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SIMULADO PARA A 2ª FASE DO XXXVII EXAME DA

OAB: DIREITO TRIBUTÁRIO


PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL: Objetivando diminuir os efeitos da grave crise financeira pela qual atravessa,
ocasionada pela forte queda na arrecadação de tributos em razão da paralisação de atividades econômicas
por causa de uma pandemia, a Assembleia Legislativa do Estado Alfa aprovou a Lei Estadual nº 123, que foi
sancionada pelo Governador do Estado e publicada em 19 de novembro deste ano. Com vistas a incrementar
as receitas públicas, a referida lei instituiu uma taxa sobre vendas interestaduais, incidente sobre operações
de venda destinadas a outros Estados da Federação. A base de cálculo dessa taxa é o preço da venda das
mercadorias destinadas a outros Estados e os contribuintes são os comerciantes que realizam essas vendas,
a quem incumbe recolher o tributo no momento da saída das mercadorias de seus estabelecimentos. Ainda
de acordo com essa lei, a taxa em questão deve ser paga mensalmente, todo dia 10 de cada mês, a partir do
primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao da sua publicação. Inconformadas com a publicação dessa
lei, em 14 de dezembro (do mesmo ano de publicação da lei) as empresas de comércio eletrônico (e-
commerce) que atuam no Estado Alfa buscaram o escritório regional (localizado na capital do referido Estado
Alfa) da Associação Nacional das Empresas de Comércio Eletrônico (ANECE), legalmente constituída e em
funcionamento desde 2015, à qual estão filiadas. Por entenderem que essa exigência tributária é contrária
ao ordenamento jurídico, as empresas informaram à ANECE que não pretendem recolher a taxa instituída
pela Lei Estadual nº 123. Relataram, porém, que têm receio de sofrer iminentes atos de cobrança da taxa 1
pelo Fisco Estadual, com a consequente impossibilidade de obtenção de certidão de regularidade fiscal. Por
isso querem a rápida defesa dos direitos da categoria, com efeitos imediatos, para que não sejam obrigadas
a recolher qualquer valor a título da referida taxa. Como advogado(a) constituído(a) pela ANECE, que não
deseja correr o risco de eventual condenação em honorários de sucumbência, e considerando a
desnecessidade de dilação probatória, elabore a medida judicial cabível para atender aos interesses dos seus
associados, ciente da pertinência da matéria às finalidades estatutárias e da inexistência de autorização
especial para a atuação da associação nessa demanda (Valor: 5,00 pontos)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

QUESTÃO DISCURSIVA Nº 01: João foi citado, em processo de Execução Fiscal, para pagamento de multas
que lhe foram aplicadas por diversas infrações à legislação de trânsito, previstas no Código de Trânsito
Brasileiro. Após garantir parcialmente a execução por meio do seu único bem, qual seja, o veículo automotor
com o qual praticou as infrações, João opôs Embargos à Execução Fiscal impugnando a cobrança, sobre o
argumento (dentre outros) de que a Execução Fiscal não é o instrumento processual adequado para a
cobrança de débitos relativos à multas por infração a legislação de trânsito. Com base na situação
apresentada, responda aos itens a seguir:

1
A) Os Embargos à Execução Fiscal podem ser admitidos ante a garantia parcial da execução? Fundamente.

B) A Execução Fiscal é o instrumento processual adequado para a cobrança de débitos relativos a multas por
infração à legislação de trânsito? Fundamente.

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.

QUESTÃO DISCURSIVA Nº 02: A empresa ABC pretende constituir hipoteca sobre imóvel de sua propriedade,
em garantia de empréstimo bancário. Como a legislação municipal prevê a incidência de ITBI - Imposto sobre
a Transmissão de Bens Imóveis sobre essa operação, o lançamento do imposto foi devidamente constituído
para pagamento antes da constituição da hipoteca, sendo, pois, uma das condições para a realização do ato.
Sem condições financeiras para saldar o imposto, a empresa ABC pagou propina ao agente público do
Município, para que ele emitisse uma certidão que atestava falsamente a quitação desse débito relativo ao
ITBI. A certidão seria apresentada ao tabelião para a constituição daquela hipoteca. Com base na situação
apresentada, responda aos itens a seguir:

A) A constituição de hipoteca está sujeita à incidência do ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens
Imóveis? 2

B) O agente público do Município poderá ser pessoalmente responsabilizado pelo crédito tributário e demais
encargos, relativamente ao ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis não recolhido?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.

