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Processo Judicial Eletrônico - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

13/12/2022

Número: 1001869-32.2022.8.11.0000
Classe: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Turma de Câmaras Cíveis Reunidas de Direito Público e Coletivo
Órgão julgador: GABINETE - DESA. MARIA EROTIDES KNEIP
Última distribuição : 09/02/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Abuso de Poder, Edital
Objeto do processo: MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR - TUTELA DE URGÊNCIA - Objeto: Objetiva a concessão da Tutela de
Urgência, de forma liminar, visando à suspensão do Edital de Concorrência Pública nº 001/2021/SECOM até decisão de mérito; ao final, requer a
segurança de forma definitiva com a anulação da Concorrência Pública 001/2021/SECOM, por violação do instrumento convocatório, art. VI da Lei
12.232/2010, 41 da Lei 8.666/93, art. 25, IV, V da Lei 7.692/2002; alternativamente, requer a anulação da fase Avaliação da Proposta Técnica, em
razão da falta de isonomia entre as concorrentes, violando o art. 3, §1, I e II da Lei 8.666/93, para a reanálise com os critérios objetivos previstos
em Lei e no Edital, com notas em consonância com as justificativas.
Processo Licitatório n. 333204/2021 - Concorrência Pública n. 001/2021- SECOM-MT, cujo objeto é contratação de 05 (cinco) agências de
propaganda, para prestação de serviços de publicidade para o Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Comunicação,
com verba anual anunciada de R$90.000.000,00 (noventa milhões de reais).
Nível de Sigilo: 0 (Público)
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
ESTADO DE MATO GROSSO (EMBARGANTE)
FCS COMUNICACAO LTDA (EMBARGANTE)
ALINNE SANTOS MALHADO (ADVOGADO)
FELIPE DE OLIVEIRA SANTOS (ADVOGADO)
FCS COMUNICACAO LTDA (EMBARGADO)
FELIPE DE OLIVEIRA SANTOS (ADVOGADO)
ALINNE SANTOS MALHADO (ADVOGADO)
ESTADO DE MATO GROSSO (EMBARGADO)

Outros participantes
SOUL PROPAGANDA LTDA - ME (TERCEIRO INTERESSADO)
CATIANE JANJOB SOUZA PINTO (ADVOGADO)
LEONARDO DA SILVA CRUZ (ADVOGADO)
RAQUEL ARRUDA SOUFEN (ADVOGADO)
ZIAD A. FARES PUBLICIDADE - EPP (LITISCONSORTES)
JORGE LUIZ MIRAGLIA JAUDY (ADVOGADO)
JOAQUIM FELIPE SPADONI (ADVOGADO)
CASA D'IDEIAS MARKETING E PROPAGANDA LIMITADA (LITISCONSORTES)
RICARDO TURBINO NEVES (ADVOGADO)
JOAO PAULO MORESCHI (ADVOGADO)
LUIZ G RODRIGUES JUNIOR (LITISCONSORTES)
ROBELIA DA SILVA MENEZES (ADVOGADO)
JOSE ANTONIO ROSA (ADVOGADO)
DMD ASSOCIADOS ASSESSORIA E PROPAGANDA LTDA - EPP (LITISCONSORTES)
PEDRO MARCELO DE SIMONE (ADVOGADO)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO (CUSTOS LEGIS)
Documentos
Id. Data da Movimento Documento Tipo
Assinatura
151777683 25/11/2022 15:44 Juntada de Petição de embargos de Embargos de Declaração Embargos de Declaração
declaração
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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA RELATORA DO MANDADO


DE SEGURANÇA N. 1001869-32.2022.8.11.0000 – TURMA DE CÂMARAS CÍVEIS
REUNIDAS DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE
MATO GROSSO

MS Nº: 1001869-32.2022.8.11.0000

Embargante: Estado de Mato Grosso

O ESTADO DE MATO GROSSO, já qualificado nos autos, por seu Procurador


signatário, vem, tempestivamente, à presença de Vossa Excelência opor EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, com fulcro no art. 1.022 do CPC, frente ao acórdão de id. 149801692, pelos
fatos e fundamentos a seguir enumerados.

1 – DO CABIMENTO

O instrumento processual destinado a suprir a omissão, eliminar a contradição,


esclarecer a obscuridade e corrigir o erro material consiste, exatamente, nos embargos de
declaração. Eis o que dispõe o art. 1.022 do CPC/2015:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se


pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;

III - corrigir erro material.

