Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“A Adoção”
INTRODUÇÃO
1. FUNDAMENTAÇÃO DO PROJETO
2. OBJETIVOS
Este projeto vai permitir conhecer uma família adotiva com quem pretendemos saber quais os
seus motivos, o que levaram a adoção e se se arrependeram do processo.
3. INVESTIGAÇÃO
3.1. A Filiação
Antes de abordar o tema da Adoção importa fazer uma breve abordagem à Filiação.
O nascimento é um facto jurídico autónomo, independente de qualquer outro facto
jurídico. Ou seja, mesmo que não seja possível estabelecer a filiação, o nascimento, por si só
já tem relevância jurídica. Daí que, de acordo com o artigo 1.º, n.º 1, al. a), do Código de
Registo Civil, o nascimento seja um facto obrigatoriamente sujeito a registo
(independentemente da possível identificação dos progenitores).
O Direito da Filiação pode ser analisado em sentido amplo, isto é, incluindo tanto a
filiação biológica como a filiação jurídica (que podem coincidir ou não). Já a filiação em sentido
estrito refere-se ao laço biológico de parentesco (é esta a aceção dos artigos 1796.º e
seguintes). A filiação em sentido amplo abrangerá tanto aquela gerada pelo vínculo biológico,
como a afetiva e meramente jurídica (como a adoção).
São três as modalidades de filiação: a filiação biológica, a filiação adotiva, e a filiação
por consentimento não adotivo. A filiação biológica decorre do fenómeno da procriação. A
filiação adotiva, por sua vez, é aquela que, independentemente dos laços de sangue, se
constitui no âmbito de uma sentença proferida no âmbito do processo de adoção (art. 1973.º,
n.º 1 CC). A última modalidade, a filiação por consentimento não adotivo constitui-se mediante
consentimento da parte que irá assumir a posição jurídica de pai, independentemente dos
laços de sangue e sem que tenha havido uma sentença de adoção.
Existem vários princípios constitucionais relevantes nesta sede, tais como:
quando tenha sido a mãe ou o marido desta a declarar o nascimento (n.º 2 do artigo 1804.º,
in fine).
Diferente será a situação prevista no artigo 1805.º, que se refere a nascimento ocorrido
há mais de um ano. Neste caso, a menção da maternidade só estabelecerá a filiação
relativamente à pessoa mencionada como mãe se:
- Foi a própria mãe a declarar o nascimento;
- No caso de não ter sido ela a declarar o nascimento, se esteve presente;
- Se estava representada por procurador com poderes especiais;
- Se lhe foi comunicado conteúdo do assento e confirmou a maternidade;
- Ou se depois de notificada nada declarou (n.ºs 1 e 2 do art. 1805.º).
Em regra, o momento da elaboração do registo de nascimento e a da menção da
maternidade coincidem. No caso de não ter sido a mãe quem declarou o nascimento e ao
declarante não ter sido possível identificar a mãe, o registo de nascimento ficará omisso
quanto à maternidade. Para que a mãe possa figurar no assento de nascimento, quando este
é omisso quanto a ela, surge a declaração de maternidade do n.º 1 do artigo 1806.º. Não
existe qualquer prazo para esta declaração, pelo que a mãe poderá fazê-la, em regra, a todo
o tempo. Porém, não poderá a mãe declarar a maternidade quando estiver perante filho
nascido ou concebido na constância do casamento e, concomitantemente exista perfilhação
por pessoa diferente do marido (n.º 1 do artigo 1806.º). Esta proibição é simples de
compreender. Pois, se fosse admitida esta declaração de maternidade, automaticamente, iria
operar a presunção de paternidade do marido (artigo 1826.º), que abordaremos infra. Esta
presunção sobrepor-se-ia à paternidade do perfilhante.
Nestes casos, a mãe terá de intentar a ação prevista no artigo 1824.º, pois não havendo
indicação ou declaração de maternidade, é ainda possível que o estabelecimento seja feito
através de uma ação judicial que declarará a maternidade por sentença.