QUESTÃO DISCURSIVA Nº 03: O Município X publicou, em 23/08/2019, a lei nº 1/2019, por meio da qual
instituiu o ISS sobre a cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário. Em
razão de diversas falhas gramaticais no texto dessa lei, várias empresas ficaram em dúvida sobre a sua
aplicação relativamente às atividades que desenvolvem. Por isso, essas empresas deixaram de realizar a
emissão de nota fiscal, a declaração e o recolhimento do imposto. Tal situação levou o Município a publicar,
em 26/05/2020, uma segunda lei sobre a matéria, qual seja, a lei nº 2/2020, expressamente interpretativa
da lei nº 1/2019, esclarecendo que as empresas do seguimento de locação de andaimes para a construção
civil também estão obrigadas a emitir nota fiscal, declarar e recolher o ISS conforme exigido pela lei nº
1/2019. Assim que a lei interpretativa nº 2/2020 foi publicada, os Fiscais da Fazenda Municipal fiscalizaram
a empresa ABC, que atua no ramo de locação de andaimes para a construção civil e que havia deixado de
cumprir as obrigações tributárias relativas ao ISS em razão das dúvidas existentes, e, diante da interpretação
dada pela lei nº 2/2020, a autuaram pela falta de emissão de nota fiscal, de declaração e de recolhimento
2
do referido imposto no período compreendido entre agosto de 2019 e maio de 2020. Com base na situação
apresentada, responda aos itens a seguir:

A) A atividade de locação de andaimes para a construção civil está sujeita à incidência do ISS? Fundamente.

B) A autuação da empresa ABC está correta?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.

QUESTÃO DISCURSIVA Nº 04: A empresa XYZ atua no ramo de produção e venda de livros eletrônicos. Em
diligência de fiscalização, realizada após a constatação de falta de recolhimento do Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS relativamente aos livros que a empresa produziu e vendeu, os
fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado lhe exigiram a imediata apresentação de todas as notas e livros
fiscais dos últimos cinco (5) exercícios, sob pena de autuação, sem qualquer possibilidade de contraditório e
ampla defesa e sem terem apresentado mandado judicial autorizando a medida. Com base na situação
apresentada, responda aos itens a seguir:

A) É devido o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS sobre a atividade desenvolvida
3
pela empresa XYZ?

B) A exigência de imediata apresentação de notas e livros fiscais da empresa, sob pena de autuação, sem
qualquer possibilidade de contraditório e ampla defesa e sem apresentação mandado judicial autorizando a
medida, é ilegal ou inconstitucional?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.

GABARITO

GABARITO DA PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL: Objetivando diminuir os efeitos da grave crise financeira pela
qual atravessa, ocasionada pela forte queda na arrecadação de tributos em razão da paralisação de
atividades econômicas por causa de uma pandemia, a Assembleia Legislativa do Estado Alfa aprovou a Lei
Estadual nº 123, que foi sancionada pelo Governador do Estado e publicada em 19 de novembro deste ano.
Com vistas a incrementar as receitas públicas, a referida lei instituiu uma taxa sobre vendas interestaduais,
incidente sobre operações de venda destinadas a outros Estados da Federação. A base de cálculo dessa taxa
é o preço da venda das mercadorias destinadas a outros Estados e os contribuintes são os comerciantes que
realizam essas vendas, a quem incumbe recolher o tributo no momento da saída das mercadorias de seus
3
estabelecimentos. Ainda de acordo com essa lei, a taxa em questão deve ser paga mensalmente, todo dia
10 de cada mês, a partir do primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao da sua publicação.
Inconformadas com a publicação dessa lei, em 14 de dezembro (do mesmo ano de publicação da lei) as
empresas de comércio eletrônico (e-commerce) que atuam no Estado Alfa buscaram o escritório regional
(localizado na capital do referido Estado Alfa) da Associação Nacional das Empresas de Comércio Eletrônico
(ANECE), legalmente constituída e em funcionamento desde 2015, à qual estão filiadas. Por entenderem que
essa exigência tributária é contrária ao ordenamento jurídico, as empresas informaram à ANECE que não
pretendem recolher a taxa instituída pela Lei Estadual nº 123. Relataram, porém, que têm receio de sofrer
iminentes atos de cobrança da taxa pelo Fisco Estadual, com a consequente impossibilidade de obtenção de
certidão de regularidade fiscal. Por isso querem a rápida defesa dos direitos da categoria, com efeitos
imediatos, para que não sejam obrigadas a recolher qualquer valor a título da referida taxa. Como
advogado(a) constituído(a) pela ANECE, que não deseja correr o risco de eventual condenação em
honorários de sucumbência, e considerando a desnecessidade de dilação probatória, elabore a medida
judicial cabível para atender aos interesses dos seus associados, ciente da pertinência da matéria às
finalidades estatutárias e da inexistência de autorização especial para a atuação da associação nessa
demanda (Valor: 5,00 pontos)

