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EXEMPLOS DE VIGAS – CISALHAMENTO E FLEXÃO

Januário Pellegrino Neto1


2
Professor Associado da Escola de Engenharia Mauá – CEUN-IMT;
Professor Assistente do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP.

1. Introdução
O objetivo destes exemplos é a aplicação dos conceitos das seções 17 e 18 da NBR 6118:2014. Vigas
de concreto armado, isostática e contínua, submetidas às solicitações tangenciais e normais em
aplicações simples de projeto são estudadas. Com o intuito de apresentar um roteiro prático para o
projeto de estruturas de concreto armado, serão desenvolvidos três exemplos:

I. Cisalhamento devido à força cortante numa viga isostática;


II. Dimensionamento e detalhamento de uma viga contínua;
III. Dimensionamento e detalhamento de uma viga submetida à torção.

2. Exemplo I - Cisalhamento devido à força cortante numa viga isostática


Para a viga simplesmente apoiada, cujo esquema estrutural e diagrama de força cortante estão
indicados na figura 2.1, considera-se classe de agressividade II, concreto C25 (fck=25MPa) e aço CA50
(fyk=500MPa).
P1 P2
(20/40) V1 (20/80) (20/40)

20 20 20 20
3,0 m 4,0 m 3,0 m

100kN 100kN
20 kN/m

P1=200kN P2=200kN
200

140

40
Vk
40 (kN)

140

200

Figura 2.1 – Esquema estrutural e diagrama de Vk da viga V1(20/80).

O concreto C25 atende a seção 7 da NBR 6118:2014 com relação à durabilidade (tabela 7.1), e adota-
se um cobrimento c=3,0cm, especificado na tabela 7.2. Admite-se altura útil d=72cm (d=0,9h).

O estudo do cisalhamento devido à força cortante será desenvolvido de acordo com a seção 17 da
NBR 6118:2014, verificando-se o estado-limite último (17.4.2) no cálculo da resistência (17.4.2.1) e
admitindo-se o modelo de cálculo I (17.4.2.2). Devem-se verificar, simultaneamente, as seguintes
condições:
− verificação da compressão diagonal do concreto (biela de compressão)

VSd ≤ VRd 2 , onde VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;

VRd 2 é a força cortante resistente de cálculo à compressão.

VRd 2 = 0, 27 ⋅ αV 2 ⋅ f cd ⋅ bw ⋅ d ;

f ck
αV 2 = 1 − e f ck , expresso em megapascal (MPa).
250
− cálculo da armadura transversal

VSd ≤ VRd 3 , VRd 3 é a força cortante resistente de cálculo à tração diagonal.


f ctk ,inf
VRd 3 = Vc + VSw , Vc = Vc 0 , = 0,6 ∙ ∙ ∙ , f ctd = ,
γc
a parcela absorvida por mecanismos complementares ao da treliça;

Asw
VSw = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f ywd ,
s
a parcela resistida pela armadura transversal.

Sendo bw a largura da seção, d a altura útil da seção, s o espaçamento entre estribos, f ywd é
a tensão no estribo, considerando-o na vertical ( α = 90 ), f ctd a resistência à tração de
cálculo do concreto e f ctk ,inf a resistência à tração característica do concreto, explicitada na

seção 8, item 8.2.5, por f ctk ,inf = 0,7 ⋅ f ct ,m = 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ f ck2/3 = 0,21 ⋅ f ck2/3 , sendo f ck
expresso em megapascal (MPa).

Asw VSd − Vc
Resultando para o cálculo da armadura transversal (estribo): = .
s 0, 9 ⋅ d ⋅ f ywd

Para o dimensionamento e detalhamento das vigas de concreto armado, as disposições construtivas


têm grande importância na execução e também para atender o modelo resistente de cálculo
evitando rupturas frágeis. Assim sendo, deve-se respeitar a taxa de armadura mínima ρ sw ,
explicitada em 17.4.1.1.1, dada por:

Asw f
ρ sw = ≥ 0, 2 ⋅ ct ,m
bw ⋅ s f ywk

O diâmetro dos estribos ( φt - bitola) e seu espaçamento longitudinal ( s ), são apresentados no item
18.3.3.2:

bw
5mm ≤ φt ≤ ,
10

0,6 ⋅ d ≤ 30cm, se Vd ≤ 0,67 ⋅ VRd 2


7cm ≤ s ≤  ,
0,3 ⋅ d ≤ 20cm, se Vd > 0,67 ⋅VRd 2
sendo que o espaçamento mínimo entre estribos deve ser suficiente para permitir a passagem do
vibrador. Adota-se neste caso 7cm.