Quanto à paternidade, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 1796.º, a
paternidade presume-se em relação ao marido da mãe e, nos casos de filiação fora
casamento, estabelece-se por reconhecimento (seja este voluntário ou judicial).
Neste sentido, são três os modos de estabelecer a filiação paterna. O primeiro modo de
estabelecimento da paternidade será a presunção de paternidade, que pressupõe a existência
de um casamento entre os progenitores, aquando o nascimento ou conceção do filho, e o
estabelecimento da maternidade. Porquanto, em princípio, os filhos de mulher casada terão
como pai o marido desta. Outro modo de estabelecimento da paternidade será a perfilhação
e sucederá, em regra, no caso de filhos nascidos ou concebidos fora do vínculo matrimonial.
Será um reconhecimento voluntário da paternidade. Por fim, nos casos em que o filho nasce
fora do casamento (ou a presunção não funciona, cessa ou é impugnada) e o pai não quer
A adoção, em sentido lato, define-se como a inserção num ambiente familiar, de forma
definitiva e com aquisição do vínculo jurídico próprio da filiação, segundo as normas legais
em vigor, de uma criança cujos pais morreram, são desconhecidos, não querem assumir o
desempenho das suas funções parentais ou são pelo Tribunal considerados incapazes de as
desempenhar.
Como foi referido, atualmente em Portugal só existe um tipo de adoção, a adoção
plena disposta no artigo 1986º do Código Civil, onde se lê: “n.º 1 - o adotado adquire a situação
de filho do adotante e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo- se
as relações familiares entre o adotado e os seus ascendentes e colaterais naturais”. Esta
forma de adoção tem como principal objetivo o superior interesse da criança e consiste na
integração da criança numa família, obtendo o sobrenome e tudo aquilo que os herdeiros
legítimos têm direito.
Assim, adoção plena permite a absoluta integração do menor adotado na família
adotiva, extinguindo os laços com a família biológica.
Depois de um período de convivência entre o(s) candidato(s) e a criança, durante o
qual os serviços de adoção através do acompanhamento da integração da criança na nova
família constatam a criação de verdadeiros laços afetivos entre ambos, é pedido ao Tribunal
que, através de uma sentença, estabeleça de forma definitiva a relação de filiação.
Deste modo, com a adoção, a criança ou jovem adotado:
• Torna-se filho do adotante e passa a fazer parte da sua família;
• Deixa de ter relações familiares com a sua família de origem, exceto, nalguns
casos, com os seus irmãos biológicos;
• Perde os seus apelidos de origem e adquire os apelidos dos adotantes;
• Pode, nalgumas situações, mudar o nome próprio (se o adotante o pedir e o
tribunal concordar),
A adoção é definitiva, não podendo ser revogada, nem mesmo por acordo entre o
adotante e o adotado.
Os direitos sucessórios dos adotados são os mesmos dos descendentes naturais.
Atualmente, Regime Jurídico do Processo de Adoção (RJPA) reúne num único
diploma - Lei n.º 143/2015, de 8 de Setembro - todas as normas que regulamentam a adoção,
com exceção apenas das normas substantivas previstas no Código Civil.
Este novo Regime faz depender o encaminhamento para a adoção apenas da do
instituto jurídico da Confiança Administrativa ou Medida de Promoção e Proteção e elimina a
modalidade de adoção restrita. De referir que nesta modalidade não havia um verdadeiro
rompimento com a família biológica, pois o adotando mantinha com esta os seus direitos e
deveres. Por outro lado, o adotado restritamente não era considerado herdeiro legitimário do
adotante, só podendo assim ser chamado à sucessão como herdeiro legítimo na falta do
cônjuge, descendente ou ascendente.
