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Escola de Ultra-Sonografia e

Reciclagem Médica Ribeirão Preto


- Mauad

História da ultrassonografia 1
A ultra-sonografia quando começou a ser utilizada na década de sessenta, provocou desconfiança
e controvérsia entre a comunidade científica, especialmente pela falta de qualidade das imagens
produzidas naquela ocasião. Com o advento do Doppler colorido, Doppler de amplitude e de novos
transdutores, houve uma melhora significativa na qualidade das imagens, o que elevou o status da ultra-
sonografia a método diagnóstico mundialmente reconhecido. Assim o reconhecimento deste método,
impulsionou uma evolução que culminou com o desenvolvimento de imagens tridimensionais.

Alguns pontos, entretanto, permanecem em discussão. Em relatório recentemente publicado e


endossado pela Food and Drug Administration (FDA), American Institute of Ultrasound in Medicine
(AIUM) e pelo European Committee for Medical Ultrasound na FDA Consumer Magazine Volume 38,
Number 1 | January-February 2004. Essas instituições legitimam o uso da ultra-sonografia em obstetrícia
nas seguintes situações:

Diagnostico de gravidez, determinação da idade gestacional, diagnóstico das anomalias


congênitas, avaliação da placenta e na determinação de gestação múltipla.

Chamam a atenção para o fato de que equipamento de ultra-sonografia moderno é capaz de


produzir aproximadamente oito vezes intensidades mais altas do que os equipamentos utilizados na última
década. Ressaltam a importância de continuarmos estudando os possíveis efeitos a longo prazo de ultra-
som pré-natal em animais e estudos epidemiológicos em seres humanos.

Efeito piezoelétrico direto e indireto

As bases da ecografia remontam ao final do século XIX, com a descoberta do efeito


piezoelétrico pelo casal Curie em 1880. Eles observaram que certos cristais, como o quartzo, ao sofrerem
deformações mecânicas passam a apresentar uma diferença de potencial entre suas duas superfícies.

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O efeito piezoelétrico então é uma propriedade de certos cristais de converter distorções


mecânicas em pulsos elétricos e pulsos elétricos em distorções mecânicas. Fig 1

Cristal de PZT

Efeito piezoelétrico indireto


Ultra-som
Corrente elétrica
alternada

TECIDO
Transdutor
Eco em
Ultra-som
Corrente elétrica
alternada
Efeito piezoelétrico direto

Fig 1 – Efeito piezoelétrico direto e indireto

A transmissão dos ultra-sons através da água foi descrita no início do século XX por Lagevin.
Logo após, várias técnicas de detecção de falhas em metais foram desenvolvidas. Uma das maiores
contribuições à ecografia foi o desenvolvimento do SONAR ( sistema emissor-receptor de ultra-som )
durante a II Guerra Mundial, que permitia a detecção dos ecos refletidos por objetos submersos (
submarinos ) e, conseqüentemente, a sua localização a grandes distâncias. Após a guerra, o princípio do
SONAR foi aplicado à medicina inicialmente para a detecção de hidrocefalia, seguido pelo uso em
obstetrícia, ginecologia e cardiologia.

Em 1947, K. Dussick fez uma das primeiras aplicações do ultra-som ao diagnóstico médico, ao
usar dois transdutores colocados em lados opostos da cabeça para medir padrões de transmissão do som.
Ele notou também que tumores e outras lesões intra-cranianas podiam ser detectados por esta técnica.

Em 1948, o Dr. D. Howry desenvolveu o primeiro aparelho de ultra-sonografia, que consistia em


um tanque de água para gado com corrimão de madeira fixado em um dos lados. O carrinho do transdutor

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movia-se ao longo do corrimão em plano horizontal, enquanto o objeto a ser examinado e o transdutor
eram colocados dentro da água.

Em 1954, foram desenvolvidas técnicas ecocardiográficas pelos Drs. C. Hertz e I. Edler na


Suécia. Esses pesquisadores logo verificaram que podiam distinguir o movimento das valvas cardíacas
normais do movimento das valvas espessadas e calcificadas presentes em pacientes com cardiopatia
reumática.

O primeiro aparelho obstétrico composto de contato foi construído por Tom Brown e pelo Dr.
Ian Donald na Escócia, em 1957. O Dr. Donald descobriu muitos padrões de imagens fascinantes em
pacientes obstétricas, sendo seu trabalho citado até hoje. Enquanto isso, na Filadélfia, o Dr. Stuart
Lehman elaborava um sistema de ultra-sonografia obstétrica em tempo real.

Em 1959, G. Kossoff, H. P. Robinson e W. Garret, na Austrália, desenvolveram aparelhos


diagnósticos de modo B ( Brigh – brilho ), com uso de banho de imersão para melhorar a resolução da
imagem. Em 1972 estes pesquisadores foram responsáveis pela introdução da aquisição de imagens em
tons de cinza , dando à ecografia significativo impulso, devido à grande qualidade das imagens obtidas .O
método alastrou-se rapidamente por várias especialidades médicas. Outra importante inovação ocorreu
em meados da década de 70, com o desenvolvimento do equipamento dinâmico, o que permitiu a
realização de um exame rápido, tecnicamente mais fácil e eficiente, consolidando definitivamente a
ecografia como um método diagnóstico.

O contínuo avanço tecnológico certamente vai contribuir ainda mais para a difusão da técnica ,
principalmente pela boa relação custo/eficiência e pelo fato de ser um método não-invasivo quando
comparado a outras técnicas de diagnóstico por imagem.

Som 2

Características das ondas sonoras

Som é uma forma de energia mecânica resultante da vibração de moléculas em um meio físico
elástico.Não se propaga no vácuo.
O som é gerado por uma variação propagada de grandezas denominadas variáveis acústicas.
As variáveis acústicas incluem: pressão, densidade, temperatura e motilidade de partículas em um
meio elástico.
As partículas oscilam para frente e para trás, à medida que o som se propaga. fig 2

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B C B C B C

A Tempo
Pressão

ou
distância

= comprimento de onda
A = amplitude , potência
B = pontos de maior pressão..monte
C = pontos de menor pressão..vale
fig 2 : Propagação do som ( comprimento de onda,amplitude e potência)

O som e o ultra-som são ondas mecânicas, que ao contrário eletromagnéticas (rádio, luz e raios
X) requerem um meio físico ( elástico ) para a sua propagação, não se propagando no vácuo. Como esta
transmissão está diretamente relacionada com a distância entre os átomos ou moléculas que compõe o
meio, é óbvio supor que a velocidade do som varia em diferentes meios dependendo da densidade e da
elasticidade do meio. O som, assim como as ondas eletromagnéticas, também podem refletir,
dependendo do ângulo de penetração ( incidência e insonação) na interface e da diferença de impedância
acústica entre os dois meios.

Como o equipamento de ultra-som determina as distâncias em função do tempo entre a emissão


do pulso e a recepção do eco, foi padronizada em muitos países a velocidade de 1540 metros por segundo
como a velocidade média do ultra-som nos tecidos humanos. Os ecos de uma estrutura superficial levam
menos tempo para chegar ao transdutor que os de estrutura mais profundas. Desta maneira, o aparelho
está continuamente calculando as distâncias das estruturas do corpo em relação ao transdutor, em função
do tempo de retorno dos ecos à superfície do mesmo transdutor.

Note que o mesmo cristal que produz o ultra-som capta os ecos dos tecidos. Para que isto seja
possível, a produção do som é realizada em pequenos pulsos de curta duração (de frações de segundo),
enquanto o tempo de recepção é bastante longo, numa proporção de 1:1000. Fig 3

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Cristal emissor
receptor pulsado
Emissão

Tecido

Recepção( eco )

fig 3: Emissão e recepção do som

Para entender como funciona um equipamento de ecografia é necessário entender primeiro o


significado de certos termos, listados a seguir:

Velocidade de propagação

É a velocidade com a qual uma onda sonora se movimenta através de um meio elástico.
A velocidade ( V ) depende da freqüência ( f ) e do comprimento de onda ( λ ) e da densidade dos
tecidos. V = f .λ.
Quanto maior a densidade maior a velocidade de propagação.
Nos tecidos moles a velocidade média de propagação é de 1540 m /s

Reflexão – Àngulo de reflexão ( C )

O som assim como o ultra- som propaga-se em linha reta em um meio homogênio, porem ao
encontrar uma superfície ( interface ) de impedância acústica diferente sofrerá reflexão e refração. Fig 4

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REFRAÇÃO
Fonte
emissora
B C
Meio 1
Interface A

Meio 2
A = ângulo de insonação
B = ângulo de incidência
C = ângulo de reflexão D
D = ângulo de refração

fig 4: Refração do som


. Os sons
refletidos quando captados pelo equipamento de ultra-som poderão ser transformados em imagens
ecográficas. Todas as imagens ecográficas dependem da reflexão , refração e dispersão do som ( ultra-
som ). Fig 5

ULTRA-SOM : OBTENÇÃO DE IMAGENS TECIDUAIS

PULSOS DE
ULTRA-SOM ECOS IMAGENS

Insonação Reflexão

TECIDOS TECIDOS

fig 5:Obtenção de imagens teciduais pelo ultra-som

Interface

Interface é a região de separação entre 2 meios elásticos de impedância acústicas diferentes. Os


ecos são produzidos ( refletidos ) nas interfaces, sendo que são mais fortes quanto maior for a diferença
de impedância entre os meios. Fig 4

Os órgãos são constituídos de diferentes tipos de grupamentos celulares ( micro sistemas )


geradores de milhares de interfaces (micro interfaces ) acústicas.

