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MÓDULO 1

Os Fundamentos
Conceituais e Legais da
Educação Especial

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Autoras
Carla Jesus Chagas Wansaucheki
Denise Maria de Matos Pereira Lima
Suely Barquez Furlan
Taís Rejane Follador Camargo

Designers instrucionais
Ana Caroline de Lazzari de Oliveira
Suelen Fernanda Machado

Revisão Textual
Similaine Sibeli da Silva
Tatiane Valéria Rogério de Carvalho

Ilustrações
Jocelin José Vianna

Projeto Gráfico e Diagramação


Edna do Rocio Becker
Fernanda Serrer
Olá, professor!
Seja bem-vindo ao módulo introdutório!
Neste módulo vamos apresentar os principais fundamentos conceituais e as
bases legais que possibilitam aos profissionais, que atuam nas instituições de ensino,
a organização de práticas fundamentadas e orientadas pelas políticas da Educação
Especial e, sobretudo, reconhecer as necessidades básicas dos estudantes, público
da Educação Especial, que frequentam o ensino comum.
Convidamos você, professor, a conhecer e acompanhar os processos que
dizem respeito à inclusão do estudante com deficiências, transtornos globais
do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e transtornos funcionais
específicos nas escolas de ensino comum.
Assim, neste módulo introdutório, destacamos algumas das principais leis e
fundamentos que embasam as questões de acesso e permanência desses estudantes,
com ações de participação coletiva e que objetivam o avanço da aprendizagem.

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1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL AO LONGO DO
TEMPO
A nossa sociedade vivenciou um processo de exclusão das pessoas com
deficiência, doenças mentais, ou que apresentavam comportamento considerado
indesejável em diversos âmbitos, inclusive no educacional.
Durante muito tempo, os indivíduos que apresentavam alguma deficiência eram
escondidos, afastados, completamente segregados do convívio com outras pessoas,
sem que se considerasse o seu potencial de aprendizagem e de participação social.
No início do século XX, o avanço da medicina e o maior conhecimento sobre
as deficiências proporcionaram uma nova visão sobre a capacidade de aprender das
pessoas especiais e foi o início de uma nova concepção sobre a deficiência.
Felizmente, há algumas décadas, o discurso sobre a inclusão ocupou espaço
em toda a sociedade e, principalmente, na escola. Primeiramente tivemos a
institucionalização das pessoas especiais, mas esse processo também foi superado, e
a percepção de que a pessoa com deficiência pode aprender no mesmo espaço que
as outras pessoas foi alcançada e é vivenciada nas escolas de todo o país.

Saiba mais…
Para saber sobre a trajetória da Educação Especial, você pode acessar as seguintes obras:
• Educação inclusiva e seus desafios: uma conversa com David Rodrigues, de Cássia Geciauskas
Sofiato e Carla Biancha Angelucci. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1517-97022017000100283
• A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI, de Gilberta de Martino
Januzzi. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n32/n32a17.pdf
• A Educação Especial no Brasil após 1950, de Marcos J. S. Mazzotta. Disponível em: http://www.
unirio.br/cch/escoladeturismologia/pasta-virtuais-de-docentes/maria-angela-monteiro-correa/
educacao-especial-textos-da-disciplina/aula-4
• Aspectos históricos da Educação Especial, de Lucídio Bianchetti. Disponível em: https://www.
abpee.net/homepageabpee04_06/artigos_em_pdf/revista3numero1pdf/r3_art01.pdf
• Práticas educativas: Perspectivas que se abrem para a Educação Especial, de Anna Maria
Lunardi Padilha. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v21n71/a09v2171.pdf

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2 LEGISLAÇÕES DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Acesse:
No Brasil, a resposta ao movimento dos Direitos Humanos, Confira o vídeo “A
ocorrida no final da década de 40, aconteceu somente em organização da
1988, com a promulgação da nova Constituição da República Educação Especial
ao longo da História”,
Federativa do Brasil, que determina a legitimidade na igualdade
disponível em: https://
de direitos, dentre eles o acesso à educação, que passou a existir www.youtube.com/
por determinação da lei maior do país. watch?v=MkPTdNoH1y8
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nele, a professora
(LDBEN) de 1996, surgem outros documentos importantes, tais Silvia Márcia Ferreira
como: Meletti, doutora em
• a Resolução CNE/CEB n.º 2, de 11 de setembro de 2001, Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano
que institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
pela Universidade de São
na Educação Básica. Disponível em: http://portal.mec. Paulo, fala sobre como
gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf a Educação Especial se
• o Parecer CNE/CEB n.º 17/2001, de 03 de julho de 2001, organizou ao longo da
que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação história de forma paralela
Especial na Educação Básica. Disponível em: http:// ao sistema regular de
educação e de como isso
portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/parecer17.pdf
trouxe consequência para
• o documento orientador intitulado Política Nacional a forma como as crianças
de Educação Especial na Perspectiva da Educação eram educadas, muito mais
Inclusiva (2008). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ com foco no atendimento
docman/dezembro-2014-pdf/16690-politica-nacional- clínico e de reabilitação do
de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao- que pedagógico.

