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FíSIC

Sérgio eidi odaira

CONTEÚDO

INTR ODUÇÃO. 2
SO M .  .... 2
PI EZ ELETRI CID ADE E TR ANS DUTORE S 3
CAMP O ULTR A SÔN ICO : FOCO . 4
MEIO ..... 7
PR OC ESSAMENTO DO SINA L. . . . . . . . . . . 10

R  SOL UÇÃO
UÇÃO.. . . . . . . . . . . . . . . . . 12
IM AGEM. . .  . .   . . 16
DOPPLER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 7
lO 25

CO T
TR AS   S EM USG. . . . . . . . . . . . 27
DOS IM   TRI A E AL
ALGUNS TÓPI COS SO BRE
EFEITO S BI OLÓG ICO S . . . . . . . . . . . . . . . 28
BIBLIO FI   30
GRA A . .....
 

INTRO UÇÃO As características do fenômeno sonoro são relacionadas


A ultra-sonografia é um dos métodos de diagnóstico à sua fonte e ao meio de propagação. Variáveis como pres-
por imagem mais versátei s e ubíquos , de aplicação relativa-
relativa- sã o , densidade do meio , temperatura e mobilidade das par-

mente simples e com baixo custo operacional. A partir dos tículas definem o comportamento da onda sonora ao longo
últimos vinte an o s do sé culo XX, o desenvolvimen
desenvolvimentoto tecno- de sua propagação.

lógico transformou esse método em um instrumento pode- A propagação da onda sonora provoca vibrações do
roso de investigação médica dirigida, exigindo treinamento meio material, produzindo deflexões em relação à direção
de propagação do som, com áreas de compressão
constante e uma co nduta participativa do usuário .
Esta modalidad e de diagnóstico por imagem apresenta ção alternadas e periódicas. Estas deflexões podemeser
rarefa-
tan-
to transversais movimentação transversal à direção de pro-
características pr óprias:
pagação da onda) como longitudinais movimento oscilató-
• É um mé todo não-invasivo ou minimamente invasivo. rio na mesma direção da propagação do som). Como na
• Apresenta a anatomia em imagens seccionais, que po- água e nos gases a transmissão da onda sonora aplicada ao
dem ser adquiridas em qualquer orientação espacial. meio ocorre apenas por compressões e rarefações ao longo
• ão possui efeitos nocivos significativos dentro das do plano longitudinal paralelo ao sentido de propagação da
especificações de uso diagnóstico na medicina. onda sonora), os métodos ultra-sonográficos aplicados na
• ão utiliza radiação ionizante. medicina utilizam apenas as ondas longitudinais Fi g. 1-1).
• Possibilita o estudo não-invasivo da hemodinâmica cor- Qualquer som é resultado da propa gação dessas vibra-
poral através do efeito Doppler. ções mecânicas através de um meio material, carregando
• Permite
Permi te a aquisição de imagens dinâmicas, praticamen- energia e não matéria , pois sua mobilidade está dentro dos
te em tempo real, possibilitando o estudo do movimen- limites de ação da lei de Hooke Robert Hooke , matemático
to das estruturas corporais. e astrônomo inglês, 1635-1703):
O métodoultra-sonográfico baseia-se no fenômeno de
ultra-sonográfico
interação de som e tecidos, ou seja, a partir da transmissão F=- kx
de onda sonora pelo meio, observamos as propriedades me-
cânicas dos tecidos . Assim, torna-se necessário o conheci- onde F é a força que é proporcional a um deslocamento x,
mento dos fundamentos físicos e tecnológicos envolvidos dentro de limites discretos em nosso caso, relacionados às
na formação das imagens , do modo pelo qual os sinais obti- forças de atração intermoleculares do meio de propagação),
dos através desta técnica são detectados, caracterizados e e a uma constante k, característica do meio . Assim, quando
analisados corretamente , propiciando uma interpretação as partículas do meio são defletidas pela onda em propaga-
diagnóstica correta. Além disso, o desenvolvimento contí- ção, retornam posteriormente ao seu estado original, trans-
IllIO de novas técnicas, a saber: o mapeamento Doppler, os mitindo somente energia e momento , não havendo resul-
meios de contraste, os sistemas de processamento de ima- tante de movimento de matéria.
gens em 3D , as imagens de harmônicas e a elastometria , exi-
ge um conhecimento ainda mais amplo dos fenômenos físi-
cos, os quais serão discutidos neste capítulo.

SOM
Ecolocalização
O conceito de ecolocalização, localização espacial atra-
vés de ecos gerados por objetos submetidos a um pulso ul-
tra-sônico, é também uma das primeiras expressões da biô-
nica. Os morcegos fazem ecolocalização há milhões de
anos, com refinamentos técnicos proporcionados pela natu- A
reza há morcegos que emitem guinchos com amplitude À
modulada, e outros , com freqüência modulada).

Som
O som é uma vibração mecânica oscilando na faixa audí-
vel pelo ouv ido humano com freqüência entre 16 e 20.000
ciclo por segu n do . O ultra-som são vibrações mecânicas
Fig 1-1 Representação gráfica de uma onda sonora e sua
acima de 20 .000 ciclos por segundo. O som possui proprie-
propagação ao longo do tempo. A ) Áreas
Áreas de com
com pressã
pressãoo e
dade s ondula tórias, à se melhança das ondas eletromagnéti- rarefação do meio causadas pela variação de pressão ao longo da
cas como a luz, e aprese nta efeitos diversos de interação prop agação da
propagação da ond
ond a sonora. B) Representação esq uemática de
com o meio tais como: re fração, reflexão, atenuação, difra- uma onda como uma ·função periódica. À = Comprimento da ond a;
ção, interfe rência e espalha me nt o. = amplitude e t = tempo .
 

G.JiMtlIINIi- 3

ndas sonoras
Quadro 1-1. Valores de velocidade obtidos para diversos
Os conceitos físicos fundamentais que caracterizam a tecidos*
onda sonora são:
1. Comprimento de onda À : distância entre fenômenos
Meio p kglm 3   m/s) z [kg m 2 • s)]

de compressão e rarefação sucessivos; medido em Ar 1,29 3,3 1 x 10 2 430


m).
metros Ág u 1,00 x 10 3 1, 48 x 10 3 1, 48 x l 06
2 . Freqüência f): número de ciclos completos de oscilação Cérebro 1,02 x 10 3 1,53 x 10 3 1,56 X 10 6
produzidos em um segundo; medida em Hertz Hz). Músculo 1,04 x 10 3 1,58 x 103 1,64 x 10 6
3. Período T): tempo característico e m que o mesmo Gordura 0,92 x 10 3 1,45 x 103 1,33 x 10 6
fenômeno se repeteinverso da freqüência). Osso 1,90 x 10 3 4,04 x 10 3 7, 6 8 x 1 0 6
4. Amplitude A): magnitude ou int e nsidade da onda
sonora proporcional à deflexão m áx ima das partículas Densidade (P), ve locidade (V) e impedâncias acústicas (Z)
do meio de transmissão. para di v ersos meios.

A onda sonora pode ser caracterizada em relação ao


noro , definida pelo produto da velocidade do som e a densi-
comprimento de onda, freqüência e velocidade: dade do meio.
À = cf
À PIEZELETRI
PIEZELETRICID
CID DE E TR NSDUTORES
f
c Piezeletricidade
À
c O feixe ultra-sônico é gerado por dispositivos denomi-
f
nados transdutores, compostos por materiais sólidos que
A freqüência da onda sonora determina a capacidade do
estudo ecográfico em discriminar dois pontos próximos na apresentam a característica de transformar um tipo de ener-
característica
área de interesse, definida como resolução espacial do
gia em outro: quando submetidos a um estresse mecânico
gera m uma diferença de potencial elétrico e, analogamente ,
método: quanto maior a freqüência, menor o comp rimento
quando submetidos a um pulso elétrico, apresentam uma
de onda sonora e melhor a resolução espacial.
deformação espacial que gera uma onda me c ânica. Este efe-
A velocidade do som c) é constante para cada material
e depende tanto das propriedades elásticas como da pró- ito de transdução , denominado piezelétrico do g rego 1 t l E
çELV - press ão), foi descrito por jacques e Pierre Curie em
pria densidade do meio, podendo ser calculada através da
relação entre um fator de força elástica e um fator de inércia 1880, é produzido por sólidos com retículo cristalino que
não apresentam um centro de simetria que permita uma
do meio. Como nos tecidos biológicos, ricos em água, não
há módulo elástico; a velocidade de propagação do som inversão de posição. Vários
Vários elementos sólidos possuem esta
propriedade como o quartzo, a turmalina, o sulfeto de lítio,
está relacionada ao módulo de variação volumétrica com-
pressibilidade) do m eio 8) quando submetido à pressão e à o titanato de bário e os cristais de sais de Rochelle tartarato
de sódio ou potássio).
densidade do meio p) . Deste modo temos:
Os materiais piezelétricos mais utilizados atualmente
na ultra-sonografia são as cerâmicas de titanato-zirc
titanato-zirconato
onato
),

transdutores PbZiTi0
de chumbo 2 chamados de PZT, sendo que alguns
A velocidade do som nos meios biológicos varia muito: são produzidos com polímeros poliviniliden-
eq uivale a 340 m/s no ar, cerca de 1.200 m/s no líquido e cer- f1uoretos - PVDF) e com compósitos de PZT revestidos de
ca de 5.000 m/s nos sólidos. A variação da velocidade em polím eros passivos. Tais materiais tornam-se piezelétricos
fu nção da freqüência é denominada dispersão e é desprezí- quando são elevados a uma temperatura crítica temperatu-
vel nos sólidos « 196). ra de Cmie) e resfriados enquanto submetidos a uma dife-
Como a maior parte dos elementos constituintes do rença de potencial elétrico . Estes
Estes materiais apresentam uma
corpo humano possui impedâncias acústicas semelhantes temperatura de Curie baixa, razão pela qual não se reco-
exceto o ar e os ossos), os equipamentos de ultra-sonogra- menda a esterilização dos transdutores por aquecimento.
fia são calibrados para uma velocidade padrão de 1,54 x Os cristais de quartzo são empregados apenas para fins
103 m/s Quadro 1-1). específicos, como a confecção de transdutores com fre-
Outros conceitos inerentes ao fenômeno de interação qüência acima de 20 MHz.
som - tecidos também devem ser considerad os: absorção e
considerados: Os elementos piezelétricos podem ser moldados de vá-
impedância acústica. rias formas, podendo ressonar em relação ao seu diâmetro
A absorção é extremamente dependente da freqüência ou à sua espessura. Geralmente são escolhido
escolhidoss ressonado-
e da temperatura do meio : quanto maior a freqüência, mai- res de espessura, sendo que a freqüência base de vibração
o r será a atenuação. dos mesmos será inversamente proporcio nal à sua espessu-
proporcional
A impedância acústica Z) é caracterizada pelo grau de ra. Cada um dos elementos piezel étricos, quando excitado,
di ficuldade ou resistência do meio à condução do feixe so- emite um pulso ultra-sônico que interage com o meio de
 

lIi ifii·lijt·MMitr,,:Jti·@IWJ

rransmissão e, ocasionalmente , com os pulsos subseqüen- O feixe sonoro possui uma região proximal em que se
te s . A vibração produzida é composta por várias freqüências mantém coerente, possibilitando, assim, a produção de
o u b anda espectral. Apresent a uma freqüência de ressonân- imagens, conhecida como zona de Fresnel (de Augustin
c ia principal (chamada de freqüência central ou freqüência Fresnel, fisico
fisico francê s , 1788-1827 ). Na sua região distai,
nominal) e várias outras freqüências (de valores maiores e denominada zona de Fraunhoffer (de Joseph von Fraunhof-
me nores  . fer, físico alemão, 1787-1826), o feixe perde a coerência de
As imagens ultra-sonográficas são formadas por ecos de fase
fase , divergindo em um ângulo <p
curta duração gerados a partir de pulsos breves, emitidos pelo profundidade zona de depende
equipamento atraatravés
vés do transdutor. Os sistemas pulsados de A
cia utilizada da do elemento
e da largura Fresnel piezelétrico
da :freqüên-
piezelétrico
transmissão do feixe sonoro exigem que estes transdutores
res pondam rapidamente aos pulsos elétricos e mecânicos,
pe rmitindo a produção de pulsos muito curtos (cerca de pou-
cos microssegundos). Esta capacidade de resposta rápida é
onde T é o comprimento da zona de Fresnel, D a largura do
obtida através de elementos de baixa impedância e baixo cocoe-
e-
elemento ou grupo de elementos piezelétricos, f a freqüên-
fic iente de acoplamento mecânico. O Quadro 1-2 apresenta
cia utilizada e c a velocidade do som no meio de propaga-
valores de diversos componentes piezelétricos.
ção.
Transdutores Na zona de Fraunhoffer o ângulo p de divergência do

Os transdutores (ou sondas) utilizados em ultra-sono- feixe é inversamente proporcional à freqüência utilizada:
gr afia são montados de maneira a produzir adequadamente
1,2c
o feixe ultra-sônico e receber os ecos gerados pelas diversas se n/ <p = - -
fD
interfaces. Os transdutores setoriais mecânicos possuem
a penas um elemento piezelétrico (encapsulado em um ou seja, quanto maior a freqüência utilizada, menor o ângu-
a mbiente preenchido por óleo), acoplado a um motor res- lo de divergência p e melhor a resolução espacial distaI.
ponsável por um movimento pendular do conjunto, reali- Nos transdutores que não apresentam um sistema de
zando a varredura da região investigada (Fig. 1-2). focalização do feixe ultra-sônico, como aqueles do tipo se-
Atualmente os transdutores são constituídos por con- torial, estas regiões são importantes: ecos gerados por um
j untos compactos de elementos piezelétricos distribuídos refletor localizado na zona de Fresnel estarão chegando à
ao longo da sua superfície, em arranjos de fase, os quais defi
defi-- superficie do transdutor simultaneamente , sob forma de zo-
nem a geometria da imagem formada (Fig. 1-3). Além desses nas de compressão e rarefação, ocasionando uma interfe-
elementos, os transdutores são compostos por: a aparato rência da amplitude do sinal; um refletor situado na zona de
eletrônico (eletrodos para excitação dos elementos piezelé- Fraunhoffer produzirá frentes de onda que chegarão ao
tricos e captação dos pulsos gerados pelos ecos); b uma len- equipamento de maneira mais ampla, produzindo efeitos
te acústica; c material de acoplamento entre a lente e os ele- de compressão e rarefação, alternadamente, com intensida-
mentos piezelétricos (com espessura de 4 e d material de des muito baixas (devido ao fenômeno de atenuação do fei-
a mortecimen
mortecimento to posterior (que absorve as freqüências inde- xe ultra-sônico). Nestes transdutores, a região ideal para
sejáveis eventualmente produzidas, determinando a largura aquisição de imagens é exatamente a da fronteira entre as
da banda espectral do feixe produzido) (Fig. 1-4). duas zonas, denominada zona de transição, que correspon-
de ao foco natural do transdutor. Nesta região os refletores
C MPO ULTRA SÔNICO: FOCO geram ecos que chegam ao transdutor como frentes de
O foco do campo ultra-sônico corresponde à zona de compressão ou rarefação alternadas , porém, ainda, com in-
melhor resolução espacial d e um transdutor e representa a tensidade adequada (F (Fig.
ig. 1-5).
1-5). A reg ião de foco natural pode
região de menor espessura do feixe acústico. ser otimizada através da utilização de lentes acústicas que

Quadro 1-2. Componentes piezelétricos

Constantes Quartzo
Quar tzo Sulfato de lítio Titanato de bário B Zirconato
Zirconato de chumb o PZT-SA)

Den idade 2,65 2,05 5,55 7,75


Constante de freqüência N) 2,87 2,73 2,29 1,4
pedância Z) 15,2 11 ,2 25,2 22,6
oerc·ente de transmis sã o d33) 2,0 16 14 9 374
Coe=-c·ente
Coe=-c·ente de recepção g33 50 175 26,1 24,8
,5%
- ir 'pea
eoe-:;c·e
eoe-: ;c·en
n e de acopla mento K33)
ra máxima C)
11  
550
38
75
4 9%
11 5
71
365
C - e dielétrica E 33 T/E O 4 ,5 10 ,3 1 .2 00 1 .7 00
 

G.hMtI liWi

A
Fig 1 2. Transdutor setorial mecânico. A) VisVista
ta externa. 8) Vis
Vista
ta com a retirada do encapsulament o que protege o motor. C) Vista interna da
montag em do elemento piezelétrico
piezelétrico após a reti
retirada
rada da concha protetora e do óleo de imersão com sua lente acústica sobre sua base oscilante.
a) Lente acústica; b plataforma osci lante; c) eixo de rotação; d encapsulamento externo.

A B

D
c dos transdutores e arranjo dos elementos
Fig 1 3. Geometria Fig 1-4. Estrutura interna de um transdutor linear. a Element os
piezelétricos. A) Setorial mecânico. 8) Linear. C) Convexo. piezelétricos; b lente acústica; c acoplamento acústico
acústico;;
D) Setorial eletrônico. d conectores elétric
elétricos;
os; e) amorte cimento; f isolamento.
 

Fig 1-5. Frentes de onda chegando ao transdut or . A ) Transdutor plano próximo a um gerador de ecos recebe várias frentes de onda
simul aneamente que interferem entre si (8) O mesmo transdutor recebendo ecos da zona de transição recebe idealmente uma úni ca frente
de onda por vez, a umentando a sensibilidade do processo. C) Tran sdutores comlente s ac ústica s permitem receber frentes de onda
idealmente em distâncias mais variadas.

deformarão o feix
feixee de maneira a aproximar ou distanciar o Alguns equipamentos possuem foco fixo, definido pelas
ponto focal natural. Pode-se também moldar o elemento características geométricas do transdutor. Outros apresen-
piezelétrico de tal forma que a sua superfície seja côncava, tam um arranjo de vá rios elementos piezelétricos ao longo
aproximando-se a zona de transição da superfície do mes- de uma dada direção, conhecido como arranjo de fase ( pha-
mo. Deste modo , quando o refletor estiver localizado no sed array ). O disparo seqüencial destes elementos produz
ponto focal do transdutor estará eqi.iidistante de todos os um feixe com frente de onda curva cujo
cujo foco
foco co rresp onde ao
pontos da superfície do transdutor , produzindo ecos que ponto focal do feixe. O equipamento pode proc essa r a focali-
focali-
chegarão simultaneamente ao equipamento. Supondo-se zação controlando o disparo de alguns elementos piezelétri-
que o transdutor tivesse sua superfície plana, o ponto focal cos (foco de emissão) ou por meio do retardo na transmissão
estaria dentro da zona de Fresnel. dos pulsos recebidos (foco
(foco de recepção) Fig. 1-6).

