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Apêndices

Esmerindo Bernardes1, ∗
1
L.I.A. – Laboratório de Instrumentação Algébrica
Instituto de Fı́sica de São Carlos
Universidade de São Paulo
13560-970 São Carlos, SP, Brazil
(Dated: 21 de Outubro de 2015)

CONTENTS O vetor posição ~r tem dimensão de comprimento (L). Então


escrevemos matematicamente esta informação como
I. Análise Dimensonal 1
[~r] = L. (1)
II. Sistemas de Coordenadas 2 O vetor velocidade tem dimensões de comprimento por
II.1. Coordenadas polares 2 tempo, então
II.1.1. Volumes elementares 3
II.1.2. Gradiente, divergente e rotacional 4
 d~r  L
[~v] = = = LT−1 . (2)
II.1.3. Cinemática 6 dt T
II.2. Coordenadas cilı́ndricas 6 O vetor aceleração tem dimensões de comprimento por tempo
II.2.1. Volumes elementares 6 ao quadrado, então
II.2.2. Gradiente, divergente e rotacional 7
 d2~r  L
II.2.3. Cinemática 7
[~a] = = = LT−2 . (3)
II.3. Coordenadas esféricas 7 dt2 T2
II.3.1. Volumes elementares 8
As dimensões do momentum linear são
II.3.2. Gradiente, divergente e rotacional 8
II.3.3. Cinemática 9   ML
[~p] = m~v = = MLT−1 . (4)
T
III. Série de Taylor 9
Seguindo estes exemplos, a análise dimensional do vetor força
na segunda lei de Newton (massa constante) nos fornece

I. ANÁLISE DIMENSONAL ~ = m~a = ML = MLT−2 (Newton).


[F] (5)
T2
Unidades de medida são importantes e indispensáveis em Newton é a unidade de força no sistema MKS.
Mecânica. De forma geral, procuraremos expressar todas as Duas forças importantes em mecânica são: a lei de Hooke,
nossas quantidades mecânicas em unidades derivadas de qua-
tro grandezas fundamentais: comprimento (L), tempo (T), F~d = −k~r, (6)
massa (M) e carga elétrica (Q). Em processos de medidas, es-
tas grandezas são conhecidas também por dimensões. Em ge- a qual descreve o comportamento de um corpo elástico (de
ral, falaremos da “análise dimensional” de uma determinada constante caracterı́stica k) com uma deformação do tamanho
quantidade mecânica. Vários sistemas de medidas foram cri- do comprimento do vetor posição ~r, e lei de Newton para a
ados para expressar a intensidade de cada uma destas qua- gravitação,
tro dimenões fundamentais. Usaremos com mais frequência
Mm
o sistema internacional MKS, onde comprimento é medido F~g = −G 2 r̂, (7)
em metros (m), tempo em segundos (s), massa em kilogramas r
(kg) e carga elétrica em Coulombs (C). a qual descreve a interação entre dois corpos de massas M e
Existe um procedimento padrão para analisarmos as di- m, separadas pela distância r. Usando análise dimensional,
mensões de uma determinada quantidade de interesse: uma encontramos as dimensões da constante de mola k,
equação com o lado esquerdo expressando a quantidade B a
ser analisada, via a notação [B], e um lado direito contendo [k] = MT−2 , (8)
apenas as operações de multiplicação e potenciação envol-
vendo as dimensões L, T, M e Q. Vejamos alguns exemplos. e da constante universal da gravitação G,

[G] = M−1 L3 T−2 . (9)

O valor desta constante no sistema MKS é G = 6.67384 ×


∗ sousa@ifsc.usp.br 10−11 m2 /kg s2 .
2

Quais são as dimensões da constante Ce aparecendo na ex- II. SISTEMAS DE COORDENADAS


pressão para a força elétrica (lei de Coulomb)
II.1. Coordenadas polares
Qq
F~e = Ce 2 r̂ (10)
r
entre duas cargas elétricas Q e q separadas pela distância r?
Seguindo o modelo anterior, temos êθ êr
[Ce ] = NL2 Q−2 = ML3 T−2 Q−2 . (11)

Por completeza, devemos mencionar que cargas magnéticas


y P
nunca foram observadas. No entanto quando dois fios con-
duzindo correntes elétricas I1 e I2 estão a uma distância ρ,
podemos medir uma força por unidade de comprimento entre
eles,
r
I1 I2
f~m = 2Cm ρ̂. (12)
ρ
êy θ
Esta força é conhecida como lei de Biot-Savat. Usando a
definição de corrente, carga por tempo, temos
 dQ  O êx x
[I] = = QT−1 . (13)
dt Figura 1. O sistema de coordenadas polares (r, θ), r ≥ 0 e 0 ≤ θ ≤ 2π,
relativo ao sistema cartesiano (x, y). Em cada sistema de coordena-
Assim, as dimensões da constante Cm são das, os versores são mutuamente ortogonais. As direções dos verso-
res êr e êθ são denominadas de “radial” e “tangencial”, respectiva-
[Cm ] = NT2 Q−2 = MLQ−2 . (14) mente.