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Impedância acústica.

É a resistência que o meio impõe à penetração do feixe acústico, sendo representada pelo símbolo
Z, sendo o produto da velocidade do som em um meio pela densidade deste meio. A reflexão de um feixe
sonoro depende da diferença de impedância acústica entre os dois meios e do ângulo que este atinge a
interface.

Tecidos biológicos, com exceção das interfaces ósseas e entre ar e tecido, apresentam pequenas
diferenças na impedância acústica de modo que apenas pequeno componente do feixe é refletido em cada
interface. Entretanto, quando o som atravessa grandes variações de impedância acústica, grande parte dele
é refletido, o que causa uma sombra acústica posterior Isto é devido à grande atenuação do feixe e perda
de resolução da imagem que se encontra posteriormente à zona de transição densiométrica.Este fato
ocorre em exames com presença de alças intestinais (e conseqüente gás), pulmões , ossos e calcificações.
Tab 1

Impedância acústica e velocidade do som em diferentes tecidos


Tecido Impedância acústica Velocidade (m/s)
Ar 0,0001 300
Tecido adiposo 1,38 1450
Água 1,5 1430
Sangue 1,61 1570
Rim 1,62 1560
Fígado 1,65 1550
Músculo 1,7 1585
Osso 7,8 4080

Tabela 1: Impedância acústica e velocidade do som em diferentes tecidos.

Freqüência
O número de oscilações ocorridas em cada segundo é denominado de freqüência ( Nº de ciclos por
segundo ). .Mede o número de picos de uma onda sonora que se propaga a partir de um ponto fixo a cada
segundo. Vide ciclos por segundo e Hertz. Fig 6.

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FREQUÊNCIA = nº de ciclos /s
Press ão 1 ciclo

Tempo

1 segundo ( s )
F = frequência = 2 ciclos / s

Figura 6:Freqüência

Hertz ( Hz ) – Kilohertz ( Khz ) – Megahertz ( Mhz )

Hz, Khz e Mhz são medidas da freqüência (número de vezes por segundo que vibra o cristal
piezoelétrico) do som em ciclos por segundo sendo que 1 Hertz é igual a 1 ciclo por segundo , 1
Kilohertz é igual 1000 ciclos por segundo e 1 Megahertz é igual a 1 milhão de ciclos por segundo.

O som pode ser classificado de acordo com sua freqüência em: infra-som, som, ultra-som e hiper-
som. Fig 7

São audíveis vibrações com freqüências compreendidas entre 20 e 20.000 Hz

10.000.000 hz
20 hz 20.000 hz 10 Mhz

Infra-som Som
Sub-som
Ultra-som Hiper-som

fig 7: Classificação da freqüência do som

Comprimento de onda

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É a distância entre dois picos consecutivos de onda, geralmente expresso em centímetros ou em


milímetros. Tem uma relação inversa com a freqüência e direta com a velocidade, ou seja, ao
aumentarmos a freqüência (mantendo a velocidade – que depende apenas do meio) o comprimento de
onda diminui e vice-versa.

Representa o espaço necessário para que um ciclo ocorra e é representado pela letra grega
“lâmbda” λ . fig 8

Fig 8:Comprimento de onda.

Amplitude- potência
Amplitude : representa o valor máximo de pressão ( potência ) atingido pela onda acústica em um
determinado ponto, subtraído o valor de repouso. Fig 9

A amplitude corresponde à altura do sinal sonoro e é medida em decibéis (dB). Por exemplo, o
botão de volume de um amplificador de som controla a amplitude do som nas caixas acústicas.

Potência: energia gerada pelo transdutor e aplicada ao paciente, maiores potências levam à maior
penetração e a ecos mais fortes, devido ao aumento na amplitude do feixe e, conseqüentemente, na
amplitude dos ecos. A potência é medida em Watts/cm2 ou miliWatts/cm2 .

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fig 9:Amplitude e potência.

Período

É o tempo necessário para ocorrer um ciclo completo


O período de uma onda é medido em segundos ( s ) , mili-segundos ( ms ) ou micro-segundos (
μs). Fig 10

fig 10: Período

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Intensidade.

É a potência de uma onda dividida pela área sobre a qual a potência é aplicada e é medida em
Watt/ cm2 ( W /cm2 ) e miliWatt/cm2 ( mW/cm2 ).

I = potência / área

As unidades de potência incluem o Watt ( W )e o mili Watt ( mW ).


Em diagnóstico médico, as intensidades usadas variam entre 2 e 6 mW/cm2.

Decibel (dB): unidade usada para expressar a intensidade (ou amplitude) de uma onda sonora, é
uma função logarítmica. Uma diferença de 10dB corresponde a uma diferença de intensidade de 10 vezes,
ou de amplitude de 20 vezes: 10 dB = log10 I1/ I2

Refração – Ângulo de refração ( D )

É a mudança de direção do som quando passa de um meio para outro. fig 11.

REFRAÇÃO
Fonte
emissora
B C
Meio 1
Interface A

Meio 2
A = ângulo de insonação
B = ângulo de incidência
C = ângulo de reflexão D
D = ângulo de refração

fig 11:Refração e ângulo de insonação.

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Atenuação

Corresponde à perda de intensidade (ou amplitude) de um feixe acústico ao passar por um meio.
Esta perda pode ser devida à dispersão, refração, absorção ou reflexão do feixe acústico. Supõe-se que o
corpo humano promova uma atenuação ao redor de 0,5dB/ MHz/ cm, embora a do tecido ósseo seja de
20dB/cm/MHz e a do pulmão seja de 41dB/cm/mHz.

. Assim, à medida que o som penetra mais profundamente nos tecidos a sua intensidade é
reduzida à razão de 0,5 dB/MHz/cm, sendo sua intensidade reduzida à metade a cada perda de 3dB (p.e.
um feixe de 6MHz perde metade da intensidade a cada 1cm de penetração de partes moles). O mesmo
fenômeno é imposto aos ecos ao retornar ao transdutor. Torna-se evidente que os ecos de interfaces
situadas próximas ao transdutor terão muito maior intensidade que os de origem mais profunda. Para
compensar a atenuação torna-se necessário o uso de um amplificador diferencial, isto é, de um
amplificador que começa a atuar imediatamente após o disparo do pulso de ultra-som, amplificando
pouco os ecos que retornam logo ao transdutor (ecos fortes, de interfaces próximas) e proporcionalmente
mais à medida que vão chegando os ecos (ecos cada vez mais fracos, de interfaces mais profundas). Este
amplificador diferencial é chamado de compensação do ganho de tempo, ou pelas iniciais TGC, que é
responsável, portanto, pelo aspecto homogêneo que os órgãos têm à ecografia, independentemente da
profundidade que os ecos retornam.

Dispersão

É a formação de ecos de baixa intensidade por pequenas estruturas ( hemácias ) com difusão e
redirecionamento do som para diferentes trajetórias.Isto ocorre quando a superfície refletora tem
dimensões reduzidas em relação ao comprimento de onda utilizada. Estes ecos não são detectados
podendo gerar imagens irreais em preto e branco ( espelhamento Rayleigh )

Absorção

È a dissipação da energia mecânica sonora com transformação parcial em calor. A absorção é


diretamente proporcional à freqüência do som e depende da densidade do
meio onde a onda sonora se propaga.

Ângulo de insonação ( A ) e Ângulo de incidência ( B )

O ângulo de insonação é o ângulo formado entre o feixe sonoro e linha que corresponde à
interface entre 2 meios de propagação.
Ângulo de incidência ( transmissão ) é o ângulo entre a direção do feixe sonoro e uma linha
perpendicular à interface dos meios 1 e 2 . fig 12

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REFLEXÃO
Fonte
emissora
B C
Meio 1
A
Interface

Meio 2

A = ângulo de insonação
B = ângulo de incidência
C = ângulo de reflexão

fig 12: Reflexão.

Em ecografia ( Modo B ) normalmente é usado o ângulo de insonação , próximo de 90º e em


Dopplervelocimetria um ângulo menor que 90º ( ideal menor que 60º )

Interferência de ondas
Ondas sonoras quando se encontram podem apresentar interferências positivas ( reforço ) ou
negativas ( anulação ), dependendo da combinação das pressões ( fases ).
Quando há concordância ( mesmo sentido ) de fases, ocorre o reforço e quando houver
discordância ( sentidos opostos ) pode ocorrer anulação do som. Fig 13

Concordância de fases Discordância de fases


INTERFERÊNCA - fases com mesmo sentido INTERFERÊNCA - fases com sentidos opostos

Onda 1
Pressão

Press ão

Anulação

Onda 2

Onda 1 + onda 2 = Reforço Ausência de sinal


Onda 1 - onda 2 = Anulação

fig 13: Interferência de ondas.

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Imagem 3
A geração de imagens a partir de um som ( ultra-som) depende de sofisticados equipamentos
que possam capturar ecos teciduais e processar as informações contidas nestes ecos. Fig 14

Ultra-som
Corrente elétrica
APARELHO DE alternada
ULTRA-SOM

Transdutor TECIDO

Eco em
Corrente elétrica Ultra-som
alternada

IMAGEM DIGITAL
E DOPPLER
Fig 14: Geração de imagens.

