidade expressando-se em cada sentido. Vygotski acredita
que até a década de 20, quando ele trouxe à luz seus estudos sobre
defectologia, pouco a ciência havia feito em relação à análise da
personalidade do cego na sua totalidade para poder compreender
o seu caminho de desenvolvimento.
Apresentem cegueira ou baixa visão, a orientação é que
esses estudantes sejam matriculados, desde a Educação Infantil,
no contexto regular de ensino, oferecendo-se, no contraturno, os
serviços e apoios especializados.

1.1 REDE DE APOIO AOS ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA


VISUAL

Os serviços de apoio pedagógico especializado na área


visual poderão ocorrer no contexto regular de ensino, nas Salas de
Recursos Multifuncionais ou fora dele, no Centro de Atendimento
Educacional Especializado, por meio da oferta de:
• Educação precoce para crianças com deficiência visual
• Ensino do Sistema Braille
• Ensino das técnicas do cálculo do Soroban
• Orientação e mobilidade em contextos escolares e não
escolares
• Práticas educativas para uma vida independente
• Ensino do uso e funcionalidade de recursos ópticos e não
ópticos

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• Usabilidade e funcionalidade da informática acessível
• Orientação e trabalho colaborativo entre professor especialista
e professor da escola comum.

1.2 REDE DE APOIO

No estado do Paraná possuímos cinco Centros de Apoio


Pedagógico para Atendimento às pessoas com Deficiência Visual
(CAPs), localizados em: Cascavel, Curitiba, Maringá, Francisco Beltrão e
Londrina. Essas unidades de serviços são responsáveis pela produção
de material adaptado (livro didático em Braille, material em relevo e livro
digital acessível) e cursos de formação para professores, assegurando,
dessa forma, o apoio à inclusão dos alunos com deficiência visual.
O Centro de Atendimento Educacional Especializado - CAEE
é um atendimento de natureza pedagógica que complementa a
escolarização de estudantes que apresentam deficiência visual
(cegos e de baixa visão) ou outros acometimentos visuais (ambliopia
funcional, distúrbios de alta refração e doenças progressivas),
matriculados na rede pública estadual de ensino.
As Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) – Fundamental II
e Ensino Médio – Área Visual tem como principal objetivo a garantia
de oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE, de natureza
pedagógica, a organização, disponibilização de recursos, serviços
pedagógicos e de acesso ao atendimento às necessidades educacionais
específicas dos estudantes com deficiência visual, conforme prevê a
legislação.
Na Educação Infantil Especializada, a criança com
deficiência visual necessita de estimulação precoce, que priorizará as
especificidades de desenvolvimento e aprendizagem decorrentes da
ausência da visão. Esse trabalho propõe-se a desenvolver conteúdos e
habilidades necessárias ao seu processo de alfabetização.

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O Apoio à Educação Básica com serviço itinerante tem como
objetivo oferecer apoio pedagógico a alunos com deficiência visual
matriculados na Educação Básica.

O serviço educacional itinerante constitui uma atribuição,


desenvolvida por professor habilitado ou especializado em educação
especial da Sala de Recursos ou do CAEE - área da Deficiência Visual.
Esse atendimento se caracteriza pelo deslocamento do professor
às escolas do ensino regular, onde estão matriculados alunos com
deficiência visual, para orientações quanto à metodologia de ensino,
os recursos didáticos diferenciados e os processos de avaliação
adequados ao desenvolvimento dos alunos cegos ou de baixa visão.

São atribuições do professor itinerante:

• Preparar e apoiar a inclusão do aluno com deficiência visual


na comunidade escolar;
• Apoiar o professor regente na operacionalização
dos conteúdos por meio de orientações pedagógicas
especializadas;
• Preparar o material adaptado para uso do professor em sala
de aula;
• Transcrever textos e provas para o Sistema Braille;
• Transcrever para tinta os trabalhos em Braille;
• Ampliar textos e provas para ao alunos que necessitam de
material com caracteres ampliados em parceria com os
Núcleos Regionais de Educação;
• Orientar quanto ao uso de equipamentos e materiais
especiais;
• Promover, na escola, a complementação curricular específica:
orientação e mobilidade e atividades de vida autônoma;
• Evitar que o aluno deficiente visual solicite ou receba
concessões especiais, além das que necessita, para não
prejudicar seu processo de desenvolvimento de inclusão na
escola.

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SÍNTESE DO MÓDULO

Neste módulo descrevemos os conceitos referentes à


deficiência visual, iniciando com o histórico, a conceituação
e o Atendimento Educacional Especializado ofertado através
das Salas de Recurso Multifuncionais no Ensino Fundamental
- anos finais e Ensino Médio aos estudantes cegos e de baixa
visão no contraturno, para que os mesmos tenham igualdade e
oportunidade aos demais estudantes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação


Especial. Adaptações curriculares em ação: desenvolvendo
competências para o atendimento às necessidades
educacionais de alunos cegos e de alunos com baixa visão
Brasília: MEC/SEESP, 2002.

ROCHA, Hilton; GONÇALVES, Elisabeto Ribeiro. Ensaio sobre


a problemática da cegueira: prevenção, recuperação,
reabilitação. Belo Horizonte: Fundação Hilton Rocha, 1987.

VYGOTSKI, L. S. Historia del desarollo de las funciones


psiquicas superiores. Havana: Editorial Cientifico Técnica,
1987.

VYGOTSKI, L. S. Obras Completas. Fundamentos de


Defectologia. Tomo V. Ciudade de La Habana: Editorial Pueblo
Educación, 1989.

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