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PROJETO PLURAL – ESCOLA PROFISSIONAL

Ano Letivo 2020/2021


Curso Profissional de Técnico de Serviços Jurídicos
Pré Projeto da Prova de Aptidão Profissional
2ªAvaliação Intermédia

“A Adoção”

PRÉ-PROJETO ELABORADO PELA ALUNA:


Maria Luís Matos Neto Marques - Nº14/18 - 3º Ano

PROFESSOR ACOMPANHANTE: Dra. Célia Pereira


ÍNDICE
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 3
1. FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO ......................................................................................... 4
1.1 APRESENTAÇÃO SUMÁRIA DO PROJETO ................................................................ 4
1.2 . PERTINÊNCIA DO PROJETO ........................................................................................ 5
1.3 . JUSTIFICAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 6
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 7
3. INVESTIGAÇÃO........................................................................................................................... 7
3.1. Evolução da adoção............................................................................................................. 10
3.2. A Adoção - Conceito ............................................................................................................ 12
3.3. Requisitos Necessários ...................................................................................................... 14
3.3.1. Requisitos Gerais .............................................................................................................. 15
3.3.1.2. Fundamentar-se em motivos legítimos ..................................................................... 16
3.3.1.3. Não envolver sacrifício injusto para os outros filhos do adotante ........................ 16
3.3.1.4. Ser razoável de supor que entre o adotante e o adotado se irá estabelecer um
vínculo semelhante ao da filiação ............................................................................................ 16
3.3.2. Requisitos especiais ........................................................................................................ 17
3.2.2.3. Consentimento.............................................................................................................. 20
3.4. Preparação dos candidatos ............................................................................................... 21
5. Quadro comparativo ............................................................................................................ 22
7. AÇÕES A DESENVOLVER/ CANDALARIZAÇÃO .................................................................... 26
7.1.1. Ações a desenvolver .................................................................................................. 26
7.1.2. CANDALARIZAÇÃO ......................................................................................................... 28
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 29
Bibliografia ......................................................................................................................................... 30
Projeto da Prova de Aptidão Profissional - “A Adoção”

INTRODUÇÃO

A Prova de Aptidão Profissional baseia-se na apresentação e defesa, na presença de


um júri, de um projeto concretizado, num produto, material ou intelectual, numa intervenção,
de acordo com a natureza do curso profissional de técnico de serviços jurídicos e, também
num relatório final e apreciação crítica relativamente aos conhecimentos adquiridos ao longo
dos três anos.
O tema que pretendemos desenvolver em sede de projeto é a “Adoção”. Escolhemos
este tema, já que, foi abordado no âmbito do curso e também pela sua relevância social. Um
dos fatores de importante análise é o abandono de crianças em Portugal: 254 crianças, o
elevado número de casos sinalizados em situação de perigo: 39 mil crianças, in
https://www.dn.pt/vida-e-futuro/criancas-e-jovens-so-em-2018-foram-comunicadas-mais-de-
39-mil-situacoes-de-perigo--11487304.html.
A escolha deste tema prende-se ainda com motivações pessoais na medida em que
esta temática sempre despertou a nossa curiosidade e interesse, pelo que pretendemos
desenvolver conhecimentos em relação ao processo adotivo tanto a nível nacional como a
nível internacional e, por outro lado, conhecer a realidade das crianças institucionalizadas
propostas para adoção, pois temos a pretensão de, no futuro, adotar uma criança.
Em suma, este projeto tem motivações a dois níveis, de carater pessoal e técnico, pois
entendemos que também a nível profissional nos permitirá um desenvolvimento técnico muito
gratificante e enriquecedor.
Em sede de pré projeto apresentámos, de forma sumária, a justificação teórica do tema
e a sua pertinência.
Nesta segunda avaliação intermédia elaboramos o enquadramento teórico do tema,
elencamos as atividades desenvolvidas e as que pretendemos desenvolver na terceira fase
de elaboração da Prova, bem como a respetiva calendarização.
Para melhor perceção, apresentamos ainda o cronograma com o planeamento da
concretização de todo o trabalho a desenvolver durante este percurso.

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Projeto da Prova de Aptidão Profissional - “A Adoção”

1. FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO

1.1 APRESENTAÇÃO SUMÁRIA DO PROJETO

A adoção traduz o ato da criação de um vínculo meramente legal por oposição ao


parentesco natural e tem por base uma verdade afetiva. Adoção tem de ser declarada por
sentença judicial, sendo, pois, um vínculo de parentesco legal que tem por paradigma a
filiação natural, tornando os filhos adotados iguais aos filhos biológicos.
Consiste num processo progressivo, que leva uma pessoa que é individualmente
considerada ou um casal se tornem mãe e pai de uma ou mais crianças. Neste sentido, afirma
Antunes Varela, no Código civil anotado, Vol. 5, p. 506 “(…) a adoção tem na sua base uma
realidade individual, sentimental e social, diferentes da procriação, mas tão real como este
laço biológico.”.
De acordo com o artigo 1974º do Código Civil, o fim a realizar com a adoção é o
superior interesse da criança, daí se proibir a adoção de adultos em Portugal.
Dependendo de onde ocorre a adoção pode considerar-se duas formas, a nacional e
a internacional, cumprindo o facto do adotante e do adotado residam no mesmo país ou em
países distintos.
Os objetivos gerais definidos neste Pré Projeto são: enquadrar o tema no ordenamento
jurídico português, analisar o conceito de criança e jovem em perigo, analisar os diversos tipos
de apoio, analisar o conceito de adoção, identificar quem pode adotar e quem pode ser
adotado, analisar o consentimento para a adoção, distinguir comissão restrita de comissão
alargada, definir pessoa selecionada, família de acolhimento e instituição com vista a futura
adoção, explicar as responsabilidades parentais, analisar os efeitos da adoção e descrever a
tramitação do processo de adoção.
Neste projeto promovemos uma ação de formação realizada por um agente externo
que irá abordar o que é a CPCJ, qual a sua constituição, a intervenção, dados estatísticos
com comparação a outros anos, quais são os princípios orientadores e realização de casos
práticos.
Pretendemos ainda entrevistar um casal de adotantes e deste modo conhecer as suas
principais motivações, bem como a sua experiência ao longo do processo adotivo.
Pretendemos também visitar um centro de acolhimento de crianças e jovens de forma
a conhecermos a realidade em que vivem.

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1.2 . PERTINÊNCIA DO PROJETO

A temática da adoção é fundamental ao público, uma vez que, é um dos meios de


proteção e prevenção para as crianças e jovens em perigo e, para além disso é uma forma
de prevenção do abandono.
Assim, torna-se relevante e essencial o desenvolvimento de conhecimentos nesta
matéria.
De acordo com as estatísticas, Processos findos de adoção plena: total e por duração,
in Pordata, têm vindo a diminuir, considerando o período de 2015 a 2018, passando de 325
para 253 processos, significando uma diminuição de 72 processos. Por outro lado, os
Menores em instituições tutelares: total e por grupo etário, in Pordata, no período de 2015 a
2018 passaram de 151 indivíduos para 154 indivíduos, significando um aumento de três
indivíduos.
Deste modo, deveria existir uma maior divulgação do processo de adoção, uma vez
que é necessário conhecermos os dados na globalidade, através de campanhas, de ações de
formações. Por outro lado, acreditamos que este conhecimento seria fundamental para as
crianças e jovens institucionalizadas com vista a futura adoção.
Em suma, é fundamental que haja um maior conhecimento deste tema de modo a
despertar consciências e assim se promova a adoção como meio de ajuda a alguém que vem
de uma situação de perigo ou de abandono e que precisa de uma família que lhe dê afetos,
carinho e amor para que estas crianças e jovens possam ter melhor desenvolvimento quer a
nível físico quer a nível psicológico.