I 1 r1 t 1
> ,

AL -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ L - _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ---:_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ --
---'
-' B
Fig 1·6. Focali za ção por arranjo de fa
fase.
se. (A) O disparo seq
seqüencial
üencial dos elementos produz um feixe com frente de onda curva; o foco da curva
corresponde ao ponto focal do fe ixe . (8) Retardo na transmissão dos pulsos recebidos, após a recepção dos sinais.
 

MEIO Transmissão reflexão refração


A imagem ultra-sonográfica é composta por sinais de A onda son
sonora
ora p ode ser transmitida , rrefletida
efletida ou refra-
refra-
intensidade variável relacionados aos efeitos acústicos de- tada, dependendo do ângulo de incidência da mesma sobre
correntes da interação da onda sonora com o meio, em es- a interface refletora e da diferença de impedância acústica
pecial, a capacidade de reflexão do som pelos tecidos com Z) entre os meios . A transmissão é realizada sem interferên-
impedâncias acústicas diferentes. cias angulares quando não há diferença nos Zs.
Os fenômenos de reflexão e refração do feixe acústico

Intensidade são observados nas situações em que os dois meios frontei-


riços apresentam impedâncias acústicas diferentes: a refra-
Corresponde à energia que flui numa determinada área ção por meio de um desvio do feixe acústico em relação a
perpendicular à direção de propagação do som por unidade um determinado ângulo de incidência Gi) , e a reflexão
de tempo e é proporcional ao quadrado da amplitude na for- quando
quand o es te ângulo de incidê
incidência
ncia é ultrapassado. A refl
reflexão
exão
ma: ocorre em ângulo igual ao de incidência Gi = Gr) Fig. 1-7).
Quanto maior o coeficiente de reflexão,
reflexão, maior a intensi-
dade do eco recebido e, portanto, menor a transmissão do
feixe de um meio ao outro. Como exemplo podemos citar a
diferença de impedância acústica do ar 0,00004 x 106 kgl
onde Ao corresponde à amplitude máxima. O conceito de m2s) e dos tecidos moles 1 ,62 x 106 kglm2s). Tal diferença
intensidade
intensid ade será discuti do com mais
mais profundidade
pr ofundidade ao ana
anali-
li- de cerca de 1 4.050 justifica a necessidade do gel
gel de acop
acopla-
la-
sarmos os efeitos biológicos do ultra-som
ultra-som . mento acústico
acústico utilizado
utilizado para o contato entre o tra nsdutor
As intensidades do pulso transmitido T) e do eco rece- e a pele, pois caso contrário to o o feixe seria refletido na
bido R) podem ser relacionadas na forma: interface transdutor/ar.

Situações
os tecidos são específicas
responsáveisdepor
inter
interação
ação doecográficas
imagens fei
feixe
xe acústico com
peculia-
I, Ir
T - R - res e por artefatos, destacando-se: reflexão total, reflexão
I, I,
especular, refração, atenuação, reforço acústico posterior
ond e Ie, IIrr e Ir correspon
onde dem à intensidade emitida, transmi-
corr espondem difração e scattering.
tida e refletida.
eflexão total

Impedância acústica Na ultra-sonografia a reflexão total pode ocorrer em


duas situações: quando a diferença de impedância acústica
Impedância do latim impedire é um termo utilizado entre dois meios é muito intensa ou quando o feixe de ul-
para designar o grau de dificuldade ou resistê nc ncia
ia oferecida
pelo meio à condução do feixe
feixe ultra-sôni
ultra-sônico
co . Analogamente
aos circuitos
circuitos elétricos, corre sponde
spon de à resistência
resistência de um con-
dutor a uma corrente alternada. É chamada de impedância
complexa Z), e sua representação é:

z= R+ i

sendo definida por dois componentes: uma parte real deno-


minada re  ist  ncia R), análoga à resistência em circuito de
corrente contínua e de uma parte imaginária Xi), denomi-
nada reatância, que corresponde à dependência de fase
entre a diferença de potencial e a corrente em circuitos de
corrente alternada.
alternada. No caso do som, a impedância depende
de alguns fatores do meio, tais como: densidade p), com-
pressibilidade B), temperatura e pressão externa. Como a
temperatura nos meios internos e a pressão externa são
relativamente estáveis, a impedância depende basicamente
da densidade e da compressibilidade do meio, sendo tam-
bém relacionada diretamente à velocidade de propagação
do som no meio c) , segundo
segund o a relação:
relação:

Z= cx p Fig 1-7. Refração e reflexão de acordo com o ângulo de incidência.


 

8 lilii;hii,
lilii;hii, §I,iri@iKti':J·i,@Ii§h"

tra-som atinge uma interface acima do ângulo limite de re-


fração
fração .
A reflexão tot l ocorre em interfaces com graus extre-
mos de impedância como o r ou calcificações. Nestas con-
dições todo o feixe ultra-sônico é refletido a partir da inter-
face, produz indo um rtef to denomi na do sombr acústica
post erior Fig . 1-8 ).

A situação em que a reflexão ocor re, devido à incidência


do feixe acústico acima do ân g ulo limite de refração, é fre-
qüente nas imagens que represent m bordas de estrutur s
rredond d s Fig. 1-9).

eflexão especular
Em algumas situ ções p rte dos ecos provenientes de
uma determin da estrutur lt mente reflexiva sofre nova
reflexão na interfac e proximal entre o equip mento e a
Fig 1-9.
1-9. Reflexão devi do à incidência acima do ângulo limite de
pele ), retorna ndo à fonte refletora original. A partir deste
refração. Nota r a sombra acústica em cunha sobre o baço,
último ponto estes ecos retorn m ao equip mento em tem- produzida pela incidência em ângulo limite na int erface entre a
po prolong do em relação os primeiros, formando imag em gordura perirrenal e o rim; há uma segunda sombra acústica sobre o
especular artefatual, em projeção posterior à superftcie re- rim produzida por arco costal.
fle
fletora
tora Fig.
Fig. 1-10).

Fig 1 8. Sombra acústica posterior. Vários exemplos de sombras


acústicas. A ) Caus
Causada
ada por placa atero matos a ca lcificada,
se t mbém
observando- a sombra no mapeamento Doppler colorido.
Note que a sombra acompanha o ângulo de insonação do mapa
colorido . 8) Absorção p
parcia
arciall do feixe em
em carcinoma de mama.
c C) Sombra causada por ca lci ficação esplênica.
 

Q.hmO'IU1 'j 9

percorrida sob a forma de absorção (transformação em ca-


lor), reflexão, espalhamento e perdas geométricas. Deste
modo, ocorre a atenuação do feixe acústico que é direta-
mente relacionada à freqüência utilizada, na forma
forma :

Atenuação dB) =
freqüência MHz) x distância percorrida cm)

A atenuação é medida em decibéis, que corresponde a


uma relação logarítmica entre duas intensidades:

I
Atenuação dB) = 10 log -
lo

onde lo corresponde à intensidade do sinal emitido, que


decai de forma exponencial até chegar à intensidade I
O fenômeno da atenuaç
atenuaçãoão limi
limita
ta o alcance em profundi-
dade dos transdutores de alta freqüência, determinando um
componente importante na estratégestratégia
ia do exame ultra-sono-
Fig. 1 10. Reflexão especular. Hemangioma hepático refletido
gráfico: a esco lh a do transdutor com freqüência adequada
distalmente ao diafragma. Tal efeito ocorre devi  oà reflexão intensa
para obter um balanço equilibrado entre a intensidade do
produzida pela cúpula diafragmática dos ecos gerados pelo
hemangioma, que retornam ao transdutor num tempo maior que os s inal e a reso lu ção espacial.
diretamente refletidos pelo hemangioma. O sistema de reconstrução Estruturas fortemente atenuantes também causam som-
da imagem interpreta tal demora como localização mais profunda bra acústica posterior Fig. 1-8 .
destes ecos .

Reforço acústico posterior


efração
Devido à perda de potência acústica decorrente dos e-
Quando a incidência do feixe ultra-sô
ultra-sônic
nico
o em uma inter- feitos acústicos gerados pela propagação do som pelo meio,
face ocorre em um ângulo inferior ao limítrofe para a refle- os equipamentos de ultra-sonografia possuem um sistema
feixe é refletida na fo
xão total , parte do feixe form
rmaa de eco , e parte de compensação da intensidade do sina l, que permite uma
é refratada, mudando sua direção original. Este mecanismo amplificação maior para os ecos oriundos de regiões mais
provoca di storções da imagem e da localização das estrutu- profundas. Este mecanismo, denominado compensação tem-
ras. Estruturas com morfolog ia lentiforme também podem poral de ganho ( time-gain compensati
compe nsation
on ou TCe , é utili-
causar refração do fei xe acústico, produzindo efeitos de len- zado de modo a permitir uma caracterização adequada da
te acú stica por vezes curiosos ou bizarros Fig . 1-11) . amplitude do sinal ao longo de toda a imagem. No entanto,
a compensação de ganho em profundidade causa um artefa-
tenuação to interessante: quando o feixe ultra-sônico se propaga por
A propagaç ão do som através do meio causa perdas uma região homogênea, de baixa atenuação, as estruturas

sucessivas da intensidade do sinal em função da distância posteriores a esta região apresentarão ecos mais intensos

-_ B
Fig. 1-1
1-11.
1. Refraç
Refração.
ão. A) Fenômeno de refração determin ado pelos ve nt res muscula
musculares
res do
dos
s retos abdominais pro duz duplicação da imagem do
tronco celíaco. B) Um discreto deslocamento late
lateral
ral o transdutor faz desaparecer o fenômeno.
 

10 'ihii'l§I,raMi'iian'@J'§M'

t
A -----  1  
----- 1 B
i 1 14. A) Um sistema de on da contínua produz ecos que são
indistinguíveis uns dos outros, pois podem chegar simultaneamente
ao transduto
transdutor.
r. B) Pu lsos ultra-sônicos de curta duração produzem
i 1·   2. Reforço acústico posterior. Cisto hepático simples.
ecos gerados em profundidades diferentes, permitindo a localização
de sua origem de acordo com o intervalo de tempo entre a emissão
do pulso e a chegada do eco.
que aque la s adjacentes na mesma profundidade. Este fenô-
meno chamado de reforço acúst ic o posterior é observado,

de modo característico, nas regiões posteriores a estruturas


císticas F ig. 1-12).
PROCESSAMENTO DO SINAL
Sistemas pulsados
Difração e espalhamento Em ultra-sonografia, as ondas são produzidas em pulsos
Estes efeitos ocorrem na interação do feixe acústico curtos que são emitidos e recebidos alternadamente, permi-
com estruturas pequenas, de dimensões semelhantes à or- tindo a caracterização da profundidade do eco gerado pelo

dem de grandeza dos comprimentos de onda utilizados: a meio. Esta codificação espacial não se r ia possível se tivésse-
difração quando as extremidades de uma estrutura inter- mos um sistem a de onda contínua, pois os ecos gerados a
posta no trajeto do feixe acústico assumem o papel de fonte diferentes profundidades retornariam sucessivame nt e ao
sonora, e o espa lham ento ou scattering consiste na refle- equipamento , sem que pudéssemos determinar a profundi-

xão não-direcional do pulso ultra-sônico. Nesta situação, a dade em que se originaram (Fig. 1-14).

reflexão não se dá preferencialmente para uma direção, mas Durante o intervalo entre um pulso e o subseqüente, o
ocorre em ondas esféricas (difr
(difração)
ação),, gera ndo ecos de baixa transdutor opera como receptor dos ecos gerados nas diver-
amplitude que interagem entre si. O padrão textural em sas interfaces ao longo da trajetória do feixe acústico. Cada
tons de cinza de meios sólidos finamente gran ul ados, como pulso dura cerca de um microssegundo /-ls), sendo consti-

o parênquima hepático, é decorrente da difração e do espa- tuído apenas de alguns ciclos, com intervalo entre os pulsos
lhamento dos ecos gerados pelo meio (Fig. 1-13). de cerca de 500 /-ls. Utilizando-se a velocidade média do s om

A_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
B
i 1 13. Scattering . A) Pequenos refletores produzem ecos em diversas direções que se interferem
interferem,, produzindo flutuação da intensidade
Ce s a . B) O aumento da persistência ou a média temporal das intensidades ent re duas imagens subseqüentes reduz a contribuição desta
= ação, homogeneizando a imagem.
 

üN@d Nlfj
nos tecidos biológicos (1.540 m/ s) observamos que um pulso cada eco corresponde a um ponto brilhante numa tela, inau-
de ultra-som poderá percorrer neste intervalo de tempo 77 cm: gurando a ultra-sonografia na forma que conhecemos hoje.
38,5cm como pulso e a mesma distância como eco. Durante Para a construção de imagens em modo B, cada linha da
este intervalo o transdutor recebe primeiro os ecos g erados imagem corresponde aos ecos gerados por um único pulso
pelas interfaces mais superficiais e sucessivamente os ecos de ultra-som. A informação recebida como eco é convertida
mais profundos, até o limite de 38 cm, para cada linha de ima- em pulsos elétricos pelo transdutor amplificada e processa-
gem. Deste modo são muito importantes a velocidade do da na forma de uma seqüência de pontos brilhantes numa

som (determinando a profundidade da imagem


imagem que pode ser tela de ví o   A aquisição de sucessivas linhas ao longo de
obtida), o tempo de latência (que de t ermina o intervalo de uma dada direção permite a construção da imagem seccio-
tempo em que esta imagem pode ser adquirida) e a duração nal bidimensional.
do pulso de ultra-som. A informação recebida como eco é Os primeiros equipamentos reproduziam imagens está-
então processada na forma de imagens. ticas, ou seja, possuíam apenas um elemento piezelétrico
fixo, montado num braço mecânico que deveria ser movi-
mentado pelo operador ao longo da superfície do corpo em
Modos de apresentação
estudo. As informações eram então processadas em forma
Os equipamentos ultra-sonográficos processam os sinais de imagem, sendo que o braço mecânico dava as coordena-
oriundos dos refletores nas seguintes formas: gráficos de das de reconstrução ao longo da trajetória de reconstrução
amplitude (modo A de amplitude), im agens bidimensionais (Fig. 1-16).
1-16) .
(modo B de brilho, estáticas e em temp o real), além de gráfi- Um avanço tecnológico importante foi a implementa-
cos ele movimentação temporal (modo M de movimento). ção de equipamentos de varredura automática (chamados
em tempo real ) nos quais um elemento piezelétrico se
Modo A amplitude) movimentava em uma trajetória definida, geralmente osci-
lando num eixo, permitindo a varredura automática de um
Os primeiros equipamentos ultra -s onográficos proces- setor do corpo em intervalos de tempo variáveis.
savam a informação na forma de gráficos de amplitude em
No processo de aquisição de imagens outros equipa-
relação à profundidade sistema ainda muito utilizado em
mentos passara
passaramm a incorporar vários elementos piezelétri-
ultra-sonografia oftalmológica. Deste modo um gráfico é
cos compostos ao longo de uma dada direção, cada qual
apresentado na tela do equipamento e m que cada interface
emitindo pulsos e recebendo ecos sucessivos em poucas
refletora é representada na forma de um pico de amplitude
frações de segundos. Deste modo nos transdutores utiliza-
em uma dada profundidade Fig . 1-15 ).
dos nos estudos em modo B, os elementos piezelétricos
podem ser arranjados espacialmente de forma linear (trans-
(trans-
Modo B brilho)
Na década de 1960 começaram a surgir os primeiros
equipamentos de ultra-sonografia a a presentar a informa-
ção na forma de imagens seccionais bidimensionais. Nestes,

Fig 1 16. tv o do B. Imagem


Imagem h abitua l de
de ultr a sonograf ia em que
cada ponto é representado num valor de brilho de acordo com a
Fig 1·15. odo A Cada eco gerado por uma interface refletora é am pl it ude dos sinais gerados. VB Vesíc ula biliar; P pâ ncreas;
apresentado na tela do equipamento como um pico de sinal. Sua V CI veia cava inferior; AO aorta; C coluna. As seta setas s ind icam
localização
localizaç ão no gráf ico à direita representa sua profundidade e sua artef ato de reverberação ca usado por bolhas gasosas na se gunda
al t ura corresponde à amplitude dos ecos. porção do duodeno.
 

