Você está na página 1de 12

Surdo

cegueira
Por Fabíola Felix "Não é a cegueira, mas a atitude das pessoas que
veem, face às pessoas cegas que constitui a mais
difícil carga a suportar." Helen Keller
De acordo com o Governo Federal “A Surdocegueira é uma
deficiência que compromete, em diferentes graus, os
sentidos da visão e audição. A privação dos dois canais
responsáveis pela recepção de informações a distância afeta
o desenvolvimento da comunicação e linguagem, a
mobilidade, a autonomia, o aprendizado etc.”
Os delegados de 30 países, muitos deles surdos-cegos, reunidos no dia 16 de setembro de 1977,
em Nova York, na I Conferência Mundial Helen Keller sobre serviços para os surdoscegos jovens e
adultos, adotaram por unanimidade a seguinte definição de pessoa surdacega: "Indivíduos surdos-
cegos devem ser definidos como aqueles que tem uma perda substancial de visão e audição de tal
forma que a combinação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista de metas
educacionais, vocacionais, de lazer e sociais."
Dentro das definições de surdo cego há uma variedade de pessoas abrangidas, nesse universo
existem pessoas cegas que perderam a audição após a aquisição da fala, outras, surdas congênitas,
que perderam a visão após aprenderem a língua de sinais e a leitura labial, outras ainda, que
perderam a audição e a visão após dominarem a linguagem oral; destas algumas possuem resíduo
auditivo ou visual.
Existe uma diferença entre uma pessoa surda ou uma pessoa cega e uma pessoa surdacega, ficando
claro que a surdez-cegueira não é uma simples soma das duas deficiências, mas sim uma forma de
deficiência com problemas específicos que exigem soluções especiais.
Nos Estados Unidos, na década de 1960, uma epidemia de Rubéola afetou, aproximadamente,
50.000 mulheres. Na ocasião, o Centro de Controle de Doenças, em Atlanta, previu que umas 2.500
crianças nasceriam surdas-cegas. O impacto, causado por essa previsão, levou as autoridades a se
mobilizarem para a criação de Centros especializados para o atendimento a essas crianças. Hoje em
dia, nos quatro cantos do mundo, vêm sendo desenvolvidos programas de atendimento ao surdo-
cego e de apoio a seus familiares.
A realização de Conferências, Simpósios, Seminários e principalmente os Encontros de Surdos-Cegos
têm, igualmente, sido de grande valia pois, além de possibilitarem o conhecimento de avançados
aparatos tecnológicos para uma vida mais independente e a divulgação de novos métodos e técnicas
educacionais, propiciam, ainda, a oportunidade de "encarar a vida com uma nova filosofia, uma nova
atitude"
No Brasil, em 1993 o Instituto Benjamin Constant criou o Programa Piloto De Atendimento Ao
Deficiente Auditivo-visual com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento máximo do potencial do
surdo-cego, promovendo a realização de atividades que venham ao encontro de suas necessidades
individuais, favorecendo, assim, sua autorrealização.
Existe uma declaração aprovada na IV Conferência Mundial Helen Keller, realizada em Estocolmo, em
setembro de 1989. Que estabelece:
1- Todo país deve realizar o senso de sua população surdo-cega.
2- A surdez-cegueira é uma deficiência única e não a simples soma das duas deficiências surdez e
cegueira, assim requer serviços especializados.
3- É imprescindível a formação de profissionais altamente especializados em todos os países. Quando, em
algum país, não for possível formar esses especialistas, deverá ser solicitada a ajuda de outras nações.
4- A comunicação é a maior barreira para o desenvolvimento pessoal e a educação do surdo-cego, por
este motivo o ensino de métodos de comunicação eficazes deverá ser priorizado.
5- Todo país deverá oferecer oportunidades para a educação do surdo-cego.
6- O surdo-cego pode ser alguém produtivo. Assim, devem ser criados programas de integração
profissional.
7- Deverá ser dada atenção à formação de intérpretes, profissionais imprescindíveis para a independência
do surdo-cego.
8- Devem ser criados sistemas residenciais alternativos, independentes, para o surdo-cego, que atendam
suas necessidades e aptidões.
9- A sociedade tem obrigação de permitir ao surdo-cego a participação em atividades de lazer e
recreação, em interação com a comunidade.
10- É essencial que a sociedade tome conhecimento das possibilidades e necessidades do surdo-cego para
que possa exigir o apoio governamental e comunitário na criação de serviços.
"Deficientes ou não deficientes, somos todos seres
humanos, vivendo no mesmo planeta e partilhando do
mesmo destino. O que a vida exige de nós, senão dar o
melhor de nós mesmos, para nós e para os outros?“
Richard Kinney
Bibliografia
CADER-NASCIMENTO, Fátima Ali Abdalah; MAIA, Shirley Rodrigues. Educação infantil; saberes e práticas da
inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. 4ª ed. Brasília: MEC,
Secretaria de Educação Especial, 2006.
CADER-NASCIMENTO, Fátima Ali Abdalah; COSTA, Maria da Piedade Resende. Abdel et al. Descobrindo a
surdocegueira: educação e comunicação. São Carlos: EdUFSCar, 2010.
REYES, Daniel Alvarez. La sordoceguera: uma discapacidad singular. In: REYES D. A. La sordoceguera: um análisis
multidisciplinar. Madrid: ONCE, 2004.
MAIA, Shirley Rodrigues; DE ARÁOZ, Susana Maria Mana. A surdocegueira–" saindo do escuro". Revista Educação
Especial, p. 19-23, 2001.
MONTEIRO, Margarida A. Surdez-cegueira. Benjamin Constant, n. 3, 1996.
COELHO, Lia Claudia. Experiência de vida na surdo cegueira. CARNEIRO, Bruno Gonçalves; LEÃO, Renato Jefferson
Bezerra; MIRANDA, Roselba Gomes de. Língua de Sinais, Identidades e Cultura Surda no Tocantins, v. 1, p. 01-12, 2019.

Você também pode gostar