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Universidade Federal de Alagoas

Unidade Acadêmica Centro de Tecnologia


Coordenação do Curso de Engenharia Civil
Cidade Universitária - Campus A. C. Simões
Tabuleiro dos Martins - CEP 5702-970 - Maceió - Alagoas

CARLOS ALBERTO GOMES FILHO

ESTUDO DE VIGAS MISTAS AÇO-CONCRETO CONSIDERANDO


INTERAÇÃO TOTAL E PARCIAL

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO

Maceió/AL, dezembro de 2007


CARLOS ALBERTO GOMES FILHO

Estudo de Vigas Mistas Aço-Concreto Considerando Interação Total e


Parcial

Monografia apresentada ao Colegiado do Curso de


Engenharia Civil da Universidade Federal de
Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Barbosa dos Santos

Colegiado do Curso de Engenharia Civil - CCEC


Centro de Tecnologia - CTEC
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Maceió, 14 de dezembro de 2007
Universidade Federal de Alagoas
Unidade Acadêmica Centro de Tecnologia
Curso de Engenharia Civil

Estudo de Vigas Mistas Aço-Concreto Considerando Interação


Total e Parcial

Carlos Alberto Gomes Filho

Monografia apresentada ao Colegiado do Curso de Engenharia Civil da


Universidade Federal de Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.

Comissão Examinadora:

__________________________________________
Prof. Dr. Luciano Barbosa dos Santos (Orientador)
UFAL

__________________________________________
Prof. Dr. Severino Pereira Cavalcanti Marques
UFAL

__________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Nobre Lages
UFAL

Maceió, 14 de dezembro de 2007


Agradecimentos

Ao Prof. Luciano, por ter acreditado no tema abordado desde o começo e

pela indicação dos rumos a serem seguidos visando à qualidade do trabalho.

Ao meu pai Carlos, pelo exemplo de honestidade, de caráter e pela luta em

alcançar os seus objetivos, servindo de forte inspiração para mim.

A minha namorada Juliana, pelo amor, paciência e pelas palavras

motivadoras nos momentos difíceis do curso.

A empresa SOLO INCORPORAÇÕES, por ter disponibilizado toda a infra-

estrutura necessária para a realização deste trabalho.

Ao professor Francisco Patrick, por ter sido meu orientador em trabalhos de

iniciação científica, onde tive a oportunidade de reforçar os conhecimentos em

métodos numéricos.

Ao professor Roberto Barbosa, por sempre frisar a importância do

planejamento e pelas discussões referentes à carreira do engenheiro civil.

A todos os meus amigos, em especial aos amigos Clayton, Fábio, Deyvson,

Romildo e João Paulo, pelos momentos de descontração e pelas discussões sobre

os assuntos relacionados ao curso de engenharia civil.


Resumo

FILHO, C. A. G. Estudo de vigas mistas aço-concreto considerando interação


total e parcial. 120p. Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2007.

Este trabalho aborda as vigas mistas de aço e concreto simplesmente apoiadas

considerando interação total e parcial entre a laje de concreto e a viga metálica.

Para o dimensionamento das vigas mistas utilizam-se os procedimentos

apresentados pela norma brasileira, entretanto, limitações impostas pela norma

européia e recomendações de alguns autores são também empregadas. Um

programa computacional com o intuito de automatizar o cálculo das vigas mistas e

de testar um procedimento inédito para a determinação do nível de interação parcial

mais econômico para o projeto é desenvolvido. Objetivando verificar a influência da

laje no dimensionamento é feito um estudo comparativo entre as vigas mistas e

metálicas para vãos iguais a 10, 15 e 20 m.

Palavras Chaves: estruturas de aço; vigas mistas; interação parcial; método da


convergência.
Lista de Figuras
Figura 1. Viga mista e laje mista com fôrma de aço incorporada à seção de concreto (DIAS,

2002). ............................................................................................................................. 20

Figura 2.a. Pilar misto revestido por concreto ....................................................................... 20

Figura 2.b. Pilar misto preenchido por concreto .................................................................... 20

Figura 2. Exemplos de seções típicas de pilares mistos, adaptada de ALVA (2000). .......... 20

Figura 3.a. Viga metálica, FLT (DIAS, 2002). ........................................................................ 22

Figura 3.b. Viga contida lateralmente pela laje (Viga mista). ................................................ 22

Figura 3. Viga de aço sob o efeito da flambagem lateral com torção e contida lateralmente.

....................................................................................................................................... 22

Figura 4. Conectores de cisalhamento (ALVA, 2000). .......................................................... 23

Figura 5. Comportamento estrutural qualitativo de uma viga mista de acordo com o grau de

interação (YAM, 1981 apud SOBRINHO, 2002). ........................................................... 24

Figura 6.a Flambagem da mesa comprimida em vigas I fletidas no plano da alma. ............. 28

Figura 6.b Flambagem local da alma devida ao momento fletor. .......................................... 28

Figura 6. Flambagem local em vigas (PFEIL e PFEIL, 2000). .............................................. 28

Figura 7. Seção transversal da viga de aço. ......................................................................... 29

Figura 8.a. Áreas 1 e 2 .......................................................................................................... 30

Figura 8.b. Áreas 3 e 4 .......................................................................................................... 30

Figura 8. Divisão da seção transversal da viga de aço para a obtenção dos momentos de

inércia. ........................................................................................................................... 30

Figura 9. Tipos de vigas mistas de aço e concreto (KOTINDA, 2006). ................................. 38

Figura 10.a. Pino com cabeça ............................................................................................... 40

Figura 10.b. Perfil “U” Laminado............................................................................................ 40

Figura 10. Conectores de cisalhamento abordados pela NBR 8800/86, adaptada de ALVA

(2000). ........................................................................................................................... 40
Figura 11. Distribuição das tensões longitudinais na laje considerando o efeito “Shear Lag”,

adaptada de ALVA (2000). ............................................................................................ 42

Figura 12. Largura efetiva b quando a laje se estende para ambos os lados da viga. ......... 43

Figura 13. Largura efetiva b quando a laje se estende para apenas um lado da viga. ......... 44

Figura 14. Viga mista de aço e concreto, seção transversal. ................................................ 45

Figura 15. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra

plástica na laje ( 3,5 - interação total). ........................................................... 49

Figura 16. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra

plástica na mesa superior da viga de aço ( 3,5 - interação total). ................. 50

Figura 17. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra

plástica na alma da viga de aço ( 3,5 - interação total). ................................ 52

Figura 18. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo ( 3,5 -

interação parcial). .......................................................................................................... 53

Figura 19. Armadura adicional colocada na laje para combater fissuração causada por

cisalhamento. ................................................................................................................. 57

Figura 20. Viga isostática, representação do carregamento atuante e da configuração

deformada. ..................................................................................................................... 57

Figura 21. Curva carga deslizamento típica para conector de 19,1 mm em uma laje mista,

(MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2001). ......................................................................... 63

Figura 22. Conector do tipo pino com cabeça sendo soldado à mesa superior da viga

metálica, (KOTINDA, 2006). .......................................................................................... 64

Figura 23. Limitações referentes à espessura da chapa de aço e ao diâmetro do conector

que a ela será soldado. ................................................................................................. 66

Figura 24. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos da viga

de aço. ........................................................................................................................... 70

Figura 25. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos da laje

de concreto. ................................................................................................................... 71
Figura 26. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos dos

conectores de cisalhamento. ......................................................................................... 72

Figura 27. Tela inicial do MATLAB. ....................................................................................... 75

Figura 28. Parte da memória de cálculo da viga mista contida no arquivo saída.xls. ........... 76

Figura 29. Funcionamento do Método da Convergência....................................................... 79

Figura 30. Dimensões em mm da seção da viga mista utilizada no caso 1 (ALVA, 2000). .. 80

Figura 31. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Interpolação

Linear. ............................................................................................................................ 82

Figura 32. Determinação do grau de interação parcial através dos Métodos da Convergência

e da Interpolação Linear. ............................................................................................... 83

Figura 33. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Convergência

( 0,000001 e 6)............................................................................................. 84

Figura 34. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Convergência

( 0,000001 e 16)........................................................................................... 85

Figura 35. Disposição das vigas e dos pilares componentes do sistema estrutural do edifício

exemplo. ........................................................................................................................ 86

Figura 36. Dimensões da seção transversal da viga mista V2 do edifício exemplo. ............. 87

Figura 37. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 400x49. ..... 101

Figura 38. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 400x49. .. 102

Figura 39. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 500x97. ..... 103

Figura 40. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 500x97. .. 104

Figura 41. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 600x152. ... 105
Figura 42. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com

interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 600x152. 106

Figura 43. Aumento do de 20 para 30 MPa: análise comparativa do momento resistente

e do respectivo grau de interação parcial. ................................................................... 108

Figura 44. Comparação entre os deslocamentos verticais sofridos pelas vigas mistas e

metálicas em relação à recomendação da (NBR 8800, 1986) – Perfil VS 400x49. .... 109

Figura 45. Comparação entre os deslocamentos verticais sofridos pelas vigas mistas e

metálicas em relação à recomendação do (EUROCODE 3, 2003) – Perfil VS 400x49.

..................................................................................................................................... 110
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Dimensões e tolerâncias de conectores de cisalhamento usuais, adaptada de

AWS D1.1 (2000 apud MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2000) ...................................... 64

Tabela 2 Propriedades mecânicas dos conectores de cisalhamento, (NBR 8800, 1986) ..... 65

Tabela 3. Algoritmos responsáveis pelo dimensionamento das vigas mistas desenvolvidos

no MATLAB ................................................................................................................... 74

Tabela 4. Dados de entrada fornecidos para a determinação do grau de interação parcial e

os respectivos resultados .............................................................................................. 84

Tabela 5. Dimensões da seção transversal dos perfis metálicos utilizados no caso 2 ......... 99

Tabela 6. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS

400x49 ......................................................................................................................... 100

Tabela 7. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS

500x97 ......................................................................................................................... 103

Tabela 8. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS

600x152 ....................................................................................................................... 105

Tabela 9. Viga mista com interação total: momento fletor resistente e capacidade resistente

utilizada para = 20 e 30 MPa ................................................................................ 107

Tabela 10. Comparação da resistência a flexão fornecida pela viga mista com interação

parcial e pela viga metálica travada lateralmente pela laje ......................................... 113

Tabela 11. Redução no número de conectores causada pelo aumento do em vigas

mistas com interação parcial ....................................................................................... 114


Lista de Símbolos
Área da seção transversal da viga de aço

Área efetiva da parte de concreto da seção transversal da viga mista

Área da seção transformada

Área efetiva de cisalhamento; área da alma da viga de aço

Área da mesa superior da viga de aço

Área da seção transversal do conector

Módulo de elasticidade do aço, 205000 MPa

Módulo de elasticidade do concreto

Módulo de elasticidade transversal do aço, 0,385

, Momento de inércia da seção transformada para cargas de longa duração

Momento de inércia à torção da viga de aço

, Momentos de inércia da viga de aço em relação aos eixos “x” e “y”

respectivamente

Momento de inércia da seção homogeneizada em relação ao seu eixo de flexão

Momento de inércia efetivo da seção homogeneizada

, Momento de inércia efetivo da seção transformada para cargas de longa

Duração

Vão

Comprimento do trecho sem contenção lateral

Resistência nominal ao momento fletor

Momento fletor correspondente ao início de escoamento incluindo ou não o

efeito de tensões residuais

Momento de plastificação

Momento crítico

, Momentos fletores devidos às ações aplicadas, respectivamente antes e depois


da resistência do concreto atingir a 0,75 ; utiliza-se ações de cálculo para vigas

semi-esbeltas e ações nominais para vigas compactas

Somatório das resistências nominais individuais dos conectores de cisalhamento

situados entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de momento

nulo

Momento estático da seção transformada

Resultante do fluxo de cisalhamento longitudinal

Força cortante correspondente à plastificação da alma por cisalhamento

Resistência nominal a força cortante

Módulo resistente elástico da viga de aço

Módulo resistente elástico superior da seção mista

Módulo resistente elástico inferior da seção mista

Módulo resistente elástico efetivo da seção homogeneizada

Distância entre enrijecedores transversais; altura da região comprimida em lajes

de vigas mistas

, Distância livre entre as mesas superiores da viga considerada e das vigas

Adjacentes

Largura da mesa da viga de aço

Largura efetiva da mesa de concreto

Altura da seção transversal da viga de aço

Distância do centro de gravidade da seção da viga de aço até a face superior

desta viga

Número de partes em que será dividido o intervalo de variação de

Espaçamento longitudinal entre conectores de cisalhamento

Limite de escoamento do aço, valor nominal especificado

Tensão residual, a ser considerada igual a 115 MPa

Resistência característica do concreto à compressão


Tensão de tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço

Tensão de compressão de cálculo no concreto

Limite de resistência à tração do aço do conector

Grau de interação parcial

Distância entre as faces internas das mesas de perfis “I”

