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FICHA DE TRABALHO

Os Maias
Português, 11.º ano
junho de 2020

Linguagem e estilo de Eça de Queirós

I. O adjetivo
Recurso à adjetivação sugestiva, ao serviço da ironia, dupla, tripla, superlativada.
Exs.:
«… Depois, entre uma fumaça lânguida…» (Os Maias)
«… respondeu secamente a inteligente Silveira.» (Os Maias)
«Era estúpida, era triste.» (A Cidade e as Serras)
«Seu avô, aquele gordíssimo e riquíssimo Jacinto…» (A Cidade e as Serras)

II. O advérbio de modo


Utilização do advérbio de modo para exprimir estados de espírito subjetivos, associados entre si em
gradação.
Exs.:
«…remexia desoladamente o seu café;» (Os Maias)
«O meu amigo encolheu molemente os ombros.» (A Cidade e as Serras)
«Agora, porém, era sem fervor, arrastadamente, que ele me levava ao Bosque…» (A Cidade e as
Serras)

III. O verbo
Uso do verbo com valor hiperbólico, com valor caricatural, no gerúndio, derivado de adjetivo de cor, com
valor zoomórfico (usado, por norma, em relação a animais).
Exs.:
«…mamava majestosamente um imenso charuto.» (A Cidade e as Serras)
«…sorvendo num silêncio devoto as obscenidades que Gilberte lhes gania…» (A Cidade e as Serras)
«…o maestro, rubro, grunhia apenas um sim avaro.» (Os Maias)

IV. O diminutivo
Uso do diminutivo ao serviço da ironia e como elemento caracterizador das personagens.
Exs.:
«…o Cintinho, menino amarelinho, molezinho…» (A Cidade e as Serras)
«- … o morgadinho, o Eusebiozinho, (…) com o craniozinho calvo de sábio (…) de perninhas bambas,
(…) com a linguazinha de fora.» (Os Maias)

V. O neologismo
Recurso ao neologismo construindo novas palavras através do acrescento de certos prefixos e sufixos
obtendo um efeito de contraste, pela associação mental com palavras de significação muito diversa às
que correntemente esses prefixos se ligam.
Exs.:
«…nessa noite, cervejando com os rapazes, ainda lhe chamou camélia melada;» (Os Maias)
«…Ega não veio buscar Carlos para se irem «gouvarinhar».» (Os Maias)

VI. Recursos estilísticos

Hipálage «…puxou-lhe uma fumaça furiosa…»


«…um pensativo cigarro…»
«…A maior parte tinha vestidos sérios de missa…»
«monte facundo de jornais»
Ironia «Dâmaso (…) disse com ar de bom senso e de finura:
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- Se as coisas chegassem a esse ponto, se se pusessem assim feias, eu cá, à cautela,


ia-me raspando para Paris…»
Sinestesia «…misturado ao perfume adocicado das flores do campo (…) numa luz fresca e
loira.»
Gradação «…coitado, coitadinho, coitadíssimo!»
Enumeração «Uma gente feíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...»

VII. Discurso indireto livre


Recurso ao discurso indireto livre, modalidade que permite ao narrador filtrar a voz das personagens e
que aproxima a expressão literária de Eça dos processos da língua falada. É mais uma forma de
caracterização das personagens, apresentando uma função, muitas vezes, caricatural.

Ex.: «E como Vilaça inclinava timidamente a cabeça, com a sua pitada nos dedos, a esperta senhora,
baixo para que Afonso dentro não ouvisse, desabafou. O Sr. Vilaça naturalmente não sabia, mas aquela
educação do Carlinhos nunca fora aprovada pelos amigos da casa. Já a presença do Brown, um
herético, um protestante, como preceptor na família dos Maias, causara desgosto em Resende.
Sobretudo quando o Sr. Afonso tinha aquele santo do abade Custódio, tão estimado, homem de tanto
saber… Não ensinaria à criança habilidades de acrobata; mas havia de lhe dar uma educação de
fidalgo, prepará-lo para fazer boa figura em Coimbra.»

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