Podemos notar também então que a razão Ce /Cm tem a mesma A Figura 1 mostra o sistema de coordenadas polares (r, θ),
dimensão de velocidade ao quadrado. De fato, Maxwell mos- r ≥ 0 e 0 ≤ θ ≤ 2π, relativo ao sistema cartesiano (x, y). Am-
trou que no vácuo, a velocidade da luz (onda eletromagnética) bos são sistemas de coordenadas ortonormais. Assim como os
é versores (ê x , êy ) são ortogonais no sistema cartesiano, os ver-
r sores (êr , êθ ) no sistema polar também são ortogonais. Note
Ce que o versor êθ é tangente à circunferência de raio r centrada
c= . (15)
Cm na origem. Por isso se diz que este versor está sobre a direção
tangencial (ou tangente). O versor êr está sobre a direção ra-
Os valores destas constantes (no vácuo) são: Ce = dial. Da geometria mostrada na Figura 1, o vetor posição que
8.987551788 × 109 N·m2 /C2 e Cm = 10−7 N·s2 /C2 . Portanto, localiza o ponto P é
medindo as constantes Ce e Cm podemos calcular a velocidade
da luz. Este resultado está entre os mais surpreendentes acerca ~r = x ê x + y êy = r(cos θ ê x + sen θ êy ), (18)
da nossa natureza. As surpresas não param aqui, há ainda um
fato ainda mais marcante sobre o comportamento da luz: ela é o que nos possibilita expressar o versor radial êr em termos
um limite superior para a velocidade de qualquer quantidade dos versores cartesianos,
em movimento. No presente tempo, conseguimos dar uma ve-
~r
locidade próxima à da luz (98%) apenas para partı́culas sub- êr = = cos θ ê x + sen θ êy , (19)
atômicas como o elétron. r
A força de Lorentz, onde r = ||~r|| é o módulo do vetor posição. Note que este
versor radial varia somente quando o ponto P movimenta-se
F~ = q ~v × B,
~ (16) na direção tangencial,

produzida por uma carga q em movimento com uma velo- dêr


= − sen θ ê x + cos θ êy = êθ . (20)
cidade ~v em um campo magnético B, ~ é responsável por tra- dθ
jetórias helicoidais. As dimensões do campo magnético B~ são A última igualdade em (20) é possı́vel porque (i) a taxa de
variação de um vetor de módulo constante é perpendicular a
~ 
 ||F||
este vetor (verifique), (ii) a taxa de variação do versor radial
~ =
[ B] = MQ−1 T−1 (Tesla). (17)
q||~v|| com relação à coordenada angular θ mostrada na Figura 1 (θ
3

crescendo no sentido anti-horário) está ao longo da direção caminhamos (aproximadamente) r dθ na direção tangente, a
tangente e no mesmo sentido do versor tangente êθ e (iii) o outra direção independente. Caminhando sempre nas direções
módulo da taxa de variação é unitário, igual ao módulo do ver- independentes alternadamente, retornarmos ao ponto de par-
sor tangente. Note que o versor tangente também não muda tida. Desta forma, o elemento de área interno a este circuito
quando caminhamos apenas na direção radial. Consequente- está orientado no semtido da “mão-direita”, ou seja, podemos
mente, imaginar um versor perpendicular a ela e sainda do plano da
figura. Então, este elemento de área pode ser calculado via
dêθ
= −(cos θ ê x + sen θ êy ) = −êr . (21) geometria plano (produto dos lados),

dA = r dr dθ, (27)
II.1.1. Volumes elementares o qual pode ser reescrito em termos dos fatores de escala (23)

Ainda considerando o vetor posição em coordenadaes pola- dA = r dr dθ = hr dr hθ dθ. (28)


res, ~r = rêr , suas derivadas parciais podem ser escritas como
(verifique) Isto é novamente um padrão (observe esta expressão atenta-
mente e descreva verbalmente este padrão).
∂~r ∂~r
= hr êr , = hθ êθ , (22)
∂r ∂θ
onde
(r + dr)dθ ≈ r dθ
∂~r ∂~r
hr = = 1, hθ = = r, (23)
∂r ∂θ

são conhecidos como fatores de escala, os quais são muito r + dr


úteis para reescrevermos elementos de volume e o operador r dθ
gradiente em outros sistemas de coordenadas ortonormais.
Vejamos como isto acontece. Inicialmente vamos calcular a
dθ r
diferencial do vetor posição em coordenadas polares (verifi-
que),
θ
∂~r ∂~r O
d~r = dr+ dθ = hr dr êr +hθ dθ êθ = dr êr +r dθ êθ , (24)
∂r ∂θ Figura 2. Uma área elementar orientada no sistema de coordenadas
cujo comprimento é (verifique) polares, localizada no ponto (r, θ).

dl2 = d~r · d~r = h2r dr2 + h2θ dθ2 = dr2 + r2 dθ2 , (25) Note que a segunda igualdade em (28) evita o uso do tal
Jacobiano. Mas antes de apresentar o Jacobiano, vamos re-
o qual representa um comprimento infinitesimal sobre uma
calcular o mesmo elemento de área (27) de outra forma.1 Da
determinada trajetória. A segunda igualdade em (24) e em
Geometria Plana, podemos escrever as coordenadas cartesia-
(25) é um padrão (observe esta expressão atentamente e des-
nas do vetor posição ~r = x ê x +y êy em termos das coordenadas
creva verbalmente este padrão). Verifique que, no caso de uma
polares,
circunferência de raio r = R (constante) o comprimento da
mesma (perı́metro) é x = r cos θ, y = r sen θ, (29)
I Z 2π
C= dl = R dθ = 2πR. (26) cujas diferenciais são (verifique)
0
dx = cos θ dr − r sen θ dθ, dy = sen θ dr + r cos θ dθ. (30)
Do cômputo de comprimentos devemos passar para o
cálculo de áreas (volumes em duas dimensões). A Figura 2 Assim, repetindo o mesmo procedimento mostrado na Fi-
mostra como uma área elementar de forma (quasi-)retangular gura 2, mas desta vez para o sistema cartesiano de coorde-
em coordenadas polares. Este elemento de área mostrado na nadas, a área infinitesimal é
Figura 2 está exageradamente ampliado, por isso a aparente
forma não-retangular, porém as diferenças nos comprimen- dA = dx dy. (31)
tos dos dois arcos envolvem o produto de duas diferenciais,
o qual é infinitamente menor que qualquer termo contendo
uma única diferencial. Note que esta é uma área infinitesimal-
mente pequena localizada pelo ponto (r, θ) e que, a partir deste 1 Richard Feynman, fı́sico nobelista em 1865, que adorava visitar o Brasil,
ponto, caminhamos dr no sentido positivo da direção radial principalmente o Rio de Janeiro (1951–1952), costumava dizer que deve-
até o ponto (r + dr, θ), infinitesimalmente próximo. Depois mos saber calcular um determinado resultado por meios diferentes.
4