 2

A B c
Fig 1·18. A  C ) Representação do conceito de reso lução esp ac ial

dpara
> x 2ospontos
pont os com
pontos são dispersão
são x) separados
discriminados;separados
em 8) sepor
d =uma di stâ nciao d.limite
x obtém-se Se
de resolução espacial;
espacial; em C) se d < x os dois po nt os não são
discriminados pelo equipamento.

puntiforme em modo A. A Fig. 1-18


1- 18 demonstra esta repre-
sentação da resolução espacial
espacial..
Fig 1-17. Mo do M mo vi m e nt o). Estudo
Estudo d e ref
refll uxo ga
gast
st roesofágico Na ultra-sonografia, os seguintes tipos de resolução
demonstra ma ter ial ec ogênico refluindo para o esôfago. podem ser definidos nos equipamentos:

1. Resolução espacial axial: capacidade de discriminar


dutores lineares) ou em uma superfície curva (transdutores dois pontos próximos ao longo da direção de propa-
convexos). gação do feixe ultra-sônico.
2. Resolução espacial lateral: capacidade de discriminar
Modo M movimento) dois pontos ao longo do eixo de varredura do transdu-
Utilizamos ainda hoje em ecocardiografia: o modo M de to ro
movimento. Este método de reprodução das imagens per- 3. Resolução de elevação: capacidade de discriminar pon-
mite o estudo da movimentação das diversas interfaces re- tos no eixo perpendicular ao plano de insonação.
fletoras ao longo da direção de propagação do pulso ultra-
4. Resolução temporal: número de quadros por segundo
sônico em um intervalo de tempo extenso (Fig. 1-17).
obtidos durante um exame.
5. Resolução de contraste: capacidade de discriminar pe-
Profundidade de memória e escala de cinzas
quenas variações de amplitude de sinal na forma de
Inicialmente, apenas as interfaces refletoras eram
tons de cinza.
representadas na tela dos equipamentos através de imagens
em preto e branco, sem tons intermediários. Um grande De modo ideal, almeja-se a obtenção do máximo de qual-
avanço tecnológico foi a aplicação da profundidade de quer destas resoluções , entretanto, como cada uma delas
memória , ou seja, a capacidade do equipamento de inter- está relacionada a outra, o examinador deverá procurar atin-
pretar valores intermediário
intermediárioss d e amplitude dos ecos e pro- gir o melhor compromisso entre elas.
cessá-los na forma de tons de cinza. Os primeiros equipa-
mentos utilizavam informação de apenas um bit por pon-
to da imagem O ou 1, não-eco ou eco). Equipamentos sub- Resolução espacial axial
seqüentes utilizavam memórias com profundidade de 4 A resolução espacial axial. capacidade em discriminar
bits, permitindo o armazenamento de 16 valores de ampli- dois pontos próximos ao longo do eixo de propagação do
tude diferentes, correspondentes a preto, branco e 14 tons feixe ultra-sônico, depende da duração dos pulsos de ultra-
de cinza
cinza.. Atua lmente os equipamentos têm geralmente pro- som (período). sabendo-se que os mais curtos apresentam
fundidade de memória de 8 bits (preto, branco e 254 tons maior capacidade de discriminação dos refletores (Fig.
de cinza). 1-19).
Fundamentalmente, a duração dos pulsos produzidos
R SOlUÇÃO depende tanto do tempo de excitação dos elementos pieze-
Consiste na capacidade de um método em discriminar létricos por pulsos elétricos como da eficiência do material
dois fenômenos discretos. No campo do diagnóstico por de amortecimento utilizado.
imag en s, resolução espacial representa o menor espaço Os sistemas ultra-sonográficos geralmente utilizam pul-
en t re dois pontos reconhecíveis como separados numa ima ima-- sos curtos, com cerca de três cicl
ciclos,
os, para a codificação esp a-
gem. ormalmente é utilizado o parâmetro fuI width half cial e construção da imagem . A utilização de freqüências
maximum para a determinação da resolução espacial. À permitem de
Por definição, a resolução espacial corresponde ao valor maiores
sos (ou seja,
de igual númeromenores) a utilização
de ciclos, porém com pul-
menor duração,
da disp ersão (d) na metade da amplitude máxima (Fmax/2) determinando imagens com melhor resolução (Quadros 1-3
em uma dada curva representativa dos ecos de um refletor e 1-4).
 

13

A B
Fig. 1-19. Freqüên cias maiores permitem pulsos menores e porta nto, me lhor resolu
resolução
ção e
espa
spacial
cial axi
axial.
al. A) Imagem a 3 MHz. B) Imagem a
6 MHz.

Quando um transdutor é disparado ele produz um feixe


Quadro 1-3. Comprimentos de onda característicos para
freqüências utilizadas em ultra-sonografia
ultra-sônico que é constituído de um lobo central ou lobo
principal) e de lobos laterais Fig. 1-2
1-20).
0). O lobo cent ral carre-
Freqüência MHz) Â mm) ga a maior parte da energia acústica do campo ultra-sônico
1,0 1, 54 e os lobos laterais correspondem a outras áreas com alto
valor de energia acústica, que também produzem ecos. Ele-
2,0 0,77
mentos piezelétricos diferentes daqueles que emitiram o
3,0 0,51
pulso captam os ecos gerados pelos lobos laterais, dando
3,5 0 44
origem a ambigüidades de localização espacial e degradan-
4,0 0 38
do a imagem, sobretudo em relação a refletores de alta
5,0 0,31 intensidade. A caracterização destes lobos pode ser realiza-
6,5 0,24 da através da translação de um refletor puntiforme ao longo
7,5 0,21 do feixe ultra-sônico e medindo-se a amplitude dos ecos
8,0 0,19 recebidos, produzindo-se um perfil característico como o
10 ,0 0,15 da Figura 1-20.
De acordo com a profundidade, freqüência do transdu-
tor e focalização do feixe, os lobos laterais podem ser mai-
ores ou menores num mesmo feixe. Lobos laterais muito in-
Quadro 1-4. Duração do pulso em modo B para freqüências
utilizadas em ultra-sonografia tensos degradam a imagem produzindo artefatos que simu-

Freqüência MHz) Duração 15)

3 0,8
A
5 0 4
10 0,3
20 0,2

esolução espacial lateral


Corresponde à capacidade de discriminação de dois pon-
tos no eixo perpendicular ao da propagação do feixe ultra-
sônico.
A resolução espacial lateral é diretamente proporcional
à freqüência do transdutor e ao número de elementos pie-
zelétricos numa mesma área de contato. Outros parâmetros X
específicos de determinação da reso lu ção lateral são os Fig. 1 20. Perfil de energia de um feix
feixe
e ultra-sônico apresen tando os
lobos laterai
laterais.
s. lobos central e laterais.
 

 4 'N l Ji·I§ ·Ifl@idJ aII @Ii§Mi


A

x
Fig 1-23
1-23.. Apodização - modulação da intensidade dos p
pulso
ulsos
s
elétricos aplicados aos elementos piezelétr
piezelétricos.
icos.

tricos aplicados aos e lementos piezelétricos, mais intensos


no centro do grupo e menos intensos gradativam ente em
sua periferia (Fig. 1-23).
O número de linhas compo n entes da imagem também é
Fig 1-21. Artefatos de lobos laterais em bex ig a produzidos por um fator de controle da resolução lateral. Para uma imagem
re fletores de alta intensidade. típica podem ser usadas 256 ou 512 linhas verticais de ima-
ge m até um limite de 3 linhas por comprimento d e onda da
Iam a pr e sença de faixas brilhantes em regiões próximas a freqüência utilizada . Aci
Acima
ma deste valor, o aumento de linhas
refletores intensos (Fig. 1-21). não tem significado na qualidade da ima ge m .
A redução do efeito dos lobos laterais pode ser obtida Em transdutores cuja ge o metria de campo é triangular
por meio do ajuste da freqüência de insonação do transdu- ou trapezoida l, as linhas de composição da ima ge m não são
tor em equipamentos multifreqüenciais, da adequação do paralelas, fazendo com que a resolução espacial latera l seja
foco do campo ultra-sônico em e quipamentos com arranjo pior nas porções profundas em relação às superficiais. As
de fase (ver seção foco) e da utilização de dois processos sim, nas porções mais profundas pontos são interpolados
eletrônicos denominados subdicção e apodização . e n tre duas linhas sucessivas, calc ul ando -se os seus valores
No processo de subdicção a imagem é formada faixa a de brilho a partir dos va lores das linhas limítrofes, através
faixa através de disparos sucessivos de pequeno s grupos de de um processo denominado raster interpo lation .
elementos piezelétricos resultantes da divisão dos grupos
principais. Por sua vez, os subelementos que compõem ca- Resolução espacial de elevação
da um destes pequenos g rupos são disparados simultanea- A capacidade em discriminar pontos no terceiro eixo
mente . (Fig. 1-22). espacial de orientação perp endicular ao plano de insona-
A apodização produz a redução eletrônica dos lobos la- ção, é o principal fator limitante da qualidade da im agem
terais através da modulação da intensidade dos pulsos elé- ultra-sonográfica (Fig. 1-24).

Fig 1-  . Subdicç


Subdicção
ão - pequ
pequenos
enos grupos
grupos de elemen
elementostos são Fig 1-24. O fei xe ultra -s ônic o tem espess
espessura
ura z) f ini ta e var iá vel ao
disparados sucessivame
sucessivament e reduzindo a espess ura lateral do feixe e longo da sua direção de de propagação x), produzi ndo resoluresolução
ção de
os lobos laterais. elevação var iá ve l.
 

q.nm· IU1lfj 15

Como pudemos observar nas seções anteriores , a reso- transdutor. Neste caso, a informação provenie nt e de cada
lução espacial no plano da imagem axial VS lateral pode ser grupo de el e mentos é processada simultaneamente de mo-
submilimétrica, de acordo com a freqüência e o foco utiliza- do a construir a imagem final com resolução te po ral ade-
do s , o número de elementos piezoel étricos e o número de
piezoelétricos quada.
linhas de composição da imagem. A resolução espacial de Nas situações clínicas do dia-a
dia-a-dia,
-dia, o com ro mi sso en-
elevação, por sua vez, depende de outros fatores tre resolução espacial e temporal é constant er ,l e nt e mani-
caracterização técnica tais com o: espessura do elemento pulado pelo ultra-sonografista, de modo a ob t e r ima
ima ge ns de
piezelétrico na direção da elevação, profundidade da foca li - qualidade diagnóstiC?
zação e presença de e lementos dispersivos que funcionam
como lentes acústicas no trajeto de propagação do feixe.
Resolução de contraste
A elevação é responsável por artefatos significativos
A capacidade do equipamento em discriminar pequenas
quando observamos estruturas menores que a espessura do
variações de amplitude de sinal na forma de ton s de cinza
feixe na região, determinando efeitos de volume parcial,
depende de fatores técnicos tais como: perfil de ergia do
como na tomografia computadorizada. Dois elementos pre-
feixe ultra-sônico, processamento analógico-digital, dyna-
se n tes conjuntamente na mesma posição no plano de inso-
mic range e registro de valores baixos de amplitu:le de sinal.
nação, porém em posições diferentes ao longo do eixo z,
contribuirão simultan ea m ente para o mesmo pixel da
imagem. Deste modo , estruturas císticas de conteúdo ane- Perfil de energia o feixe ultra sônico
cogênico podem aprese ntar ecos artefatuais no seu interior Como já discutimos na seção de resolução espacial, o
decorrentes do efeito de volume parcial com suas paredes. feixe ultra-sônico mostra um lobo principal (que apresenta
Uma situação em que este artefato é particularmente maior concentração de energia acústica) e lobos laterais
importante é durante a punção aspirativa com agulha fina (que determinam uma distribuição mais dispersa de energia
PAAF) pois a presença de lesão muito pequena com trans- ao lon go da área do transdutor . Os lobos laterais são res-
dutor de área de contato larga e focalização inadequada ponsáveis tanto pela redução da resolução espacial lateral
pode fa ls ear a localização da agu lh a no interior da lesão. como pela degradação do contraste da imagem. Assim é
Os equipamentos mais recentes apresentam tecnologias que reflexões de pulsos obtidos nos lobos laterais produ-
que não apenas permitem a redução dos artefatos de eleva- zem codificação espacial inadequada e superposição de
ção e lementos piezelétricos mais finos e sistemas de focali- informação de superficies refletoras.
refletoras. No entanto, se as ima-
zação mais eficientes) como também ut ili zam este efeito gens forem reconstru ídas apenas com os sinais ob t id os no
reconstruídas
para a aquisição de imagens volumétricas (ver seção 3D). lobo principal do feixe teremos uma imagem com boa reso-
lução espacial lateral, porém com pouca contrib ui ção dos
Resolu
Resolução
ção tempora
tem porall ecos de baixa am p litude. Assim, é preferível que os artefatos
gerados pelos lobos laterais sejam minimizados mediante a
Corresponde à capacidade do sistema em produzir o
redução da intensidade dos pulsos elétricos ap li cados aos
maior número de quadros num mesmo intervalo de tempo,
elementos piezelétricos periféricos (apodização). Adiciona l-
permitindo o registro do movimento das estruturas em
mente, a utilização de uma faixa de recepção mais se nsível
estudo com o máximo de fidelidade.
permite que os refletores de baixa am p litude também con-
A resolução temporal é limitada por uma série de fato-
res, alguns deles contornáveis, outros intrínsecos ao méto- tribuam para a representação adequada das estruturas na
imagem, permitindo uma melhor diferenciação entre as
do. Como observamos na seção de formação de imagem, as
diversas ecogenicidades.
linhas de varredura são formadas a partir dos ecos gerados
pelas interfaces ao longo da trajetór ia do feixe
feixe u ltra-sônico.
Como a velocidade do som é estimada em 1540 m/s, para
Processamento analógico digital
uma profundidade de 20 cm, uma linha demora 26/-1s. Assim , Cada grupo de e lementos piezelétricos necessita de um
para uma imagem composta de 256 linhas temos 66 ms, com canal de processamento analógico/digital (NO), capaz de
a freqüência máxima de imagens de 15 quadros/ segundo . converter rapidamente o sinal recebido.
As técnicas de focalização do feixe ultra-sônico deman- A capacidade de conversão NO deve ser no mínimo três
dam um tempo maior que o ideal, sendo que as freqüências a quatro vezes maior que a freqüência utilizada e correspon-
de imagem podem ser ainda menores (6-8 Hz), devido ao der aos valores de amp litude do s in al : os va
va lores de potenci-
processo de focalização. Em situações em que se faz neces- a l dos nais gerados pelos ecos num exame convencional
si
sária uma reso lu ção temporal maior, esta poderá ser obtida à varia de 1 microvolt 1 /-1V a 1 volt, ou seja, varia de um fator
custa da resolução espacial: reduzindo a profundidade da de 1.000.000. Esta gama de distribuição de valores seria
imagem, a densidade de linhas ou a área de insonação na amostrada idealmente por conversores com capacidade de

direção latera l. Outro mecanismo que pode ser utilizado pa- 20 bits (1.048. 576 valores)
valores),, considerados invi
inviáveis
áveis economi -
ra acelerar a aquisição de imagens é o processamento para- camente . Assim, os equipamentos atuais utilizam sistemas
lelo, no qual grupos de e lementos piezelétricos são dispara- de conversão NO de 8 bits (para 256 grupos de elementos
elementos
dos simult aneamente em posições diferentes da trilha do ou 10 bits (para 1.024 gr upos de elementos).
 

16 1I1· i li·I§I·I3@   ii,I.r·M W4

Na formação da imagem ultra-sonográfica os va lores de Utilizando-se os valores aproximados de 1 -ls para a


amplitude de sinal serão convertidos em um va lor de lumi- duração do pulso ultra-sônico e 500 /-ls para o intervalo de
nosidade em uma escala de cinzas. Esta distribuição de va lo- recepção temos : a 1.540 m/s de velocidade, teremos 1,54
res corresponde ao "range" de amplitudes com que podere- mm de deslocamento do pulso em l/-ls , ou seja, 770 mm de
mos operar nossa escala sendo que, naqueles equipamen- trajetória (385 mm como pulso e 385 mm como eco) . Para Para
tos com alta capacidade de conversão analógico-digital, uma imagem reconstruída com 128 linhas, teremos: 500 /-ls x
alguns dest es valores podem estar situados na faixa de satu- 128 linhas = 0,064 s por imagem, permitindo uma seqüência
ração, tornand o-se indistinguíveis entre si. No entanto , as de quadros ("frame rate   ) de 15 quadros por segundo. Se a
informações
informações ref erentes a estes valores latentes na imagem profundidade a ser estudada for menor, 15 cm por exemplo,
podem ser resgatadas através da manipulação do "dynamic teremos a possibilidade de reconstruir cada linha em cerca
range" e da escala de cinzas utilizados para a apresentação de 250 /-ls e obtermos uma seqüência de imagens a quase 30
da im agem. quadros por segundo Isso tem implicações práticas óbvias,
pois ao estudarmos estruturas mais profundas em imagens
Dynamic range panorâmicas, teremos forçosamente seqüências
seqüências de imagens
O "dynamic
"dynamic range" de fine quais os valores de amplitude mais lentas. Isto também permite que calculemos o número
de sinal que participarão na formação da imagem ultra- máximo de linhas por imagens num raciocínio inverso: se
sonográfica, estabelecendo a relação de contraste de modo temos uma seqüência de 30 quadros por segundo a uma pro-
análogo à "janela" utilizada em tomografia computadoriza- fundidade de 20 cm, temos 0,033 s por quadro, que dá 51
da. Assim,
Assim, numa aqui sição que tenha sido digitalizada com metros de varredura a 1540 m/s, dividido pela profundidade
256 tons os valores intermediários participarão da escala de 20 cm, temos 254 linhas de imagem. A resolução espacial
de cinzas, enquanto que os valores extremos serão apresen- lateral de uma imagem não deve exceder 3 a 4 compri mentos
tados em preto ou branco (Fig. 1-25). de onda. Para um transdutor de 5 MHz, por exemplo, tere-

mos O, 31 mm x 3= 0,93 mm, ou seja, 10,7 linhas por cm.