RASCUNHO/ESBOÇO DA PEÇA

1) Ação: Mandado de Segurança Coletivo (preventivo).


4
Obs.: no MS Coletivo é preciso demonstrar a legitimidade ativa do impetrante!

2) Juiz competente: Juiz Comum/de Direito.

3) Foro competente: Vara Cível ou Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital do Estado Alfa.

4) Polo ativo: Associação Nacional das Empresas de Comércio Eletrônico ou ANECE.

5) Polo passivo: Delegado Regional Tributário da Secretaria da Fazenda do Estado Alfa.

6) Cabimento/fundamento processual: art. 5º, inciso LXX, alínea “b”, da CF/88, arts. 21 e 7º, inciso III, da Lei
Federal nº 12.016/09 e art. 319 do CPC.

Obs.: no MS Coletivo é preciso justificar o cabimento!

7) Tempestividade: não tem esse tópico, pois esse MS é preventivo.

8) Fatos: texto padrão.

9) Tese(s) Jurídica(s): T1: art. 145, II da CF/88 ou art. 77, caput, do CTN; T2: art. 145, § 2º, da CF/88 ou art.
77, parágrafo único, do CTN; T3: art. 152 da CF/88; e T4: art. 150, III, “c”, da CF/88.
4
10) Tutela provisória/liminar/etc.: art. 7º, III, da Lei Federal nº 12.016/09.

11) Pedidos: i) liminar; ii) procedência e concessão da ordem ou da segurança em definitivo; iii) notificação
da autoridade coatora; iv) oitiva do MP; v) ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica; e vi) condenação em custas.

12) Valor da causa: texto padrão.

13) Provas: (atenção: o MS não comporta pedido de dilação probatória).

14) Conciliação: texto padrão.

15) Desfecho: texto padrão.

ATENÇÃO: não pode esquecer (i) de justificar o cabimento do MS Coletivo e (ii) de demonstrar a
legitimidade ativa da associação.

ESPELHO DE CORREÇÃO

ITEM PONTUAÇÃO
Endereçamento:
5
01) Vara Cível ou Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital do
0,00/0,10
Estado Alfa (0,10)
Partes:
02) Impetrante: Associação Nacional das Empresas de Comércio
0,00/0,10
Eletrônico ou ANECE (0,10)
03) Impetrado: Delegado Regional Tributário (0,10) 0,00/0,10
04) Órgão da pessoa jurídica interessada: Secretaria da Fazenda do
0,00/0,10
Estado Alfa (0,10)
Cabimento:
05) Há iminência de ato coator e a desnecessidade de dilação
0,00/0,10
probatória (0,10)
06) É cabível a impetração de MS coletivo para a defesa de direitos
coletivos dos associados (0,10), nos termos do art. 5º, inciso LXX, 0,00/0,10/0,20
alínea “b”, da CF/88 ou do art. 21 da Lei Federal nº 12.016/09 (0,10)
Legitimidade ativa:
07) Entidade de classe legalmente constituída e em funcionamento
há mais de um ano, em defesa de direitos líquidos e certos de parte
dos associados, pertinentes às suas finalidades (0,10), nos termos do 0,00/0,10/0,20
art. 5º, inciso LXX, alínea “b”, da CF/88 ou do art. 21 da Lei Federal nº
12.016/09 ou da Súmula 629 do STF (0,10)

