Slides de Aula - Pobreza - Questão Social e Seu Enfrentamento

Unidade I
POBREZA: QUESTÃO SOCIAL

E SEU ENFRENTAMENTO
Profa. Luciana Lopes

Pobreza: questão social e seu
enfrentamento
 O que é pobreza hoje?

 Como ela se apresenta e configura
dentro de nossa sociedade?
 Há uma conceituação quanto ao que vem
a ser pobreza hoje no Brasil?
 Muitas questões vem à tona quando se
fala de pobreza.
 Pobreza é um tipo de situação,
primeiramente.
 Mas que situação?
enfrentamento
 Alguns conceituam a pobreza como a

que se refere a algum tipo de privação,
que pode ser somente material ou incluir
elementos de ordem cultural e social, em
face dos recursos disponíveis de uma
pessoa ou família.
família Essa privação pode
ser de natureza relativa ou subjetiva.
 Pode ser ainda conceituada como sendo
um conjunto de ausências vividas por
aqueles que passam por esta situação.
enfrentamento
 A pobreza nada mais é do que o

conjunto de todas as conceituações: de
ausências, privações, infortúnios,
limites, impossibilidades, exclusão
social, condição de não cidadão.
 É vista hoje como uma das
manifestações da questão social, e
dessa forma como expressão direta das
relações vigentes na sociedade.
enfrentamento
 Tais relações localizam a questão no

âmbito de relações constitutivas de um
padrão de desenvolvimento capitalista
extremamente desigual, em que
convivem acumulação e miséria.
 Os “pobres” são produtos dessas
relações, que produzem e reproduzem a
desigualdade no plano social, político,
econômico e cultural, definindo para eles
um lugar na sociedade.
enfrentamento
 A pobreza, expressão direta das relações

sociais, “certamente não se reduz às
privações materiais” (Yazbek, 2009, p.
73-74).
 É uma categoria multidimensional, e,
portanto, não se caracteriza apenas pelo
não acesso a bens, mas é categoria
política que se traduz pela carência de
direitos, de oportunidades, de
informações, de possibilidades e de
esperanças (Martins
(Martins, 1991
1991, p
p. 15)
15).
enfrentamento
 Ao falar de pobreza estou referindo a

uma forma de inserção na vida social, a
uma condição de classe e, portanto,
abordamos a pobreza como categoria
histórica e socialmente construída, como
fenômeno que não pode ser tomado
como natural.
 Não se trata apenas de um modo de
excluir, mas, muitas das vezes, é uma
forma sim de estar incluído.
enfrentamento
 Ela está ligada à qualidade relativa da

pobreza, que gira em torno da
desigualdade social, assim como de
outras condições reiteradoras da
desigualdade (como gênero, etnia,
procedência e outros aspectos)
aspectos).
 Como sabemos, no Brasil, “a pobreza
decorre em grande parte, de um quadro
de extrema desigualdade, marcado por
profunda concentração de renda. Essa
situação coloca o Brasil entre os países
de maior concentração de renda do
mundo (Silva, 2010, p. 156).
enfrentamento
 A pobreza é parte de nossa experiência

diária.
 Os impactos destrutivos do
capitalismo contemporâneo deixam
marcas sobre a população empobrecida:
o aviltamento do trabalho, o
desemprego, os empregados precário e
intermitente, a debilidade da saúde, o
desconforto da moradia precária e
insalubre, a alimentação insuficiente, a
fome a fadiga
fome, fadiga, a ignorância
ignorância, a
resignação, a revolta, a tensão e o medo
são sinais que anunciam os limites da
condição de vida dos excluídos
e subalternizados na sociedade.
enfrentamento
 Mas que desigualdade é esta?