Quando observamos uma imagem ultra-sonográfica
estamos vendo a distribuição espacial das estruturas gera-
doras de ecos ao longo da direção de propagação do som e
ao longo da direção de varredura do feixe ultra-sônico.
Como já discutimos anteriormente as características do fei-
xe ultra-sônico, do meio e do processamento da imagem
definem a aparência dos objetos à ultra-sonografia . Estrutu-
Estrutu-
ras que não geram ecos são denominadas anecogênicas
estruturas que geram poucos ecos, hipoecogênicas , e estru-
turas que geram ecos intensos, de hiperecogênicas. Em ge-
rai estes termos são utilizados comparativamente entre
dois órgãos ou entre uma lesão e os tecidos adjacentes.
Outras variáv
variáveis
eis podem ser utilizadas para melhorarmos as
características das imagens, dentre as quais destacaremos

Fig 1-25. Efeito do Dynam ic range na imagem. A) Dynamic range algumas:


estreito B) Dynamic range largo. Note a variação
variação do contraste Rejeição
absoluto entre estruturas.
A rejeição ("rejection") consiste na capacidade do equi-
pamento em eliminar os ecos de baixa amplitude indesejá-
IM GEM veis na formação da imagem, permitindo uma melhor defi-
nição das estruturas anecogên ic as.
Tamanho da imagem
A imagem modo B em tempo real produzida por um
oftening
tra nsdutor é uma matriz de pontos codificados espac ial- Consiste num tipo de filtragem em que as bordas das
men
me n te ao longo da trajetória de propagação do feixe ultra- diversas estruturas são "amaciadas, ou seja , há
há uma interpo-
sônico e ao longo do eixo perpendicular a este. A localiza- lação de dados entre as imagens de duas estruturas adjacen-
ão es pacial no
no eixo de propagação do feixe é feita de acor- tes para reduzir o efeito de borda entre elas.
do com o tempo de chegada do eco a que corresponde e no
outro eixo pela linha da qual faz parte , seja por ser obtido Echo
Echo enhanceme
enha nceme nt ou Edge enhancement
enhanc ement
em uma posição específica da oscilação do elemento pieze- Consistee e m outro tipo de filtragem em que a matriz de
Consist
létrico num tra nsdutor setorial, seja por ser recebido por imagem é processada de maneira a realçar as diferenças de
um d ado ele mento num transdutor linear. Os pontos codifi- ecogenicidade entre ' estruturas adjacentes, tornando mais
cado ão denom inados "pixels" (de "picture element"). conspícuas as bordas entre elas.
 

  m O'IU1 i 17

Persistência ou média tempor l ma a realçar ou minimizar o contraste em tons de cinza es-


pecíficos (Fig. 1-26).
Persistência consiste na influ
Persistência influência
ência que um qua dro possui
na constru ção do quadro sucess
sucessivo.
ivo. Assi
Assim,
m, quan do uma im
ima-
a-
gem é formaJa na tela do equipamento, temos o padrão de DOPPLER
reflexão dos ecos associado ao padrão de difração ou espa- Christian Andreas Doppler descreveu este fenômeno
lhamento dos pequenos refletores. Estes geram ecos que em 1841 . O Efeito
Efeito Doppler é uma maneira de quantificar a
interagem entre si num padrão de interferência de fase, cau-
sando inomogeneidades em cada imagem formada ( speck- velocidade do movimento relativo entre uma fonte de um
fenômeno periódico e um observador (seja uma onda ele-
le ). Aumentando-se a persistência das imagens na tela, ou tromagnética, seja uma onda sonora).
seja, fazendo com que cada imagem contribua numa certa
Doppler considerou corretamente que, quando fonte e
porcentagem com a sua sucessora, eliminamos em parte o
observador estão se afastando um do outro a freqüência
padrão de interferência que será diferente para cada uma das
recebida pelo observador seria menor que a efetivamente
imagens individualmente ( despeckle ) Fig. 1-13).
emitida pela fonte de maneira proporcional à velocidade de
deslocamento relativo. Da mesma maneira, se fonte e
Pós processamento em escala de cinzas observador estivessem se aproximando, a freqüência rece-
Define a variação da escala de cinzas utilizada, permi- bida seria maior que a efetivamente emitida pela fonte, co-
co-
tindo manipular quais valores de amplitude estarão mais ou mo se os ciclos das ondas fossem respectivament e estica-
estica-
menos contrastados na imagem. Assim, uma escala de cin- dos ou comprimidos junto com o espaço que varia entre
zas linear representará cada valor de amplitude com um os dois sujeitos.
valor de cinza, enquanto curvas de escala sigmóideas pro- No caso da ultra-sonografia,
ultra-sonografia, fonte e observador são um
duzirão um maior contraste nos valores intermediários e mesmo objeto , o transdutor , sendo observadas as estrutu-

valores comprimido s nos extremos de amplitude . Podemos


valores ras refletoras móveis dentro do corpo, notadamente o fluxo
manipu lar assim as fai
faixas
xas de amplitude de interesse de for- sanguíneo. Isto significa qu e , quando o refletor do pulso

Fig 1-26. Diferentes pós-proc   ssamentos: (A ) C


Curvas
urvas
de escalas de cinzas diferentes produzem contrastes
difer   t  s - hemangioma he
hepático.
pático. (B) Edge
enhancement
enhanc ement - aumento da consp icuidade dos
ecos.
 

  8
'N iXii'@'I3iMiriij:tn.M'WJ'

ultra-sônico está em movimento relativo ao transdutor, o


eco recebido terá uma freqi.iência diferente daquela efetiva-
Fd
- - -  c
Fo , 2 cos8
mente gerada pelo equipamento, Habitualmente o ângulo 8 deve estar entre Oe 60 °, pois
A medida da ve locidade do flux o sanguíneo, ou seja, valores acima deste produzem co-senos proporcionalmente
dos refletores em mo vi mento constituídos por grupamen- menores, aumentando o erro na determinação da velocida-
tos de hemácias, é realizada através da medida do desloca- de efet iva , pois a componente vetorial do movimento, para-
mento de fase e conseqi.ientemente, freqi.iência) entre dois lela à direção de in sonação, responsável pelo efeito Doppler
ou mais pulsos, Para uma co ndição de in sonação normal, torna-se progressivamente menor, Devido a esta dependê n-
esta diferença de fase do sinal é produzida pe la movimenta- cia em relação ao ângulo de insonação, em determinadas
ção das partículas refletoras, sendo calculada na forma: condições, em especi
especiaa l quando o trajeto do vaso estudado é
curvo, cada ponto em que o espectro é adquirido pode
Fd = _2_,_F_o_ ,_ v apresentar um perfil de flu xo diferente Fig, 1-27), que ao
c ser corrigido em rel ação ao ângulo, deverá apresentar a in-
formação correta de velocidades, Em condições de insona-
onde Fd é a freqi.i
freqi.iênci
ênciaa de desl
d eslocame
ocame nto Doppler
Dopp ler ou seja, a ção acima de 60° o er ro de estimativa será progressivamen-
diferença de fase do sinal entre o pulso emitido e o eco rec e- maior até que na situação de perpendicularidade a com-
te maior
bido  ; Fo , a freqi.iência originalmente emitida pelo transdu- pon ent e paralel
paralelaa à normal de insonação será nula
nula,, e o efeito
tor; v, a velocidade do deslocamento das partículas refleto- Doppler não ocorrerá,
ras a ve locidade do sa ngue no vaso estudado) e c, a veloc velocida-
ida-
Os estudos rea
rea li za dos com o método Doppler passaram
de do som no meio no cas caso
o 1 40 m/
,5 s),
por uma grande
grand e rev
revol
ol ução quando foram criados os equipa-
Os estudos com efeito Doppler podem ser baseados
mentos dúplex, capazes de apresentar simultaneamente as
apenas na medida da diferença entre a freqi.i ência emitida e image ns em modo B e o traçado do mapea mento Doppler, Doppler,
a recebida pelo transdutor, reportada em kilohertz kHz), De
outro modo, para obtermos um conhecimento fidedigno Estes equipamentos permitem que o ângulo com o qual o
feixe de ultra-som atravessa o vaso seja identificado através
com respeito à velocidade das partículas refletoras em da ima ge m, inferindo-se assim o ângulo 8 formado entre o
movimento, é necessária a complementação com um fator vetor de fluxo e o feixe ultra-sônico Fig, 1-28) ,
de correção do ângulo formado entre entr e o ffei
eixe
xe de insonação e
o vetor principal de fluxo do vaso estudado 8):
emodulação
Fd = _ _,_
_,_F
F_o_ ,_ v , _c_o_8_ O sinal de bai xa freqi.iência do deslocamento Doppler
c está superposto ao sinal de alta freqi.iência dos ecos do
ultra-som,, e a isto chamamos modulação, A onda port ador
ultra-som adoraa
Assim , podemos determinar a velocidade do desloca- é modulada , ou seja
seja , sofre pequena s alterações de amplitu-
mento das partículas refletoras v): de e freqi.iência que são o sinal de deslocamento Doppler, e

AL -________ _ _______________________ _ _
Fig 1-27 , A) NNum
um vaso de trajetória curva cada ponto do vaso apresentará deslocamento Doppler diferente de acordo com o ângulo formado
en re o ve or de fl
fl u xo e a direção de propagação do feixe ultra -sônico, 8 ) Tronco ce líaco, observando-se as diferenças de cor e matiz
proporcionais à di re ção e velocidade média do fluxo nos vasos
 

G,ümd lU1lfj 9

Fig 1·28. odo Dúplex . Amostragem simult


simult ânea da imagem modo
B e das formas de onda de velocida
velocidade.
de. Notar a marcação do volume
de amost ra gem o cursor de ângul o, colocado na direção do eixo
princi pal do vaso.

esta informação deverá ser extraída através de um processo


denominado demodulação. O processo é análogo ao rádio
onde o sinal de alta freqüência kHz ou MHz) é a onda porta-
dora , e os sons música , fala)
fala) são modulações de baixa fre- Fig 1 29. Uma hemácia única deslocando se em mo vimento retilíneo
qüência da onda portadora . Assim, para obter a informação uniforme gera uma freqüência de deslocamento Doppler úni ca, e a
de velocidade, os equipamentos de ultra-sonografia elimi- transformada de Four ie r será um pico único de freqüên ci a.

nam a onda portadora extraindo apenas a informação de


baixa freqüência.

O processo de demodulação coerente é realizado da também será único e proporcional à sua velocidade Fig.
seguinte forma : o sinal recebido é multiplicado por outro 1-29).. Nas condições reais, as hemácias são muitas, viajam a
1-29)
sinal de mesma freqüência, porém não modulado. O sinal velocidades diferentes devido às condições reológicas veja
resultante é então processado em um filtro passa-baixas que a seção Hemodinâmica), em vasos elásticos , geralmente
permite isolar apenas a informação de baixa freqüência do com ângulos muito variados. Assim, os ecos recebidos terão
deslocamento Doppler (habitualmente com freqüência 10 3 deslocamentos de freqüência muito variados, amplitudes
vezes menor que a portadora). Porém se realizarmos a de- variadas, que deverão ser anal isada s Fi
Fig.
g. 1
1-30).
-30). Este sinal,
sinal,
modulação desta maneira, perdemos a informação quanto composto por várias freqüências de deslocamento Doppler,
ao sentido do fluxo, e por isso os equipamentos fazem a pode ser decomposto pela análise de Fourier em um espec-
demodulação em duas fases, em paralelo. Primeiramente o tro de freqüências .
sinal de freqüência da onda portadora cot é separado em
duas componentes: um canal processa a informação de Este espectro representa a distribuição de freqüências
Doppler e , portanto , das velocidades das hemácias) num
cosco t, e outro canal processa sen coto O resultado é o mes-
determinado instante t . A informação obtida pela análise de
mo com uma diferença de fase de 90 ° , formando as compo-
Fourier é acumulada ao longo do tempo e apresentada no
nentes de sinal direto I ou co-seno) e o sinal em quadratura
domínio de tempo , como se a informação de distribuição
Q ou seno), permitindo distinguir o sentido do fluxo san-
espectral fosse arrastada ao longo do tempo Fig. 1-31).
guíneo: I para o fluxo aproximando-se do transdutor e Q
Esta última forma de apresentação, ou seja, a evolução tem-
para o sentido contrário. Isto pode ser realizado continua-
poral da distribuição espectral de velocidades corresponde
equipamentoss de Doppler contínuo, porém nos
mente nos equipamento
ao que a literatura médica chama de espectros, e é esta
equipamentos de Doppler pulsado ou mapeamento colori-
informação temporal que será analisada clinicamente para
do, como obtemos apenas amostras discretas, a informação
interpretação hemodinâmica .
é processada espectralmente depois da demodulação.
Eventualmente a informação dos canais direto e em
A informação recebida em forma de deslocamento Dop- quadratura pode sofrer contaminação de informação um
pler de freqüência é então processada de maneira a obter- do outro , devido a processamento inadequado , a ângulo
mos os gráficos de velocidade que interpretamos no uso clí- inapropriado ou ainda a excesso de ganho , causando um
nico. Em uma condição hipotética ideal em que um único artefato
artefato denominado ro ssta/k . O resultado deste artefa-
refletor uma única hemácia) viaja em movimento retilíneo to é uma imagem especular das formas de onda apresenta-
uniforme em direção ao nosso transdutor em ângulo de 0°  , da simultaneamente como fluxo anterógrado e retrógrado
o deslocamento de freqüên cia produzido por esta hemácia
freqüência Fig. 1-32).
 

2 I,il;hii·@·I3Mi+':
I,il;hii·@·I3Mi+': .i·ij
.i·ijI'§M'
I'§M'

oppler pulsado
A Com o objetivo de identificar a localização espacial das
estruturas vasculares foram desenvolvidas técnicas de
mapeamento pulsado ( pulsed wave ) em que pequenos
pulsos ultra-sônicos são emitidos e seus ecos recebidos em
um intervalo muito estreito de tempo chamado comporta
( gate ). em que o equipamento está permeável à recepção
dos sinais. O período inerte do transdutor entre a emissão
do pulso e o início da recepção determina a profundidade
em que a amostra se localiza, e a duração do período de
t recepção determina o tamanho do volume de amostragem
( sample volume ). Deve-se ressaltar que no caso dos siste-
B mas pulsados , a duração do pulso ultra-sônico é diretamen-
te proporcional à confiabilid
confiabilidade
ade da med ida de velocidades.
No entanto os sinais mais longos causarão uma incerteza
maior em relação à localização dos refletores (pior resolu-
ção espacial). Isto ocorre porque a transformada de Fourier
de um pulso longo corresponde a um espectro estreito , e a
transformada de um pulso curto corresponde a um espectro
mais largo, pois a determinação das freqüências ao longo do
pulso é menos precisa (Fig. 1-33).
Como a amostragem é realizada de maneira pulsada,
  re
Fig.
fr 1- . Várias
eqüências hemácias a velocidades
de deslocamento dife ntes
Doppler diferente produzem
s A ) e su a ela possui uma freqüência específica de pulsação denomina-
da PRF ( pulse rate frequency ) que especifica o número de
tran sformad a de
de Fourie
Fourie r representa
representa um a distribuição esp
espect
ect ral de
amostras por intervalo de tempo que são tomadas no volu-
freqüência s B) e sua variação
variação ao lo ngo do tempo re presenta a
fo rma de onda de ve locidade.
me de amostragem .
Assim, os sistemas pulsados calculam o valor do deslo-
camento de freqüências a partir de amostras de curta dura-
ção, porém com um espaçamento temporal constante defi-
oppler contínuo
nido pelo PRF quanto maior o PRF maior será o número de
Os primeiros equipamentos utilizavam transdutores de freqüências amostráve is pelo sistema, maior será a variação
onda contínua constituídos de dois elementos., um deles de velocidades detectáveis sem ambigüidades pelo equipa-
emissor e outro receptor. Ainda hoje são utilizados em obs- mento e, portanto , maiores serão as velocidades detecta-
tetrícia na monitoração fetal, em equipamentos de mapea-
mento Doppler em consultórios clínicos e em ecocardiogra-
fia. O grande inconveniente destes sistemas é que a emissão
e a recepção de uma onda contínua não nos permitem reco-
nhecer a profundidade dos refletores, de tal forma que, se
dois vasos são interceptados pelo feixe ultra-sônico, ambos
apresentarão seus sinais superpostos no equipamento.

t
Fig. 1-31. Processam en to de sinal por tran sform ada de F
Four
our ier ao
longo do empo, O gráfico de fo r ma de onda de velocidade
apresentado nos exames de map ea mento dúplex representa a
variação das
das freqüências de deslocament o Dopp le r, po rt nto, das
velocidades, das hemácias ao longo do te mpo .   ig_ 1-32. Crosstalk - artefato esp
espectr
ectral em espelho.
 

Gm MtiI IUiliJ
IUiliJ 21

num fenômeno periódico. Baseiam-se no teorema de Harry


Nyquist sobre a amostragem digital: qualquer fenômeno
A
VVV T  periódico deve ser amostrado pelo menos duas vezes a cada
ciclo para que não haja ambigüidades quanto às suas carac-
terísticas de fase e freqüên cia Fig.
Fig. 1
1-35
-35).
). P
Para
ara sua corre ção
é necessário aumentarmos o PRF de maneira a ampliarmos a
B faixa de detecção de velocidades maiores.
Fig 1-  . Transformada de Fourier de pulsos
pulsos finitos . (A
(A ) Pulsos de
lon ga duração têm espectros de freqüências bem definidas. (B) Pulsos Sistemas dúplex
de curta duração apresentam espectros de freqüências largas. O grande avanço
avanço em termos de utilização prática dos sis-
temas ultra-sonográficos com mapeamento Doppler se deu
com a introdução dos sistemas dúplex, onde dois feixes
das. O valor máximo da amplitude do sinal para cada fre-
ultra-sônicos
ultra-sônicos são simult aneam ente utilizados, um adquirindo
qüência é apresentado na forma de um gráfico que corres-
imagens em modo B e o outro realizando o mapeamento de
ponde à distribuição espectral de freqüências. Ass
Assim,
im, a evo-
velocidades com Doppler pulsado Fig . 1-28). A imagem em
lução temporal desta amostragem ao longo de um ou vários
modo B permit e a observação dir eta do vaso e a correção do
ciclos cardíacos corresponde à forma de onda de velocidade
ângulo a, permitindo a análise das velocidades de fluxo.
que vemos na tela do equipamento , sendo que velocidades
Em resumo, as características do sistema dúplex possi-
maiores são detectadas quanto maior o PRF.
bilitam que sejam avaliados: a presença de fluxo,
fluxo, a distribui -
Podemos concluir também que através dos sistemas
ção das velocidades, a evolução temporal das velocidades,
pulsados obtemos apenas partes do sinal de deslocamento
as velocidades máxima, média, mínima e modal e o cálculo
Doppler que serão então interpolados para que possamos
de índices de análi
análise
se hemodinâmica .
reconstruir os espectros. Entretanto, a resolução espacial
desta técnica não é tão precisa quanto no modo B e cuida- Nos equipamentos modernos uma série de parâmetros
de processamento de sinal pode ser modificada:
dos devem ser tomados quanto à sua aplicação principal-
Ganho. Regula a amplificação do sinal recebido, permi-
mente quanto ao ganho utilizado no sistem a . Os volumes de
tindo a observação de sinais de baixa amplitude . Como dis-
dis-
amostragem não correspondem precisamente às barras de
semos anteriormente, é necessári
necessárioo manter uma relação ade-
localização apresentadas na imagem modo B, tendo a forma
quada de ganho para evita r a obtenção de sinais espúrios ou
de uma gota, possuindo um lobo de detecção principal e
de ruídos indesejáveis. Um
Umaa boa sugestão para os iniciantes
uma cauda de detecção que será mais longa quanto maior
é utilizar um ganho suficiente para observar um pequeno
for o ganho utilizado no sistema. Isto pode produzir alguns
artefatos se o ganho for aumentado excessivamente, poden
do-se identificar fluxo
fluxo onde de fato ele não existe Fig. 1-34).

liasing
é um fenômeno estroboscópico que ocorre tan-
li sin  
to nos sistemas pulsados como em sistemas de mapeamen-
to colorido devido às amostragens digitais que ocorrem

B
Fig 1-  4. Artefato de Ganho. Aumentos exagerados do ganho Fig 1-35. Aliasing (A ) Amostragens menores que 2 pontos para
implicam em detecção de fluxo artefatua l A imagem ilustra o cada Cicio podem reproduzir freqüências harmônicas ambíguas.
volume de amostragem fora dos vasos ilíacos, contu do detectando o (B) Efeito do aliasing nas imagens de mapeamento colorido e
fluxo arterial do vaso superficial a ele. amostragem espect
espectral.
ral.
 

