Você está na página 1de 72

Introdução à meditação

Introdução à
meditação
Professor Ricardo Mazzonetto

1
Introdução à meditação

Mensagem aos estudantes 3

Teste introdutório 5

Capítulo 1 - Conceitos e definições básicas 6


SUMÁRIO Capítulo 2 - Breve histórico da meditação no Brasil e no mundo 9

Capítulo 3 - Panorama atual da pesquisa e ensino da meditação 20

Capítulo 4 - A entrevista de ajuda na docência da meditação 29

Capítulo 5 - Uso de recursos auxiliares 48

Capítulo 6 - Campos de aplicação profissional 53

Capítulo 7 - Docência em meditação 58

Questões remissivas 62

Resenha educativa 63

Teste seus conhecimentos 64

Referências bibliográficas 68

2
Introdução à meditação

MENSAGEM AOS ESTUDANTES

Fonte:<http://2.bp.blogspot.com/-ph0_UA_q2hw/T96OwrkLVmI/AAAAAAAAFrA/sbgYESqCaWU/
s640/46e60052f92e5967c3a7a301613b1583.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

É com imensa alegria que os recebo! Fico grato a todos pela participação e interesse que os trouxeram
até aqui. Espero poder corresponder às esperanças que depositaram em nós, todos empenhados em darmos
o melhor para a divulgação, entendimento e aplicação destes conhecimentos, visando, em última análise, a
transmissão deste saber a um número cada vez maior de pessoas.

Planejamos este material de maneira que os principais conhecimentos desta área pudessem ser
contemplados. Tivemos também o cuidado com a clareza, engajamento e amor na transmissão do saber
milenar.

Recebemos interessados em diversos níveis de conhecimento sobre a antiga e universal prática da


meditação, por isso é necessária uma nivelação básica de seus saberes para que todos conheçam os conceitos
e práticas fundamentais deste curso.

Encontraremos textos sucintos, escritos em linguagem jornalística, que compreendem narrativas,


descrições e dissertações em combinações diferentes para um entendimento rápido das ideias. Os textos são
acompanhados de links, vídeos, figuras, animações e fotos significantes, facilitando a sua compreensão.
Nos textos estão inseridos os conhecimentos básicos sobre meditação: temos aqui um portal para um grande
conjunto de saberes relacionados ao tema. Os links existentes levam aos materiais auxiliares, que devem ser
acessados para um maior domínio desta área. Os vídeos complementam de forma dinâmica todo o conteúdo,
favorecendo a compreensão, a experiência e a memorização. Por sua vez, os exercícios foram elaborados
para promover a fixação da aprendizagem de maneira fácil e duradoura.

Vale observar que as fotos devem ser compreendidas em suas relações com os textos e os exercícios
efetuados, porquanto essas imagens dizem respeito à essência do que é estudado.

3
Introdução à meditação

A estrutura conceitual deste material tem origem nos seguintes princípios: heurístico, analítico-sintético,
verbo-visual e teórico-prático. O objetivo é aumentar o nível de compreensão e memorização, fator
indispensável à aprendizagem.

As referências apresentadas vão muito além da simples citação das obras, pois tanto os livros quanto os
sites relacionados foram cuidadosamente escolhidos para fornecer um conjunto de obras explicativas de alto
valor, constituindo-se em uma fonte de grande saber.

O título Docência e Prática da Meditação por si só deixa claro o que, em essência, queremos: que estes
conhecimentos possam servir a uma aplicação constante e que a compreensão essencial que dela surja seja
a base de sua transmissão a um número cada vez maior de pessoas, contribuindo à promoção do bem-estar,
saúde e elevação espiritual.

Minha experiência pessoal nesta área começou há 39 anos. Desde então, venho fazendo meus estudos
teóricos e práticos e posso afiançar que tenho recebido grandes benefícios, em todos estes anos!

Bons estudos!

Prof. Ricardo Mazzonetto

Coordenador técnico

Psicólogo clínico e escolar

Criador da meditação clínica

Introdução à Meditação

Programa

Objetivos: propiciar a compreensão básica da meditação, possibilitando o entendimento

introdutório deste tema.

Conteúdo

Capitulo 1 - Conceitos e Definições Básicas.

Capitulo 2 - Breve Histórico da Meditação no Mundo.

Capitulo 3 - Panorama Atual da Pesquisa e Ensino da Meditação.

Capitulo 4 - A Entrevista Psicológica de Ajuda na Docência da Meditação.

Capitulo 5 - Uso de Recursos Auxiliares: posturas, sons, palavras, cores, luzes, símbolos e

4
Introdução à meditação

objetos.

Capitulo 6 - Campos de Aplicação Profissional.

Capitulo 7 - Docência em Meditação.

Fonte:<http://1.bp.blogspot.com/_LfqfY1OeMIY/TKaY8_-W0EI/AAAAAAAAAPA/fhrQsgXpIlo/
s1600/evolu%C3%A7%C3%A3o+espiritual+blog.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

TESTE INTRODUTÓRIO
Palavras iniciais
Esta avaliação simulada tem por finalidade propiciar a verificação de como vocês se encontram em relação
aos conhecimentos desta disciplina. O intuito é o de que cada um saiba seu atual nível de saber sobre a
meditação.

Você apenas deve assinalar se a afirmação é verdadeira ou falsa. Se tiver dúvidas, não responda e a
considere errada, só fazendo a escolha se estiver absolutamente certo de sua resposta. Isto é feito para
avaliar seu nível real de conhecimento atual. No final, conte aquelas que acertou.

1. Meditar é tranquilizar a consciência, analisar exaustivamente o objeto da meditação e em seguida,


sintetizar o saber adquirido.

2. Refletir é pensar difusamente, isto é, ater-se a vários assuntos concomitantemente, pois esta é a forma
mais abrangente de uso da intuição

3. A meditação desenvolveu-se em todas as partes do mundo, em diferentes épocas e em áreas distintas,


como a religião, ciência e Filosofia.

5
Introdução à meditação

4. As pesquisas científicas não convalidam a meditação inteiramente, havendo ainda dúvidas sobre sua
eficácia, visto que elas são inconclusivas.

5. O professor, frente a um aluno com problemas psicológicos, na prática do aconselhamento psicológico


não deve dar conselhos diretos e apresentar soluções prontas, devendo deixar ao aluno a solução de seus
problemas.

6. Os recursos auxiliares na meditação são sempre importantes, pois não é possível meditar sem que se
sente na posição de lótus e se recite mantras adequados.

7. A escolha do ambiente para as aulas de meditação é de pouca importância para o sucesso das aulas.

8. A meditação pode ser aplicada em empresas.

9. A prática constante da meditação leva à dependência do método utilizado.

10. Para ser um bom docente em meditação é preciso estudá-la e praticá-la constantemente.

CAPÍTULO 1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES BÁSICAS


Palavras iniciais
Na vida moderna, principalmente nas grandes cidades, com seu ritmo alucinante, as pessoas frequentemente
se sentem estressadas e incapazes de gerir com eficiência suas ações. A pressa, impaciência e ansiedade
andam juntas no dia a dia da maioria dos seres humanos. Isso gera frustrações e, frequentemente, depressão
e doenças psicossomáticas, afetando a saúde como um todo.

Neste contexto, a meditação é indispensável, pois tranquiliza a mente, ajuda a modificar atitudes e
contribui para a melhora da saúde do corpo e da mente. Com a finalidade de propiciar o melhor entendimento
das ideias aqui apresentadas, formulamos este capítulo, que nos fornece diretrizes fundamentais: o conceito
de meditação, sua relação com o autoconhecimento, as diferenças com a reflexão e uma visão daquilo que
pode ser chamado de sua essência.

A primeira ação a ser executada é a busca de seu entendimento, o que ela é, enfim, chegar à sua definição.
Nada melhor, portanto, do que começarmos com a seguinte pergunta: o que é a meditação?

Conceituação
O termo meditação é originário do latim clássico meditare, que significa voltar-se para o interior, entrar em
introspecção, no sentido de se desligar do mundo exterior e voltar-se para si mesmo.

Pode ser definida como um estado mental caracterizado pela intensa concentração em um tema ou objeto,
no qual o pensamento discursivo torna-se ausente, e, em decorrência, a consciência apreende a essência do
que foi meditado (CARDOSO, 2011).

6
Introdução à meditação

Os motivos que levam os indivíduos à prática da meditação são os mais variados: busca de paz interior,
saúde, abertura ao divino, aumento da concentração, apreensão das essências, sabedoria, dentre outros.

Essas buscas, por si mesmas, indicam as carências dos buscadores! Assim, quando se busca algo, sabe-
se de imediato qual é a falha interna a ser compreendida pela introspecção e superada pela meditação
(KRISHNARMURTI, 1999).

É preciso que se saiba exatamente o que é meditação e o que é reflexão, pois esses termos são usados
indistintamente em muitas ocasiões.

Fonte:<http://reflexaoevida.files.wordpress.com/2013/12/passado.jpg?w=468>. Acesso em 19/08/2014.

7
Introdução à meditação

Meditação e reflexão
Deve-se diferenciar a reflexão da meditação, pois nesta o sujeito consegue suspender seus pensamentos
temporariamente, intensificar sua percepção e se identificar com o objeto da meditação, tais como o amor,
alegria, paz, disposição e outras características que, a partir desta experiência, vão se desenvolver mais
fortemente em sua personalidade, tornando-se “um” com o meditador (GOLEMAN, 1999).

Na reflexão, ao contrário, o que se busca é o entendimento da realidade a partir da razão, utilizando-


se os recursos dos vários sistemas de lógica e da ciência para uma melhor compreensão, a qual é sempre
entendida como provisória, por ser este conhecimento apenas parcial e aproximado da verdade (CERVO;
BERVIAN, 2007). Para maiores informações, acesse a página do artigo Fuja das armadilhas da distração e
aprenda a se concentrar, de Gisela Blanco (2012).

Conclusões
A meditação parece mesmo ser uma forma específica de funcionamento mental surgida espontaneamente
quando a concentração serena sobre um dado objeto de estudo se intensifica, o que pode explicar porque se
desenvolveu em várias civilizações e em épocas diferentes.

Na modernidade, vários métodos de meditação vêm sendo criados, porém a base essencial é sempre
a mesma: a concentração no objeto da consciência, a aquietação da mente, a identificação com o objeto
meditado e a compreensão de sua essência. A meditação tem sido usada há séculos com muito sucesso, pois
através dela é possível aprender a controlar os pensamentos, desejos e afetos, acalmar-se interiormente e
ter melhores condições de superar as dificuldades pessoais (TABONE, 1988).

https://www.youtube.com/watch?v=ti9YxcXIHm4

8
Introdução à meditação

Neste vídeo, Krishnamurti relata suas experiências íntimas no campo da meditação, deixando em aberto
para todos nós, a partir de nossa própria vivência, “o que é a meditação”. Ele deixa entrever sua essência: a
harmonia plena, física e mental, presente no processo meditativo. O vídeo é fundamental para a compreensão
profunda deste tema. A aplicação destes ensinamentos permite que o praticante de meditação consiga
perceber de modo direto, instantâneo e natural as essências dos temas que se propuser pesquisar.

Exercício: após a leitura do texto anterior, uma pesquisa nos links e de ter assistindo aos vídeos,
procure definir o que é meditação. Escreva em uma folha à parte suas conclusões para futuras
discussões e comparações.

CAPÍTULO 2 - BREVE HISTÓRICO DA MEDITAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO


Palavras iniciais
A fim de obtermos o conhecimento sobre determinado tema, nada melhor do que se entender sua origem
e desenvolvimento para o situarmos claramente no tempo e no espaço. Sem isto, o saber não ocorre de fato,
tornando-se acrítico e desprovido do conhecimento de sua essência, valendo pouco ou nada para aquele que
o detém. É preciso, portanto, conhecer a sua história para que possa efetivamente ser de utilidade relevante.

O estudo histórico breve da meditação fornece ao aluno uma base sólida da qual poderá se lançar para
conhecimentos amplos e profundos. Torna-se, então, necessário que se responda à seguinte pergunta: como
surgiu e se desenvolveu a meditação?

Evolução das práticas de meditação

9
Introdução à meditação

Pré-história
A meditação é uma prática milenar e conhecida em várias partes do mundo, tanto no Ocidente quanto
no Oriente, tendo sido desenvolvida com diferentes variações na Índia, Japão, China, Egito, Grécia, Itália,
Turquia e em outros países.

http://www.youtube.com/watch?v=QRin3_bxPKs

A animação apresenta de forma rápida e direta uma retrospectiva histórica da meditação, partindo de um
passado remoto e chegando até nossos dias.

A prática da meditação perde-se na “noite dos tempos”, não sendo possível assinalar com precisão em
que local e como foi seu início. Só é possível especular a esse respeito. No entanto, antropólogos modernos
levantam a hipótese que as tribos primitivas, desde a Pré-História, aprenderam a meditar a partir da
observação noturna das fogueiras, prática indispensável à sobrevivência naqueles tempos, pois o fogo não
só espantava os animais selvagens, mas também protegia as pessoas do frio intenso em algumas regiões
deste planeta. Esse costume milenar possibilitava a todos a redução do estresse, fazendo com que à noite
se equilibrassem. Suas noites de sono eram bem dormidas e tranquilas, preparando-os para as situações de
luta e fuga do dia seguinte (JOHNSON, 1982).

Com o passar dos séculos, essa atividade foi dominada pelos diferentes povos e, com o advento da escrita,
pôde ser registrada e transmitida a um número maior de indivíduos.

Índia
A cultura indiana teve seu surgimento concomitante aos Vedas, que deram origem ao Bramanismo,
fundamento de todos os aspectos da vida desse povo, dando ensejo, inclusive, ao aparecimento de suas
principais religiões, tais como o jainismo, hinduísmo (este uma derivação direta do bramanismo) e budismo.
Isto ocorreu em função de mudanças sociais, culturais e políticas que ocorreram na história dessa nação.

Fonte:<http://portalnovoser.com.br/midia/om_simbolo.JPG>. Acesso em 19/08/2014.

10
Introdução à meditação

Os registros mais antigos relativos diretamente à meditação datam aproximadamente dos séculos XVI a
VII A.C. nas antigas escrituras sagradas dos Upanixades. São textos de caráter filosófico que contribuíram
grandemente ao desenvolvimento sociocultural da Índia, por compilarem comentários e interpretações dos
originais e antigos livros religiosos, os Vedas.

