Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73301998000100002
Trajetórias sociais e formas identitárias: alguns esclarecimentos
conceituais e metodológicos*
Claude Dubar**
Esta última parte será essencialmente programática, uma vez que poucas
pesquisas conseguiram relacionar, de modo convincente, os dois
procedimentos acima sem instrumentalizar um à lógica do outro. Existem
tentativas de se relacionar análises de "percursos típicos" (Dubar et alii,
1987; Nicole-Drancourt 1990; Demazière 1992), mas a articulação das
duas análises continua problemática: quer a análise estatística prévia
sirva somente para selecionar uma pequena amostra de casos, cuja
análise constitui a seguir o essencial dos resultados (lógica da restituição),
quer as entrevistas sirvam apenas para exemplificar tipos obtidos pela
análise estatística puramente nominalista (lógica da ilustração).
Estabelecer relações entre esquemas discursivos de relatos biográficos e
processos estruturais de determinação social continua sendo um exercício
essencialmente virtual.
À guisa de conclusão
A distinção inicial das duas faces dos processos identitários, para as quais
Kaufman propunha um aprofundamento conceitual, revelou-se fecunda
para manter uma autonomia, mas também reivindicar uma articulação
entre dois procedimentos tão importantes quanto diferentes. Um permite
esclarecer de que maneira os "quadros sociais de identificação" -
traduzidos em categorias estatísticas e em conceitos operatórios
permitindo analisar as "trajetórias objetivas" - condicionam os percursos
individuais. O outro almeja compreender os discursos biográficos como
"processos identitários individuais", por meio dos quais as crenças e as
práticas dos membros de uma sociedade contribuem para inventar novas
categorias, modificar as antigas e reconfigurar permanentemente os
próprios "quadros de socialização". Isto quer dizer que as "formas
identitárias" não podem ser consideradas como formas estáveis, que
seriam preexistentes às dinâmicas sociais que as constróem. Elas não
passam de ferramentas de análise, de formas provisórias de
inteligibilidade que o sociólogo constrói para "dar conta da maneira
segundo a qual os membros dão conta de suas práticas" (Garfinkel 1967).
ABSTRACT: The analysis of social trajectories faces two aspects of the life
process. The "objective trajectory" is defined as the sequence of social
positions taken during one's life, measured by statistical categories and
summarised in a general tendency (ascending, descending, stable etc.).
By contrast, the "subjective trajectory" is expressed by several
biographical accounts, measured by native categories that point out to
"social worlds", summarised in heterogeneous identity forms. It is
necessary to confront both analysis as we try to understand the social
identity as a process both biographical and institutional. Does the concept
of "configuration", as presented by Elias, enable us to combine typical
biographical processes (subjective accounts) to objective trajectories
(statistical categories)?
Bibliografia
DUBAR, C. (et. alli) L'autre jeunesse. Jeunes stagiaries sans diplôme, Lille,
Presses Universitaries, 1987. [ Links ]
HUGHES, E.C. Men and their work. Glencoe, The Free P, trad. Partielle in:
Le regard sociologique. Textes choises et présentés par J.M. Chapoulie,
Paris, éd. de l'press, 1996. [ Links ]
MEAD, G.H. Mind, self and society. Trad. Paris, PUF, 1963. [ Links ]
CEDES
revista@cedes.unicamp.br