Para a viga V1 de concreto C25 e aço CA50, ρ sw , αV 2 e 0, 6 ⋅ f ctd são necessários para a verificação
do estado-limite último:

f ct ,m 0,7 ⋅ (25)2/3
ρ sw ≥ 0, 2 ⋅ = 0, 2 ⋅ = 0,001026 = 0,10%
f ywk 500

f ck 25
αV 2 = 1 − =1− = 0,90
250 250

0, 21 ⋅ (25) 2/3
0, 6 ⋅ f ctd = 0,6 ⋅ = 0, 77 MPa
1, 4

A tabela 2.1 indica estes valores para outros concretos usuais.

Tabela 2.1: Valores auxiliares ρsw,mín, αv2 e 0,6.fctd.


fck (MPa) 20 25 30 35 40
ρsw,mín (%) 0,09 0,10 0,12 0,13 0,14
αv2 0,92 0,90 0,88 0,86 0,84
0,6.fctd (MPa) 0,66 0,77 0,87 0,96 1,05

2.1. Verificação da compressão diagonal do concreto (biela de compressão)

Para esta verificação basta verificar a maior força cortante na viga V1, Vk=200kN, portanto:

VSd = γ f ⋅Vk = 1,4 ⋅ 200 = 280 kN


2,5
VRd 2 = 0, 27 ⋅ αV 2 ⋅ f cd ⋅ bw ⋅ d = 0, 27 ⋅ 0,90 ⋅ ⋅ 20 ⋅ 72 = 624,8 ≅ 625kN
1,4

VSd ≤ VRd 2 , portanto está verificada a biela de compressão, e


VSd
= 0, 45 < 0, 67 ∴ smáx = 30cm < 0, 6 ⋅ d = 0, 6 ⋅ 72 = 43, 2cm
VRd 2

2.2. Cálculo da armadura transversal (estribo)

O dimensionamento da armadura transversal devido à força cortante em vigas de edifícios é feito


normalmente de forma escalonada (degraus), tendo no máximo três trechos por vão. Em geral,
armaduras concentradas para resistir às forças cortantes são localizadas nos trechos extremos do
elemento e armadura mínima é disposta no trecho central. Para a viga V1 da figura 2.1, tem-se:

− Trecho extremo – Vk=200kN

Vd = γ f ⋅Vk = 1,4 ⋅ 200 = 280kN


Vc = 0,6 ⋅ f ctd ⋅ bw ⋅ d = 0,077 ⋅ 20 ⋅ 72 = 110,9kN
kN / cm2 cm cm
0,77 MPa
kN
φ 6,3c / 10
Asw Vd − Vc 280 − 110, 9 cm 2 
= = = 6,0 φ 8c / 16
s 0, 9 ⋅ d ⋅ f ywd 0, 9 ⋅ 0,72 ⋅ 50 m φ10c / 26
1,15 
m
kN / cm2

bw 200
O diâmetro da armadura transversal (bitola) deve atender 5mm ≤ φt ≤ = = 20mm , e o
10 10
100 ⋅ 2 ⋅ As1
espaçamento 7cm ≤ s ≤ 30cm . O espaçamento pode ser calculado por s = , onde
Asw
As1 é a área de uma barra, utilizando-se 2 ramos, e Asw a armadura calculada. Tem-se na tabela
2.2 os cálculos das bitolas e espaçamentos possíveis. Excluindo-se φ5mm, pois s < smín = 7cm, e
φ12,5mm, onde s >> smáx = 30cm, adota-se φ6,3c/10.