Com a intensão de introduzir a colegialidade nas decisões das equipas técnicas de
adoção, foi criado o Conselho Nacional para a Adoção, proporcionando maior consistência
nas decisões e assegurando a harmonização dos critérios utilizados que contribui para a
diminuição da margem de subjetividade das decisões. Este Conselho Nacional para a Adoção
é composto por o Instituto da Segurança Social, I.P., o Instituto da Segurança Social, I.P.R.A,
Instituto da Segurança Social da Madeira, IP-Ram e, no município de Lisboa, a Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa, e tem, de acordo com o artigo 8º do RPJA, as seguintes
competências: confirmar as propostas de direcionamento de crianças em situação de
adaptabilidade para famílias candidatas à adoção, corretamente selecionadas, apresentadas
pelas equipas técnicas de adoção; lançar parecer prévio para efeitos de concessão de
autorização e de revogação às instituições particulares, para intervenção em matéria de
adoção; seguir a atividade desenvolvida pelas instituições particulares autorizadas para
intervenção em matéria de adoção; expor recomendações aos organismos de segurança
Assim, para que a adoção possa ser promulgada têm de reunir certos pressupostos
nomeadamente o facto de ter que “apresentar reais vantagens para o adotando” (Artigo 1974º
nº 1 do C.C), sendo que, podem ser de ordem patrimonial como não patrimonial, tem de haver
legitimidade de motivos, ou seja, o casal de adotantes tem de querer, sobretudo, partilhar a
sua felicidade com uma criança. Por outro lado, não pode envolver sacrifícios para os outros
filhos dos adotantes, nos termos do nº 4 do artigo 1974º do CC, e para se garantir a filiação
do vínculo entre adotante e adotado tem que haver um período para se avaliar a formação da
existência desse vínculo “O adotando deverá ter estado ao cuidado do adotante durante prazo
suficiente para se poder avaliar da conveniência da constituição do vínculo” (n.º 2, Art.º 1974.º
do C.C).
Sendo que existem alguns requisitos especiais, tais como a idade do adotante, isto é,
caso seja um casal é necessário que os adotantes cônjuges tenham mais de vinte e cinco
anos e caso seja uma pessoa singular a idade mínima de adoção é de trinta anos, uma vez
que, existe uma elevada preocupação em relação de maturidade de quem adota. Contudo, o
limite máximo de idade do adotante é definido na idade igual ou inferior a sessenta anos.
Outro requisito especial que se impõe é em relação à duração do casamento, pois sendo esse
o caso, os casais podem adotar após o quarto ano de casamento, uma vez que, antes disso
a adoção podia ser uma decisão precipitada ou irrefletida.
Depois de realizada a avaliação dos requisitos pelo juiz, a quem compete o poder
arbitrário da apreciação, este elenca o cumprimento, ou não, destes requisitos na respetiva
sentença.
Para melhor perceção falamos seguidamente dos requisitos gerais e especiais.
Iniciamos pelos requisitos gerais presentes no artigo 1974º do C.C, fazendo uma
rápida análise a cada um deles. Assim, é importante de referir que a adoção a procura a
realizar o superior interesse da criança, este parecer já era universalizado, sobretudo desde
a entrada em vigor da Convenção Europeia em Matéria de Adoção e da Convenção sobre os
Direitos das Crianças das Nações Unidas, que procuram dar realce ao facto de nunca se deve
promulgar uma adoção sem que se tenha constituído a certeza de que é a opção que
efetivamente vai ao encontro do interesse do menor.
No ordenamento jurídico português, o juiz tem que, em todas as situações, verificar o
cumprimento cumulativo dos seguintes requisitos:
• A adoção apresentar reais vantagens para o adotado;
• Fundamentar-se em motivos legítimos;
• Não envolver sacrifício injusto para os outros filhos do adotante;
• Ser razoável de supor que entre o adotante e o adotado se irá estabelecer um vínculo
semelhante ao da filiação;
• Permanência do adotando ao cuidado do adotante, durante algum tempo.
