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1) Após receber “denúncia de irregularidades” em contratos administrativos celebrados

pela Autarquia Federal A, que possui sede no Rio de Janeiro, o Ministério Público
Federal determina a abertura de inquérito civil e penal para apurar os fatos. Neste
âmbito, são colhidas provas robustas de superfaturamento e fraude nos quatro últimos
contratos celebrados por esta Autarquia Federal, sendo certo que estes fatos e grande
parte destas provas acabaram divulgados na imprensa. Assim é que o cidadão Pedro da
Silva, indignado, procura se inteirar mais sobre o acontecido, e acaba ficando ciente de
que estes contratos foram realizados nos últimos 2 (dois) anos com a multinacional M e
ainda estão em fase de execução. Mas não só. Pedro obtém, também, documentos que
comprovam, mais ainda, a fraude e a lesão, além de evidenciarem a participação do
presidente da Autarquia A, de um Ministro de Estado e do presidente da comissão de
licitação, bem como do diretor executivo da multinacional M. Diante deste quadro,
Pedro, eleitor regular e ativo do Município do Rio de Janeiro/RJ, indignado com o
descaso pela moralidade administrativa na gestão do dinheiro público, pretende mover
ação judicial em face dos envolvidos nos escândalos citados, objetivando desfazer os
atos ilegais, com a restituição à Administração dos gastos indevidos, bem como a
sustação imediata dos atos lesivos ao patrimônio público. Na condição de advogado (a)
contratado (a) por Pedro, considerando os dados acima, responda os itens adiante:

a) Qual a ação cabível? Fundamente.


b) Partindo da resposta dada acima, existe algum documento necessário para
demonstrar a legitimidade ativa do Autor?
c) Quem ocuparia o polo passivo da ação em questão?

a) Cabimento de uma Ação Popular ajuizada por Pedro, na medida em que visa à
defesa dos interesses do cidadão na proteção do patrimônio público, conforme o
disposto no Art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 (“qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise à anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio público.
b) O autor será Pedro, com a devida comprovação de sua condição de cidadão, o
que ocorre com a juntada da cópia de seu título de eleitor, nos termos do Art. 1º, § 3º, da
Lei nº 4.717/65 (“A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título
eleitoral, ou com documento que a ele corresponda”).
c) Todos os beneficiados pelo ato, quais sejam: a Autarquia Federal A (0,05) e seu
presidente (0,05), o presidente da comissão de licitação (0,05), a multinacional M (0,05)
e seu diretor executivo (0,05) e o Ministro de Estado (0,05), nos termos do artigo 6º
da Lei nº 4717/65

2) O crescimento da exploração de diamantes no território do Estado Alfa ampliou a


circulação de riquezas e fez com que a densidade demográfica aumentasse
consideravelmente, juntamente com os riscos ao meio ambiente. Esse estado de coisas
mobilizou a população local, o que levou um grupo de Deputados Estaduais a apresentar
proposta de emenda à Constituição Estadual disciplinando, detalhadamente, a forma de
exploração de diamantes no território em questão. A proposta incluía os requisitos
formais a serem cumpridos junto às autoridades estaduais e os limites quantitativos a
serem observados na extração, no armazenamento e no transporte de cargas. Após
regular aprovação na Assembleia Legislativa, a Emenda à Constituição Estadual nº
5/2018 foi sancionada pelo Governador do Estado, sendo isso imediatamente
comunicado às autoridades estaduais competentes para que exigissem o seu
cumprimento. Além disso, estranhamente, a emenda constitucional em questão apontou
que o governador local poderia elaborar decreto para aumentar qualquer punição
aplicada pelo poder judiciário. Preocupada com a situação no Estado Alfa e temendo o
risco de desemprego dos seus associados, isso em razão dos severos requisitos
estabelecidos para a exploração de diamantes a Associação Nacional dos Geólogos
pretende que seja elaborada petição inicial da medida judicial cabível, de modo que o
Tribunal Superior competente reconheça a incompatibilidade do referido ato normativo
com a Constituição da República Federativa do Brasil.
Tendo em vista o problema acima, aponte:
a) Qual a peça cabível no caso em questão? Fundamente
b) Há inconstitucionalidade formal no caso? Se sim, aponte uma
c) Há inconstitucionalidade material no caso? Se sim, aponte uma
a)A peça adequada é a Petição Inicial de Ação Direta de Inconstitucionalidade, pois
objetiva afastar ato normativo primário contrário a CF, conforme o Art. 102, inciso I,
alínea a, da CRFB/88, c/c. o Art. 1º da Lei nº 9.868/99.

b)
(i) A Emenda Constitucional nº 5/2018 violou a competência privativa da União para
legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e mineração, conforme dispõe o
Art. 22, inciso XII, da CRFB/88, o que denota a existência de vício de
inconstitucionalidade formal;
(ii) A Emenda Constitucional nº 5/2018 violou a competência privativa da União para
legislar sobre transporte, conforme dispõe o Art. 22, inciso XI, da CRFB/88, o que
denota a existência de vício de inconstitucionalidade formal;
(iii) Ao tratar de punições, adentra na competência da União em matéria penal,
conforme artigo 22, I da CF.
(iv) As normas sobre processo legislativo são de observância obrigatória pelos demais
entes federativos, por força da simetria, prevista no Art. 25, caput, da CRFB/88, não
havendo previsão, no Art. 60 da CRFB/88, de participação do Chefe do Poder
Executivo no fim do processo de reforma constitucional, caracterizando a existência de
vício de inconstitucionalidade formal.

c)
(i)Sim, fere a separação dos poderes (artigo 2º da CF), uma vez que o executivo estará
adentrando em esfera de competência do judiciário
(ii) Fere o ideário de meio ambiente ecologicamente equilibrado, a qual está prevista no
artigo 225 da CF.

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