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CURSO MARCO LEGAL

DA PRIMEIRA INFÂNCIA

Trilha Sistemas de Garantias


AULA 10: Experiências práticas – Pacto Nacional pela
Primeira Infância (CNJ)

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Aula 10: Experiências práticas – Pacto Nacional pela
Primeira Infância (CNJ)1
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o órgão central de planejamento e coordenação
do Poder Judiciário, com atuação no controle administrativo e no desenvolvimento de políticas
judiciárias voltadas ao aperfeiçoamento da prestação jurisdicional no Brasil. Junto a suas
atribuições legais e regimentais e em consonância com os compromissos internacionais e
constitucionais relativos aos direitos das crianças e adolescentes, o CNJ iniciou o projeto “Justiça
começa na Infância: Fortalecendo a atuação do Sistema de Justiça na promoção de direitos
para o desenvolvimento humano integral”, que é financiado com recursos do Fundo de Defesa
de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (FDD).
Para executar esse projeto, o CNJ propôs a edificação do Pacto Nacional pela Primeira
Infância, firmado em 25 de junho de 2019, mediante cooperação técnica e operacional com
vistas ao aprimoramento da infraestrutura necessária à proteção do interesse da criança e à
prevenção da improbidade administrativa dos servidores públicos e demais atores da rede de
proteção à primeira infância responsáveis por aplicar a legislação voltada à garantia dos direitos
difusos e coletivos previstos no art. 227 da Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do
Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância.
O Pacto Nacional pela Primeira Infância conta atualmente com 259 signatários,
representantes das três esferas do Poder Público e da Sociedade Civil. E tem como plano de
trabalho relacionado ao projeto Justiça começa na Infância as seguintes ações:

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Elaborado por Alessandra Teixeira e Ivânia Ghesti, Analistas Judiciárias, Conselho Nacional de Justiça.

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a. O diagnóstico é fundamental para subsidiar a definição de ações e prioridades sobre
a atuação do sistema de justiça e dos demais atores responsáveis pelas políticas,
rotinas de atendimento e formas de gestão das entidades responsáveis pela atenção
integral às crianças na primeira infância. Após a formação de uma Comissão para
esta ação, foram definidos os seguintes eixos para realização de um Diagnóstico
Nacional:
• EIXO 1 – Mulheres e adolescentes grávidas e mães
de crianças até 6 anos presas ou em regime de
internação;
• EIXO 2 – Proteção da criança na dissolução da sociedade
conjugal;
• EIXO 3 – Destituição de poder familiar, adoção e tráfico
de crianças;
• EIXO 4 – Famílias acolhedoras e unidades de
acolhimento;
• EIXO 5 – Estrutura judiciária e gestão administrativa de
políticas de infância e juventude.

Os resultados do diagnóstico indicarão aos tribunais, aos demais órgãos do Sistema de


Justiça e demais signatários do Pacto Nacional pela Primeira Infância pontos problemáticos
identificados em diversos aspectos, tais como estrutura, equipe, processos de trabalho e
articulação com todos os atores da rede de proteção e promoção da primeira infância, para que
possam, assim, concentrar esforços nas soluções adequadas a cada caso.
Para a realização do Diagnóstico, o CNJ firmou um acordo de cooperação técnica com o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), visando possibilitar a articulação
com outras instituições nacionais produtoras de dados e pesquisas, tais como IPEA e IBGE. Para
viabilizar a o alcance dos objetivos será desenvolvida ferramenta tecnológica para divulgação
de dados e informações levantados pela pesquisa.
Em decorrência das medidas requeridas para enfrentamento da pandemia, a pesquisa
teve sua metodologia adaptada e seus resultados devem ser divulgados em abril/2022.
b. Outra ação do projeto Justiça começa na Infância é a realização de um seminário
em cada região do Brasil visando sensibilizar os profissionais do Sistema de Justiça
e da rede de garantia de direitos de todo o país sobre a importância do Marco Legal
da Primeira Infância e, de forma intrínseca, fomentar a implementação da
prioridade absoluta prevista no art. 227 da Constituição Federal. Em todas as cinco

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edições realizadas ocorreu a adesão dos atores locais ao Pacto Nacional pela
Primeira Infância.

