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Memorial do Convento,
de José Saramago
José Saramago
Em consequência da atribuição do Prémio Nobel a minha atividade pública viu-se
incrementada. […]. Participei em ações reivindicativas da dignificação dos seres
humanos e do cumprimento da Declaração dos Direitos Humanos pela consecução
de uma sociedade mais justa, onde a pessoa seja prioridade absoluta […].
No ano de 2007 decidiu criar-se em Lisboa uma Fundação com o meu nome, a
qual assume, entre os seus objetivos principais, a defesa e a divulgação da literatura
contemporânea, a defesa e a exigência de cumprimento da Carta dos Direitos
Humanos, além da atenção que devemos, como cidadãos responsáveis, ao cuidado
do meio ambiente.
José Saramago, in https://www.josesaramago.org/
(texto com supressões, consultado a 28 de novembro de 2022)
Memorial do Convento
Ressalta em Memorial do Convento a evocação histórica de
dois macroespaços determinantes no desenrolar da ação: Mafra
e Lisboa. No primeiro, observa-se, com pormenor (estudado
embora ficcionado), a construção do convento que inspirou o
título, à volta da qual gravitam as personagens principais
embora nunca ali tenham assento definitivo. As mesmas
personagens surgirão, por mais de uma vez, em Lisboa […].
A história de amor entre Baltasar e Blimunda, casal transgressor dos códigos sociais
da época, símbolo da cumplicidade e do amor verdadeiro.
Soldado na Guerra de Sucessão de Espanha, onde perdeu a Elemento ativo na relação com Baltasar e na construção
mão esquerda. da passarola, tendo em conta o papel da mulher na época.
Executor do projeto da passarola, primeiro, e, depois, Possui o poder de ver por dentro, estando em jejum e
trabalhador nas obras do Convento de Mafra. quando não muda o ciclo lunar.
Condenado pela Inquisição, morre queimado numa fogueira. Procura incessantemente Baltasar durante nove anos,
encontrando-o a morrer queimado numa fogueira da
Homem simples, destemido, leal. Inquisição.
Exaltação do povo anónimo, os verdadeiros construtores, O poder absolutista, opressor e arbitrário por parte da
que homenageia num “memorial de A a Z”, resgatando-os realeza e da Igreja;
do esquecimento e elevando-os a um estatuto de heróis;
Os casamentos por conveniência, como o casal real;
Ridicularização da prepotência do poder real, da
megalomania do rei, que escraviza milhares de portugueses A condição da mulher, como a da rainha, condenada ao
na construção do convento e solidariedade para com os triste papel de devota parideira e à indiferença e frieza do
trabalhadores oprimidos; rei.
Crítica ao materialismo e à hipocrisia da Igreja, à falsa justiça O fanatismo religioso presente nos autos de fé.
das fogueiras da Inquisição.
A vida conventual hipócrita, falsa e imoral.
Memorial do Convento
Dimensão simbólica
A construção do convento, símbolo da megalomania real, e da passarola, símbolo
de superação do ser humano, representam o contraste entre o poder opressivo e o
poder do sonho.