Aqui temos um probleminha: simplesmente substituindo as para o elemento de volume em coordenadas cartesianas para
diferenciais dx e dy por suas expressões em coordenadas po- o caso tridimensional.2 Uma vez que os fatores de escala
lares, não re-obteremos a área elementar calculada (correta- são calculados, é muito fácil calcular os volumes elementa-
mente) em (28) via geometria plana (verifique). A única saı́da res. Para o presente caso, espaço euclidiano bidimensional,
é adimitir que diferenciais usam um produto especial, deno- eles são
minado de “cunha” (∧). Então, o elemento de área pode ser
recalculado pelo procedimento (verifique) h x = 1, hy = 1, hr = 1 e hθ = r. (40)
Note que os fatores de escala podem ser vistos (geometrica-
dA = dx ∧ dy = r dθ ∧ dr, (32) mente) como a razão entre o deslocamento infinitesimal numa
onde o produto ∧ entre as diferenciais é antisimétrico, dada direção pela diferencial da coordenada naquela mesma
direção. Por exemplo, na Figura 2, podemos ver que o deslo-
dx ∧ dy = −dy ∧ dx. (33) camento infinitesimal na direção tangente é r dθ e a diferencial
da coordenada θ é dθ. Assim, hθ = r dθ/dθ = r.
Note que este produto especial entre diferenciais, denominado
de “cunha”, tem as mesmas propriedades do produto vetorial
e do determinante (em relação à troca entre duas linhas ou II.1.2. Gradiente, divergente e rotacional
entre duas colunas) e que, por isso, ele é nulo entre diferenci-
ais idênticas, dx ∧ dx = 0. Note também que o elemento de Outra praticidade proporcionada pelos fatores de escala é
área dado pela Eq. (32) é orientado, no mesmo sentido mos- no cálculo dos operadores gradiente, divergente e rotacional
trado na Figura 2, pois o sinal muda se trocarmos as diferen- em dterminado sistema de coordenadas ortonormal. Consi-
ciais de lugar. Nos cursos elementares de Cálculo, usa-se o dere uma função escalar da posição, f = f (x, y). Como esta
Jacobiano (isto também é um padrão; observe esta expressão função é em geral uma regra para “pregarmos” números (es-
atentamente e descreva verbalmente este padrão) calares) numa determinada posição do espaço, desta forma
uma função escalar é um exemplo de um “campo” escalar.
∂x ∂x Do teorema de Taylor, aprendemos que os deslocamentos in-
∂r ∂θ
J(r, θ) = ∂y ∂y
= r, (34) finitesimais dx e dy nas variáveis independentes cartesianas
∂r ∂θ produzem um deslocamento infinitesimal d f na variável de-
no lugar do produto especial (33), pendente,
∂f ∂f 1 ∂f 1 ∂f
dA = dx dy = J(r, θ) dθ dr = r dr dθ. (35) df = dx + dy = h x dx + hy dy, (41)
∂x ∂y h x ∂x hy ∂y
É aqui que aparece o tal Jacobiano. Note que este resultado é no qual introduzimos os fatores de escala por pura con-
idêntico àquele obtido acima via geometria plana, como pode veniência (de formar um padrão). Este resultado pode ser re-
ser visto na Eq. (27), uma consequência da Figura 2. De qual- escrito na forma vetorial
quer forma, verifique explicitamente que estes três procedi-
mentos (geométrico, formas diferenciais e o Jacobiano) for- ~ f · d~r,
df = ∇ (42)
necem os mesmos resultados. Matemática é bonita. Que tal via o produto escalar, onde usamos o deslocamento infinite-
calcular a área do interior de uma circunferência de raio R? simal d~r do vetor posição e introduzimos o operador “gradi-
Procedimento usual (verifique), ente” como o vetor3
~ = ê x ∂ + y ∂ = ê x ∂ + êy ∂ .
I Z R Z 2π ê
A= dA = rdr dθ = πR2 . (36) ∇ (43)
0 0 h x ∂x hy ∂y ∂x ∂y

O comprimento dl em (25) e a área dA em (28) são os Isto é outro padrão (observe esta expressão atentamente e des-
únicos “volumes” elementares que podemos calcular num creva verbalmente este padrão). Adivinhe qual será a ex-
espaço bidimensional. Note que todos estes volumes podem pressão do gradiente em coordenadas polares. Para provar que
ser escritos em termos dos fatores de escala definidos em (23). você está correto, imagine o mesmo campo escalar f em ter-
Apenas por comodidade, vamos repetir aqui estes elementos mos das coordenadas polares, f = f (r, θ). Então,
de volume, incluindo o deslocamento infinitesimal, expressos
∂f ∂f 1 ∂f 1 ∂f
em termos dos fatores de escala para os dois sistemas de co- df = dr + dθ = hr dr + hθ dθ
ordenadas ortonormais que estamos usando, ∂r ∂θ hr ∂r hθ ∂θ
=∇~ f · d~r, (44)
d~r = h x dx ê x + hy dy êy = hr dr êr + hθ dθ êθ , (37)
dl =
2
h2x dx +
2
h2y dy =
2
h2r dr +
2
h2θ dθ ,
2
(38)
dA = h x hy dxdy = hr hθ dr dθ. (39) 2 Isto mesmo, dV = h x hy hz dxdydz em coordenadas cartesianas.
3 O sı́mbolo que representa o gradiente, um triângulo invertido, é conhecido
Isto facilita enxergarmos os padrões mencionados anterior- por “nabla”, uma palavra grega para representar um instrumento musical
mente. Aposto que você consegue “adivinhar” a expressão com esta mesma forma.
5

