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Ficha 8 – Rimas, de Luís de Camões (10.º ano)

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Lê o texto com atenção. Se necessário, consulta as notas.

Ah, Fortuna cruel! Ah, duros Fados!


Quão asinha1 em meu dano vos mudastes!
Passou o tempo que me descansastes;
agora descansais com meus cuidados.

5 Deixastes-me sentir os bens passados,


para mór2 dor da dor que me ordenastes;
então nũa hora juntos mos levastes,
deixando em seu lugar males dobrados.

Ah! quanto milhor fora não vos ver,


10 gostos, que assi passais tão de corrida
que fico duvidoso se vos vi.

Sem vós já me não fica que perder,


senão se for esta cansada vida,
que, por mór perda minha, não perdi.

Luís de Camões, Lírica Completa II,


Maia, INCM, 1994, p. 235

Notas
1
asinha – depressa.
2
mór – maior.

1. Seleciona a opção adequada para completares a afirmação seguinte.

Este poema inscreve-se na temática . Já do ponto de vista formal, pertence à .

(A) do desconcerto do mundo … medida velha

(B) da reflexão sobre o Amor e da experiência amorosa … medida tradicional


MPAG

(C) da reflexão sobre a vida pessoal … medida nova

(D) da representação da Natureza … medida nova

2. Explicita o sentimento que o sujeito poético manifesta nos dois versos iniciais.
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3. Interpreta o sentido dos vocábulos “descansastes” (verso 3) e “descansais” (verso 4).

4. Refere a acusação que o sujeito poético apresenta nos versos 5 e 6.

4.1. Clarifica em que consistem os “males dobrados” (verso 8).

5. Identifica o apóstrofe presente no primeiro terceto.

5.1. Explica o desejo que o sujeito poético manifesta.


MPAG12DP

6. Indica a importância da última estrofe enquanto conclusão do poema.


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Soluções

10.º ano

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Ficha 8 – Rimas, de Luís de Camões


1. (C)

2. Nos dois versos iniciais, o sujeito poético manifesta a sua tristeza perante um presente marcado por infortúnios, pela mágoa,
considerando que a sua “Fortuna”, o seu Destino, rapidamente o encaminhou para a infelicidade (“dano”).

3. Nos versos 3 e 4, dececionado pelo seu presente, o sujeito lírico dirige-se à “Fortuna”, pois, no passado, proporcionou-lhe
momentos calmos (“descansastes”), contudo, no presente, mantém-se indiferente (“descansais”) perante o desalento dele, estando
votado a essa condição de vida “cruel”.

4. O sujeito poético, nos versos 5 e 6, acusa a “Fortuna” de lhe ter permitido viver, recordando os “ bens passados”, o que agravou a
“dor” que ele já vive, no presente.

4.1. Ter recordado o passado apenas foi doloroso para o sujeito poético, que já vivia em sofrimento. Logo, estes dois “ males”, que
lhe foram trazidos pela “Fortuna” numa “hora”, de forma repentina, apenas “dobraram” a sua deceção presente.

5. No primeiro terceto, o “eu” invoca os “gostos” (v. 10).

5.1. O sujeito poético deseja nunca ter conhecido, no passado, os “gostos”, nunca ter sido feliz, porque, como passaram tão rápido e
atendendo aos “males” presentes, duvida que alguma vez os tenha realmente vivido.

6. Sem uma vida marcada por “gostos”, pela felicidade, e se a sua “cansada vida” não desaparecer, o sujeito poético considera que
nada terá perdido, porque, na verdade, nada tem, exceto a infelicidade. Como tal, este terceto apenas sublinha o tom dececionante
que domina o poema: termina como começa, a lamentar a “Fortuna cruel” (v. 1).

MPAG

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