As imagens resultam de vários processamentos ( interpretação ) baseados nos princípios físicos


das ondas sonoras ( reflexão, refração, atenuação, dispersão, velocidade etc.. )

As informações contidas nos ecos pós processadas são convertidas em sinais digitais ( pixel )
que constituirão os elementos básicos na composição das imagens digitais. Fig 15

Pixel
È o elemento básico da imagem digital. È a unidade na qual a informação da imagem é dividida
para ser processada ou armazenada e visualizada em um instrumento digital.
No monitor a imagem se compõe por múltiplas linhas verticais e horizontais. Ao entrecruzarem
delimitam pequenos espaços quadrados ( em torno de 256 em ambos os sentidos ). Cada um destes
espaços recebe a denominação de “elemento de imagem” ou pixel. Cada pixel armazena um código
digital determinado pela intensidade ( amplitude ) do eco procedente de um ponto anatômico

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tecidual.Diferentes intensidades representam diferentes tons da escala de cinza durante o processamento


da imagem.fig 15

Pixel e Bit

Bit - código digital para a escala de cinza

5
4
3
2
5 bits por pixel 1

Pixel 1 Pixel 2 Pixel 3

Pixel : uma escala de cinza para cada ponto tecidual

Fig 15; Pixel e bits

Harmônicos

Imagens ecográficas podem ser obtidas a partir de “ecos simples” ( identidade de freqüências com
o feixe emissor ) , ou através processamento de sons harmônicos gerados nos tecidos durante o
impacto do feixe sonoro emitido pelo transdutor ultra-sônico.

Em ultra-sonografia um eco é dito harmônico quando tem freqüência múltipla do som emitido . A
2ª harmônica, tem freqüência dupla ( 2 vezes ) da freqüência do som emitido . fig 16
A teoria básica da Imagem Harmônica é que o tecido do corpo reflete sinais de ultra-som em frequências
múltiplas à frequência de emissão, ou seja, a segunda harmônica mais a frequência de emissão. Como os
harmônicos emergem dos tecidos apresentam metade da atenuação do som emitido ( emissão-reflexão)
pois não fazem duplo percurso.Isto permite maior resolução das interfaces teciduais e conseqüentemente
melhor qualidade de imagens e mapeamentos por Doppler.

Tipos de Imagem Harmônica


- Imagem Harmônica de Tecido: Não utiliza a injeção de contraste. Utiliza-se da harmônica gerada
no tecido corporal.
- Imagem Harmônica utilizando Contraste: Injeta-se o contraste no vaso sanguíneo visando aumentar
a geração de harmônica e então o sinal da harmônica gerado no vaso sanguíneo é utilizado para se obter a
imagem.

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fig. 16: Harmônica- O som refletido tem freqüência dupla do som emitido

Feixe acústico e o ultra-som .

Refere-se ao conjunto de ondas produzidas pelo transdutor. A forma do feixe acústico depende do
diâmetro dos cristais emissores e da freqüência da onda gerada. Nos equipamentos de ecografia têm um
formato aproximadamente cilíndrico e apresenta dois segmentos distintos: zona proximal de Fresnel e
zona distal de Fraunhofer. fig 17

Os ultra-sons são gerados pelo cristal piezoelétrico, ao ser submetido a estímulos elétricos de
curtíssima duração (ao redor de 1 milissegundo). Imediatamente após um estímulo elétrico, o pulso ultra-
sônico inicia a sua propagação pelos tecidos. Os ecos ocorrem em interfaces entre tecidos com diferentes
impedâncias acústicas. Quanto maior for a diferença, maior será a intensidade do eco produzido. Em
interfaces entre tecidos moles e gás, cuja diferença de impedâncias é muito alta, quase a totalidade
(99,9%) é refletida, não permitindo, portanto, a propagação do som além desta interface.

Nos casos mais comuns, onde a diferença de impedância não é tão grande, parte do som é refletida
(eco) e o restante é transmitido até a interface seguinte, e assim sucessivamente, produzindo mais ecos.

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Os ecos são mais intensos quando a interface é perpendicular ao sentido de propagação do feixe
acústico. Ao inclinarmos a interface, a intensidade do eco é cada vez menor, sendo que a partir de um
determinado ângulo não há mais produção de ecos (artefato do ângulo crítico). Da mesma maneira que o
som é refletido, também pode sofrer refração, isto é, desvio no eixo de propagação, ocasionando
principalmente por interfaces esféricas, levando à formação de sombras acústicas laterais (p.e. em cistos).
Fig 11

Zona próximal: também chama zona de Fresnel, é a porção do feixe acústico que vai do transdutor até o
início da divergência do feixe. O feixe é comumente focalizado nesta zona, melhorando sensivelmente a
resolução lateral. Fig 17

Zona distal: também chamada zona de Fraunhofer, é a porção do feixe acústico a partir de onde o feixe
começa a divergir. O ângulo de divergência é inversamente proporcional à freqüência da onda e ao
diâmetro do cristal do transdutor.fig 17

Zona focal: é a região de um feixe focalizado onde o estreitamento é maior, correspondendo também à
região de melhor resolução lateral. Nos transdutores de cristal único, esta região é fixa, enquanto que nos
transdutores de múltiplos elementos (phased array, linear array) a zona focal pode ser selecionada no
painel do equipamento. Fig 17

FEIXE ACÚSTICO

Fonte Zona focal


emissora
-
transdut
or - Feixe acústico

Zona proximal
De Fresnel Zona distal
de Fraunhofer

fig 17: Feixe acústico

Transdutor

Dispositivo capaz de transformar uma forma de energia em outra. Por exemplo, um ferro de passar
roupas é um transdutor capaz de transformar a energia elétrica em calor.

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No aparelho de ultra-sonografia, o transdutor tem uma dupla finalidade: a de transformar energia


elétrica em ultra-som e a de transformar a energia mecânica dos ecos em sinais elétricos que, devidamente
processados, vão originar imagem ( modo B ), espectrogramas de velocidade de fluxos ou mapeamentos
vasculares luminares ( eco- Doppler ). Fig 18

Ultra-som
Corrente elétrica
APARELHO DE alternada
ULTRA-SOM

Transdutor TECIDO

Eco em
Corrente elétrica Ultra-som
alternada

IMAGEM DIGITAL
E DOPPLER

Fig 18: Transdutor

Os transdutores podem ser classificados de acordo com o formato, sistema de ativação dos cristais ,
forma de emissão, freqüência de emissão e com ou sem processador de Doppler .

a) Formato – planos ( lineares ); convexos; setoriais ; cavitários e em forma e caneta , etc. fig 19

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fig 19: Classificação dos transdutores de acordo com o formato.

b) Tipo de emissão de ondas – contínuos ( CW ) e pulsados ( PW ).


Transdutor de Doppler contínuo ( CW )

Os transdutores de emissão contínua têm 2 cristais para a execução do efeito Doppler ( 1 para a
emissão e outro para a recepção dos sinais de Doppler) e 1 ou mais cristais para a geração de imagens.
Neste tipo de transdutor o foco de amostragem tem a comprimento do feixe ( não é seletivo ),ocorrendo a
integração de efeito Doppler de todos os vasos atingidos pelo feixe. O resultado final é a soma algébrica
das ondas espectrais do fluxo de todos os vasos insonados. Fig 20

Transdutor de Doppler pulsado ( PW )

A freqüência com que o transdutor emite os pulsos e denominada de PRF ( Pulse Repetiton
Frequency ).O PRF pode ter valores diferentes em equipamentos diferentes, oscilando entre 1 a 20 khz.
Fig 20.

Os transdutores de emissão pulsada têm um único cristal para o efeito Doppler ( cristal
emissor-receptor ) e 1 ou mais cristais para a geração de imagens. O foco de amostragem Doppler tem
pequena dimensão que pode ser alterada dependendo do tipo de abordagem desejada durante um exame (
variação entre 0,5 mm a 20 mm de extensão ) o que o torna altamente seletivo. O sistema pulsado é
seletivo em relação ao ponto de amostragem intra vascular porem e susceptível a um artefato indesejável
– o “aliasing”

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O “aliasing”é um efeito indesejável caracterizado pela incapacidade de análise em tempo real de


fluxos que pela grande velocidade produzam ecos cujo efeito Doppler ultrapassem o limite de Nyquist (
ver PRF, aliasing e limite de Nyquist ).Fig 21

DOPPLER - EMISSÃO
CONTÍNUO E PULSADO

Fig 20. Sistema de emissão


CONTÍNUO

PULSADO

DOPPLER CONTÍNUO E PULSADO


- SELETIVIDADE DE AMOSTRAGEM - P. freitas.03

TRANSDUTOR TRANSDUTOR
2 CRISTAIS 1 CRISTAL

2
1
1 AMOSTRA AMOSTRA

Fig 21. Foco de amostragem de Doppler


espectral ( contínuo e pulsado )

E
ER
R

EMISSÃO CONTÍNUA ( CW ) EMISSÃO PULSADA ( PW )

c) Sistema de acionamento dos cristais – mecânico ( setorial ), eletrônico ( lineares , e convexos).

d) Freqüência de emissão – mono ou multifreqüenciais : geralmente de 2 Mhz a 20 Mhz.

e) Nº de focos temporais – mono ou multifocais


f) Dimensão ( eixos ) da imagem – bidimensional ou tridimensional.
g) Integração analítica – branco e preto ou coloridos
h) Função – dupla ( geração de imagens e Doppler) ou simples ( somente imagens ou Doppler espectral)

A escolha do tipo de transdutor dependerá da técnica de exame selecionada e do protocolo


pertinente.