 Desigualdade gerada e aprofundada pelo
sistema vigente – capitalismo;
 Gerada pela má distribuição de renda;
 Pelo acesso ou falta dele aos mínimos
necessários para sobrevivência.
 Mas que mínimos são estes que
diferenciam a condição de ser?
 E como se faz para mensurar a pobreza?
INTERVALO
enfrentamento
 Retomando alguns conceitos:

 O que vem a ser desigualdade social?
enfrentamento
 As primeiras tentativas de definição e de

compreensão de tal conceito surgiram
com os clássicos da Sociologia, Marx,
Weber e Durkheim.
 Segundo Marx, as classes sociais
(definidas pelo sistema de produção – os
que detêm os meios de produção e os
que não detêm tais meios) têm acesso à
renda (fundiária, lucro ou salário)
desigual, segundo o critério de
propriedade privada: os que são
proprietários da força de trabalho, os
proprietários do capital financeiro e os
proprietários de terras.
enfrentamento
 A vida dos indivíduos e suas formas de

vinculação em classes seriam definidas
a partir da posição ocupada pelo
indivíduo no sistema de produção, de
modo que os interesses, valores e visões
de mundo compartilhados pelos
indivíduos de uma mesma classe seriam
antagônicos aos compartilhados pelos
indivíduos de outra classe. Um exemplo
clássico, de Marx, são as visões de
mundo e os interesses diferentes entre
as classes da burguesia e dos
trabalhadores (Engels and Marx, 1990).
enfrentamento
Segundo Bobbio (2001), três questões

devem ser respondidas para
compreendermos o que vem a ser
(Des)igualdade, quais sejam:
 (Des)igualdade entre quem: entre todos,
quase todos, grande parte ou pequena
parte?
 Quais os bens e/ou ônus que devem ser
distribuídos – riqueza, prestígio, poder,
informação (educação)?
 E com base em quais critérios – raciais,
de gênero, de partido, de classe social,
meritocráticos?
enfrentamento
 A análise da desigualdade social baseia-

se em estudos sobre estratificação e
mobilidade social dos indivíduos na
hierarquia socioeconômica e política na
sociedade.
 Por estratificação social, entende-se um
sistema de organização dos indivíduos na
sociedade em grupos (classes/estratos)
relativamente homogêneos quanto a estilo
de vida, a interesses ou valores comuns,
segundo suas participações desiguais no
processo de distribuição de recompensas
socialmente valorizadas, tais como
riqueza, poder e prestígio.
enfrentamento
 Isso significa que indivíduos e grupos

têm acesso diferenciado às
recompensas valorizadas na sociedade,
de acordo com sua posição na hierarquia
socioeconômica e política do sistema de
estratificação.
estratificação
 O conceito de mobilidade social interage
com o de estratificação, uma vez que ela
se refere ao deslocamento de indivíduos
ou grupos de indivíduos de um estrato
para outro da hierarquia social
social.
enfrentamento
 Entretanto, mobilidade social só existe

em sociedades tidas como “abertas”,
isto é, aquelas em que há um mínimo de
abertura e de flexibilidade na
movimentação de pessoas entre as
diversas localizações na hierarquia.
hierarquia
 Ou seja, deve ser relacionada com o
movimento de pessoas no acesso e
transitar entre uma classe e outra.
 Depende da sociedade em que se vive,
do sistema que a permeia, entre outros.
enfrentamento
 A mobilidade pode ser vertical, a qual

refere-se ao movimento de subida
(ascendente) ou de descida
(descendente) dentro da estrutura de
estratificação socioeconômica.
 Isto é, aqueles que são beneficiados com
propriedade, renda, poder ou status são
os que apresentam uma mobilidade
ascendente, enquanto os outros que,
pelo contrário, perdem tais benefícios,
têm uma mobilidade descendente
descendente.
INTERVALO
enfrentamento
 Retomando mais uma vez a questão da

pobreza.
 Há muitas caracterizações do que é
pobreza, desigualdade.
 Os conceitos são parecidos, muitas das
vezes idênticos, igualando-se entre si.
 É uma forma de exclusão social, de
apartamento social.
 Exemplo: A = b + c6
 Sendo A significando a exclusão social;
b, a exclusão econômica; e c, a exclusão
política.
enfrentamento
Sendo ainda:
 b = pobre + miserável + pedinte +
indigente + subnutrido + desempregado
e outros.
 c = minorias sociais + segurança +
direitos humanos e outros.
 Pobreza vista, portanto, como uma
nomeação, que merece índices,
mensurações, estatísticas específicas.
enfrentamento
 O aspecto multidimensional, em seus