Quantidade de conectores de cisalhamento

Coeficiente de homogeneização da seção transversal da viga mista

Cargas nominais atuantes na viga metálica antes da resistência do concreto

atingir a 0,75

Cargas atuantes após a cura do concreto, considerando a sobrecarga e as

cargas permanentes

Resistência nominal de um conector de cisalhamento

, Raios de giração em relação aos eixos “x” e “y” respectivamente

Tolerância admitida pelo usuário

Espessura da mesa da viga de aço

Espessura da alma da viga de aço

Espessura da laje de concreto

Distância do centro de gravidade da parte tracionada da seção da viga de aço

até a face inferior desta viga

Distância do centro de gravidade da parte comprimida da seção da viga de

aço até a face superior desta viga

Distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior da viga de aço

Coordenada y do centro geométrico da seção transformada

Coordenada y do centro geométrico da viga de aço

Coordenada y do centróide da seção efetiva da laje

Módulo resistente plástico da viga de aço

Parâmetro de esbeltez
Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento, com ou sem

tensão residual

Parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação

Coeficiente de resistência ao momento fletor

Coeficiente de resistência à força cortante

Deslocamento vertical causado por sobrecarga

Deslocamento vertical proveniente das cargas permanentes e variáveis

Coeficiente de resistência na tração do aço

Coeficiente de minoração da resistência a compressão do concreto

Deslocamento vertical máximo da viga de aço da resistência do concreto atingir

a 0,75

, Deslocamento vertical máximo da viga mista considerando à deformação lenta

do concreto empregando interação total e parcial respectivamente

, Deslocamento máximo total da viga mista utilizando interação total e parcial

respectivamente

Deslocamento vertical máximo instantâneo da viga mista causado pela atuação

das cargas permanentes

Deslocamento vertical máximo da viga mista causado apenas pela fluência do

Concreto

Deslocamento vertical máximo sofrido pela viga mista devido à sobrecarga e

ao efeito de fluência para as cargas permanentes


Sumário

RESUMO..................................................................................................................... 5

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 6

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 10

LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................................. 11

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19

1.1 TIPOS DE ELEMENTOS MISTOS DE AÇO E CONCRETO ................................................................................................. 19

1.2 HISTÓRICO DAS ESTRUTURAS MISTAS DE AÇO E CONCRETO ....................................................................................... 21

1.3 ASPECTOS GERAIS DAS VIGAS MISTAS DE AÇO E CONCRETO ....................................................................................... 22

1.4 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................... 25

1.4.1 Objetivos específicos ........................................................................................................................... 25

1.5 JUSTIFICATIVAS ................................................................................................................................................ 25

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 27

2.1 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE AÇO ............................................................................................... 27

2.1.1 Conceitos iniciais ................................................................................................................................. 27

2.1.2 Propriedades geométricas .................................................................................................................. 29

2.1.3 Momento fletor resistente .................................................................................................................. 31

2.1.4 Esforço cortante resistente ................................................................................................................. 35

2.1.5 Estados limites de serviço (ELS) ........................................................................................................... 37

2.2 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE VIGAS MISTAS ............................................................................................... 38

2.2.1 Introdução ........................................................................................................................................... 38

2.2.2 Largura efetiva da laje ........................................................................................................................ 41

2.2.3 Homogeneização teórica da seção ..................................................................................................... 44

2.2.4 Momento fletor resistente positivo ..................................................................................................... 47

2.2.5 Construção não escorada.................................................................................................................... 54


2.2.6 Estados limites de serviço (ELS) ........................................................................................................... 56

2.2.7 Ligação aço‐concreto (conectores de cisalhamento) .......................................................................... 61

3 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ............................................................... 68

3.1 ENTRADA DE DADOS ......................................................................................................................................... 68

3.1.1 Viga de aço.......................................................................................................................................... 69

3.1.2 Laje de concreto .................................................................................................................................. 70

3.1.3 Conectores .......................................................................................................................................... 71

3.1.4 Cargas ................................................................................................................................................. 72

3.1.5 Complementos .................................................................................................................................... 73

3.2 ALGORITMOS DESENVOLVIDOS............................................................................................................................ 73

3.3 SAÍDA DE DADOS .............................................................................................................................................. 74

4 MÉTODO DA CONVERGÊNCIA ........................................................................... 77

4.1 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL..................................................................................................................... 78

4.2 VALIDAÇÃO..................................................................................................................................................... 79

4.2.1 Método da Interpolação Linear .......................................................................................................... 81

4.2.2 Método da Convergência .................................................................................................................... 82

5 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ................................................................... 86

5.1 MATERIAIS ..................................................................................................................................................... 87

5.1.1 Aço do perfil ........................................................................................................................................ 87

5.1.2 Concreto .............................................................................................................................................. 87

5.1.3 Conectores .......................................................................................................................................... 87

5.2 DIMENSÕES .................................................................................................................................................... 88

5.2.1 Viga de aço.......................................................................................................................................... 88

5.2.2 Laje de concreto .................................................................................................................................. 88

5.2.3 Conectores de cisalhamento ............................................................................................................... 88

5.3 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS ......................................................................................................................... 89

5.3.1 Viga de Aço ......................................................................................................................................... 89


5.3.2 Seção homogeneizada ........................................................................................................................ 89

5.4 AÇÕES ........................................................................................................................................................... 90

5.4.1 Cargas atuantes (valores nominais).................................................................................................... 90

5.4.2 Combinações para os estados limites últimos .................................................................................... 90

5.5 ESFORÇOS SOLICITANTES MÁXIMOS ..................................................................................................................... 91

5.5.1 Viga metálica (antes de 75% do ) ................................................................................................. 91

5.5.2 Viga mista ........................................................................................................................................... 91

5.6 MOMENTO FLETOR RESISTENTE .......................................................................................................................... 91

5.6.1 Interação total .................................................................................................................................... 91

5.6.2 Interação parcial ................................................................................................................................. 91

5.7 VERIFICAÇÃO DA VIGA METÁLICA ......................................................................................................................... 92

5.7.1 Momento fletor resistente de cálculo ................................................................................................. 92

5.7.2 Limitação de tensões........................................................................................................................... 93

5.8 ESFORÇO CORTANTE RESISTENTE ......................................................................................................................... 94

5.8.1 Verificação da segurança .................................................................................................................... 94

5.9 LIGAÇÃO AÇO‐CONCRETO .................................................................................................................................. 94

5.9.1 Resistência nominal dos conectores de cisalhamento ........................................................................ 94

5.9.2 Espaçamentos longitudinais permitidos ............................................................................................. 95

5.9.3 Interação total .................................................................................................................................... 95

5.9.4 Interação parcial ................................................................................................................................. 95

5.10 VERIFICAÇÃO DESLOCAMENTOS ........................................................................................................................ 95

5.10.1 Interação total .................................................................................................................................. 95

5.10.2 interação parcial ............................................................................................................................... 96

6 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 98

6.1 CASO ANALISADO ............................................................................................................................................ 98

6.1.1 Ações atuantes .................................................................................................................................... 99

6.1.2 Dimensões ........................................................................................................................................... 99

6.1.3 Momentos fletores solicitantes máximos ........................................................................................... 99


6.2 ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS .............................................................................................................................. 100

6.2.1 Modificando os perfis ........................................................................................................................ 100

6.2.2 Alterando o ................................................................................................................................ 106

6.3 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO ........................................................................................................................... 108

6.3.1 Perfil VS 400x49 ................................................................................................................................ 109

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 111

7.1 MÉTODO DA CONVERGÊNCIA ........................................................................................................................... 111

7.2 VIGA MISTA VERSUS VIGA METÁLICA .................................................................................................................. 111

7.2.1 Estados limites últimos ..................................................................................................................... 112

7.2.2 Estados limites de serviço ................................................................................................................. 114

8 CONCLUSÕES .................................................................................................... 116

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 118


19

1 INTRODUÇÃO

1.1 Tipos de elementos mistos de aço e concreto

O desenvolvimento econômico, técnico e científico fez surgir diversos

sistemas estruturais e construtivos, entre os quais estão os sistemas formados por

elementos mistos aço-concreto, cuja combinação de perfis de aço e elementos de

concreto visa aproveitar as vantagens de cada material, tanto em termos estruturais

como construtivos.

São exemplos desses sistemas as lajes de concreto com fôrma de aço

incorporada, os pilares mistos constituídos por um perfil de aço envolvido por

concreto ou por um tubo de aço preenchido com concreto e as vigas mistas.

O sistema de lajes mistas consiste na utilização de uma fôrma de aço

nervurada como fôrma permanente de suporte para o concreto antes da cura e das

cargas de utilização. Após a cura do concreto, os dois materiais, a fôrma de aço e o

concreto, combinam-se estruturalmente, formando o sistema misto. A fôrma de aço

substitui então a armadura positiva da laje (ALVA, 2000).

Denomina-se viga mista a viga formada pela associação de um perfil

metálico com uma laje de concreto, sendo os dois elementos ligados por conectores

mecânicos. Apresenta-se na Figura 1 um exemplo do uso conjunto dos elementos

mistos de aço e concreto do tipo viga e laje.

Ao elemento vertical sujeito a forças predominantes de compressão,

formado pela união de um ou mais perfis estruturais de aço revestidos (Figura 2.a),

ou preenchidos (Figura 2.b), por concreto estrutural, dá-se o nome de pilar misto

aço-concreto. A diferenciação entre um e outro tipo de pilar misto se dá em função

da posição que o concreto ocupa na seção (SILVA, 2006).


20

Figura 1. Viga mista e laje mista com fôrma de aço incorporada à seção de concreto (DIAS,
2002).

Figura 2.a. Pilar misto revestido por Figura 2.b. Pilar misto preenchido por
concreto concreto

Figura 2. Exemplos de seções típicas de pilares mistos, adaptada de ALVA (2000).


21

1.2 Histórico das estruturas mistas de aço e concreto

No contexto mundial, os estudos de sistemas compostos tiveram seu início

antes da primeira guerra mundial, na Inglaterra, com base em uma série de ensaios

para pisos. Entre os anos de 1922 e 1939, foram construídos edifícios e pontes que

adotavam os sistemas de vigas compostas (TRISTÃO, 2002).

Pesquisas sobre os diferentes tipos de sistemas estruturais mistos vêm

sendo desenvolvidas nos últimos anos. Na Inglaterra, aproximadamente 40% de

todos as construções novas de múltiplos andares utilizam sistemas estruturais

mistos (MATA, 2005).

No Brasil, as primeiras construções mistas restringiram-se a alguns edifícios

e pequenas pontes construídas entre os anos de 1950 e 1960. MALITE1 (1990 apud

ALVA, 2000) ressalva que, com o aumento da produção de aço estrutural no Brasil e

com a busca de novas soluções arquitetônicas e estruturais, foram construídos

vários edifícios no sistema misto nos últimos anos. As estruturas mistas foram

normatizadas pela primeira vez em 1986 pela NBR-8800: “Projeto e Execução de

Estruturas de Aço de Edifícios”, a qual aborda o dimensionamento e execução

somente dos elementos mistos submetidos à flexão (vigas mistas).

As vigas mistas passaram a ter grande utilização após a II Guerra Mundial,

quando o aço se tornou escasso na Europa. Anteriormente, empregavam-se vigas

metálicas com lajes de concreto, sem considerar no cálculo a participação da laje no

trabalho da viga. Esta participação já era, entretanto, conhecida e comprovada pelas

medidas de flechas das vigas com lajes de concreto. Foi justamente a carência de

aço após a guerra que levou os engenheiros europeus a utilizarem a laje de

1
MALITE, M. Sobre o Cálculo de Vigas Mistas Aço-Concreto: ênfase em edifícios. São Carlos.
Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo 1990.
22

concreto como parte componente do vigamento, iniciando-se pesquisas sistemáticas

que esclareceram o comportamento da viga mista para esforços estáticos e

repetidos.

1.3 Aspectos gerais das vigas mistas de aço e concreto

Constituídas pela associação das vigas de aço com a laje de concreto as

vigas mistas surgem como decorrência natural nos pisos de edifícios e tabuleiros de

pontes, havendo um somatório de vantagens estruturais nas regiões de momento

positivo, em comparação com as vigas de aço isoladas, uma vez que a flambagem

local da mesa e da alma (FLM e FLA), assim como a flambagem lateral com torção

(FLT), Figura 3.a, são impedidas ou amenizadas, Figura 3.b.

Figura 3.b. Viga contida


Figura 3.a. Viga metálica, FLT (DIAS, 2002).
lateralmente pela laje (Viga mista).

Figura 3. Viga de aço sob o efeito da flambagem lateral com torção e contida lateralmente.

Outra vantagem da utilização de vigas mistas em sistemas de pisos é o

acréscimo de resistência e de rigidez propiciados pela associação dos elementos de

aço e de concreto, o que possibilita a redução da altura dos elementos estruturais,

implicando em economia de material. A principal desvantagem reside na


23

necessidade de provisão dos conectores de cisalhamento na interface aço-concreto

(Figura 4).

Figura 4. Conectores de cisalhamento (ALVA, 2000).

Denomina-se interação total a condição de funcionamento da viga mista em

que não ocorre deslizamento na interface aço-concreto. Neste caso, a flexão se dá

em torno do eixo que passa pelo centróide da seção mista. O caso de interação

parcial caracteriza-se pela ocorrência de deslizamento na interface aço-concreto

entre os dois elementos. Este deslizamento é menor do que no caso de seção não-

mista.

A Figura 5 mostra o esquema utilizado por YAM2 (1981 apud SOBRINHO,

2002) para ilustrar, de forma qualitativa, o tipo de comportamento estrutural que

pode ser verificado em vigas mistas biapoiadas, quando submetidas a diferentes

graus de interação.

2
YAM, L. C. P. Design of composite steel-concrete structures. Surrey. Surrey University Press,
1981.
24

Figura 5. Comportamento estrutural qualitativo de uma viga mista de acordo com o grau de
interação (YAM, 1981 apud SOBRINHO, 2002).

