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O Cortiço e a Atualidade

Por: Diego Vitali, Giovanna Nunes, Sara Rodrigues e Lincon Teixeira


O Cortiço é um Romance escrito pelo brasileiro Aluísio Azevedo e publicado em 1890. A
obra denúncia a exploração e as péssimas condições de vida dos moradores dos cortiços
cariocas, que não tinham saneamento básico e viviam na miséria. Porém, apesar de ser um
romance que trata problemas do século XIX, Muitos dos problemas que haviam naquela
época ainda permanecem até os dias de hoje e estão presentes nas vidas de diversas
pessoas, principalmente na vida daquelas que vivem em comunidades.
Aqui iremos tratar e comparar problemas de 2 séculos atrás que permanecem até os dias de
hoje.

Sara Rodrigues -

"(...) Estes furtos eram feitos com todas as cautelas e sempre coroados do melhor sucesso, graças à
circunstância de que nesse tempo a polícia não se mostrava muito por aquelas alturas. (...)"
Neste trecho podemos ver que alguns "pequenos" furtos eram cometidos sem nenhuma
interferência policial e que a polícia não servia de muita coisa, o que acontece muito
atualmente principalmente em comunidades sabemos que a justiça não funciona
corretamente e muitas vezes alguns crimes passam despercebidos ou impunes.

"(...) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de
machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que
escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se - lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que
elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se
preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. (...)"
Nesse outro trecho percebemos que naquela época havia falta de saneamento básico,
muitos não tinham água potável em suas residências e atualmente isso não é diferente,
muitas comunidades como a Rocinha sofre com a falta de saneamento básico e problemas
com esgoto.
Diego Vitali –

“(...) Ao lado direito da casinha da mulata, no número 8, a das Dores preparava-se também para
receber nesse dia o seu amigo e dispunha-se a fazer uma limpeza geral nas paredes, nos tetos, no
chão e nos móveis, antes de meter-se na cozinha. Descalça, com a saia levantada até ao joelho,
uma toalha na cabeça, os braços arregaçados, viam-na passar de carreira, de casa para a bica e da
bica outra vez para casa, carregando pesados baldes cheios de água. (...)”

Assim como o anterior, mais um trecho que trata sobre os problemas de saneamento
básico. O trecho mostra a senhora das Dores tendo que fazer um longo trajeto diversas
vezes enquanto carregava pesados baldes de água para conseguir usar em casa. Está é a
realidade de milhares de pessoas, que mesmo atualmente, ainda não tem água encanada,
tendo que fazer até caminhos bem mais longos para isso. O livro pode ter sido publicado em
1890, mas já havia saneamento básico em 1861, mostrando que em 29 anos, os locais mais
pobres eram os últimos a receberem qualquer tratamento. E mesmo em 2 séculos, o
problema permanece, com não só uma, mais diversas comunidades que passam pela
mesma situação.

“(...) À noite, quando se estirou na cama, ao lado da Bertoleza, para dormir, não pôde conciliar o
sono. Por toda a miséria daquele quarto sórdido; pelas paredes imundas, pelo chão enlameado de
poeira e sebo, nos tetos funebremente velados pelas teias de aranha, estrelavam pontos luminosos
que se iam transformando em grã-cruzes, em hábitos e veneras de toda a ordem e espécie. (...)”

Aqui fica claro toda a miséria das moradias do Cortiço, com cômodos imundos com um
ambiente insalubre. E apesar de ser uma descrição do século XIX, ela se encaixa muito bem
para descrever a situação que muitos brasileiros passam no dia a dia.

Giovanna Nunes –

“(...) Os papagaios pareciam também mais alegres com o domingo e lançavam das gaiolas frases
inteiras, entre gargalhadas e assobios. À porta de diversos cômodos, trabalhadores descansavam,
de calça limpa e camisa de meia lavada, assentados em cadeira, lendo e soletrando jornais ou
livros; um declamava em voz alta versos de “Os Lusíadas”, com um empenho feroz, que o punha
rouco. Transparecia neles o prazer da roupa mudada depois de uma semana no corpo. (...)”
Ainda em 2020 notícias relatam casos de seca na Bahia, além disso há notícias que nos
mostram que o atraso no saneamento prejudica saúde. No final do século XIX,
principalmente em um lugar como o cortiço, era banal que o ambiente fosse insalubre. O
que quero ressaltar é que nos encontramos no século XXI onde temos tecnologia e dinheiro
o suficiente para suprir caprichos da elite, mas nosso governo não tem verba para sanar
necessidades básicas das minorias.
Conclusão
É possível ver através desses e de diversos outros trechos presentes no livro as diversas
semelhanças entre a comunidade do Cortiço do século XIX e as comunidades atuais. Se
passaram 2 séculos, mas parece que quase não houve mudanças. As populações
continuam sofrendo com os mesmos problemas de infraestrutura. Mesmo em cerca de 130
anos de diferença, as mudanças foram mínimas. Problemas que já poderiam ter sido
resolvidos ainda permanecem, a miséria e a pobreza ainda permanecem. Chega a ser
decepcionante a situação do nosso país. Mesmo com toda a capacidade para crescer, o
Brasil continua sendo um país de 3º Mundo com desigualdades e problemas econômicos
que nunca mudam.

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