vários níveis, é facilmente detectado,
pois “(...) exclusão social (...) é um
fenômeno multidimensional que
superpõe uma multiplicidade de
trajetórias de desvinculação
desvinculação.” ”
(Wanderley, 1999, pg. 80).
 “Os modos de excluir são diferentes em
cada contexto histórico, ora
prevalecendo critérios discriminatórios
de mercado
mercado, ora simbólicos,
simbólicos ora de
gênero, todos com raiz política” (Demo,
1996, pg. 2).
enfrentamento
 O universo de ser ou estar em situação de

pobreza é marcado pela subalternidade,
pela revolta silenciosa, pela humilhação
e fadiga, pela crença na felicidade das
gerações futuras, pela alienação e
resistência e,
e sobretudo pelas estratégias
para melhor sobreviver, apesar de tudo.
 Embora a renda se configure como
elemento essencial para a identificação
da pobreza, o acesso a bens, recursos e
serviços sociais,
sociais ao lado de outros meios
complementares de sobrevivência, precisa
ser considerado para definir situações de
pobreza.
enfrentamento
 Os pobres, “nomeação da impotência

sociológica para não designá-los como
o vaivém entre o lúmpen e a fração
estagnada do proletariado” (Oliveira,
2006), esta imensa parcela de
humanidade de “gente explorada
explorada,
enganada, iludida, massacrada, gente
andarilhando por aí, à procura de um
sítio onde parar, trabalhar, descansar
o corpo, dormir, sobreviver”
(Freire, 1988, p. 7).
enfrentamento
 É gente que fica à espera em longas filas

“para receber os benefícios: uma cesta
um saco de leite, uma consulta, um lugar
no ônibus para ir ou voltar do trabalho,
para obter um documento, para
conseguir um emprego,
emprego reivindicar um
direito”...
enfrentamento
 Outro aspecto que merece destaque

refere-se à profunda estigmatização a
que são submetidos os pobres, “[...]
submersos numa ordem social que os
desqualifica, marcados por clichês:
‘inadaptados’ ‘marginais’,
‘inadaptados’, ‘marginais’
‘problematizados’, portadores de altos
riscos, casos sociais, alvo de
pedagogias de reerguimento e promoção
(Verdes-Leroux, 1986), os pobres
representam a herança histórica da
estruturação econômica, política e social
da sociedade brasileira” (cf. Yazbek,
2009, p. 22).
enfrentamento
 Para Zaluar (1985, p. 35), sobre eles vem

recaindo “grande parte da culpa pela
ausência de mudanças significativas”
nas sociedades em desenvolvimento.
Para Sarti (2003, p. 36), o que se observa
é a anulação do pobre como sujeito,
sujeito e
para Telles (1992, p. 3) a pobreza é
traçada como uma realidade em
negativo, uma espécie de limbo para a
onde são projetadas as carências, as
precariedades, as menoridades e os
atrasos do país.
enfrentamento
 A dominação e a subalternidade fazem

parte dessa pobreza.
 Tornar os indivíduos governáveis é parte
do jogo, administráveis a partir de
parâmetros.
 De acordo com Telles (2007, p. 214-215) é
nesse âmbito que se constrói um mundo
social marcado pela “gestão das
populações, gestão das vidas... e
administração de suas urgências”.
INTERVALO
enfrentamento
 Alguns índices de mensurar a pobreza,

de medir a pobreza é pelo
estabelecimento de um nível de renda
(linha de pobreza) abaixo do qual as
pessoas são classificadas como pobres.
 Podemos falar, portanto, do Índice
Í de
Pobreza Multidimensional - IPM.
enfrentamento
 O Índice de Pobreza Multidimensional

tem como objetivo fornecer um retrato
mais amplo sobre as pessoas que vivem
com dificuldades.
 O IPM aponta privações em educação,
saúde e padrão de vida – as mesmas
dimensões do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) – e pode
ajudar a canalizar os recursos para o
desenvolvimento de forma mais eficaz.
Reunidos esses itens proporcionam um
Reunidos,
retrato mais completo de pobreza do que
simples indicadores de renda.
enfrentamento
As três dimensões do IPM:

 Saúde;
 Educação;
 Padrões de vida.
Essas dimensões se subdividem em dez
indicadores:
 Nutrição (saúde);
 Mortalidade infantil (saúde);
 Anos de escolaridade (educação);
enfrentamento
Cont.:
 Crianças matriculadas (educação);
 Gás de cozinha (padrões de vida);
 Sanitários (padrões de vida);
 Água
Á (padrões de vida);
 Eletricidade (padrões de vida);
 Pavimento (padrões de vida);
 Bens domésticos (padrões de vida).
enfrentamento
 Uma família é multidimensionalmente

pobre se sofre privações em, pelo
menos, 30% dos indicadores (cada
divisão vale um terço; estes pesos são
divididos proporcionalmente pelo
número de indicadores analisados em
cada uma delas).
 Quanto maior o IPM, maior é o nível de
pobreza multidimensional.
 No Brasil, 8,5% da população vive em
pobreza multidimensional, e 13,1% estão
em risco de entrar nessa condição.
enfrentamento
 O país registra também 20,2% dos

habitantes com ao menos uma grave
privação em educação, 5,2% em saúde
e 2,8% em padrão de vida.
 De acordo com os critérios
internacionais de pobreza, entre os que
vivem com menos de US$ 1,25 por dia
encontram-se 5,2% do total – cerca de
R$5,50.
enfrentamento
 Em uma visão panorâmica e de âmbito

internacional, pode-se evidenciar que, na
última posição, está Níger (0,642); 93%
da população desse país africano é
classificada como pobre, ainda segundo
o IPM.
IPM
 Mais da metade dos pobres
multidimensionais está no sul da Ásia
(51%, ou 844 milhões de pessoas) e um
quarto na África (28%, ou 458 milhões).
enfrentamento
Sistematizando:
 Até aqui, o que sabemos?
 O que é pobreza;
 Quais seus reflexos;
 Como esta se expressa: exclusão,
desigualdade social;
 Quais os modos de mensurá-la;
 Podemos avançar ainda mais...
enfrentamento
Avançando agora, iremos discutir ainda:

 O que vem a ser vulnerabilidade social?
 O que é a tão dita questão social?
 Quais os rumos para seu
enfrentamento?
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade II
POBREZA: QUESTÃO SOCIAL E

SEU ENFRENTAMENTO
Profa. Luciana Lopes

enfrentamento
 A pobreza pode ser expressa ou

expressão de muitas coisas.
 Sua conceituação já contemplada ainda
abrange e abarca mais outras
conceituações, linhas de identificação.
 Uma destas é a da vulnerabilidade
social...
 A partir disso, o que vem a ser
vulnerabilidade social?
enfrentamento
 Os conceitos e medidas de pobreza

existentes procuram, basicamente,
estabelecer uma situação, classificando
pessoas, famílias ou unidades agregadas
– municípios, distritos, setores censitários
etc – de acordo com conjunto de
etc.
atributos que representam próximos do
nível de bem-estar.
 Vulnerabilidade social de pessoas,
famílias ou comunidades, entendida como
uma combinação de fatores que possam
produzir uma deterioração de seu nível de
bem-estar, em consequência de sua
exposição a determinados tipos
de riscos.
enfrentamento
Entre os fatores que compõem as situações

de vulnerabilidade social estão:
 Fragilidade ou desproteção ante as
mudanças originadas em seu entorno, o
desamparo institucional dos cidadãos
pelo Estado;
 Debilidade interna de indivíduos ou
famílias para realizar as mudanças
necessárias a fim de aproveitar o
conjunto de oportunidades que se
apresenta;
enfrentamento
Continuando:
 “Insegurança permanente que paralisa,
incapacita e desmotiva no sentido de
pensar estratégias e realizar ações com
o objetivo de lograr melhores condições
de vida”
(BUSSO, 2001).
enfrentamento
 Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo,