Para o dimensionamento das vigas mistas, é feita uma analogia com uma

viga “T” em concreto armado. Porém, é necessário considerar as diferenças entre os

dois materiais (aço e concreto) em relação à resistência e deformabilidade. A laje de

concreto recebe boa parte dos esforços de compressão que seriam absorvidos pela

mesa superior do perfil, enquanto os esforços de tração são normalmente

absorvidos pela mesa inferior do perfil de aço. Os conectores cumprem a função de

absorver os esforços de cisalhamento horizontal e impedir o afastamento vertical e

horizontal entre a laje e a viga.

Além dos aspectos citados anteriormente ressalta-se também que o

concreto sob compressão, devido ao momento fletor oriundo do carregamento, sofre

efeito de fluência, deformando-se lentamente. Esta deformação, que ocorre para

cargas de longa duração, pode chegar a 3 vezes o valor de deformação elástica

instantânea (PFEIL e PFEIL, 2000). Por isso, nas verificações de deslocamentos no


25

estado limite de utilização, é necessário considerar o efeito de fluência para vigas

mistas de aço e concreto (NBR 8800, 1986).

1.4 Objetivos

O objetivo inicial do trabalho é estudar e discutir os métodos de cálculo

usualmente empregados no dimensionamento de vigas mistas aço-concreto.

Códigos computacionais que possibilitam o dimensionamento das vigas

mistas, bem como a determinação do nível de interação parcial mais econômico

para o seu projeto, são desenvolvidos.

Analisa-se o desempenho para os estados limites últimos e de serviço das

vigas mistas frente às vigas metálicas que são calculadas pelos métodos

convencionais que não consideram a influência da laje de concreto.

1.4.1 Objetivos específicos

Especificamente são abordados os seguintes tópicos:

ƒ Estudo dos critérios de dimensionamento das vigas mistas aço-concreto;

ƒ Implementação computacional dos critérios de dimensionamento das vigas

mistas em linguagem de programação MATLAB;

ƒ Estudo de casos de vigas mistas;

ƒ Análise dos resultados.

1.5 Justificativas

Nos últimos anos existe uma tendência mundial em se utilizar sistemas

mistos aço-concreto. GRAZIANO (2002) afirma que há um grande espaço para o

estudo e aproveitamento de estruturas mistas, que incorporem o melhor de cada

material. Enquanto THORNTON (2007), ressalva que não seria viável do ponto de

vista econômico a execução do Edifício Petronas Twin Tower em Kualar Lumpur na


26

Malásia (esse edifício foi considerado ao final da sua execução o prédio mais alto do

mundo) sem a composição do sistema com aço e concreto.

O desenvolvimento de um código computacional específico se justifica pela

necessidade de auxílio no cálculo das vigas mistas pelo fato de o dimensionamento

dessas exigir um número de verificações maiores do que as do tipo metálica, e, além

disso, pela possibilidade de criação de diversas configurações de uma forma mais

rápida. Porém, pelo que consta ao autor, hoje existem apenas programas de cunho

comercial, daí a necessidade de se desenvolver um código computacional.


27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os critérios de dimensionamento de vigas mistas e metálicas empregados

nesta monografia de graduação estão apresentados no presente capítulo. A maioria

dos critérios aplicados são extraídos da norma brasileira (NBR 8800, 1986),

entretanto, limitações impostas pela norma européia (EUROCODE 3, 2003) e

recomendações de alguns autores são acrescentadas.

2.1 Critérios de dimensionamento de vigas de aço

2.1.1 Conceitos iniciais

No projeto no estado limite último de vigas sujeitas à flexão simples

calculam-se, para as seções críticas, o momento e o esforço cortante resistentes de

projeto, ou seja, minorados pelos coeficientes de ponderação da resistência. Em

seguida, os mesmos são comparados aos respectivos esforços solicitantes de

cálculo, que, por sua vez, são majorados pelos coeficientes de ponderação das

ações. Além disso, deve-se verificar os deslocamentos no estado limite de utilização.

A resistência à flexão das vigas pode ser afetada pela flambagem local e

pela flambagem lateral. A flambagem local é a perda de estabilidade das chapas

comprimidas componentes do perfil, a qual reduz o momento resistente da seção

(Figura 6).
28

Figura 6.a Flambagem da mesa comprimida em vigas I fletidas no plano da alma.

Figura 6.b Flambagem local da alma devida ao momento fletor.

Figura 6. Flambagem local em vigas (PFEIL e PFEIL, 2000).

Na flambagem lateral a viga perde seu equilíbrio no plano principal de flexão

e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção (ver Figura 3.a).

Para se evitar a flambagem lateral de uma viga I, cuja rigidez à torção é muito

pequena, é preciso prover contenção lateral à viga (PFEIL e PFEIL, 2000).

A resistência ao esforço cortante de uma viga pode ser reduzida pela

ocorrência de flambagem da chapa de alma sujeita às tensões cisalhantes.

Os tipos de seções transversais mais adequados para o trabalho à flexão

são aqueles com maior inércia no plano da flexão, isto é, com as massas mais

afastadas do eixo neutro. O ideal, portanto, é concentrar as massas em duas


29

chapas, uma superior e uma inferior, ligando-as por uma chapa fina (PFEIL e PFEIL,

2000).

Conclui-se assim que as vigas em forma de I são as mais funcionais,

devendo, entretanto, seu emprego obedecer às limitações de flambagem. As vigas

com muita massa próxima ao eixo neutro, por exemplo peças maciças de seção

quadrada ou circular trabalham com menor eficiência na flexão, isto é, para o

mesmo peso da viga, têm menor capacidade de carga (REBELLO, 2003).

2.1.2 Propriedades geométricas

Serão apresentadas aqui as equações utlizadas para o cálculo dos

parâmetros geométricos da seção transversal da viga metálica (Figura 7)

necessários para o seu dimensionamento. São eles: momentos de inércia e raios de

giração em relação aos eixos que passam pelo centróide da seção (denominados x

e y), área, momento de inércia à torção, módulos resistentes elástico e plástico em

relação ao eixo de flexão.

Figura 7. Seção transversal da viga de aço.


30

9 Área da seção transversal da viga de aço ( )

2· · 2· · (1)

onde:

é a largura da mesa da viga de aço (Figura 7);

é altura da seção da viga de aço (Figura 7);

é a espessura da mesa da viga de aço (Figura 7);

é a espessura da alma da viga de aço (Figura 7).

9 Momentos de inércia em relação ao eixos x ( ) e y ( )

Para a determinação destes dois parâmetros pode-se utilizar as seguintes

estratégias: primeiro, para o cálculo de , pode-se particionar a área ilustrada na

Figura 7, de acordo com a Figura 8.a, em seguida, com o auxílio da Figura 8.b

calcula-se .

Figura 8.a. Áreas 1 e 2 Figura 8.b. Áreas 3 e 4

Figura 8. Divisão da seção transversal da viga de aço para a obtenção dos momentos de inércia.

Sendo assim, os valores de e são obtidos na forma

2· (2)

4· (3)
31

onde:

· (4)

·
· · (5)

· (6)

· · (7)

9 Módulo resistente elástico da seção relativo a o eixo de flexão ( )

(8)

9 Módulo resistente plástico da seção relativo ao eixo de flexão ( )

· · · 2· (9)

9 Momento de inércia à torção ( )

2· · · (10)

9 Raios de giração relativos aos eixos x ( ) e y ( )

(11)

(12)

2.1.3 Momento fletor resistente

Demonstra-se neste tópico a sequência de cálculo necessária para obtenção

do momento fletor resistente de projeto para vigas de aço considerando os efeitos

de flambagem local e lateral. São citadas as possíveis formas de colapso da viga

para cada um dos efeitos.


32

2.1.3.1 Flambagem local da mesa (FLM)

a) Cálculo do parâmetro de esbeltez ( )

(13)

b) Cálculo de

0,38 (14)

é o parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação;

é o modulo de elasticidade do aço, = 205000 MPa;

é a tensão limite de escoamento do aço, valor nominal especificado.

c) Comparação entre e , cálculo de e

Se o colapso se dá por plastificação total da seção e o momento

resistente é igual a:

· (15)

é o momento fletor de plastificação total da seção.

Se calcula-se usando a Equação (17) ou (18).

· (16)

é o momento fletor correspondente ao início do escoamento (incluindo tensões

residuais em alguns casos);

é a tensão residual do aço, = 115 MPa.

9 Para perfis soldados:

·
0,62 (17)

9 Para perfis laminados:

·
0,82 (18)
33

é o parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento, com ou sem

tensão residual;

Se o colapso ocorre por flambagem inelástica da seção e o

momento resistente é calculado utilizando a Equação (19).

(19)

Se ocorre colpaso da seção por flambagem elástica e é obtido

através das Equações (20) e (21):

9 Para perfis soldados:


,
(20)

9 Para perfis laminados:


,
(21)

é o momento fletor de flambagem elástica.

2.1.3.2 Flambagem local da alma (FLA)

a) Cálculo do parâmetro de esbeltez ( )

(22)

b) Cálculo de

3,5 (23)

c) Comparação entre e , cálculo de e

Se o colapso se dá por plastificação total da seção e o momento

resistente é calculado pela Equação (15).

Se calcula-se da seguinte forma:

5,6 (24)
34

Se o colapso ocorre por flambagem inelástica da seção e o

momento resistente é calculado pela Equação (19) com igual a:

· (25)

O colapso da seção por flambagem elástica, ou seja, não é aplicável

a FLA.

2.1.3.3 Flambagem lateral com torção (FLT)

a) Cálculo do parâmetro de esbeltez ( )

(26)

é a distância entre duas seções contidas lateralmente.

b) Cálculo de

1,75 (27)

c) Comparação entre e , cálculo de e :

Se o colapso se dá por plastificação total da seção e o momento

resistente é calculado pela Equação (15).

Se calcula-se da seguinte forma:

, · · ·
1 1 (28)
·

· (29)

·√ · · · (30)

1,0 (31)

·
6,415 · (32)

é o módulo de elasticidade transversal do aço, 0,385 · .


35

Se o colapso ocorre por flambagem inelástica da seção e o

momento resistente é calculado pela Equação (19) com conforme a Equação

(29).

Se ocorre colpaso da seção por flambagem elástica e é obtido

utilizando a Equação (33).

·
1 (33)

Para encontrar o momento fletor resistente de cálculo em todos os casos

(FLM, FLA e FLT), multiplica-se o valor nominal por um coeficiente de minoração

= 0,9.

2.1.4 Esforço cortante resistente

Admite-se que o esforço cortante é absorvido apenas pela alma da viga. O

colapso pode ocorrer por escoamento, ou flambagem local da alma. Apresenta-se

aqui a rotina de cálculo necessária para a obtenção do esforço cortante resistente de

cálculo da viga.

2.1.4.1 Cálculo do parâmetro de esbeltez ( )

(34)

2.1.4.2 Cálculo da relação

Se 260, a Equação (35) deve ser satisfeita.

3
· (35)

onde é a distância entre enrijecedores transversais.


36

2.1.4.3 Cálculo do parâmetro k

Distinguem-se três situações: se a relação for maior do que 3, utiliza-se a

Equação (36), se essa mesma relação for maior ou igual a 1, o valor de k é obtido

através da Equação (37), e por fim, emprega-se a Equação (38), se for menor do

que 1.

5,34 (36)

5,34 (37)

,
4 (38)

2.1.4.4 Cálculo de

·
1,08 · (39)

2.1.4.5 Cálculo de

0,6 · · (40)

sendo a força cortante correspondente à plastificação da alma por cisalhamento

e para o caso de perfis “I” e “H” soldados é a área da alma da viga de aço (área

efetiva de cisalhamento).

2.1.4.6 Cálculo do cortante resistente nominal

Se o colapso da seção transversal ocorre por escoamento local da

alma e o valor de é calculado utilizando a Equação (41).

(41)

Para , dois casos são possíveis, se , ocorre colapso por

flambagem inelástica local da alma e calcula-se através da Equação (42), se

, o colapso se dá por flambagem elástica local da alma e emprega-se a

Equação (43) para a obtenção do valor de .


37

·
(42)

1,28 · · (43)

Para encontrar o esforço cortante resistente de cálculo multiplica-se, o valor

nominal por um coeficiente de minoração = 0,9.

2.1.5 Estados limites de serviço (ELS)

São estados que, pela sua ocorrência, repetição ou duração, provocam

efeitos incompatíveis com as condições de uso da estrutura, tais como:

deslocamentos excessivos, vibrações e deformações permanentes (NBR 8800,

1986).

Neste trabalho é contemplado apenas o deslocamento vertical, visto que

uma análise de vibração requer conceitos de análise dinâmica que não são objeto

deste estudo, além de não ser necessária sua verificação para a maioria das

estruturas de edifícios.

Os valores limites a serem impostos ao comportamento da estrutura, e que

garantem sua plena utilização (por exemplo: deslocamentos máximos, acelerações,

etc.) devem ser escolhidos levando-se em conta as funções previstas para a

estrutura e os materiais a ela vinculados.

Segundo a NBR 8800 (1986), cada estado limite de utilização deve ser

verificado utilizando-se combinações de ações nominais associadas ao tipo de

resposta pesquisada.

Nessa mesma norma, apenas o deslocamento vertical referente às

sobrecargas ( ) é limitado, não podendo exceder ao valor resultante da divisão do

comprimento da viga por 360. Pensando nisso, acrescenta-se a este trabalho uma
38

recomendação do EUROCODE 3 (2003) que limita o deslocamento vertical total, ,

resultante das cargas permanentes e variáveis, em , sendo o vão da viga.