Salvaguarde-se ainda que o artigo 1975º do CC impede expressamente as adoções
coincidentes e sucessivas ao mesmo adotando, ou seja, enquanto subsistir uma adoção, não
pode constituir-se outra quanto ao mesmo adotado, com a exceção em que os adotantes
sejam casados um com o outro ou vivam em união de facto. Contudo, atento o número 2 do
mesmo artigo, pode haver lugar à constituição de um novo vínculo adotivo se a criança for
filha de pais incógnitos ou falecidos; se os pais tiverem abandonado a criança; se os pais, por
ação ou omissão, mesmo que por manifesta incapacidade devida a razões de doença mental,
puserem em perigo grave a segurança, a saúde, a formação, a educação ou o
desenvolvimento da criança; se os pais da criança acolhida por um particular, por uma
instituição ou por família de acolhimento tiverem revelado manifesto desinteresse pelo filho,
em termos de comprometer seriamente a qualidade e a continuidade daqueles vínculos,
durante, pelo menos, os três meses que precederam o pedido de confiança.
A adoção procura apoiar um menor que ficou sem o apoio da família biológica, visto
que, o que se quer neste caso é simplificar a adaptação do menor a uma nova família.
Neste requisito o legislador supõe que os adotantes desejam ter mais filhos, quer
sejam eles filhos biológicos quer filhos adotivos. O que importa nesta situação é defesa dos
filhos existentes, impedindo que estes sejam lesados através de algum sacrifício injusto, que
podem ser privações de carácter económico, emocional, ou então uma sobrecarga elevada
para algum desses filhos. Logo, estes devem ser escutados inevitavelmente pelo juiz, com
idade superior a doze anos, de modo a aferir se a adoção se vai revelar vantajosa ou não.
Este requisito vem por sua vez atenuar uma das enormes inquietações do legislador,
uma vez que vem garantir a realização do objetivo primitivo da adoção, isto é, que se produza
uma relação em tudo idêntica à que se formaria por via da filiação natural. Sendo este um
requisito que está profundamente ligado ao fim assistencial ou tutelar da adoção, sendo
fundamental ao instituto e que inicia por se refletir pela diferença de idades entre o adotante
e adotado.
Deste modo, esta exigência legal descende da preocupação em que se forme uma
relação de afetividade exclusiva dos laços familiares entre pais e filhos. Esta prolongação
revela-se como sendo um período de composição para o que ainda poderá vir.
Sendo que a lei não fixa um prazo verdadeiro para que isto aconteça, contudo deve-
se ter em conta que a adoção é anteposta pela confiança administrativa ou pela medida
aplicada no âmbito de um processo de promoção dos direitos e proteção da criança.
Na adoção existem requisitos especiais tanto por parte do adotante como do adotado,
deste modo iremos elencar alguns desses requisitos. Sendo estes:
• Capacidade do adotante;
• Capacidade do adotado;
• Consentimento.
• Só pode adotar quem não tiver mais de 60 anos à data em que a criança lhe
tenha sido confiada, mediante confiança administrativa ou medida de
promoção e proteção de confiança com vista a futura adoção, sendo que a
partir dos 50 anos a diferença de idades entre o adotante e o adotando não
pode ser superior a 50 anos. Esta regra não se aplica quando o adotando for
filho do cônjuge do adotante.
• Pode, no entanto, a diferença de idades ser superior a 50 anos quando, a título
excecional, motivos ponderosos e atento o superior interesse do adotando o
justifiquem, nomeadamente por se tratar de uma fratria em que relativamente
apenas a algum ou alguns dos irmãos se verifique uma diferença de idades
superior àquela.
Salienta-se a possibilidade de adoção a pessoas que vivam em união de facto,
juridicamente reconhecidas como tal, nos termos e mediante o preenchimento dos requisitos
estabelecidos na Lei 7/2001, de 11 de Maio, exigindo-se vida em comum em condições
análogas às dos cônjuges, independentemente do sexo, por período superior a 2 anos, desde
que ambas tenham mais de 25 anos.
Relembre-se novamente que uma das mais importantes alterações legislativas no
nosso ordenamento jurídico em matéria de adoção, foi introduzida pela Lei nº 2/2016 de 29
de Fevereiro, que procedeu à eliminação das discriminações no acesso à adoção,
apadrinhamento civil e demais relações jurídicas familiares, alterando pela segunda vez a Lei
n.º 7/2001, de 11 de Maio, permitindo a adoção aos casais heterossexuais, aumentando
exponencialmente as chances que os menores possam vir a ter de ser adotados.
tenha sido confiado aos adotantes ou a um deles ou quando for filho do cônjuge do
adotante.