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1.3 . JUSTIFICAÇÃO TEÓRICA

De acordo com o artigo 1586.º do Código Civil a “Adoção é o vínculo que, à


semelhança da filiação natural, mas independentemente dos laços do sangue, se estabelece
legalmente entre duas pessoas nos termos dos artigos 1973.º e seguintes”. A adoção
constitui-se num processo decisivo que cria laços afetivos entre a criança ou jovem adotado
e a sua nova família. Deste modo, o adotado passa a fazer parte da mesma, encerrando todos
os vínculos com a família de origem. Embora em algumas situações, é aceite algum tipo de
contacto. Contudo, é importante referir que o adotado passa a ter direitos sucessórios,
abandona os apelidos da família de origem e obtém os apelidos dos adotantes e em alguns
casos pode mesmo modificar o nome próprio.
A adoção traduz-se numa medida de infância cujo objetivo visa proporcionar uma
família a crianças cujos pais biológicos se definem como sendo incapazes, não tendo vontade
e ou estando legalmente inibidos do exercício da função parental (CEJ, 2015).
Trata-se, portanto, de crianças ou jovens em situação de perigo que passaram por uma
história irreproduzível e traumática devido ao facto de terem sido abandonadas e
desprotegidas pela sua família de origem.
Assim, para crianças às quais os pais biológicos não são capazes de as criar, a adoção
surge como uma fonte de esperança para que as mesmas possam crescer como elemento
integrante de uma família, garantindo-se assim o seu crescimento e desenvolvimento num
ambiente de afetos e bem-estar. Neste sentido, a adoção compreende a garantia da resposta
às necessidades da criança, tanto ao nível da saúde, educação, como, ao nível afetivo e
social, salientando a importância do sentimento de pertença e segurança na família adotiva.
As famílias adotivas correspondem àquelas que acolhem crianças e adolescentes com
os quais não têm ligações biológicas, mas se ligam por questões afetivas e legais (Alarcão,
2006), surgindo como uma resposta social dada a atribuição da responsabilidade do
cumprimento das funções parentais. É, portanto, adotante aquele que adota alguém com o
objetivo de ter um vínculo afetivo. A adoção corresponde a um longo processo em que os pais
adotivos, a criança adotada e os familiares se identificam e desenvolvem mutuamente com
vista à formação de um ambiente saudável. Portanto, os pais devem proporcionar um
ambiente que responda às necessidades da criança. Para tal, importa que os pais ajudem a
criança a sentir-se integrada na família, desenvolvendo posteriormente um sentimento de
segurança e confiança, fundamentais ao desenvolvimento psicológico saudável.

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2. OBJETIVOS

Neste projeto iremos abordar o enquadramento do tema no ordenamento jurídico português,


identificar e analisar os requisitos gerais, analisar os diversos tipos de apoio, identificar quem
pode adotar e quem pode ser adotado, nomear o consentimento para a adoção e distinguir
as diferentes modalidades da adoção.

Este projeto vai permitir conhecer uma família adotiva com quem pretendemos saber quais os
seus motivos, o que levaram a adoção e se se arrependeram do processo.

3. INVESTIGAÇÃO

3.1. A Filiação
Antes de abordar o tema da Adoção importa fazer uma breve abordagem à Filiação.
O nascimento é um facto jurídico autónomo, independente de qualquer outro facto
jurídico. Ou seja, mesmo que não seja possível estabelecer a filiação, o nascimento, por si só
já tem relevância jurídica. Daí que, de acordo com o artigo 1.º, n.º 1, al. a), do Código de
Registo Civil, o nascimento seja um facto obrigatoriamente sujeito a registo
(independentemente da possível identificação dos progenitores).
O Direito da Filiação pode ser analisado em sentido amplo, isto é, incluindo tanto a
filiação biológica como a filiação jurídica (que podem coincidir ou não). Já a filiação em sentido
estrito refere-se ao laço biológico de parentesco (é esta a aceção dos artigos 1796.º e
seguintes). A filiação em sentido amplo abrangerá tanto aquela gerada pelo vínculo biológico,
como a afetiva e meramente jurídica (como a adoção).
São três as modalidades de filiação: a filiação biológica, a filiação adotiva, e a filiação
por consentimento não adotivo. A filiação biológica decorre do fenómeno da procriação. A
filiação adotiva, por sua vez, é aquela que, independentemente dos laços de sangue, se
constitui no âmbito de uma sentença proferida no âmbito do processo de adoção (art. 1973.º,
n.º 1 CC). A última modalidade, a filiação por consentimento não adotivo constitui-se mediante
consentimento da parte que irá assumir a posição jurídica de pai, independentemente dos
laços de sangue e sem que tenha havido uma sentença de adoção.
Existem vários princípios constitucionais relevantes nesta sede, tais como:

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- O direito de constituir família, artigo 36.º, n.º 1 da Constituição da República


Portuguesa (na medida em que todos têm o direito de ver juridicamente reconhecidos os seus
laços de parentesco);
- A atribuição aos pais do poder-dever de educação dos filhos (36.º, n.º 5 CRP);
- A inseparabilidade dos filhos dos seus progenitores (36.º, n.º 6 CRP);
- A não discriminação entre filhos nascidos do casamento e fora do casamento (art.
36.º, n.º 4 CRP);
- A proteção da adoção (art. 36.º, n.º 7 CRP, tendo em conta que a adoção é uma
forma de filiação afetiva que necessita de uma especial preocupação por parte do legislador);
- A proteção da família (art. 67.º CRP, enquanto princípio geral e norteador, sendo a
filiação biológica e adotiva fontes jurídico-familiares);
- A proteção da paternidade e da maternidade (art. 68.º CRP); e
- A proteção da infância (art. 69.º CRP)
Além destes princípios, existem outros princípios constitucionais com relevância no
estudo do direito da filiação, tais como o direito à identidade pessoal e o direito ao livre
desenvolvimento da personalidade (art. 26.º da Constituição da República Portuguesa).
Quanto à filiação biológica e mais concretamente ao estabelecimento da maternidade
e paternidade, maior diferença neste âmbito é que a maternidade será, essencialmente, um
feito biológico e a paternidade, por sua vez, tem contornos eminentemente jurídicos.
A maternidade resulta do facto do nascimento (n.º 1 do artigo 1796.º), ou seja, do parto.
A menção da maternidade, enquanto consequência da correspondente indicação ou
declaração, encontra-se prevista nos artigos 1803 e seguintes. Sempre que o registo de
nascimento seja omisso quanto à maternidade, deve o funcionário do registo civil remeter para
o tribunal certidão integral do registo. Só não ocorrerá esta remessa se, existindo perfilhação,
o conservador verificar que o perfilhante e a pretensa mãe são parentes ou afins em linha reta
ou parentes no segundo grau da linha colateral ou tenham decorrido mais de dois anos sobre
o nascimento (arts. 1808.º e 1809.º do Código Civil e 115.º e 116.º do Código do Registo Civil).
Na sequência do envio da certidão integral do registo será aberto um processo de averiguação
oficiosa da maternidade no tribunal competente. Terá diferente relevância jurídica o lapso
temporal decorrido entre a data do nascimento e o momento em que é feito o registo e em
que se realiza a menção da maternidade. Normalmente ocorrerá menos de um ano entre a
data do nascimento e o momento do registo com a menção da maternidade. Sendo este o
caso, nos termos do n.º1 do artigo 1804.º, a menção da maternidade estabelecerá a filiação
materna. Lavrado o registo, deve o conteúdo do assento ser comunicado à mãe, nos termos
do n.º 2 do artigo 1804.º. Ou seja, deve esta ser informada que a maternidade constante do
registo é havida como sua. Esta comunicação, mediante notificação pessoal, não ocorrerá