2.2 Critérios de dimensionamento de vigas mistas

2.2.1 Introdução

Vigas mistas (Figura 9) consistem de perfis I de aço, suportando laje de

concreto em sua mesa superior, fundida “in loco”, havendo ligação entre viga de aço

e laje de tal forma que elas funcionem como um conjunto para resistir à flexão em

torno de um eixo perpendicular ao plano médio da alma (NBR 8800, 1986).

Figura 9. Tipos de vigas mistas de aço e concreto (KOTINDA, 2006).

O dimensionamento de vigas mistas submetidas à flexão depende da

caracterização do comportamento ao nível da ligação aço-concreto. Duas situações

são conhecidas nesse caso: a interação total e a interação parcial.

Na interação total, considera-se que existe uma ligação perfeita entre o aço

e concreto. Neste caso, não há escorregamento longitudinal nem afastamento

vertical relativo. Desse modo, com relação à distribuição de deformações, verifica-se


39

a existência de uma única linha neutra, conforme mostra, de maneira simplificada, a

Figura 5 (seção 1.3).

Quando ocorre escorregamento relativo ao nível da ligação aço-concreto, há

uma descontinuidade no diagrama de deformações, caracterizando a interação

parcial. Em conseqüência disso, a seção transversal da viga apresenta duas linhas

neutras. O efeito do escorregamento afeta a distribuição de tensões na seção, a

distribuição do fluxo de cisalhamento longitudinal na conexão e, conseqüentemente,

a deformabilidade das vigas.

Originalmente, as vigas mistas eram construídas com lajes planas moldadas

“in loco”, utilizando-se fôrmas removíveis. Porém, nos países industrializados, a

partir dos anos 60, na América do Norte, e ao final dos anos 70, na Europa, o

sistema com fôrma de aço incorporada, ou laje mista, foi ganhando popularidade e é

hoje o sistema de laje mais difundido naqueles países (MATA, PIMENTA e

QUEIROZ, 2001).

O comportamento das vigas mistas é baseada na ação conjunta entre o

perfil de aço e o concreto armado. É necessário o uso de conectores de

cisalhamento para transmitir o cisalhamento na interface aço-concreto. A NBR 8800

(1986) apresenta expressões para o cálculo da resistência nominal dos conectores

dos tipos: pino com cabeça e perfil U laminado (Figura 10).


40

Figura 10.a. Pino com cabeça

Figura 10.b. Perfil “U” Laminado

Figura 10. Conectores de cisalhamento abordados pela NBR 8800/86, adaptada de ALVA
(2000).

As vigas mistas podem ser simplesmente apoiadas, ou podem ser

contínuas. As simplesmente apoiadas apresentam maior eficiência do sistema misto,

pois a viga de aço trabalha predominantemente à tração e a laje de concreto à

compressão. As vigas contínuas, devido à presença de momentos fletores

negativos, apresentam um comportamento estrutural diferente das simplesmente

apoiadas. Embora os momentos fletores negativos reduzam a eficiência do sistema

misto, deve-se notar que a continuidade das vigas traz vantagens sob o ponto de

vista de redução de esforços e deslocamentos e da estabilidade global da estrutura.

Duas situações são possíveis com vigas mistas: o sistema escorado e o

não-escorado. No sistema escorado, toda a carga é resistida pelo sistema misto,

sendo necessário que a viga seja escorada até que o concreto atinja resistência

suficiente para que a ação mista possa ser desenvolvida. No sistema não-escorado,
41

a viga de aço, trabalhando isoladamente, é dimensionada para resistir ao peso

próprio do concreto fresco, juntamente com outras cargas de construção, aplicadas

antes que o concreto atinja resistência adequada.

A resistência de cálculo a força cortante em vigas mistas deve ser

determinada considerando-se apenas a resistência da viga de aço, de acordo com

2.1.4 (NBR 8800, 1986).

Nesta seção são apresentados os critérios de dimensionamento das vigas

mistas simplesmente apoiadas, com laje de concreto do tipo maciça, sob flexão

simples, baseados na NBR 8800 (1986). A interação entre a laje e a viga de aço é

garantida por conectores do tipo pino com cabeça. São abordadas interações do tipo

total e parcial. O sistema construtivo adotado é o não-escorado, entretanto,

apresentam-se considerações para o cálculo dos deslocamentos verticais no caso

da utilização de sistema escorado.

2.2.2 Largura efetiva da laje

O sistema de piso com vigas mistas consiste essencialmente de uma série

de vigas T paralelas com mesa larga e delgada. A presença de deformações de

cisalhamento no plano da laje de concreto faz com que as seções não mais

permaneçam planas, provocando uma variação das tensões normais ao longo da

largura da mesa (“Shear Lag”). A tensão é maior imediatamente sobre a viga,

decrescendo à medida que se vai distanciando da linha de centro, como mostrado

na Figura 11 (MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2001).

Assim, a contribuição da mesa de concreto não é totalmente efetiva, levando

ao conceito de largura colaborante ou largura efetiva. Na Figura 11, se a largura real

B for substituída pela largura fictícia b, de modo tal que a área GHJK seja a mesma

que a área ACDEF, a teoria convencional de flexão simples pode ainda fornecer o
42

valor correto da máxima tensão. Pesquisas baseadas na teoria da elasticidade

mostram que a relação b/B é muito complexa e depende da relação de B com o vão

L, do tipo de carregamento, das condições de contorno, da posição da seção ao

longo do vão, entre outras variáveis (JOHNSON3, 1994 apud MATA, PIMENTA e

QUEIROZ, 2001).

Figura 11. Distribuição das tensões longitudinais na laje considerando o efeito “Shear Lag”,
adaptada de ALVA (2000).

2.2.2.1 Cálculo da largura efetiva b (NBR 8800, 1986)

A largura efetiva “b” da mesa de concreto, quando a laje se estende para

ambos os lados da viga (Figura 12), deve ser igual à menor das larguras: (1) 1/4 do

vão da viga mista, considerado entre linhas de centro do apoio; (2) 16 vezes a

espessura da laje, mais a largura da mesa superior da viga de aço; (3) a largura da

mesa superior da viga de aço mais a média das distâncias livres entre essa mesa e

as mesas superiores das vigas adjacentes, ou seja,

3
JOHNSON, R.P. Composite structures of steel and concrete. 2nd ed. Oxford: Blackwell Scientific
Publications. 1994. v.1.
43

16 · (44)

Figura 12. Largura efetiva b quando a laje se estende para ambos os lados da viga.

A largura efetiva “b” da mesa de concreto, quando a laje se estende para

apenas um lado da viga de aço (Figura 13), porém, cobre totalmente sua mesa

superior, não pode ser maior que a largura desta mesa mais a menor das seguintes

larguras: (1) 1/12 do vão da viga mista, considerado entre linhas de centro de

apoios; (2) 6 vezes a espessura da laje; (3) metade da distância livre entre as mesas

superiores da viga considerada e da viga adjacente, ou seja,

6· (45)
44

Figura 13. Largura efetiva b quando a laje se estende para apenas um lado da viga.

2.2.3 Homogeneização teórica da seção

A avaliação exata do comportamento de um elemento de viga, através de

métodos analíticos para casos onde a seção transversal do elemento é definida por

mais de um material, é muito complexa (SILVA, 2006).

Como forma de evitar tal complexidade a NBR 8800 (1986) afirma que, para

se obter a seção transformada, a seção efetiva do concreto, cuja largura é igual à

largura efetiva da laje, deve ser dividida pelo coeficiente de homogeneização ,

sendo o módulo de elasticidade do concreto (Equação (46)), e deve ser ignorada

a participação do concreto na zona tracionada.

A altura da laje de concreto mantém-se a mesma após a homogeneização,

exceto nos casos em que a laje de concreto tem parte de sua seção tracionada,

nestes casos despreza-se na seção homogeneizada a parte da altura da laje

tracionada.

,
42 · · (46)
45

onde:

é o peso especifíco do concreto em kN/m³, igual a 24 kN/m³ para o

concreto simples e 25 kN/m³ para o concreto armado;

é a resistência característica do concreto à compressão em MPa;

em MPa.

2.2.3.1 Parâmetros geométricos

As propriedades geométricas da seção mista (Figura 14) utilizadas na

determinação de tensões e deformações em regime elástico são obtidas com a

seção homogeneizada. As equações necessária para o cálculo das mesmas serão

apresentadas nesta seção para os casos de interação total e parcial.

Figura 14. Viga mista de aço e concreto, seção transversal.

a) Interação total: momentos de inércia e módulos resistentes elásticos da seção

mista, relativos ao eixo de flexão

Através da Equação (47) determina-se a coordenada y do centro geométrico

da seção tansformada ( , medido a partir do topo da laje (Figura (14)).

(47)
46

· · (48)

(49)

é o momento estático da seção transformada;

é área da seção transformada;

é área efetiva da parte de concreto da seção transversal da viga mista;

é a coordenada y do centro geométrico da viga de aço;

é a coordenada y do centróide da seção efetiva da laje.

Sendo assim, as Equações (48) e (49) podem ser reescritas como:

2 · 2 · · · (50)
·

2 · 2 · · (51)

O momento de inércia da seção homogeneizada em relação ao seu eixo de

flexão é obtido por

(52)

onde

· (53)

· · (54)

Por fim, empregam-se as Equações (55) e (56) para o cálculo do módulo

resistente elástico superior ( ) e inferior ( ) da seção mista em relação ao eixo

horizontal que passa pelo seu centro geométrico, respectivamente.

(55)

(56)
47

b) Interação parcial: momentos de inércia e módulos resistentes elásticos da seção

mista, relativos ao eixo de flexão

Segundo a NBR 8800 (1986), deve-se considerar o efeito de

escorregamento no caso de interação parcial, onde o momento de inércia da seção

homogeneizada é substituído por um momento de inércia efetivo ( ), dado por

· (57)

sendo o grau de interação parcial entre a viga de aço e a laje de concreto admitido

no dimensionamento da viga mista (para maiores detalhes ver seção 2.2.4.1 - b).

Seguindo o mesmo raciocínio, o módulo resistente elástico da viga mista é

calculado como:

· (58)

2.2.4 Momento fletor resistente positivo

A determinação do momento fletor resistente depende da classe à qual

pertence a seção. A classe, neste caso, é referente à relação largura/espessura da

alma.

A norma brasileira faz distinção entre dois tipos de seções:

9 seções “compactas”, onde se permite a plastificação total da seção mista;

9 seções “semi-esbeltas”, onde a alma pode sofrer flambagem local no regime

inelástico.

A análise plástica leva em consideração a resistência dos elementos,

assumindo que atinjam sua capacidade total. Para que isto ocorra, é necessário que

possuam determinada rigidez para que os esforços internos sejam redistribuídos ao

longo da seção. Claramente, esta é uma suposição do que ocorre internamente


48

numa peça, pois existem os chamados fatores de segurança para impedir que os

esforços máximos ocorram (FABRIZZI, 2007).

Já a análise elástica é baseada na rigidez dos elementos imaginando-se que

os esforços internos variam linearmente ao longo do elemento. No caso das vigas

mistas, a seção é homogeneizada para uma seção teórica de aço e assim são

determinados os esforços solicitantes na seção estudada.

2.2.4.1 Vigas “compactas”: 3,5 ·

Será descrito a seguir o procedimento de cálculo da resistência ao momento

fletor assumindo uma análise plástica, ou seja, os elementos que compõem a viga

mista são capazes de desenvolver sua capacidade máxima com redistribuição de

tensões.

Para a obtenção do momento resistente admite-se que o concreto de

resistência à compressão desenvolve tensões uniformes iguais a 0,85 ⁄ , e

que a seção de aço atinge a tensão em tração ou em compressão, onde e

são os coeficientes de minoração das resistências do concreto e do aço,

respectivamente.

a) Interação total

São consideradas três situações: (1) linha neutra plástica (LNP) na laje, (2)

LNP mesa superior da viga de aço e (3) LNP na alma da viga de aço. As expressões

necessárias para calcular o momento fletor resistente positivo, a posição da linha

neutra e outros parâmetros relevantes para as três configurações são aqui

apresentadas.
49

a.1) Linha neutra da seção plastificada na laje de concreto

A Figura 15 mostra a distribuição de tensões na qual se baseia a formulação

da NBR 8800 (1986) para o cálculo do momento fletor resistente, no caso de

interação total e com a linha neutra plástica na laje.

Figura 15. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra
plástica na laje ( ⁄ 3,5 ⁄ - interação total).

A LNP estará na laje se a seguinte condição for satisfeita:

·
(59)
, · ·

é a espessura comprimida da laje (Figura 15).

A NBR 8800 (1986) apresenta as equações de momento resistente com o

coeficiente de redução do aço posto em evidência, obtendo assim o momento

fletor resistente nominal. Portanto, o coeficiente 0,66 que multiplica corresponde

ao produto de 0,85 (efeito Rush) pela relação entre os coeficientes de segurança do

concreto (1/1,4) e do aço (0,90) para este caso.

Logo:

0,66 · · · (60)

· (61)

· (62)
50

(63)

onde:

é a distância do centro de gravidade da seção da viga de aço até a face

superior desta viga (Figura 15).

a.2) Linha neutra da seção plastificada na mesa superior da viga de aço

A distribuição de tensões para o cálculo do momento fletor quando a linha

neutra plástica se encontra na mesa superior do perfil é apresentada na Figura 16.

Esta situação ocorre se

· (64)

onde

· · (65)

0,66 · · · (66)

é a área da mesa superior da viga de aço.

Figura 16. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra
plástica na mesa superior da viga de aço ( ⁄ 3,5 ⁄ - interação total).
51

O momento fletor resistente é dado por:

(67)

é a distância do centro de gravidade da parte tracionada da seção da viga de aço

até a face inferior desta viga (Figuras 16 e 17);

é a distância do centro de gravidade da parte comprimida da seção da viga de

aço até a face superior desta viga (Figuras 16 e 17).