onde o gradiente numa forma mais adequada para descobrirmos como o diver-
gente pode ser calculado num determinado sistema de coor-
~ = êr ∂ + êθ ∂ = êr ∂ + êθ ∂
∇ (45) denadas ortonormal (forma padrão). Para isto, note que os
hr ∂r hθ ∂θ ∂r r ∂θ dois primeiros termos na última igualdade deste divergente
provêm de uma única derivada, ∂r (rFr ), dividida por r (verifi-
agora está em coordenadas polares, como você “adivinhou” que). Aqui estamos usando ∂r para denotar a derivada parcial
corretamente. É para isto que serve padrões; e é por isso com relação a r. Portanto, o divergente em coordenadas pola-
que sempre buscamos por eles. Eles nos polpam de muitos res pode ser reescrito como (verifique)
cálculos, mas devem ser usados com muito cuidado. Aqui nos
estamos usando sempre sistemas de coordenadas ortonormais.
∂Fr Fr 1 ∂Fθ 1 ∂(rFr ) ∂Fθ
" #
As Eqs. (43) e (45) indicam que sabemos calcular o opera- ~ ~
∇·F = + + = +
dor gradiente em um sistema de coordenadas ortonormal qual- ∂r r r ∂θ r ∂r ∂θ
1 ∂(hθ Fr ) ∂(hr Fθ )
" #
quer. No entanto ainda precisamos conhecer seu significado
= + . (51)
geométrico (ou fı́sico). Para isto basta reescrever a definição hr hθ ∂r ∂θ
(42) do operador gradiente atuando num campo escalar qual-
quer numa forma onde o produto escalar no lado direito possa Esta última igualdade é um padrão (observe esta expressão
ser efetuado conhecendo o ângulo α entre os vetores ∇ ~ f e d~r, atentamente e descreva verbalmente este padrão). Isto signi-
fica que o divergente de um campo vetorial em coordenadas
~ f · d~r = |∇
df = ∇ ~ f | dr cos α. (46) cartesianas, por exemplo, é

Podemos ver que α = 0 maximiza o valor de d f . Acontece 1 ∂(hy F x ) ∂(h x Fy ) ∂F x ∂Fy


" #
~ · F~ =
∇ + = + . (52)
que d f mede a variação do campo escalar f na direção do h x hy ∂x ∂y ∂x ∂y
deslocamento infinitesimal d~r. Isto significa que a variação
do campo escalar f é máxima na direção do gradiente ∇ ~ f. Aproveite o embalo para escrever a expressão do divergente
Portanto o gradiente ∇ ~ f é um campo vetorial que sempre em coordenadas cartesianas para o caso tridimensional.
aponta para a direção de maior crescimento do campo esca- Outra ação do vetor gradiente num campo vetorial é via o
lar f . Este é o significado geométrico do gradiente e é muito produto vetorial (base ortonormal),
útil na determinação de máximos e mı́nimos em superfı́cies.
~ × F~ = êr ∂ + êθ ∂ × Fr (r, θ) êr + Fθ (r, θ) êθ
! 
Como o operador gradiente é um vetor que atua em cam-


pos escalares, então há pelos menos duas situações em que ∂r r ∂θ
podemos empregá-lo quando dispomos de uma campo veto- ∂Fθ Fθ 1 ∂Fr
!
1 ∂(rFθ ) ∂Fr
" #
rial: via um produto escalar ou via um produto vetorial. Um = + − êz = − êz , (53)
campo vetorial é um vetor onde cada componente é um campo ∂r r r ∂θ r ∂r ∂θ
escalar. É mais instrutivo iniciarmos com um campo vetorial onde fizemos êz = êr × êθ (verifique, tudo). Esta forma de atuar
em coordenadas polares, com o gradiente num campo vetorial é denominada de “rotaci-
onal” (devemos estudar seu significado geométrico posterior-
F~ = Fr (r, θ) êr + Fθ (r, θ) êθ . (47) mente). Procedendo como no caso anterior, podemos reescre-
ver este rotacional em termos dos fatores de escala (verifique),
Não podemos esquecer que os versores do sistema polar, ao
contrário dos versores cartesianos, dependem da posição, o
1 ∂(rFθ ) ∂Fr
" #
que vale relembrarmos aqui: ~ ~
∇×F = − êz
r ∂r ∂θ
∂êr ∂êr "
∂(hθ Fθ ) ∂(hr Fr )
#
êr = + cos θ ê x + sen θ êy , = +êθ , = 0, (48) =
1
hz êz , (54)
∂θ ∂r hr hθ hz ∂r

∂θ
∂êθ ∂êθ
êθ = − sen θ ê x + cos θ êy , = −êr , = 0. (49)
∂θ ∂r onde introduzimos o fator de escala hz = 1 do versor êz ,
perpendicular ao nosso espaço bidimensional (considerado
Assim, podemos usar o produto escalar (base ortonormal)
plano). Embora o rotacional (54) tenha apenas uma compo-
para encontrar a ação do gradiente (45) no campo vetorial (47)
nente, perpendicular ao plano onde vive o nosso campo veto-
(verifique),
rial, este resultado nos permite identificar como calcular uma
componente qualquer numa situação mais geral. Primeiro
~ · F~ = êr ∂ + êθ ∂ · Fr (r, θ) êr + Fθ (r, θ) êθ
!  
∇ note que a última igualdade em (54) tem a cara de um pro-
∂r r ∂θ duto vetorial, principalmente quando reescrito na forma
∂Fr Fr 1 ∂Fθ
= + + . (50) 1  
∂r r r ∂θ ~ × F~ =
∇ ∂r (hθ Fθ ) − ∂θ (hr Fr ) hz êz , (55)
hr hθ hz
Esta ação do gradiente num campo vetorial via o produto esca-
lar é denominada de “divergente”, cujo significado geométrico onde as derivadas estão numa forma mais compacta e se per-
ainda deve ser investigado. Este resultado pode ser reescrito cebermos que os versores {êr , êθ , êz }, nesta ordem, obedecem
6

a regra da mão direita para o produto vetorial (verifique). As- II.2. Coordenadas cilı́ndricas
sim, a componente z do rotacional de um campo vetorial (tri-
dimensional) em coordenadas cartesianas deve ser
êz
 