22 1i1·'jtii·I§ ·IfliM'hW: tl.@II§@i


ruído de fundo ao longo da amostragem , evitando que se Histogramas . Permitem a avaliação da distribuição es-
percam sinais de baixa amplitude . pectral de freqüências para um dado in st a nte do mapeamen-
PRF ou escala d e velocidades. Determina a freqüência de to pulsado. Permite uma análise mais acurada a respeito da
pulsação do feixe de mapeam ento Doppler, definindo os limi- presença de alargamento espectral (turbulência por exemplo)
tes de velocidades que podem ser amostrados sem o efeito num instante específico do ciclo cardíaco Fig. 1-36).
de aliasing Cada leito vascular possui velocidades caracterís- Steering. Consiste na capacidade de equipamentos com
ticas, portanto , não há um PRF padrão para ser utilizado. O arranjo de fase em angular o feixe ultra-sônico, permitindo

examinador deverá adequar este parâmetro de maneira a ad- melhorar o â ngulo de insonação do vaso , aumentando por-
quirir gráficos de onda sem ambigüidades e com dimensões tanto o módulo do sinal de deslocamento Doppler e redu-
adequadas à aná   se em cada leito vascular estudado. zindo o erro de estimativa de ve locidades.
Tamanho da amostra. Determina o intervalo receptivo
do equipamento aos ecos permitindo a análise de volumes
maiores ou menores do vaso a ser estudado. Amostras pe- apeamento colorido de fluxo
quen as necessitam de amplificação maio
maior,
r, enquanto amos- Atualmente a grande maioria dos equipamentos com
tras maiores podem apresentar problemas quanto à resolu- capacidade de análise Doppler possui a habilidade de apre-
ção espacial, podendo detectar fluxos provenientes de mais sentar mapeamentos coloridos de fluxo, que consistem em
de um vaso contidos no mesmo volume. Vasos maiores per- mapas bidimensionais do deslocamento Doppler ao longo
mitem o uso de volumes de amostragem maiores. Vasos me- da imagem apresentada em modo B. Estes mapas consistem
nores requerem amostras menores contudo , quando inves- de uma segunda matriz de dados correspondentes às medi-
tigamos uma região em que não somos capazes de observar das de deslocamento de freqüência que são superpostas à
diretamente os vasos em modo B, podemos utilizar amos- imagem modo B numa região de interesse ( color box ).
tras grandes na tentativa de detectar às cegas algum peque- Existem quatro maneiras d e se produzir estes mapas de

no vaso que permita uma análise adequada da hemodinâmi - cores: técnicas de autocorrelação mapeamento Doppler de
ca da região. amplitude , transformada discreta de Fourier e mapeam e nto
Filtragem. Elimina os ecos de baixa velocidade que po- em domínio de tempo. Os mapeamentos coloridos permi-
dem representar ruídos provenientes da movimentação das tem a análise da presença ou ausência de fluxo, a direção do
partes moles adjacentes aos vasos estudados. Recomenda- flu xo, a velocidade mé di a , o sentido do flux
fluxo
o , presença ou
se a utilização da menor filtragem disponível no equipa- não de turbulência e a evoluçã
evolução o temporal do fluxo.
mento para se evitar o perigo da eliminação de sinais de Sistemas capazes de demonstrar simultaneamente a
vasos com baixas velocidades. imagem modo B em tempo real real , o mapeamento colorido e
Rejeição. Elimina os ecos de baixa amplitude que cor- os gráficos de velocidade do Doppler pulsado são denomi-
respondem a ruídos de fundo causados pelos circuitos de nados tríplex.
amplificação. Recomenda-se também a utilização nos mais
baixos valores para evitar a eliminação dos sinais fracos pro-
venientes de pequenos vasos.
Velocidade de varredura. Determina a velocidade com
que as curvas de velocidade são apresentadas na tela, permi-

tindo maior ou menor detalhe a respeito da evolução tempo-


ral das velocidades de flux
fluxo.
o. A velocidade de varredura deve-
rá ser ajustada de acordo com a freqüência cardíaca do paci-
ente. Por exemplo, na análise de formas de onda fetais, reco-
menda-se uma varredura rápida devida a alta freqüência car-
díaca.
Linha d e base. Permite elevar ou baixar a linha de base
que representa a velocidade 0, ou seja, a ausência de deslo-
camento Doppler para um mesmo PRF. Permite eliminar o
aliasing sem aumentar o PRF se este está próximo do ideal
para as velocida
velocidades
des amostradas.
Inversão de sentido. Permite alternar a posição dos cf
nais I e Q na apresentação dos gráficos de onda ou seja,
inverter a posição dos sinais de fluxo anterógrado e retr ó -
grado em relação à linha de base.

Congelamento da imagem modo B. Permite liberar o Fig 1-36


1-36.. Hist
Histogra
ograma
ma - análi
análi se espectral em mome ntos isolados o
equipamento para a realização apenas da análise espectral ciclo cardíaco demonstrando s curv  s de distribuição de
reduzindo o ruído de processamento e também aumentan- freqüências
freqüên cias velocidades
velocidades máxima e modal no pico sistólico
sistólico e n
do a capacidade de equipamento em atingir PRFs maiores. protodiástole.
 

gmmkl
gmm kl lliWh
iWh 23

Pulsos muito curtos produzem uma estimativa inexata da PRF = 1/T. Podemos inferir, portanto, qu e os fen ômenos
da velocidade
velocidade dos refletores em movimento
movimen to devido às carac- de l s n   também ocorrem no mapeamento colorido de
terísticas das equações de autocorrelação. freqüências . Mult
Multiplicando-se os vetores UO , U ....
iplicando-se .... .Un para
vários pulsos e obtendo-se os valores de Ô<l> , obtemos um
apeamento colorido de freqüênci s por correlação res ultante de amplitude Ri com desloca-
vetor de correlação
utocorrel ção mento de fase
fase médio , denomina
denominado:
do:
)
A redução da resolução
do acrescentamos temporal colorido
o mapeamento também ocorre quan-
às imagens ô<j>
modo B. O processo de mapeamento colorido acaba por que corresponde à velocidade média de fluxo na reglao
consumir um tempo maior para para sua apresentação, reduzin- amostrada. Estas diferenças de velocidade são apresentadas
do também o número de quadros por segundo. O número na forma de cores: fluxos se aproximando do transdutor
de linhas de composição da imagem na área de amostragem repres entada s em vermelho e flu
fluxo
xoss se dis
distanciando
tanciando em azul
colorida e a duração e número de pulsos utilizados em seu ou vice-versa. Existem vários mapeamentos coloridos
mapeamento interferem na velocidade de apresentação das podend o r epresentar as variaç
variações
ões de velocidad
velocidadee como tons
imagens; portanto, quanto melhores os detalhes da imagem de cores variando a saturação, variando de uma cor a outra,
colorida (maior número de pixels ou maior número de pul- outro . A magnitude I R I não é apresentada
ou de um matiz a outro.
sos) mais lenta será a apresentação das imagens. na imagem colorida, mas permite calcular a variância (J2que
Inicialmente desenvolvida no Japão por C. Kasai e A. corresponde ao desvio-padrão das medidas de ô<l>, ou seja,
Namekawa em 1982, ao contrário das técnicas de FFT que das velocidade
velocidadess entre diferentes medidas.
realizam cerca de 64 a 256 amostras por cada período de A funçã
funçãoo de correlação ppode
ode s er repr
represent
esent ada para fu
fun-
n-
medida, o sistema de autocorrelação, como o nome indica, ções contínuas como:
compara a informação de uma linha de amostragem obtida
com um pulso com as informações obtidas no pulso subse-
f
+00

R t)= g t)h t) = *( t)h( t+t)d-r


qüente. As diferenças de fase de sinal obtidas entre os dois
pulsos e um sinal de referência correspondem a uma medi-
da direta do deslocamento de freqüência Doppler. Quando onde g(t) e h(t) são as funções correlacionadas. Apresentam
realizamos o processo de demodulação do sinal, obtemos uma diferença de fase t e são multiplicadas. Seu resultado é
os sinais I e Q. O curso periódico destas funções determina integrado de - 00 a + 00 . O g*( t) é o conjugado complexo de
no detetor de fase do equipamento os valores de desloca- g(
g(t)
t).. O resultado obti do é o valor de correlação no te mpo t.
mento de freqüê ncia Dopple r. Quando o fluxo se aproxima
ncia Dopple Para um sistema pulsado, na situação geral em função
do transdutor, I e Q possuem um deslocamento de fase de contínua em que operamos no momento:
90°. Podemos comparar os valores de amplitude de I e Q
fazendo I/Q ao longo das medidas e comp arar os valores de
ô<l> cc OJ = 21tf
fase de sinal através de um vetovetorr U de direção I> que descre- e a variânci
variânciaa p ode sser
er expres
expressa
sa como:
ve as. mudanças de fase entre I e Q. Quando amostramos o
fluxo através de várias medidas obtidas em intervalos dife-
OJ - m) 2P OJ)dOJ
rentes T, 2T, 3T .. ) o veto r U roda assumi ndo ângulos de fase
(J 2 = OJ 2) _ (m)
(m) 2 =

-
diferentes <1>0 , <1>1, <1>2 . As diferenças de fase entre dois pul-
sos sucessivos ô<l> corresponde a uma medida direta da fre-   OJ)dOJ
Qüência de deslocamento Doppler:

Este valor de variância (desvio padrão ao quadrado) cor-


responde a variação da freqüência de deslocamento, ou
seja, da velocidade, ao longo da varredura do mapa colori-
do . Assi
Assim,
m, pod
podee ser utilizado como um marcador visual das
21tF turbulências de fluxo, que representam regiões de maior
ô   j> = PRF variação de velocidade em relação a um fluxo laminar (Fig.
1-37).
e, portanto, podemos determinar a velocidade
velocidade de desloc
desloca-
a-
Obviamente a realização do mapeamento colorido asso-
mento do sangue:
ciado à imagem modo B demanddemandaa um tempo maior de pro-
ô <j>c PRF cessa mento da imagem e assiassim
m reduz-se a resolução tempo-
v = ral das imagens. Quant o maior for a área
área de análise colorida ,
41t F cose
menor será o número de quadros por segundo, bem como
Quanto maior a freqüência de deslocamento Doppler quanto maior for o número de medidas para cada linha de
maior será o deslocamento de fase ô<P, que também é mapeamento colorido ou maior a duração do pulso ou série
dependente da freqüência de repetição dos pulsos de medi- de pulsos de análise, também menor será a quantidade de
 

  4 .i ltli·lijI
li·lijI·Iri@i+
·Iri@i+ lIfI ijIlijM

Fig 1 8. Pr ioridade alta provoca sinal de mapeamento colorido na


luz vesical. Efeito semelhante pode ocorrer em cistos e na ves ícul a
Fig 1 7. Turbulênc
Turbulência
ia . Mapa de va riância apres
apresentan
entando
do turbul ência biliar.
fisiológica na emergência do tron co celíac
celíaco.
o.

quadros por segundo, pois o cálculo de autocorrelação con


con-- a apresentar mapeamentos por amplitude de sinal e não por
velocidades. Duas grandes diferenças são identificáveis
forme apresentado anteriormente deverá ser realizado para quando utilizam
utilizamosos os ma pas de amplitude: a direção do flu-
cada pixel colorido da imagem final. xo não é apresentada e a sensibilidade do m étodo para
A presença de movimentação de estruturas ao redor detectar sinais fracos melhora. Também podemos observar
dos vasos pode por pulsação transmitida ou movimento do que como não temos uma dependência da direção ao senti-
paciente provocar erros de processamento por parte do do de fluxo
fluxo , reduz imos significativamente a dependência
equipamento,
equipament o, demonstrand o fluxo onde ele realmente não do ângulo de insonação, minimizando os artefatos de per-
existe. Este ruído pode ser eliminado aumentando-se a fil- pendicularidade.
tragem do equipamento. O resultado da soma vetorial dos vários vetores R que
Existe também um processo denominado prioridade ou determinam a variação de fase, e conseqüentemente da fre-
balanço entre as imagens modo B e o mapeamento colori- qüência, do mapeamento colorido por autocorrelação cor-
do, que define qual o valor mínimo de amplitude de sinal responde ao chamado espectro de potência de primeira
colorido que será apresentado sobre o modo B. Prioridades ordem. A potência de ordem zero, ou seja, a potência P cor-
baixas de cor podem induzir a presença de ecos dentro dos respondente à amplitude do sinsinal
al p ode se r calculad
calculadaa com o a
soma dos quadra dos d os valores individua
individuais
is do sinal em I e Q:
vasos resultantes de reverberação, prejudicando a detecção
de fluxos de baixa amplitude. Prioridades altas poderão cau-
sar artefatos apresentando cor dentro de estruturas aneco-
gênicas Fig. 1-38).
Os equipamento
equipamentoss modernos permitem o uso de vários Isto significa que o que obtemos nos mapas de amplitu-
processos de otimização das imagens, já estudadas no de representa a intensidade integral do sinal de Doppler na
modo pulsado como o steering a alteração da linha de base, região de amostragem, demonstrando apenas a presença ou
a inversão de codificação de direção, a regulagem da persis- não de partículas em movimento , nã
não
o importando sua velo-
tência da cor e os parâmetros básicos como ganho, número cidade ou direção. Tal qual uma angiografia, apenas as áreas
de pulsos, duração de pulso, PRF e controles de área da em que observamos sangue em movimento são apresenta-
região de interesse. das em cores, estando indicada sua aplicação quando o foco
do interesse do examinador está na prese nça ou não de flu
flu-
xo em vez de sua velocidade, direção ou turbulência Fig.
M apeamento oppler de amplitude 1-39).
O mapeamento colorido por autocorrelação como apre- As técnicas de mapeamento de amplitude, também cha-
sentamos anteriormente apresenta imagens coloridas a par- madas de powe r Doppler , power angio , energy Do Dop-
p-
tir da informação anteriormente descrita: o espectro de pler ou angio correspondem não somente ao mapa de
potência do sinal de deslocamento Doppler. No início da amplitude do sinal, t o o também a outros avanços e adap-
década de 1990 foram lançados os primeiros equipamentos tações que aumentam a sensibilidade total do sistema a flu-
 

G.úMdI liW+ 25

apeamento por domínio de tempo


Alguns equip mentos realizam o m pe ment o colorido
por domínio de tempo ou time of flight , sem o uso de
transformada de Fourier ou autocorrelação. Conhecida no
mercado como color velocity
velocity imaging
imaging CVI ®) consis te na
medida diretl da velocidade das partículas refletoras atr a-
is
vés de ultra-sônicos
pulsos seu posicionamento ao Assim,
sucessivos. longo do intervalo
o equip de num
mento do
primeiro instante emite uma série de pulsos que encontr r á
os grupos de refletores ao longo de sua trajetória de propa-
gação e receberá os ecos ger dos por estes refletores. Um
grupo específi
específico
co de ecos é marcado , ou seja, selecionad o .
Numaa segun da série de pulsos emitido pós um tempo t es-
Num
pecífico, os ecos ger dos são novamente recebidos,
recebidos, por ém,
com um deslocamento espacial específico. O sistema então
procura entre os ecos da segunda série de pulsos aquele que
Fig 1-  9. Mape men to Doppler de amp li tude . Orquie
Orquiepididimite
pididimite
se assemelha ao eco marcado . Sabendo- se o tempo entre
di re ita. O mapeamen
mapeamen to Doppl er d
de
e amp li tu d e evidencia in ten s a chegada do prim eiro e da segund série de eco s e a distân-
hipervascularização n s áreas de inflamação. cia de deslocamento entre os dois ecos, o sistema calcula
diret mente a velocidade de deslocamento do grupo de
ecos (hemácias) previamente marcado, sem uso do efeito
xos de baixa amplitude, como, por exemplo, maior duração Doppler.
do pulso ultra-sônico, per sistência maior da imagem e filtra
filtra-- O m pe mento por domínio de tempo corresponde à
gem mais baixa. utilização das técnicas de autocorrelação conforme descri-
tas na seção de m pe mento colorido de freqüências: na
Podemos observar que este sistema t mbém é pratica-
situação em que os dois conjuntos de ecos obtidos corres-
mente indiferente ao ângulo de insonação e mesm o em con-
pondem a duas funções g(t) e h(t) diferentes entre si e que
dições de perpendicularidade, algumas porções do sinal de
apresentam uma correlaçã
correlação
o cruzada, ou seja
seja , o equipamen
equipamen--
deslocamento Doppler podem ser detect d s . Também
to anali
analisa
sa as duas funções pro curando a região onde ambas
observamos que é insensitivo ao artefato de aliasin g pois o
sejam o mais semelh nte uma a outra , discriminando a dife-
dife-
espectro de pot ência abrange todo o espectro de distribui-
rença de tempo entre as duas regiões. No caso da autocorre-
ção de Nyquist.
lação, g(t) e h(t) são semelhantes.

apeamento por transformada discret


discreta
a de 3D
Fourier DFT) Os últimos dez anos trouxeram consigo uma corrida
A transformada discreta de Fourier consiste numa ma- para o desenvolvimento de tecnologias de apresentação de
neira de analisar amostras discretas, ou seja, isoladas de si- imagens tridimensionais a partir da ultra-sonografia.
nal e processá-Ias de maneira a obter informações no domí- Basicamente existem três técnicas de apresentação de
nio de tempo . Nesta
Nesta técnica, são utilizadas ap enas algumas imagens tridimensionais:
amostras ou pulsos 8 a 16) nas quais a função de peso da
1. Aquisição volumétrica com tr nsdutor de feixe largo.
Aquisição
transformada discreta de Fourier:
2. Aquisição direta com tr nsdutor composto de varre-
dura bidimensional.
. .-2rrkn
e
N 3. Aquisição
Aquisição bidimensional seccional
seccional com reconstr ução
tridimensional.