família ou grupos sociais refere-se à
maior ou menor capacidade de controlar
as forças que afetam seu bem-estar, ou
seja, a posse ou controle de ativos que
constituem os recursos requeridos para
o aproveitamento das oportunidades
propiciadas pelo Estado, mercado ou
sociedade (KATZMAN, 1999).
enfrentamento
 Assim, a vulnerabilidade não se limita a

considerar a privação de renda, central
nas medições baseadas em linhas de
pobreza, mas também a composição
familiar, as condições de saúde e o
acesso a serviços médicos
médicos, o acesso e a
qualidade do sistema educacional, a
possibilidade de obter trabalho com
qualidade e remuneração adequadas, a
existência de garantias legais e políticas
etc.
enfrentamento
Quando se fala do que e como se forma

uma situação vulnerável, pode apresentar
agravos:
 Físicos, que envolveriam todos os meios
essenciais para a busca de bem-estar.
Estes poderiam ainda ser divididos em
capital físico propriamente dito (terra,
animais, máquinas, moradia, bens
duráveis relevantes para a reprodução
social); ou capital financeiro, cujas
características seriam a alta liquidez e
multifuncionalidade, envolvendo
poupança e crédito, além de formas de
seguro e proteção;
enfrentamento
Cont.:
 Humanos, que incluiriam o trabalho
como ativo principal e o valor agregado
ao mesmo pelos investimentos em saúde
e educação, os quais implicariam maior
ou menor capacidade física para o
trabalho, qualificação etc;
enfrentamento
Cont.:
 Sociais, que incluiriam as redes de
reciprocidade, confiança, contatos e
acesso à informação.
 Assim, a condição de vulnerabilidade
deveria considerar a situação das
pessoas a partir dos seguintes
elementos: a inserção e estabilidade no
mercado de trabalho; a debilidade de
suas relações sociais; e, por fim, o grau
de regularidade e de qualidade de
acesso aos serviços públicos ou outras
formas de proteção social.
INTERVALO
enfrentamento
 Ainda quanto à vulnerabilidade social...

 Até aqui, os conceitos se inovam e
interagem entre si, se cruzam, tornando-
se, muitas das vezes, idênticos...
 Bem, mas ainda quanto à questão da
vulnerabilidade social, esta engloba
questões que considera a relação entre
ativos/vulnerabilidade/estrutura de
oportunidades, adotando a construção
de indicadores sociais mais amplos, não
se restringindo à delimitação de uma
determinada linha de pobreza.
enfrentamento
 Ainda quanto à vulnerabilidade social,

apreende-se não somente que o termo
vulnerabilidade expressa a existência
de uma zona intermediária instável
entre as situações de inclusão e de
exclusão social.
social
 A vulnerabilidade social conjuga uma
situação de precariedade do trabalho e
de fragilidade dos suportes de
proximidade, que a posição de
determinados grupos sociais em relação
ao mundo do trabalho.
enfrentamento
 Pelo que vimos até aqui, desigualdade,

vulnerabilidade, pobreza estão
intimamente ligadas à questão de
inserção...
 Inserção em determinado parâmetro;
 Inserção em determinada classe social;
 Inserção em níveis de classificação, em
linhas que conjuguem melhor o que vem
a ser...
 Mas uma inserção que permeia nosso
ciclo inclusivo/exclusivo desde os
primórdios, é a inserção no mercado de
trabalho...
enfrentamento
 Mas por que trabalho?

 Por ser uma categoria fundante para o
ser social;
 Por ser um parâmetro dentro da
sociedade capitalista;
 Por representar a identificação,
identificando pertencimento a
determinada classe social;
 Por ser um modo de incluir e excluir de
acessos e recursos...
recursos
enfrentamento
 Ainda quando se fala de trabalho,

remetemos à questão social...
 E o que é questão social?
 Já falamos de pobreza;
 Desigualdade social;
 Exclusão social;
 Vulnerabilidade social;
 Mas o que é a tão falada questão social,
muito remetida em nossa área de
atuação?...
enfrentamento
 Nos seus primórdios, a “questão social”,