Fonte:<http://www.hinduhistory.info/wp-content/uploads/2012/11/patanjali-yoga-sutra.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Há também claras referências à meditação no Yoga Sutra de Patanjali do século V A. C. O médico e filósofo
hindu foi um dos mais importantes na organização do pensamento yógui. De seu trabalho derivam todos os
métodos tradicionais da yoga: hatha, raja, gnani, bakti e karma, incluindo suas práticas meditativas.

Este livro tem apenas 196 versos, sendo comparável em tamanho ao Velho Testamento. A palavra yoga
quer dizer união e vem do sânscrito, um idioma antigo que está para as línguas indianas modernas como o
latim está para as neolatinas. Trata-se de uma união com o cosmos, com a realidade última, quando o véu de
Maya, a grande ilusão, se desvanece e a consciência individual mergulha na totalidade cósmica, tornando-se
um com a essência universal.

Pode-se notar fundamentos filosóficos em uma visão panteísta das realidades humana e divina, servindo
esta prática à eliminação da dicotomia entre o criador e a criatura. Esta é a metafísica por trás de todos esses
ramos da yoga (ELIADE, 2004).

China
O tai chi chuan é uma milenar arte marcial chinesa que tem como meta essencial ensinar o aprendiz a
conduzir sua energia vital (chi) de modo que esta seja adequadamente distribuída no corpo, ocasionando
bem-estar e saúde física e mental.

11
Introdução à meditação

É uma arte de combate muito eficaz, na medida em que seus praticantes utilizam a energia do oponente
para dirigi-la para onde quiserem, superando os adversários.

É também entendida como a “arte do velho”, pois seu aprendizado é feito através de movimentos lentos
e bem determinados, o que facilita aos idosos sua execução, nos quais o executante visualiza o fluxo da
energia indo e voltando. O encerramento se dá quando dirige sua energia vital ao ponto central, no centro
de seu ventre (CHERNG, 2012).

Está entranhada no taoísmo, sendo considerada uma de suas artes.

https://www.youtube.com/watch?v=Hs88R_X5x74

Aqui vemos o mestre Wang Hai Jun fazendo a “Forma dos 18 Movimentos” (shi ba shi). Esta sequência,
criada pelo grão-mestre Chen Zheng Lei, foi extraída da “Forma Antiga” (lao jia yi lu) do estilo chen de tai chi
chuan (taijiquan). Este vídeo foi realizado na “Galway Tai Chi Academy” (Irlanda).

Além de fornecer condições para a defesa pessoal, O tai chi chuan é uma disciplina psicossomática que
proporciona condições para o reequilíbrio saudável de todo o organismo e do psiquismo. Sua melhor definição
é a de “meditação em movimento”.

Japão
O aikido surgiu no Japão na primeira metade do século XX por obra de seu fundador, Morihei Ueshiba.

12
Introdução à meditação

Ueshiba conhecia e praticava uma das escolas do jiu-jitsu, uma antiga arte japonesa de combate derivada
dos movimentos de espada samurai, por isso propriamente chamada de Daito Ryu Aikijujutsu. Conta-se
que ele teve uma experiência de iluminação certa vez após praticar durante horas os movimentos da arte
da espada, quando se sentiu e se percebeu “um com o Todo”. A partir desse momento, passou a introduzir
modificações no aikijujutsu e o transforma no aikido – ai significando harmonia; ki, energia ou alma e do,
caminho.

Pode-se traduzi-lo como o caminho da harmonia interior.

13
Introdução à meditação

Ao contrário do tai chi chuan, seus movimentos, os katas, são rápidos e executados em duplas, nas quais
quem dirige é o nage e o dirigido é chamado uke. Nage recebe a força vinda de seu oponente, harmoniza-se
com ela e, através de sua vontade visualizada e realizada de modo psicomotriz, dirige-a para onde quiser.

Segundo o mestre Wagner Bull, pode-se utilizar praticamente todos os golpes das suas coirmãs japonesas:
o judô e o caratê (BULL, 2003).

Fonte:<http://images.wook.pt/getresourcesservlet/GetResource?wcUZ+sZLRrIs9mT
qWuCYk/5cESDPlJXmWlD5KWkxleM=>. Acesso em 19/08/2014.

Além disto, há outros que lhe são particularmente próprios, bem como sendo possível, ainda, descobrir
em sua prática, os golpes da antiga Daito Ryu Aikijiujitsu.

Os golpes do aikido são formados, em um só tempo, de atemis (batidas) e katas (movimentos corporais),
gerando traumas, arremessos e imobilizações, a um só tempo. Na técnica orenaite, nage une a força do
adversário com a sua, e o dirige com uma facilidade extrema. Outra é a do suburi, ou dos movimentos
efetuados com a katana, a espada dos samurais, feitas individualmente pelos aikidoístas.

Utiliza-se também, além das mãos nuas, diversas armas brancas, como dois tipos de espadas, bastões de
três tamanhos e faca.

14
Introdução à meditação

Fonte:<https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSOuktTlZqYpoT2jU
g07qWIbkI0eN6BnjSX-FlmEJhAhcrT3qM->. Acesso em 19/08/2014.

Não há combates propriamente ditos, pois não há disputas entre os praticantes. Seu objetivo é o de
alcançar a harmonia, apesar de seu treinamento possibilitar o aprendizado de uma das mais poderosas
artes marciais, visto que várias habilidades de combate são desenvolvidas, incluindo o uso de armas e o
enfrentamento simultâneo de vários oponentes.

As defesas são circulares, pois o princípio norteador é o do pião. Os ataques são endereçados aos pontos
vulneráveis do organismo, como as articulações. Em combate real na defesa da vida, os pontos vitais do
oponente podem ser atingidos, se isto for imprescindivelmente necessário.

Contrariamente ao que pode parecer, nos dojos (locais de aprendizado) não há o mínimo resquício de
violência ou agressividade – seus movimentos mais se parecem com os de uma dança bem sincronizada.
Neles, os atemis (batidas traumatizantes) são simulados para evitar machucaduras, mas os arremessos e
imobilizações são reais.

O objetivo é estabelecer, nas práticas marciais, a concentração dessa energia em partes do corpo,
aumentando sobremaneira sua força física – às vezes, até de modo descomunal.

https://www.youtube.com/watch?v=IEkuEcfcnoc

Vídeo muito interessante com depoimentos de Ono Sensei 7º Dan, Nagao Sensei, Leonardo Sodré e
outros professores da União Sul-Americana de Aikido, além de clipes de ação com qualidade cinematográfica.

15
Introdução à meditação

A meditação é nela praticada sob a denominação de mokuso, na qual o meditador visualiza o fluxo de
energia indo e vindo da região do centro do ventre, por várias partes do organismo.

Com o tempo, todos os movimentos tornam-se espontâneos, em uma harmonia entre a mente e o corpo,
síntese dada pela meditação mokuso que se generaliza a todas as ações na prática do aikido e na vida do
aikidoísta, nisto repousando a essência desta arte.

Ela foi popularizada pelo cinema por meio dos filmes protagonizados por Steven Seagal, hoje 9º Dan,
a mais alta graduação, embora bem recentemente tenha se negado ir recebê-la na sede mundial do aikido,
no Japão.

Conheci essas duas artes marciais e posso testemunhar que elas realmente produzem aquilo que
pretendem.

https://www.youtube.com/watch?v=XoDK3XuvZWw

Neste raro vídeo “O Sensei Morihei Ueshiba” demonstra sua habilidade de aumentar sobremaneira sua força
física, o que é demonstrado pela facilidade com que empurra seus aprendizes, bem como da impossibilidade
de ser removido de seu lugar, o que pode ser explicado pela concentração da energia vital em determinadas
partes do corpo, pela meditação Mokuso.

16
Introdução à meditação

Ocidente
Deveu-se ao cristianismo o desenvolvimento de práticas meditativas no Ocidente, notadamente nos
países de predominância católica, tais como Itália, Espanha e Irlanda. Estes estudos e práticas vêm se
desenvolvendo desde os albores da era cristã com os pais da Igreja, como o romano Agostinho de Hipona,
que enfatizava o encontro com Deus através de um mergulho na própria alma, procedimento só favorecido
por uma profunda introspecção meditativa. Entre os autores modernos podemos citar o padre irlandês John
Main, que desenvolveu uma técnica bem semelhante às orientais, a meditação cristã.

Fonte:<http://4.bp.blogspot.com/_p7IMrl0N0Ig/TKz8EjmROyI/AAAAAAAAAdI/93Fx1TnRmQA/
s1600/53_AN-P6070070.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Muitos outros, como Ignácio de Loyola e Teresa de Ávila criaram uma metodologia de exercícios e práticas
espirituais que levaram ao cristianismo místico. Em essência, seu maior objetivo é o encontro com Deus
através da meditação, e seus temas centrais são a própria alma, os ensinamentos evangélicos, a obra, vida,
paixão e morte de Cristo e a devoção ao Criador.

Seus fundamentos encontram-se na teologia mística.

Outras tradições
Várias outras escolas tradicionais do Oriente e Ocidente desenvolveram seus sistemas próprios de meditação,
dentre elas destacando-se a sufista, derivada do islamismo, a budista, parte integrante do budismo em suas
duas versões, rosacruz que resgatou os ensinamentos esotéricos do Egito antigo e a cabalísta, ligada ao
judaísmo, e muitas outras além destas.

17
Introdução à meditação

Embora a meditação faça parte, com variações metodológicas, das religiões citadas, dos diversos sistemas
da yoga, de correntes espiritualistas ou esotéricas e de algumas artes marciais orientais, como o tai chi chuan
(DESPEUX, 1981) e o aikido (BULL, 2003), tem sido cada vez mais estudada e praticada fora desses âmbitos,
segundo os critérios da metodologia científica (CARDOSO, 2011).

Como pode ser notada, a meditação é empregada em várias partes do mundo, tanto no Oriente quanto no
Ocidente. Há pequenas variações, apenas, e temáticas um pouco diferentes de povo para povo e de época
para época. Seu resultado é o de uma profunda transformação da personalidade naqueles que a praticam
regularmente, o que pode ser constatado na vida dos grandes místicos de todas as religiões.

Não só os métodos tradicionais são utilizados no presente, mas a ciência também tem se interessado
bastante sobre este assunto. Assim, fica a pergunta: qual é a relação estabelecida entre meditação e ciência?

Meditação e ciência
No Ocidente, a meditação foi gradualmente dissociada das religiões, artes marciais, doutrinas esotéricas
e espiritualistas, passando a ser pesquisada de acordo com a metodologia científica. Atualmente, é utilizada
em diversas áreas de atuação profissional (CARDOSO, 2011).

18
Introdução à meditação

Devemos salientar as íntimas semelhanças entre a meditação e a fenomenologia, uma teoria do conhecimento
proposta por Husserl, visto que tanto a redução fenomenológica (supressão das ideias anteriores a respeito
do objeto de percepção) quanto a transcendental (supressão dos conteúdos da consciência, tornando-se
esta mesma seu próprio objeto de observação) determinam estados meditativos (HUSSERL, 1999). Há uma
íntima relação entre ambas, visto que na tranquilidade interna alcançada pela redução fenomenológica ou
epoché, caracterizada pela suspensão temporária das ideias referentes ao objeto da percepção, ocorre o
despertamento da intuição, que permite uma compreensão sintética e essencial da realidade percebida
(HUSSERL, 2006).

Fonte:<http://s.frasesgo.com/images/frases/e/frase-la_ciencia_genuina_hasta_donde_
alcanza_su_verdadera_doctrin-edmund_husserl.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Pode-se pensar, então, que este método, desenvolvido dentro da filosofia ocidental, especificamente na
fenomenologia, é em si uma forma racional e essencial de “se voltar para dentro”, algo semelhante mas não
idêntico às práticas religiosas ou filosóficas nas diversas correntes do pensamento tradicional.

Ressaltamos, também, as investigações feitas no campo da psicologia transpessoal, cada vez mais aplicada
em sua derivação psicoterapêutica (TABONE, 1988). A meditação clínica possui uma exposição detalhada de
sua aplicação associada à psicoterapia, com excelentes resultados.

19
Introdução à meditação

Atualmente, as técnicas de meditação têm sido usadas na medicina, especificamente na psicossomática,


como recursos auxiliares no tratamento de uma série de distúrbios, tais como a hipertensão, câncer, gastrite
e problemas cardíacos, dentre outros. Na psiquiatria, tais técnicas têm igualmente encontrado espaço, como
forma adicional no tratamento dos transtornos mentais (CARDOSO, 2011).

A ciência oficial reconhece a importância da meditação para o desenvolvimento de caracteres positivos


de personalidade, por serem estes fundamentais à prevenção e solução de problemas emocionais e,
consequentemente, a uma vida mais feliz e saudável. Graças às melhoras cerebrais, circulatórias e imunológicas
observadas, a meditação passou a ser entendida como um recurso fundamental para a saúde.

https://www.youtube.com/watch?v=1G5FOe_6eg0

Este vídeo relata de forma simples e direta algumas técnicas e princípios básicos da meditação, os quais
devem ser aprendidos para práticas mais profundas que serão efetuadas no futuro. É um ótimo para os
iniciantes ou experientes, pois retoma ideias fundamentais que devem ser conservadas.

Exercício: após ler o texto anterior, procure compreender suas relações com as imagens, assistir
aos vídeos e iniciar sua experiência meditativa, sentando, relaxando, ouvindo sua respiração e
aquietando sua mente. Isto fornece uma grande sensação de bem-estar. Escreva em uma folha
de papel à parte suas impressões para mais tarde compará-las com suas experiências vindouras.

CAPÍTULO 3 - PANORAMA ATUAL DA PESQUISA E ENSINO DA MEDITAÇÃO


Palavras iniciais
Para que haja o entendimento da forma de aplicação destes conhecimentos em nosso meio, faz-se
necessário entender qual tem sido a evolução deste saber no campo científico e educacional. A partir daí
podemos nos situar dentro dos parâmetros culturais de nossa sociedade e agirmos em conformidade com o
que de mais avançado tem ocorrido neste campo. Assim teremos uma forte base para alicerçar nossas ações
sociais e profissionais, levando mais saúde e bem-estar a todos que nos procurarem para conhecer e praticar
esta milenar arte de autodesenvolvimento.

Qual é a situação atual da meditação na civilização ocidental?