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Neste sentido, destaca-se que os presentes embargos de declaração são opostos no


intuito de suprir omissão, esclarecer obscuridade e eliminar contradição contida na r. decisão
embargada, razão pela qual aguarda a sua correção e integração.

Cientes disso, é o que se passa a expor.

2 – DA TEMPESTIVIDADE

Os presentes embargos de declaração são tempestivos, uma vez que a intimação do


Estado acerca da decisão se deu a partir da ciência da decisão em 09 de novembro de 2022,
conforme aba expedientes.

Assim, considerando a suspensão dos prazos processuais nos dias 14 e 15 de


novembro do corrente ano, nos termos da PORTARIA TJMT/PRES N. 1121 DE 25 DE
NOVEMBRO DE 2021, e a contagem de prazo em dobro para qualquer manifestação por parte
da Fazenda Pública, preconizado pelo §1º do art. 183 do Código de Processo Civil de 2015, o
termo final do prazo para embargar é o dia 25 de novembro de 2022.

Portanto, inconteste a tempestividade dos embargos declaratórios ora interpostos,


vez que devidamente observado o prazo estipulado no artigo 1.023 do CPC/2015.

3 – DAS RAZÕES PARA INTERPOSIÇÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS.

3.1. DA OBSCURIDADE

Sobre a obscuridade como fundamento dos Embargos de Declaração, FREDIE


DIDIER esclarece que “a decisão que não é clara desatende à exigência constitucional da

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fundamentação. Quando o juiz ou tribunal não é preciso, não é claro, não fundamenta
adequadamente, está a proferir decisão obscura, que merece ser esclarecida”1.

Consoante parte dispositiva da decisão, a ordem de segurança foi concedida para:


“anular a fase “Avaliação da Proposta Técnica”, pelos fundamentos supracitados, para a
reanálise com os critérios objetivos previstos em Lei e no Edital, com notas em consonância
com as justificativas”.

Porém, nota-se que não há fundamentação adequada no inteiro teor da decisão que
dê suporte para tal determinação, razão pela qual merece ser esclarecida.

In casu, nota-se que o acórdão se limita a invocar preceitos genéricos, que prestam
para justificar qualquer pronunciamento decisório contrário à Fazenda Pública, que promove a
interferência na condução de certame público, sem que seja exposto o raciocínio traçado pelo
julgador ao caso concreto.

Com efeito, apenas assinala que “os vícios apontados pela Impetrantes podem ser
sanados, não sendo assim o caso de anulação da Concorrência, mas, apenas, da “Avaliação
da Proposta Técnica”, que deverá ser refeita observando-se o Edital de regência”, sem, porém,
demonstrar por qual razão os vícios apontados seriam sanáveis.

Sendo assim, sob esse aspecto a decisão foi obscura, o que dá azo à oposição destes
Embargos de Declaração, para que seja sanada a obscuridade.

Ora, consoante informação anexa, em que pese o louvável intento (anulação


avaliação da proposta técnica, como forma de preservar o certame) , “por mais que se preserve a
autoridade técnica da subcomissão avaliadora, prevista no art. 10º da Lei nº 12.232/2010, fere a
imparcialidade do processo de avaliação, prejudicando a justa competitividade e,
consequentemente, a escolha da melhor proposta para o Poder Público, que é preservada pelo
dispositivo de via não identificada, que visa garantir o julgamento do plano de comunicação
publicitária sem o conhecimento de sua autoria, conforme versa o art. nº 12 da lei.”

Isso ocorre porque a Lei 12.232/2010, que “Dispõe sobre as normas gerais para

1 Didier Jr., Fredie Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de
competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal /
Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha — 13. ed. refornn. — Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.

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licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por


intermédio de agências de propaganda e dá outras providências”, determina que o plano de
comunicação publicitário deva ser julgado sem o conhecimento de sua autoria (art. 12).

Tanto é assim que o plano de comunicação publicitária é apresentado em 2 (duas)


vias, uma sem a identificação de sua autoria e outra com a identificação, justamente para garantir
a imparcialidade dos examinadores (art. 6º, IV, da Lei 12.232/2010).

Porém, com a anulação da “Avaliação da Proposta Técnica”¸ a via identificada do


plano de comunicação publicitária já é de conhecimento amplo, o que fere o próprio escopo da
sobredita lei.