~ × F~ êz = 1  
∇ ∂ x (hy Fy ) − ∂y (h x F x ) hz êz z
z h x hy hz
 ∂F ∂F x 
y êz
= − êz . (56)
∂x ∂y
êθ
Desta forma, usando um determinante, podemos escrever o P
rotacional por inteiro: ~r
êρ
h x ê x hy êy hz êz O
~ × F~ = 1
∇ ∂x ∂y ∂z . (57) x θ
h x hy hz ρ~ y
h x F x hy Fy hz Fz
êx
êy
As derivadas parciais na segunda linha devem atuar somente
P′
nas funções contidads na terceira linha. Verifique que o re-
sultado (56) pode ser obtido diretamente de (57). Também Figura 3. O sistema de coordenadas cilı́ndrico (ρ, θ, z), ρ ≥ 0 e 0 ≤
reescreva a forma padrão para o sistema polar (2D) conside- θ ≤ 2π, relativo ao sistema cartesiano (x, y, z). Em cada sistema de
rando ∂z = 0 e Fz = 0, bem como a identificação x → r e coordenadas, os versores são mutuamente ortogonais. A sequência
{êρ , êθ , êz } obedece a regra da mão direita.
y → θ, e verifique que o resultado (55) é recuperado.

A Figura 3 mostra o sistema de coordenadas cilı́ndrico


(ρ, θ, z), ρ ≥ 0 e 0 ≤ θ ≤ 2π, relativo ao sistema cartesiano
II.1.3. Cinemática
(x, y, z). Ambos são sistemas de coordenadas ortonormais tri-
dimensionais. Os versores no sistema cilı́ndrico na sequência
Quando o ponto P está em movimento e expressamos as {êρ , êθ , êz } obedecem a regra da mão direita com relação ao
coordenadas polares em função do tempo t, teremos (verifique produto vetorial. Note que o sistema cilı́ndrico é o sistema
usando a regra da derivada de uma função composta) polar (bidimensional) no plano XY acrescido do eixo Z. Aqui,
por comodidade, usamos ρ para representar a coordenada ra-
ê˙ r = θ̇ êθ , ê˙ θ = −θ̇ êr , (58) dial no plano XY. Isto significa que podemos fazer uso das
propriedades (48)–(49) das coordenadas polares trocando r
onde o ponto sobre quantidades representa a derivada total em por ρ e mantendo em mente que o versor êz é independente
relação ao tempo. Usando estas derivadas, podemos calcular da posição. Além disso, podemos aproveitar todos os padrões
rapidamente as coordenadas polares dos vetores velocidade e estabelecidos na seção anterior. Note também que o vetor
aceleração: posição ~r na Figura 3, de acordo com a geometria plana, pode
ser escrito na forma
~r = r êr , (59)
~r = ~ρ + ~z = ρ êρ + z êz . (62)
~v = ~r˙ = ṙ êr + rθ̇ êθ , (60)
~a = ~v˙ = (r̈ − rθ̇2 ) êr + (rθ̈ + 2ṙθ̇) êθ . (61)
II.2.1. Volumes elementares
Note que o vetor velocidade é a razão entre a diferencial do
vetor posição, dada pela Eq. (37), e a diferencial do tempo. Para calcularmos os elementos de comprimento, área e vo-
Assim, podemos perceber imediatamente que no movi- lume, precisaremos calcular os fatores de escala,
mento circular (ṙ = 0) com velocidade angular (ω = θ̇)
∂~r ∂~r ∂~r
constante (θ̈ = 0), o vetor aceleração tem apenas a compo- hρ = = 1, hθ = = ρ, hz = = 1, (63)
nente radial ar = −rω2 (aceleração centrı́peta). Outro caso ρ θ z
de estudo: o pêndulo simples. No movimento de um pêndulo
onde usamos o vetor posição na forma (62). Agora podemos
ideal de comprimento r (fixo) e massa m, a força resultante,
generalizar os padrões encontrados nas Eqs. (37)–(39) para
F~ = Fr êr + Fθ êθ , tem as suas duas componentes não-nulas: calcular o deslocamento infinitesimal (verifique),
Fr = mg cos θ − T e Fθ = −mg sen θ (verifique). Desta forma,
aplicando a segunda lei de Newton na direção tangente (êθ ),
d~r = hρ dρ êρ + hθ dθ ~eθ + hz dz êz
temos θ̈ + (g/r) sen θ = 0, como esperado (e rápido; não
esqueça que ṙ = 0). = dρ êρ + ρ dθ ~eθ + dz êz , (64)
7

o comprimento elementar, escala ((verifique)):

dl2 = d~r · ~r = h2ρ dρ2 + h2θ dθ2 + h2z dz2 ∂ hθ hz ∂ ∂2


(" !# )
1
∇ = 2
2
ln +
= dρ2 + ρ2 dθ2 + dz2 , (65) hρ ∂ρ hρ ∂ρ ∂ρ2
∂ hz hρ ∂ ∂2
(" !# )
1
as áreas elementares na base (plano XY) e na lateral (ρ cons- + 2 ln + 2
tante) ao longo do eixo Z (verifique), hθ ∂θ hθ ∂θ ∂θ
∂ hρ hθ ∂ ∂2
(" !# )
1
dA xy = hρ hθ dρ dθ = ρ dρ dθ, (66) + 2 ln + . (73)
hz ∂z hz ∂z ∂z2
dAz = hz hθ dz dθ = ρ dz dθ, (67)
Usando os fatores de escala dados em (63), o Laplaciano em
respectivamente, e o volume elementar propriamente dito (ve- coordenadas cilı́ndricas pode ser escrito como (verifique)
rifique),
1 ∂ ∂ 1 ∂2 ∂2
!
dV = hρ hθ hz dρ dθ dz = ρ dρ dz dθ. ∇ =
2
ρ + 2 2 + 2. (74)
(68) ρ ∂ρ ∂ρ ρ ∂θ ∂z