20
Introdução à meditação

Breve histórico das pesquisas no Ocidente


As pesquisas científicas da meditação começaram nos anos 70 do século XX com o Dr. Herbert Benson,
médico cardiologista e professor na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos (SANTOS, 2010).

Fonte:<http://www.einstein.br/PublishingImages/cardio-centro-de-cardiologia-esporte.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Suas primeiras investigações foram publicadas em 1975, nas quais Benson verificou os efeitos da
meditação na recuperação de pacientes com cardiopatias. A constatação inicial foi a de que, quando os
pacientes eram avaliados no consultório, apresentavam índices mais altos de pressão arterial devido à
ansiedade sentida, bem como queixavam-se de fraqueza e vertigem, mesmo quando medicados. Isto o fez
concluir sobre a relação entre estresse, ansiedade e alterações fisiológicas reais (BENSON, 1985).

Outro médico, o Dr. Robert Keith Wallace, da Universidade da Califórnia, desenvolveu uma pesquisa na
qual a meditação transcendental foi usada no controle de estados fisiológicos. Estes cientistas concluíram que
os meditadores conseguiam manter estáveis o batimento cardíaco, o metabolismo corporal e a respiração.

Benson denominou relaxation response (resposta ao relaxamento) o conjunto resultante das respostas
psicofisiológicas conseguidas pela meditação.

Fonte:<http://aprenderpilates.com/wp-content/uploads/2013/07/42.-
Posi%C3%A7%C3%A3o-de-relaxamento1.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Em suas pesquisas, concluiu que a meditação contribui para reduzir a pressão arterial, controlar os sintomas
e efeitos da hipertensão, aumentar a criatividade, controlar a ansiedade e eliminar a insônia (BENSON,
1985). Descobriu, ainda, que a resposta ao relaxamento podia ser obtida através de várias outras técnicas,

21
Introdução à meditação

tais como a yoga e respiração ritmada. Para isso, é necessário apenas que o paciente mantenha a atitude de
quietude mental (BENSON; WALLACE, 2000).

O Dr. Jon Kabat-Zinn, pesquisador e professor de Medicina na Universidade de Massachussetts, verificou


que o hatha yoga, combinado com a meditação, reduzia os sintomas da dor crônica em pacientes (KABAT-
ZINN, 1985).

Fonte:<http://1.bp.blogspot.com/-Mmq2VBuzqqk/TaeHF8zwspI/AAAAAAAAAY0/
hE6coD_jYQ0/s1600/112156231.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Estudos posteriores apontaram na direção de que o simples fato de se manter a atenção em um foco
específico colabora para o controle da ansiedade, o que contribui para uma visão mais ampla da realidade
no momento da tomada de decisão (KOENIG, 1998). Ressaltamos que esta é uma das atividades básicas
da meditação.

A figura apresenta um corte anatômico da estrutura do cérebro, facilitando a compreensão do texto que
se segue.

22
Introdução à meditação

Figura 1 - A estrutura do cérebro. Fonte: <http://www.xtec.cat/~vmessegu/img/cereestr.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

A utilização da ressonância magnética ou da tomografia computadorizada demonstrou que a prática da


meditação aumenta a atividade do córtex cingulado anterior (sede da atenção e da concentração), do córtex
pré-frontal (responsável pela coordenação motora), do hipocampo (memorização), da amígdala (regulação
das emoções) e do hipotálamo (promove o relaxamento) (CARDOSO, 2011).

Durante a meditação, as investigações da neurociência indicam que diversas áreas do cérebro são
estimuladas, o que normalmente não acontece no estado normal de vigília, modificando interações neuronais
e gerando uma leve sensação de prazer. Isto fornece um feedback que fortalece a concentração e a aquietação
da mente. Esse processo tem interconexões com o sistema límbico, o que favorece o controle de reações
emocionais intensas, contribuindo para a saúde psicossomática. Com a prática da meditação, a concentração,
a objetividade e o autocontrole emocional melhoram sensivelmente (KOENIG, 1998).

https://www.youtube.com/watch?v=echKVNi_24w

23
Introdução à meditação

As pesquisas, em várias partes do mundo, têm demonstrado que a prática constante da meditação
promove uma diminuição nas taxas de adrenalina e cortisol, hormônios presentes nos transtornos de
ansiedade, défi cit de atenção, hiperatividade e estresse. Por tudo isto, pode-se dizer que ela determina
mudanças neuronais importantes, favorecendo o ótimo funcionamento cerebral.

Os meditadores regulares têm maior quantidade de endorfi nas produzidas pelo organismo, gerando
maior bem-estar e felicidade. Mesmo para as pessoas altamente estressadas, as pesquisas aplicadas
mostram que elas conseguem uma redução considerável e controle do estresse. E isto pode ser concluído
também para as pessoas egressas de situações geradoras de estresse pós-traumático, como encontramos
em profi ssionais de saúde que trabalham no atendimento de acidentados, refugiados e ex-combatentes
de guerra. Por isso, é um ótimo recurso de apoio para médicos, psicólogos clínicos, enfermeiros, fi
sioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Foi verifi cado, portanto, que a meditação atua como um
medicamento que gera harmonia para corpos e mentes enfermas, melhorando signifi cativamente a saúde.

Em essência, as pesquisas e aplicações modernas, respaldadas pela metodologia científi ca, dão cada
vez maior segurança a profi ssionais de diferentes áreas para que apliquem suas técnicas, visando o bem-
estar das pessoas assistidas. Ressaltamos, mais uma vez, que as descobertas recentes corroboram a
conclusão de que a meditação é ótima para o tratamento do estresse, da insônia, diminui a probabilidade
de ataque cardíaco e favorece o tratamento do CA e controle do peso.

Devemos igualmente lembrar que a meditação pode ser aplicada no esporte, com amplos benefícios
aos esportistas, tanto para os que se dedicam por puro prazer como para aqueles que também o fazem
para alcançarem altos índices de performance .

Várias investigações e aplicações da meditação no campo da psicologia clínica vêm sendo feitas em
várias partes no mundo, destacando-se os trabalhos de vários psicoterapeutas no campo da teoria da
psicologia transpessoal – notadamente no tratamento e prevenção de transtornos emocionais e
psicossomáticos (TABONE, 1988).

Fonte:<http://3.bp.blogspot.com/-Ngr0mPZH1oo/TefDAh6zUBI/AAAAAAAAA7k/77GehCHYc3w/
s320/neuro+cie.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

24
Introdução à meditação

Destacamos aqui a técnica da meditação clínica, da qual somos criadores.

Fonte:<http://2.bp.blogspot.com/_9YQrWfyTz3I/TMteYZB3K1I/
AAAAAAAAAAw/8RK1N9R2qt8/s320/clinica.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Como o avanço da ciência é contínuo, essas pesquisas continuam e diariamente, em muitas partes do mundo,
várias descobertas são feitas, sendo impossível o acompanhamento passo a passo de seu desenvolvimento.
É cabível apenas saber que a meditação gera benefícios imensos à saúde, ao comportamento e à vida das
pessoas que a praticam regularmente. Esta é uma conclusão estabelecida como consequência de todas as
descobertas efetuadas.

Qual tem sido o desenvolvimento da meditação em nosso país?

Meditação no Brasil
A História do Brasil tem sido caracterizada, dentre outras verdades, como de uma natureza multiétnica,
pois vieram e ainda vêm para este país os mais variados povos do planeta. Isto fez com que se estabelecesse
em nossa terra, uma multiplicidade de valores, práticas e conhecimentos advindos de várias partes do mundo.

25
Introdução à meditação

Por haver liberdade religiosa, as mais diferentes religiões encontram guarida em nossa nação, podendo
difundir as suas diferentes crenças e rituais. Assim, vários métodos meditativos aportaram, em épocas
diferentes, em nosso solo, sendo estudados e praticados todos aqueles que já relatamos.

O uso da meditação em ambientes científicos teve na Faculdade de Medicina da USP uma de suas pioneiras,
destacando-se hoje o Programa de redução do estresse baseado na atenção plena, no qual é utilizada a
Meditação da mente alerta, método altamente difundido na área médica (tanto no Brasil quanto em outras
partes do mundo).

Como a USP é o principal paradigma da educação superior em nosso país e sua faculdade de Medicina
serve de modelo às mais diversas instituições de saúde no Brasil, é de se supor que a meditação venha a ser
cada vez mais aceita no ambiente universitário brasileiro.

Alguns psicoterapeutas que têm como principal fundamento a psicologia transpessoal fazem uso da
meditação, embora este conhecimento não seja normalmente estudado na psicologia clínica, pois esta
matéria – pelo menos até há bem pouco tempo – não era ensinada nas faculdades de Psicologia em nosso
meio.

http://www.youtube.com/watch?v=-cpHQScEvB8

Neste vídeo você encontra uma técnica simples, fácil e de resultados excelentes que pode ser usada no
dia a dia para melhorar sua saúde e bem-estar. Pode ser chamada de “meditação mínima”. Experimente-a e
perceba os seus efeitos.

A figura adiante apresenta uma resenha dos conhecimentos transmitidos até aqui. Observe atentamente
os dados apresentados.

26
Introdução à meditação

Fonte:<http://1.bp.blogspot.com/--L3Z2PiDJC0/UiYhya4ahKI/AAAAAAAAHTM/1ZM9ukz9kYA/
s1600/Medita%C3%A7%C3%A3o1157-1.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Uma vez que se sabe como está o desenvolvimento das pesquisas, resta saber como agir para a
transmissão desse saber. Como deve ser o ensino da meditação?

27
Introdução à meditação

Ensino da meditação
Há dois parâmetros na docência da meditação que devem ser considerados. Se enfocarmos o filosófico e
religioso, sabemos que há diversos métodos associados às religiões e doutrinas esotéricas ou espiritualistas.

O ensino ocorre nos ambientes afins e seus instrutores têm normalmente formação ampla e vasta
experiência na prática da meditação. Monges budistas, padres católicos, professores de yoga e mestres
esotéricos levam seus iniciados, gradualmente, ao conhecimento de suas técnicas, conceitos e crenças.

Para que alguém se desenvolva dentro desta visão, é preciso crer nos princípios metafísicos atinentes
às suas práticas. Se, por outro lado, o enfoque for científico, esta última asserção é desnecessária, sendo
fundamental, como o que ocorre neste curso, que o futuro professor de meditação tenha um conhecimento
abrangente de seus métodos, de sua evolução e das pesquisas científicas levadas a cabo durante mais de
quatro décadas e que se dedique à prática da meditação durante um bom tempo, até que se familiarize com
um ou mais métodos. Somente assim estará apto a ensinar a meditação.

Devido ao avanço das investigações no campo da ciência, universidades de outras partes do mundo
têm incluído a meditação nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação, mormente nas áreas
da saúde e educação. No Brasil, pelos mesmos motivos, seu ensino tem sido gradualmente introduzido no
ambiente acadêmico, embora com muitas restrições.

https://www.youtube.com/watch?v=yPagw5C2-DQ

28
Introdução à meditação

Este vídeo mostra um excerto da experiência do impacto das aulas de meditação laica educacional no
ensino médio do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro, RJ, 2010). Serve também como exemplo do desenvolvimento
da meditação em nossa cultura.

Exercício: faça uma síntese, usando suas próprias palavras, da situação atual da pesquisa e
ensino da meditação no Brasil e no mundo e discuta suas conclusões posteriormente.

CAPÍTULO 4 - A ENTREVISTA DE AJUDA NA DOCÊNCIA DA MEDITAÇÃO


Palavras iniciais
Este tema foi acrescentado ao programa porque, com frequência, os professores são procurados por
seus alunos para que os ajudem nas soluções de vários de seus problemas pessoais. Assuntos como drogas,
divórcio, sexualidade, fobias, ansiedade, estresse e outros fazem parte do cotidiano dos indivíduos, e os
professores, em muitas ocasiões, atuam como conselheiros – quase como verdadeiros terapeutas de seus
alunos.

Neste caso, permanece a seguinte indagação: como posso ajudar os alunos que apresentam
problemas pessoais? Para que possam fazer o melhor, é preciso saber realizar uma entrevista dentro de
padrões cientificamente estabelecidos e aceitos pelos profissionais que trabalham com a ajuda psicológica,
como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais. Assim, o conhecimento dos
fundamentos e técnicas básicas da entrevista de ajuda, ou aconselhamento psicológico, como igualmente é
chamado, é de vital importância neste trabalho (BENJAMIN, 2004).

Para que o professor-conselheiro faça um bom trabalho de orientação, é preciso que domine alguns
conhecimentos básicos de Psicologia. Entre estes podemos citar a saúde mental, o aconselhamento, a
psicoterapia e o valor do autoconhecimento.

Assim, é preciso primeiro entender a condição ideal do aluno e a questão que vem a seguir:

29
Introdução à meditação

O que é saúde mental?

Saúde mental
A Organização Mundial de Saúde, órgão das Nações Unidas, definiu a saúde como sendo o completo
bem-estar físico, mental e social dos indivíduos.

Saiba mais

Para que haja saúde mental, portanto, é necessário que a pessoa por um lado, tenha o pleno gozo de suas
funções mentais, e por outro se sinta bem adaptada em seu meio ambiente, a fim de que tenha suficiente
bem-estar.

Logo, saúde mental pode ser conceituada, mais detalhadamente, como o bem-estar interior, caracterizado
pela correta compreensão da realidade e satisfatória adaptação ao mundo real.

Como deve atuar o professor-conselheiro, para a promoção da saúde mental de seus alunos? Ele pode
atuar como um terapeuta?

Aconselhamento e terapia
O professor-conselheiro, na prática da entrevista de ajuda, também chamada de aconselhamento
psicológico ou relação de ajuda, deve proporcionar um levantamento das principais queixas do aluno
quando este apresentar dificuldades emocionais ou pedagógicas e, com isso, promover um encaminhamento
adequado de soluções aos seus problemas, sempre baseado nos conhecimentos científicos da Psicologia e
inspirado num genuíno sentimento de amor e respeito incondicional à pessoa humana.

https://www.youtube.com/watch?v=jau4FQMjuz4

O vídeo apresenta alguns dos pensamentos centrais de Carl R. Rogers, o que é de grande utilidade para
todos os que querem se tornar bons conselheiros.

Muitos são os autores que escreveram sobre este tema, havendo divergências no que concerne à sua
definição.