Vale ressaltar que a própria lei traz qual a consequência da quebra do sigilo, qual
seja: a anulação de todo certame, o que, por analogia, deveria ser aplicável à espécie, senão
veja-se:

Art. 12. O descumprimento, por parte de agente do órgão ou entidade


responsável pela licitação, dos dispositivos desta Lei destinados a
garantir o julgamento do plano de comunicação publicitária sem o
conhecimento de sua autoria, até a abertura dos invólucros de que
trata a alínea a do inciso VII do § 4o do art. 11 desta Lei, implicará a
anulação do certame, sem prejuízo da apuração de eventual
responsabilidade administrativa, civil ou criminal dos envolvidos na
irregularidade.

Dessa forma, em razão da particularidade das regras de licitação e contratação pela


administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de
propaganda, verifica-se que o vício apontado, ao que tudo indica, é insanável, o que impõe seja
esclarecido o r. acórdão.

Dessa forma, imperioso que o presente acórdão seja esclarecido ou modificado


(efeitos infringentes), garantindo, assim, uma prestação jurisdicional plena, até porque, sem
esses fundamentos seria inviável o contraditório e a utilização da instancia recursal de maneira
adequada.

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3.2. DA CONTRADIÇÃO

Como se sabe, toda e qualquer decisão deve conter coerência interna, sendo
congruente. Contudo, há nítida contradição entre as premissas expostas na decisão e na própria
conclusão da parte dispositiva, na qual foi concedida ordem para “anular a fase “Avaliação da
Proposta Técnica”, pelos fundamentos supracitados, “para a reanálise com os critérios
objetivos previstos em Lei e no Edital, com notas em consonância com as justificativas”.

Isso porque, conforme arrazoado no tópico anterior e esclarecido pela área técnica da
SECOM (documento anexo), a reanálise da Avaliação da Proposta Técnica vai de encontro com
a própria lei específica de regência e com o edital, já que viola o dever de sigilo na análise das
propostas (já que deve ser feita a avaliação pela subcomissão sem o conhecimento da respectiva
autoria).

Vale dizer que o acórdão assim registra: “tais inconsistências ferem os princípios da
isonomia, da legalidade e da vinculação ao edital de licitação, sendo certo que a igualdade de
condições entre os licitantes tem previsão constitucional, a fim de garantir a justa concorrência
e a escolha da melhor proposta para o Poder Público.”

E ao final impõe “a reanálise com os critérios objetivos previstos em Lei e no Edital,


com notas em consonância com as justificativas”.

Porém, se a reanálise se opõe ao que dispõe ao que dispõe Lei 12.232/2010 e ao


edital, forçoso concluir que a decisão é contraditória, pois traz proposições entre si
inconciliáveis, devendo ser eliminada a contradição.

3.3 DA OMISSÃO

A r. decisão concedeu, em parte, a ordem vindicada.

Em que pese os notáveis argumentos suscitados por este Colendo Órgão, verifica-se
que a decisão embargada padece de omissão, devendo ser suprida.

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Como é cediço, considera-se omissa a decisão judicial que emprega conceitos


jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso, bem como
aquela que invoca motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão (art. 489, §1º, II
e III).

In casu, nota-se que a r. decisão se apoia na afirmativa de que “os vícios apontados
pela Impetrantes podem ser sanados”, porém, como se pode observar, não expõe as razões pelas
quais tais vícios seriam sanáveis e nem mesmo exibe como conciliar a correção dos vícios
apontados no acórdão com a Lei 12.232/20102, de forma a preservar a competividade, o sigilo e
o interesse público de promover a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
pública.

Desse modo, por ter sido silente quanto aos fundamentos relevantes apontados,
imperioso que seja integrada a decisão embargada.

4 - DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer sejam conhecidos e acolhidos os presentes embargos de


declaração, a fim de que seja esclarecida a obscuridade, eliminada a contradição e integrada a
decisão, conferindo efeitos infringentes ao recurso para, se for o caso, anular todo o
certame.

Termos em que, pede deferimento.

Cuiabá/MT, 25 de novembro de 2022.

ANDRÉ XAVIER FERREIRA PINTO

Procurador do Estado

2 Vale repisar, a norma determina a nulidade de todo certame em caso de quebra do sigilo na avaliação das
propostas (art. 12).

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