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quando tenha sido a mãe ou o marido desta a declarar o nascimento (n.º 2 do artigo 1804.º,
in fine).
Diferente será a situação prevista no artigo 1805.º, que se refere a nascimento ocorrido
há mais de um ano. Neste caso, a menção da maternidade só estabelecerá a filiação
relativamente à pessoa mencionada como mãe se:
- Foi a própria mãe a declarar o nascimento;
- No caso de não ter sido ela a declarar o nascimento, se esteve presente;
- Se estava representada por procurador com poderes especiais;
- Se lhe foi comunicado conteúdo do assento e confirmou a maternidade;
- Ou se depois de notificada nada declarou (n.ºs 1 e 2 do art. 1805.º).
Em regra, o momento da elaboração do registo de nascimento e a da menção da
maternidade coincidem. No caso de não ter sido a mãe quem declarou o nascimento e ao
declarante não ter sido possível identificar a mãe, o registo de nascimento ficará omisso
quanto à maternidade. Para que a mãe possa figurar no assento de nascimento, quando este
é omisso quanto a ela, surge a declaração de maternidade do n.º 1 do artigo 1806.º. Não
existe qualquer prazo para esta declaração, pelo que a mãe poderá fazê-la, em regra, a todo
o tempo. Porém, não poderá a mãe declarar a maternidade quando estiver perante filho
nascido ou concebido na constância do casamento e, concomitantemente exista perfilhação
por pessoa diferente do marido (n.º 1 do artigo 1806.º). Esta proibição é simples de
compreender. Pois, se fosse admitida esta declaração de maternidade, automaticamente, iria
operar a presunção de paternidade do marido (artigo 1826.º), que abordaremos infra. Esta
presunção sobrepor-se-ia à paternidade do perfilhante.
Nestes casos, a mãe terá de intentar a ação prevista no artigo 1824.º, pois não havendo
indicação ou declaração de maternidade, é ainda possível que o estabelecimento seja feito
através de uma ação judicial que declarará a maternidade por sentença.
Quanto à paternidade, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 1796.º, a
paternidade presume-se em relação ao marido da mãe e, nos casos de filiação fora
casamento, estabelece-se por reconhecimento (seja este voluntário ou judicial).
Neste sentido, são três os modos de estabelecer a filiação paterna. O primeiro modo de
estabelecimento da paternidade será a presunção de paternidade, que pressupõe a existência
de um casamento entre os progenitores, aquando o nascimento ou conceção do filho, e o
estabelecimento da maternidade. Porquanto, em princípio, os filhos de mulher casada terão
como pai o marido desta. Outro modo de estabelecimento da paternidade será a perfilhação
e sucederá, em regra, no caso de filhos nascidos ou concebidos fora do vínculo matrimonial.
Será um reconhecimento voluntário da paternidade. Por fim, nos casos em que o filho nasce
fora do casamento (ou a presunção não funciona, cessa ou é impugnada) e o pai não quer

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perfilhar ou a perfilhação não é possível, pode estabelecer-se a paternidade por


reconhecimento judicial – ação de investigação de paternidade. A ideia que subjacente nesta
matéria é fazer corresponder um vínculo jurídico ao biológico já existente.
Todavia, hoje em dia, o estabelecimento das relações de filiação não se cinge ao facto
biológico. Não raras vezes é feito uso de mecanismos legalmente previstos como os da
Procriação Medicamente Assistida ou da Adoção.

3.1. Evolução da adoção

A primeira noção de adoção surgiu no “Código de Hamirabi” que detinha um conjunto


de leis escritas numa rocha, proveniente da Mesopotâmia sensivelmente de 1770 a.c onde
estavam escritos detalhes relativos aos direitos ou responsabilidades de adotados e
adotantes.
Ao longo da história da humanidade, a adoção teve uma enorme importância,
particularmente na Roma Antiga onde era essencial a existência de um herdeiro do sexo
masculino, por forma a enquadrar-se nas diferentes regras de sucessão romana e garantir o
legado destas altas figuras da sociedade, estando descrito no “Codex Justinianur”, utilizando-
se o uso deste meio jurídico como solução sucessória, ou na criação de laços e alianças entre
famílias. Importa enaltecer que a pior tragédia que podia acontecer a uma família Romana era
a morte do seu pater familias sem deixar descendentes que pudessem realizar os cultos
domésticos, bem como perpetuar as tradições e o nome da família, o que era evitado através
da adoção.
Depois do fim do Império Romano no Ocidente a adoção suporta uma diminuição da
sua relevância com a evolução das leis europeias, existindo uma repulsa à adoção que se
constata no código napoleónico francês, que tornava a adoção quase impossível, exigindo
como requisitos do adotante a idade superior a 50 anos, deveria ser estéril e pelo menos 15
anos mais velho que o adotado, tendo este último de ter cumprido pelo menos 6 anos de
institucionalização.
Consequentemente, o processo de adoção deixou de ser utilizado e, unicamente
crianças abandonadas e de classes sociais baixas eram adotadas, sendo colocadas nas
portas da igreja. Numa primeira fase, a igreja encetou por vender as crianças que apareciam
na sua porta, seguindo-se a prática da oblação, isto é, era realizada uma oferta a Deus ou
aos santos, que consistia no facto de as crianças serem restringidas aos mosteiros e
dedicavam a sua vida à religião tendo sido, provavelmente, o primórdio da prática de
institucionalização em orfanatos. Com uma amplificação da institucionalização de crianças,

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houve a necessidade de criação de regras para as crianças serem postas em famílias de


acolhimento, com o objetivo de as raparigas poderem casar sob a autoridade da instituição e
os rapazes serem artesãos. Ainda que, usualmente as próprias instituições as adotavam de
forma a obterem mão-de-obra a baixo custo.
Em Portugal o instituto da adoção, que nunca tinha alcançado grande importância,
entrou em grande declínio no séc. XVI, situação que se verificou de um modo geral por toda
a parte. Por consequência, o Código de Seabra de 1867 omitiu este instituto. A adoção só foi
revitalizada, embora com alguma prudência, com o Código Civil de 1966 privilegiando os
interesses do adotado acima de qualquer finalidade. Este novo conceito de adoção ocorreu à
luz de um novo espírito decorrente das consequências nefastas da I Guerra Mundial,
despertando nas sociedades europeias um sentimento de piedade para acudir aos milhares
de órfãos de guerra. A adoção deixou de constituir assim um puro negócio jurídico, com a
atenção virada para os adotantes, passando a constituir o objeto de uma ação judicial
centrada no adotado. A primeira alteração ao regime legislativo dá-se com a Reforma de 1977,
consubstanciada no DL nº 496/77, de 25 de novembro, que veio alterar profundamente o
instituto mantendo, ainda assim, o respeito pelo seu novo espírito. Esta reforma manteve as
duas variantes da adoção (plena e restrita), já estipuladas no Código Civil de 1966, mas veio
alargar a legitimidade para adotar plenamente aos casais constituídos há mais de 5 anos,
reduzindo a sua idade mínima para os 25 anos, independentemente de já terem filhos, e a
pessoas isoladas, independentemente da sua situação familiar, bem como a estendeu a todos
os menores que estejam há pelo menos 1 ano a cargo do adotante e a residir com ele.
Ademais, aboliu a exigência de o outro progenitor ser incógnito ou ter já falecido nos casos
em que o adotando é filho do outro cônjuge.
Em 1982, devido as modificações sociais e legislativas, o instituto da adoção passou
a ter lugar na Constituição da República Portuguesa por meio do aditamento do artigo nº 36
nº7 “A adoção é regulada e protegida nos termos da lei, a qual deve estabelecer formas
céleres para a respetiva tramitação”. Em 1993 a alteração mais significativa foi na criação de
um regime de confiança do menor com vista à sua futura adoção como também a confiança
administrativa que passaram a anteceder o pedido de adoção, exceto quando se tratava já de
um filho do cônjuge. Posteriormente, em 1998, com a introdução do DL nº 120/98 de 8 de
maio, surgiram novas alterações sendo a mais significativa a diminuição para os 12 anos a
idade a partir da qual se exige o consentimento do adotante e dos seus filhos. Seguidamente,
a Lei nº 7/2001 de 28 de 11 de maio, veio alargar a adoção conjunta de menores aos casais
que viviam em união de facto há mais de 2 anos, nos mesmos termos previstos para os
cônjuges. Com a Lei 31/2003, o regime da adoção foi novamente revisto, das alterações
salienta-se o aumento da idade máxima para adotar de 50 para 60 anos, a eliminação da