30
Introdução à meditação

A psicanálise define o atendimento na psicoterapia como aquele que atinge níveis profundos do inconsciente,
enquanto no aconselhamento essa penetração é superficial (MAY, 2011). A abordagem comportamental, por
sua vez, considera que não são as técnicas que diferenciam uma área da outra, mas sim os comportamentos
a serem modificados. Nesse viés, a psicoterapia atenderia aqueles de maior grau de desajustamento ao meio
ambiente e a entrevista de ajuda daria suporte àqueles com um grau leve de comprometimento (SKINNER,
1996). Já a terapia centrada no cliente não faz diferença entre esses dois conceitos: situa o cliente em sua
dimensão humana e rejeita os “rótulos” próprios da psicopatologia, bem como mantém as mesmas atitudes
e técnicas, tanto no aconselhamento quanto na psicoterapia (ROGERS, 1997).

Carl R. Rogers

Fonte: http://psicologadrumond.files.wordpress.com/2013/08/carl-rogers.jpg?w=500

Ressaltamos que damos preferência a esta última visão, pois nela o que mais importa são as atitudes
do conselheiro. As técnicas e os conhecimentos teóricos são, portanto, coadjuvantes no processo de ajuda
psicológica. Por isso, a terapia centrada no cliente é mais adequada ao uso generalizado por profissionais de
diferentes áreas do saber.

Em uma perspectiva de estudo comparado das diversas teorias de aconselhamento e psicoterapia, podem
ser observadas diferenças e semelhanças entre estas duas formas de atendimento psicológico (SCHEEFFER,
1975). Normalmente, o aconselhamento é oferecido em organizações de diferentes tipos, como escolas,
ONGs e creches, por psicólogos escolares, assistentes sociais e orientadores educacionais. Já a psicoterapia
é oferecida em ambientes médicos, como consultórios, clínicas e hospitais, e efetuada por psicólogos clínicos
e psiquiatras.

Há uma área de superposição, na qual os mesmos objetivos são procurados: tomada de decisão,
valorização do eu, compreensão de si mesmo e desenvolvimento das potencialidades. No aconselhamento,
especificamente, há orientações psicológicas, sociais, escolares, profissionais e vitais que dão parâmetros

31
Introdução à meditação

à existência individual. Não se atém à superação das patologias mentais e psicossomáticas senão para o
encaminhamento aos tratamentos que lhe são pertinentes, os quais só devem ser efetuados por profissionais
devidamente treinados, em ambientes próprios e resguardados pela legislação vigente e ética profissional. A
psicoterapia, ao contrário, se atém principalmente aos transtornos emocionais e psicossomáticos, procurando
eliminá-los.

O professor de meditação atenderá, quando necessário, com o apoio e encaminhamento de soluções aos
problemas apresentados pelos seus alunos, facilitando a adaptação dos mesmos e a melhor aprendizagem
dos princípios e técnicas meditativas. Sua aproximação e relação devem ser calcadas, principalmente, no
verdadeiro desejo de auxiliar seus educandos quando estes estiverem com dificuldades pessoais, evitando o
formalismo, que deve estar ausente nesse atendimento (MAY, 2011).

Nesse aspecto é preciso fazer a seguinte pergunta: quais são as atitudes indispensáveis ao ótimo
aconselhamento?

Atitudes no aconselhamento
Várias são as abordagens psicológicas que versam sobre a relação de ajuda que se estabelece durante a
entrevista psicológica. Adotamos alguns princípios que são universais, isto é, estão presentes em todas as
formas de atendimento psicológico e que, também, possuem validação experimental (HACKNEY; NYE, 1977).

Fonte:<http://sucesso.powerminas.com/wp-content/uploads/2010/01/Empatia.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

1ª - Respeito incondicional: atitude de aceitação plena do que o educando é, sem julgá-lo ou condená-lo
por suas ações, visto que o intuito é ajudá-lo. O entrevistador tem conhecimento de que o assistido tem a
liberdade de fazer suas escolhas e que cabe a ele, entrevistador, respeitar as decisões que o outro tomar.
Nunca deve criticar, punir ou reprovar socialmente o aconselhando, quer por gestos, palavras ou insinuações,
pois a punição inibe a autoexpressão. O que se quer na entrevista é exatamente o contrário, isto é, que o
assistido fale de seus problemas (ROGERS, 2011).

2ª - Empatia: atitude de se colocar exatamente no lugar do outro para compreender seus verdadeiros
sentimentos, a fim de que, com isso, possa vislumbrar o sofrimento, os motivos e as dificuldades pelas quais

32
Introdução à meditação

o assistido está passando. Com a empatia, o entrevistado sente-se seguro e pode explorar mais a fundo seus
problemas, encontrando as soluções necessárias.

Não se trata de se colocar no lugar do outro e pensar como agiria se estivesse no lugar dele, mas sim
sentir o que o outro está sentindo em sua situação real.

A disposição de ajudar desinteressadamente a outra pessoa, implícita na atitude empática, é fundamental


na relação de ajuda, já que o entrevistador não pode esperar nenhuma forma de recompensa em função
de seu trabalho, exceto o prazer de oferecer um auxílio, aquilo que vai proporcionar ao aluno melhores
condições para o aprendizado da meditação (ROGERS, 2011).

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-32b4jaZWtc0/Th8gSpWWFSI/AAAAAAAAA4Y/eptDKdHUfeY/s1600/psicoterapia.jpg

3ª - Dissociação instrumental: o professor, enquanto conselheiro, embora perceba os sentimentos e


dificuldades do estudante, deve ter clareza de que os problemas são do assistido e que é ele quem deve resolvê-
los, agindo como um facilitador na solução de seus problemas, evitando assim a tão perigosa dependência do
entrevistado e o envolvimento emocional do conselheiro com dificuldades pessoais do aconselhando. Sabe
claramente – portanto, tendo isto sempre em mente – que o sofrimento é da outra pessoa e não seu, e o
professor está ali, naquele momento, para ajudá-lo a superar sua dor moral (BOHOSLAVSKY, 2003).

4ª - Reconhecimento dos limites: é a posição mais adequada que o docente pode ter em relação ao
educando, pois deve reconhecer os seus limites, bem como só se propor a fazer aquilo que realmente tem
competência para executar. O orgulho, a vaidade e todas as formas de manifestação dos sentimentos de
onipotência e onisciência devem ser combatidos e eliminados para que seja possível ministrar, sem nenhuma
forma de prejuízo a outrem, o tão esperado auxílio psicológico, que vai proporcionar ao aluno em sofrimento
as condições psicossociais necessárias ao seu desenvolvimento e aprendizagem.

Em muitas ocasiões, o professor deve ter a habilidade de encaminhá-lo à psicoterapia e médicos de


diferentes especialidades, pois, devido à gravidade dos problemas apresentados, não dispõe das condições
necessárias à solução dos mesmos, visto que transcendem sua formação profissional (MAY, 1977).

33
Introdução à meditação

As técnicas podem ser utilizadas nesta forma de atendimento? Se podem, quais as mais adequadas aos
professores-conselheiros?

Técnicas no aconselhamento
Em função dos objetivos expostos, as melhores técnicas são aquelas que, em um menor tempo possível,
possibilitam o levantamento dos principais problemas, bem como uma rápida e eficiente orientação, visando
o encaminhamento das soluções mais corretas.

Deve-se salientar que o fundamental na entrevista de ajuda é o conjunto das atitudes facilitadoras da
autoexpressão, autocompreensão e solução dos problemas de ajustamento.

A seguir são listadas as técnicas de mais fácil aprendizado, bem como as de uso mais ajustado à entrevista
de ajuda (HACKNEY; NYE, 1977).

34
Introdução à meditação

1ª - Indagação: são perguntas que devem ser feitas ao assistido para que este possa expressar suas
principais queixas no momento da entrevista: “o que o trouxe aqui?”, “quais são suas dificuldades atuais?”
ou “como você vê esse seu problema?”

Obs.: Uma pergunta que deve ser evitada é a que usa a preposição por seguida do determinante
interrogativo que. Ela faz com que o aluno tenha que explicar muitas vezes o que não sabe: as causas de
suas dificuldades. Isto leva à frustração, confusão e até ansiedade, piorando o seu estado emocional. Por
vezes essa indagação é feita em um sentido de reprovação social, tal como: por que você agiu assim? Por
que veio até aqui? Por que falou tão alto? Isto, sem dúvida, é um elemento inibidor da autoexpressão, o que
pode invalidar os esforços da ajuda psicológica.

2ª - Ênfase: é uma pergunta feita com uma ou duas palavras que direciona a atenção e a exposição do
entrevistado para o que se quer saber. Deve ser feita depois da indagação, como continuidade à resposta
do paciente, quando há a necessidade de maiores esclarecimentos ou após uma exposição, quando se quer
dar maior atenção a um aspecto específico do que foi dito.

Deve-se esclarecer que esta técnica direciona a atenção do assistido para o aspecto cognitivo, afetivo ou
volitivo, a fim de obter esclarecimentos. Exemplo: “quer ajuda?”.

Salientamos que no caso da atenção recair sobre a problemática emocional, e não à sua solução, a
tendência é o aumento da tensão e do sofrimento. Para evitar que isso aconteça, deve-se conter perguntas
como “problemas?”,“sente-se mal?”, “medo?” ou “raiva?”

3ª - Reflexo dos sentimentos: em função da compreensão empática do assistido, o entrevistador pode


demonstrar que compreendeu o que ele está sentindo, verbalizando essa percepção que teve de seus
motivos, sentimentos e dificuldades, fazendo-o sentir-se compreendido, aceito e, assim, expressar-se melhor.
Exemplo: o entrevistador compreende que o entrevistado está se sentindo muito triste, pela perda de seu
pai: “consigo perceber que está sentindo muito medo, do que lhe possa acontecer amanhã” ou “percebo que
está sendo muito difícil a você falar sobre esse problema com sua esposa”.

Este tipo de ação técnica executada pelo conselheiro leva gradualmente o assistido a níveis mais profundos
de sua consciência, trazendo à tona, na medida em que pode suportar, seus próprios sentimentos e lembranças
– conteúdos até então reprimidos.

4ª - Sugestão: trata-se de dar propostas ou alternativas com fundamento racional e de um modo não
diretivo, isto é, que deixem o entrevistado livre para decidir quais podem ajudá-lo a solucionar suas dificuldades.
Deve-se deixar a decisão a ser tomada ao entrevistado, sem argumentar nesta ou naquela direção. Por
exemplo, “talvez você possa se beneficiar se procurar a ajuda especializada de um psicoterapeuta para a
superação desse medo de ser socialmente reprovado” ou “o encontro com sua ex-namorada, conforme ela
está lhe pedindo, poderá esclarecer o que houve”.

5 - Explanação: é o fornecimento de informações, ou seja, a transmissão de dados relevantes que possam


auxiliar o educando a encontrar soluções aos seus problemas identificados. Exemplo: “o Dr. Dráuzio Vilar
é um ótimo terapeuta, tenho boas informações a seu respeito e ele atende aos sábados, como você quer”.

35
Introdução à meditação

Com essas técnicas complementares às atitudes facilitadoras, podem ser criadas as condições para o
encaminhamento de soluções aos diversos problemas de ajustamento da experiência humana. Porém, mesmo
agindo dentro destas normas, há problemas que poderão ocorrer se o conselheiro não estiver atento a eles.

Quais são, portanto, as principais dificuldades que poderemos encontrar no aconselhamento?

Transtornos no aconselhamento
Alguns problemas podem ocorrer, tanto para a saúde mental do conselheiro quanto do assistido, em função
do atendimento que é dado. Respaldados em nossa experiência clínica de trinta e três anos no atendimento
psicológico em aconselhamento e terapia, relacionamos a seguir algumas dificuldades que poderão ocorrer.

Fonte:<http://img.pai.pt/mysite/media/60/02/5/439a21a9-1873-44dd-97e2-4bb594c66cc1_LARGE.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

1ª - Envolvimento: nesta modalidade, o entrevistador deixa-se envolver pelos problemas do paciente e


passa a sofrer junto com ele. Em nada poderá ajudar daí em diante, já que passou a ser afetado por essa
dificuldade.

2ª - Dependência: aqui o entrevistado sente-se dependente do entrevistador, recorrendo a ele quando está
com problemas. Muitas vezes, isso é fortalecido pelo entrevistador quando dá conselhos diretos, subtraindo
o livre-arbítrio daquele que procura ajuda.

3ª - Ligação neurótica: muitas vezes, por força do envolvimento e até da dependência, pode ocorrer
algum tipo de ligação afetiva doentia e de grandes sofrimentos a ambas as partes. Isto não quer dizer que
entrevistador e entrevistado não possam desenvolver uma ligação afetiva genuína e sadia. Para isso, é
preciso que dependência e envolvimento com os problemas sejam evitados.

4ª - Exposição pública: saber ouvir e orientar são facetas importantes na prática do aconselhamento.
Entretanto, de que vale isto se o aluno se sentir traído pelo professor, por ele ter passado para outras
pessoas as informações que recebeu? É preciso que o conselheiro tenha em mente que seu aluno, ao lhe
dizer seus problemas e dificuldades, espera ser ajudado e que suas particularidades sejam mantidas em

36
Introdução à meditação

segredo. Transgredir tal confiança destrói toda e qualquer possibilidade de auxílio. E mais: pode fazer com
que aquela pessoa jamais confie em alguém para compartilhar seu mundo interior. Desta forma, manter o
sigilo é indispensável à prática da relação de ajuda.

5ª - Tentativa de controle: se dermos soluções prontas, o que poderá acontecer? Se não resolverem ou
agravarem os problemas, seremos responsabilizados pelas más consequências e nossos orientandos vão
nos cobrar por isso. Se derem certo, seremos procurados novamente, quando novos dilemas surgirem! Que
situação incômoda, não é?

Para que estas dificuldades possam ser evitadas, é preciso que as soluções possam ser encontradas
pelos alunos, e que eles as apliquem na vida. Os professores-conselheiros indicam caminhos, dão apoio,
informam... mas as decisões cabem aos educando! Se assim procedermos, estaremos contribuindo para
o efetivo crescimento interior de todos os alunos que nos procurarem, fazendo da ajuda momentânea um
trampolim para alavancar o fortalecimento da maturidade espiritual de nossos orientandos.