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Detecção dos ecos e formação de imagens

Ultrassonografia 4
Ao atingir o cristal piezoelétrico, as ondas sonoras produzem pequenas deformações no cristal
que, devido ao mesmo efeito piezoelétrico geram potenciais elétricos proporcionais às suas intensidades.
Como estes potenciais são muito pequenos, o sinal passa inicialmente por um amplificador convencional,
que aumenta a amplitude de todos os sinais elétricos. A seguir, o sinal passa pelo amplificador diferencial
(TGC), para corrigir a menor amplitude dos ecos mais profundos, tornando-se equivalentes à dos mais
superficiais. Fig 22

TGC – TIME GAIN COMPENSATION

Transdutor

Objeto de
Ecos
estudo
compensados
TGC - TGC +

Energia
dos ecos
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4

P. freitas. 03

Fig. 22 – Compensação dos ecos teciduais

Estes sinais ainda são muito simples para formar as imagens. A próxima etapa é a demodulação,
onde o componente negativo do sinal é retirado, deixando apenas os picos positivos de diferentes
amplitudes. Neste ponto, ainda existe muita informação no sinal, sendo necessário uma nova etapa onde
grupos de ecos são combinados em "envelopes" para simplificar a informação. Estes "envelopes" são
detectados como sinais analógicos que agora devem ser convertidos em sinais digitais, ou seja, bits de
sinal 0 ou 1, para que possam ser processados pelo computador.

21
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Os sinais digitalizados agora são codificados para que ocupem a correta posição na tela e ficam
armazenados na memória do computador, adicionados de codificação referente ao nível de cinza em
função da amplitude do sinal. Os pontos com alta amplitude serão mostrados como brancos, os de
amplitude intermediária classificados em geralmente 32 a 64 tons de cinza, mais escuro com a menor
amplitude do sinal e, finalmente, o preto, que corresponde à ausência de sinal. Fig 15

No sistema de tempo real ou dinâmico, as linhas de informação são coordenadas em quadros de


525 linhas horizontais. Os quadros são mostrados a uma velocidade superior a 30 por segundo para que o
olho humano não perceba a mudança entre eles, eliminando o indesejável efeito de tremulação na tela.

Nos antigos sistemas estáticos, o sinal era processado da mesma maneira mais era projetado à
razão de um quadro por vez, porque a varredura era feita manualmente, deslocando-se o transdutor pela
área examinada e obtendo-se apenas uma varredura por vez. Estes sistemas estáticos caíram em desuso
devido ao alto custo, ao enorme tempo despendido no exame do paciente e à impossibilidade de estudar
objetos em movimento, tais como o coração, feto, etc.

As vantagens do equipamento dinâmico sobre o estático são inúmeras. Entre elas, podemos citar
a facilidade e rapidez com que o exame é feito, além de podermos identificar facilmente vasos e alças
intestinais que levavam o ecografista frequentemente a falsos diagnósticos, devido a simularem tumores,
cisto, calcificações, etc. Uma das desvantagens do dinâmico está na área reduzida de exame em relação ao
estático, que podia mostrar cortes inteiros do abdômen (como nos equipamentos de tomografia
computadorizada e nos de ressonância nuclear magnética).

Paradoxalmente, o equipamento dinâmico, devido à facilidade do uso, pode levar a exames


muito rápidos e superficiais, dando uma falsa sensação de segurança aos ecografistas pouco treinados ,
resultando em falsos diagnósticos.

Não é raro observarmos laudos onde tumores não foram diagnosticados devido à rapidez com
que o exame foi realizado. Em exames obstétricos, com certa freqüência um mioma não é diagnosticado
devido ao ecografista estar preocupado demais com a biometria fetal.

Formação das imagens e tipos de varredura

As formas mais comuns de processamento visual dos ecos são os modos A, B, M e mais
recentemente o 3D e 4D.

O modo A é o mais antigo em medicina, onde os ecos de uma linha são aplicados a um
osciloscópio de tal maneira que cada envelope de ecos corresponda a uma espícula vertical em função de
uma linha de base. A amplitude da espícula é proporcional à intensidade do eco, sendo que uma escala em
milímetros é colocada na base, permitindo uma medida acurada da distância entre as espículas e,

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conseqüentemente, entre as interfaces que originaram os ecos. O modo A é mais bem utilizado
conjuntamente com o modo B para medidas acuradas ou para a análise dos ecos de uma região (p.ex. um
tumor).

O modo B é o mais extensivamente utilizado atualmente, correspondendo à espinha dorsal da


ecografia. Neste tipo de processamento, todos os ecos de um plano são mostrados simultaneamente e cada
ponto tem um brilho (tom de cinza) proporcional à amplitude dos ecos. Este processamento permite a
visualização de verdadeiros cortes anatômicos seccionais, originando a grande acuracidade diagnóstica da
ecografia. O modo B é atualmente apresentado em três tipos de varredura dinâmica: linear, setorial e
convexa. Fig 19

A varredura linear é produzida por uma seqüência de cristais arranjados em linha, geralmente 64
ou 128, disparados em grupos, originando uma imagem quadrada ou retangular. Para contornar o pequeno
número de linhas verticais produzidas, são utilizadas técnicas de entrelaçamento entre as linhas para
produzir uma imagem mais consistente. O transdutor linear é muito utilizado em exames obstétricos,
principalmente no II e III trimestres da gestação, devido à grande abertura do campo próximo, facilitando
o estudo das estruturas mais superficiais. Esta mesma vantagem é utilizada no estudo de órgãos e
estruturas superficiais, tais como a tireóide, carótidas, mamas, etc. Uma das grandes desvantagens da
varredura linear é a grande superfície de contato com o paciente, dificultando bastante o estudo de órgãos
e estruturas situadas atrás de costelas (p.e. a vesícula biliar) ou atrás de alças intestinais (p.ex. o pâncreas).
Também no estudo ginecológico o seu desempenho é pobre, não permitindo uma boa visualização do
colo uterino e vagina nos cortes longitudinais.

A varredura setorial é obtida por meios mecânicos (com cristais giratórios ou oscilantes) ou
eletrônicos (phased array). Produzem imagens triangulares e a sua principal característica é o fácil acesso
entre costelas e alças intestinais, sendo indispensável, por exemplo, no estudo da área cardíaca. Como
desvantagem, podemos citar o reduzido campo de visão próximo, tornando-o inadequado para o estudo de
órgãos e estruturas superficiais.

A varredura convexa reúne as vantagens dos dois tipos citados, oferecendo uma imagem de
formato trapezoidal, com um bom campo de visão próximo e distante, excelente focalização e preço
menor, quando comparado à soma dos preços dos transdutores linear e setorial.

O terceiro tipo de processamento dos ecos é o modo M, onde a representação dos ecos é
unidimensional (da mesma maneira que no modo A), sendo extensamente utilizado em exames
cardiológicos. Os ecos são colocados em escala de cinzas em função de sua intensidade (como no modo
B), mas, simultaneamente, o equipamento promove uma varredura com velocidade constante dos mesmos
pontos.

23
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Desta maneira, os ecos imóveis aparecem como uma linha reta; os em movimento (p.ex. os da
parede cardíaca) aparecem como linhas sinuosas, permitindo a avaliação e mensuração da qualidade e
quantidade do movimento registrado. Tem aplicação muito pequena no estudo do abdome superior e da
pelve

Ecografia 5
Para entender como funciona um equipamento de ecografia é necessário entender primeiro o
significado de certos termos, listados a seguir:

Janela acústica: refere-se a órgão ou estrutura que se interpõe ao órgão ou estrutura que
desejamos estudar, facilitando a visualização do mesmo. Por exemplo, a técnica da bexiga urinária cheia
afasta as alças intestinais, normalmente localizadas anteriormente ao útero e anexos, permitindo o estudo
destes órgãos. Neste caso, a bexiga é considerada uma janela acústica.

Focalização: estreitamento do feixe acústico provocado por meios mecânicos (lentes acústicas)
e/ou eletrônicos (phased array) para melhorar a resolução lateral. Veja também Resolução lateral e Zona
focal.

O foco temporal TGC ( time gain compensation ) ou compensação do ganho no tempo, funciona
como um sistema intensificador dos ecos, através do tempo de análise de ecos proximais e profundos
(near, slop e far ). A adequação do TGC, produz imagens claras e com boa resolução para a escala de
cinzas, em uma determinada zona
( profundidade ).
A zona focal em ecografia, representa a região onde, ecos gerados são recebidos em tempos
diferentes, ( distâncias percorridas em tempos diferentes), porém analisados em um mesmo tempo, isto é,
todos os ecos, serão integrados no tempo de chegada ( recepção ) do último eco. Assim, se o primeiro eco
chega ao transdutor no tempo x e o último no tempo
x + 5x, todos serão integrados no tempo x + 5x e somados, aumentam a potência final do eco E . Assim,
o sinal recebido para a criação da imagem gerada na zona focal estará amplificado em sua potência.
A zona focal, pode ter sua profundidade modificada e várias zonas ( vários focos ) podem ser
ativadas ao mesmo tempo, gerando imagens de alta resolução em toda profundidade de alcance dos
feixes emitidos pelo transdutor.
A representação gráfica do foco, com estreitamento do feixe de US na zona focal, não traduz a
realidade e é apenas figura ilustrativa.