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possibilidade de os pais revogarem o consentimento prestado e a obrigatoriedade da


existência de listas nacionais de candidatos selecionados para adoção. Esta reforma
legislativa veio inserir no texto do art. 1974º nº 1 do CC que a adoção “visa realizar o superior
interesse da criança”. Ressalve-se que em 2007, através do DL 28/2007 o regime jurídico da
adoção foi novamente alterado, bem como em 2015 através do DL 143/2015 de 8 de
setembro, cujas principais alterações legislativas se traduzem no reconhecimento do direito e
a garantia do acesso ao conhecimento das origens do adotado, ou seja, depois de o adotado
atingir a maioridade poderá consultar o processo de adoção. Uma outra alteração de extrema
relevância é que faz agora depender da confiança administrativa ou de medida aplicada no
âmbito do processo de promoção e proteção o encaminhamento para a adoção. Por outro
lado, este decreto-lei consagra, ainda, um novo período de acompanhamento pós-adoção,
com vista a fazer face aos desafios e preocupações com que têm de lidar as famílias adotivas
e eliminou-se a modalidade da adoção restrita.
Mais tarde, a Lei nº 2/2016, de 29 de fevereiro, veio introduzir a possibilidade de os
casais homossexuais terem acesso à adoção, ao apadrinhamento civil e restantes relações
jurídicas familiares.

3.2. A Adoção - Conceito

A adoção, em sentido lato, define-se como a inserção num ambiente familiar, de forma
definitiva e com aquisição do vínculo jurídico próprio da filiação, segundo as normas legais
em vigor, de uma criança cujos pais morreram, são desconhecidos, não querem assumir o
desempenho das suas funções parentais ou são pelo Tribunal considerados incapazes de as
desempenhar.
Como foi referido, atualmente em Portugal só existe um tipo de adoção, a adoção
plena disposta no artigo 1986º do Código Civil, onde se lê: “n.º 1 - o adotado adquire a situação
de filho do adotante e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo- se
as relações familiares entre o adotado e os seus ascendentes e colaterais naturais”. Esta
forma de adoção tem como principal objetivo o superior interesse da criança e consiste na
integração da criança numa família, obtendo o sobrenome e tudo aquilo que os herdeiros
legítimos têm direito.
Assim, adoção plena permite a absoluta integração do menor adotado na família
adotiva, extinguindo os laços com a família biológica.
Depois de um período de convivência entre o(s) candidato(s) e a criança, durante o
qual os serviços de adoção através do acompanhamento da integração da criança na nova

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família constatam a criação de verdadeiros laços afetivos entre ambos, é pedido ao Tribunal
que, através de uma sentença, estabeleça de forma definitiva a relação de filiação.
Deste modo, com a adoção, a criança ou jovem adotado:
• Torna-se filho do adotante e passa a fazer parte da sua família;
• Deixa de ter relações familiares com a sua família de origem, exceto, nalguns
casos, com os seus irmãos biológicos;
• Perde os seus apelidos de origem e adquire os apelidos dos adotantes;
• Pode, nalgumas situações, mudar o nome próprio (se o adotante o pedir e o
tribunal concordar),
A adoção é definitiva, não podendo ser revogada, nem mesmo por acordo entre o
adotante e o adotado.
Os direitos sucessórios dos adotados são os mesmos dos descendentes naturais.
Atualmente, Regime Jurídico do Processo de Adoção (RJPA) reúne num único
diploma - Lei n.º 143/2015, de 8 de Setembro - todas as normas que regulamentam a adoção,
com exceção apenas das normas substantivas previstas no Código Civil.
Este novo Regime faz depender o encaminhamento para a adoção apenas da do
instituto jurídico da Confiança Administrativa ou Medida de Promoção e Proteção e elimina a
modalidade de adoção restrita. De referir que nesta modalidade não havia um verdadeiro
rompimento com a família biológica, pois o adotando mantinha com esta os seus direitos e
deveres. Por outro lado, o adotado restritamente não era considerado herdeiro legitimário do
adotante, só podendo assim ser chamado à sucessão como herdeiro legítimo na falta do
cônjuge, descendente ou ascendente.
Com a intensão de introduzir a colegialidade nas decisões das equipas técnicas de
adoção, foi criado o Conselho Nacional para a Adoção, proporcionando maior consistência
nas decisões e assegurando a harmonização dos critérios utilizados que contribui para a
diminuição da margem de subjetividade das decisões. Este Conselho Nacional para a Adoção
é composto por o Instituto da Segurança Social, I.P., o Instituto da Segurança Social, I.P.R.A,
Instituto da Segurança Social da Madeira, IP-Ram e, no município de Lisboa, a Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa, e tem, de acordo com o artigo 8º do RPJA, as seguintes
competências: confirmar as propostas de direcionamento de crianças em situação de
adaptabilidade para famílias candidatas à adoção, corretamente selecionadas, apresentadas
pelas equipas técnicas de adoção; lançar parecer prévio para efeitos de concessão de
autorização e de revogação às instituições particulares, para intervenção em matéria de
adoção; seguir a atividade desenvolvida pelas instituições particulares autorizadas para
intervenção em matéria de adoção; expor recomendações aos organismos de segurança

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social e às instituições particulares autorizadas que intervêm em matéria de adoção e divulgá-


las publicamente em sítios oficiais.
O Ministério Público (MP) intervém no processo de adoção defendendo os direitos e
promovendo o superior interesse da criança, considerando prioritariamente os interesses e
direitos da criança, nomeadamente a continuidade de relações de afeto de qualidade e
significativas para o seu desenvolvimento, sem prejuízo de outros interesses que se mostrem
legítimos no caso concreto, nomeadamente a estabilidade familiar.