Agir de modo contrário é nada mais, nada menos, do que infantilizar quem está precisando de auxílio. Por
isso, cada um deve aprender a ser por si e para si, a fim de que possa assumir a responsabilidade pela sua
existência.

6ª - Julgamento e crítica: nada é mais inibidor do que apreciar e criticar alguém. Isto gera, dependendo da
pessoa, retraimento ou agressividade – duas atitudes que o conselheiro deve evitar em todos os momentos.
Mesmo que discorde desta ou daquela decisão, deve apenas mostrar o que está ocorrendo e, no máximo, as
possíveis consequências. Nunca, porém, deve desvalorizá-lo por tomar uma decisão contrária à sua.

https://www.youtube.com/watch?v=GYuf6PmcVT4

Este vídeo apresenta um dos maiores nomes da história da Psicologia atuando em uma relação de ajuda: o
Dr. Carl R. Rogers. Embora seja uma sessão de psicoterapia, fornece em sua fluída dinâmica a percepção dos
objetivos comuns com o aconselhamento psicológico: tomada de decisão, valorização do eu, compreensão
de si mesmo e desenvolvimento de potencialidades. Podemos observar que Rogers não diz à paciente como
ela deve agir, mas a compreende profundamente, o que lhe fornece os meios para que encontre a solução ao
seu problema pessoal. Isso serve de modelo para futuras atuações de professores-conselheiros.

A ajuda ao aluno realizada pelo professor-conselheiro se reveste de grande importância ao equilíbrio,


bem-estar e saúde, e isto é feito favorecendo o seu autoconhecimento.

Com isso em mente, perguntamos: qual é o valor do autoconhecimento ao professor-conselheiro?

37
Introdução à meditação

Autoconhecimento e meditação
O autoconhecimento surge como uma ferramenta importantíssima para as transformações necessárias ao
desenvolvimento pessoal. Segundo Mazzonetto (2012), há grande relevância deste tema para a meditação,
ao qual faz extensa referência em publicação anterior.

Há muitos séculos, o ser humano tem se debruçado no estudo da mente, utilizando seus esforços para a
compreensão das profundezas da alma.

Fonte: Shutterstock

Sentimentos, desejos, aversões, amor, ódio, medo, coragem e todas as manifestações da mente humana
têm sido pesquisadas, em épocas diferentes e com métodos diversos, por aqueles que se aventuraram no
caminho do autoconhecimento.

Vários filósofos, psicólogos, pensadores, cientistas e religiosos tentaram compreender, o que vem além
da vida. Perguntas foram levantadas: o que somos? Existe alma? A alma sobrevive à morte física? Qual é
o sentido da vida humana? Há uma ou várias existências? Por que sofremos? Estas e outras questões têm
acompanhado os seres humanos no decurso dos séculos. Para respondê-las, é preciso indagar, refletir,
pesquisar e, principalmente, meditar!

O que é a autoconsciência? Podemos entendê-la como a percepção consciente profunda e contínua


dos conteúdos, estruturas e dinâmicas da psique humana. Permite uma adaptação mais rápida e eficaz do
indivíduo à realidade, facultando-lhe mudanças interiores ajustadas às transformações existenciais.

A consciência, pois, se amplia nos embates da vida diária, onde a pessoa promove a descoberta das
suas potencialidades latentes e, gradativamente, as realiza em sua experiência vital. Logo, inteligência,
vontade, afetividade e paranormalidade desenvolvem-se, paulatinamente, em decorrência do aumento do
autoconhecimento.

Em algumas culturas e épocas, como na atual civilização ocidental, a ênfase recai sobre o mundo exterior,
ficando a autoconsciência, para muitos, em segundo plano. Para o meditador, no entanto, conhecer-se
através da meditação e de outras práticas é fundamental ao seu sucesso e evolução, tanto no sentido de sua
melhora interior, quanto na ação enquanto docente nesta área.

Tanto a introspecção quanto a psicoterapia permitem uma compreensão maior do mundo interior, fato
inegavelmente necessário ao bem-estar e felicidade. O próprio conhecimento do mundo exterior pode

38
Introdução à meditação

ser mais facilmente conseguido para além do progresso cultural dado pelo estudo constante por meio da
meditação dos temas pertinentes aos diversos campos das ciências, favorecendo uma melhor compreensão
da leis naturais e suas aplicações. No que tange à paranormalidade, as funções da telepatia, clarividência,
pré-cognição e retrocognição podem ser estudadas e entendidas mais intimamente na medida em que se
tornarem objetos da meditação.

Há uma ressalva que deve ser feita: nem sempre é fácil penetrar nos mais íntimos rincões da mente. A
isto se conjugam o apego às circunstâncias, o medo, a ignorância, o preconceito e a resistência à mudança
do autoconceito, o que dificulta a introvisão. E isto dificulta a mudança de atitudes e solução dos problemas
existenciais.

Como tudo está em constante mudança, o fato do indivíduo não conseguir acompanhá-la gera grande
sofrimento, porquanto ocorre uma dessintonia entre a pessoa e seu meio ambiente, gerando conflitos e mal-
estar. Com o autoconhecimento, isto pode ser facilmente solucionado, pois o ser humano pode perceber o
que, dentro de si mesmo, o impede de aceitar e se ajustar à realidade. Pode, inclusive, em alguns casos,
tornar-se um crítico da própria realidade ambiental, contribuindo com isso para sua própria mudança.

Se a vida humana é percebida como um todo, pode-se ver que, do ponto de vista psicológico, é uma
sucessão contínua de experiências que terminam com a morte. E o que acontece com a mente durante todo
esse conjunto? Aprende, desenvolve-se, transforma-se – em uma palavra, evolui. Esse, essencialmente,
parece ser o sentido da existência!

A meditação e as demais formas não deletérias de ampliação da consciência servem a essa finalidade.
Na medida em que a consciência se amplia, incluindo o autoconhecimento, pode-se sentir um maior grau de
felicidade, sentimento decorrente da autorrealização alcançada.

https://www.youtube.com/watch?v=T32Srx8k5Tw

Nesta palestra proferida no programa Café Filosófico, o psiquiatra Flávio Gikovate disserta sobre a
importância do autoconhecimento para a felicidade humana. O vídeo é interessantíssimo para a reflexão
sobre o valor da autoconsciência e os meios para sua obtenção.

Psicanálise e suas contribuições


Um grande médico e pesquisador do passado, Sigmund Freud, no mês de julho de 1895, consegui
interpretar um sonho seu, dando o primeiro passo para a compreensão mais larga do inconsciente.

A partir de então, aprofundou suas investigações da psique humana e a interpretação dos sonhos, ao
lado do método da livre associação, tornaram-se as vigas mestras de sua metodologia de pesquisa do
inconsciente humano.

39
Introdução à meditação

Freud formulou duas teorias sobre a mente humana. A primeira é chamada de teoria topográfica, na qual
dividiu a psique em três grandes estratos: o inconsciente (mais vasta parte, contendo todas as experiências
esquecidas, bem como todos os impulsos reprimidos), o pré-consciente (a que contém as lembranças e
afetos acessíveis mediante associações) e o consciente. A segunda, chamada de teoria econômica, tem a
mente dividida em três estruturas inter-relacionadas: id (sede dos instintos biológicos), superego (depositário
de todos os valores éticos e costumes sociais) e o ego (equilibrador das pulsões do id e das exigências sociais
do superego).

Descobriu, também, a sexualidade infantil, base de todo o desenvolvimento psicológico, e com ela o
Complexo de Édipo, cuja não resolução dá origem às neuroses.

Este autor notabilizou-se pela disposição de ajudar seus pacientes, procurando entender a gênese das
neuroses e auxiliando-os a se libertarem desses sofrimentos. Suas teorias emergiram como consequência de
investigações minuciosas em mais de 50 anos no atendimento de pessoas com os mais diversos transtornos
emocionais e mentais.

Mais de cem anos após a enunciação das primeiras descobertas psicanalíticas, seus métodos e hipóteses
continuam sendo matéria de controvérsia no campo científico. Sua contribuição para a cultura universal é
importantíssima, pois conceitos elaborados tais como consciente, inconsciente, ego, trauma, complexo e
recalque fazem parte da linguagem atual em nossa sociedade. Mazzonetto comenta sobre isso: “O trabalho
deste cientista, sem dúvida, foi um marco importante na valorização do autoconhecimento na sociedade
moderna” (MAZZONETTO, 2012).

40
Introdução à meditação

Todas as diversas formas de psicoterapia foram influenciadas, de algum modo, pela psicanálise.

Vários autores publicaram, após Freud, seus achados e postulados, mas em sã consciência, nenhum pôde
deixar de lado as hipóteses e métodos criados pelo fundador da psicanálise.

Clique aqui para saber mais a respeito deste assunto

http://www.youtube.com/watch?v=k1yIHZamjLI

Interessantíssimo e raro documentário sobre a vida e obra de Freud, que dá informações precisas sobre
suas teorias e descobertas. É extremamente útil aos estudantes de meditação, pois fala sobre o que ocorre
no interior da alma humana.

O papel da Filosofia
Para a Filosofia, o autoconhecimento é matéria para a investigação ao mesmo tempo gnosiológica e
ética.

41
Introdução à meditação

Sócrates e Platão.

Do ponto de vista gnosiológico, o que se busca é o entendimento da psique em sua estrutura e


funcionamento mediante o uso do método racional, o que deriva para a criação de uma psicologia filosófica,
disciplina que antecedeu os trabalhos de Wundt, pai da psicologia moderna, que produziu mais de 500
experimentos científicos, desmembrando-a da Filosofia.

Por outro lado, do ponto de vista ético, a busca é a da transformação interior, levando a pessoa a resolver
seus problemas, compensar e até superar suas deficiências, e desenvolver alto padrão moral.

O autoconhecimento também pode ser conseguido pela meditação, em práticas de origens diversas já
descritas aqui.

Seja qual for o processo adotado, o indivíduo percebe melhor a si mesmo entrando em contato com suas
lembranças, sentimentos, desejos, crenças e valores de forma direta e intransferível. O seu relato é digno de
crédito, pois ninguém a não ser o próprio sujeito que vivencia a experiência de se conhecer pode ter acesso
direto às suas vivências pessoais. É um saber que independe da mediação dos órgãos dos sentidos, sendo
direto e imediato.

Ainda segundo Mazzonetto (2012), “Pode-se dizer que o autoconhecimento é fruto da introspecção [...]”

42
Introdução à meditação

Meditação e autoconhecimento

Em função de nossa experiência clínica acumulada no campo da psicoterapia, levantamos algumas questões
referentes à aquisição do autoconhecimento, muito úteis a aqueles que desejam se tornar meditadores, ou
querem se aprofundar nesta área.

1. Como conhecer a si mesmo?

R: Isto pode ser conseguido através do levantamento de perguntas relacionadas à própria conduta. Podem
ser questões ligadas aos seus motivos pessoais, sentimentos, desejos, aversões, crenças, valores e tudo o
mais que diga respeito a si mesmo. Quanto maior for o número de indagações, maior será o conhecimento
adquirido sobre si próprio. À noite, ao deitar, pode-se passar em revista os fatos do dia e fazer a autoanálise,
tão necessária ao desenvolvimento da autoconsciência.

2. O autoengano é prática comum, quando se busca o autoconhecimento?

R: Sim, pois na maioria das vezes, por ter que enfrentar sentimentos de fracasso, culpa ou medo, o
indivíduo tende a distorcer a compreensão de sua própria realidade. Para evitar isso, a fenomenologia, como
foi exposta acima, práticas meditativas tal como a apresentada anteriormente por Krishnamurti e a busca
de assistência de um psicoterapeuta competente são meios que podem auxiliar o indivíduo da teia de seus
autoenganos.

3. Quais são as mentiras mais frequentes, que um indivíduo pode dizer a si mesmo?

R: Variando de pessoa a pessoa e situação a situação, podem ser as seguintes:

a. que se é quase perfeito, que não há mudanças a serem feitas;

b. que as mudanças necessárias já foram efetuadas, sendo desnecessário prosseguir;

c. que está tudo bem na vida;

43
Introdução à meditação

d. que os acontecimentos ruins são efeito de um karma ruim, ou dos outros;

e. que a culpa é de Deus;

f. que a responsabilidade é dos outros.

4. Qual é a posição da ciência frente ao autoconhecimento?

R: Um número incontável de casos atendidos em psicoterapia no mundo inteiro desde os primórdios da


psicanálise não deixa dúvidas: o autoconhecimento é a chave para a cura de muitos transtornos emocionais.

5. Qual atitude deve ser desenvolvida para que o autoconhecimento possa ser mais facilmente adquirido?

R: As psicoterapias apontam na direção do respeito incondicional, como a atitude fundamental à aquisição


do autoconhecimento, pois respeitar ao outro e respeitar-se incondicionalmente são facetas de uma mesma
realidade, e somente com a manutenção do respeito próprio, independentemente da descoberta efetuada, é
que o indivíduo consegue ver a si mesmo sem as distorções provocadas pelos sentimentos de culpa, medo
ou inferioridade.

6. Há limites para a introspecção?

R: Sim, como tudo na vida humana. Por isso, muitas vezes, surge uma necessidade de se procurar a ajuda
de outra pessoa, que possa servir como um “espelho da alma”.

7. Quais podem ser essas pessoas?

R: Normalmente indivíduos devidamente treinados e experientes, tais como mestres de meditação,


de diferentes linhas de trabalho, bem como psicoterapeutas e psicanalistas igualmente bem formados e
experientes.

8. A psicoterapia e a psicanálise substituem a introspecção?

R. De modo algum, pois cabe ao indivíduo ser o condutor, por toda a vida, de seu autoconhecimento. Pessoas,
em situações especiais, poderão ajudá-lo, mas nunca substituí-lo na condução de seu autodesenvolvimento.

9. Quais as diferenças e semelhanças entre a introspecção e a psicoterapia?

R.: Elas podem ser elencadas, conforme segue abaixo:

a. a introspecção é de uso contínuo;

b. a psicoterapia serve para situações específicas e de emergência, quando o indivíduo não consegue
conhecer-se e resolver alguns de seus problemas;

c. a introspecção é direcionada pelo próprio sujeito;

44
Introdução à meditação

d. a psicoterapia é direcionada pelo terapeuta, mesmo na abordagem centrada na pessoa, pois direcionar
é dar diretrizes, e não necessariamente dirigir o outro;

e. a introspecção gera autoconhecimento;

f. as diversas práticas psicoterapêuticas geram autoconhecimento.