5
Fundamentos de mérito:
08) A taxa de vendas interestaduais não constitui contrapartida ao
exercício do poder de polícia ou a serviço público específico e divisível
0,00/0,10/0,60
(0,50), afrontando o art. 145, inciso II, da CF/88 ou o art. 77, caput,
do CTN (0,10)
09) A taxa possui base de cálculo própria de imposto, qual seja, o
preço de venda das mercadorias, que já é alcançado pelo ICMS (0,50),
0,00/0,10/0,60
afrontando o art. 145, § 2º, CF/88 ou o Art. 77, parágrafo único, do
CTN (0,10)
10) A taxa sobre vendas interestaduais estabelece tratamento
diferenciado em razão do destino do bem (0,50), afrontando o art. 0,00/0,10/0,60
152 da CF/88 (0,10)
11) Houve violação do princípio da anterioridade nonagesimal, pois a
lei prevê a cobrança do tributo antes de decorridos 90 dias de sua 0,00/0,10/0,50
publicação (0,40), afrontando o art. 150, inciso III, “c”, da CF/88 (0,10)
Fundamentos da liminar:
12) Demonstrar os pressupostos legais da liminar (o fumus boni iuris
e o periculum in mora), nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei Federal 0,00/0,10
nº 12.016/09 (0,10)
13) Demonstrar a presença do fumus boni iuris em razão das afrontas
ao ordenamento jurídico, apresentadas nos fundamentos de mérito 0,00/0,10 6
(0,10)
14) Demonstrar a presença do periculum in mora, pois há risco de
iminente ato de cobrança e consequente impedimento de obtenção 0,00/0,10
de certidão de regularidade fiscal (0,10)
Pedidos:
15) Deferimento da liminar para que o juiz determine a suspensão da
exigibilidade do crédito tributários (0,10), nos termos do art. 151,
inciso IV, do CTN, com vistas ao impedimento de qualquer ato de 0,00/0,10/0,20
cobrança e expedição de certidão de regularidade fiscal (0,10),
afirmando a existência do fumus boni iuris e do periculum in mora
16) Procedência do pedido com a concessão da ordem ou da
segurança em definitivo (0,20), por afronta ao art. 145, II e § 2º, da
0,00/0,20/0,30
CF/88 ou ao art. 77 e parágrafo único, do CTN, ao art. 152 da CF/88 e
ao 150, inciso III, “c”, da CF/88, ratificando-se a liminar (0,10).
17) Notificação da autoridade coatora para apresentar informações
0,00/0,10/0,20
(0,10), nos termos do art. 7º, inciso I, da Lei nº 12.016/09 (0,10)
18) Oitiva ou intimação do representante do Ministério Público
0,00/0,10/0,20
(0,10), nos termos do art. 12 da Lei nº 12.016/09 (0,10)

6
19) Ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada (0,10), nos termos do art. 7º, inciso II, da Lei nº 0,00/0,10/0,20
12.016/09 (0,10)
20) Condenação da autoridade coatora/ente público no
ressarcimento das custas (0,10), nos termos do art. 25 da Lei Federal 0,00/0,10
nº 12.016/09 ou da Súmula 512 do STF
21) Dispensa da audiência de conciliação (0,10), nos termos do art.
0,00/0,10
334, § 4º, inciso II, do CPC
Fechamento:
22) Valor da causa (0,10) 0,00/0,10
23) Local, data, Advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10
TOTAL 5,00

GABARITO DA QUESTÃO DISCURSIVA Nº 01: João foi citado, em processo de Execução Fiscal, para
pagamento de multas que lhe foram aplicadas por diversas infrações à legislação de trânsito, previstas no
Código de Trânsito Brasileiro. Após garantir parcialmente a execução por meio do seu único bem, qual seja,
o veículo automotor com o qual praticou as infrações, João opôs Embargos à Execução Fiscal impugnando a
cobrança, sobre o argumento (dentre outros) de que a Execução Fiscal não é o instrumento processual
adequado para a cobrança de débitos relativos à multas por infração a legislação de trânsito. Com base na 7
situação apresentada, responda aos itens a seguir:

A) Os Embargos à Execução Fiscal podem ser admitidos ante a garantia parcial da execução? Fundamente.