3.3. Requisitos Necessários

Assim, para que a adoção possa ser promulgada têm de reunir certos pressupostos
nomeadamente o facto de ter que “apresentar reais vantagens para o adotando” (Artigo 1974º
nº 1 do C.C), sendo que, podem ser de ordem patrimonial como não patrimonial, tem de haver
legitimidade de motivos, ou seja, o casal de adotantes tem de querer, sobretudo, partilhar a
sua felicidade com uma criança. Por outro lado, não pode envolver sacrifícios para os outros
filhos dos adotantes, nos termos do nº 4 do artigo 1974º do CC, e para se garantir a filiação
do vínculo entre adotante e adotado tem que haver um período para se avaliar a formação da
existência desse vínculo “O adotando deverá ter estado ao cuidado do adotante durante prazo
suficiente para se poder avaliar da conveniência da constituição do vínculo” (n.º 2, Art.º 1974.º
do C.C).
Sendo que existem alguns requisitos especiais, tais como a idade do adotante, isto é,
caso seja um casal é necessário que os adotantes cônjuges tenham mais de vinte e cinco
anos e caso seja uma pessoa singular a idade mínima de adoção é de trinta anos, uma vez
que, existe uma elevada preocupação em relação de maturidade de quem adota. Contudo, o
limite máximo de idade do adotante é definido na idade igual ou inferior a sessenta anos.
Outro requisito especial que se impõe é em relação à duração do casamento, pois sendo esse
o caso, os casais podem adotar após o quarto ano de casamento, uma vez que, antes disso
a adoção podia ser uma decisão precipitada ou irrefletida.
Depois de realizada a avaliação dos requisitos pelo juiz, a quem compete o poder
arbitrário da apreciação, este elenca o cumprimento, ou não, destes requisitos na respetiva
sentença.
Para melhor perceção falamos seguidamente dos requisitos gerais e especiais.

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Projeto da Prova de Aptidão Profissional - “A Adoção”

3.3.1. Requisitos Gerais

Iniciamos pelos requisitos gerais presentes no artigo 1974º do C.C, fazendo uma
rápida análise a cada um deles. Assim, é importante de referir que a adoção a procura a
realizar o superior interesse da criança, este parecer já era universalizado, sobretudo desde
a entrada em vigor da Convenção Europeia em Matéria de Adoção e da Convenção sobre os
Direitos das Crianças das Nações Unidas, que procuram dar realce ao facto de nunca se deve
promulgar uma adoção sem que se tenha constituído a certeza de que é a opção que
efetivamente vai ao encontro do interesse do menor.
No ordenamento jurídico português, o juiz tem que, em todas as situações, verificar o
cumprimento cumulativo dos seguintes requisitos:
• A adoção apresentar reais vantagens para o adotado;
• Fundamentar-se em motivos legítimos;
• Não envolver sacrifício injusto para os outros filhos do adotante;
• Ser razoável de supor que entre o adotante e o adotado se irá estabelecer um vínculo
semelhante ao da filiação;
• Permanência do adotando ao cuidado do adotante, durante algum tempo.
Salvaguarde-se ainda que o artigo 1975º do CC impede expressamente as adoções
coincidentes e sucessivas ao mesmo adotando, ou seja, enquanto subsistir uma adoção, não
pode constituir-se outra quanto ao mesmo adotado, com a exceção em que os adotantes
sejam casados um com o outro ou vivam em união de facto. Contudo, atento o número 2 do
mesmo artigo, pode haver lugar à constituição de um novo vínculo adotivo se a criança for
filha de pais incógnitos ou falecidos; se os pais tiverem abandonado a criança; se os pais, por
ação ou omissão, mesmo que por manifesta incapacidade devida a razões de doença mental,
puserem em perigo grave a segurança, a saúde, a formação, a educação ou o
desenvolvimento da criança; se os pais da criança acolhida por um particular, por uma
instituição ou por família de acolhimento tiverem revelado manifesto desinteresse pelo filho,
em termos de comprometer seriamente a qualidade e a continuidade daqueles vínculos,
durante, pelo menos, os três meses que precederam o pedido de confiança.

3.3.1.1. Reais vantagens para o adotado

A adoção procura apoiar um menor que ficou sem o apoio da família biológica, visto
que, o que se quer neste caso é simplificar a adaptação do menor a uma nova família.

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Assim a partir deste requisito percebe-se que a exigibilidade de a formação do vínculo


adotivo vir a deixar o adotado numa posição proveitosa do que aquela em que se encontra.
Sendo avaliado a coesão e o bem-estar de uma família.

3.3.1.2. Fundamentar-se em motivos legítimos

Sendo indispensável que o vínculo adotivo se baseie em motivos legítimos que


possuam por objetivo principal equilibrar o bem-estar ao adotado num ambiente familiar do
qual este está necessitado, pelo que as motivações dos adotantes devem sempre
estabelecer-se no altruísmo.

3.3.1.3. Não envolver sacrifício injusto para os outros filhos do


adotante

Neste requisito o legislador supõe que os adotantes desejam ter mais filhos, quer
sejam eles filhos biológicos quer filhos adotivos. O que importa nesta situação é defesa dos
filhos existentes, impedindo que estes sejam lesados através de algum sacrifício injusto, que
podem ser privações de carácter económico, emocional, ou então uma sobrecarga elevada
para algum desses filhos. Logo, estes devem ser escutados inevitavelmente pelo juiz, com
idade superior a doze anos, de modo a aferir se a adoção se vai revelar vantajosa ou não.

3.3.1.4. Ser razoável de supor que entre o adotante e o adotado se


irá estabelecer um vínculo semelhante ao da filiação

Este requisito vem por sua vez atenuar uma das enormes inquietações do legislador,
uma vez que vem garantir a realização do objetivo primitivo da adoção, isto é, que se produza
uma relação em tudo idêntica à que se formaria por via da filiação natural. Sendo este um
requisito que está profundamente ligado ao fim assistencial ou tutelar da adoção, sendo
fundamental ao instituto e que inicia por se refletir pela diferença de idades entre o adotante
e adotado.

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3.3.1.5. Permanência do adotando ao cuidado do adotante, durante


tempo suficiente, a fim de ser possível aferir a conveniência da
constituição do vínculo

Deste modo, esta exigência legal descende da preocupação em que se forme uma
relação de afetividade exclusiva dos laços familiares entre pais e filhos. Esta prolongação
revela-se como sendo um período de composição para o que ainda poderá vir.
Sendo que a lei não fixa um prazo verdadeiro para que isto aconteça, contudo deve-
se ter em conta que a adoção é anteposta pela confiança administrativa ou pela medida
aplicada no âmbito de um processo de promoção dos direitos e proteção da criança.

3.3.2. Requisitos especiais

Na adoção existem requisitos especiais tanto por parte do adotante como do adotado,
deste modo iremos elencar alguns desses requisitos. Sendo estes:

• Capacidade do adotante;
• Capacidade do adotado;
• Consentimento.

3.2.2.1. Capacidade do adotante

A idade é um dos requisitos pedidos pelo legislador a ter-se em conta no processo de


adoção respeita, desta forma é de importante referir se estamos perante a adoção conjunta
ou individual. Portanto, no caso de adoçõesewq é exigido:
• que os conjugues, estejam casados há mais de quatro anos e tenham idade
igual ou superior a vinte e cinco anos. Releva para efeito da contagem dos 4
anos o tempo de vivência em união de facto imediatamente anterior à
celebração do casamento
• Pode ainda adotar, de forma individual (adoção Singular) quem tiver mais de
30 anos ou, se o adotando for filho do cônjuge do adotante, mais de 25 anos.