Dalai Lama e Frei Laurence Freeman – representantes de duas linhas de meditação:

budista tibetana e cristã, respectivamente.

Fonte: http://sixthformstjames.files.wordpress.com/2009/10/dalailama-freeman-crop.jpg?w=430

10. Há uma forma simples que pode ajudar na promoção da introspecção que tenha validade científica?

R. Sim, e ela é descrita a seguir:

Técnica:

Autoavaliação

Saiba o que quer trabalhar em sua personalidade. São os sentimentos perturbadores: culpa, medo,
angústia, melancolia e todos os demais que perturbam a sua existência.

• Introspecção

• Responda mentalmente, as seguintes questões:

• O que sinto?

• O que quero?

• O que faço?

45
Introdução à meditação

• O que evito?

• O que espero?

Dalai Lama e Frei Laurence Freeman

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-mSffCxmeJXA/URqrzz5EKZI/AAAAAAAACRE/uP9ioz7MkZk/s320/Dalai+e+Laurence+freeman.jpg

Este primeiro grupo é composto pelas perguntas básicas, que têm como meta a eliminação de perturbações
afetivo-emocionais.

Nota: estas cinco primeiras indagações fazem parte da gestalterapia e formam a técnica do conscientizar-
se (PERLS; 1977).

• Como foi que esse transtorno iniciou?

• Quais são as semelhanças e diferenças com esse começo?

• Como percebo esse problema agora?

• Qual a melhor decisão a tomar?

Este segundo grupo é o das perguntas complementares às anteriores, e dá uma visão aprofundada da
origem, semelhanças, diferenças, insight e decisão a tomar.

• O que sinto por mim?

• Creio em minhas próprias capacidades?

• Creio nas capacidades alheias?

• Qual é o meu autoconceito? E o conceito que faço dos outros?

• O que sinto quando estou com outras pessoas?

• O que sinto quando estou só?

46
Introdução à meditação

• O que sinto frente às minhas vitórias e realizações?

• O que sinto frente aos meus fracassos?

• O que sinto frente às vitórias, realizações e fracassos das outras pessoas?

Este terceiro grupo refere-se às perguntas finais e visam maior compreensão das relações interpessoais.

Filosofia

Fonte:<www.guiageo-grecia.com>. Acesso em 19/08/2014.

Sócrates, Platão e Spinoza, entre tantos, fazem parte de uma tradição filosófica que valoriza o
autoconhecimento, pois o entende como uma conquista humana que favorece a saúde e a liberdade. Há
subdivisões nesta abordagem, diferenciando os diversos filósofos e cientistas e que se entrecruzam no
emaranhado de ideias e práticas diversas.

Os pensadores da civilização greco-romana entendiam o autoconhecimento como um bem em si mesmo,


visto que isto ajudava o ser humano a encontrar um grau maior de felicidade durante sua estada neste
mundo.

Com o fim do Império Romano e o advento da Idade Média, quando então passou a predominar a visão
católica apostólica romana, o autoconhecimento passou a ser entendido como um dos meios de ascensão
da alma pelo qual se buscava a Deus (DURANT, 2000). Filósofos mais modernos fizeram a proposta de se
usar o autoconhecimento como um meio à promoção da autocrítica cultural e política, como um meio para
a superação da alienação do homem e, por consequência, de promoção da transformação revolucionária ou
reformadora das estruturas sociais e econômicas (DURANT, 2000).

Por último surgiram os médicos e psicólogos, que passaram a entender o autoconhecimento como um
poderoso recurso à saúde mental.

Psicologia moderna
Cientistas como Freud, Jung e Rogers, só para citar alguns dos mais famosos, deram surgimento a uma
nova “ciência da psique”, que influenciou sobremaneira os rumos da cultural ocidental.

47
Introdução à meditação

Jung

Fonte:<http://oarquetipo.files.wordpress.com/2010/08/jung.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

A Psicologia, psicoterapia, psicopatologia, psicopedagogia e psicanálise tornaram-se elementos culturais


presentes no dia a dia das pessoas, influindo a todos com seus conceitos, métodos e propostas, mesmo que
isto ocorra de modo inconsciente para a maioria.

Rogers

Fonte:<http://www.algosobre.com.br/images/stories/assuntos/biografias/Carl_Rogers.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

A vida moderna exige cada vez mais das pessoas. Tensão, conflito e pressões de todos os tipos fazem
parte do cotidiano da maioria. Nesse contexto, o autoconhecimento surge como ferramenta importante para
o ser humano moderno poder enfrentar as vicissitudes de nosso tempo.

O autoconhecimento não é algo dado, disponível à vontade, que se possa comprar ou vender. É antes de
tudo, uma aquisição pessoal e intransferível, que somente aqueles que são conscientes de seu valor, podem
consegui-la.

48
Introdução à meditação

Vejamos, agora, como Mazzonetto se posiciona a respeito deste assunto (MAZZONETTO, 2012): “Isto tudo
leva, necessariamente, à seguinte e última conclusão: a ignorância de si próprio leva o ser humano a cometer
seus erros e maldades e o autoconhecimento à superação de ambos”. E ainda diz: “Logo, a ignorância de si
é a raiz de todos os vícios e a autoconsciência a base de todas as virtudes”.

Penso que, desta forma, nossas reflexões sobre o autoconhecimento poderão ser de ajuda a todos aqueles
que buscam na meditação um meio para a superação de suas dificuldades e a obtenção de um grau maior
de bem-estar, saúde e harmonia.

Situação-problema
Um dependente de drogas inscreve-se num curso presencial de meditação, visando auxílio para libertar-
se de sua dependência. Durante o curso, em uma das aulas, aflito, solicita ajuda ao professor. Este se reúne
com o aluno, após a aula, e detecta o seguinte:

1. ainda não recebe ajuda profissional especializada;

2. apresenta claros indícios de desequilíbrio emocional, pois sua compulsão ocorre com frequência e,
notadamente, quando se sente só;

3. tem problemas com a família, pois estes não sabem o que fazer com ele – há muito sofrimento, conflitos
e até agressões físicas;

4. está prestes a perder seu emprego, pois tem faltado muito na empresa onde trabalha;

5. briga constantemente com sua noiva e há inclusive a possibilidade de rompimento amoroso.

Em função do exposto acima, faça uma análise da situação e apresente uma orientação que dê o
encaminhamento de soluções para este caso.

Exercício: faça uma síntese do conteúdo relativo à entrevista de ajuda para ser discutida em um
dos chats desta disciplina.

CAPÍTULO 5 - USO DE RECURSOS AUXILIARES


Palavras iniciais
Os recursos auxiliares são aqueles que propiciam a facilitação da meditação, notadamente nas práticas
introdutórias dedicadas aos iniciantes, os quais ainda não conseguiram internalizá-las com a devida
proficiência. As diversas escolas do pensamento ocidental e oriental da meditação postulam e apresentam

49
Introdução à meditação

diversas propostas cujos profitentes procuram aplicá-las, sem que, necessariamente, tenha sido feito um
estudo mais aprofundado de seus motivos.

Dentro de uma perspectiva científica, nos propomos a analisar e entender cada um desses recursos
presentes nas diversas religiões e práticas espiritualistas para sabermos os que realmente são necessários e
aqueles que podem ser dispensados.

Em função disto, perguntamos: quais são os recursos auxiliares encontrados nas diversas linhas da
meditação? Verificamos que as posturas, cânticos, sons, palavras, músicas, cores, imagens, luzes e objetos
constituem um conjunto de recursos materiais quase sempre presente nas práticas meditativas.

Posturas físicas
Uma das primeiras recomendações observadas nas instruções às práticas meditativas diz respeito à posição
que o iniciante deve ter durante a atividade meditativa. Adiante, colocamos as posições de uso comuns em
várias escolas do pensamento ocidental e do oriental.

1. Lótus: presente em quase todas as linhas de pensamento, notadamente na yoga e no budismo, aparece
quase como indispensável ao sucesso de sua aprendizagem. Essa ideia se tornou tão forte que, quando se
fala em meditação, surge logo a figura de alguém nessa posição.

O motivo pelo qual se postula esta posição é porque com ela a coluna fica ereta, dando equilíbrio ao
corpo e evitando o sono, mantendo a mente alerta. O inconveniente está ligado ao pouco uso dos músculos
utilizados nessa posição pelas pessoas de características sedentárias, o que pode provocar dores em algumas
regiões do corpo. Por isso, deve-se dispensar o uso da posição para esse tipo de pessoa.

Uma variante dessa é a postura meio lótus, na qual uma das pernas não se cruza, mas fica numa
posição paralela. Isto pode favorecer o seu uso, para aqueles que têm dificuldades de fazer a posição
completa.

50
Introdução à meditação

2. Seiza: esta posição é normalmente utilizada nas artes marciais japonesas e consiste em sentar-se sobre
os calcanhares dos pés. Sei significando “correto, adequado, verdadeiro” e za significa “posição”.

Como pode ser notado no desenho ilustrativo, novamente a coluna fica ereta e este é o motivo de seu uso
na meditação. Ressaltamos, no entanto, que essa era a maneira do samurai se sentar, ficando bem abaixo da
cabeça do senhor feudal (Damyo), e este do Shogun, o líder militar, e do Imperador.

O xintoísmo, a religião ancestral japonesa, detentora das crenças milenares do Japão, atribui divindade à
figura do supremo mandatário, o Imperador, perante o qual todos devem se curvar e estar com sua cabeça
abaixo da dele. Inclusive anda-se agachado para não se colocar em posição física superior aos seus chefes.
Por esse motivo ela foi e é considerada a posição correta.

Na meditação mokuso, bem como em todos os momentos nos quais o aikidoísta está recebendo as
instruções verbais de seu mestre, deve-se permanecer nessa posição.

Seiza é uma posição das que mais causam dores em diversos pontos das pernas, naqueles que não estão
acostumados ao seu uso. Recomendamos que ela só seja utilizada por aqueles que tenham se adaptado a
ela, evitando maiores dificuldades de concentração durante as práticas meditativas.

3. Savasana: pode ser traduzida como a “postura do morto” da hata yoga, na qual todo o corpo fica em
uma posição que favorece o relaxamento integral.

Deve ser feita, como mostra a figura acima, em um chão bem plano e liso, com uma proteção em cima,
para evitar dores nas costas e resfriamento do corpo.

É de grande utilidade, desde que o praticante esteja bem desperto, pois pode induzir ao sono, quando há
cansaço. Se estas condições forem respeitadas, é ideal para a maioria dos praticantes de meditação.

51
Introdução à meditação

4. Zhan zhuang: esta é a chamada “postura da árvore” ou “estaca”, utilizada nas artes meditativas da
China.

Fonte:<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/37/Postura_da_
rvore.jpg/270px-Postura_da_rvore.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Trata-se de ficar em pé, sem movimentos, de modo estático, em posições diferentes. Tende a ser usada
em conjunto com as artes marciais chinesas. Como pode ser observado, também mantém a coluna ereta.

Seu fator positivo diz respeito ao fato de, por ser feita em pé, pode ser utilizada em vários locais, e é de
extrema utilidade para os praticantes das diversas artes marciais. No entanto, quem não tem familiaridade
com esta posição pode vir a sentir cansaço, o que leva ao desvio da atenção e à perda da motivação para
meditar.

5. Postura egípcia: é a mais simples de todas, pois se caracteriza por ser feita sentada, com a coluna ereta,
as mãos espalmadas e apoiadas sobre os joelhos.

Fonte:<http://arqueologiaegipcia.com.br/wp-content/uploads/estatuasdetiyeamenhotep.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

A postura tem esse nome porque é observada nas estátuas e afrescos dos deuses do Egito antigo. Como
as demais posturas, mantém ereta a coluna vertebral e favorece a manutenção do estado de alerta mental.
Entendemos que é a melhor postura para os iniciantes, pois é a que oferece o maior conforto e tem o menor
número de contraindicações.

Pessoalmente, é a que tenho maior familiaridade e, por conseguinte, a que mais uso.

O estudante de meditação pode experimentar todas as posições para perceber qual a que lhe dá maior
bem-estar, atendo-se àquelas que favorecem a prática da meditação.

52
Introdução à meditação

Sons
Podem ser cânticos, entoados de uma maneira constante, o que enleva a alma do praticante, fazendo
entrar nos processos meditativos, tal como ocorre na meditação cristã com os Cantos Gregorianos, os quais,
quando é feita a concentração, dirigem a atenção do praticante às imagens e ideias devocionais a eles
associadas.

Outro recurso sonoro importante, dando continuidade a esta sequência, é a música instrumental relaxante,
pois propicia o desligamento dos estímulos externos, bloqueando os fatores de distração da percepção, e
a volta da atenção para os objetos meditativos, tais como a respiração, uma imagem devocional, ou um
conceito elevado que se quer desenvolver.

Também são muito utilizadas as palavras com significados específicos, como os mantras, utilizados
em diversas correntes filosóficas e religiosas, notadamente no hinduísmo e na yoga, tal como o Om chanti
om, que significa “Paz Universal”. Sua repetição constante favorece a concentração do praticante em sua
ideia essencial.

Fonte:<http://www.alunosonline.com.br/upload/conteudo_legenda/0e777b9e0
a171ddc8a429caf16d2b702.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Deve-se salientar que o mantra só tem validade e age sobre a mente quando o meditador conhece bem o
seu significado, fixando-se indelevelmente. Nossa opinião é a de que não há valor no mantra quando este é
somente repetido, sem conhecer o significado em nossa língua. As palavras só têm valor pelo seu significado,
porque assim programam o cérebro humano para responder de determinadas formas (BANDLER; GRINDER,
1978).

Por fim, pode ser usada a palavra falada de um instrutor para dirigir o processo meditativo aos
iniciantes, orientando-os nos diversos estágios, que vão desde o relaxamento, passando pela introspecção,
à apreensão da essência do tema meditado. Na disciplina meditação clínica este tema é exaustivamente
abordado, sendo ensinada uma técnica de meditação baseada na palavra falada do instrutor.

Visualização
Imagens e objetos também podem ser utilizados, tais como símbolos de diversas naturezas, como o da
Antiga e Mística Ordem Rosacruz, ou a katana em algumas artes marciais como o aikido, kendo, e iaijutsu
todas com significação para os praticantes, pois servem de ponte de ligação entre o sujeito e o objeto da

53
Introdução à meditação

meditação (a essência da imagem ou objeto), visto que podem ser facilmente memorizados e evocados
durante o processo de meditação.