inclusiva-05122014 Após assistir ao vídeo


e considerando os
• o Decreto Federal n.º 7.611/2011, que dispõe sobre a
aspectos mencionados
Educação Especial como parte integrante do sistema inicialmente, reflita: O
educacional desde a Educação Infantil até a Educação que mudou na Educação
Superior, o atendimento educacional especializado Especial? Essas mudanças
(AEE), e dá outras providências. Disponível em: www. podem ser perc ebidas
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/ em sua escola?

D7611.htm

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• a Lei n.º 13.146/2015, que institui a lei brasileira de
inclusão da pessoa com deficiência. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/
l13146.htm
• a Deliberação n.º 02/2016, dispõe sobre as Normas para
Acesse:
a Modalidade Educação Especial no Sistema Estadual
Assista ao vídeo “A
de Ensino do Paraná. Disponível em: www.cee.pr.gov.br/ Educação Especial como
arquivos/File/pdf/Deliberacoes/2016/Del_02_16.pdf uma modalidade de
ensino”, disponível em:
https://www.youtube.
3 EDUCAÇÃO ESPECIAL: CLASSES com/watch?v=kTALDNy_

COMUNS bfw&feature=youtu.be
Nele, a professora
Tendo a compreensão da trajetória da Educação Especial Silvia Márcia Ferreira
e as questões legais que a amparam, vamos entender, um Meletti, doutora em
Psicologia Escolar e do
pouco melhor, a função da Escola Inclusiva.
Desenvolvimento Humano
O atendimento ao estudante da Educação Especial
pela Universidade de
deve ser realizado, preferencialmente, em classes comuns das São Paulo, fala sobre a
escolas, em todos os níveis e modalidades de ensino. legislação da Educação
O que observamos, com essa abordagem da nossa Especial e sobre como
legislação, como professores e professoras, é que a inclusão as Diretrizes e Bases
da Educação de 1996
e a permanência de estudantes com deficiência, transtornos
colocaram a Educação
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação
Especial como uma
no cotidiano das escolas, ainda se apresenta como um grande modalidade de ensino na
desafio. educação regular.

4 A FUNÇÃO DA ESCOLA NO
PROCESSO DE INCLUSÃO
A construção de uma escola inclusiva é um processo
gradativo em que não basta apenas o reconhecimento da

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legislação e dos estudos teóricos sobre a temática, é preciso
um repensar sobre as práticas pedagógicas, sobre diferenciação
curricular e sobre o cotidiano escolar como um todo.
Ter uma atitude inclusiva em relação aos estudantes
significa, primordialmente, acolhê-los em suas diferenças e
necessidades. O olhar do educador deve estar atento para
Acesse:
as mudanças necessárias em sua prática, seja na simples Conheça um
elaboração de um texto mais curto, ou mais longo, caso seu pouco mais sobre a
aluno precise desse detalhe para ter acesso e compreender flexibilização curricular,
um determinado assunto. Se um estudante não ouve, ou não acessando o material
Fundamentos Conceituais
enxerga bem, ou se dispersa com facilidade, cabe ao educador
e Bases Legais da
tomar ações pedagógicas que o auxiliem e permitam que o aluno
Educação Especial,
elimine a barreira da dificuldade de audição, visão ou atenção p.15, em: <https://bit.
para aprender como todos os outros alunos. A inclusão está em ly/2K3xID5>
pequenas ações diárias que partem do educador dentro da sala
de aula e se estendem por todos os ambientes da escola.
Portanto, nessas ações você, professor(a), tem papel
fundamental, devendo considerar o processo de inclusão como
uma prioridade no seu trabalho, revisando e estimulando as
boas práticas.