Resposta: De acordo com o § 1º do art. 16 da Lei de Execução Fiscal, o executado oferecerá Embargos à
Execução Fiscal no prazo de até trinta (30) dias, contados da garantia da execução, não sendo admissíveis os
embargos – de acordo com o referido § 1º – antes de integralmente garantida a execução. Essa é a regra
geral (segundo a qual os embargos não são admitidos antes de integralmente garantida a execução).
Contudo, ao julgar o REsp. 1.127.815/SP em regime de Recurso Especial Representativo de Controvérsia, o
STJ decidiu que os Embargos à Execução Fiscal devem ser admitidos mesmo se a execução for parcialmente
garantida, desde que – atenção – o devedor comprove seu estado de hipossuficiência. Portanto, a admissão
dos Embargos à Execução Fiscal mediante a garantia parcial da execução é medida excepcional, que só pode
ser aceita acaso comprovado, inequivocamente, que o Executado não tem condições de garantir
inteiramente a execução (hipossuficiência comprovada), em homenagem aos Princípios do Contraditório,
Ampla Defesa e da Inafastabilidade da Jurisdição. Por isso, os embargos podem ser admitidos.

B) A Execução Fiscal é o instrumento processual adequado para a cobrança de débitos relativos a multas por
infração à legislação de trânsito? Fundamente.

7
Resposta: A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e respectivas autarquias é regida pela Lei Federal nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal). De acordo
com o art. 2º dessa lei, constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não
tributária. Portanto, mesmo não tendo natureza tributária, débitos relativos a multas por infração à
legislação de trânsito podem ser objetos de cobrança por meio de processo de Execução Fiscal.

ITEM PONTUAÇÃO
A) Sim, a admissão dos Embargos à Execução Fiscal mediante a
garantia parcial da execução é medida excepcional, que só pode ser
aceita acaso comprovado, inequivocamente, que o Executado não
tem condições de garantir inteiramente a execução (hipossuficiência 0,00/0,55/0,65
comprovada), conforme entendimento do STJ (0,55), apesar do
quanto disposto no § 1º do art. 16 da Lei de Execução Fiscal (Lei nº
6.830/80) (0,10)
B) Sim, pois de acordo com o art. 2º da Lei nº 6.830/80 (0,10), podem
ser submetidos à cobrança por meio de Execução Fiscal os débitos 0,00/0,50/0,60
tributários e não tributário, como as multas de trânsito (0,50)

GABARITO DA QUESTÃO DISCURSIVA Nº 02: A empresa ABC pretende constituir hipoteca sobre imóvel de 8
sua propriedade, em garantia de empréstimo bancário. Como a legislação municipal prevê a incidência de
ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis sobre essa operação, o lançamento do imposto foi
devidamente constituído para pagamento antes da constituição da hipoteca, sendo, pois, uma das condições
para a realização do ato. Sem condições financeiras para saldar o imposto, a empresa ABC pagou propina ao
agente público do Município, para que ele emitisse uma certidão que atestava falsamente a quitação desse
débito relativo ao ITBI. A certidão seria apresentada ao tabelião para a constituição daquela hipoteca. Com
base na situação apresentada, responda aos itens a seguir:

A) A constituição de hipoteca está sujeita à incidência do ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens
Imóveis?

Resposta: De acordo com o inciso II do art. 156 da CF/88, compete aos Municípios instituir imposto sobre a
transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física,
e de direitos reais sobre imóveis, "exceto os de garantia", bem como cessão de direitos a sua aquisição.
Assim, sendo a hipoteca um direito real de garantia, nos termos do Código Civil, a sua constituição não está
sujeita à incidência do ITBI, em razão da referida exclusão constitucional.

B) O agente público do Município poderá ser pessoalmente responsabilizado pelo crédito tributário e demais
encargos, relativamente ao ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis não recolhido?

8
Resposta: O agente público do Município poderá ser pessoalmente responsabilizado, pois a certidão
tributária expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza
pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos, de acordo com
o caput do art. 208 do CTN.

ITEM PONTUAÇÃO
A) Não, pois de acordo com o inciso II do art. 156 da CF/88 (0,10), os
direitos reais de garantia, como a hipoteca, não estão sujeitos à 0,00/0,55/0,65
incidência do ITBI (0,55)
B) Sim, o agente público pode ser pessoalmente responsabilizado por
crédito tributário e seus encargos quando expedir certidão tributária
0,00/0,50/0,60
mediante fraude ou que contenha erro contra a Fazenda Pública
(0,50), nos termos do caput do art. 208 do CTN. (0,10)