Símbolo Rosacruz

Katana

Ainda podem ser usadas cores e luzes, sendo as primeiras voltadas para a concentração e criação de
determinados estados afetivos que se queira alcançar, tais como a paz ou a atenção consciente, e as segundas
para a geração de um ambiente agradável e propicio à introspecção e ao relaxamento, estados fundamentais
à meditação.

Conclusões
Com o passar do tempo, o meditador aprende que os recursos auxiliares são pouco necessários,
desvencilhando-se deles gradualmente e se utilizando apenas das atividades mentais específicas e próprias
da meditação. Isto difere substancialmente da estruturação do ambiente no qual a prática da meditação deve
se desenvolver. Este deve ser um lugar confortável, de baixa luminosidade e pouco ou nenhum ruído. Sua
decoração deve ser simples e que leve à interiorização. Deve estimular a calma e o bem-estar, podendo para
isso, comportar alguns elementos da natureza, tais como flores, plantas e água. A escolha do ambiente é de
fundamental importância para o sucesso das aulas de meditação!

Assim, temos diversos meios que podem ser utilizados na docência e prática da meditação para favorecer
a entrada nos diversos estágios que levam ao saber profundo e verdadeiro.

54
Introdução à meditação

CAPÍTULO 6 - CAMPOS DE APLICAÇÃO PROFISSIONAL


Palavras iniciais
Para gerar benefícios, todo conhecimento deve ser útil à sociedade, levando soluções aos problemas
existentes e aumentando o bem-estar pessoal, social e econômico. Em função disso, pode-se levantar a
seguinte questão: onde aplicar os conhecimentos aqui adquiridos?

O conhecimento da meditação tem servido a diversos fins. Destaca-se o campo da saúde física e mental,
da educação, esporte, empresas e profissões de risco. Sua prática tem sido introduzida e se espalhado em
clínicas, consultórios, hospitais, escolas, organizações, academias e clubes.

Meditação e saúde
Seu uso tem sido feito como um recurso auxiliar na psicoterapia de diversas abordagens, no tratamento
e prevenção do câncer, na redução e eliminação do estresse, no controle do uso de drogas, para a redução
de psicofármacos, no treinamento desportivo, na facilitação da aprendizagem, formação e modificação de
atitudes e em tudo que envolva melhorias no bem-estar, saúde e felicidade.

Nos vídeos abaixo, do programa Globo Repórter, são relatados estudos e aplicações da meditação na área
de saúde, destacando-se o que vem sendo feito em faculdades de Medicina e hospitais em várias partes
do Brasil. São excelentes exemplos de investigação científica que precedem a aplicação profissional da
meditação em nosso meio, notadamente na área de saúde em instituições de ponta do Brasil:

https://www.youtube.com/watch?v=Y2rH-
DFfHVU&index=1&list=PLCyOPCuYn_Rx9HkHVdAo1tIPwg1tl3GIz

https://www.youtube.com/watch?v=v-xdyfXSvro&list=PLCyOPCuYn_
Rx9HkHVdAo1tIPwg1tl3GIz&index=3

https://www.youtube.com/watch?v=nm5uToOqZzA&index=4
&list=PLCyOPCuYn_Rx9HkHVdAo1tIPwg1tl3GIz

Meditação e educação
No âmbito da educação, especialmente, a meditação pode ser utilizada tanto em escolas regulares
quanto especiais, favorecendo o desenvolvimento dos estudantes e seu desempenho escolar.

Pode ser ensinada, também, em academias de diversas práticas comumente encontradas, como
musculação, artes marciais, natação, ginástica e dança de salão.

55
Introdução à meditação

Nos vídeos abaixo são encontrados seis temas relativos a uma entrevista dada pela criadora da
Meditação Laica Educacional, a professora e psicóloga Claudia Maria de Luca. Esses assuntos referem-se
ao que descobriu na sua experiência como docente de meditação, no Colégio Pedro II, RJ. Este é um ótimo
exemplo de aplicação profissional da meditação no campo educacional em nosso país.

Trajetória pessoal

https://www.youtube.com/watch?v=pZzjkde-_54

O que é a educação emocional?

https://www.youtube.com/watch?v=BOYxYndUpgc

A meditação e os professores

https://www.youtube.com/watch?v=y1j4iDeQh5k

Meditação laica e a espiritualidade

https://www.youtube.com/watch?v=oU58BMSLWCA

A meditação e a intolerância

https://www.youtube.com/watch?v=ojqwrP4buEA

A meditação e o Brasil do século XXI

https://www.youtube.com/watch?v=0YBVAPizodo

Meditação nas empresas


Em empresas, pode servir tanto ao controle do estresse quanto à produção e criação de soluções aos
problemas vividos pelos funcionários, nos diversos níveis de atuação. Com a mente tranquila, aqueles que
são responsáveis pela geração de produtos e serviços podem criar ideias e propostas inovadoras ao ambiente
empresarial, beneficiando a todos.

https://www.youtube.com/watch?v=hW7GuNb20MI

Este vídeo apresenta a meditação aplicada há mais de cinco anos na empresa Farmoquímica, com
excelentes resultados. Mostra como o conhecimento e a prática desta técnica podem gerar bons resultados
profissionais e econômicos nas organizações.

O uso da meditação pode se estender também às profissões de risco que têm a presença de um alto grau
de tensão, tais como as de operador de voo, policial, militar, médico-cirurgião, bombeiro, salva-vidas, piloto
de avião, de provas, de carros de corrida, entre outras.

56
Introdução à meditação

Meditação no esporte
A meditação tem sido gradualmente aceita em nosso meio e se reveste de grande importância na
preparação psicológica e fortalecimento psicossomático dos atletas, sejam eles de alta performance ou
amantes dos esportes.

No esporte de alto desempenho, a meditação é de grande valia para a preparação psicológica, notadamente
em relação ao controle do estresse, formação de atitudes vencedoras, união da equipe e motivação à vitória.

Vários resultados excelentes podem ser conseguidos com a prática da meditação, e os docentes,
principalmente aqueles que já trabalham ou pretendem trabalhar na área desportiva, têm na meditação um
recurso formidável ao seu dispor para a promoção da saúde, bem-estar e sucesso no campo dos esportes.

Para uma visão mais detalhada do que pode ser conseguido pela meditação, é preciso que se faça uma
análise mais detalhada da competição desportiva, especialmente dos efeitos psicológicos de tal situação.

Cabeçada de Zidane no zagueiro italiano Cannavaro na final da Copa do Mundo de 2006, o que acarretou a sua
expulsão e prejuízo à sua equipe, em uma total demonstração de ausência de controle do estresse e da raiva.

57
Introdução à meditação

O objetivo principal nas competições esportivas é vencer dentro das regras estabelecidas. No entanto,
ocorrem ameaças diversas, deixando os atletas constantemente em estado de tensão, visto que pode haver
perdas:

• ao prestígio social;

• aos prêmios, como dinheiro, posição, medalhas e títulos;

• ao emprego, no caso dos profissionais.

Os esportistas competem tentando impedir que os adversários atinjam o objetivo da vitória. Essa situação
leva ao estresse emocional e físico, o qual deve ser controlado. O estresse próprio da competição vem a
aumentar e agravar as reações emocionais típicas da competição desportiva. Assim, é importante conhecê-
las para que possa haver um efetivo controle das mesmas.

As reações mais comuns são: ansiedade, medo da derrota, tristeza pelas derrotas, excesso de autoconfiança
e raiva. Com a meditação, como já foi visto, essas reações emocionais e o estresse podem ser devidamente
controlados e superados, favorecendo o ótimo desempenho nos esportes. Alguns métodos meditativos vêm
sendo empregados em nosso país há vários anos nesta área, podendo ser destacado, entre eles, a meditação
transcendental.

Saiba mais

Conclusões
Normalmente, psicólogos, médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, e professores de educação
física entram em contato com as doutrinas e métodos ligados à meditação e passam a utilizá-los em seus
trabalhos, mas esses métodos podem se estender a profissionais de outras áreas. Administradores, advogados,
engenheiros, arquitetos, militares, policiais, analistas de sistema, TI e tantos outros poderão se beneficiar
profissionalmente com o estudo e prática da meditação, como o que foi visto em vídeos deste e de outros
capítulos.

58
Introdução à meditação

Fonte: http://joaonunes.com/wordpress/wp-content/uploads/sucesso-2-pleno.jpg

Desde que os conhecimentos sejam adquiridos e praticados, fazendo da meditação uma companheira
em sua vida, familiarizando-se com ela, o estudante desenvolverá uma habilidade que lhe permitirá agir de
modo eficiente e auxiliar outras pessoas, tornando-se um agente de transformação da sociedade, espargindo
harmonia, saúde, bem-estar e felicidade.

Exercício: procure responder à questão adiante proposta, refletindo profundamente sobre ela e
trocando ideias com outras pessoas, a fim de que a resposta conseguida possa retratar fielmente
a realidade, o que o ajudará em sua vida profissional.

Como posso fazer com que meu trabalho na condição de docente de meditação possa ser conhecido na
área que quero atuar?

59
Introdução à meditação

CAPÍTULO 7 - DOCÊNCIA EM MEDITAÇÃO


Palavras iniciais
O primeiro ponto a considerar diz respeito ao que é a docência.

Fonte: http://www.fcnoticias.com.br/wp-content/uploads/Doc%C3%AAncia.jpg

A efetiva compreensão deste conceito nos levará a um entendimento profundo de suas ações no campo
da meditação.

O vocábulo docente veio do latim docens, docentis que era o particípio presente do verbo latino
docere que significa “ensinar”. Este verbo veio da raiz indo-europeia dek, dak, de que dimanam,
através de transformações materiais e semânticas, os verbos gregos dékomai, didásko, dókeo, com
inúmeros derivados. Docente seria aquele que ensina, instrui e informa. Sua datação, na Língua
Portuguesa, seria de 1877. (Fonte: DOCENTE, 2007).

O verbo que o caracteriza é ensinar, ou em outras palavras, transmitir o saber acumulado. Para tanto, de
acordo com nossa experiência acumulada em 36 anos no magistério, deve ocorrer de forma clara e concisa.

Fazemos aqui uma clara distinção entre o simples entendimento intelectual, caracterizado pela conceituação,
e a aprendizagem propriamente dita. O entendimento é a mera compreensão de conceitos, importante porque
dá as diretrizes para as experiências, enquanto a aprendizagem implica em modificação do comportamento
manifesto, conseguido pelas experiências vividas.

60
Introdução à meditação

Para que ocorra a aprendizagem da meditação, é necessário que o estudante passe pelas experiências
próprias desse saber.

Fonte:<http://pepsic.bvsalud.org/img/revistas/cc/v16n1/1a03g1.jpeg>. Acesso em 19/08/2014.

Assim, por exemplo, o entendimento da receita de um bolo fornece os meios para que ele seja feito, mas
não é o próprio bolo, muito menos as sensações do paladar quando o bolo é deglutido. Isto ocorre com tudo,
e nisto está incluída a meditação. É preciso praticá-la, para que possa ser de fato aprendida, para além do
mero entendimento conceitual.

Coloco adiante algumas expressões que indicam apenas conceituação, em confronto com a aprendizagem
de fato:

Conceituação: “meditar é não pensar”.

Aprendizagem: “meditar é integrar-me à essência do foco.”

Conceituação: “meditar é adquirir saúde.”

Aprendizagem: “meditar faz-me sentir bem-estar.”

Conceituação: “meditar é espiritualizar.”

Aprendizagem: “meditar é me encontrar comigo mesmo.”

Normalmente, no entendimento, as palavras são colocadas de modo conceitual, enquanto na aprendizagem


elas são postas de modo pessoal. Ao docente, este é um fator indicativo, se houve ou não experiência e,
portanto, aprendizagem.

61
Introdução à meditação

Ser docente
A docência em meditação caracteriza-se pela transmissão desse saber àqueles que buscam o aprimoramento
pessoal, autoconhecimento, saber verdadeiro e essencial ou simplesmente o alívio para seus sofrimentos.

Neste caso, explicita-se a seguinte indagação: como posso me tornar um bom professor de meditação?

Fonte:<http://www.fotosparaface.com/imagens/dalai-lama/dalai-lama-007.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Para que haja clareza e concisão na transmissão do conhecimento, é preciso que o saber, em toda sua
extensão, esteja bem consolidado e analisado exaustivamente pelo docente, tanto no âmbito conceitual
quanto na experiência prática. A concisão depende da compreensão da essência desse saber no intelecto
do professor. Assim, é necessário, também, que a síntese tenha sido efetuada em sua consciência. Somente
dessa forma, então, com amor e experiência, teoria e prática, análise e síntese, um meditador pode ser um
docente de alto nível.

Fonte:<http://portalnetworking.com.br/wp-content/uploads/2013/11/Vitor-Corr%C3%AAa.png>. Acesso em 19/08/2014.

Isso, de fato, é a própria transformação interior que se opera na mente de todo meditador, que faz desta
ação uma constância em sua existência.

62
Introdução à meditação

E há um ponto que deve ser ressaltado: isto tudo só pode ser conseguido se o professor de meditação
amar! Amar o que faz, amar a si mesmo, e amar ao próximo, pois é o amor que dá a força necessária para
que as dificuldades sejam suplantadas, e a proficiência seja alcançada.

Erros do docente
Não há perfeição na espécie humana. Portanto, é preciso que estejamos atentos aos erros mais comuns
que ocorrem durante o ensino da meditação.

Fonte:<http://4.bp.blogspot.com/_nZ2gIcD8538/TG59omINYEI/AAAAAAAAAGc/IW-6z-njGP4/
s1600/medita%C3%A7%C3%A3p+interrog.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Para o assunto, recomendamos o texto Erros didáticos no ensino da meditação, autoria do médico Roberto
Cardoso. Nesse texto vemos a importância de uma percepção aguçada dos erros didáticos para que possam
ser controlados e evitados.

Conclusões
O ensino da meditação possui extraordinária importância para os dias de hoje, repletos de tensões e
conflitos, de incertezas e angústia. Assim, para ajudar as pessoas a enfrentarem esse caos mental, surge a
meditação como um recurso indispensável ao reequilíbrio da mente e do corpo.