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• Só pode adotar quem não tiver mais de 60 anos à data em que a criança lhe
tenha sido confiada, mediante confiança administrativa ou medida de
promoção e proteção de confiança com vista a futura adoção, sendo que a
partir dos 50 anos a diferença de idades entre o adotante e o adotando não
pode ser superior a 50 anos. Esta regra não se aplica quando o adotando for
filho do cônjuge do adotante.
• Pode, no entanto, a diferença de idades ser superior a 50 anos quando, a título
excecional, motivos ponderosos e atento o superior interesse do adotando o
justifiquem, nomeadamente por se tratar de uma fratria em que relativamente
apenas a algum ou alguns dos irmãos se verifique uma diferença de idades
superior àquela.
Salienta-se a possibilidade de adoção a pessoas que vivam em união de facto,
juridicamente reconhecidas como tal, nos termos e mediante o preenchimento dos requisitos
estabelecidos na Lei 7/2001, de 11 de Maio, exigindo-se vida em comum em condições
análogas às dos cônjuges, independentemente do sexo, por período superior a 2 anos, desde
que ambas tenham mais de 25 anos.
Relembre-se novamente que uma das mais importantes alterações legislativas no
nosso ordenamento jurídico em matéria de adoção, foi introduzida pela Lei nº 2/2016 de 29
de Fevereiro, que procedeu à eliminação das discriminações no acesso à adoção,
apadrinhamento civil e demais relações jurídicas familiares, alterando pela segunda vez a Lei
n.º 7/2001, de 11 de Maio, permitindo a adoção aos casais heterossexuais, aumentando
exponencialmente as chances que os menores possam vir a ter de ser adotados.

• 3.2.2.2. Capacidade do adotado

Após a análise à capacidade do adotante, analisamos agora a capacidade do


adotando. Para tal devemos considerar o exposto no artigo 1980º do CC:
• Podem ser adotadas as crianças:
a) Que tenham sido confiadas ao adotante mediante confiança administrativa
ou medida de promoção e proteção de confiança com vista a futura adoção;
b) Filhas do cônjuge do adotante.
• O adotando deve ter menos de 15 anos à data do requerimento de adoção.
• Pode, no entanto, ser adotado quem, à data do requerimento, tenha menos de 18
anos e não se encontre emancipado quando, desde idade não superior a 15 anos,

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tenha sido confiado aos adotantes ou a um deles ou quando for filho do cônjuge do
adotante.

Portanto, são três as formas legais que permitem a adoção de uma criança ou jovem,
sendo elas a confiança administrativa, a medida de promoção e proteção de criança, ou no
caso de ser filho do cônjuge do adotante. Quando é na situação de ser filho do cônjuge, basta
a fase judicial do processo de adoção que após uma avaliação positiva deve ter lugar no
prosseguimento do período de pré-adoção, não devendo ser superior a três meses. Caso o
menor não seja filho do cônjuge, a adotabilidade alcança-se através da confiança
administrativa ou medida de promoção e proteção de confiança com o objetivo a futura
adoção.
O art. 1978º do CC vem elencar as situações comprometedoras dos vínculos afetivos
próprios da filiação, que podem levar a que a criança seja confiada com vista a futura adoção
no âmbito de um processo de promoção e proteção, sendo elas:
• Se for filha de pais incógnitos ou falecidos;
• Se tiver sido abandonada pelos pais;
• Se tiver havido consentimento prévio para a adoção;
• Se por ação ou omissão os pais, ainda que por doença mental, tiverem posto em
perigo grave a segurança, a saúde, a formação, a educação ou desenvolvimento
do menor;
• Se os pais da criança acolhida por particular, instituição ou família de acolhimento
tiverem revelado manifesto desinteresse pelo filho, comprometendo seriamente a
qualidade e continuidade dos vínculos parentais durante pelo menos os 3 meses
que antecederem o pedido de confiança.

Assim, importa saber quando é que a lei considera que a segurança, saúde, formação moral
ou educação de um menor possam estar em perigo. Neste sentido, deve-se atender ao
exposto no artigo 3º nº2 da LPCJP, ou seja, nos casos em que:

• Está abandonada ou vive entregue a si mesma;


• Sofre maus tratos físicos ou psicológicos incluindo-se aqui os abusos sexuais;
• Quando não recebe os cuidados ou afeição adequados à sua idade ou
situação pessoal;
• Quando é obrigada a trabalhos forçados, excessivos ou que não se coadunem
com a sua idade, dignidade e situação pessoais ou que sejam suscetíveis de
prejudicar o seu desenvolvimento ou formação;

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• Quando está sujeita, direta ou indiretamente, a comportamentos que afetem


gravemente a sua segurança ou o seu equilíbrio emocional;
• Quando está aos cuidados de terceiros durante um período de tempo em que
se tenha observado o estabelecimento com eles de um forte vínculo, e
simultaneamente se tenha observado o não exercício pelos pais das suas
funções parentais;
• Quando a criança ou jovem tem atividades ou consumos suscetíveis de afetar
de forma gravosa a sua saúde, segurança, formação, educação ou
desenvolvimento sem que os pais, ou a pessoa que por ela estiver responsável
se oponham de modo adequado a findar essa situação de risco.

3.2.2.3. Consentimento

O consentimento faz parte dos requisitos especiais e deve possuir certas caraterísticas
para ser completamente válido. Deste modo, deve ser perfeito, livre e elucidado, pessoal e
possuir caráter puro e simples e deve ser realizado perante um juiz.
No ordenamento jurídico português em relação à adoção é obrigatório o consentimento
dos pais biológicos, do adotando com mais de catorze anos de idade, do adotante, do cônjuge
do adotante e, por vezes, dos ascendentes e dos colaterais até ao terceiro grau ou, ainda do
tutor com quem o menor resida e esteja a seu cargo.
Deste modo, o adotante, do qual o consentimento se torna indispensável com a
finalidade de progressão no processo adotivo, à falta de existência ou à presença de
consentimento com vícios, é razão de revisão da sentença em que tenha sido determinada a
adoção. O mesmo é aplicável à falta de existência ou à presença de consentimento com vícios
do consentimento dos pais biológicos e do adotando, caso seja pedido. Sendo que, para o
consentimento dos pais biológicos, em função dos efeitos que provoca, é-lhes concedido um
período de tempo para rever a decisão tomada, isto é, um período para revogarem o
consentimento, uma vez que em algumas situações de grande carência de condições
materiais e até psicológicas podem levar ao consentimento pouco refletido.
O consentimento por parte do adotando com idade superior a catorze anos consta
como requisito do processo de adoção, uma vez que, é uma maioridade especial.
Além dos consentimentos supra descritos, a decisão judicial constitui também um
requisito essencial para que se possa constituir o vínculo adotivo. O nosso ordenamento

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jurídico exige que a adoção seja constituída por uma decisão judicial e mediante um processo
próprio de adoção.

3.4. Preparação dos candidatos

Em Portugal a preparação dos candidatos é realizada através da sua preparação no


Plano de Formação para a Adoção que tem como propósito principal a elaboração de projetos
de adoção realistas e capazes de facultar respostas às necessidades das crianças em
situação de adoção.
Cada uma das sessões tem objetivos distintos e dinâmicas variadas, contudo
destinam-se à preparação de candidatos para que quando se confrontarem com as diferentes
situações saberem como lidar com elas de uma forma consciente.
Esta formação é nomeada por Formação C, que significa “Formação Integrada no
Período Pós-Seleção Antes da Integração da Criança” e, é repartida em cinco sessões, tendo
que cada uma delas uma durabilidade de três horas, efetuando-se de quinze em quinze dias.
Sendo que, este tipo de formação é exclusivamente orientada para candidatos que já estejam
a aguardar proposta. O grupo é formado por aproximadamente por quinze ou dezasseis
pessoas.