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Este conjunto de focos, pode ser acionado simultaneamente, com o TGC geral ( ganho geral ). Fig
22 e 23

FOCO TEMPORAL - IMAGEM


( z on a foc al )

Ta = X + 4 E E=e1+e2+e 3=e4+e5
O

imagem

e1 e2 e3 e4
+ + + + e5

t=x t = x +1 t = x +2 t = x +3 t = x +4 TR
TR
c1 c2 c3 c4 c5

e1 e3 e4 e5 emissão

e2

emissão
ecos

O O O O O O

ZONA FOCAL - FOCO TEMPORAL -

TR = transdutor
Ta = tempo de análise para todos os ecos = tempo focal
t = tempo de retorno dos ecos
E = eco final integralizado = soma total dos ecos
2000
e 1 , e 2 , e 3 , e 4 , e 5 = ecos de um mesmo ponto
c 1 , c 2 , c 3 , c 4 , c 5 = cristais emissores
O = ponto de geração dos ecos ( objeto )
X + 4 = tempo focal

Fig 23: Zona focal- foco temporal

A zona focal em ecografia, representa a região onde, ecos gerados são recebidos em tempos
diferentes, ( distâncias percorridas em tempos diferentes), porém analisados em um mesmo tempo, isto é,
todos os ecos, serão integrados no tempo de chegada ( recepção ) do último eco. Assim, se o primeiro eco
chega ao transdutor no tempo x e o último no tempo
x + 5x, todos serão integrados no tempo x + 5x e somados, aumentam a potência final do eco E . Assim,
o sinal recebido para a criação da imagem gerada na zona focal estará amplificado em sua potência.

Ganho: controla a amplitude (intensidade) da amplificação dos sinais elétricos equivalentes aos
ecos que atingem o transdutor, mostrando com mais intensidade todos os pontos luminosos na tela do
aparelho. Um aumento no ganho é equivalente a aumentar a potência, embora não haja aumento real da
potência de saída, aumentando também o ruído de fundo, piorando de certa maneira a qualidade de
imagens.

Curva de ganho: também chamada curva de TGC (time gain compensator), permite controlar o
ganho em diferentes profundidades. É muito útil na obtenção de uma imagem homogênea, reduzindo a
amplificação dos ecos próximos ao transdutor (mais intensos) e aumentando a dos ecos mais distantes
(mais fracos). É um dos controles mais importantes do equipamento de ultra-som. Fig 22

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Artefato: imagem ecográfica falsa produzida no processamento da imagem ecográfica. São


exemplos de artefatos a reverberação, a sombra acústica e o reforço posterior.

Reverberação: Formação de várias imagens subseqüentes resultantes de uma reflexão intensa de


som até o transdutor, causada por uma grande mudança de impedância acústica. Pode ocorrer devido à
presença de uma costela ao examinar o fígado, ou pela presença de alças intestinais.

Sombra acústica: área livre de ecos (anecóica) situada posteriormente transição de dois meios
com grande diferença de impedância acústica (p.e. músculo – osso, calcificações, etc.) resultante da
grande reflexão e conseqüente atenuação do feixe sonoro. Fig 24

Fig. - Sombra acústica

transdutor
MB 1 2 3
PC
DC
artéria

A A
P . freitas.
SA - 99 -

1 e 3 = feixe de ultra-som ( Doppler ) não refletido


2 = feixe de ultra-som ( Doppler ) refletido
PC = placa de ateroma calcificada
A = ponto de amostragem ( Doppler )
MB = modo B - bidimensional ( imagem )
DC = Doppler colorido
SA = som bra acústica ( Doppler espectral e colorido )

fig 24:Sombra acústica

Reforço posterior: ecos de alta intensidade que aparecem posteriormente a meios líquidos com
um típico formato, geralmente convergente, também conhecido como

formato de "cauda de girino", resultante da menor atenuação que o som é submetido ao percorrer o
líquido e os meios adjacentes a este. O termo reforço não é muito adequado, visto que não há aumento na
amplitude das ondas sonoras que atravessam o líquido, mas sim uma menor atenuação e devido ao ajuste
automático para compensar a atenuação que supostamente ocorreria, as estruturas que ficam abaixo de
regiões com baixa atenuação ficam mais brancas. É muito útil para a identificação de estruturas císticas.

Resolução

É a capacidade de discernir ecos próximos entre si. A capacidade de demonstrar pequenos objetos
é denominada resolução espacial que pode ser dividida em axial e lateral. A resolução axial é a
capacidade de demonstrar objetos situados em um plano paralelo ao da propagação do feixe, isto é,

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situados em linha, um atrás do outro. Usualmente, a resolução axial é da ordem de 1 mm. Isto significa
que se os objetos estão situados a distâncias menores que 1 mm irão aparecer na tela como sendo apenas
um objeto. A resolução axial depende primariamente do tamanho do pulso de ultra-som emitido pelo
cristal piezoelétrico; em outras palavras, do tempo que o cristal é estimulado eletricamente. Quanto menor
for o tamanho do pulso, maior será a resolução axial. O tamanho do pulso corresponde a alguns
comprimentos de onda da freqüência emitida pelo transdutor. Por esta razão, ao utilizarmos um transdutor
de freqüência mais alta vamos obter melhor resolução axial, devido ao comprimento de onda menor e,
conseqüentemente, menor tamanho do pulso.

Já a resolução lateral depende primariamente do diâmetro do feixe acústico. Se o objeto é


significantemente menor que o diâmetro do feixe, não será demonstrado na tela. A resolução lateral é de 2
a 3 mm, embora possa melhorar com a focalização do feixe. Os transdutores utilizam meios mecânicos
e/ou eletrônicos para estreitar (focalizar) o feixe, proporcionando melhoria da resolução lateral na zona de
foco.

No caso de focalização eletrônica, a distância da zona de foco em relação ao transdutor pode ser
modificada à critério do ecografista, dependendo da profundidade que se deseja melhoria da resolução. A
utilização de transdutores de maior freqüência também melhora a resolução lateral, devido ao fato de que
feixes de maiores freqüências podem ser focalizados mais intensamente que os de menores frequências.

O diâmetro do transdutor também desempenha um papel importante na resolução lateral, porque


os cristais mais largos produzem feixes que podem ser focalizados mais intensamente que os de menor
diâmetro.

Instrumentação 6

O painel de um equipamento de ultra-som varia consideravelmente de uma para outra marca.


Botões, potenciômetros deslizantes, controladores tipo joy-stick, track-balls, teclados de membrana,
LEDs, push-bottons, displays digitais, keyboards, mouses, light-pencils, menus de opções e recursos de
computação fazem parte da parafernália de controles utilizada pelos fabricantes para tornar o
equipamento mais operacional e atraente. Em princípio, é mais facilmente operável quanto menor o
número de controles que devem ser ajustados para dar acesso a um determinado recurso do equipamento.

Se os princípios por trás destes controles são entendidos, o ecografista poderá facilmente obter
bons resultados em qualquer equipamento de ultra-sonografia.

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Controle de ganho: é um dos mais importantes controles, pois dele depende a obtenção de uma
boa imagem. Este ajuste é realizado pelo controle geral de ganho (Gain) e a curva de TGC. O controle
geral de ganho amplifica os sinais elétricos correspondentes aos ecos homogeneamente, sendo
responsável pela ecogenicidade da imagem. Se as estruturas conhecidamente anecóicas (p.e. a bexiga
urinária), apresentam ecos internos homogeneamente distribuídos, é bastante provável que o ganho geral
está muito elevado. Tipicamente, deve-se iniciar o exame com o ganho geral ajustado em 50%,
permitindo mais flexibilidade quando se quiser aumentá-lo ou diminuí-lo em pequenas quantidades.

Curva de TGC (curva de ganho): permite o controle de ganho independente para ecos de
diferentes profundidades. Em alguns equipamentos é realizada por controles rotulados "Near Gain" (que
controla os ecos superficiais) e "Far Gain" (que controla os ecos profundos); às vezes existe um terceiro
controle (chamado Middle Gain ou Balance) que controla o ganho da faixa intermediária entre os
anteriores. Outros fabricantes preferem botões deslizantes (como os de um equalizador de equipamento
de som), que controlam os ecos em faixas de alguns centímetros e, ao mesmo tempo, dão uma visão da
curva da TGC. Fig 22

O ajuste típico de curva de TGC é o de baixa amplificação para os ecos próximos e um suave e
progressivo aumento dos mais profundos, semelhante ao de uma curva logarítmica. O conceito básico por
trás da curva de TGC é o de obter uma ecogenicidade uniforme em todas as profundidades de imagem.
Fig 22

Rejeição: alguns equipamentos têm um controle de rejeição (Reject ou Threshold), destinado a


excluir ecos com amplitude abaixo de um determinado valor. Apenas os ecos com intensidade acima
deste valor serão processados para a formação da imagem. Visto que os ecos de baixa amplitude são
necessários para a adequada formação das imagens diagnósticas, usualmente este controle deve ser
desligado ou colocado em zero. O controle de rejeição tem grande aplicação na ecocardiografia.

Potência de saída: outra maneira de aumentar a ecogenicidade global da imagem é aumentar a


quantidade de energia sonora aplicada ao paciente (Power Output), conseqüentemente aumentando a
intensidade dos ecos. Tem efeito semelhante ao do controle geral de ganho, embora não esteja
relacionado com os controles de amplificação. A potência de saída é geralmente calibrada de 0 a 100%,
devendo-se recorrer ao manual do fabricante para relacioná-los com as potências envolvidas. Em
princípio, deve-se utilizar o mínimo de potência de saída necessária para a obtenção de uma boa imagem,
principalmente no primeiro trimestre da gestação

Congelamento da imagem: indispensável para a obtenção de imagens de boa qualidade para


documentação, visto que os movimentos da área em estudo, ocasionados por respiração, batimentos
cardíacos, pulsos arteriais, movimentos fetais, etc, freqüentemente borram a imagem, deteriorando

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sensivelmente a sua qualidade. O congelamento (ou Freeze frame) é fundamental durante a biometria,
para a obtenção de medidas acuradas.