63
Introdução à meditação

Fonte:<http://api.ning.com/files/nq*oqlDQ7bW4i-P1Rrt*WTKa0q6lfZedE3VBgCK73ZeGxjQvi6oYFp200L1
xu3jzR0eFTm0vbkaouyYTu-JsLOSs-E*gxouH/1241069280606_f.jpg>. Acesso em 19/08/2014.

Para que possa haver, efetivamente, um ensino de meditação de alto nível, é preciso que o docente esteja
bem preparado, evitando os erros mais comuns da docência, bem como conhecer sua teoria e prática,
efetuar a análise exaustiva e a síntese integradora e que ame a si próprio, a seus alunos e o que faz.

Para poder efetivamente atuar como instrutor, é preciso que, antes, pratique intensamente a meditação
até que adquira a proficiência necessária para instruir os outros.

A prática diária é aconselhada para os que dela querem receber seus benefícios e ensiná-la aos demais.
Com isto, a mente se desenvolve, o conhecimento aumenta, a autoconsciência se amplia e o docente adquire
a familiaridade necessária com o processo meditativo, podendo ensiná-lo a quem o deseja.

Só a prática faz a proficiência. Só com a proficiência é possível ensinar! Portanto se você quer ensinar,
estude e pratique! E pratique bastante, pois esse é o único caminho!

Para ser um bom professor de meditação, portanto, é preciso conhecer a fundo a meditação, é preciso
muito meditar, meditar em relação à meditação, e muito amar!

Exercício: medite em relação à meditação, utilizando os conhecimentos técnicos que aprendeu,


escreva suas impressões, para posteriores e comparações.

64
Introdução à meditação

QUESTÕES REMISSIVAS

Fonte: http://blog.hsvab.eng.br/wp-content/uploads/2012/12/interrogacao.jpeg

Procure responder mentalmente ou em uma folha de papel à parte as questões abaixo, pois elas deram
início a todos os tópicos deste texto. Respondê-las implicará na recordação de suas ideias essenciais, bem
como em uma reanálise do todo o material disponível, fundamento imprescindível da síntese pessoal.

1. O que é a meditação?

2. Quais são as diferenças entre meditação e reflexão?

3. Como surgiu e se desenvolveu a meditação?

4. Qual é a relação estabelecida entre meditação e ciência?

5. Qual é a situação atual da meditação na civilização ocidental?

6. Qual tem sido o desenvolvimento da meditação em nosso país?

7. Como posso ajudar meus alunos com problemas pessoais?

8. O que é saúde mental?

9. Como deve atuar o professor-conselheiro para a promoção da saúde mental de seus alunos? Ele pode
atuar como um terapeuta?

10. Quais são as atitudes indispensáveis ao ótimo aconselhamento?

11. As técnicas podem ser utilizadas no aconselhamento? Se podem, quais as mais adequadas aos
professores-conselheiros?

12. Quais são as principais dificuldades que poderemos encontrar no aconselhamento?

13. Qual é o valor do autoconhecimento ao professor-conselheiro?

65
Introdução à meditação

14. Qual é a relação entre meditação e autoconhecimento?

15. Como conhecer a si próprio?

16. Será que há diferentes maneiras de se entender o autoconhecimento? Como evoluiu a ideia da
autoconsciência?

17. Quais são os recursos auxiliares encontrados nas diversas linhas da meditação?

18. Como deve ser o ambiente?

19. Onde aplicar os conhecimentos adquiridos neste curso?

20. Como posso me tornar um bom professor de meditação?

RESENHA EDUCATIVA

Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRJc8w3M1hSwin2ExnQ2tfe6nxXrUfw3xLHalgPzEXJEM-yEvif

Esta resenha foi aqui colocada para servir de modelo à execução da síntese pessoal de cada aluno. A
elaboração da síntese é necessária à efetiva compreensão e memorização dos conceitos aqui transmitidos,
base consciente das experiências, que vão gerar a proficiência esperada.

O termo meditação é originário do latim clássico meditare, que em português significa voltar-se para o
interior, entrar em introspecção, no sentido de se desligar do mundo exterior e voltar-se para si mesmo. Pode
ser definida como um estado mental caracterizado pela intensa concentração em um tema ou objeto, no qual
o pensamento discursivo torna-se ausente, e por isso a consciência apreende a essência do que foi meditado.

A prática da meditação perde-se na “noite dos tempos”, não sendo possível assinalar com precisão em
que local e como foi seu início. Só é possível especular a esse respeito. Os registros mais antigos datam de
aproximadamente 2.800 a.C. nas antigas escrituras sagradas da Índia, o Upanishads. Há também referências
no “Yogas Sutras” de Patãnjali do século III A.C., autor dos mais importantes na organização do pensamento
yógui. De seu trabalho derivam todos os métodos da Yoga: hatha, raja, jnani, bakti e karma, incluindo suas
práticas meditativas.

66
Introdução à meditação

Outras escolas tradicionais do Oriente e Ocidente desenvolveram seus sistemas próprios de meditação,
destacando-se entre eles o sufista, cristão, budista, bramanista, jainista, rosacruz, tântrico e xintoísta. Por
outro lado, no Ocidente a meditação foi gradualmente dissociada das religiões, passando a ser pesquisada
de acordo com os critérios científicos, e atualmente é utilizada em diversas áreas de atuação profissional.

As pesquisas e aplicações modernas, respaldadas pelos métodos científicos, dão cada vez maior segurança
a profissionais de diferentes áreas, para que apliquem suas técnicas, visando o bem-estar das pessoas
assistidas.

Descobertas recentes corroboram a hipótese de que a meditação é ótima para o tratamento do estresse,
da insônia, diminui a probabilidade de ataque cardíaco, favorece o tratamento do CA e ajuda a controlar
do peso. Investigações nas quais são utilizadas a ressonância magnética e a tomografia mostraram que a
meditação altera saudavelmente o funcionamento de algumas áreas do cérebro, promovendo o equilíbrio do
organismo como um todo.

Frente a problemas apresentados por seus alunos, o professor-conselheiro deve proporcionar um


levantamento das principais queixas do educando, quando este apresenta dificuldades no estudo e prática da
meditação e, com isso, promover um encaminhamento adequado de soluções aos seus problemas, sempre
baseado nos conhecimentos científicos da Psicologia, adequados à situação da entrevista, e inspirado em um
genuíno sentimento de amor e respeito incondicional à pessoa humana.

Para a promoção de boas aulas, podem ser utilizados os recursos auxiliares (aqueles que propiciam a
facilitação da meditação), notadamente nas práticas introdutórias, para aqueles que ainda não conseguiram
internalizá-las com a devida proficiência. Com o passar do tempo, o meditador aprende que os recursos
auxiliares são desnecessários, desvencilhando-se deles, e se utiliza apenas das atividades mentais específicas
e próprias da meditação.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-qVT-njUs-ZI/UBl0ZpkjZfI/AAAAAAAAA4Y/2NSkB8g76HQ/s1600/meditar2.jpg

O ambiente no qual a prática da meditação deve se desenvolver deve ser um lugar confortável, de baixa
luminosidade e de pouco ou nenhum ruído. Sua decoração deve ser simples e que leve comportar alguns
elementos da natureza, como flores, plantas e água. O arejamento e a iluminação adequada são também
elementos importantes a serem considerados. A escolha do ambiente é de fundamental importância para o
sucesso das aulas de meditação!

67
Introdução à meditação

O conhecimento da meditação tem servido a diversos fins, notadamente no campo da saúde física e
mental. Sua prática tem sido difundida em clínicas, consultórios e hospitais, podendo ainda ser utilizada em
escolas, empresas e em ambientes desportivos.

Para a docência, pode-se afirmar: só a prática faz a proficiência. Só com a proficiência é possível ensinar!
Portanto, para ensinar, deve-se estudar e praticar! E pratique bastante, pois esse é o único caminho!

TESTE SEUS CONHECIMENTOS

Fonte: http://www.anglohispanico.com.br/imgs_site/teste.png

Responda as questões de múltipla escolha abaixo, pois elas servirão de base para você saber o quanto
conseguiu aprender.

Perceba que seus eventuais erros são como “faróis” a iluminar seu caminho de aprendiz. Veja-os com bons
olhos e corrija suas falhas, atendo-se e reestudando as partes que você ainda não aprendeu.

Este é apenas um teste curto de múltipla escolha, uma “pálida sombra”, portanto, de todo o conhecimento
aqui exposto.

O sistema mostrará a alternativa certa, a cada escolha efetuada.

1. Meditar é:

a – pensar discursivamente;

b – analisar friamente;

c – indagar, especular e entender;

d – aquietar, concentrar, integrar e intuir.

2. Refletir é:

a – o mesmo que meditar;

b – usar a razão para entender a realidade;

68
Introdução à meditação

c – pensar difusamente;

d – espelhar a realidade.

3. A meditação:

a – desenvolveu-se apenas no Oriente;

b – desenvolveu-se apenas no Ocidente;

c – desenvolveu-se em todas as partes do mundo e em diferentes épocas;

d – desenvolveu-se apenas no âmbito das religiões.

4. As pesquisas científicas:

a – não convalidam a meditação;

b – convalidam a meditação;

c – são inconclusivas a respeito da meditação;

d – provam que a meditação faz mal à saúde.

5. O professor, frente a um aluno com problemas:

a – não deve tentar ajudar, pois isto pode prejudicar o andamento das aulas, pela dependência que
acarreta;

b – deve ajudar sempre que for solicitado, mesmo que isto gere dependência emocional nos alunos;

c – na prática do aconselhamento psicológico, deve dar conselhos diretos e apresentar soluções prontas;

d – na prática do aconselhamento psicológico, não deve dar conselhos diretos e apresentar soluções
prontas.

6. Os recursos auxiliares são:

a – sempre importantes;

b – importantes ou não, de acordo com o instrutor;

c – nunca importantes;

d – importantes apenas para os iniciantes.

69
Introdução à meditação

7. A escolha do ambiente para as aulas de meditação é:

a – de fundamental importância para o sucesso das aulas;

b – de pouca importância para o sucesso das aulas;

c – de nenhuma importância para o sucesso das aulas;

d – importante ou não, de acordo com a situação.

8. As aplicações profissionais da meditação:

a – só se dão na área da saúde;

b – a área da saúde é a da menor importância;

c – não serve à área desportiva;

d – pode ser aplicada em empresas.

9. A prática constante da meditação leva:

a – ao aumento do bem-estar físico e mental;

b – à piora da qualidade de vida;

c – à menor capacitação docente;

d – à dependência do método utilizado.

10. Para ser um bom docente em meditação:

a – é preciso conhecer a fundo as religiões que desenvolveram os métodos meditativos;

b – ser um investigador científico do processo meditativo;

c – memorizar, com perfeição, as teorias e doutrinas da meditação;

d – estudar e praticar constantemente a meditação.

70
Introdução à meditação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo:  Martin Claret,  2009.

BANDLER, Richard; GRINDER, John.   Resignificando: programação neurolinguística e a transformação


do significado. São Paulo: Summus,1978.

BENJAMIN, Alfred. A entrevista de ajuda. Tradução Urias Corrêa Arantes. 11. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.

BENSON, Herbert; KLIPPER, Miriam Z. The relaxation response. New York: Harper Collins, 2000.

BENSON, Herbert; PROCTOR, William. Beyond the relaxation response. New York: Berkeley, 1985.

BLANCO, Gisela. Fuja das armadilhas da distração e aprenda a se concentrar. Superinteressante,


jul. 2012. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/fuja-armadilhas-distracao-aprenda-se-
concentrar-695351.shtml>. Acesso em 21 ago. 2014.

BULL, Wagner J. Aikidô: o caminho da sabedoria. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2003.

CARDOSO, Roberto. Medicina e meditação: um médico ensina a meditar. 3. ed. São Paulo: MG, 2011.

CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2007.

CHERNG, Wu Jyh C. O tao e o taoísmo. Sociedade Taoísta do Brasil, 11 dez. 2012. Disponível em:
<http://sociedadetaoista.com.br/blog/sociedade-taoista/jornal-tao-do-taoismo/o-tao-e-o-taoismo/>. Acesso
em 20 ago. 2014.

DESPEUX, Catherine. Tai-chi chuan: arte marcial - técnica da longa vida. São Paulo: Pensamento-Cultrix,
1981.

DOCENTE. In: Dicionário Etimológico - Origem das Palavras. 8 nov. 2007. Disponível em: <www.
dicionarioetimologico.com.br/docente/>. Acesso em 21 ago. 2014.

DURANT, Will. A história da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

ELIADE, Mircea. Yoga, imortalidade e liberdade. Tradução Teresa de Barros Velloso. 3. ed. São Paulo:
Palas Athena, 2004.

FREUD, Sigmund; STRACHEY, James; FREUD, Anna. Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006. 24 volumes.

GOLEMAN, Daniel. A arte da meditação: um guia para a meditação. Tradução Domingos DeMasi. Rio
de Janeiro: Sextante, 1999.

71
Introdução à meditação

HACKNEY, Harold; NYE, Sherily. Aconselhamento: estratégias e objetivos. São Paulo: EPU, 1977.

HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica.
Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2006.

JOHNSON, Willard. Do xamanismo à ciência: uma história da meditação. São Paulo: Cultrix, 1982.

KABAT-ZIN, Jon et al. The clinical use of mindfulness meditation for the self-regulation of chronic pain.
Journal of Behavioral Medicine, v. 8, n. 2, p. 163-90, 1985.

KOENIG, Harold. Handbook of religion and mental health. New York: Academic, 1998.

KRISHNARMURTI, Jidhu. Meditações. Tradução Maria Beatriz Branco e Joaquim Palma. Lisboa: Presença,
1999.

MAY, Rollo. A arte do aconselhamento psicológico. Tradução Waine Tobelen dos Santos. 18. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1963.

PERLS, Fritz. A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

SANTOS, Jair de Oliveira. Meditação: fundamentos científicos. Salvador: Faculdade Castro Alves, 2010.

SKINNER, Burrhus F.; HOLLAND, James G. A análise do comportamento. Tradução Rodolpho Azzi. São
Paulo: Edusp, 1996.

SCHEEFFER, Ruth. Aconselhamento psicológico: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1975.

TABONE, Márcia. A psicologia transpessoal: introduçäo à nova visäo da consciência em Psicologia e


Educação. São Paulo: Cultrix, 1988.

72

Você também pode gostar