4. A adoção e o superior interesse da criança

O superior interesse da criança consiste no facto de todas as decisões a decretar, no


âmbito da adoção, deve prevalecer.
Deste modo, os princípios basilares declarados na Declaração dos Direitos da Criança
e a Convenção sobre os Direitos da Criança, que identificam à criança o direito a um completo
e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade, em ambiente familiar, numa atmosfera
de alegria, amor e compreensão, tendo a plena consciência.
Sendo que no artigo 3º da Convenção, o “superior interesse da criança” deve ser a reflexão
fundamental, sempre que uma decisão administrativa ou judicial se revela necessária para se
garantir o bem-estar físico e psíquico da criança
Deste modo, identificando que a estruturação da personalidade da criança se
fundamenta nas relações de afeto estabelecidas nos primeiros meses e nos primeiros anos
de vida entre a criança e as pessoas que cuidaram dela, deste modo assumiram as
responsabilidades parentais sendo as figuras de referência.

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5. Quadro comparativo

Neste tópico iremos fazer a análise comparativa dos diferentes regimes de adoção,
sendo que, escolheu-se por compilar as caraterísticas semelhantes dos distintos
ordenamentos jurídicos, aludindo em cada um deles as caraterísticas que os particularizam e
individualizam.
Existindo algo transversal nos regimes jurídicos, existem procedimentos e princípios
iguais a todos eles, nomeadamente no que respeita aos candidatos a adotantes. Sendo que,
em relação à criança nos regimes jurídicos por nós escolhidos, está fixado como princípio
principal o “Superior Interesse da Criança”, precisando este de ser percebido com o previsto
no Princípio II da Declaração dos Direitos da Criança de 1989 “A criança gozará de uma
proteção especial e beneficiará de oportunidades e serviços dispensados pela lei e outros
meios, para que possa desenvolver-se física, intelectual, moral, espiritual e socialmente de
forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar
leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da
criança”.
Escolhemos abordar os seguintes ordenamentos jurídicos:

• Albânia;
• Estados Unidos;
• Letónia;
• Turquia;
• França.

5.1. Regime Jurídico da Albânia em relação à adoção

As questões relacionadas com o direito da família estão presentes na Lei nº 9062, de


8 de maio de 2003 do Código da Família. Sendo que, está prevista nos artigos 240º a 262º do
referido código e é permitida se for totalmente necessário para que os direitos fundamentais
das crianças sejam respeitados, sendo que só se encontra prevista a adoção de menores de
idade.
Quanto ao adotante determina-se que tenha pelo menos mais de dezoito anos que o
adotado, salvo se for madrasta ou padrasto, pois neste caso a diferença de idade é reduzida
para quinze anos.

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Na Albânia é unicamente permitida a adoção por casais casados, isto é, as pessoas


individuais ou os casais em união de facto não podem adotar crianças albanesas. Deste modo,
o Comité de Adoção Albanês que opera como uma autoridade central e independente.
Existem duas formas de adotar uma criança albanesa sendo estas:
• Os nacionais que queiram adotar reportam diretamente ao Comité de Adoção,
podendo somente adotar crianças que estejam na lista de adotabilidade;
• Os estrangeiros que desejem adotar crianças albanesas que aparecem na lista têm
de reportar à autoridade do seu país de origem e estas reportam ao Comité da Adoção
Albanês.
Sendo que, as crianças são inscritas na lista do Comité quando:
• Tenham sido abandonadas;
• Caso haja consentimento para serem adotadas pelos pais biológicos;
• Quando exista uma ordem judicial.
É importante de referir que em dezembro de 2015, houve uma agilização do processo
de adoção através da alteração da legislação com o objetivo de acelerar o processo de
adoção.

6.1. Regime Jurídico dos Estados Unidos em relação à adoção

Em 1997, foi permitido o Adoption and Safe Families Act, que modificou a forma como
os Estados Unidos tratava o tema da adoção e da proteção da família. Sendo que com este
diploma valorizou-se o superior interesse da criança e jamais os direitos dos pais biológicos.
As alterações incidiram sobretudo em benefícios a nível fiscal e, ainda na ampliação
dos serviços de saúde às crianças adotadas o que antes não era verificável.
Existem caraterísticas comuns ao processo de adoção nos diferentes Estados, sendo
estas:
• As responsabilidades parentais, assim como todos os direitos a estas inerentes, são
da exclusiva competência e responsabilidade dos pais adotivos;
• O consentimento é preciso por parte dos pais biológicos, salvo nos casos onde
legalmente esse consentimento é parcialmente ou totalmente excluído;
• A tramitação do processo tem natureza confidencial, encontrando-se vedado o acesso
público ao mesmo.

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6.2. Regime Jurídico da Letónia em relação à adoção

Na Letónia há um organismo designado “Bāriņtiesa”, que se traduz num “Tribunal de


Órfãos”. Sendo que, esta instituição tem as suas competências estipuladas na Lei dos
Tribunais de Órfãos e, embora o seu nome insinue que se trata de um tribunal, o mesmo não
se constata, tratando-se de uma entidade meramente administrativa. Assim, este “Tribunal de
Órfãos” tem um supervisor administrativo e algumas das suas decisões precisam de
aprovação judicial. Sendo que, a entidade de recurso é o tribunal comum de primeira instância.
O “Tribunal de Órfãos” tem como competências específicas:
• A de inspecionar as condições de habitabilidade para crianças ou decidir sobre a
admissibilidade do casamento de um menor de 18 anos;
• Competências para a mediação de conflitos relativas às responsabilidades parentais;
• Tem competência para, unilateralmente, decidir sobre a guarda dos menores
A Letónia é um dos únicos países em que a adoção é promulgada administrativamente.

6.3. Regime Jurídico da Turquia em relação à adoção

A adoção está prevista nos artigos 305.º a 320.º do Código Civil turco e,
simultaneamente com o diploma do Conselho de Ministros n.º 2009/14729 que regularizam
esta figura jurídica no país. Sendo que, perante o artigo 320.º do Código Civil, qualquer
diligência nacional em relação à adoção é tramitada pela Direção Geral dos Menores sob o
domínio do Ministro da Família e Serviços Sociais.

Deste modo, existem duas formas de adotar uma criança na Turquia:

1. O candidato a adotante, individualmente ou com o cônjuge, expõe a sua candidatura nos


serviços sociais da província da sua residência, de maneira a permitir que os serviços
encontrem uma criança compatível;
2. O candidato dirige-se diretamente à família biológica da criança que deseja adotar.
Quanto aos requisitos para os candidatos a adotante, dando importância os seguintes:
• A idade do candidato tem de ser, pelo menos, superior em dezoito anos em
relação à da criança;
• O consentimento dos pais biológicos tem necessariamente de existir, exceto
algumas exceções;
• Cônjuges só podem adotar em conjunto, a menos que existam casos de
incapacidade ou na situação de conjuguem parte incerta caso, tenham casado há

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pelo menos cinco anos ou quando ambos os cônjuges tenham idade igual ou
superior a trinte anos;
• Candidatos que pretendam adotar uma criança com menos de um ano de idade
não devem ter mais de quarenta anos de idade, assegurando-se aos candidatos
mais velhos a adoção de crianças com idade superior a um ano;
• É ainda exigido um nível educacional igual ou superior ao da escola primária;
Deste modo, depois de achada uma criança em situação de adotabilidade é a mesma
colocada à guarda e cuidados do candidato, sendo cumprido um período probatório de
adaptação de um ano, findo o qual o candidato dispõe do prazo de dois meses para apresentar
oficialmente o pedido em juízo, de forma a ser confirmado judicialmente.