é pré-calculada e guardada na memória do equip mento Ca


Cada
da uma destas técnicas aprese nta m aior ou menor fa-
para os possíveis valores de resultado para cada caso numa cilidade de aquisição e apresentação das imagens. Seu im-
faixa de freqüências livre de aliasing Assim, através de um pacto clínico real ainda é alvo de investigação, dependendo
sistema de filtros específico, selecionam-se as faixas de fre- fundamentalmente de sua aplicabilidade,
aplicabilidade, interface ho mem-
qüência desejáveis e s ão calculados os valores de amplitude máquina e capacidade de pós-processamento.
máxima ou média de valor para vários pulsos que são apre- Alguns conceitos devem ser explicados para uma me-
sent dos na forma de um pixel colorido. Para evitar efeitos lhor compreensão dos métodos de aquisição 3D . A fase de
de flutuação de cor, são utilizados algor itmos que calculam a aquisição consiste na recepção dos sinais (ecos) que serão
média de velocidade entre pixels vizinhos, interpolando processados na forma de imagens.
valores de maneira a suavizar a distribuição de cores na ima- O process mento de imagens consiste na forma com
gem final do mapa de cores. que a informação adquirida é analisada e reconstruída pelo
 

26

equipamento e seu oftw re para a apresentação de imagens 3D, eliminando distorções na aquisição, exceto, é claro, se o
3D . objeto imageado estiver em movimento. Toda a informação
A renderização é um neologismo que representa a contida no volume de varredura é adquirido, da mesma
maneira pela qual uma superfície é apresentada numa ima- maneira e à mesma velocidade, evitando distorções.
gem 3D num espaço virtual. O conjunto de dados assim adquirido fatia a fatia é pro-
Reconstrução multiplanar consiste na capacidade de cessado de forma a se preencher o espaço entre fatias (Fig.
um equipamento em adquirir imagens num dado eixo do 1-40).
espaço e apresentar esta informação em eixos diferentes do De acordo com as capacidades de pós-processamento
da aquisição. Por exemplo, aquisição de imagens longitu
longitudi-
di- do equipamento o conjunto de dados pode ser manipulado
nais que podem ser processadas para apresentação de ima- para produzir imagens de superfíci
superfície,
e, imagens de transpa-
gens no plano transversal. rência, ima gens seccionais multi planares reconstruídas ou
Segmentação consiste na capacidade do equipamento imagens segmentadas , onde determinadas estruturas po-
em separar os diversos componentes da imagem segundo dem ser subtraídas da apresentação final.
critérios ditados pelo operador, em geral de acordo com a A de s vantagem deste sistema é que o transdutor como
amplitude dos ecos recebidos. um todo é muito volumoso, pois o encapsulamento tem que
Voxel é o nome dado ao volume do corpo amostrado que comportar todo o plano formado pelos elementos piezelé-
corresponde a uma unidade de apresentação pictográfica. tricos, seu amortecimento e a circuitaria de transmissão e
Pixel é o nome da unidade pictográfica da imagem que recepção dos pulsos.
representa um voxel.
Interpolação representa a maneira pela qual o espaço   quisição bidimensional com reconstrução
entre duas fatias adjacentes é preenchida por dados sinteti- tridimensional
zados a partir dos dados das fatias adjacentes. Consiste na aquisição de imagens seriadas produzidas
por um transdutor convencional ao longo de uma trajetória
quisição volumétrica direta codificada de mov
mo vimentação. As imagens são sucessivamen-
sucessivamen-
Esta técnica provém da definição de resolução de eleva- te adquiridas e armazenadas constituindo uma série de
ção. Nesta tecnologia , os transdutores são construídos de empilhados quadro a quadro para formar o
dados que são empilhados
maneira a produzir um feixe ultra-sônico de espessura mai- conjunto de dados 3D Fi g. 1-41).
or que a habitual. Isto signifi
significa
ca que qualquer estrutura a ser Há duas maneiras diferentes de se adquirir estas ima-
imageada será apresentada como um volume numa fatia gens: uma consiste na movimentação do transdutor a partir
espessa. A renderizaç ão de superfícies para a apresentação de algum dispositivo mecânico que realize uma trajetória
do aspecto visual da imagem 3D depende do contraste exis- pré-programada. Os primeiros sistemas apresentavam me-
tente entre a estrutura em análise e o meio circunjacente. canismos que, acoplados externamente ao t ransdutor, reali-
Assim a aquisição de imagens adequadas depende da zavam o movimento deste ao longo da trajetória de recons-
presença de uma superfície refletora de alto contraste mer- trução da imagem. Equipamentos mais recentes possuem
gulhada em um meio relativamente aneco gênico . Seu uso é tais dispositivos dentro do encapsulamento do transdutor,
essencialmente limitado à aquisição de imagens obstétricas movimentando todo o conjunto de elementos piezelétricos
e não permite pós-processamento mult multii planar das imagens em seu interior.

ou sua segmentação . Também não apresenta análise de Avanços tecnológicos recentes permitem a realização
medidas lineares ou volumétricas, pois sua aquisição é feita dos mesmos processos de varredura sem a necessidade de
exatamente a partir da imprecisão no eixo de resolução da dispositivos mecânicos: são os chamados :;istemas free-
elevação do transdutor. hand   em que a trajetória de varredura é realizada pelo pró-
Um fenômeno semelhante é observável em exames ha-
bituais quando eventualmente estruturas ecogênicas pe-
quenas são circundadas por meios anecogênicos. f
i 1

quisição volumétrica com transdutor de arranjo I


bidimensional Pl P
V1 V2
Neste sistema, o transdutor é constituído de uma série
de fil eiras de elementos piezelétric6s cada um deles respon-
sável pela aquisição de uma imagem componente dos dados
II
tridimensionais.
As imag ens tridimensionais são adquiri das fatia a fatia e
Fig. 1 40. Interpolação de dados para reconstrução volumétrica
volumétrica . Os
armaz enadas na memória do equipamento que pós-proces- f i e f correspondem a fatias adjacentes; os v i e v2 represent m os
sa es te conjunto de dados de maneira a conformar uma ima- voxels que constituem a imagem 3D. Os valores de mp litude de l
g em volumétrica. A vantagem deste método consiste na e P pixels) definirão os valores de vi e v2 na esca la de cinzas
precisão da varredura eletrônica na aquisição da imagem apresentada como imagem no aparelh o.
 

'i ,] MtIj"iWi' - 7

A ação desta
des tass microbolhas se ba seia no fato de que os
gases apresentam impedância acústica milhares de vezes
maior que o sangue, assim as pequenas bolhas na circulação
aumentam a reflectividade do sangue aQ ultra
ultra-som
-som , aumen-
tando de 20-30 dB a amplitude
amplit ude do eco rec
recebido
ebido . A reflectiv
reflectivi-
i-
dade das bolhas não depende somente de sua constituição,
como também
tamb ém de suas dim
dimensõe
ensõess , de acordo com a fórmu
fórmula:
la:

Onde SCS é a secção refl etora da bolha , R é o raio da


partícula , k é o número de onda = 2n;1À. , Kd é a compressi-
partícula
bilidade da partícula m2/ N , K é a compressibilidade do
meio circunjacente m  / N), pd, a densidade da partícula
(kg/m 3); e p a densidade do meio circunjacente em kg/ m3 .
Assim, observamos que o efeito de aumento da reflexão
Fig 1 41.
41. R
Reconst
econst rução 3D em pro jeção de int ensid   de máxima de é extremamente influenciado tanto pelo tamanho da bolha
pequenos póli pos n pa red e da vesícu la bi li r quanto pela
pela freqüência de insonação utilizada
utilizada , consideran-
do-se a densidade e a compressibilidade do meio em que a

prio operador do equipamento sendo a imagem


imag em 3D recons- bolha está imersa
bolha imersa como consta
constante.
nte. Como o tamanho destas
bolhas é de cerca de alguns flm de 3-8 flm) , e o comprimen-
truída a partir das informações de trajetória armazenadas to de onda À. de cerca de 0,5 mm para uma freqüência de 3
pelo
pelo equip amento atrav és de um mapeamento vetorial. Este MHz, estas bolhas não apresentam reflexão de pulso mas
mapa da trajetór ia do transdutor pode ser obtido de várias s cattering . Assim, embora não produzam ima gem nítida
maneiras: a) sensores veto ria
riais
is são colocados no encapsula- de sua presença, aumentam a reflectividade do comparti-
mento para captar os movimentos realizados pelo transdu- mento em que se situam como um todo (Fig. 1-42).
tor, formando dados sobre
sobr e a orientação, velocidade e ângu-
Para resolver o proble ma da estabilidade das microbo-
lo dos mo vimentos durante a aquisição do s dado s; b) um
lhas através da circulação pulmonar, são empregadas muitas
conjunto de sensores externos são colocados no transdutor
técnicas de encapsulamento do gás ou sua adsorção à
e ao longo da região a ser examinada. Gera-se um campo
superficie
superf icie de al g um material sólido, portanto, todo contras-
magnét ico estável dentro do qual a movimentação do trans-
te ultra-sonográfico tem dois componentes: uma fase gaso-
dutor é mapeada de acordo com a va riação do campo nos
sa responsável pela sua reflectividade e uma fase sólida res-
três eixos espaciais e nos eixos de rotação, permitindo a
ponsável por seu encapsulamento e estabilidade.
codificação espacial dos planos adquiridos ao lon go do tem-
Deste modo, podemos caracterizar os meios de con-
po de aquisição.
traste de acordo com a composição de suas fas es :
CONTRASTES EM USG 1. Fase gasosa composta de ar ambiente.
O uso de me ios de contraste em ultra-so no grafia re- 2. Fase gaso sa composta por compostos f1uorados.
monta à década de 1960 quando Gramiak e Shah utilizaram 3. Fase sólida de partículas em suspensão.
soro fisioló
fisiológic
gico
o aagitado
gitado para produzir aum ento da reflectivi- 4. Fase sólida em microesferas.
dade do sangue nas câmaras cardíacas
cardíacas direitas.
direitas . Entretanto a
busca de meios de contraste que fossem estáveis na circula- A combinação destas quatro possibilidades de arranjo
ção pulmonar e, portanto , pudessem
pudessem ser úteis na avaliação permitem uma compreensão de como funcionam os con-
arterial através de injeção ve nosa
nosa,, só surtiu efeito na déca
década
da trastes mais estudados atualmente.
de 1980, quando alguns dos primeiros meios de contraste Nos contrastes com fase gasosa de ar ambiente, o gás
atingiram o mercado. Tais meios de contraste permitem três que preenche as mi crobolhas é ar geralmente agitado numa
processos básicos: mistura em suspensão, formando pequenas bolhas que
ficam aderidas à fase sólida ou envolvidas por uma membra-
1. Rea lce das estruturas em qu e está presente nas ima- na como um lipossoma). A fase sólida pode ter vá rias com-
ge ns modo B. posições:
posiçõe s: Echovist®
Echovist® e Levo vist® Schering, Berlim , Alema-
2. Realce vascular em mapeamento Doppler pul sa do e nha) pertencem a este grupo, o gás sendo mistura atmosfé-
colorido. rica e a fase sólida composta por grânulos de ga lactose. No
3. Emissão de ultra-som em freqüências harmônicas à de caso do Le vov ist®, ácido palmítico é acrescentado à mistura
insonação
insonação . para a estabilização
esta bilização das micr
micro
o bolhas atra
através
vés da circulação
 

  8 'N"ifJi·l§I·IflMitlij:
'N"ifJi·l§I·IflMitlij: m@li§hil

pulmonar, permitindo o estudo ultra-sonográfico no com- portamento não-linear de ressonância, produzindo reflexões
partimento arterial, com bolhas de cerca de 311m. BY963 ® em freqüências diferentes das originariamente utilizadas
Byc Gulden, Constance, Alemanha ), atualmente em fase de para a formação da imagem. Isto ocorre porque o principal
testes clínic
clínicos,
os, utiliza fosfolipídios do grupo do ácido esteá- componente refletor na bolha é um gás, portanto , compressí-
rico como cobertura e ácido palmítico como estabilizante, vel, assim sendo, as variações de pressão do meio provocadas
com bolhas de 3 ,8 11m. pelo pulso ultra-sônico produzem alteraç ões signi
significat
ficativas
ivas de
Albunex® (Molecular Biosystems, San Diego, Califórnia) seu raio, porém de forma não-linear: uma onda de pressão

utiliza partículas de cerca de 4 11m formadas de um deri vado positiva pode provocar uma redução de 10 do raio da bolha,
da albumina humana , formando esferas rígidas de proteínas enquanto uma segunda onda sucessiva produzir apenas 5
com ar em seu interior. Sono vist® (Schering, Berli Berlim,
m, Alema-
Alema- de redução, assim, o comportamento da bolha é diferente
nha) tem o mesmo princípio, utilizando como revestimento entre as fases de compressão e rarefação do pulso ultra-
um polímero de cianoacrilato biodegradável. sônico, gerando ecos em freqüências diferentes da original,
Dos meios de contraste que usa como fase gasosa com- denominadas harmônicas (múltiplos inteiros, ou seja, 2f, 3f,
postos fluorados, destacam-se os que utilizam perfluorocar- 4 f e assim por diante) como também subarmô nicas (como f/2,
f/2,
bonos e hexafl uoreto de enxof re. Ta Tais
is gases têm uma solubi- f/3 etc.).
lidade muito menor que o ar no sangue, permitindo uma O diâmetro da bolha de contraste é um parâmetro críti-
estabilidade maior na circulação cardíaca e pulmonar. Ima- co para seu bom desempenho pois deve ser pequeno o sufi-
gent US ® (AF0145,
(AF0145, Allian
Alliance
ce P harma ceuti cal, San Dieg o, Cali-
Cali- ciente para atravessar o leito capilar e possuir ressonância
fornia) utiliza perfluorohexano estabilizado com um surfac- dentro da faixa normalmente utilizada para formação de
tante, BR 1® (Bracco
(Bracco,, D iagnos tics, Milão,
Milão, Itália), utiliza hexa- imagens, entre 2 e 12 MHz.
fluoreto de enxofre em suspensão com fosfolipídios, e Em imagens modo B, permite a diferenciaç ão entre teci-
FS069® (Molecular Biosystems, San Diego, Califórnia) con- do e meio de contraste: utilizando-se um filtro passa-altas,

tém microesferas de derivados de albumina preenchidos os ecos recebidos na freqüência fundamental são elimina-
com perfluoropropano . do s , permitindo a reconstrução de imagens apenas através
Um contraste com características curiosas é o Echo- dos ecos de freqüência 2f, ou seja, originários apenas dos
Gen® (Sonus Pharmaceutical, Bothell, Washington), com- compartimentos contendo as bolhas de contraste. Como a
posto por dodecafluoropentano, que é administrado na for- faixa espectral de freqüências de recepção em segunda har-
ma líquida, apresentando uma transiçã o de fase no corpo
transição mônica é mais estreita que a da freqüência fundamental, a
devido ao calor, tornando-se gasoso. resolução espacial axial é reduzida em relação a uma ima-
gem de aquisição direta na mesma freqüência. Para o mape-
Imagem de freqüências harmônicas amento colorido, traz a vantagem de permitir a avaliação de
As micro bolhas gasosas dos meios de contraste ultra- fluxos de baixa velocidade com eliminação do efeito de ruí-
sonográfico possuem uma resposta não-linear de vibração, do de fundo c/utter) produzido pela movimentação das par-
ou seja, refletem os pulsos ultra-sônicos em freqüências di- tes moles. Adquirindo-se apenas os ecos de deslocamento
ferentes da originalmente emitida pelo equipamento, deno- Doppler da segunda harmônica produzidos pelas bolhas de
minadas freqüências harmônicas que permitem uma detec- contraste, são eliminados os ecos de ruído produzidos pela
ção específica dos compartimentos onde as microbolhas mo vime ntação tecidual.