Tabela 2.2: Bitolas e espaçamentos.


φ (mm) 5 6,3 8 10 12,5
As1 (cm2) 0,20 0,315 0,50 0,80 1,25
scalculado (cm) 6,7 < 7 10,5 16,7 26,7 41,7 > 30
Sadotado (cm) ---- 10 16 26 ----

− Trecho central – Vk=40kN


(Tabela 2.3)

A 
Vd = γ f ⋅Vk = 1, 4 ⋅ 40 = 56 < Vc ∴  sw 
 s  mín
Onde:
 Asw  φ 5c / 20
ρ sw,mín = 0,10% ⇒   = 0,10% ⋅ bw = 0,10 ⋅ 20 = 0,020 = 2,0 φ 6,3c / 30
 s mín % cm cm2 / cm cm2 / m 
Tabela 2.3: Bitolas e espaçamentos.
φ (mm) 5 6,3 8
2
As1 (cm ) 0,20 0,315 0,5
scalculado (cm) 20 31,5 50 >> 30
Sadotado (cm) 20 ~ 30 ----

2.3. Detalhamento da armadura transversal (arranjo dos estribos)

A figura 2.2 apresenta o detalhamento dos estribos. A força cortante no trecho extremo foi
considerada como sendo a reação de apoio, onde pode-se utilizar a força cortante na face do
apoio (item 17.4.2.1), além da redução prescrita em 17.4.1.2.1, considerando a força cortante à
distância d/2 da face de apoio.
P1 P2
(20/40) V1 (20/80) (20/40)

20 20 20 20

3,0 m 4,0 m 3,0 m

100kN 100kN
20 kN/m

P1=200kN P2=200kN
200 200
armação em degraus,
Vd/2 =188,8 140 trecho central com armadura mínima
d/2=36cm 14

40 40
Vk
74 74
(kN)
40 40
d/2=36cm

140 Vd/2 =188,8


14
72 φ 6,3 c=1,91m
200 200
c=2(14+74)+15=191cm
29 φ6,3c/10 14 φ6,3c/30 29 φ6,3c/10
2G=15cm ( φ6,3mm)
280cm 400cm 280cm
(26 φ 6,3c/11) (26 φ 6,3c/11)

Figura 2.2 – Detalhamento da armadura transversal

O detalhamento da armadura transversal (arranjo dos estribos) indicado na figura 2.2 mostra o
arranjo em degraus assim como a alternativa da redução da cortante na seção à d/2 da face de
apoio, Vk,d/2=188,8kN, que resulta:

Vd = γ f ⋅Vk = 1,4 ⋅188,8 = 264,32kN


kN
φ 6, 3c / 11
Asw Vd − Vc 264, 32 − 110, 9 cm 2 
= = = 5, 45 φ 8c / 18
s 0,9 ⋅ d ⋅ f ywd 0, 9 ⋅ 0, 72 ⋅ 50 m φ10c / 29
1,15 
m
kN / cm 2

Neste exemplo não há a necessidade de verificar a suspensão das cargas concentradas, pois como
indicado no esquema estrutural da figura 2.1, são oriundas de dois perfis sobre a V1.
2.4. Exemplo I – Carga uniformemente distribuída

Considera-se o mesmo exemplo I, com a carga equivalente uniformemente distribuída –


p=40kN/m. Pretende-se discutir o detalhamento, a definição do trecho central de armadura
mínima (identificando a cortante mínima) e considera-se a cortante extrema sem a redução na
seção à d/2 da face - Vk=200kN.

