Você está na página 1de 7

2022/2023

Escola da APEL
Disciplina: Português

As desigualdades
sociais na obra
Memorial do Convento
de José Saramago

Trabalhado elaborado por: Tomás Ornelas Nº9 12ºD


Introdução
A obra Memorial do Convento de
José Saramago é um romance
histórico que retrata o período da
Inquisição em Portugal e a construção
do Convento de Mafra. O livro aborda
temas como religião, poder, amor e
desigualdade social, sendo este
último um dos principais temas da
obra e o que vou-me debruçar sobre
na apresentação de hoje.
Os pobres
José Saramago apresenta-nos um retrato realista e crítico das condições de vida do povo pobre em
Portugal, onde a pobreza, a falta de oportunidades, a opressão e a fome eram elementos constantes na
luta diária pela sobrevivência, daqui são levados quarenta mil homens que são obrigados/forçados a ir
trabalhar na construção do convento de Mafra onde são submetidos a condições de trabalho desumanas e
tratados com extrema crueldade. O autor descreve as práticas opressivas e as injustiças sofridas por esses
trabalhadores ao longo do romance. Aqui estão alguns excertos que exemplificam o quotidiano do povo
português nesta altura e a forma como os eram tratados os trabalhadores da construção do convento:
"A vida para os pobres era uma sorte, ou seja, uma coisa quase impossível".
Esta afirmação ressoa ao longo da obra, pois o autor mostra que as oportunidades eram escassas e as
perspetivas de melhoria de vida quase inexistentes.
"As casas do povo eram de adobe, de palha e de erva, feitas a dois passos de vida".
Além da falta de recursos económicos, as moradias dos mais desfavorecidos eram precárias. Estas
habitações, frágeis e insuficientes, enfrentavam os rigores do clima e das intempéries, deixando os mais
pobres expostos a doenças e adversidades.
"Eram trabalhadores de quem não se esperava mais do que simples obediência, como se animais fossem"
(p. 84).
Esta passagem retrata a visão dos responsáveis pela construção, que consideram os trabalhadores
como seres inferiores, privando-os da sua humanidade e tratando-os como meros instrumentos de
trabalho.
"Eram chicoteados, os capatazes das pedreiras, quando algum deles atrasava o passo, e depois chegava
o seu turno, trocavam a surra, gritavam palavrões como se só os capatazes soubessem dizê-los" (p. 86).
Nesta citação, Saramago descreve a violência física e psicológica empregada pelos capatazes como uma
forma de controle sobre os trabalhadores. Os chicotes e os insultos demonstram a brutalidade e a falta
de consideração pelos direitos e pela dignidade dos operários.
"Havia homens que estavam ali havia tanto tempo que a pele já não era humana, era outra coisa" (p.
158).
Neste excerto o autor destaca as condições de trabalho exaustivas e prolongadas que levam os
trabalhadores a sofrerem danos físicos, transformando sua pele e sua aparência. Essa descrição reforça
a ideia de que eles são tratados como objetos descartáveis e explorados além de seus limites, ao ponto
de mudarem radicalmente o seu aspeto físico.
As citações anteriores exemplificam tanto o tratamento desumano e opressivo imposto aos operários
da construção do convento como as precárias condições em que o povo português vivia.
Os ricos
Por outro lado, temos o rei D. João V, a nobreza e a igreja católica que vivem no maior luxo que o dinheiro poderia
comprar e que cometem as maiores extravagâncias possíveis. Isso mesmo pode ser comprovado nos seguintes
excertos:
"Povo, só os padres o levavam nas orelhas e arrastavam por onde queriam, a rogo ou a força, e aqui estão as provas,
olhai bem para elas" (p. 34).
Esta citação enfatiza como a Igreja detinha um poder absoluto sobre o povo, manipulando-o e controlando-o de
acordo com seus interesses. Os padres são retratados como figuras que subjugam o povo, enquanto as provas
mencionadas sugerem o contraste entre a pobreza do povo e a riqueza da Igreja.
"O rei tem uma caixa que não tem fundo, nele cabe tudo, joias, dinheiro, terras, homens, mulheres" (p. 92).
Nesta passagem, Saramago descreve a imensa riqueza e ostentação do rei Dom João V. A caixa sem fundo simboliza a
infinita acumulação de riquezas vindas das colónias e poder, enquanto o povo é privado desses recursos e vive na
miséria.
"O altar é um poço de luz, é a riqueza do mundo que se oferece aos olhos do povo, porém não a que está no mundo,
que é a de todos, mas a que está fora dele, que é de poucos" (p. 313).
Nessa citação, o autor destaca a maneira como a Igreja ostenta a sua riqueza e exibe o seu luxo, proporcionando uma
visão deslumbrante aos olhos do povo. No entanto, Saramago ressalta a ironia de que essa riqueza pertence a poucos
privilegiados, enquanto a maioria sofre na pobreza.
Essas citações exemplificam a crítica de Saramago às extravagâncias e ao luxo do rei D. João V e da Igreja na obra. O
autor aponta a disparidade entre a opulência dessas instituições e a realidade de pobreza e exploração vivida pelo
povo, questionando a moralidade dessa desigualdade e a forma como o poder é exercido.
Opinião
Na minha opinião esta temática das desigualdades
sociais retratada por José Saramago no Memorial Do
Convento é um tema ainda bastante atual pois no
mundo atual continuamos a ver muita desigualdade
social que se vai agravando cada vez mais como
podemos ver por estes dados: Em 2021 os 10% mais
ricos da população global controlam 76% da riqueza
mundial. Em contraste, os 50% mais pobres possuem
apenas 2%. Os 40% médios, por sua vez, possuem 22%.
Por estes números podemos ver a grande disparidade
na distribuição da riqueza pela população, por um lado
podemos ter várias populações de países africanos que
morrem à fome por não ter nada que comer e por outro
lado temos sheiks de países árabes que já não sabem
em que coisas vão gastar os seus rios de dinheiro.
Conclusão
Pelas situações expostas por Saramago na obra e pelos dados do
mundo atual apresentados podemos ver que o problema da
desigualdade social já é bem antigo e qua a humanidade ainda tem um
longo percurso a percorrer para podermos ter um mundo com uma
distribuição de riqueza mais justa.

Você também pode gostar