Calipers: são marcas, geralmente um ponto, um sinal (+) ou a letra (x), que podem ser
controlados independentemente, permitindo a medida acurada entre interfaces. Um ou mais calipers são
disponíveis, dependendo do fabricante do equipamento. Geralmente exprimem distâncias em cm ou mm.
Também podem calcular circunferências e áreas em certos modelos. Muitos modelos oferecem um
programa de computador (software) que, através de diferentes opções apresentadas em um menu,
relacionam a medida dos calipers com parâmetros obstétricos, cardiológicos e vasculares, simplificando
bastante a biometria nestas áreas.

Focalização: atualmente são oferecidas opções de focalização do feixe acústico em diferentes


profundidades, uma por vez ou várias simultaneamente, melhorando sensivelmente a qualidade da
imagem nestas áreas. Quanto mais áreas são escolhidas, mais lenta torna-se a velocidade de produção da
imagem, que começa a bruxulear quando a velocidade fica abaixo de 30 quadros/s. Para evitar este
indesejável efeito, recomenda-se não focalizar mais de duas áreas por vez.

Outros controles: vários outros recursos são disponíveis em vários modelos, como a inversão de
polaridade da imagem (fundo preto com ecos brancos ou fundo branco com ecos negros), a produção de
duas imagens simultaneamente no vídeo (excelente na documentação de grandes áreas), demonstração
simultânea dos modos B e M (útil na documentação da atividade cardíaca fetal e em exames cardíacos) e
a inversão dos lados da imagem (D/E e E/D). São recursos que, quando dominados, permitem uma
documentação de boa qualidade.

Documentação: a maioria dos equipamentos oferece uma ou mais saídas de sinal de vídeo para
o acoplamento de câmera multiformato (para documentação em filmes radiológicos), printer (que utiliza
papel termo-sensível), videocassete e drivers de computador (para armazenar imagens em disquete ou
CD).

Printers: tem a vantagem de produzirem imagens de qualidade bastante aceitável em papel


termo-sensível, não requerendo nenhum processamento posterior. A videoprinter e o papel tem preço
caro.Atualmente vem sendo substituída por modelos de impressoras que produzem imagens de qualidade
altamente satisfatória.

Câmeras multiformato: produzem documentação de qualidade variável em função da


qualidade do sistema óptico e da resolução do tubo de imagem da câmera, além da qualidade do filme
utilizado. Boas câmeras têm preços elevados, o mesmo acontecendo com filmes de boa qualidade. Para
elevar mais ainda o custo final da documentação, requerem o processamento do filme (manualmente ou
em caríssimas processadoras automáticas), com o conseqüente dispêndio de reveladores e fixadores,
instalação elétrica e hidráulica, manutenção, construção de câmara escura, etc.

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Videocassete: é um excelente meio de documentação para fins particulares, embora inadequado


para ser enviado com o laudo do exame. Permite a gravação de exames complexos para posterior
reavaliação. Embora o videocassete possa gerar imagens para documentação com a printer, tal
procedimento não é recomendável devida à grande degradação sofrida pela qualidade da imagem neste
processo.

Disquete e CD: alguns modelos oferecem, como opção, o armazenamento das imagens em
disquetes ou CDs, bastando que se adquira um ou mais drivers de computação, embora somente os do
fabricante do aparelho sejam compatíveis com o mesmo, encarecendo o seu custo. A gravação em
disquetes está sendo abandonada devido ao pequeno número de imagens armazenadas em cada unidade.
Por esta razão, começou a difusão do uso de gravadores de CDs, pois estes são capazes de armazenar
grandes quantidades de imagens em uma mesma unidade, com baixo custo.

Artefatos

Os artefatos podem degradar significantemente as imagens, causando dificuldades no


diagnóstico. Os artefatos podem obscurecer uma anormalidade ou criar falsos ecos que simulam lesões,
levando a resultados falso-negativos ou falso-positivos.

Mesmo fenômenos externos ao equipamento (interferência elétrica provocada por outros


aparelhos elétricos ou eletrônicos, zumbido da rede elétrica de 60Hz, etc) ou internos ao equipamento
(falhas elétricas ou eletrônicas) podem produzir artefatos. Estes podem ser minimizados ou eliminados
por um adequado aterramento elétrico do aparelho, uso de estabilizadores elétricos digitais, supressores
de transientes e manutenção periódica. Recomenda-se ainda que a temperatura da sala de exame seja
mantida em torno de 24 graus centígrados por um condicionador de ar, o que aumenta em muito a vida
útil dos delicados circuitos eletrônicos. Os diferentes tipos de artefatos relacionados aos ecos têm origem
no ajuste inadequado dos controles do equipamento ou na interação do som com os tecidos.

A reverberação ocorre quando o som vai e volta repetidas vezes entre o transdutor e uma
interface altamente refletora (p.ex. gás). Cada vez que o eco atinge o transdutor outra vez a mesma
interface falsamente é representada na tela, caracteristicamente mais fracos e com uma distância sempre
igual à do transdutor com a interface refletora. Por isso, quanto mais superficial está a interface, mais
evidente fica a reverberação, pois as linhas ficam mais próximas entre si. Uma das causas mais comuns de
reverberação é a presença de alças intestinais contendo gás próximas da parede abdominal. Um tipo
especial de reverberação, denominada em "cauda de cometa", origina-se da reverberação interna de
objetos pequenos e altamente refletores, como

pedaços de chumbo, DIU, pequenas bolhas de gás, pequenos cálculos vesiculares e clips
cirúrgicos metálicos.

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O artefato do "feixe espesso" ocorre quando o feixe está largo, pouco focalizado, comumente em
estruturas próximas ao transdutor (p.ex. a vesícula biliar em pacientes magros), devido a uma parte do
feixe estar atravessando um meio líquido e a outra em um meio sólido ecogênico. Desta maneira, ecos
falsos são colocados na área anecóica, muitas vezes simulando bile espessa na vesícula biliar. Este
artefato é minimizado ou anulado pela focalização próxima do feixe ou pelo uso de freqüências mais
altas, onde o feixe é mais facilmente focalizado na zona mais próxima ao transdutor.

O artefato "em espelho" resulta de interfaces côncavas altamente ecogênicas, como o diafragma
e a parede posterior da bexiga, onde o eco é refletido e desviado, sofrendo nova reflexão em outro ponto,
ao invés de voltar diretamente ao transdutor. Desde que os ecos são processados em ordem chegada ao
transdutor, este eco duas vezes refletido levará mais tempo para chegar ao transdutor, formando uma
imagem falsa de localização mais profunda criando falsos tumores atrás da bexiga, ou fazendo uma lesão
hepática ou o rim direito aparecerem acima do diafragma.

A sombra acústica que aparece lateralmente à estruturas esféricas císticas ou sólidas é devida
tanto à refração como à reflexão que ocorre adjacente às estruturas de diferentes impedâncias acústicas,
ocasionando as "sombras laterais" comumente observadas na vesícula biliar, cistos e tumores mamários,
cistos hepáticos, bexiga urinária, etc. Os artefatos devem ser cuidadosamente estudados, reconhecidos e,
sempre que possível eliminados, evitando falsas interpretações diagnósticas.

Efeitos biológicos 7

Em intensidade suficiente, os ultra-sons podem provocar lesões teciduais, relacionadas


principalmente a três fenômenos: calor, cavitação e alterações celulares, oscilações e micro correntes
polarizadoras.

Parte da energia da onda acústica é transformada em calor pelo meio. Quanto maior a frequência,
maior a quantidade de calor gerada. Devido à baixa intensidade utilizada nos equipamentos de ultra-
sonografia, este fenômeno é desprezível.

A cavitação é a formação de bolhas gasosas no trajeto do feixe acústico, manifestando-se acima


de 300 W/cm2, portanto, bastante além da potência máxima gerada nos equipamentos de ultra-sonografia,
que atualmente estão na faixa de 0,1 a 5mW/cm2.

As alterações celulares, tais como quebra cromossômica e alterações lisossômicas tem sido
extensamente pesquisadas. No entanto, até o momento, não foram encontradas evidências de qualquer

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dano celular com as potências utilizadas nos equipamentos de ultra-som diagnóstico. Além do mais,
apenas 0,1% do tempo do exame corresponde à emissão de ultra-sons, isto é, cada 30 minutos (que
corresponde a um exame relativamente demorado em ecografia), o tempo empregado na emissão de ultra-
sons é de apenas 1,8 segundo. Segundo o Comitê do Instituto Americano de Ultra-som em Medicina
(AIUM), em nota publicada em 1976 e até hoje inalterada, não foram demonstrados efeitos biológicos
significantes em tecidos de mamíferos expostos a intensidades abaixo de 100mW/cm2. No entanto, o
tempo de exame deve ser limitado ao necessário para o diagnóstico, principalmente durante o primeiro
trimestre da gestação, onde a fase de organogênese poderia ser susceptível a um efeito danoso ainda
desconhecido dos ultra-sons.

Alguns dos efeitos biológicos com uso de diversas potências de ultra-sons estão demonstrados
nesta tabela 2.

Os efeitos biológicos do ultra-som.

Efeito Potência necessária

Calor 20 mW/cm2

Cavitação 500 mW/cm2

Quebra cromossômica 5 W/cm2

Anomalias fetais 25 W/cm2

Potências exercidas pelos métodos diagnósticos em medicina.

Potência máxima do ultra-som 5 mW/cm2

Potência do cardio-tocógrafo 50 mW/cm2

Potência do Doppler < 200 mW/cm2

Adaptado de De Wells PNT. Propagation of ultrasonic waves through tissues. In: Medical
Physics of Ct and Ultrasound. Zagzebski FG (ed). New York American Institute of Physics 1980.