O Laplaciano atua em campos escalares, produzindo novos


II.2.2. Gradiente, divergente e rotacional campos escalares. Quando este novo campo escalar é nulo,
∇2 f = 0, se diz que o campo escalar f é “harmônico”. A
De acordo com o padrão estabelecido em (45), o gradiente equação diferencial ∇2 f = 0 é conhecida como equação de
em coordenadas cilı́ndricas é Laplace.
êρ ∂ êθ ∂ êz ∂ ∂ êθ ∂ ∂
~ =
∇ + + = êρ + + êz . (69)
hρ ∂ρ hθ ∂θ hz ∂z ∂ρ r ∂θ ∂z II.2.3. Cinemática

Generalizando o padrão (51), o divergente de um campo veto-


A partir do vetor posição, calculamos velocidade e
rial em coordenadas cilı́ndricas é (verifique)
aceleração (verifique),
∂(hθ hz Fρ ) ∂(hz hρ Fθ ) ∂(hρ hθ Fz )
" #
~ · F~ = 1 ~r = ρ êρ + z k̂,
∇ + + (75)
hρ hθ hz ∂ρ ∂θ ∂z
~v = ~r˙ = ρ̇ êρ + ρθ̇ êθ + ż k̂, (76)
1 ∂(ρF ρ ) 1 ∂Fθ ∂Fz
= + + . (70) ~a = ~v˙ = (ρ̈ − ρθ̇2 ) êρ + (ρθ̈ + 2ρ̇θ̇) êθ + z̈ k̂. (77)
ρ ∂ρ ρ ∂θ ∂z
Similarmente, o rotacional de um campo vetorial em coorde-
nadas cilı́ndricas é calculado adaptando o padrão (57) para o II.3. Coordenadas esféricas
sistema cilı́ndrico (verifique),

êρ ρêθ êz


hρ êρ hθ êθ hz êz êz
~ × F~ = 1
∇ ∂ρ ∂θ
1
∂z = ∂ρ ∂θ ∂z
hρ hθ hz ρ z
hρ Fρ hθ Fθ hz Fz Fρ ρFθ Fz
1 ∂Fz ∂Fθ ∂Fρ ∂Fz êr
! !
= − êρ + − êθ
ρ ∂θ ∂z ∂z ∂ρ
êφ
1 ∂(ρFθ ) ∂Fρ P
!
+ − êz . (71) θ
ρ ∂ρ ∂θ
êθ
~r
Uma outra operação importante é o divergente de um gra- O
diente. A ação do gradiente num campo escalar f (ρ, θ, z) cria
~ f . Agora podemos calcular o di- x
um campo vetorial F~ = ∇ φ ρ~ y
vergente deste campo vetorial, uma operação conhecida por êx
Laplaciano, êy

~ ·∇
~f =∇
~ · F.
~ P′
∇2 f = ∇ (72)
Figura 4. O sistema de coordenadas esférico (r, θ, φ), com r ≥ 0, 0 ≤
Usando as prescrições (69) para o gradiente e (70) para o di- θ ≤ π e 0 ≤ φ ≤ 2π, relativo ao sistema cartesiano (x, y, z). Em cada
vergente, após um pouco de álgebra e muita paciência, pode- sistema de coordenadas, os versores são mutuamente ortogonais. A
sequência {êr , êθ , êφ } obedece a regra da mão direita.
mos escrever a ação do Laplaciano em termos dos fatores de
8

A Figura 4 mostra o sistema de coordenadas esférico II.3.1. Volumes elementares


(r, θ, φ), com r ≥ 0, 0 ≤ θ ≤ π e 0 ≤ φ ≤ 2π, relativo ao sis-
tema cartesiano (x, y, z). Ambos são sistemas de coordenadas Generalizando para 3D a forma padrão encontrada na
ortonormais tridimensionais. Os versores no sistema esférico Eq. (37), o deslocamento infinitesimal em coordenadas
na sequência {êr , êθ , êφ } obedecem a regra da mão direita com esféricas é (verifique)
relação ao produto vetorial.
Note que o vetor posição ~r na Figura 4, de acordo com a d~r = hr dr êr + hθ dθ ~eθ + hφ dφ êφ
geometria plana, pode ser escrito na forma
= dr êr + r dθ ~eθ + r sen θ dφ êφ , (85)
~r = ~ρ +~z = ρ cos φ ê x +ρ sen φ êy +r cos θ êz , ρ = r sen θ. (78)
cujo comprimento é
Quando comparamos este resultado com a forma cartesiana,
~r = x ê x + y êy + z êz , descobrimos como as componentes carte- dl2 = d~r · d~r = h2r dr2 + h2θ dθ2 + h2φ dφ2
sianas do vetor posição dependem das coordenadas esféricas, = dr2 + r2 dθ2 + r2 sen 2 θ dφ2 . (86)

x = r sen θ cos φ, y = r sen θ sen φ, z = r cos θ. (79) Observe em (85) que os fatores de escala podem ser interpre-
tados como a projeção do vetor deslocamento infinitesimal em
Assim uma casca esférica de raio R é descrita em coordenadas cada direção independente dividida pela diferencial da respec-
esféricas fazendo r = R constante e variando as coordenadas tiva coordenada naquela direção (verifique).
angulares. Neste caso teremos x2 + y2 + z2 = r2 . A área elementar numa superfı́cie esférica de raio r (cons-
Naturalmente, o vetor posição também pode ser escrito em tante) é obtida generalizando a Eq. (39) para o caso 3D (veri-
termos dos versores do sistema esférico, fique),