A figura 2.3 mostra o detalhamento da armadura, onde analogamente tem-se:

Asw cm 2
Vd = γ f ⋅Vk = 1,4 ⋅ 200 = 280kN e = 6,0 → φ 6, 3c / 10 ,
s m
 Asw 
  = 2, 0 → φ 6,3c / 30 e
 s mín cm2 / m
50 167, 23
Vd ,mín = 2, 0 ⋅ 0, 9 ⋅ 0, 72 ⋅ + 110,88 = 167, 23kN ∴Vk ,mín = = 119, 4 ≅ 120kN
1,15 1, 4

P1 P2
(20/40) V1 (20/80) (20/40)

20 20 20 20

10,0 m

40 kN/m

P1=200kN P2=200kN

200 200 armação em degraus,


trecho central com armadura mínima
Vk,mín=120

Vk
(kN)

120
2,0m 3,0m 200
200

19 φ 6,3c/10 21 φ 6,3c/30 19 φ 6,3c/10


180cm 600cm 180cm

Figura 2.3 – Detalhamento da armadura transversal – carga uniformemente distribuída


3. Dimensionamento e detalhamento de uma viga contínua

O dimensionamento e o detalhamento da viga contínua indicada na figura 3.1 é apresentado na


sequência. É feito o estudo do cisalhamento devido à força cortante e a distribuição da armadura
longitudinal de flexão considerando as seções 17 e 18 da NBR6118:2014. Para esta viga V1 adotou-se
uma solução equilibrada com um nível de plastificação dos momentos negativos e o correspondente
acréscimo dos momentos positivos. Considera-se classe de agressividade II, e materiais concreto C25
(fck=25MPa) e aço CA50 (fyk=500MPa) (os mesmos materiais do exemplo I). Admite-se altura útil
d=54cm (d=0,9h).
P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)

V1 (20/60)

40

V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10

3,0 m 5,0 m 4,0 m 2,0 m

M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m

Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN

Figura 3.1 – Esquema estrutural da viga V1(20/60)

3.1. Verificação do estado-limite último – ELU – da força cortante


De acordo com o roteiro do exemplo I, segue o dimensionamento abaixo e o detalhamento indicado
na figura 3.2:

− Verificação da diagonal de compressão − Dimensionamento dos estribos


(Biela de compressão)
Vd = 1,4.180 = 252kN
VSd = 1, 4 ⋅ 180 = 252kN
Asw 252 − 83, 2 cm 2
= = 8, 0
2,5 s 0, 9 ⋅ 0,54 ⋅ 43,5 m
VRd 2 = 0, 27 ⋅ 0, 90 ⋅ ⋅ 20 ⋅ 54 = 468,6kN
1, 4 φ 8c / 12,5
∴ VSd < VRd 2 − ok ! (12,5cm é utilizado por ser 1/8m)

− Armadura mínima Vd = 1,4.120 = 168kN


(Vk,mín – Cortante mínima) Asw 168 − 83, 2 cm 2
= = 4,0
 Asw  s 0, 9 ⋅ 0,54 ⋅ 43,5 m
  = 2,0 → φ 5c / 20 φ 5c / 10
 s  mín cm2 / m

φ 8c / 25
Vc = 0,077 ⋅ 20 ⋅ 54 = 83,2kN
0,6⋅ f ctd
− Espaçamento máximo
Vd ,mín = 2,0 ⋅ 0,9 ⋅ 0,54 ⋅ 43,5 + 83,2
d (m)
VSd
cm2 / m f yd ( kN / cm2 ) kN = 0,54 < 0,67 ∴ smáx = 30cm
VRd 2
Vd ,mín = 125,5kN → Vk ,mín = 90kN
O detalhamento na figura 3.2 não considera a necessidade de armadura de suspensão nos apoios
indiretos das vigas V2 e V3 sobre a V1.

P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)

40

V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10

3,0 m 5,0 m 4,0 m 2,0 m

M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m

Ve=120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P3=120kN

180

120
90 90
60
20
Vk
20 (kN)
80
90 90
120 120

(6φ 8c/25) (6φ 8c/25) (7φ 8c/25)


5
13φ 5c/10 26φ 5c/20 14φ 5c/10 17φ 8c/12 12φ 5c/20 15φ 5c/10
120 500 130 205 225 140

Figura 3.2 – Detalhamento da armadura transversal – V1(20/60)

Neste detalhamento observa-se a definição do trecho central de armadura mínima por meio da
cortante mínima Vk=90kN, e os trechos extremos dos vãos com as cortantes Vk=120kN e Vk=180kN,
sendo atendida a verificação da biela de compressão para a cortante máxima Vk=180kN – Vd=252kN.