estão presentes.
Uma bolha esfé rica de gás res so na as freqüências carac-
Uma DOSIMETRI E LGUNS TÓPIC
TÓPICOS
OS SO RE
terísticas, dependendo tanto de suas propriedades fisicas EFEITOS IOLÓGICOS
quanto das do meio que a circunda, seu diâmetro sendo crí- A dosimetria em ultra-sonografia tem algumas peculia-
dosimetria
tico. Em geral, bolhas menores ressonam em freqüências ridades que devem estar bem clara
clarass aos usuários do méto-
maiores e bolhas maiores em freqüências mais baixas. Esta do.
relação é descrita pela equação: Potência acústica é definida como o fluxo de energia
através do campo ultra-sônico por unidade de tempo, e é
Io = l/2fl pJ p o 2  / r) medida em watts W).
Intensidade se refere à quantidade de po t ência por uni-
on d e fo é a freqüên cia fun dament al de ressonância, r é o raio dade de área geralmente cm 2). Para equipamentos de feixe
da bolha, y é a constante adiabática de um gás ideal,é a ten-J contínuo, é importante o conhecimento do valor de intensi-
são superficial da bolha, Po pressão ambiente do fluido e Po dade de pico (Isp). Um valor médio ao longo do plano de
a densidade ambiente . Assi
Assim,
m, para uma bolha de 211m a fre- prop agação do feixe pode ser determinado, sendo denomi-
qüência de re ssonância será de 3,5 MHz. Coincidentemente, nado intensidade média espacial (Isa). Em ultra-sonografia,

as bolhas de co ntraste devem ter tamanhos de alguns micrô- utilizamos sistemas pulsados, portanto , o fluxo de energia
metros para passa r pelos capilar
capilares,
es, apresentando freqüências ocorre somente por um pequeno intervalo de tempo, fora
de ressonância em torno de 1-10 MHz. E, em condições habi- do qual não existe fluxo de energia acústica, portanto, os
tuais de formação de imagens as bolhas apresentam um com- valores de vem se r . normalizados para um valor médio de
 

G.hM I WM 9

B
Fig 1-42. Nódulos esp lênicos. A) ré . B) Após a injeção de meio de cont ra ste ult ra-so nográfico. Observar o gr ande aumen to da
detectabilidade
detectabilidade do flu xo intralesional.

tempo , denominado intensidade espacial de pico em média fase de rarefação produz uma expansão da cavidade com
temporal (Ispta). O valor total de intensidade do pulso é gás e durante a fase de compressão esta cavidade tende a
denominado intensidade espacial média do pulso (Isppa). reduzir seu diâmetro Entretanto isto não ocorre de manei-
Um valor típico de Ispta para imagens modo B é: ra perfeitamente simétrica: durante a fase de rarefação a bo-
lha apresenta uma superfície discretamente maior que na
20 mW/cm- 2 fase de compressão , facilitando a difusão de gases dissolvi-
do s para o interior da cavidade em relação à fase de com-
pressão quando a difusão ocorre em sentido inverso. Com a
e para Dop pler pulsado:
repetição dos ciclos de compressão e rarefação a bolha vai
progress ivamente crescendo até atingir um tamanho crítico
200 mWlcm-2
em que a ressonância é otimizada. Como observamos na se-
ção sobre contrastes ultra-sonográficos, a passagem de um
Os valores de pressão também podem ser significativos.
pulso ultra-sônico através de um meio líquido pode produ-
São medidos em megapascal (Mpa) e podem variar de 0.5-5 zir um fenômeno de ressonância da bolha dependendo de
Mpa em equipamentos de diagnóstico médico. Como vere-
seu diâmetro . Neste momento , a absorção de energia é
mos a seguir, os picos de pressão negativa são importantes , máxima produzindo um crescimento rápido da bolha em
pois podem teoricamente gerar fenômenos de cavitação. um ou poucos ciclos. Quando a cavidade atinge um tama-
Embora a literatura médica apresente grande quantida- nho crítico, ela perde a condição de ressonância, não absor-
de de trabalhos referen tes a prováveis efeitos biológicos vendo mais a energia do campo ultra-sôn
ultra-sônico.
ico. Neste mome n-
decorrentes do uso do ultra-som, não existe nenhuma com- to , a cavidade colapsa liberando instantaneame
instantaneamentente toda a
provação irrefutável de lesões teciduais, citotóxicas ou energia absorvida durante seu crescimento , gerando tem-
ge notóxicas decorrentes do uso do ultra-som dentro das peraturas altíssimas de até 5000 °C e condições de pressão
especificações de uso diagnóstico. de até 500 atmosferas
Entretanto algumas controvérsias persistem e alguns e- Sabemos que fenômenos de cavitação podem ocorrer n
feitos propalados e pouco conhecidos serão abordados nes- v vo nas condições de insonação de uma litotripsia por
ta seção.
ondas de choque Entretanto a possibilidade de tal ocorrên-
cia
cia nas co ndições ultra-sonográficas ainda é controversa. Na
avitação tentativa de se estimar a possibilidade de tal ocorrência,
Grandes variações de pressão podem superar as condi- Apfell e Holland propuseram o índice mecânico MI) , como
ções de integridade do líquido gerando cavidades em seu uma maneira de se estimar a possibilidade da formação de
interior. A quantidade d e energia necessária para tal fenô-
quantidade cavidades em condições ultra-sonográficas. Tal índice é ado-

meno depende das características próprias de cada líquido tado pela FDA, AIUM e NEMA:
e de seu grau de pureza . Entretanto , a presença de peque-
Pr z sp)
nas bolhas no líquido facilitam dramaticamente a ocorrên- MI =
cia de cavidades. Na passagem de um pulso ultra-sônico, a Jfr
 

30 lIi jmi·W·I3MiK,j:I.r.@MM'
Onde P corresponde ao pico de pressão negativa em 1. TIS Thermal Index Soft Tissue): é relacionado aos ór-
cada posição do eixo de propagação z do feixe ultra-sônico, gãos abdominais, coração e aplicações vasculares pe-
com atenuação estimada in vivo de 0,3 dB/ cm MHz e fc, a fre- riféricas.
qüência central do transdutor utilizado. O colapso da cavi- 2. TIB Thermallndex Bone): relativo ao aquecimento ós-
dade não está diretamente associado à produção de fenô- seo, que tem importância particularmente em exames
menos mecânicos, entretanto, a possibilidade da formação obstétricos.
de radicais li vres altamente reagentes às temperaturas de 3. TIC Thermallndex Cranial): implicado no aquecimen-

colapso existe.daUm
possibilidade
MI abaix
abaixo
formação o de
de 0,7 praticament
praticamente
cavidades mesmo nae descarta
presençaa to encefálico em exames transcranianos.
gradecimento
de uma considerável quantidade de pequenas bolhas que
poderi am eventualmente crescer em cavidades. O auto
autorr agradece à ines
inestimáv
timável
el contribuição do
DI . Walther Yoshiharu Ishikawa na confecção das
belíssimas
belís simas ilustrações des
deste
te capítulo
capítulo..
quecimento
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ANATOMIA ULTRA SONOGRÁFICA DO BDOME

Marcelo Bordalo Rodrigues


Edson maro Junior
Sérgio Keidi Kodaira

CONTEÚDO

v UÇÃ O 32

v
INTROD
ECOGENIClDADE 32

V PAREDE ABDOM IN AL 3

V FíG ADO   33

V VEsíCULA E VIA S BILIARES 37

V VEsíC ULA BILIAR   37

V HEP ATOCO LÉDO CO 39

V BAÇO 4

V PÂNCREAS 4

V RINS 42

V ADRENAIS 45
V GRANDES VASOS 48

V VíSCERAS OCAS 48

V REFERÊNCIAS BI BLlOGRÁFICAS 5
 

INTRODUÇÃO cópica e analisando as estruturas abdominais, identificáveis


à ultra-sonografia, em relação às suas características gerais.
O estudo da anatomia macroscópica do abdome, seja
através do ato cirúrgico ou da dissecção de cadáveres, é rea-
lizado através da caracterização da topografia, morfologia, Ecotextura
contornos, densidade e dimensões das estruturas orgâni- Refere-se à caracterização estrutural de um órgão/lesão
cas, assim como de suas relações com os órgãos vizinhos. pela dispersão tecidual dos ecos, sendo muitas vezes con-
Deste modo. a análise das vísceras parenquimatosas, alças fundida com a ecogenicidade. 33
intestinais, vasos, nervos, ligamentos e reflexões perito- Os padrões de ecogenicidade, ecotextura e principais
neais pode ser efetuada minuciosamente
minuciosamente através da utiliza- relações anatômicas topografia, morfologia, contornos,
ção de palpação, mobilização e dissecção. densidade e dimensões) das estruturas orgânicas assim co-
A introdução da ultra-sonografia como método de diag- mo de suas relações com os órgãos vizinhos serão discuti-
nóstico por imagem possibilitou a aquisição de imagens dos a seguir. Ao final do capítulo é mostrado o Quadro 2-5
anatômicas de modo dinâmico, praticamente em tempo resumindo as principais dimensões das estruturas rotineira-
real, com a representação das estruturas orgânicas através mente avaliadas pelo exame.
de imagens seccionais, adquiridas em múltiplos planos de
orientação espacial. No entanto, este método de diagnósti- P REDE BDOMIN L
co por imagem apresenta limitações decorrentes de suas
A parede abdominal é dividida em duas partes: ântero-
características intrínsecas que devem ser analisadas, com-
lateral e posterior. A porção ântero-Iateral é composta pelas
preendidas e superadas, de tal forma que imagens de boa
seguintes camadas: pele tem espessura normal de até 4
qualidade possam ser obtidas. Além disso, para a avaliação
mm 11 , tecido celular subcutâneo, camada muscular, f sci
do abdome, devem ser utilizados equipamentos, transduto-
tr nsvers lis e gordura extraperitoneal.
res e janelas acústicas apropriados, além de jejum por tem-
po adequado, preparo intestinal e eventuais mudanças de Devem ser utilizados transdutores lineares de alta fre-
qüência para avaliação destas estruturas superficiais para
decúbito.
melhor avaliação da pele.
As estruturas anatômicas podem ser caracterizadas
Quatro músculos formam a parede ântero-Iaterapo: reto
pela ultra-sonografia por meio de suas características gerais
abdominal, oblíquo externo, oblíquo interno e transverso
topografia,
topografia, morfologia, contornos e dimensões) e específi-
do abdome. O reto abdominal apresenta dois componentes
cas ecogenicidade e ecotextura).
que se situam lado a lado e são separados pela linha alba na
linha mediana. Desta forma temos ecograficamente
ecograficamente quatro
ECOGENICID DE faixas: pele com até 4 mm, hiperecogênica), tecido adiposo
As estruturas/lesões podem ser caracterizadas ultra- subcutâneo espessura variável, hiperecogênico), músculo
sonograficamente através da amplitude dos seus ecos: alta, reto abdominal espess ura variáve
variável,
l, hipoec ogênic o) e tecido
moderada, baixa ou ausente. Estas amplitudes são relacio- adiposo pré-peritoneal espessura variável, hiperecogênico)
nadas a um órgão de referência, sendo o fígado o órgão de cuja porção posterior corresponde ao peritônio parietal às
referência no estudo do abdome. Assim, uma estrutura po- vezes identificado como fina faixa hiperecogênica, com no
de ser isoeco gênica baço).
baço). hipere cogêni ca complexo eco- máximo 1 mm de espessura) Fig. 2-1). A bainha do músculo
gênico central do rim). hipoecogênica parênquima renal).
anecogênica conteúdo vesical) ou ter ecogenicidade mista reto abdominal é formada pelas aponeuroses dos outros
três músculos, fixando-se na linha alba estende-se do pro-
composta por mais de um padrão ecogr
ecográfic
áficoo - fígad
fígado
o estea- cesso xifóide do esterno até a sínfise púbica). A bainha pos-
tótico com áreas focai
focaiss de parênquima preservado).33 terior do reto acaba na linha arqueada onde, inferiormente
inferiormente
Neste capítulo iremos abordar a anatomia ultra-sono- a este reparo, os músculos são separados do peritônio
peritônio pela
gráfica, correlacionando a anatomia de superfície à macros- fáscia tra
transv
nsvers
ersal
al Fig
Fig.. 2-1).

A _ a  

Flg 2-1. Par ede abdom inal anteri


anterior.
or. Imagens ultra-sonogr áficas ax
axiais
iais da parede abdomina l ântero-Iateral direita acima A) e abaixo B) d
da
a
arqueada M úsculos
úsculos reto abdominal RA)
RA),, oblíquo externo OE), oblíquo interno OI) e transverso
transverso T). Acima da linha arqueada, a bainha
-   ,armada pela aponeurose dos três músculos largos OE, OI e T). Abaixo, as três aponeuroses situam-se anteriormente ao RA, e sua
C =  ê ooste ior é formada pela fáscia transversal FT).
 

Ântero-Iateralmente situam-se as camadas musculares,


compostas pelos músculos oblíquo externo, oblíquos inter-
no e transverso. Temos novamente a estrutura de camadas
de diferent es ecogenicidades descritas anteriormente, sen-
diferentes
do a camada muscular subdividida em três porções (separa-
das por finas linhas hiperecogênicas, as fáscias, separando
os músculos descritos) (Fig
(Fig.. 2-1).
A parede abdominal posterior é composta de músculos
fixados às vértebras. O principal músculo é o psoas maior
que se situa lateralmente à coluna lombar, originando-se
nos processos transversos das vértebras de L1 a L5 e inserin-
do-se no trocanter menor do fêmur. Possui relação impor-
tante com os ureteres e com a veia cava inferior (VCI) à direi-
ta  3D Desta forma freqüentemente é utilizado como janela
acústica para o acesso ao retroperitônio pela via póstero-
lateral, principalmente para avaliação das lojas renais (Fig.
2-2).

FíG DO
O fígado é o maior órgão parenquimatoso do corpo Fig 3. Lobo de Riedel.
Riedel. Extensão caudal da margem inferior do
humano, com peso de 1.200-1.600 g no adulto. Está locali- lo direito LD) do fígado seta
o setas),
s), que ult
ultrapa
rapassa
ssa o pólo inferi or do
zado no abdome superior, ocupando o hipocôndrio direito rim direito RD) e apresenta
apresenta bordas finas
finas,, diferenciando -o de uma

e parte do epigástrio. Estende-se da 5a costela a 1oa-11 a cos- hepatomegalia.


teia tomando-se a linha axilar média direita como referên-
cia).27 Uma variação anatômica é a extensão em forma de
O ligamento falciforme é a reflexão peritoneal que liga
língua da margem inferior do lobo direito (D), chamada de
o fígado à parede abdominal
abdominal anterior. O ligamento redondo
lobo de Riedel (Fig. 2-3).
(ou teres) é a veia umbilical obliterada e vai da cicatriz umbi-
O fígado é recoberto pelo peritônio, exceto no leito
lical ao ramo esquerdo da veia porta. O ligamento venoso
vesicular, no hilo hepático e na área nua , que se localiza na
parte posterior do fígado, entre as reflexões do ligamento
constitui o ducto venoso obliterado, estrutura que liga a
veia umbilical à VCI no feto.
coronário. Este é formado pela reflexão das duas lâminas do
ligamento falciforme, ligando o fígado ao diafragma. As O omento menor é uma dupla lâmina de peritônio (divi-
margens laterais do ligamento coronário formam os liga- dido em ligamentos hepatogástrico e hepatoduodenal),

mentos triangulares direito e esquerdo. fixado ao fígado na fissura do ligamento venoso e porta he
patis.
reflexões peritoneais formam os recessos subfrênico
As
(entre a face diafragmática do fígado e o diafragma) e o
hepatorrenal (entre o lobo direito hepático e o rim direito).
Embriologia
O fígado desenvolve-se a partir de um divertículo na
porção caudal do intestino anterior, no início da quarta
semana .28 Este divertículo hepático apresenta duas por-
ções: uma caudal (onde se originam o ducto cístico e a vesí-
cula biliar) e outra cefálica, que constitui o primórdio do
fígado.. Esta porção estende-se ventralmente ao mesoderma
fígado
esplâncnico do septo transverso . Da porção caudal do diver-
tículo hepático, saem cordões que se anastomosam em tor-
no dos espaços revestidos por endotélio, formando, assim,
assim,
os primórdios dos sinusóides hepáticos.
As veias vitelínicas formam um plexo no interior do fíga-
do, anastomosando-se com as veias umbilicais.
umbilicais. A veia
veia umbili-
umbili-
Fig 2. Músculo psoas
psoas maior. I magem ultra-sonográfica
longitudinal oblíqua do pso
psoas
as maior setas) e suas relações com os cal direita atrofia-se e à esquerda forma o dueto venoso, que
processos
proce ssos transversos asteriscos) e o rim dire ito RD). Observar a leva sangue oxigenado puro diretamente ao coração. Neste
extensão
extensã o caud
caudal
al do lobo dir eito hepático LD),
LD), caracterizando o lobo estágio do desenvolvimento, 50 do sangue proveniente da
de Riedel . veia umbilical segue pelo dueto venoso, e o restante, pelo
 

34
  'i;  i' § 'I3@it'4drle  §i il

ftgado. O sistema porta é formado através de anastomoses e


obliterações das veias vitelínicas. As veias hepáticas são for-
madas pelas porções proximais das veias vitelínicas.
À medida que o ftgado se insinua na cavidade abdomi-
nal, é mantido contato com o diafragma na área nua. A
inserção com o septo transverso torna-se o ligamento coro-
nário e a veia umbilical, o ligamento redondo.