Portanto, são três as formas legais que permitem a adoção de uma criança ou jovem,
sendo elas a confiança administrativa, a medida de promoção e proteção de criança, ou no
caso de ser filho do cônjuge do adotante. Quando é na situação de ser filho do cônjuge, basta
a fase judicial do processo de adoção que após uma avaliação positiva deve ter lugar no
prosseguimento do período de pré-adoção, não devendo ser superior a três meses. Caso o
menor não seja filho do cônjuge, a adotabilidade alcança-se através da confiança
administrativa ou medida de promoção e proteção de confiança com o objetivo a futura
adoção.
O art. 1978º do CC vem elencar as situações comprometedoras dos vínculos afetivos
próprios da filiação, que podem levar a que a criança seja confiada com vista a futura adoção
no âmbito de um processo de promoção e proteção, sendo elas:
• Se for filha de pais incógnitos ou falecidos;
• Se tiver sido abandonada pelos pais;
• Se tiver havido consentimento prévio para a adoção;
• Se por ação ou omissão os pais, ainda que por doença mental, tiverem posto em
perigo grave a segurança, a saúde, a formação, a educação ou desenvolvimento
do menor;
• Se os pais da criança acolhida por particular, instituição ou família de acolhimento
tiverem revelado manifesto desinteresse pelo filho, comprometendo seriamente a
qualidade e continuidade dos vínculos parentais durante pelo menos os 3 meses
que antecederem o pedido de confiança.
Assim, importa saber quando é que a lei considera que a segurança, saúde, formação moral
ou educação de um menor possam estar em perigo. Neste sentido, deve-se atender ao
exposto no artigo 3º nº2 da LPCJP, ou seja, nos casos em que:
3.2.2.3. Consentimento
O consentimento faz parte dos requisitos especiais e deve possuir certas caraterísticas
para ser completamente válido. Deste modo, deve ser perfeito, livre e elucidado, pessoal e
possuir caráter puro e simples e deve ser realizado perante um juiz.
No ordenamento jurídico português em relação à adoção é obrigatório o consentimento
dos pais biológicos, do adotando com mais de catorze anos de idade, do adotante, do cônjuge
do adotante e, por vezes, dos ascendentes e dos colaterais até ao terceiro grau ou, ainda do
tutor com quem o menor resida e esteja a seu cargo.
Deste modo, o adotante, do qual o consentimento se torna indispensável com a
finalidade de progressão no processo adotivo, à falta de existência ou à presença de
consentimento com vícios, é razão de revisão da sentença em que tenha sido determinada a
adoção. O mesmo é aplicável à falta de existência ou à presença de consentimento com vícios
do consentimento dos pais biológicos e do adotando, caso seja pedido. Sendo que, para o
consentimento dos pais biológicos, em função dos efeitos que provoca, é-lhes concedido um
período de tempo para rever a decisão tomada, isto é, um período para revogarem o
consentimento, uma vez que em algumas situações de grande carência de condições
materiais e até psicológicas podem levar ao consentimento pouco refletido.
O consentimento por parte do adotando com idade superior a catorze anos consta
como requisito do processo de adoção, uma vez que, é uma maioridade especial.
Além dos consentimentos supra descritos, a decisão judicial constitui também um
requisito essencial para que se possa constituir o vínculo adotivo. O nosso ordenamento
jurídico exige que a adoção seja constituída por uma decisão judicial e mediante um processo
próprio de adoção.
5. Quadro comparativo
Neste tópico iremos fazer a análise comparativa dos diferentes regimes de adoção,
sendo que, escolheu-se por compilar as caraterísticas semelhantes dos distintos
ordenamentos jurídicos, aludindo em cada um deles as caraterísticas que os particularizam e
individualizam.