Os seminários foram destinados a profissionais dos três Poderes e da sociedade civil


organizada e empresas: desembargadores; magistrados; procuradores; promotores; defensores
públicos; advogados; equipes psicossociais-jurídicas; parlamentares; servidores dos Poderes
Judiciário, Executivo e Legislativo; profissionais do Sistema de Garantia de Direitos; Conselhos
Tutelares; Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente; servidores das áreas de Direitos
Humanos, Desenvolvimento Social, Cultura, Esporte, Saúde, Educação, Justiça, Segurança
Pública, empresários, entre outros.
Em cada região, a programação considerou os problemas e as dificuldades enfrentadas
pelos operadores do direito e pelas equipes técnicas, assim como as boas práticas
implementadas, promovendo a integração da rede de garantia de direitos da primeira infância.
Também foram propostos, em workshops temáticos e simultâneos, ações que podem ser
implementadas pelo CNJ e pelos demais signatários do Pacto Nacional pela Primeira Infância.
Em todas as edições realizadas, nas regiões Centro-Oeste, Norte, Sudeste, Nordeste e Sul do
Brasil. O número de participantes foi muito expressivo e as apresentações realizadas nos
seminários podem ser acessadas por meio do Portal do Pacto Nacional pela Primeira Infância,
no site do CNJ.
As questões apresentadas pelos participantes nos workshops foram analisadas pelo
Fórum Nacional da Infância e da Juventude (Foninj), que emitiu uma Nota Técnica com a
recomendação de elaboração de protótipos de fluxos de integração intersetorial.

c. A capacitação planejada no projeto inclui a oferta de 23.500 vagas para os


profissionais do Sistema de Justiça e da rede de garantia de direitos. O presente
curso é parte dessa execução e tem o importante papel de garantir o direito dos
profissionais à qualificação, conforme previsto no artigo 10º do Marco Legal da
Primeira Infância. Inicialmente, a capacitação foi projetada para ser realizada nas
modalidades semipresencial e à distância. Contudo, em decorrência do isolamento
social, passaram a ser exclusivamente na modalidade à distância.

c.1. Com base nas competências laborais dos operadores do direito e das equipes
psicossociais, foi planejado o curso “Marco Legal da Primeira Infância e suas implicações
jurídicas”, com observância dos normativos da Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam, instituição responsável por regulamentar os
cursos oficiais de formação e aperfeiçoamento de magistrados. Por ser uma área que

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requer atuação multidisciplinar e intersetorial, o público-alvo desse curso consiste em
1.500 operadores do direito: magistrados, promotores de justiça, defensores públicos,
advogados e delegados de polícia vinculados aos órgãos do Sistema de Justiça. Foram
realizadas sete turmas semipresenciais exclusivas para operadores do direito, nos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Tocantins. Por
força das recomendações de vigilância epidemiológica para prevenção ao contágio da
COVID-19, as demais turmas programadas para 2020 foram canceladas, passando a ser
desenvolvidas integralmente na modalidade a distância.

c.2. O curso na modalidade de ensino à distância sobre o Marco Legal da Primeira


Infância com público-alvo voltado à rede de serviços: psicólogos, assistentes sociais,
educadores e demais servidores públicos que exercem atividades relacionadas à
primeira infância é este, inicialmente oferecido na modalidade EAD com tutoria (Curso
Marco Legal da Primeira Infância para Tod@s) e atualmente como EAD autoinstrucional
(Curso Marco Legal da Primeira Infância).

Com essa capacitação, espera-se alcançar melhores resultados na realização de


atividades voltadas à primeira infância, com profissionais conscientes de suas responsabilidades
e aptos a prestar um atendimento humanizado, com qualidade e rigor técnico, buscando
propiciar um acolhimento personalizado e integrado, com foco na solidificação das bases de
formação da criança e sua constituição como indivíduo dotado de especificidades e direito ao
desenvolvimento integral. Espera-se, ainda, identificar profissionais com aptidão pedagógica
para atuarem como multiplicadores do conhecimento disponibilizado no curso, auxiliando no
alcance e formação de um número ainda maior de agentes de promoção do desenvolvimento
das crianças desde o início da vida.

d. A Seleção, Premiação e Disseminação de Boas Práticas: A partir de comissões


formadas pelos signatários do Pacto, desenhou-se o edital e selecionou12boas
práticas, subdividas em 4 categorias, como mecanismo de fomento e
reconhecimento de experiências de sucesso implementadas há pelo menos um ano
e que contribuem para a promoção e garantia dos direitos da primeira infância. O
objetivo é realizar um benchmark de práticas inovadoras, eficazes e passíveis de
replicação em outros órgãos e entidades, visando ao aperfeiçoamento do
atendimento prestado pelos agentes públicos e pela rede de atenção à primeira
infância.