egmentação hepática
Existem várias metodologias de numeração da segmen-
tação hepática Quadro 2-1 , sendo que a mais utilizada atu-
almente é a baseada nos critérios de Couinaud,8.41 adaptada
por Bismuth. 2 Tal método é descrito de acordo com a di
distri-
stri-
buição e localização das veias hepáticas e ramos por-
tais20.22.29.39,40 Fig. 2-4 . Fig2-4. Segmentação hepática. Desenho esquemático da
segmentação hepática segundo os critérios de Couinaud.
O ftgado divide-se em lobos direito e esquerdo, separa-
dos um do outro pela fissura interlobar principal, que passa as hepáticas estão presentes em número de de três direita,
pelo leito vesicular até a VCI. média e esquerda) e drenam para a VCI, sendo intersegmen-
A fissura intersegmentar direita divide o lobo direito tares e interlobares. Geralmente, as veias hepáticas média e
em segmento
segmentoss anterior
anteri or subdividi
subdividido
do em segmentos ântero- esquerda juntam-se para formar um pequeno tronco
inferior [VI e ântero-superior [VIII[) e posterior
posterio r constituído comum antes de sua drenagem na VCl42 Fig. 2-7 .
pelos segmentos póstero--inferior [VI [ e póstero--superior A análise ultra-sonográfica das veias hepáticas é feita
[VIJ[), enquanto que a fissura intersegmentar esquerda divi- com a angulação cranial
cranial do transdutor.
transd utor. A veia hepática
hepátic a média
de o lobo esquerdo em seg segmen
mentos
tos medi
mediai
ai segmentos
segment os medi- VHM) corre na fissura interlobar principal, separando o seg-
ai superior [IVA[ e mediai inferior [IVB]) e lateral segmentos
segment os mento IV do segmento anterior V e VIII) do lobo direito. A
látero-superior [ [ e látero-inferior [ [ Fig. 2-5 . veia hepática direita VHD) localiza-se na fissura intersegmen-
O lobo
lobo caudado segmento I) é considerado autônomo tar direita
direita e separa o segmento anterior
ante rior V e VIII) do posterior
pois sua vascularização é independente, recebendo vasos VI e VIl). A veia hepática esquerda VHE) corre na fissura
dos ramos direito e esquerdo da veia porta e artéria hepáti- intersegmentar esquerda e divide o lobo esquerdo em seg-
ca, com drenagem venosa diretamente para a Vcr. É separa- mentos mediai lVA e B) e lateral lI e III) Fig. 2-8 .
do do lobo esquerdo pela fissura do ligamento venoso, situ- A veia
veia porta é cober ta por tecido conjuntivo, apresen-
ando-se anteriormente à VCls Fig. 2-6 . Pode apresentar tando-se com paredes hiperecogênicas à ultra-sonografiaJ
uma extensão ântero-inferior, chamada de processo papilar, Seus ramos têm localização intra-segmentar, com exceção
que pode aparecer separado do ftgado em secções ultra- do ramo ascendente esquerdo, sendo que cada ramo seg-
sonográficas
sonográf icas simulando lesões extra-hepáticas. 1 mentar termina no centro de cada segmento. O tronco da
A localização dos segmentos hepáticos é possível atra- veia porta apresenta calibre superior normal de 1,2 cm 3,2,43
vés do conhecimento da anatomia vascular hepática. As vei- variando com o ciclo respiratório, dividindo-se nos ramos

Quadro 2 1. Segmentos anatômicos do fígado e nomenclaturas utilizadas

Nomenclatura

Segmento anatômico Couinaud 2 ismuth 8 Goldsmith 15

Lobo caudado Lobo caudado


Segmento superior lateral esquerdo II II
Segmento lateral esquerdo
Segmento inferior lateral esquerdo III III

Segmento mediai esquerdo IV IV e IVB Segmento


Segmento mediai
media i esquerdo
Segmento inferior anterim direito V V
Segmen
Segmento
to anterior direito
direi to
Segmen
Segmento
to superior anterior d ireito
irei to VIII VIII
Segmento inferior posterior direito VI VI
Segmen
Segmento
to posterior d ireito
ireit o
Segmen
Segmento
to superior posterior direit
di reitoo VII VII
 

c
Fig. 2 -5 Segmentação hepática.
hepática. A ) Imagem ultra·sonográfica trtransv
ansversal
ersal ob
oblíqua
líqua do fígado no nível dos ramos direito e esquerdo da ve ia
porta VP), com uma representação esquemática da segmentação hepática. Veia Veiass cava inferior retro-hepática VCI
VCI),
), he
hepáticas
páticas média +) e
direita *). Observar t mbém a fissura do ligamento venoso FLV), separando o lobo caudado segmento I) do segmento 11
B) e C Representações anatômicas do fígado correlacionadas com as imagens ultra-sonográficas no níve nívell dos ramos portais principais 8 ) e
ligeiramente caudal, no nível da vesícula biliar C . Observar que a vesícul
vesícula
a bilia r VB) se
separa
para os segmentos IV e V Representações anatômicas
diagramadas através do Visib/e Human Project , University o f C%rado Schaa/ a f Medicine).

Fig . 2-6. Lobo caudado. Imagem ultra-sonográfica longitudinal do Fig. 2-7. Veias hepáticas. Imagem ultra-sonográfica transversal
?  do na altura dos segme ntos mediai esquerdo IV) e caudado I). oblíqua do fígado demonstrando a confluência das veias hepáticas
- ssu ra do ligamento venoso FLV) separa estes dois segmentos. direi ta VHD), média VHM) e esquerda VHE) na VCI. Notar que as
oservar qu e a veia cava inferior retro-hepática VCI)
VCI) tem trajeto veias hepáticas esquerda e média formam um tronco antes da
DOS erior ao segmento I e desemboca no átrio direito AD). drenagem na VCI.
 

  6
8i1 Ui'i. 4'Id;Ji "i'N ijiW I

B
Fig. 2 8
8.. Segmentação hepática.
hepática. A ) Imagem ultra·sonográfica trans
transversa
versall no nív
nível
el da confluência das veias hepáticas, adquirida ao se obliquar
o transd utor cranialmente. Sã
São
o representados os segmento s visibilizados neste cort e li, IVA, VII e VII
VIII).
I). B) Imagem ecográfica longitudinal
oblíqua dos segmentos posteriores (VI e VII) do lobo direito, obtida com o paciente em decúbito lateral esquerdo e o transdutor posicionado
na linha axilar média. Observar a relação do segmento VI com o rim direito (RD).

direito e esquerdo anteriormente à VCI. O ramo direito é


direito como trifurcação do tronco da veia porta e ramos segmenta-
curto e divide-
divide-se
se nos ramos anterior
anterio r e posterior enquanto
enquant o res do lobo direito originando-se do ramo esquerdo.I.23,42

que o ramo esquerdo é mais longo e segue anteriormente A divisão da artéria hepática segue os ramos portais e
ao lobo caudado (FIG. 2-5A). O ramo principal direito separa sua diferenciação com os ductos biliares pode ser difícil. 36
os segmentos superiores (VII e VIII) dos inferiores V e VI) no No hil
hilo
o hepático o ducto
duct o biliar comum situa-se lateral e
lobo direito. Com o transdutor na região subxifóide em anteriormente à veia
veia porta e a artéria hepática mediai e
umaa posição oblíqua é poss
um possível
ível visibilizar
visibilizar o ramo esquerdo
esque rdo anteriormente a ela (Fig. 2-10).
da veia porta o seu ramo ascend asc endent
entee e os ramos para os
segmentos 11, 111, IV, O ramo ascendente da veia porta es-
querda corre na fisfissur
suraa intersegmen
inters egmentar assim co-
tar esquerda assim
mo a veia
veia hepát
hepática
ica esque
es querda
rda e a fiss
fissura
ura do ligamento redon-
do separando
separan do o oss segmentos mediai
mediai (IV) do lateral 11 e 111).
(Figs. 2-5A e 2-9). Existem variações da distribuição intra-
hepática portal que podem ser visibilizadas ao ultra-som

Fig. 2 10. Hilo hepático. Imagem ultra·sonográfica transversal do


Fi
Fig.
g. 2·9.
2·9. Ram
Ramo
o portal ascendente esquerdo RAE
RAE).
). Imagem hilo hepático, evidenc
evidenciando-se
iando-se as relações da
da veia
veia port
portaa VP),
uhra·s onográf ica transversal oblíqua do lobo esquerdo hepat ocol
ocolédoco
édoco HC
HC)) e artéri
artériaa hepática AH) . Observar nesta
de onstrando o ramo portal esquerdo (RE) e o RAE, este último imagem o ligamento falciforme, com seu aspecto pseudonodular
seoarando os segmentos mediai IV) do lateral 11 e 111) do lobo seta) nesta imagem axial, separando o segmento lateral (L) do
esq uerdo. O RAE libera ramos para os segmentos li, III e IV. mediai M) esquerdos.
 

37

Ecogenicidade
O fígado apresenta-se homogêneo com ecogenicidade
intermediária,26 padrão ver anteriormente)
anteriormente),, geralmen te iso
ou hiperecogênico em relação ao córtex renal e hipoecogê-
nico em relação ao baço.

Medidas
Existem vários métodos de medidas hepáticas descritas
na literatura; 16 32 com resultados muito variados. Inicial-
mente, a hepatomegalia pode ser sugerida através de sinais
indiretos como as suas extensões abaixo do pólo inferior do
rim direito e à esquerda da linha mediana, atingindo o hipo-
côndrio esquerdo. A medida do volume hepático é um
método complexo e com resultados questionáveis.
Os parâmetros mais aceitos são as medidas diretas:
Medida do lobo esquerdo hepático: diâmetro longitudi-
nal na linha mediana: até 10 cm Fig. 2-12 A .
Medida do lobo direito hepático: diâmetro longitudinal
Fig 2· 11 . Fissura interlobar principal. Imagem ultra-sonográfica na linha hemiclavicular média, adquirindo-se no corte o ra-
transversal oblíqua o fígado desta
destacando-
cando-se
se a fissura
fissura i nterloba r mo principal direito da veia porta: até 15 cm Fig. 2-12 B e C .
principal
princi pal setas) que se apresenta hiperecogênica, separando os Niderau et al.32 realizaram um estudo em uma série de
segmentos IV e V 1.000 pacientes no qual foram estabelecidas medidas longi-
tudinais e ântero-posteriores nas linhas mediana e hemicla-
vicular Quad ro 2-2).
2-2).
A vesícula biliar é utilizada como referência externa
para avaliação da segmentação hepática. O seu leito locali- VEsíCULA E VIAS BILI RES
za-se na fissura interlobar principal, que separa o lobo direi- Vias biliares intra hepáticas
to do esquerdo e, no caso específico da vesícula biliar, o seg-
A bile produzida no fígado é excretada pelo ducto hepá-
mento IV do V Figs. 2-5C e 2-11).
tico comum, formado pela junção de dois ramos que saem
Resumindo, a veia hepática média separa o fígado em do fígado juntamente com a veia porta. No seu trajeto rece-
dois lobos: direito e esquerdo. O direito é dividido pela veia be o ducto cístico responsável pela excreção de bile armaze-
hepática direita em segmentos anterior e posterior. O nada e concentrada na vesícula.
esquerdo é dividido pela veia hepática esquerda em seg- Os ductos biliares intra-hepáticos acompanham os
mentos mediai e lateral. Cada um destes quatro segmentos ramos da artéria e da veia porta, estando todos contidos no
direito anterior, direito posterior, esquerdo mediai e interior do espaço porta, cuja presença de colágeno deter-
esquerdo lateral) são divididos em segmentos superior e mina um padrão ecogênico às suas paredes. Os duetos peri-
inferior por uma linha transversal que passa pelos ramos féricos convergem para o hilo hepático em dois ramos, os
portais direito e esquerdo. Lembrar que o lobo caudado é duetos hepáticos direito e esquerdo. O ducto hepático direi-
uma exceção a esta regra.) Os oito segmentos são, então, to é mais curto e forma-se próximo à porta hepatis pela jun-
enumerados em sentido horário. ção dos ramos segmentares anterior e posterior, enquanto o
dueto hepático esquerdo é mais longo e desenvolve-se na
Relações fissura do ligamento redondo, onde recebe os ramos seg-
O fígado apresenta duas superfícies: a diafragmática e a mentares lateral e mediaI. Estes deixam os lobos correspon-
\ isceraIP A fac
facee dia fragmátic a encontra-se abaixo da conca- dentes do fígado e se unem para formar o dueto hepático
vidade da face inferior do diafragma, e a visceral está em comum, que corre em direção inferior e para a direita, indo
contato com as vísceras do abdome superior. Esta apresenta unir-se com o ducto cístico para formar o dueto colédoco,
impressões dos órgãos com as quais tem contato: porém não é possível diferenciá-los à ultra-sonografia, já
que o ducto cístico não é normalmente visibilizado, sendo
• Lobo esquerdo E): esôfago e parede anterior do estômago.
estômago.
denominados em conjunto como hepatocolédoco.
• Lobos esquerdo e caL/dado : piloro.
VEsíCULA BILIAR
• Infundfbulo da vesfcula biliar VB) e obo direito D): duodeno . Apresenta-se dividida em três porções: o fundo termi-
• Fundo da vesfcula biliar e lobo D: cólon. nando em fundo cego, o corpo e o colo ou infundíbulo, que
liga a vesícula ao ducto cístico; e é orientada obliquamente,
• Lobo D: rim direito (posterior ao peritônio).
sendo o fundo anterior, inferior e para a direita, enquanto o
• Área nua hepática: adrenal direita e VCI. colo posterior, superior e para a esquerda 6 Fig. 2-13).
 

  8 N ;§i MiMiM   : ;ilQ@

Fig. 2- 12_Medidas hepáticas.


hepáticas. A ) Imagem ecográfica
longitudina l dos segmentos laterais do lobo esquerdo com
reparos para se realizar a sua medida longitudinal. 8 ) Imagem
ecográfica e C) representação anatômica do lobo direito
hepático num corte longitudinal no nível do ramo portal direito
seta) e seus reparos para se realizar a sua medida longitudinal.
Representação anatômica diagramada através do Visible
Human Project , University of C rado Schoo/ o f Medicine.)

A parede da vesícula biliar compõe-se de três camadas O fundo


fundo estende
estende-se
-se alé
além
m da margem inferior do fígado
que podem ser ecogenicamente delimitadas. Esta caracteri- ficando em contato com a parede abdominal anterior
anterior.. O cor-
zação não é vista em condições de distensão vesicular ade- po da vesícula mantém relação inferiormente com o início
quada, quando estas camadas se encontram estiradas e do cólon transverso e posteriormente com a segunda por-

compõem uma
pode apresen tar linha
pregasúnica. O lúmen é anecogênico,
que eventualmente
event ualmente at
atenuam mas
enuam o feix
feixee ção do duodeno.
curvando-se sobreO colo é a porção
si mesmo comomais estreita
a letra da vesícula,
S, não devendo
de ultra-sonografia, resultando em sombras acústicas ser confundido, quando redundante, com ducto biliar dila-
moderadas que simulam cálculos.1 3 tado 13 Fig. 2-14).

Relações Em algumas situações, como quando se encontra cheia


de cálculos ou contraída, sua localização pode tornar-se
A vesícula biliar aloja-se na face visceral do fígado, à
difícil. Uma referência anatômica para sua localização é a fis-
direita da veia porta, sendo coberta inferior e lateralmente
sura interlobar, uma linha fortemente ecogênica que se
por peritônio e se estendendo a distâncias variáveis da bor-
estende
este nde do ramo portal direito até o colo
colo da vesícula, sendo
da hepática inferior. 27
visível em até 70 dos pacientes e cuja visibilização depen-
uadro 2-2. Dimensões normais do fígado 11
de da forma do fígado e do tamanho do lobo esquerdo l .34
Fig.2-5).
Diâmetro Pereentil 95
Linha fixo (em) (em)
Dimensões
Hemiclavicular Longitudinal 10,5 ± 1,5 12,6
AP 8,1 ± 1,9 11,3 Pode variar bastante em forma e tamanho, sendo consi-
derado normais um comprimento de 7 a 10 cm e uma largu-
Linha mediana Longitudinal 8,3 ± 1,7 10,9
ra de até 4 cm, medida em um corte transversal.27 Seu volu-
AP 5,7 ± 1,5 8,2
me médio é de aproximadamente 30 ml.
 

C.. l u o 1 • N TOMI UtTRA-SO JOGRÁFIC/\ ABDOME 39

A B
Fig 2·13. Vesícula biliar. Imagens ultra-sonográficas longitudinal (A) e transversal (B) da vesícula biliar (setas).

A parede da vesícula não deve ultrapassar 4 mm de veia porta e à direita da artéria hepática, cruza por trás da pri-
pri-
espessura, sendo mais bem avaliada na parede anterior. É meira porção do duodeno nesta região pode ser caracteriza-
constituída de três camadas: a mucosa, a muscular e a sero- do como colédoco, dada à baixa freqüência de casos onde o
sa. Caso seja a vesícula pouco distendida estas camadas ducto cístico se une ao ducto biliar comum em posição tão
podem ser individualizadas, formando um contorno exter- inferior) e corre em um sulco próximo à borda direita da face
no fortemente ecogênico, um interno pouco ecogênico e posterior da cabeça do pâncreas, entrando a seguir no duo-
uma área anecóica entre esses. deno, porém a sombra acústica ocasionada pelo gás no duo-
deno pode tornar difíc
difícil
il a sua
su a visi
visibil
bilizaç
ização
ão Fig.
Fig. 2-15).
HEP TOCOLÉDOCO Variações nas relações das estruturas da porta hepatis
Recebe esta denominação devido à dificuldade em se podem ocorrer. Tipicamente o hepatocolédoco é ântero-
caracterizar o ducto cístico. Portanto, a porção proximal do lateral e a artéria hepática própria, ântero-medial à veia por-
colédoco aferida pela ultra-sonografia geralmente é indis- ta Fig. 2-10), angulando para a direita à medida que ascen-
tinta do ducto biliar comum. Como se trata de uma estrutu- dem e aproximam-se da porta hepatis Em 85 dos casos a
ra tubular com conteúdo líquido, a sua luz anecogênica artéria hepática direita cursa entre a veia porta e o hepato-
deve contrastar com a sua parede hiperecogênica. colédoco Fig. 2-16) e no restante dos casos anterior ao he-
patocolédoco. 27 Em alguns casos o hepatocolédoco pode
Relações correr anteriormente à artéria hepática própria. Atenção a
O hepatocolédoco corre na borda livre do omento menor essas situações é necessária para a correta identificação de

ligamento hepatoduodenal . onde se localiza ântero-Iateral à todas as estruturas da porta hepatis

Fig 2-14. Colo da vesícula biliar redundante. Imagem ecográfica Fig 2- 15. Desembocadura do hepatocolédoco. Imagem
longitudinal da vesícula biliar demonstrando um Infundibulo ultra-sonográfica do hepatocol
hepatocolédoco
édoco distai (set
(seta),
a), em sua
alongado e redundante. desembocadura no duodeno e sua relação com a cabeça pancreática P).

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