5 TRABALHO COLABORATIVO
Você, professor(a), sabe quem atua em um trabalho
colaborativo?

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Cabe destacar que o trabalho colaborativo,
primordialmente, tem os professores atuando diretamente
Acesse:
Para aprofundar
com o estudante da Educação Especial, tanto os professores seu estudo sobre o
das disciplinas quanto o professor especialista, porém é Trabalho Colaborativo,
necessária a compreensão de que diretores e pedagogos têm acesse os textos abaixo:
uma participação muito próxima e determinante na vida escolar • Fortalecimento do
desses estudantes. Trabalho Colaborativo
entre professor
Mas como é o Trabalho Colaborativo desenvolvido em
especialista e os
prol dos estudantes da Educação Especial? professores das
A seguir, conheça como ele acontece: disciplinas.  Disponível
em: http://www.
Desse modo, deve-se pensar, planejar e organizar
educadores.diaadia.
estratégias com a finalidade de garantir, de forma genuína, o
pr.gov.br/modules/
melhor ensino e a melhor aprendizagem do estudante. Esse é conteudo/conteudo.
o principal objetivo do trabalho colaborativo, dada, em muitos php?conteudo=1513
casos, à complexidade dos comportamentos e das necessidades • O trabalho Colaborativo
cognitivas dos estudantes da Educação Especial. entre o professor
É importante ressaltar que o processo de educação especialista e o professor
das disciplinas – o
inclusiva não é tarefa que se conquista solitariamente, trata-se
fortalecimento das
de uma ação coletiva!
políticas públicas para
educação Especial no
Paraná. Disponível
em: https://educere.
bruc.com.br/arquivo/
pdf2015/18334_9281.pdf
Considerando o
exposto nos textos,
sobre o trabalho
colaborativo, é
possível afirmar que
esse trabalho vem
sendo desenvolvido
em sua escola?

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O sucesso dos estudantes da Educação Especial não é alcançado por eles
de maneira solitária, visto que sua condição de pessoa com deficiência lhes impõe
barreiras que somente são vencidas com a intervenção de muitas pessoas.
Diante do estudo de metodologias para o trabalho com esses estudantes,
percebemos que a partilha de informações e de nossas visões sobre cada um deles
é fundamental para se alcançar o sucesso.
Quando todos sentam para conversar e verbalizam como os conhecem, como
eles agem ou reagem em cada momento do contexto escolar, o que já sabem fazer e
o que ainda estão por alcançar, fica claro o papel de cada profissional da educação
junto aos alunos da Educação Especial. É o momento de enfrentar a dificuldade
e determinar o trabalho de todos em prol da pessoa com deficiência que está na
escola.

5 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE


INCLUSÃO - DIFERENCIAÇÃO CURRICULAR
Agora, vamos nos deter em mais uma questão bastante importante para o
trabalho com nossos alunos da Educação Especial, a diferenciação curricular.
A diferenciação curricular diz respeito às modificações em forma de
complementação ou suplementação dos conteúdos ou da estrutura curricular que
está prevista para os estudantes da escola como um todo.
Quando se pensa em diferenciação curricular, pensa-se, especialmente, em
organizar os conteúdos e temas de aprendizagem, visando a atender às demandas
educacionais dos estudantes. Não se trata simplesmente de reduzir, suprimir ou tornar
os conteúdos empobrecidos; ao contrário, é preciso torná-los mais significativos,
mais próximos do contexto de vida do estudante, podendo compactá-los ou ampliá-
los conforme for necessário.
Vamos pensar em alguns passos para desenvolver na escola a diferenciação
curricular aos estudantes da Educação Especial.

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O trabalho deve estar focado nas possibilidades de aprendizagem e não nas
dificuldades apresentadas.
No cotidiano escolar, as atividades devem oportunizar a participação do
estudante e os professores precisam manter um olhar atento sobre o que ele conhece,
a sua participação em projetos e trabalhos em grupo, enfim, em todas as atividades.

6 O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL É
RECONHECER AS DIFERENÇAS
O princípio fundamental que rege as escolas inclusivas é que todas as crianças,
sempre que possível, devem aprender juntas, independentemente de suas dificuldades
e diferenças.
As escolas inclusivas devem reconhecer as diferentes necessidades de seus

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alunos e a eles atender, adaptar-se a diferentes estilos e ritmos de
aprendizagem das crianças e assegurar um ensino de qualidade
por meio de um adequado programa de estudos.

7 SÍNTESE Saiba mais...


Com o texto-base da
Neste módulo, você, professor(a), teve acesso aos unidade, intitulado
fundamentos e às bases legais da Educação Especial no Brasil, “Fundamentos
assim como pode conhecer um pouco sobre a organização das Conceituais e Base Legal
práticas que apoiam a Educação Especial no Paraná. da Educação Especial”,
Também foram apresentadas reflexões sobre a Escola explore ao máximo a
temática, visando a
Inclusiva e abordadas ações dos professores das disciplinas e
respaldar seus estudos
professores especialistas no desenvolvimento de um trabalho nos próximos módulos.
colaborativo pautado na diferenciação curricular. Disponível em: http://
A partir desses estudos, esperamos que os conteúdos www.gestaoescolar.
dos próximos módulos enriqueçam ainda mais sua prática diaadia.pr.gov.br/
pedagógica com os estudantes da Educação Especial. arquivos/File/gestao_em_
foco/educacao_especial_
unidade1.pdf
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
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interação, trabalho e cidadania. Campinas, SP: Papirus, 1998. 

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Brasília, 1988. 

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______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei

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Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Brasília, 2015. 
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de 1996. Brasília: 1996. 
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