GABARITO DA QUESTÃO DISCURSIVA Nº 03: O Município X publicou, em 23/08/2019, a lei nº 1/2019, por
meio da qual instituiu o ISS sobre a cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso
temporário. Em razão de diversas falhas gramaticais no texto dessa lei, várias empresas ficaram em dúvida
sobre a sua aplicação relativamente às atividades que desenvolvem. Por isso, essas empresas deixaram de
realizar a emissão de nota fiscal, a declaração e o recolhimento do imposto. Tal situação levou o Município 9
a publicar, em 26/05/2020, uma segunda lei sobre a matéria, qual seja, a lei nº 2/2020, expressamente
interpretativa da lei nº 1/2019, esclarecendo que as empresas do seguimento de locação de andaimes para
a construção civil também estão obrigadas a emitir nota fiscal, declarar e recolher o ISS conforme exigido
pela lei nº 1/2019. Assim que a lei interpretativa nº 2/2020 foi publicada, os Fiscais da Fazenda Municipal
fiscalizaram a empresa ABC, que atua no ramo de locação de andaimes para a construção civil e que havia
deixado de cumprir as obrigações tributárias relativas ao ISS em razão das dúvidas existentes, e, diante da
interpretação dada pela lei nº 2/2020, a autuaram pela falta de emissão de nota fiscal, de declaração e de
recolhimento do referido imposto no período compreendido entre agosto de 2019 e maio de 2020. Com
base na situação apresentada, responda aos itens a seguir:

A) A atividade de locação de andaimes para a construção civil está sujeita à incidência do ISS? Fundamente.

Resposta: Não está sujeita, pois é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis, conforme Súmula Vinculante nº 31.

B) A autuação da empresa ABC está correta?

Resposta: Não, pois muito embora a lei meramente interpretativa possa ser aplicada retroativamente, é
vedada a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados, conforme art. 106, inciso I, do
CTN.

9
ITEM PONTUAÇÃO
A) Não, pois é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços
de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens 0,00/0,55/0,65
móveis (0,55), conforme Súmula Vinculante nº 31 (0,10).
B) Não, pois muito embora a lei meramente interpretativa possa ser
aplicada retroativamente, é vedada a aplicação de penalidade à
0,00/0,50/0,60
infração dos dispositivos interpretados (0,50), conforme art. 106,
inciso I, do CTN. (0,10).

GABARITO DA QUESTÃO DISCURSIVA Nº 04: A empresa XYZ atua no ramo de produção e venda de livros
eletrônicos. Em diligência de fiscalização, realizada após a constatação de falta de recolhimento do Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS relativamente aos livros que a empresa produziu e
vendeu, os fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado lhe exigiram a imediata apresentação de todas as notas
e livros fiscais dos últimos cinco (5) exercícios, sob pena de autuação, sem qualquer possibilidade de
contraditório e ampla defesa e sem terem apresentado mandado judicial autorizando a medida. Com base
na situação apresentada, responda aos itens a seguir:

A) É devido o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS sobre a atividade desenvolvida
pela empresa XYZ? 10

Resposta: Não é devido o imposto, pois imunidade tributária relativa a impostos incidentes sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão abrange o livro eletrônico, conforme decidido pelo
STF em regime de Repercussão Geral (RE 330.817) ou conforme Súmula Vinculante nº 57 ("A imunidade
tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no mercado
interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de
livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias").

B) A exigência de imediata apresentação de notas e livros fiscais da empresa, sob pena de autuação, sem
qualquer possibilidade de contraditório e ampla defesa e sem apresentação mandado judicial autorizando a
medida, é ilegal ou inconstitucional?

Resposta: A ação fiscal mostra-se como ato regular de fiscalização e não apresenta qualquer ilegalidade ou
inconstitucionalidade, pois não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do
direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los, de acordo com o caput do art.
195 do CTN ou por que “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais,
limitado o exame aos pontos objeto da investigação”, conforme Súmula nº 439 do STF.

ITEM PONTUAÇÃO

10
A) Não é devido o imposto, pois imunidade tributária relativa a
impostos incidentes sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão abrange o livro eletrônico (0,55), 0,00/0,55/0,65
conforme decidido pelo STF em regime de Repercussão Geral ou
conforme Súmula Vinculante nº 57 (0,10).
B) A ação fiscal mostra-se como ato regular de fiscalização e não
apresenta qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade, pois não
têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou
limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
0,00/0,50/0,60
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de
exibi-los (0,50), de acordo com o caput do art. 195 do CTN (0,10) ou
por que estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária
quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação (0,50), conforme Súmula nº 439 do STF (0,10)

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