6.4. Regime Jurídico da Inglaterra em relação à adoção

Perante o Adoption and Children Act 2002, uma criança pode ser adotada tanto por
uma pessoa individualmente considerada como por um casal quer estejam casados, quer
vivam em união de facto, desde que se verifiquem os requisitos legalmente previstos.
Contudo, é exigida uma idade igual ou superior a vinte e um anos e embora não exista
uma idade máxima, as agências de adoção inglesas, normalmente, não propõem adoções
onde a diferença de idades seja superior a 45 anos.
Sendo que as agências de adoção, que tanto podem ser autoridades locais como agentes
voluntários, possuem a responsabilidade de recrutar candidatos a adotante e
corresponderem-nos a uma criança em situação de adotabilidade.
De acordo com o Adoption and Children Act 2002, uma criança pode ser adotada se:
• Cada um dos pais biológicos o consentirem ou se estiverem em parte incerta;
• Os pais biológicos forem incapazes de dar o seu consentimento;
• A criança estiver à guarda (ou em condições de o ficar) das autoridades locais.
Sendo de referir que a Inglaterra é um dos poucos países onde uma criança pode ser
adotada sem o consentimento da pessoa ou pessoas que exercem as responsabilidades
parentais.
Uma vez que seja decretada judicialmente, a adoção torna-se irrevogável. Contudo é
possível, em teoria, retroceder judicialmente a decisão de adoção, a reversão apenas provém
em casos muito excecionais.

6.5. Regime Jurídico da França em relação à adoção

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A adoção vem regulada nos artigos 343.º e seguintes do Código Civil francês. As
crianças podem estar em situação de adotabilidade quando, perante o artigo 347.º do Código
Civil:
• Existir consentimento dos pais biológicos, devendo-se esperar um período de dois
meses para que a decisão seja refletida, não sendo então provável consentir a adoção
de uma criança com menos de dois meses de vida;
• As crianças sejam recolhidas pelos serviços sociais do Estado;
• As crianças sejam declaradas abandonadas por decisão judicial, por motivo de falta
de interesse dos pais biológicos por um período mínimo de um ano, entregando-se
então estas crianças aos referidos serviços sociais.

A enorme maioria das crianças em situação de adotabilidade, no país, são as crianças


que estão à proteção e cuidados dos serviços sociais do Estado. Sendo que estas crianças,
habitualmente denominadas “Les pupilles de l’État”, possuem um regime tutelar próprio onde
o poder parental é exercido pelo tutor e pelo conseil de famille des pupiles de l’État. Assim, é
este tutor e a assembleia do conseil de famille que estruturam todo o processo de adoção
para as crianças “Pupilles de l’État” e elucidam a forma de adoção que pode ser simples ou
plena.

7. AÇÕES A DESENVOLVER/ CANDALARIZAÇÃO

7.1.1. Ações a desenvolver

Em termos práticos não conseguimos promover e organizar uma ação de formação na


Escola, derivado à pandemia de Covid-19, se possível irá ser realizada no período da F.C.T
na escola no período de 1 de junho de 2021 a 26 de julho de 2021.
Criamos um folheto informativo que ficará disponível no balcão da receção da nossa
Escola.
Entramos em contacto com elementos pertencentes à Comissão de Proteção de
Crianças e Jovens (CPCJ) de Viseu e ainda, se possível, com uma assistente social que
exerça funções na Segurança Social, de modo a obter informações, através de entrevistas,
de quem exerce funções no “terreno”.
Pretendemos ainda fazer entrevistas, designadamente a um casal de adotantes e a
um advogado. Em relação ao mesmo já desenvolvemos o guião, contudo ainda não foi
aplicado por motivo da situação pandémica do nosso país.

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Visitaremos um centro de acolhimento de crianças e jovens em risco e, se possível,


entrevistaremos técnicos que lá exerçam funções.
Analisaremos os dados estatísticos mais recentes sobre a adoção em Portugal.
Descreveremos a tramitação processual de um processo de adoção nos termos da Lei
n.º 143/2015, de 08 de setembro - REGIME JURÍDICO DO PROCESSO DE ADOÇÃO.

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7.1.2. CANDALARIZAÇÃO

Data Set Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio
Atividades 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º
Definição do tema da PAP
Pesquisa Documental
Conceção da PAP - Entrega
Reuniões com o Orientador da PAP
1ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto-Entrega
1ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto- Defesa
Contacto e visita às Entidades/Instituições
Ação de Formação
Entrevistas
Folheto
Elaboração do Projeto PAP
2ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto-Entrega
2ºAvaliação Intermédia do Pré projeto-Defesa
Elaboração do Relatório Final PAP
Relatório do Projeto da PAP - Entrega

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CONCLUSÃO

A adoção é fonte de relações jurídicas e familiares, que compõe um ato jurídico através
do qual se cria entre o adotando e o adotante uma relação legal de filiação que é autónoma
dos laços biológicos.
A adoção é, por isso, uma forma de amor que não está ao alcance de todos, da mesma
maneira que a maternidade e a paternidade também não estão, uma vez que, a capacidade
biológica de procriar filhos não atribui a capacidade para se tornar melhor pai ou melhor mãe.
De qualquer forma, não nos podemos esquecer do facto de que as crianças, por não
terem atingido o pleno da maturidade, precisam de uma particular proteção, tanto por parte
da sociedade, como, e especialmente, por parte das famílias.
Sendo que a adoção realiza o direito da criança a uma família diferente daquela em
que nasceu, surge como uma segunda oportunidade de vida num meio familiar com afetos e
com todos os direitos que lhe são atribuídos pelo Direito.
Contudo, o interesse e as finalidades do instituto da adoção foram-se modificando
conforme os conceitos e as conjunturas vividas em cada época, umas vezes mais
concentrada nos benefícios do adotante, designadamente como forma de garantir o
prosseguimento da família do adotante, mas também na tentativa de preencher carências
imateriais ou materiais dos adotantes e respetivas famílias. Com o passar dos anos e com as
incessantes transformações sociais e, fundamentalmente, no seio da família, a adoção
chegou aos dias de hoje como um instituto jurídico focado no superior interesse do adotando.
No nosso quotidiano, a adoção pode e deve ser vista como um meio saudável usado
pela comunidade em favor das crianças mais carenciadas e desprotegidas, daqui decorrendo
que, principalmente nas últimas décadas, este instituto tenha vindo a ser várias vezes
perspetivado em ordem à sua atualização, numa tentativa de transformar as limitações iniciais
deste instituto em oportunidades para muitas crianças desprotegidas de abraçarem novos
projetos de vida, de fazerem parte de novas famílias e de desenvolverem novos vínculos
afetivos e familiares dentro da comunidade.
Neste projeto quisemos mostrar o quão importante é este tema para nós. Muito mais
haveria, certamente, a dizer, mas queremos aqui realçar o quanto gostámos de trabalhar e
aprender sobre o instituto da adoção. Foi importante a pesquisa e a leitura de muitos textos
sobre esta temática e foi muito gratificante o desenvolvimento que este trabalho permitiu, quer
a nível pessoal, quer a nível técnico.

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Projeto da Prova de Aptidão Profissional - “A Adoção”

Bibliografia
Constituição da República Portuguesa:

https://dre.pt/constituicao-da-republica-portuguesa (2019);

-Código Civil consultado em

http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=775&tabela=leis

- Regulamento Regime Jurídico da Lei da Adoção Lei número 143/2015 de 08 de setembro


consultado em
http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=2423&tabela=leis&ficha=1&pagin
a=1

- Lei da criança e jovem em perigo Lei 147/99 de 1 de setembro atualizada pela lei número
26/2018 de 5 julho consultada em
http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=545&tabela=leis.

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Projeto da Prova de Aptidão Profissional - “A Adoção”

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