era pensada a partir e na situação de
miséria, pobreza e todas as
manifestações delas.
 A partir de tal pensamento, as causas da
miséria e da pobreza estariam vinculadas
(nessa perspectiva) a pelo menos três
tipos de fatores, sempre vinculados ao
indivíduo que padece tal situação.
enfrentamento
 Primeiramente a pobreza, no
pensamento burguês, estaria vinculada a
um déficit educativo (falta de
conhecimento das leis “naturais” do
mercado e de como agir dentro dele).
 Em segundo lugar, a pobreza é vista
como um problema de planejamento
(incapacidade de planejamento
orçamentário familiar).
 Por fim, esse flagelo é visto como
problemas de ordem
moral-comportamental (mau gasto de
recursos, tendência ao ócio, alcoolismo,
vadiagem etc.).
enfrentamento
 Até aqui, muito se identifica com os

outros conceitos...
 Surgem com isso as bases para o
desenvolvimento de concepções, como a
da “cultura da pobreza”, onde a pobreza
e as condições de vida do pobre são
tidas como produto e responsabilidade
do limites culturais de cada indivíduo.
 Seu tratamento e enfrentamento
desenvolve-se fundamentalmente a partir
da organização de ações filantrópicas.
INTERVALO!
enfrentamento
 No contexto da expansão capitalista do

segundo pós-guerra, permeado pela
organização e lutas dos trabalhadores,
desenvolve-se uma nova “estratégia
hegemônica” do capital
(produtivo comercial) que incorpora
(produtivo-comercial),
(e enquadra) a classe trabalhadora
industrial-urbana.
 Nessa experiência, o Estado assume
tarefas e funções essenciais para a nova
fase de acumulação capitalista e
inibição-institucionalização dos conflitos
sociais da classe trabalhadora.
enfrentamento
 Aqui a “questão social” passa a ser como

que internalizada na ordem social. Não
mais como um problema meramente
oriundo do indivíduo, mas como
consequência do ainda insuficiente
desenvolvimento social e econômico (ou
do subdesenvolvimento).
 Passa de ser um “caso de polícia” para a
esfera da política (de uma “política”
reduzida à gestão administrativa dos
“problemas sociais” e seu enfrentamento
institucional), passa a ser tratada de forma
segmentada, mas sistemática, mediante
as políticas sociais estatais
(cf. NETTO, 1992).
enfrentamento
 Nessa perspectiva, a pobreza e a miséria,

expressões da “questão social”, são
vistas como um problema de distribuição
do mercado, como um descompasso na
relação oferta/demanda de bens e
serviços.
serviços
 Para isso, o Estado passa a absorver e
organizar parte do excedente e a
redistribuí-lo mediante políticas sociais.
enfrentamento
Pode conceituar a questão social, segundo

IAMAMOTO (1999, p. 27):
 O conjunto das expressões das
desigualdades da sociedade capitalista
madura, que têm uma raiz comum: a
produção social é cada vez mais
coletiva, o trabalho torna-se mais
amplamente social, enquanto a
apropriação dos seus frutos se mantém
privada, monopolizada por uma parte da
sociedade.
sociedade
enfrentamento
Não contraditória a essa concepção, temos

a de TELES (1996, p. 85):
 “... a questão social é a aporia das
sociedades modernas que põe em foco a
disjunção, sempre renovada, entre a
lógica do mercado e a dinâmica
societária, entre a exigência ética dos
direitos e os imperativos de eficácia da
economia, entre a ordem legal que
promete igualdade e a realidade das
desigualdades e exclusões tramada na
dinâmica das relações de poder e
dominação”.
enfrentamento
 Mas e a questão mais pertinente, e o seu

enfrentamento?
 A questão social é vista como base para
nossa atuação profissional.
 IAMAMOTO (1997, p. 14), define o objeto
do Serviço Social nos seguintes termos:
enfrentamento
“Os assistentes sociais trabalham com a

questão social nas suas mais variadas
expressões quotidianas, tais como os
indivíduos as experimentam no trabalho, na
família, na área habitacional, na saúde, na
assistência social pública etc.
etc Questão
social que sendo desigualdade é também
rebeldia, por envolver sujeitos que
vivenciam as desigualdades e a ela
resistem, se opõem.
enfrentamento
 É nesta tensão entre produção da