~r = rêr , (80) dA = hθ hφ dθ dφ = r2 sen θ dθ dφ. (87)

o que nos permite escrever o versor radial êr em coordenadas Similarmente, o volume elementar é (verifique),
esféricas,
dV = hr hθ hφ dr dθ dφ = r2 sen θ dr dθ dφ. (88)
~r
êr = = sen θ cos φ ê x + sen θ sen φ êy + cos θ êz . (81) Note que a área e o volume de uma esfera de raio r são
r
Z Z π Z 2π
Sabemos que a taxa de variação de um versor é sempre per- A= dA = r 2
sen θ dθ dφ = 4πr2 , (89)
pendicular e ele. Assim, 0 0

e
∂êr ∂êr
êθ = / = cos θ cos φ ê x + cos θ sen φ êy − sin θ êz ,
∂θ ∂θ Z Z r Z π Z 2π
4π 3
(82) V= dV = 2
r dr sen θ dθ dφ = r , (90)
0 0 0 3
∂êr ∂êr
êφ = / = − sen φ ê x + cos φ êy . (83)
∂φ ∂φ respectivamente, como esperávamos.

Como mostra a Figura 4, o versor êθ é tangente ao grande


cı́rculo (de raio r = ||~r|| e centrado na origem) contendo o II.3.2. Gradiente, divergente e rotacional
ponto P e o versor êφ é tangente ao cı́rculo menor de raio ρ =
r sen θ centrado em z, também contendo o ponto P. No ponto De acordo com o padrão estabelecido em (45), o gradiente
P estes dois cı́rculos são ortogonais. Note que este pequeno em coordenadas esféricas é (verifique)
cı́rculo tem sua face perpendicular ao eixo Z e que, portanto,
~ = êr ∂ + êθ ∂ + φ ∂ = êr ∂ + êθ ∂ + φ ∂ . (91)
o versor êφ está inteiramente no plano XY, como podemos ver ê ê
em (83). ∇
hr ∂r hθ ∂θ hφ ∂φ ∂r r ∂θ r sen θ ∂φ
Podemos usar o vetor posição na forma (78) para calcular
os fatores de escala, Generalizando para 3D o padrão (51), o divergente de um
campo vetorial em coordenadas esféricas é (verifique)
∂~r ∂~r ∂~r
hr = = 1, hθ = = r, hφ = = r sen θ. (84)
∂r ∂θ ∂φ ∂(hθ hφ Fr ) ∂(hφ hr Fθ ) ∂(hr hθ Fφ )
" #
~ · F~ = 1
∇ + +
hr hθ hφ ∂r ∂θ ∂φ
Uma vez que os fatores de escala são conhecidos, podemos
1 ∂(r Fr )
2
1 ∂( sen θFθ ) 1 ∂Fφ
generalizar os resultados anteriores para calcularmos elemen- = 2 + + . (92)
tos de volumes, gradiente, divergente, rotacional, etc. r ∂r r sen θ ∂θ r sen θ ∂φ
9

Similarmente, o rotacional de um campo vetorial em coorde- conforme indicado nas Eqs. (81)–(83). Assim (verifique),
nadas esféricas é calculado adaptando o padrão (57) para 3D
dêr
(verifique), = θ̇ êθ + φ̇ sen θ êφ , (97)
dt
dêθ
hr êr hθ êθ hφ êφ = −θ̇ êr + φ̇ cos θ êφ , (98)
dt
~ × F~ = 1
∇ ∂r ∂θ ∂φ dêφ
hr hθ hφ = −φ̇( sen θ êr + cos θ êθ ), (99)
hr Fr hθ Fθ hφ Fφ dt
onde o ponto sobre as coordenadas angulares significa uma
êr rêθ r sen θêφ
1 derivada total em relação ao tempo. Usando estas ta-
= 2 ∂ ∂θ ∂φ xas de variação temporal, podemos expressar velocidade e
r sen θ r
Fr rFθ r sen θFφ aceleração em coordenadas esféricas (verifique):

∂( sen θFφ ) ∂Fθ ~r = rêr ,


!
1 (100)
= − êr
r sen θ ∂θ ∂φ d~r
~v = ~r˙ = = ṙ êr + rθ̇ êθ + r sen θφ̇ êφ , (101)
1 ∂Fr ∂(rFφ )
!
1 dt
+ − êθ
r sen θ ∂φ ∂r ~a = ~v˙ = faça você! (102)
1 ∂(rFθ ) ∂Fr
!
+ − êφ . (93)
r ∂r ∂θ
III. SÉRIE DE TAYLOR
Podemos reescrever também em coordenadas esféricas o
Laplaciano dada na Eq. (73), Como calculamos senos, cossenos, exponenciais, funções
transcendentais em geral? Mesmo quando estamos usando
uma calculadora, qual é o procedimento utilizado? Ou então,
∂ hθ hφ ∂ ∂2
(" !# )
1 suponha que conhecemos o valor de uma função f (x) e de
∇2 = ln + 2
h2r ∂r hr ∂r ∂r suas derivadas em um determinado ponto x0 ,
∂ hφ hr ∂ ∂2
(" !# )
1
+ 2 ln + dk
hθ ∂θ hθ ∂θ ∂θ2 f0(k) = f (k) (x0 ) = f (x) , k = 0, 1, 2, . . . (103)
dxk x=x0
∂ hr hθ ∂ ∂2
(" !# )
1
+ 2 ln + . (94)
hφ ∂φ hφ ∂φ ∂φ2 com f0(0) = f0 = f (x0 ). Suponha também que seja muito
difı́cil calcular o valor desta mesma função em um outro ponto
Usando os fatores de escala dados em (84), então o Laplaciano x̄, vizinho a x0 , x̄ = x0 + ∆x, mesmo que ∆x = x̄ − x0 seja
em coordenadas esféricas é (verifique) muito pequeno. Bem, nesta situação seria muito conveniente
se pudéssemos calcular f ( x̄), mesmo que de forma aproxi-
mada, em termos de uma série de potências em ∆x e com
1 ∂ 2∂
!
∇2 = r coeficientes dependentes apenas dos valores conhecidos de
r2 ∂r ∂r f e suas derivadas no ponto x0 , ou seja, conhecendo apenas
∂ ∂ 1 ∂2 f (k) (x0 ). Quando a função f (x) é analı́tica (contı́nua e com
" ! #
1
+ 2 sen θ + . (95) todas as derivadas contı́nuas em x0 ), esta série existe,
r sen θ ∂θ ∂θ sen θ ∂φ2