A posição da linha neutra plástica ( ), ver Figuras 16 e 17, medida a partir

do topo da viga de aço é igual a

· (68)
·

Para a determinação dos parâmetros e utilizam-se as expressões

apresentadas a seguir:

(69)

· ·
· (70)
·

a.3) Linha neutra da seção plastificada na alma da viga de aço

A Figura 17 mostra a distribuição de tensões para o caso em que a linha

neutra plástica encontra-se na alma da viga de aço e auxilia também na

determinação do momento fletor resistente.


52

Figura 17. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo com a linha neutra
plástica na alma da viga de aço ( ⁄ 3,5 ⁄ - interação total).

A condição necessária para que a linha neutra da seção plastificada

encontre-se na alma da viga de aço é contrária à situação em que a mesma situa-se

na mesa superior do perfil, ou seja:

· (71)

·
· 2· (72)
·

é a área da alma da viga de aço.

O momento fletor resistente, assim como em a.2), é obtido utilizando a

Equação (67).

b) Interação parcial

Conforme mencionado na seção 2.2.1, quando se utiliza a interação parcial

a seção transversal da viga apresenta duas linhas neutras: uma encontra-se na laje

de concreto, linha neutra plástica 1 (LNP 1), e a outra, linha neutra plástica 2 (LNP

2), situa-se na viga de aço, posicionada na mesa superior ou na alma do perfil

(Figura 18).
53

Figura 18. Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento positivo ( ⁄ 3,5 ⁄ -
interação parcial).

A NBR 8800 (1986) define o grau de interação parcial como sendo a

relação entre o somatório das resistências nominais individuais dos conectores de

cisalhamento ( ), Equação (73), com a resultante do fluxo de cisalhamento

longitudinal ( ), Equação (75).

(73)

0,5 · ·
(74)
0,5 · 0,85 · · ·

·
(75)
0,85 · · ·

Portanto, pode-se dizer que o grau de interação varia de um valor mínimo

igual a 50% a um valor máximo de 100% (interação completa).

Neste caso, tem-se:

(76)
, ·

,
(77)
,
54

Para a determinação da posição da linha neutra plástica na viga de aço, de

e são válidas as expressões apresentadas nos itens a.2) e a.3). Assim,

(78)

2.2.4.2 Vigas “semi-esbeltas”: 3,5 · 5,6 ·

Neste caso a tensão de tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço

não pode ultrapassar “ ” com = 0,90, e a tensão de compressão de cálculo no

concreto não pode ultrapassar “ ”, sendo = 0,70.

As tensões correspondentes ao momento de cálculo “ ” devem ser

determinadas pelo processo elástico, com base nas propriedades da seção mista

transformada,obtida através da homogeneização teórica da seção.

a) Interação total

As tensões de cálculo são dadas por:

(79)

(80)
·

onde:

é a tensão de tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço;

é a tensão de compressão de cálculo no concreto.

b) Interação parcial

A determinação de tensões é feita também através das Equações (79) e

(80), alterando-se apenas o valor de para

2.2.5 Construção não escorada

Quando se adota o sistema construtivo do tipo não escorado a seção da viga

de aço por si só deve ter resistência adequada para suportar todas as cargas de
55

cálculo aplicadas antes do concreto atingir uma resistência igual a 0,75 (NBR

8800, 1986).

Já na construção escorada, o escoramento deve ser adequado para que a

viga permaneça sem solicitação até a retirada desse escoramento, o que é feito

após a cura do concreto.

No caso de viga construída sem escoramento, as possíveis solicitações na

fase anterior a cura do concreto (antes de atingir 75% do ) atuantes apenas na

seção metálica são:

• peso próprio da viga;

• laje (peso próprio) e formas;

• carga de montagem.

Em decorrência do sistema construtivo, a seção metálica da viga escorada é

sempre mais econômica que a da viga não-escorada. Porém, na construção não-

escorada, evitam-se os custos do escoramento e restrições de espaço disponível na

obra. (PFEIL e PFEIL, 2000).

2.2.5.1 Resistência de cálculo da viga de aço

A resistência de cálculo à flexão da viga de aço deve ser determinada

desprezando-se a contribuição do concreto, conforme item 2.1.3.

2.2.5.2 Limitação de tensões

Na mesa inferior da seção mais solicitada deve-se ter:

0,90 · (81)

sendo e os momentos fletores devidos às ações aplicadas respectivamente

antes e depois da resistência do concreto atingir a 0,75 ; utiliza-se ações de

cálculo para vigas semi-esbeltas e ações nominais para vigas compactas.


56

2.2.6 Estados limites de serviço (ELS)

Uma estrutura deve atender a certos aspectos relativos à sua utilização

como: aparência, durabilidade e condições de uso. A verificação dos estados limites

de utilização deve considerar estes aspectos.

Além daqueles estados limites apresentados na seção 2.1.5, deve-se

verificar também as aberturas de fissuras no concreto da laje. Em seu item 6.1.3.2 a

NBR 8800 (1986) determina que as armaduras das lajes sejam adequadamente

dispostas de forma a atender às especificações da NBR 6118 (2003).

Porém, para o caso especifíco de vigas mistas de aço e concreto, a NBR

8800 (1986) determina que a possibilidade de fissuração da laje (causada por

cisalhamento), na região adjacente à viga de aço, paralelamente a esta, deve ser

controlada pela colocação de armaduras adicionais, transversais à viga, ou por

outros meios eficazes, a não ser que se demonstre que essa fissuração não possa

ocorrer. A referida armadura deve ser colocada na face inferior da laje.

A área da seção dessa armadura não pode ser inferior a 0,5 % da área da

seção de concreto, segundo um corte paralelo à viga e deve ser usado espaçamento

uniforme ao longo do vão. A Figura 19 ilustra de forma simplificada a disposição

destas armaduras.
57

Figura 19. Armadura adicional colocada na laje para combater fissuração causada por
cisalhamento.

Como o combate a fissuração excessiva do concreto está diretamente

relacionado com o dimensionamento da laje, este trabalho encarrega-se apenas de

informar a existência dessa verificação adicional, porém, esta não é considerada na

resolução dos exemplos (Capítulo 4) e nem nos casos estudados (Capítulo 5).

Para as vigas mistas é abordado o estado limite último de utilização

correspondente apenas ao máximo deslocamento vertical.

Na determinação da expressão necessária para o cálculo do deslocamento

vertical no meio do vão da viga, biapoiada, submetida a uma força transversal

uniformemente distribuída, Figura 20, utiliza-se o Princípio dos Trabalhos Virtuais,

obtendo a Equação (82).

Figura 20. Viga isostática, representação do carregamento atuante e da configuração deformada.


58

·
(82)
·

é o momento de inércia da seção transversal da viga em relação ao eixo que passa

pelo seu centro geométrico.

A NBR 8800 (1986) afirma que para o cálculo dos deslocamentos em vigas

mistas, deve ser considerada a deformação lenta do concreto (fluência), por outro

lado não informa qual o método de cálculo a se utilizar.

Porém, diversos autores, ALVA (2000), PFEIL e PFEIL (2000), MATA,

PIMENTA e QUEIROZ (2001), SOBRINHO (2002), sugerem que o efeito de

deformação lenta do concreto seja considerado mediante o aumento da relação

modular ou fator de homogeneização da seção mista. Na prática, as deflexões de

curta duração são consideradas utilizando-se para a relação modular o valor ,

e para cargas de longa duração .

Como a NBR 8800 (1986) limita apenas os deslocamentos devidos à

sobrecarga e ao efeito de fluência (no caso de vigas mistas), para evitar danos a

componentes não-estruturais instalados após a execução da estrutura. Acrescenta-

se a este trabalho uma recomendação do EUROCODE 3 (2003) que limita o

deslocamento vertical total resultante das cargas permanentes e variáveis.

Conforme citado na seção 2.2.1, demonstra-se a seguir as expressões

necessárias para avaliar o deslocamento vertical da viga quando a mesma não

recebe escoramento e, posteriormente, quando se adota o sistema de construção do

tipo escorado. Para o primeiro, os critérios de cálculo utilizados foram propostos por

PFEIL e PFEIL (2000) e para a construção escorada utiliza-se o procedimento

sugerido por ALVA (2000).


59

2.2.6.1 Construção não escorada

a) Deslocamento total

O deslocamento total suportado pela viga mista quando esta não recebe

escoramento é obtido através da soma do deslocamento sofrido apenas pela viga de

aço, ou seja, antes do concreto atingir 75 % do com aquele tolerado pela viga

mista sob efeito de fluência (após a cura do concreto).

a.1) Interação completa

Na etapa de construção, ou seja, quando o concreto ainda não atingiu 75 %

do , o deslocamento vertical máximo da viga de aço para o caso de interação

total, , é igual a:

· ·
(83)
·

são as cargas nominais atuantes na viga metálica antes de 0,75 .

Após a cura do concreto, o deslocamento sofrido pela viga mista

considerando à deformação lenta do concreto, , é dado pela Equação (84).

·
(84)
· ,

são as cargas atuantes após a cura do concreto, considerando a sobrecarga e

as cargas permanentes;

, é o momento de inércia da seção transformada para cargas de longa duração,

ou seja, com .

Portanto:

(85)

sendo o deslocamento total suportado pela viga mista quando se utiliza interação

completa entre a viga metálica e a laje de concreto.


60

a.2) Interação parcial

Na etapa de construção o deslocamento vertical no meio do vão da viga de

aço para o caso de interação parcial, , é calculado através da Equação (83).

Já para a obtenção do deslocamento sofrido pela viga mista após a cura do

concreto, considerando o efeito de fluência, utiliza-se a seguinte expressão:

·
(86)
· ,

, , (87)

, é o momento de inércia efetivo da seção transformada para cargas de longa

duração.

Então:

(89)

sendo o deslocamento total suportado pela viga mista quando se utiliza interação

parcial entre a viga metálica e a laje de concreto.

b) Deslocamento sofrido pela viga mista devido à sobrecarga e ao efeito de fluência

para as cargas permanentes

Para o cálculo, soma-se o deslocamento suportado pela viga mista

proveniente da sobrecarga ( ) com aquele provocado pelo efeito de fluência ( ),

que é obtido através da subtração de do deslocamento total sofrido pela viga

mista, descontado do resultado o deslocamento instantâneo causado pelas cargas

permanentes.

b.1) Interação total

9 Deslocamento proveniente da sobrecarga

·
(90)
61

9 Deslocamento instantâneo devido à carga permanente

·
(91)
·

9 Deslocamento causado por fluência

(92)

Dessa forma, o deslocamento sofrido pela viga mista devido à sobrecarga e

ao efeito de fluência para as cargas permanentes considerando interação total é

dado por:

(93)

é a sobrecarga atuante na viga mista após a cura do concreto;

são as cargas permanentes atuante na viga mista após a cura do concreto.

b.2) Interação parcial

O deslocamento é calculado da forma proposta no item b.1), alterando-se

apenas o momento de inércia da seção transformada de para .

2.2.6.2 Construção escorada

O deslocamento vertical máximo sofrido pela viga mista é calculado

somando-se o deslocamento proveniente das cargas variáveis, consideradas de

curta duração ( ), com aqueles causados pelas cargas permanentes,

consideradas de longa duração ( ). Utiliza-se para a interação total e

para a interação parcial.

2.2.7 Ligação aço-concreto (conectores de cisalhamento)

O comportamento de estruturas mistas é baseado na ação conjunta entre o

perfil de aço e o concreto armado. É necessário que na interface aço-concreto

desenvolvam-se forças longitudinais de cisalhamento.


62

Ensaios em estruturas mistas mostram que, para baixos valores de carga, a

maior parte do cisalhamento longitudinal é desenvolvida na interface por aderência

química entre a pasta de cimento e a superfície do aço. Para cargas mais elevadas,

ocorre o rompimento desta ligação e uma vez rompida, esta não pode mais ser

restaurada (MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2001).

Desta forma, exceto em vigas totalmente envolvidas por concreto, torna-se

impraticável levar em conta estes fenômenos no cálculo de sistemas mistos.

É necessário, portanto, o uso de conectores de cisalhamento para transmitir

o cisalhamento na interface aço-concreto.

2.2.7.1 Resistência nominal

Segundo MATA, PIMENTA e QUEIROZ (2001) a determinação analítica do

comportamento de conectores é extremamente complexa; por isso torna-se

necessária a utilização de ensaios.

A principal e mais relevante característica no cálculo dos conectores de

cisalhamento é a relação entre a força de cisalhamento transmitida e o deslizamento

relativo entre as superfícies de contato dos elementos componentes de um sistema

misto (Figura 21). Esta relação, expressa pela curva carga-deslizamento, pode ser

determinada diretamente por meio de ensaios de vigas mistas em escala real ou, o

que é mais comum, através de ensaios padronizados pelas normas de cálculo. Uma

vez obtida a curva, pode-se determinar a resistência dos conectores ensaidos bem

como classificar seu comportamento quanto à ductilidade. Para os tipos de

conectores usuais, estas característica já foram determinadas e estão padronizadas

pelas normas.
63

Figura 21. Curva carga deslizamento típica para conector de 19,1 mm em uma laje mista,
(MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2001).