Existindo algo transversal nos regimes jurídicos, existem procedimentos e princípios
iguais a todos eles, nomeadamente no que respeita aos candidatos a adotantes. Sendo que,
em relação à criança nos regimes jurídicos por nós escolhidos, está fixado como princípio
principal o “Superior Interesse da Criança”, precisando este de ser percebido com o previsto
no Princípio II da Declaração dos Direitos da Criança de 1989 “A criança gozará de uma
proteção especial e beneficiará de oportunidades e serviços dispensados pela lei e outros
meios, para que possa desenvolver-se física, intelectual, moral, espiritual e socialmente de
forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar
leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da
criança”.
Escolhemos abordar os seguintes ordenamentos jurídicos:
• Albânia;
• Estados Unidos;
• Letónia;
• Turquia;
• França.
Em 1997, foi permitido o Adoption and Safe Families Act, que modificou a forma como
os Estados Unidos tratava o tema da adoção e da proteção da família. Sendo que com este
diploma valorizou-se o superior interesse da criança e jamais os direitos dos pais biológicos.
As alterações incidiram sobretudo em benefícios a nível fiscal e, ainda na ampliação
dos serviços de saúde às crianças adotadas o que antes não era verificável.
Existem caraterísticas comuns ao processo de adoção nos diferentes Estados, sendo
estas:
• As responsabilidades parentais, assim como todos os direitos a estas inerentes, são
da exclusiva competência e responsabilidade dos pais adotivos;
• O consentimento é preciso por parte dos pais biológicos, salvo nos casos onde
legalmente esse consentimento é parcialmente ou totalmente excluído;
• A tramitação do processo tem natureza confidencial, encontrando-se vedado o acesso
público ao mesmo.
A adoção está prevista nos artigos 305.º a 320.º do Código Civil turco e,
simultaneamente com o diploma do Conselho de Ministros n.º 2009/14729 que regularizam
esta figura jurídica no país. Sendo que, perante o artigo 320.º do Código Civil, qualquer
diligência nacional em relação à adoção é tramitada pela Direção Geral dos Menores sob o
domínio do Ministro da Família e Serviços Sociais.
pelo menos cinco anos ou quando ambos os cônjuges tenham idade igual ou
superior a trinte anos;
• Candidatos que pretendam adotar uma criança com menos de um ano de idade
não devem ter mais de quarenta anos de idade, assegurando-se aos candidatos
mais velhos a adoção de crianças com idade superior a um ano;
• É ainda exigido um nível educacional igual ou superior ao da escola primária;
Deste modo, depois de achada uma criança em situação de adotabilidade é a mesma
colocada à guarda e cuidados do candidato, sendo cumprido um período probatório de
adaptação de um ano, findo o qual o candidato dispõe do prazo de dois meses para apresentar
oficialmente o pedido em juízo, de forma a ser confirmado judicialmente.
Perante o Adoption and Children Act 2002, uma criança pode ser adotada tanto por
uma pessoa individualmente considerada como por um casal quer estejam casados, quer
vivam em união de facto, desde que se verifiquem os requisitos legalmente previstos.
Contudo, é exigida uma idade igual ou superior a vinte e um anos e embora não exista
uma idade máxima, as agências de adoção inglesas, normalmente, não propõem adoções
onde a diferença de idades seja superior a 45 anos.
Sendo que as agências de adoção, que tanto podem ser autoridades locais como agentes
voluntários, possuem a responsabilidade de recrutar candidatos a adotante e
corresponderem-nos a uma criança em situação de adotabilidade.
De acordo com o Adoption and Children Act 2002, uma criança pode ser adotada se:
• Cada um dos pais biológicos o consentirem ou se estiverem em parte incerta;
• Os pais biológicos forem incapazes de dar o seu consentimento;
• A criança estiver à guarda (ou em condições de o ficar) das autoridades locais.
Sendo de referir que a Inglaterra é um dos poucos países onde uma criança pode ser
adotada sem o consentimento da pessoa ou pessoas que exercem as responsabilidades
parentais.
Uma vez que seja decretada judicialmente, a adoção torna-se irrevogável. Contudo é
possível, em teoria, retroceder judicialmente a decisão de adoção, a reversão apenas provém
em casos muito excecionais.