Vale observar que o potencial gravitacional, bem como o
X f (k) (x0 )
f ( x̄) = ( x̄ − x0 )k
elétrico (basta trocar a massa por carga), k=0
k!
1 (2)
MG QG = f (x0 ) + f (1) (x0 )( x̄ − x0 ) + f (x0 )( x̄ − x0 )2 + · · · (104)
ϕ(r) = − = , (96) 2
r r
e é denominada de série de Taylor. Este é um dos resultados
satisfaz a equação de Laplace (verifique), ∇2 ϕ(r) = 0. Por- mais úteis em Matemática. É através de séries de Taylor que
tanto, os potenciais gravitacional e elétrico são harmônicos. as funções transcendentais são calculadas.
Em geral, na prática, temos de parar (ou truncar) a soma
presente na série de Taylor (104) após um número finito N de
termos. O valor de N é determinado pela precisão que dese-
II.3.3. Cinemática jamos obter, que dependenrá do quão pequeno é a diferença
∆x = x̄ − x0 .
Como mostrado na Figura 4, quando ~r(t) descreve a posição Como exemplo, vamos calcular a série de Taylor para as
P de um objeto em sua trajetória (parametrizada pelo tempo t), funções trigonométricas sin θ e cos θ em torno de θ0 = 0. Pri-
os versores (êr , êθ , êφ ) também serão dependentes do tempo, meiro, precisamos calcular as derivadas destas duas funções.
10

Não é difı́cil perceber que estas derivadas podem ser escritas onde percebemos a presença das séries de Taylor em (109)
na forma geral (verifique) para as funções trigonométricas. Portanto,

d2k+1 d2k eiθ = cos θ + i sin θ (113)


sin θ = (−1)k cos θ, sin θ = (−1)k sin θ, (105)
dθ2k+1 dθ2k e, consequentemente, substituindo θ por nθ,
e
einθ = (cos θ + i sin θ)n = cos(nθ) + i sin(nθ). (114)
2k+1 2k
d d
cos θ = −(−1)k sin θ; cos θ = (−1)k cos θ. Estas relações serão muito úteis quando estivermos estudando
dθ2k+1 dθ2k oscilações e o efeito de ressonância. Note que a última igual-
(106)
De acordo com a prescrição (104), precisamos calcular os va- dade em (114) é a famosa fórmula de Moivre (muito usada em
lores destas derivadas em θ = θ0 = 0, trigonometria).
Exercı́cio 1
Determine a expressão para um termo genérico da série
d2k+1 d2k de Taylor em torno de x e escreva explicitamente os qua-
sin θ = (−1)k , sin θ = 0, (107)
dθ2k+1 θ=0 dθ2k θ=0 tro primeiros termos não-nulos para cada uma das seguintes
funções:
e
f (x) = e x ,
d2k+1 d2k
cos θ = 0, cos θ = (−1)k . (108) g(x) = cos(x), (115)
dθ2k+1 θ=0 dθ2k θ=0
h(x) = sin(x).
Assim, a série de Taylor para a função seno (cosseno) terá
somente potências ı́mpares (pares) em θ (verifique), Exercı́cio 2
Mostre que qualquer número complexo z = x + i y, de módulo

r = zz∗ = x2 + y2 , com z∗ = x − i y (conjugado), pode ser
p
1 1 1
sin θ = θ − θ3 + · · · , cos θ = 1 − θ2 + θ4 − · · · (109) representado por
6 2 24

Faça você algumas comparações numéricas usando pequenos z = r cos θ + i sin θ), (116)
valores para θ (em radianos).
com
Como outro exemplo importante, vamos calcular a série de
Taylor para a função exponencial eax em torno de x = 0, onde q
y
a é uma constante. As derivadas podem ser facilmente escritas r= x2 + y2 , tan θ = . (117)
x
na forma
Use o Exercı́cio 1 para mostrar que
dk ax dk ax
e = ak eax , e = ak . (110) eiθ = cos θ + i sin θ). (118)
dθk dθk x=0

Exercı́cio 3
Desta forma, a série de Taylor correspondente, segundo a
(1) Escreva uma rotina computacional (use computação
prescrição (104), será
algébrica) para calcular a série de Taylor (104) de uma função
∞ arbitrária. (2) Teste sua rotina com as principais funções tri-
a2 2 a3 3 X ak
gonométricas (seno, cosseno, etc.) e com a função exponen-
eax = 1 + ax + x + x + ··· = xk . (111)
2 3! k=0
k! cial. (4) Nestes testes, mostre no mesmo gráfico a função
originalmente pré-definida dentro do ambiente computacional
Em particular, vamos tomar a = i, onde i é a unidade ima- que estiver usando e pelo menos quatro séries de Taylor para
ginária (i2 = −1), e fazer x = θ (medido em radianos). Devido cada função correspondentes a diferentes números N de ter-
ãs propriedades da unidade imaginária, a série de Taylor (111) mos usado na soma (104). (5) Faça uma animação mostrando
pode ser reorganizada na forma como é o comportamento da série de Taylor em função da
quantidade de termos N na série para cada caso. Lembre-se:
1 1
!
1
! o trabalho dignifica e faz bem ao caráter.
eiθ = 1 − θ2 + θ4 + · · · + i θ − θ3 + · · · , (112)
2 4! 3!

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