Analisando-se a armadura de suspensão das cargas oriundas dos apoios indiretos, verifica-se a
necessidade de suspender estas cargas por armadura transversal calculada pela seguinte fórmula:

Rd h R
Asusp = ⋅ ≤ d ,
f yd ha f yd

onde,

Rd - força a ser suspensa,

h - altura da viga apoiada,

ha - altura da viga suporte,

f yd - resistência ao escoamento do aço, valor de cálculo.


− Apoio indireto – V2(20/40)

1,4 ⋅ 80 40
Asusp = ⋅ = 1,72cm 2 (5φ 5 = 5 ⋅ 2 ⋅ 0, 2 = 2,0cm 2 ) → 5φ 5c / 15(60cm )
43,5 60 2 ramos A
s1

− Apoio indireto – V3(20/60)

1,4 ⋅ 100 60
Asusp = ⋅ = 3, 22cm2 (4φ8 = 4 ⋅ 2 ⋅ 0,5 = 4,0 cm2 ) → 4φ8c / 20(60cm)
43,5 60 2 ramos A
s1

A armadura de suspensão especial não precisa ser somada com os estribos existentes. Na figura 3.3,
detalha-se a armadura de suspensão diminuindo-se os espaçamentos dos estribos nas regiões de
suspensão, definidas como sendo ha /2 para cada lado do eixo da viga que se apoia, portanto, 60 cm
no total.

P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)
40

V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10

3,0 m 5,0 m 4,0 m 2,0 m

M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m

Ve=120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P3=120kN

180

120
90 90
60
20
Vk
20 (kN)

80 90
90
(suspensão) (suspensão)
120 120
30 30 30 30

(6φ 8c/25) 5φ 5c/15 (6φ 8c/25) 4φ 8c/20 (10φ 8c/25)


5
13φ 5c/10 7φ 5c/20 17φ 5c/20 14φ 5c/10 17φ 8c/12 8φ 5c/20 23φ 5c/10
120 120 60 320 130 205 145 60 160

Figura 3.3 – Detalhamento da armadura transversal e de suspensão – V1(20/60)

3.2. Verificação do estado-limite último – ELU – de flexão normal simples


Neste item, apenas ilustra-se o detalhamento - distribuições transversal e longitudinal - das
armaduras, sendo o detalhamento longitudinal somente das armaduras resistentes, segundo o item
18.3 da NBR6118:2014. O resultado do dimensionamento está indicado na figura 3.4, onde
consideram-se seções tipo T para o meio vão (armadura positiva) e retangulares para os apoios
(armadura negativa).
P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)

40 50

V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10

3,0 m 5,0 m 4,0 m 2,0 m

M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m

Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN

2 2
As =8,0cm As =14,5cm
(4φ 16) (5φ 20)
200

120

Mk
(kN.m)

150

200
2 2
As =9,1cm As =12,2cm
(5φ 16) (4φ 20)

Figura 3.4 – Resultados do dimensionamento das armaduras de flexão – V1(20/60)

Os seguintes dados foram considerados nos detalhamentos transversal e longitudinal:

concreto C25 (fck=25 MPa), aço CA50 (fyk=25 MPa), cobrimento c=3,0cm;
estribo φt=8,0mm, φvib+1=5cm, φmáx,agr=19mm
ℓ bboa = 38φ ; ℓ bmá = 54φ ; aℓ = 40cm ; ah = 2,28cm ; av = 2,0cm .

ℓ b - comprimento de ancoragem
aℓ - comprimento de decalagem
ah e av - espaçamento livre entre as faces das barras longitudinais, horizontal e vertical.

O resultado do detalhamento, transversal (18.3.2.2) e longitudinal (18.3.2.3) está indicado na figura


3.5.