Conectores dúcteis são aqueles com capacidade de deformação suficiente

para justificar a suposição de comportamento plástico ideal da ligação ao

cisalhamento longitudinal do elemento misto considerado. Se os conectores são

considerados dúcteis, o espaçamento dos conectores em uma viga mista pode ser

uniformemente distribuído. Não está previsto na NBR 8800 (1986) o uso de

conectores não dúcteis.

a) Conector tipo pino com cabeça (“stud bolts”)

O conector tipo pino com cabeça é o mais utilizado na prática (MATA,

PIMENTA e QUEIROZ, 2001). Consiste de um pino especialmente projetado para

funcionar como um eletrodo de solda por arco elétrico e ao mesmo tempo, após a

soldagem, como conector de cisalhamento (Figura 22), possuindo uma cabeça com

dimensões padronizadas para cada diâmetro, conforme mostra a Tabela 1.


64

Figura 22. Conector do tipo pino com cabeça sendo soldado à mesa superior da viga metálica,
(KOTINDA, 2006).

Tabela 1 – Dimensões e tolerâncias de conectores de cisalhamento usuais, adaptada de AWS


D1.14 (2000 apud MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2000).

Tolerâncias Diâmetro da Altura mínima


Diâmetro de cabeça do da cabeça do
comprimento conector conector
pol mm mm mm mm
5/8” 15,9 1,6 31,7 0,4 7,1
3/4" 19,1 1,6 31,7 0,4 9,5
7/8" 22,2 1,6 34,9 0,4 9,5

A soldagem (“stud welding”) envolve os mesmos princípios básicos e

aspectos metalúrgicos de uma solda por arco elétrico convencional, em que um arco

elétrico controlado é usado para fundir a extremidade do pino ou do eletrodo com o

metal base, resultando em uma solda de excelente qualidade, mais resistente que o

próprio pino (MATA, PIMENTA e QUEIROZ, 2001).

4
AMERICAN WELDING SOCIETY. AWS D1.1: structural welding code – steel. 17th ed. 2000.
65

A Tabela 2 apresenta as propriedades mecânicas para conectores com

diâmetros iguais a 12,7, 15,9, 19 e 22,2 mm indicadas pela norma brasileira.

Tabela 2 Propriedades mecânicas dos conectores de cisalhamento (NBR 8800, 1986).

Resistência à tração 415 MPa


Limite de escoamento 345 MPa
Alongamento mínimo de 20%
Redução de área mínimo de 50%

a.1) Resistência nominal, número de conectores e espaçamento longitudinal

A resistência nominal de um conector de cisalhamento tipo pino com cabeça,

totalmente embutido em laje maciça de concreto com face inferior plana e

diretamente apoiada sobre a viga de aço, é dada pelo menor dos dois valores

apresentados nas Equações (94) e (95).

0,5 · (94)

· (95)

é a resistência característica do concreto à compressão, não podendo ser

considerada nos cálculos maior que 28 MPa;

é a área da seção transversal do conector;

é o limite de resistência à tração do aço do conector.

O número de conectores, , é calculado como

(96)

Para o caso de interação total, o somatório das resistências nominais

individuais “ ” dos conectores de cisalhamento situados entre a seção de momento

máximo e a seção adjacente de momento nulo, , deve ser maior ou igual ao

menor dos seguintes valores:

· (97)
66

0,85 · · (98)

Já na interação parcial, tem que ser maior ou igual ao menor dos dois

valores seguintes:

· · (98)

· 0,85 · · (99)

O conector tipo pino com cabeça é considerado dúctil se o seu comprimento

após a soldagem for igual ou superior a 4 vezes o seu diâmetro. Garantida esta

condição, pode-se calcular o espaçamento longitudinal, , entre conectores como

(100)

2.2.7.2 Restrições normativas – (NBR 8800, 1986)

Para garantir o comportamento dúctil, o comprimento do conector após a

soldagem deve ser maior ou igual a 4 vezes o seu diâmetro.

A espessura da chapa de aço onde serão instalados os conectores deve ser

suficiente para propiciar a soldagem e a transferência da resistência total dos

conectores; no caso de pinos com cabeça, esta espessura deve ser no mínimo 0,4

vezes o diâmetro do pino, exceto se este for soldado na posição correspondente à

alma do perfil (Figura 23).

Figura 23. Limitações referentes à espessura da chapa de aço e ao diâmetro do conector que a
ela será soldado.
67

9 Espaçamento longitudinal

O espaçamento longitudinal mínimo entre conectores é igual a 6 vezes o

diâmetro do pino, e no máximo, o espaçamento longitudinal pode ser igual a 8 vezes

a espessura da laje de concreto.

9 Espaçamento transversal mínimo

O espaçamento transversal entre conectores deve ser maior ou igual a 4

vezes o seu diâmetro.

9 Cobrimento do conector

Deve-se ter pelo menos 10 mm de concreto acima da superfície superior da

cabeça do conector.
68

3 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

Com base na formulação apresentada no Capítulo 2, apresenta-se um

programa computacional para o dimensionamento das vigas mistas de aço e

concreto, utilizando como instrumento o emprego conjunto dos softwares: Microsoft

Office Excel 2007 e MATLAB® 7.4.0 (R2007a). A entrada de dados é feita através do

Excel. Já o MATLAB fica encarregado em resolver as equações necessárias para o

dimensionamento das vigas mistas, escrevendo ao final do processamento, os

resultados em um arquivo reconhecido pelo Excel.

Opta-se por trabalhar assim, em função do Excel ser um programa bastante

conhecido e com interface amigável com o usuário e pela facilidade que o MATLAB

apresenta para o uso de estruturas condicionais e de repetição.

Este capítulo tem como finalidade descrever as principais características do

código computacional desenvolvido nesta monografia de graduação para o

dimensionamento das vigas mistas, intitulado como Composite Beam.

Apresenta-se como deve ser feita a entrada de dados pelo usuário e

comenta-se sobre o papel desempenhado pelas funções e rotinas de cálculo

desenvolvidas.

Por fim, demonstra-se as etapas necessárias para dimensionar a viga mista

utilizando o programa computacional Composite Beam, fechando com a

apresentação do arquivo de saída.

3.1 Entrada de dados

A entrada de dados é feita através do arquivo denominado por entrada.xls.

Neste arquivo devem ser informadas as propriedades mecânicas e as características


69

geométricas da viga de aço, da laje de concreto e dos conectores de cisalhamento.

As cargas atuantes e informações complementares relacionadas à determinação do

grau de interação parcial são também fornecidas neste arquivo.

Para propiciar facilidade ao usuário, são criadas no arquivo entrada.xls cinco

planilhas intituladas como viga, laje, conectores, cargas e complementos. A forma

com que os parâmetros são introduzidos nestas, são apresentadas respectivamente,

nos itens 3.1.1, 3.1.2, 3.1.3, 3.1.4, 3.1.5.

3.1.1 Viga de aço

Na planilha mostrada na Figura 24, o usuário deve informar inicialmente os

módulos de elasticidade longitudinal e transversal da viga metálica, além da tensão

residual do aço. Deve ser especificado também o tipo de aço a ser utilizado,

podendo-se escolher os seguintes: A-36, A572-grau 42, A572-grau 50, A-588, as

resistências mínimas destes aços ao escoamento e a tração são apontadas na NBR

8800 (1986).

Apresenta-se nesta mesma planilha duas tabelas contendo os perfis

soldados comercializados pela USIMINAS, extraídas de DIAS (2002). O usuário

pode escolher os perfis VS (viga soldada, ⁄ 2) ou os perfis CVS (coluna-viga

soldada, ⁄ 1,5), ou ainda utilizar um perfil não padronizado, para o caso de

perfis padronizados deve-se informar o código do perfil. Por fim, informa-se o

tamanho do vão da viga e, se for empregado enrijecedores transversais, a distância

entre estes deve ser informada.


70

Figura 24. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos da viga de
aço.

3.1.2 Laje de concreto

São duas as propriedades mecânicas da laje de concreto definidas pelo

usuário: primeiro, informa-se o valor do , em seguida deve-se especificar se o

concreto é do tipo armado ou simples. A planilha exibe automaticamente o valor do

peso específico do concreto da laje. Na Figura 25 é mostrada a aparência da

planilha usada para definir as propriedades mecânicas e os parâmetros geométricos

da laje.

Como características geométricas têm-se a espessura da laje e a

correspondente largura efetiva. Para o cálculo da largura efetiva, deve-se informar

se a laje se estende para ambos ou para um lado da viga metálica (Figuras 12 e 13),

a partir daí deve ser fornecido os valores de , e .


71

Figura 25. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos da laje de
concreto.

3.1.3 Conectores

Esta planilha serve para receber do usuário as informações referentes às

propriedades mecânicas e as características geométricas dos conectores de

cisalhamento. Adota-se como aço padrão para o conector o A-108, cujas

propriedades mínimas estão definidas na Tabela 2 apresentada no capítulo anterior.

Porém, existe a liberdade em especificar uma resistência à tração maior do que

aquelas apresentadas na referida tabela.

Com relação à geometria, deve-se definir o diâmetro do conector que será

utilizado e informar a espessura da mesa superior do perfil. Ainda sobre os

parâmetros geométricos, é necessário destacar que as restrições normativas


72

apresentadas na seção 2.2.7.2 são verificadas também na planilha denominada

conectores, cuja aparência está mostrada na Figura 26.

Figura 26. Planilha utilizada para introduzir os parâmetros mecânicos e geométricos dos
conectores de cisalhamento.

3.1.4 Cargas

Na planilha cargas, como o próprio nome já diz, são informadas as cargas

atuantes na viga (exemplos: peso da estrutura metálica, revestimentos, sobrecarga,

etc.). A carga proveniente da laje é calculada automaticamente pela multiplicação

entre a espessura da laje com o peso específico do concreto. Deve ser definida

também a largura de influência da carga.

De posse das cargas nominais, a planilha encarrega-se de majorá-las

aplicando os coeficientes propostos na NBR 8800 (1986). Em seguida, o esforço


73

cortante solicitante máximo e o momento fletor solicitante máximo são calculados

para as cargas atuantes antes e depois do concreto atingir a cura.

3.1.5 Complementos

Na planilha intitulada como complementos, devem ser fornecidas as

informações referentes à determinação do grau de interação parcial mais econômico

para o dimensionamento da viga mista.

Os parâmetros de entrada neste caso são: a tolerância admitida, que

corresponde à diferença entre o momento fletor resistente com o momento fletor

solicitante máximo (calculado utilizando interação parcial), e a divisão do intervalo de

variação de , ou seja, a partição ao qual estará sujeita o intervalo de 50% a 100%

(conforme mencionado no Capítulo 2).

3.2 Algoritmos desenvolvidos

Quando da implementação do dimensionamento das vigas mistas no

MATLAB, optou-se pela divisão do código completo em diversos programas fonte,

cada qual com uma atividade específica, e todos chamados por um programa

principal (composite_beam.m). Sendo assim, os programas fontes são aqueles

apresentados na Tabela 3.
74

Tabela 3. Algoritmos responsáveis pelo dimensionamento das vigas mistas desenvolvidos no


MATLAB.

Programa Função
lê os dados da viga metálica encontrados no
input_beam.m
arquivo entrada.xls
lê os dados da laje de concreto encontrados no
input_plate.m
arquivo entrada.xls; calcula o parâmetro
lê os valores dos esforços solicitantes máximos
input_load.m
encontrados no arquivo entrada.xls;
calcula as propriedades geométricas da viga de
steel_beam_geometry.m
aço

composite_beam_geometry.m calcula as propriedades geométricas da viga mista


calcula o momento fletor resistente pela viga mista
bending_resistant_total.m
para a interação total
determina o grau de interação parcial; calcula o

bending_resistant_partial.m momento fletor resistente pela viga mista para a


interação parcial
calcula a resistência nominal do conector; calcula o

steel_concrete.m número de conectores; calcula o espaçamento


longitudinal

shear_resistance.m calcula o esforço cortante resistente pela viga mista

Além destes algoritmos apresentados, incorporam-se ao arquivo de saída

gerado pelo programa Composite Beam, utilizando as próprias ferramentas do

Excel, rotinas de cálculo com o intuito de fazer a verificação da viga metálica antes

do concreto atingir 75% do (seção 2.2.5) e realizar a avaliação dos

deslocamentos das vigas mistas (seção 2.2.6).

3.3 Saída de dados

Os passos necessários para dimensionar a viga mista de aço e concreto

utilizando o programa computacional desenvolvido no presente trabalho, de nome

Composite Beam, são os seguintes:


75

9 fazer a entrada de dados através do Excel, de acordo com as prescrições da

seção 3.1;

9 definir no MATLAB o diretório de trabalho atual (diretório ao qual estão os

algoritmos desenvolvidos e os arquivos de entrada e saída), ver Figura 27;

9 digitar composite_beam na linha de comando do MATLAB (Figura 27).

Figura 27. Tela inicial do MATLAB.

Os resultados obtidos pelo programa são escritos em um arquivo de saída

no formato do Excel, cujo nome é saída.xls.

Encontram-se neste arquivo três planilhas, que, na realidade, são as

memórias de cálculo para a viga mista antes de o concreto atingir 75% do

(construção não escorada), para a viga mista após a cura do concerto e para a viga

metálica quando não se considera a influência da laje (seção 2.1). Os parâmetros de

entrada são reescritos e as variáveis obtidas pelo programa Composite Beam são

acrescentadas automaticamente.

Conforme mencionado no item 3.2, a verificação da viga metálica antes do

concreto atingir 75% do e a avaliação dos deslocamentos das vigas mistas

acrescentadas ao arquivo saída.xls (Figura 28) são feitas utilizando apenas as

ferramentas do Excel. Além destas verificações, acrescenta-se também a este

arquivo o cálculo da viga metálica sem a consideração da influência da laje (seção

2.1) para os estados limites últimos e de serviço.