Tabela 2: Efeitos biológicos do ultra-som

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Efeito Doppler 8

Em 1.843 o físico austríaco Christian Johann Doppler ( 1.803 a 1853 ) descreveu o efeito Doppler
ao verificar a modificação da freqüência de um feixe de ondas sonoras refletido por uma fonte (sonora )
ou anteparo refletor em movimento.
Em 1.848 Louis Fizeau verificava o mesmo fenômeno em relação às irradiações luminosas do
sistema solar (estrelas e planetas).
Fundamentado na reflexão das ondas sonoras observou que um feixe de ultra-som que atinge um
objeto estático ( parado ), reflete outro ultra–som ( eco ) com freqüência igual a emitida ( fonte emissora )
e quando o objeto estava em movimento a onda refletida tinha freqüência diferente.

Se incidirmos um feixe sonoro sobre um objeto que se afasta da fonte ( transdutor ) teremos um
feixe refletido com freqüência menor que a emitida e se o objeto se aproxima da fonte, um feixe refletido
de freqüência maior. Fig 24

Esta mudança de freqüência do feixe refletido, constitui o efeito Doppler e é expressa pela equação
V = C . f. / 2 FE cosonde V = velocidade do fluxo, C = velocidade do ultra – som nos tecidos
moles ( 1540 m/s), f.= efeito Doppler, FE = freqüência de emissão e ângulo de insonação ). Para que
haja efeito Doppler o ângulo de insonação deve ser menor que 90 º

EFEITO DOPPLER
FE – FR = Δf Δ
FE

Δf = efeito Doppler
Δ objeto
Fonte US
Ø sentido
trajetória
objeto
FE
estático

Ø FR FE < FR

FE

FR
FE = FR objeto
Ø sentido
trajetória
2 FE cos Ø
Δf = V
Δ

C
FR FE > FR
P. freitas.03

Fig. 24 – Efeito Doppler

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Ao incidirmos um feixe de ultra – som sobre um vaso sanguíneo, este feixe será parcialmente
refletido pelos elementos figurados do sangue ( hemácias ) em movimento.
A frequência do feixe refletido (FR), será maior ou menor que a frequência de emissão (FE) se as
hemácias se aproximam ou se afastam da fonte ( transdutor ) respectivamente.

Considerando que FE, C e são constantes para cada evento, veremos que o efeito Doppler ( f )
é diretamente proporcional `a velocidade ( V ) do fluxo.
Desde que as células sanguíneas se movimentem, a diferença da frequência do sinal refletido será
detectada e as informações sobre este movimento ( V ) serão processadas e apresentadas sob as formas :
a) sonora.
b) gráfica – ondas espectrais de velocidade de fluxo.
c) Doppler colorido – mapeamento vascular transluminar ( transformação do f em escala de cores ).
d) Doppler de energia ( potência ) – mapeamento vascular transluminar ( análise da intensidade e
energia do f com transformação unicolor ( em uma cor ) .
Estas informações são obtidas em tempo real e traduzem a cada instante o comportamento cinético do
fluxo do sangue arterial , venoso ou outros deslocamentos ( reológicos )de estruturas corporais.

Uso de efeito Doppler em medicina


O ultra – som ( efeito Doppler ) foi usado pela primeira vez como meio diagnóstico vascular em
1959 por Satomura utilizando o Doppler de ondas contínuas sem imagens ( Doppler cego) .
A necessidade de seletividade no estudo dos vasos levaram Barber e col .em 1974 associarem o
Doppler espectral à ecografia ( obtenção de imagem através do ultra-som).
Esta composição ( imagem e Doppler espectral ) foi denominada de “sistema duplex” que
posteriormente recebeu aprimoramento com a introdução do Doppler colorido, e Doppler de potência
(sistema triplex) em tempo real e o sistema pulsado de emissão ( Pw) .
No sistema circulatório, a variação da velocidade do sangue pode traduzir situações patológicas, o
que torna o uso do efeito Doppler ( dopplervelocimetria) um grande aliado para o diagnóstico das doenças
arteriais e venosas.

Ângulo de insonação

O ângulo de insonação ( ângulo de impacto, ângulo de ataque ) é o ângulo formado entre o feixe
de Doppler e o vaso ( trajetória do fluxo ). De acordo com a equação de Doppler para que haja o efeito
Doppler ( variação da freqüência refletida ) há a necessidade de um ângulo de insonação menor que 90º .
Todas as técnicas dopplerométricas ( Doppler espectral, Doppler colorido e power Doppler ) dependem
de um ângulo de insonação menor que 90 º ( ver equação de Doppler ).Os equipamentos de Doppler têm
dispositivos para corrigir ( informar através da linha de cinesia ) e mudar ( alterar de 0 º a 90 º ) o
ângulo de insonação Fig 25

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Ângulo de insonação

Variação do ângulo de insonação em color Doppler


B = “box” = caixa de múltiplas amostras

FD

1
V V V

60 90 60

Variação do ângulo de insonação em Doppler espectral


FD A = amostra única

FD FD FD

2
V V V

P . freitas .
60 90 60
- 99 -
1 = “steering box” = color Doppler FD = feixe de ultra - som Doppler
2 = cursor = Doppler espectral 60º e 90º = ângulos de insonação
V = vaso

Fig 25 – Ângulo de insonação em Doppler colorido e espectral

Ângulo de insonação e intensidade do sinal Doppler

O ângulo de insonação é formado entre a trajetória do objeto refletor e o feixe de ultra- som
emitido. Fig 26

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VARIAÇÃO DO EFEITO DOPPLER COM O


ÂNGULO DE INSONAÇÃO

90º 80º
70º
60º
Ø
Ø = ângulo de insonaç
insonação 50º ÂNGULO DE
INSONAÇÃO
40º
2 FE cos Ø
Δf = V
Δ

C 30º

20º
Cos 0º = 1
10º
Cos 90º = 0

EFEITO DOPPLER - Δf Δ

F. W. Kremkau - 1992

Fig 26 -As setas brancas representam a intensidade do efeito Doppler de acordo com o
ângulo de insonação ( ausência de efeito Doppler com ângulo de insonação de 90º )

Excluindo o ângulo de 90º ( sem efeito Doppler ), os valores das velocidades, registradas
independem do ângulo de insonação. 0 que ocorre quando variamos este ângulo é mudança do tamanho
das inscrições das curvas de velocidade sem modificar os valores absolutos das velocidades.
Quanto maior o ângulo de insonação, menor será a inscrição gráficas das ondas de velocidade.
Devido as características anatômicas e os processos de análise eletrônica digital dos equipamentos,
o ângulo de insonação não deve exceder 60º (o ângulo zero seria o ideal).
Ângulos maiores que 60º, podem provocar o aparecimento de ondas especulares fantasmas e erros
de processamento em torno de 30 %.
O Doppler espectral usa um único feixe e uma única amostra para a abordagem do fluxo . O
Doppler colorido e o power Doppler utilizam um conjunto de feixes e amostras contidas em uma caixa (
Box de amostras ou steering Box ).O ângulo de insonação ideal para a dopplermetria espectral não deve
ultrapassar 60º , e após a execução do traçado ( mesmo com o display congelado ) a sua “correção” se
torna obrigatória para a obtenção dos valores coretos das velocidades do fluxo.Esta correção também
pode se realizada durante a execução dos traçados das ondas espectrais ( em tempo real ).
A “correção”do ângulo de insonação é um procedimento para informar e permitir que os
dispositivos eletrônicos de análise do equipamento calculem os valores corretos das velocidades e para
executá-la basta colocar a linha de cinesia , paralela ao vaso ( trajetória do fluxo )

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A correção do ângulo de insonação independe do efeito Doppler e não modifica a morfologia das
ondas espectrais de velocidade . A mudança ( alteração ) do ângulo de insonação só pode ser realizada
durante o exame ( em tempo real ) Após o congelamento do display, o ângulo de insonação não poderá
ser mudado, mas pode e deve ser informado ( corrigido ) para a obtenção correta dos valores numéricos
da curva espectral..

DOPPLERVELOCIMETRIA

A dopplervelocimetria é o processo pelo qual obtemos as informações hemodinâmicas dos fluxos


através da análise de ondas espectrais de velocidade, mapeamento hemodinâmico colorido e Power
Doppler (Doppler de potência )
As informações colhidas pelo equipamento dependem do efeito Doppler criado pelas hemácias em
movimento (f).
f é a diferença de freqüência entre o ultra-som emitido e o refletido pelas hemácias em movimento e é
diretamente proporcional à velocidade do fluxo.
f– K.V onde
f – Efeito Doppler
K– Múltiplas constantes
V– Velocidade do fluxo

Um analisador digital (FFT- Fast Fourier Transform) processará o f e fará a integração e


codificação do sinal, reproduzindo em tempo real os aspectos hemodinâmicos do fluxo em forma de
ondas espectrais de velocidade e ou mapeamento luminar colorido ( Doppler colorido ou de potência ).
Ao mesmo tempo programas matemáticos fornecem os valores absolutos (métrico – índices etc.)
do comportamento do fluxo ( angiometria ).
O uso do Doppler como meio diagnóstico se restringe à estruturas em movimentos (reológicos ) como
sangue , tecidos , secreções ou tecidos ..
Doppler espectral , Doppler colorido são altamente dependentes do ângulos de insonação (I<
o
90 ) e o Doppler de potência é pouco dependente (amplitude)