− Detalhamento transversal
(Alojamento na seção; bs é a distância livre entre faces internas dos estribos)
O alojamento deve observar o disposto no item 18.2.1 da NBR6118:2014, atendendo a
função estrutural como também as condições adequadas de execução.
bs + eh (armadura inferior)
bs ≥ n ⋅ φ + (n − 1) ⋅ eh ∴ n ≤
φ + eh
bs + 2 ⋅ eh − (φvib + 1) (armadura superior)
bs ≥ n ⋅ φ + (n − 2) ⋅ eh + (φvib + 1) ∴ n ≤
φ + eh

13,4 + 2,3 13,4 + 2,3


φ16 (inf) n≤ = 4,0 = 4φ φ20 (inf) n≤ = 3,6 ≅ 3φ
1,6 + 2,3 2,0 + 2,3

13,4 + 2 ⋅ 2,3 − 5,0 13,4 + 2 ⋅ 2,3 − 5,0


φ16 (sup) n≤ = 3,3 ≅ 3φ φ20 (sup) n≤ = 3,0 = 3φ
1,6 + 2,3 2,0 + 2,3
P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)

40

V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10

3,0 m 5,0 m 4,0 m 2,0 m

M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN (hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m

Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN

2φ 16 2φ 20
200 c=480 220
2φ 16 2φ 20
(4φ 16) 150 c=355 173 (5φ 20)
1φ 20
c=296
148
(5φ 20)
200
ℓb =54φ =108

(4φ 16) 10φ =20


120 ℓb =54φ =86

10φ =16
Mk
(kN.m)

10φ =20
10φ =16
ℓb =38φ =61
150
(5φ 16)
ℓb=38φ =76 200
223
1φ 16
150 265 40
(5φ 16) 2φ 16 2φ 20 (4φ 20)
454 407
2φ 16 2φ 20
847 627 38

(2 grampos φ 10)
55

Figura 3.5 – Resultados do detalhamento das armaduras de flexão – V1(20/60)

− Alojamento longitudinal (Corte longitudinal das barras)


A distribuição longitudinal das barras ancoradas por aderência (vide figura 18.3 da
NBR6118:2014) indicada na figura 3.5 segue o estabelecido no item 18.3.2.3.1: prolonga-se
10φ além do ponto de σs nula e ℓ b onde se necessita de máxima eficiência da armadura - fyd.
O diagrama de momento fletor decalado é dividido – na vertical – em partes iguais entre si,
tantas quantas forem o número de barras a serem detalhadas.

( )
Verifica-se que 2 barras, 2φ = As ,apoio > 1 / 3 As ,vão , atende o requisito da quantidade de armadura
de tração no apoio junto ao P3. A distância disponível para a ancoragem é dada por = −
= 20 − 3 = 17 . Para ancorar a última biela de compressão, a área de aço necessária é de:

aℓ Vd 1, 4 ⋅ 120
As ,apoio ≥ ⋅ = 0,75 ⋅ = 2, 9 cm 2 .
d f yd 43,5

É preciso, ainda, verificar se as barras existentes se ancoram em . Para isso, calcula-se o


comprimento necessário de ancoragem (9.4.2.5):

As ,calc 2,9
ℓ b ,nec = α ⋅ ℓ b ⋅ = 0,7 ⋅ 38 ⋅ 2 = 24,50cm ≥ 22,8cm = ℓ b ,mín
As ,ef 2 ⋅ 3,15

Considerou-se α = 0,7 (presença de gancho) admitindo-se que se tenha cobrimento no plano normal
ao do gancho maior ou igual a 3φ.

Como o comprimento necessário para ancoragem é maior que que o comprimento disponível,
adiciona-se grampos horizontais localizados para que o valor do As,ef seja aumentado e, por
consequência, ℓ b,nec , diminuído.

Impõem-se ℓ b ,nec = adisp e encontra-se As,ef = 9,08 cm². Como já existem 6,3 cm² (2 φ20 mm)
adicionam-se dois grampos horizontais, indicados na figura 3.5, em forma de “U” com φ 10 mm
totalizando 3,2 cm² (2x2x0,8cm²), de comprimentos ℓ b = 38 ⋅ φ = 38 ⋅ 1,0 = 38cm da face do apoio
(ver Figura 3.5).

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