desigualdade e produção da rebeldia e
da resistência que trabalham os
assistentes sociais, situados nesse
terreno movido por interesses sociais
distintos aos quais não é possível
distintos,
abstrair ou deles fugir porque tecem a
vida em sociedade. [...] a questão social,
cujas múltiplas expressões são o objeto
do trabalho cotidiano do assistente
social .
social”.
enfrentamento
 Como base para nossa atuação

profissional, quais seriam as formas, as
maneiras de enfrentamento da questão
social?
INTERVALO
enfrentamento
 Fala-se, primeiramente, que para seu

enfrentamento deve ouvir o que não é
dito, investigar a pronúncia daqueles
para quais o mundo não tem ouvidos,
aqueles que movem o mundo, os que
constroem prédios
prédios, limpam as ruas
ruas,
alfabetizam crianças, que produzem a
riqueza, mas que, muitas vezes, sequer
têm acesso a uma subsistência digna.
enfrentamento
 Vale remeter-se a Paulo Freire (1979),

que fala que a transformação, antes que
um problema de métodos e técnicas, é o
estabelecimento de uma relação
diferente com o conhecimento e a
sociedade.
sociedade
 O que se faz necessário, portanto, é dar
voz e ouvir aqueles que chamamos de
invisíveis, retirando-os da (in)visibilidade
perversa para a real visibilidade –
sujeitos de direitos e cidadania
cidadania.
enfrentamento
 Hoje vivenciamos um contexto

neoliberal, que, por um lado, apresenta
como modo e meio de enfrentamento
das expressões da questão social a ação
estatal, as políticas sociais do Estado,
orientadas para a população mais pobre
(cidadão usuário); ações focalizadas,
precarizadas, regionalizadas e passíveis
de clientelismo.
enfrentamento
 Por outro lado, a ação mercantil,

desenvolvida pela empresa capitalista,
dirigida à população consumidora, com
capacidade de compra (cidadão cliente),
tornando os serviços sociais
mercadorias lucrativas
lucrativas.
 Finalmente, a ação do chamado “terceiro
setor”, ou da chamada sociedade civil
(organizada ou não), orientada para a
população não atendida nos casos
anteriores desenvolvendo uma
anteriores,
intervenção filantrópica.
enfrentamento
 Há um apelo para a solidariedade, o que

se diga hoje, uma refilantropização da
questão social.
 Estratégias de ação são apresentadas,
principalmente, na área de
operacionalização de políticas sociais.
 Muitos leques são abertos para o Serviço
Social, portanto.
 É necessário reconhecer que as políticas
sociais, em que se pese seu caráter
contraditório, são espaços de resistência,
sendo fundamental a sua
operacionalização sob a
prevalência de seus aspectos
emancipatórios.
enfrentamento
 Fala-se da mediação, da mediação que

nossa própria profissão pode realizar,
possibilitando a contribuição para a
redução da desigualdade, bem como
para a identificação, o reconhecimento e
o fortalecimento de resistências
resistências, na
perspectiva de materialização do projeto
ético-político do Serviço Social.
enfrentamento
 Fala-se de um compromisso:
“para o fortalecimento e aplicação do
conhecimento em prol da redução da
desigualdade, pelo enfrentamento da
pobreza, para o acesso de todos a bens e
serviços que garantam uma vida digna,
pelo fortalecimento e organização das
classes subalternizadas da sociedade, para
que o controle social das políticas públicas
e da política econômica seja desenvolvido
de baixo para cima” (SILVA; YAZBEK;
SILVA, 2005, p. 30).
enfrentamento
 O que significa, conforme IAMAMOTO