76

Figura 28. Parte da memória de cálculo da viga mista contida no arquivo saída.xls.
77

4 MÉTODO DA CONVERGÊNCIA

Diversos autores elaboraram formas de se determinar o nível de interação

parcial entre a laje de concreto e a viga de aço mais econômico para o projeto, haja

visto que o mesmo tem forte influência na capacidade de resistência à momento

fletor da viga mista, além de interferir bastante na quantidade de conectores de

cisalhamento necessária.

MATA, PIMENTA, e QUEIROZ, (2001) propuseram variar o número de

conectores de cisalhamento e a partir daí determinar o grau de interação. Arbitra-se

um número de conectores, determina-se o grau de interação, calcula-se o momento

fletor resistente e, por fim, faz-se uma comparação com o momento fletor solicitante.

Por outro lado ALVA (2000) procedeu da seguinte forma: primeiro calculou o

momento resistente para o grau de interação mínimo exigido pela norma (50%), em

seguida determinou o momento fletor resistente para o caso de interação total, a

partir daí, por interpolação linear, determinou o nível de interação parcial necessário

para atingir o momento solicitante.

Porém, percebeu-se que a estratégia da variação do número de conectores

é bastante subjetiva e em alguns casos para se obter economia no projeto é

necessário um número grande de iterações até a “convergência”.

Já o procedimento proposto por ALVA (2000) não condiz com o

comportamento real do sistema, pois, conforme apresentado na seção 2.2.4, vários

fatores contribuem para a determinação do momento fletor resistente, como por

exemplo, mudanças na posição da linha neutra e conseqüentemente expressões

diferentes para o cálculo do momento.


78

Neste contexto, apresenta-se aqui um procedimento inédito para a

determinação do nível de interação parcial mais econômico para o

dimensionamento, intitulado como Método da Convergência. Será demonstrado o

procedimento efetuado pelo programa Composite_Beam para a determinação do

grau de interação parcial e do momento fletor resistente. Em seguida, é feito um

estudo comparativo entre o Método da Convergência com o procedimento sugerido

por ALVA (2000) objetivando validar o método proposto no presente trabalho.

4.1 Implementação computacional

O algoritmo denominado como bending_resistant_partial.m (Tabela 3) se

encarrega inicialmente em lê a tolerância e a divisão sugerida para o intervalo de

variação do parâmetro , ambas estabelecidas pelo usuário através do arquivo

entrada.xls. Em seguida, tem-se como primeira estimativa o valor mínimo proposto

pela NBR 8800 (1986), ou seja, 0,5.

De posse do grau de interação resolve-se às equações apresentadas na

seção 2.2.4 e determina-se o momento fletor resistente para o caso de interação

parcial. Se a Equação (101) não for satisfeita o processo é interrompido, caso isto

não ocorra, o procedimento é refeito com o valor de calculado de acordo com a

Equação (102). Em outras palavras, o método apresentado utiliza-se da estrutura de

repetição do tipo “Faça Enquanto”, que no caso do MATLAB é a função “While”.

(101)

,
(102)

onde:

é o momento fletor resistente de cálculo para o caso de interação

parcial;
79
9

é o momento
o fletor solicitante de
e cálculo;

é o grau de in
nteração pa
arcial anterior, para a primeira iteração po
ossui o

v
valor 0;

é o número de
d partes em
e que será dividido o intervalo
o de variaç
ção de ;

é a tolerância
a admitida pelo usuário.

Para uma melh


hor comprreensão da
d idéia do
d Método
o da Con
nvergência
a

apre
esenta-se na
n Figura 29
2 de uma forma sim
mplificada o seu funcionamento.

Figura 29.
2 Funcionamento do Método
M da Convergênc
C cia.

4.2 Validaçã
ão

Conforrme menccionado an
nteriormentte, diverso
os autores elaborara
am formass

de se
s determin
nar o nível de interaçção parcial entre a la
aje de conccreto e a viiga de aço
o

maiss econômico para o projeto, haja visto que o mesmo


m tem
m forte influência na
a

capa
acidade de
e resistência à mome
ento fletor da
d viga mista, além d
de interferiir bastante
e

na quantidade
q necessáriia de conectores de cisalhamen
c nto.
80

Na seção 4.1 apresentou-se o método desenvolvido neste trabalho para a

determinação do nível de interação parcial mais econômico para o dimensionamento

das vigas mistas sob flexão simples, porém o mesmo não foi validado. Sendo assim,

apresenta-se aqui um estudo comparativo entre o procedimento sugerido por ALVA

(2000), chamado de Método da Interpolação Linear, com o proposto, chamado de

Método da Convergência, utilizando para isto o exemplo de verificação de vigas

mistas desenvolvido por ALVA (2000), onde a resistência ao momento fletor é

analisada.

O exemplo refere-se a uma viga mista simplesmente apoiada, considerada

como parte de um sistema de piso de um edifício. O vão da viga é de 10 m e o

espaçamento entre vigas é de 3,50 m. A viga mista é formada por um perfil de aço

soldado tipo “I”, duplamente simétrico, e laje maciça de concreto, conforme ilustra a

Figura 30. O aço especificado para a viga é o ASTM - A36 e para o concreto adota-

se 25 e 24 ⁄ .

Figura 30. Dimensões em mm da seção da viga mista utilizada no caso 1 (ALVA, 2000).
81

As ações sobre a viga mista estão indicadas a seguir:

- permanente de grande variabilidade: 13 ⁄

- variável decorrente do uso: 16 ⁄

Através da combinação dessas ações para os estados limites últimos,

encontra-se a carga total :

1,4 1,5 44 ⁄

Dessa forma, o momento fletor solicitante máximo, , é igual a 550 · .

4.2.1 Método da Interpolação Linear

Como descrito anteriormente o método proposto por ALVA (2000) para a

determinação do grau de interação parcial consiste em calcular o momento

resistente da viga mista para o grau de interação mínimo exigido pela norma (50%).

Em seguida, determina-se o momento fletor resistente para o caso de interação

total. A partir daí, por interpolação linear, encontra-se o nível de interação parcial

necessário para atingir o momento solicitante.

Para o exemplo em questão, adotando 0,5, encontra-se, através das

equações explicitadas no item 2.2.4.1-b, um momento resistente ( ) igual a

497,339 · . Já no caso de interação total, ou seja, 1,0 , utilizando as

equações apresentadas no item 2.2.4.1-a, se obtém o momento resistente igual a

595,318 · . A equação da reta (Figura 31) que passa pelos pontos (0,5;

497,339) e (1,0; 595,318) é igual a:

195,958 399,360

Fazendo 550 encontra-se um grau de interação 0,76.

Pode-se ver através da Figura 30 que este ponto corresponde ao ponto de

intersecção entre a reta interpolada com a reta representativa do momento fletor

solicitante.
82

Figura 31. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Interpolação Linear.

De posse do grau de interação parcial, as equações 2.2.4.1-b são refeitas,

encontrando assim um momento resistente igual a 536,173 · que é menor do

que o momento solicitante igual a 550 · , ou seja, para o exemplo que está

sendo abordado o valor de obtido através da interpolação linear é contra a

segurança.

4.2.2 Método da Convergência

Apresenta-se nesta seção a determinação do nível de interação parcial mais

econômico para o cálculo das vigas mistas utilizando o código computacional

Composite Beam. Inicialmente, determina-se o grau de interação parcial adotando

um nível de refinamento grande para o intervalo de variação de . Posteriormente,

para demonstrar a idéia do Método da Convergência, o número de divisões é

diminuído.
83

A rotina bending_resistant_partial.m (seção 4.1) é quem se encarrega em

realizar o cálculo de , utilizando para isto as equações mostradas no Capítulo 2 e

as Equações (101) e (102).

Os dados de entrada inicialmente fornecidos ao programa computacional

Composite Beam, necessários à determinação do nível de interação parcial, são os

seguintes:

- Tolerância admitida: 0,000001

- Número de partes em que o intervalo 0,5 1,0 é dividido: 252

São necessárias 185 iterações para o processamento, encontrando ao final

deste, 0,865 e 550,042 . A Figura 32 apresenta a determinação do

grau de interação parcial através dos Métodos da Convergência e da Interpolação

Linear.

Figura 32. Determinação do grau de interação parcial através dos Métodos da Convergência e
da Interpolação Linear.
84

Com o intuito de caracterizar qualitativamente o Método da Convergência,

adota-se refinamentos menores para o intervalo de variação de do que o

apresentado anteriormente. Os novos dados de entrada e os valores do número de

interações necessárias, do grau de interação parcial e do momento fletor resistente

encontram-se na Tabela 4.

Tabela 4. Dados de entrada fornecidos para a determinação do grau de interação parcial e os


respectivos resultados.

Momento
Divisão no Número de Grau de interação
Tolerância resistente
intervalo de iterações parcial ( )
(kNm)
6 0,000001 6 0,917 556,477
16 0,000001 13 0,875 551,299
63 0,000001 47 0,865 550,042
126 0,000001 93 0,865 550,042

Para reforçar ainda mais a idéia do método, ilustra-se nas Figuras 33 e 34 a

convergência do momento fletor resistente para o momento fletor solicitante quando

se adota, respectivamente, 6e 16.

Figura 33. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Convergência


( 0,000001 e 6).
85

Figura 34. Determinação do grau de interação parcial através do Método da Convergência


( 0,000001 e 16).
86

5 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO

Neste capítulo será apresentado um exemplo de dimensionamento de vigas

mistas de aço e concreto para os estados limites últimos e de serviço, utilizando

para isto as equações explicitadas no Capítulo 2. Entretanto, vale ressaltar que a

viga é calculada utilizando o programa Composite Beam.

A viga mista escolhida para ser dimensionada é a viga V2 que é integrante

do sistema estrutural do edifício exemplo mostrado na Figura 35. O edifício é

composto por 2 andares, sendo 16 vigas, 12 pilares e 2 lajes. O vão da viga V2 é de

10 m e o espaçamento entre os pilares na direção perpendicular ao eixo longitudinal

da referida viga é igual a 4m. O modelo de cálculo considerado para a viga V2 é o

ilustrado na Figura 20.

Figura 35. Disposição das vigas e dos pilares componentes do sistema estrutural do edifício
exemplo.
87

A viga mista é formada por um perfil de aço soldado tipo “I” duplamente

simétrico e laje maciça de concreto como ilustra a Figura 36. Como método

construtivo, opta-se pela construção não escorada.

Figura 36. Dimensões da seção transversal da viga mista V2 do edifício exemplo.

5.1 Materiais

5.1.1 Aço do perfil

20500 ⁄

25 ⁄ (aço ASTM A-36)

5.1.2 Concreto

30

25 ⁄ (concreto armado)

,
42 · 23478,714

5.1.3 Conectores

41,5 ⁄
88

5.2 Dimensões

5.2.1 Viga de aço

PRAVIA e DREHMER (2004) recomendam que a altura da viga metálica

quando se considera a influência da laje na resistência (viga mista aço-concreto)

seja maior ou igual a ⁄25 e, ao mesmo tempo, menor ou igual a ⁄35 resultando

para este exemplo em uma altura de 400 mm, sendo o perfil soldado escolhido o

VS 400x68, cujas dimensões são as seguintes:

400 200

368 16

6,3

5.2.2 Laje de concreto

100

a) Largura efetiva

Como a laje se estende para ambos os lados da viga V2:

16 · 16 · 100 200 1800

200

5.2.3 Conectores de cisalhamento

19

Comprimento mínimo do conector: í 4· í 76

Comprimento máximo do conector: á 10 á 90

Comprimento adotado: 80
89

5.3 Características geométricas

5.3.1 Viga de Aço

2· · 2· · 87,184

·
· · ·

2· 26223,005

1311,150

· · · 2· 1442,093

5.3.2 Seção homogeneizada

a) Coeficientes de homogeneização

7,129 (ações de curta duração)

21,387 (ações de longa duração)

b) Momento de inércia da seção homogeneizada

b.1) para 7,129

2 · 2 · · ·
·

2 · 2 · ·

11,417

· ·

68830,999

b.2) para 21,387

17,720

53688, 882
90

5.4 Ações

5.4.1 Cargas atuantes (valores nominais)

- Peso próprio da viga metálica: · 0,50 ⁄

- Peso próprio da laje de concreto: · 2,50 ⁄

- Revestimento (contrapiso + piso cerâmico): 1,00 ⁄

- Sobrecarga: 3,00 ⁄

Os pesos específicos do aço ( ), do concreto ( ) e de outros materiais,

além da sobrecarga mínima a se considerar em projetos de estruturas, são

estabelecidos na NBR 6120 (1980).

Como a largura de influência ( ) das cargas atuantes na viga V2 é de 4 m,

as forças uniformemente distribuídas ao longo do comprimento da viga, provenientes

da laje ( ), do revestimento ( ) e da sobrecarga ( ) são calculadas como:

· 10 ⁄

· 4 ⁄

· 12 /

5.4.2 Combinações para os estados limites últimos

Como a viga de aço não será escorada até o concreto atingir uma

resistência igual a 75% do , deve-se calcular as cargas de projeto anteriores a

esta situação, ou seja, as solicitações resistidas apenas pela viga metálica ( ). As

cargas existentes após a cura do concreto ( ) são suportadas pela viga mista.

1,3 · 13,650 ⁄

1,3 · 1,5 · 36,850 ⁄

O valor 1,3 corresponde ao coeficiente de majoração das cargas quando

estas são consideradas permanentes e de pequena variabilidade, enquanto que 1,5

diz respeito a ações variáveis decorrentes do uso (NBR 8800, 1986).