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•Poder Judiciário •Poder Executivo, incluídas as
•Ministério Público instituições de ensino públicas
•Defensoria Pública •Poder Legislativo
•OAB
Sistema de
Governo
Justiça

Sociedade
Civil Empresas
Organizada

•Organizações sociais, • Indústria


associações, fundações e outras • Empresas
entidades similares e sem fins •Instituições de ensino privadas
lucrativos

Publicada em 12 de julho de 2019, a Chamada Pública apresentou as seguintes etapas:


a) divulgação; b) inscrição dos proponentes; c) avaliação e seleção das práticas; d) publicação
do resultado e premiação; e) fomento e disseminação das boas práticas selecionadas. As
práticas inscritas foram analisadas por uma Comissão de Avaliação composta por membros
indicados pelos signatários do Pacto. A análise foi dividida em uma fase eliminatória e outra
classificatória. Na fase classificatória, foram considerados os critérios de eficácia, eficiência,
inovação, replicabilidade, custos e recursos de implementação, intersetorialidade e alcance
social.
Das 182 práticas inscritas, 93 foram habilitadas para a fase classificatória. As três
melhores práticas de cada categoria foram premiadas como reconhec4imento dos esforços
empreendidos para promoção e garantia de direitos e atenção à primeira infância. E todas as
práticas premiadas foram objeto de disseminação de conhecimento, visando à sua replicação
por qualquer órgão ou instituição interessada, com vistas à melhoria dos serviços de atenção à
primeira infância. A etapa de disseminação contou com fóruns de discussão na modalidade a
distância, nos quais os responsáveis pelas práticas e especialistas atuaram como tutores,
prestando orientações sobre metodologias, estratégias e demais aspectos que pudessem
contribuir para a replicação por outros interessados, discutindo-se também a articulação dessas
práticas com os princípios e as diretrizes do Marco Legal da Primeira Infância. Também foram
elaboradas cartilhas, para distribuição em meio físico e eletrônico para toda a rede.

• Cartilha sobre as boas práticas premiadas na Categoria Sistema de Justiça:


https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/2021/04/layout_CARTILHA_1a_Infancia_SISTEMA_JUSTICA-
V9_atualizada_em_16-06-2020.pdf

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• Cartilha sobre as boas práticas premiadas na Categoria Governo:
https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/2021/04/layout_CARTILHA_1a_Infancia_GOVERNO-V9_atualizada_em_16-06-
2020.pdf

• Cartilha sobre as boas práticas premiadas na Categoria Sociedade Civil Organizada


https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/2021/04/layout_CARTILHA_1a_Infancia_SOCIEDADE-V9_atualizada_em_16-
06-2020.pdf

• Cartilha sobre as boas práticas premiadas na Categoria Empresas


https://www.cnj.jus.br/wp-
content/uploads/2021/04/layout_CARTILHA_1a_Infancia_EMPRESAS-V9_atualizada_em_16-
06-2020.pdf

Para saber mais: Acesse o Portal do Pacto Nacional pela Primeira Infância no site do
CNJ: http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pacto-nacional-pela-primeira-infancia.

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10.1. Ações articuladas com o Pacto Nacional pela Primeira
Infância
O CNJ promoveu outras ações relacionadas à proteção dos direitos da infância e
juventude, e que contribuem diretamente para o alcance dos objetivos traçados no Pacto
Nacional pela Primeira Infância.

Pacto Nacional pela Escuta Protegida

O CNJ é um dos signatários do Pacto Nacional pela Implementação da Lei nº


13.431/2017, firmado em 13 de junho de 2019, com o propósito de alcançar a efetividade do
atendimento integrado às crianças e aos adolescentes que sofreram ou presenciaram violência,
a exemplo dos crimes sexuais, com protocolos específicos para a escuta especializada e o
depoimento especial das vítimas. No âmbito desse Pacto, foi construído o fluxo geral de
implementação da Lei nº 13.431/2017, possibilitando que toda a rede envolvida na proteção
dessas crianças e adolescentes tenha uma visão global do atendimento a ser oferecido, de forma
a garantir os direitos da vítima (e, em muitos casos, de sua família):
https://legado.justica.gov.br/seus-direitos/politicas-de-justica/EJUS/arquivos/fluxo-geral-
implementacao-lei-13-431_paraimpressao.pdf
Ainda sobre a escuta protegida de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de
violência no âmbito do Poder Judiciário, foi editada a Resolução CNJ nº 299, de 5 de novembro
de 2019, que regulamenta a Lei nº 13.431/2017, com foco na prevenção da violência
institucional e na garantia de condições especiais para que crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência possam ser ouvidos nos feitos judiciais em locais apropriados,
devidamente assistidos por profissionais especializados. As regras também objetivam
resguardar a intimidade do depoente e evitar a reiteração de depoimentos que aumentem o
sofrimento. Desde 2010, o CNJ, por meio da Recomendação nº 33/2010, já vinha sinalizando a
necessidade de criação, nos Tribunais de Justiça, de serviços especializados para a escuta de
meninas, meninos e jovens vítimas ou testemunhas de violência e abuso sexual.

Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA)

Os 27 tribunais estaduais brasileiros passaram a operar, a partir de 12 de outubro de


2019, com o novo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). O SNA apresenta um
inédito sistema de alertas, com o qual os juízes e as corregedorias podem acompanhar todos os

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prazos referentes aos processos de crianças e adolescentes acolhidos e em processo de adoção,
bem como de pretendentes. Essas novas funcionalidades proporcionarão mais celeridade na
resolução dos casos e maior controle dos processos de adoção.
A plataforma traz uma visão integral do processo da criança e do adolescente, desde sua
entrada no sistema de proteção até a sua saída, seja pela adoção ou pela reintegração familiar,
considerando o melhor interesse da criança e do adolescente.
O SNA também possibilita consultas de estatísticas públicas 2, a exemplo do número de
crianças e adolescentes acolhidos, aptos à adoção, ou pretendentes habilitados à adoção, com
gráficos referentes a idade, gênero, entre outros.
Pelo sistema, as Varas de Infância e Juventude terão acesso ao processo das crianças e
adolescentes, com alertas sobre prazos já vencidos, a vencer ou em trâmite regular.
Após sete meses de utilização nacional do sistema, foram observados resultados
expressivos aos beneficiários do SNA. Esses resultados podem ser consultados no Diagnóstico
sobre o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento 3.

Para saber mais: Acesse o Portal do SNA no site do CNJ:


https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/adocao/

Programa Destrava Brasil

Em parceria com o Tribunal de Contas da União e a Associação dos Tribunais de Contas


dos Estados e dos Municípios (Atricon), em 2019, o Departamento de Pesquisas Judiciárias do
CNJ realizou um diagnóstico nacional com o objetivo de destravar as obras paralisadas, fomentar
campanhas de conciliação e mediação, realizar eventos e fornecer subsídios para criação de
metas nacionais do Poder Judiciário para priorizar a solução adequada e justa desses feitos.
Em levantamento realizado pela Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra Urbana)
do Tribunal de Contas da União (TCU), foi apontado que o Brasil possui atualmente mais de 14
mil obras públicas federais paralisadas, somando um investimento público de R$144 bilhões de

2 https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-
f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall
3https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2020/05/relat_diagnosticoSNA2020_25052020.pdf

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reais, com R$10 bilhões já aplicados. Desse montante, 3% teriam como motivação questões
relacionadas ao Poder Judiciário.
Nesse contexto, o CNJ buscou identificar os processos relacionados a obras públicas
paralisadas, objetivando a liberação das pendências judiciais e a retomada, conclusão e entrega
dos empreendimentos à sociedade. Foram identificadas 3.921 obras públicas paralisadas no
país. Desse universo, verificou-se que somente 48 empreendimentos foram paralisados em
razão de processo judicial. Ou seja, os dados do diagnóstico apontam que o Poder Judiciário foi
responsável pela paralisação de apenas 1,2% das obras.
Apesar de o número de processos localizados versando sobre obras paralisadas por
determinação judicial (48) ser pequeno em relação à quantidade de obras paralisadas no país,
esse quantitativo corresponde a cerca de 149 bilhões de reais em recursos orçamentários
imobilizados.
Avançando nessa pauta, o Comitê Executivo Nacional para Apoio à Solução das Obras
Paralisadas, integrado pelo CNJ, TCU, Atricon, Conselho Nacional do Ministério Público,
Ministério da Infraestrutura, Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União e pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, criou o Programa Destrava, cujo objetivo
central é identificar o motivo da interrupção e encontrar uma solução consensual adequada para
eliminar a causa da paralisação e possibilitar a retomada, conclusão e entrega dos
empreendimentos à sociedade, especialmente as creches e escolas, que são tão essenciais para
ampliar a oferta de vagas nas regiões brasileiras.
As ações do Programa Destrava foram iniciadas com o projeto-piloto no estado de Goiás,
que, no final do de 2019, tinha 56 obras paralisadas em 46 municípios. Com previsão de ser
concluído no primeiro semestre de 2020, essa primeira frente de trabalho será voltada a obras
de creches e de suporte à educação infantil.
No âmbito do Poder Judiciário, o CNJ, em parceria com o Instituto Articule, tem atuado
para aprimorar as Tabelas Processuais Unificadas no tocante aos assuntos relativos ao direito
fundamental à educação. Por meio dessas Tabelas, são extraídos os dados estatísticos
processuais.
Para evidenciara dimensão dos índices de litígio na área da educação, dados do Relatório
Justiça em Números revelam que somente em 2019 o Poder Judiciário recebeu 62 mil demandas
sobre direito à educação.
Contudo, devido ao padrão atual dessas tabelas, não é possível saber o tipo de ação
proposta, se a questão solicitada é sobre educação infantil, ensino fundamental e ensino
superior, separadamente, e se é uma questão relativa a escola pública ou privada.