A adoção vem regulada nos artigos 343.º e seguintes do Código Civil francês. As
crianças podem estar em situação de adotabilidade quando, perante o artigo 347.º do Código
Civil:
• Existir consentimento dos pais biológicos, devendo-se esperar um período de dois
meses para que a decisão seja refletida, não sendo então provável consentir a adoção
de uma criança com menos de dois meses de vida;
• As crianças sejam recolhidas pelos serviços sociais do Estado;
• As crianças sejam declaradas abandonadas por decisão judicial, por motivo de falta
de interesse dos pais biológicos por um período mínimo de um ano, entregando-se
então estas crianças aos referidos serviços sociais.
7.1.2. CANDALARIZAÇÃO
Data Set Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio
Atividades 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º
Definição do tema da PAP
Pesquisa Documental
Conceção da PAP - Entrega
Reuniões com o Orientador da PAP
1ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto-Entrega
1ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto- Defesa
Contacto e visita às Entidades/Instituições
Ação de Formação
Entrevistas
Folheto
Elaboração do Projeto PAP
2ºAvaliação Intermédia do Pré Projeto-Entrega
2ºAvaliação Intermédia do Pré projeto-Defesa
Elaboração do Relatório Final PAP
Relatório do Projeto da PAP - Entrega
CONCLUSÃO
A adoção é fonte de relações jurídicas e familiares, que compõe um ato jurídico através
do qual se cria entre o adotando e o adotante uma relação legal de filiação que é autónoma
dos laços biológicos.
A adoção é, por isso, uma forma de amor que não está ao alcance de todos, da mesma
maneira que a maternidade e a paternidade também não estão, uma vez que, a capacidade
biológica de procriar filhos não atribui a capacidade para se tornar melhor pai ou melhor mãe.
De qualquer forma, não nos podemos esquecer do facto de que as crianças, por não
terem atingido o pleno da maturidade, precisam de uma particular proteção, tanto por parte
da sociedade, como, e especialmente, por parte das famílias.
Sendo que a adoção realiza o direito da criança a uma família diferente daquela em
que nasceu, surge como uma segunda oportunidade de vida num meio familiar com afetos e
com todos os direitos que lhe são atribuídos pelo Direito.
Contudo, o interesse e as finalidades do instituto da adoção foram-se modificando
conforme os conceitos e as conjunturas vividas em cada época, umas vezes mais
concentrada nos benefícios do adotante, designadamente como forma de garantir o
prosseguimento da família do adotante, mas também na tentativa de preencher carências
imateriais ou materiais dos adotantes e respetivas famílias. Com o passar dos anos e com as
incessantes transformações sociais e, fundamentalmente, no seio da família, a adoção
chegou aos dias de hoje como um instituto jurídico focado no superior interesse do adotando.
No nosso quotidiano, a adoção pode e deve ser vista como um meio saudável usado
pela comunidade em favor das crianças mais carenciadas e desprotegidas, daqui decorrendo
que, principalmente nas últimas décadas, este instituto tenha vindo a ser várias vezes
perspetivado em ordem à sua atualização, numa tentativa de transformar as limitações iniciais
deste instituto em oportunidades para muitas crianças desprotegidas de abraçarem novos
projetos de vida, de fazerem parte de novas famílias e de desenvolverem novos vínculos
afetivos e familiares dentro da comunidade.
Neste projeto quisemos mostrar o quão importante é este tema para nós. Muito mais
haveria, certamente, a dizer, mas queremos aqui realçar o quanto gostámos de trabalhar e
aprender sobre o instituto da adoção. Foi importante a pesquisa e a leitura de muitos textos
sobre esta temática e foi muito gratificante o desenvolvimento que este trabalho permitiu, quer
a nível pessoal, quer a nível técnico.
Bibliografia
Constituição da República Portuguesa:
https://dre.pt/constituicao-da-republica-portuguesa (2019);
http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=775&tabela=leis
- Lei da criança e jovem em perigo Lei 147/99 de 1 de setembro atualizada pela lei número
26/2018 de 5 julho consultada em
http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=545&tabela=leis.