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Glossário 9

- Aliasing – é um efeito indesejável , produzido pelos equipamentos de eco Doppler de emissão pulsada (
Doppler espectral e colorido), quando analisa fluxos de alta velocidade.Este efeito também pode ocorrer
por falta de ajuste do P.R.F. ( PRF muito baixo ).
- Ambigüidade colorida – é a presença simultânea das bandas azul e vermelha do Doppler colorido , na
luz de um vaso tortuoso sem lesões e com fluxo em um único sentido, insonado simultaneamente em
dois ou mais seguimentos com ângulos diferentes.
- Amplitude – variação máxima de uma variável acústica ou corrente elétrica.
- Análise espectral – ( fluxograma ) – uso da transformação rápida de Fourier para determinar a escala de
variações de freqüências Doppler várias vezes por segundo
- Anecóico – substâncias ou tecidos que não promovem ecos (ausência de reflexão de ondas).Total
absorção de ondas (ar- líquidos, sangue , etc.).
- Ângulo de insonação – é o ângulo formado entre o feixe de Doppler e a trajetória (vaso) do fluxo
sanguíneo.
- Array – arranjo espacial de 2 ou mais componentes de um transdutor
- Atenuação- diminuição da amplitude e intensidade à medida que uma onda se propaga através do
meio.
- Axial – Na mesma direção do eixo do transdutor ( direção de propagação do som )
- Banda azul – é a escala de cores (Doppler colorido) com variação entre azul marinho ( baixas
velocidades de fluxo ) e azul claro ( altas velocidades de fluxo ).
- Banda vermelha – é uma escala de cores ,usada em eco - Doppler colorido,com variação entre o
vermelho rutilante ( baixas velocidades de fluxo ) e o amarelo claro (altas velocidade de fluxo) .
- Cavitação – produção e dinâmica de bolhas no meio sonoro

- Ciclos por segundo: também chamado de Hertz (Hz), é uma medida de freqüência das ondas sonoras.
Mede o número de vezes por segundo que vibra o cristal piezoelétrico.

- CW – abreviação inglesa para onda contínua ( contínuos wave )

- Decibel (dB): unidade usada para expressar a intensidade (ou amplitude) de uma onda sonora, é uma
função logarítmica.

- Dispersão – difusão ou redirecionamento do som em várias direções, após encontrar partículas em


suspensão ou uma superfície irregular.

- Doppler espectral - sistema diagnóstico quantitativo em ultra–sonografia ( eco – Doppler ) com o uso
de curvas espectrais de velocidade do sangue ( espectrogramas ).

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- Doppler colorido – sistema diagnóstico por análise qualitativa do sistema circulatório (artérias e veias) ,
com uso de escalas (bandas) coloridas .
- Doppler de potência - o mesmo que Doppler de amplitude ou Power Doppler
- Dopplervelocimetria – sistema de análise ultra-sônica quantitativa e qualitativa , tanto para velocidades
(espectral), como para a luz dos vasos (Color e power Doppler), o mesmo que ecodopplervelocimetria .
- Duplex – combinação da imagem em modo B com o Doppler pulsado.
- Eco - onda refletida em um anteparo ( reflexão )
- Ecóico – referência feita a tecidos ou substâncias que promovem ecos (boa reflexão de ondas).
- Efeito Doppler – é variação da freqüência de um som refletido (eco) quando um objeto refletor ou a
fonte emissora, estão em movimento . O efeito Doppler ( f.) é gerado pela diferença entre a freqüência
emitida e a freqüência refletida.
- Escala de cinza – é a correlação entre freqüência dos ecos teciduais e múltiplas tonalidades da cor cinza
negro ( anecóico ) e branco ( hiperecóico ).
- Espectro de velocidade – é a onda (curva) de velocidade do fluxo sanguíneo analisado pelo Doppler
espectral,durante o ciclo cardíaco.O mesmo que espectrogama de velocidade.
-FFT ( Fast Fourier Transfom) – referência à transformada rápida de Fourier que consiste em um sistema
processador de efeito Doppler .
- Foco - a concentração do feixe sonoro na menor área existente do feixe.
- Freqüência – igual ao número de ciclos por segundo
- Ganho - a razão entre a potência elétrica emitida e recebida
- Hiperecóico – substâncias ou tecidos que promovem ecos intensos e pouca absorção de ondas (ossos –
tecidos densos).
- Hipoecóico – substâncias ou tecidos que promovem poucos ecos e grande absorção de ondas (tecidos ou
substâncias de baixas densidades ).
- Impedância – densidade multiplicada pela velocidade de propagação do som .
- Khz – unidade de referência para a freqüência de ondas (ciclos por segundo) em eco- Doppler.Tem
relação com a freqüência dos ecos ou do PRF.

-Foco amostral contínuo – é o foco de análise ( zona de amostragem ) do transdutor de Doppler


contínuo. Tem a dimensão do feixe de Doppler. Não é seletivo, e não está sujeito ao aliasing.
- Foco amostral pulsado – é o foco de análise (ponto de amostragem) do transdutor .O foco pulsado
(amostra) é variável em dimensão e profundidade (entre 1 e 20 mm ).É seletivo e único no Doppler
espectral e múltiplo no colorido e power Doppler.
- Foco temporal – representa a zona focal em ecografia, onde os ecos gerados em tempos diferentes, são
analisados em um mesmo tempo (delay system).
- Frames – nº de imagem processadas e sintetizadas por segundo.

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- Limite de Nyquist – é o número que determina o limite de integração dos ecos (efeito Doppler),
gerados pelo fluxo sanguíneo. Este limite ,determina que os ecos produtores de efeito Doppler com
freqüência maiores que 2 vezes o P.R.F.,não serão analisados em tempo real.
- Mhz – unidade referencial para a freqüência de ondas (milhões de ciclos por segundo) em eco Doppler .
Exprime a freqüência de emissão dos transdutores.

- Modo A – módulo do estudo da densidade tecidual através de processamento espicular ponto a ponto.
- Modo B – módulo de captação de imagens.Do inglês ( bright – brilho). Neste tipo de processamento,
todos os ecos de um plano são mostrados simultaneamente e cada ponto tem um brilho (tom de cinza)
proporcional à amplitude dos ecos.
- Modo M – módulo unidimensional. de captação de movimento , utilizado em
cardiologia.
- Pixel - é o elemento básico da imagem digital. È a unidade na qual a informação da imagem é dividida
para ser processada ou armazenada e visualizada em um instrumento digital.

- Potência: energia gerada pelo transdutor e aplicada ao paciente, maiores potências levam à maior
penetração e a ecos mais fortes, devido ao aumento na amplitude do feixe e, conseqüentemente, na
amplitude dos ecos. A potência é medida em Watts/cm2 ou miliWatts/cm2 .

- Power Doppler – O mesmo que Doppler de potência, Doppler de amplitude, Doppler de energia.
- PRF – (Pulse Repetition Frequency ) – freqüência de repetição dos pulsos – indica a freqüência dos
pulsos , emitidas por segundo, pelo transdutor pulsado em Khz

- PW - ( Pulsed Waves ) sistema de ondas pulsáteis ( Doppler pulsado )

- PZT – Zirconato de titânio condutor.

- Reflexão - porção do som que retorna de uma interface do meio.

- Reforço ( reforço posterior ) – aumento da amplitude dos ecos que provêm dos refletores situados
distalmente a uma estrutura pouco atenuante ( anecóica ).

- Refração – modificação de direção do som quando atravessa a interface e separação entre dois meios de
propagação .

- Resolução axial – é a capacidade do feixe de U.S. diferenciar duas ou mais estruturas dispostas no
mesmo eixo ( profundidade – proximal e distal ).
- Resolução lateral – é a capacidade do feixe de U.S., distinguir duas estruturas dispostas lado a lado.
Esta resolução, depende da largura e intensidade do feixe e é inversamente proporcional à esta largura.
- Resolução espacial - é dada pelo conjunto das resoluções axial e lateral simultaneamente
- Reverberação – efeito físico do processo de múltipla reflexão de ondas, através , de interfaces
diferentes. Este efeito pode produzir espectros ou imagens falsas (fantasmas), de uma única estrutura
(vaso) analisada. Em eco Doppler podem ocorrer nas ondas espectrais, Doppler colorido e power
Doppler .

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- Reologia - estudo do movimento estruturas ( sangue , secreções ou tecidos ) orgânicas .


- Som – onda propagada de variáveis acústicas.
- Sombra acústica – redução da amplitude dos ecos dos refletores que estão situados distalmente a um
refletor forte ou estrutura atenuante.
- Sistema duplex - ( duplex scan ) – é o sistema ultra – sonográfico ,que durante o exame, apresenta
duas informações simultâneas ( imagem + Doppler espectral ou imagem + Doppler colorido ou power
Doppler ).
- Sistema triplex – semelhante ao duplex e consiste na simultaneidade de 3 funções diferentes ( espectro
color e imagem, ou espectro – power Doppler + imagem ).
- T . G . C . ( time gain compensation ) – é um equalizador de sinais através do tempo de migração de
ecos superficiais e profundos (near – slop – far).
- Transdutor ( probe ) – é a parte do equipamento de ultra-sonografia ,que contem os cristais
responsáveis pela emissão do feixe de ultra-som e captação dos ecos teciduais.Dispositivo que converte
energia de uma forma para outra.
- Ultra-som – som com freqüência maior que 20 Khz .
- Zona de Fraunhofer – zona distal.
- Zona de Fresnel – zona proximal
- Wall filter (filtro de parede ) – é um dispositivo bloqueador de freqüência de ecos indesejáveis ou
ruídos, durante processo de exame com Doppler.

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