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Com o aprimoramento das Tabelas Processuais, serão obtidos dados qualitativos que
permitirão a formulação de melhores diagnósticos sobre a judicialização da educação e que,
posteriormente, servirão de subsídio para a criação de políticas públicas mais eficazes, com
vistas à promoção dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes e, por consequência,
à prevenção de litígios.

Justiça Presente

No início de 2019, o CNJ, por intermédio do Departamento de Monitoramento e


Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF),
em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançou o
Programa Justiça Presente. A iniciativa busca responder aos grandes desafios apresentados ao
Brasil no que concerne às políticas penais e socioeducativas comumente executadas.
No bojo do socioeducativo, o Justiça Presente pretende racionalizar a aplicação das
medidas de privação de liberdade e o uso de ações de segurança em detrimento de atividades
pedagógicas, bem como minimizar a ausência de sistemas de informação e de dados, a falta de
investimento do Estado em recursos nos meios aberto e fechado e a ausência de políticas para
adolescentes pós-cumprimento de medida socioeducativa. Nesse sentido, apresenta quatro
eixos de atuação: (i) gestão da informação e qualificação de dados; (ii) racionalização da
aplicação de medidas de privação de liberdade; (iii) mecanismos de aperfeiçoamento do SINASE;
e (iv) estratégias de acesso a programas de profissionalização e aprendizagem.
Ações desse projeto têm apontado que adolescentes ingressam no sistema
socioeducativo principalmente pela prática de atos infracionais equiparados aos crimes de porte
de arma, roubo, furto e tráfico de drogas. Igual tendência foi encontrada no âmbito do sistema
prisional. À exceção do primeiro, todos os demais atos estão diretamente relacionados a
vulnerabilidades socioeconômicas, indicando, por um lado, a seletividade de ambos os sistemas
quanto ao público sobre o qual incidem e, por outro, a necessidade de serem aprimoradas as
políticas públicas voltadas à redução das desigualdades socioeconômicas como estratégia para
a diminuição da criminalidade.

A proteção dos direitos de crianças e adolescentes em tempos da COVID-19

O primeiro caso do novo Coronavírus no Brasil foi registrado em 26 de fevereiro de 2020


e, entre 11 e 24 de março de2020, quando começaram a ser adotadas as primeiras medidas de
isolamento social como prevenção ao contágio da COVID-19, já se noticiava o aumento de 9%

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no número de denúncias no Disque 100. As principais violações registradas foram exposição de
risco à saúde, maus-tratos e ausência de recursos para sustento familiar, vitimando
principalmente mulheres. Contudo, o registro de violações dirigidas a crianças e adolescentes
durante a pandemia tem crescido.
Esse é só um dos inúmeros exemplos de como a pandemia tem afetado direta e
indiretamente crianças e adolescentes, notadamente as que já se encontravam em situação de
risco e vulnerabilidade socioeconômica.
Diante desse grave cenário, os signatários do Pacto Nacional pela Primeira Infância têm
atuado em várias frentes, adotando ações específicas e urgentes para salvaguardar crianças,
adolescentes e suas famílias durante o período da pandemia.
No âmbito da Justiça, o CNJ regulamentou o funcionamento do Judiciário no período
afetado pela pandemia da COVID-19 por intermédio de diversas resoluções, entre as quais as
que tratam diretamente sobre direitos infanto-juvenis, a exemplo da Recomendação Conjunta
CNJ/CNMP/MDH/Ministério da Cidadania nº 01/2020, que dispõe sobre os cuidados a crianças
e adolescentes com medida protetiva de acolhimento, no contexto de transmissão comunitária
do novo Coronavírus (COVID-19).

Para saber mais:


Recomendação interinstitucional de enfrentamento da Covid 19 em situações de medidas de
acolhimento e adoção. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVil_03/Portaria/REC/recomendacao-conjunta-01-20-
MC.htm#:~:text=RECOMENDA%C3%87%C3%83O%20N%C2%BA%201%2C%20DE%2016,nacion
al%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.

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