(2004), atuar “na transversalidade das
múltiplas expressões da questão social,
na defesa dos direitos sociais e
humanos e das políticas públicas que os
materializam” Esses são os desafios
materializam”.
contemporâneos da formação, do
exercício e da produção de
conhecimentos profissionais.
enfrentamento
 Ou seja, somos desafiados a superar as

palavras de efeito, pela possibilidade
concreta de materializar alternativas,
para que não busquemos dar sentido ao
que não tem sentido. A exploração e a
violação de direitos não têm sentido
sentido, em
nenhuma hipótese.
 É muito o que o Marcelo Garcia fala, que
é realizar o processo de travessia do
sujeito da vida institucional para a vida
comunitária gerando resultados na
comunitária,
garantia de sua inclusão e de sua família
através de ações de mobilidade social.
enfrentamento
 Ou seja, fazer a travessia da exclusão

para a inclusão social.
 Não é fácil...
 Nem pouco trabalhoso...
 Mas está muito ligado ao que move
nossa profissão...
 Ao que nos mobiliza e nos faz lutar
diariamente...
enfrentamento
Vai muito de encontro ao que Bertold Brecht

referencia:
 A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
 O poder apregoa: as coisas continuarão a
ser como são
 Nenhuma voz além da dos que mandam
 E em todos os mercados proclama a
exploração; isto é apenas o mau começo
enfrentamento
 Mas entre os oprimidos muitos há que

agora dizem
 Aquilo que nós queremos nunca mais o
alcançaremos!
 Quem ainda está vivo não diga: nunca!
O que é seguro não é seguro.
 As coisas não continuarão a ser
como são.
 Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
enfrentamento
 Quem pois ousa dizer: nunca?

 De quem depende que a opressão
prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe?
 Também de nós.
O que é esmagado que se levante!
 O que está perdido, lute!
 O que sabe ao que se chegou, que há aí
algo que o retenha, liberte-se!
 E nunca será: ainda hoje.
Porque os vencidos de hoje são os
vencedores de amanhã.
ATÉ A PRÓXIMA!

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Unidade I

POBREZA: QUESTÃO SOCIAL

Profa. Luciana Lopes

 O que é pobreza hoje?

 Alguns conceituam a pobreza como a

 A pobreza nada mais é do que o

 Tais relações localizam a questão no

 A pobreza, expressão direta das relações

 Ao falar de pobreza estou referindo a

 Ela está ligada à qualidade relativa da

 A pobreza é parte de nossa experiência

 Mas que desigualdade é esta?

 Retomando alguns conceitos:

 As primeiras tentativas de definição e de

 A vida dos indivíduos e suas formas de

Segundo Bobbio (2001), três questões

 A análise da desigualdade social baseia-

 Isso significa que indivíduos e grupos

 Entretanto, mobilidade social só existe

 A mobilidade pode ser vertical, a qual

 Retomando mais uma vez a questão da

 O aspecto multidimensional, em seus

 O universo de ser ou estar em situação de

 Os pobres, “nomeação da impotência

 É gente que fica à espera em longas filas

 Outro aspecto que merece destaque

 Para Zaluar (1985, p. 35), sobre eles vem

 A dominação e a subalternidade fazem

 Alguns índices de mensurar a pobreza,

 O Índice de Pobreza Multidimensional

As três dimensões do IPM:

 Uma família é multidimensionalmente

 O país registra também 20,2% dos

 Em uma visão panorâmica e de âmbito

Avançando agora, iremos discutir ainda:

POBREZA: QUESTÃO SOCIAL E

Profa. Luciana Lopes

 A pobreza pode ser expressa ou

 Os conceitos e medidas de pobreza

Entre os fatores que compõem as situações

 Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo,

 Assim, a vulnerabilidade não se limita a

Quando se fala do que e como se forma

 Ainda quanto à vulnerabilidade social...

 Ainda quanto à vulnerabilidade social,

 Pelo que vimos até aqui, desigualdade,

 Mas por que trabalho?

 Ainda quando se fala de trabalho,

 Nos seus primórdios, a “questão social”,

 Até aqui, muito se identifica com os

 No contexto da expansão capitalista do

 Aqui a “questão social” passa a ser como

 Nessa perspectiva, a pobreza e a miséria,

Pode conceituar a questão social, segundo

Não contraditória a essa concepção, temos

 Mas e a questão mais pertinente, e o seu

“Os assistentes sociais trabalham com a

 É nesta tensão entre produção da

 Como base para nossa atuação

 Fala-se, primeiramente, que para seu

 Vale remeter-se a Paulo Freire (1979),

 Hoje vivenciamos um contexto

 Por outro lado, a ação mercantil,