91

5.5 Esforços solicitantes máximos

5.5.1 Viga metálica (antes de 75% do )

·
68,250

·
17602,500

5.5.2 Viga mista


·
184,250

·
46062,500

5.6 Momento fletor resistente

- Classe da seção: 58,413 3,5 Seção Compacta

5.6.1 Interação total

· 2179,600

6,116
, ·

0,66 · · 2179,600

20,000

0,9 · · 52850,897

a) Verificação da segurança

46062,500

5.6.2 Interação parcial

- Tolerância admitida: 0,0001

- Número de partes em que o intervalo 0,5 1,0 foi dividido: 126


92

- Grau de interação parcial encontrado pelo Composite Beam: 0,5714

- Número de interações necessárias: 19

· · 1245,486

· 0,85 · · · 2622,726

Adotar, 1245,486 .

,
· 968,711
,

· · 605,444

· 2ª á ç

2,718
, ·

· 1,211
·

0,605

· ·
· 12,541
·

0,9 · · 46106,537

a) Verificação da segurança

46062,500

5.7 Verificação da viga metálica

5.7.1 Momento fletor resistente de cálculo

Para esta verificação considera-se que a viga metálica seja lateralmente

travada pela laje, dessa forma o colapso da viga por FLT (Figura 3.a) é impedido.
93

- Flambagem local da mesa:

6,250

0,38 10,882

çã çã

0,9 · 32447,088

- Flambagem local da alma:

58,413

3,5 100,225

çã çã

0,9 · 32447,088

a) Verificação da segurança

17602,500

32447,088

5.7.2 Limitação de tensões

0,9 22,5 ⁄

1783,963

·
13125,000

·
20000,000

a) Interação total

21,221 ⁄
94

a.1) Verificação da segurança

b) Interação parcial

· 1668,563

21,997 ⁄

b.1) Verificação da segurança

5.8 Esforço cortante resistente

- Distância entre enrijecedores transversais: 10000

58,413

27,174 5,340

·
1,08 71,466

0,6 · 347,76

0,9

312,984

5.8.1 Verificação da segurança

184,250

5.9 Ligação aço-concreto

5.9.1 Resistência nominal dos conectores de cisalhamento

2,835

0,5 · · · 118,978
95

· 117,664

Então, 117,664 .

5.9.2 Espaçamentos longitudinais permitidos

- Espaçamento longitudinal mínimo: í 6 í 114

- Espaçamento longitudinal máximo: á 8 á 800

5.9.3 Interação total

· 2179,600

0,85 · · 4590,000

Adotar, 2179,600 .

38

263,16 260

5.9.4 Interação parcial

1245,486 (item 4.1.6.2)

22

454,55 450

5.10 Verificação deslocamentos

5.10.1 Interação total

a) Deslocamento total ( )

- Etapa de construção (antes de 0,75 ):

·
2,543
·

- Viga mista (deformação lenta do concreto):

·
1,893
·
96

a.1) Verificação

4,436

á á 4,000 (EUROCODE 3, 2003)

á ã !

b) Deslocamento devido à sobrecarga e fluência para a carga permanente ( )

- Deslocamento proveniente da sobrecarga:

·
1,420

- Deslocamento instantâneo devido à carga permanente

·
0,369
·

- Deslocamento causado por fluência

0,104

b.2) Verificação

1,524

á á 2,778 (NBR 8800, 1986)

á !

5.10.2 interação parcial

58431,621

46985,256

a) Deslocamento total ( )

- Etapa de construção (antes de 0,75 ):

·
2,543
·
97

- Viga mista (deformação lenta do concreto):

·
2,163
·

a.1) Verificação

4,706

á ã !

b) Deslocamento devido à sobrecarga e fluência para a carga permanente ( )

- Deslocamento proveniente da sobrecarga:

·
1,622

- Deslocamento instantâneo devido à carga permanente

·
0,435
·

- Deslocamento causado por fluência

0,106

b.2) Verificação

1,728

á !
98

6 ESTUDO DE CASO

No presente capítulo apresenta-se um estudo comparativo entre as vigas

mistas e metálicas analisando-as para os estados limites últimos e de serviço. O vão

da viga analisada será igual a 10, 15 e 20 m.

Considera-se como estado limite último apenas a resistência ao momento

fletor, pois, sabe-se que a resistência ao esforço cortante da viga mista é a mesma

da viga metálica.

Para a avaliação dos ELU utilizam-se duas estratégias: a primeira consiste

em modificar somente os perfis de aço, e a segunda, baseia-se no aumento da

resistência característica a compressão do concreto ( ).

Os estados limites de serviço são analisados seguindo as recomendações

apresentadas nas seções 2.1.5 (viga de aço) e 2.2.6 (viga mista). Para a avaliação

dos ELS apenas um perfil metálico é utilizado.

Para a avaliação dos ELU no caso das vigas metálicas são abordadas duas

situações: considera-se a viga contida lateralmente pela laje, ou seja, a distância

entre duas seções travadas lateralmente, , igual a zero, e em outra situação a viga

é considerada travada lateralmente a cada 5 m ( 5 .

6.1 Caso Analisado

Trata-se de um piso de edifício formado por vigas mistas espaçadas de

2,5 m e com vão simplesmente apoiado de 10, 15 e 20 m de comprimento. A

espessura da laje maciça de concreto armado é igual a 10 cm. A viga metálica não

será escorada durante a concretagem da laje. Os materiais a serem utilizados são

aço ASTM A36 e concreto com 20 e 25 ⁄ .


99

O espaçamento transversal entre as vigas, a espessura da laje de concreto,

as propriedades mecânicas do aço e do concreto e as ações atuantes na viga são

admitidos com base em um exercício proposto por PFEIL e PFEIL (2000).

6.1.1 Ações atuantes

As cargas nominais atuantes ao longo do comprimento da viga são as

seguintes:

- Peso próprio da viga metálica: 0,95 ⁄

- Peso próprio da laje de concreto: 2,5 · · 6,25 ⁄

- Revestimento/Forro: 6,00 ⁄

- Sobrecarga: 6,25 ⁄

6.1.2 Dimensões

Na Tabela 5 são informadas as dimensões da seção transversal dos perfis

de aço soldados que são adotados no presente estudo. São eles: VS 400x49, VS

500x97, VS 600x152.

Tabela 5. Dimensões da seção transversal dos perfis metálicos utilizados.

Perfil Altura Alma Mesa


VS
mm x kg/m mm mm mm mm mm
400x49 400 6,3 381 9,5 200
500x97 500 6,3 462 19 250
600x152 600 8,0 550 25 300

6.1.3 Momentos fletores solicitantes máximos

- Viga com vão igual a 10 m: 348,188

- Viga com vão igual a 15 m: 783,422

- Viga com vão igual a 20 m: 1392,750


100

6.2 Estados limites últimos

Os métodos de cálculo usualmente empregados no dimensionamento das

vigas metálicas, conforme mencionado na seção 2.1, não consideram a influência da

laje na resistência. Sendo assim, os momentos fletores resistentes pelas vigas

mistas e metálicas serão comparados através da modificação dos perfis de aço, em

seguida aumenta-se o de 20 para 30 MPa e estuda-se o comportamento da

resistência à flexão da viga mista.

Os pesos próprios da viga metálica e da laje de concreto atuam antes do

concreto atingir 0,75 . Após a cura do concreto, acrescentam-se a estes, as cargas

provenientes dos revestimentos e da sobrecarga.

6.2.1 Modificando os perfis

6.2.1.1 Perfil VS 400x49

Como as vigas não serão escoradas durante a concretagem da laje, faz-se

necessário verificá-las para as cargas atuantes antes da concretagem, analisando a

resistência à flexão e as limitações de tensões (Tabela 6). Os valores em vermelho

apresentados na Tabela 6 indicam que para o perfil de aço VS 400x49 a viga mista

não atende aos ELU quando o seu vão é igual a 15 ou a 20 m.

Tabela 6. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS 400x49.

Perfil Concreto com 75% do Fck


Tensão
VS : 400x49 Momento Momento Tensão
Solicitante
Solicitante Resistente Resistente
Vão total parcial
m kNcm kNcm kN/cm² kN/cm² kN/cm²
10 12600,00 21838,02 18,72 18,96 22,50
15 28350,00 21838,02 42,12 - 22,50
20 50400,00 21838,02 74,88 - 22,50
101

a) Interação total

Apresenta-se na Figura 37 uma comparação entre os momentos fletores

resistidos pela viga mista com interação total e pela viga metálica com igual a

zero e a 5 m. Em ambos os casos o perfil metálico soldado VS 400x49 é

empregado.

1400
Mista Int. Total
Aço com Lb = 5m
1200
Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
Momentos de cálculo em kNm

1000

800

600

400

200

0
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 37. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 400x49.

Ressalta-se que o momento resistente independe do vão da viga, porém é

necessário lembrar que à medida que o comprimento da viga aumenta o momento

solicitante também aumenta.

b) Interação parcial

Semelhante à forma mostrada na Figura 37 apresenta-se na Figura 38 uma

comparação entre os momentos fletores resistidos pela viga mista com interação

parcial e pela viga metálica com igual a zero e a 5 m.


102

Por outro lado, como se utiliza a ferramenta computacional denominada

Composite Beam, que por sua vez, emprega o Método da Convergência (Capítulo

4), o momento resistente pela viga mista depende do seu respectivo momento

solicitante. Portanto, a resistência ao momento fletor fornecida pela viga mista é

calculada especificamente para os vãos iguais a 10, 15 e 20 m. Em cada um deles é

mostrado o grau de interação parcial encontrado pelo programa.

1400
Mista Int. Parcial
Aço com Lb = 5m
1200
Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
Momentos de cálculo em kNm

1000

800

600

400
g = 82% g = 100% g = 100%

200

0
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 38. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 400x49.

6.2.1.2 Perfil VS 500x97

A verificação da viga metálica para as cargas atuantes antes do concreto

atingir 75% do é feita utilizando as prescrições apresentadas na seção 2.2.5,

cujos resultados estão apresentados na Tabela 7. Analisando a referida tabela,

percebe-se que para a viga com 20 as tensões solicitantes na mesa inferior

são maiores do que a resistida (valor em vermelho) quando o perfil VS 500x97 é


103

empregado, ou seja, para este comprimento a viga não atende aos requisitos de

segurança.

Tabela 7. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS 500x97.

Perfil Concreto com 75% do Fck


Tensão
VS : 500x97 Momento Momento Tensão
Solicitante
Solicitante Resistente Resistente
Vão total parcial
m kNcm kNcm kN/cm² kN/cm² kN/cm²
10 12600,00 58970,80 7,20 7,42 22,50
15 28350,00 58970,80 16,21 16,55 22,50
20 50400,00 58970,80 28,82 - 22,50

a) interação total

Apresenta-se na Figura 39 uma comparação entre os momentos fletores

resistidos pela viga mista com interação total e pela viga metálica com igual a

zero e a 5 m, ambas utilizando o perfil VS 500x97.

1400
Mista Int. Total
Aço com Lb = 5m
1200 Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
Momentos de cálculo em kNm

1000

800

600

400

200
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 39. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 500x97.
104

b) interação parcial

Semelhante à forma mostrada na Figura 39, apresenta-se na Figura 40 uma

comparação entre os momentos fletores resistidos pela viga mista com interação

parcial e pela viga metálica com igual a zero e a 5 m.

1400
Mista Int. Parcial
Aço com Lb = 5m
1200 Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
Momentos de cálculo em kNm

1000

800
g = 63,1% g = 100%
g = 50,0%

600

400

200
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 40. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 500x97.

6.2.1.3 Perfil VS 600x152

Como as vigas não serão escoradas durante a concretagem da laje, faz-se

necessário verificá-las para as cargas atuantes antes da concretagem, analisando a

resistência à flexão e as limitações de tensões (Tabela 8).

Ao contrário dos perfis citados anteriormente, o perfil de aço VS 600x152

atende aos critérios de segurança referentes à verificação da viga metálica para os

três comprimentos da viga.


105

Tabela 8. Verificação da viga metálica antes do concreto atingir 75% do – Perfil VS 600x152.

Perfil Concreto com 75% do Fck


Tensão
VS : 600x152 Momento Momento Tensão
Solicitante
Solicitante Resistente Resistente
Vão total parcial
m kNcm kNcm kN/cm² kN/cm² kN/cm²
10 12600,00 110643,75 3,93 4,03 22,50
15 28350,00 110643,75 8,83 9,06 22,50
20 50400,00 110643,75 15,70 15,85 22,50

a) Interação total

Apresenta-se na Figura 41 uma comparação entre os momentos fletores

resistidos pela viga mista com interação total e pela viga metálica com igual a

zero e a 5 m. Em ambos os casos o perfil metálico soldado VS 600x152 é

empregado.

1600

1400
Momentos de cálculo em kNm

1200

1000

800

600
Mista Int. Total
400 Aço com Lb = 5m
Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
200
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 41. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação total e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 600x152.
106

b) interação parcial

Na Figura 42 é apresentada uma comparação entre os momentos fletores

resistidos pela viga mista com interação parcial e pela viga metálica com igual a

zero e a 5 m, quando o perfil VS 600x152 é utilizado.

1400
g = 79,0%
g = 50,0% g = 50,0%

1200
Momentos de cálculo em kNm

1000

800

600

Mista Int. Parcial


400 Aço com Lb = 5m
Aço com Lb = 0
Momento Solicitante
200
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 42. Comparativo entre a resistência ao momento fletor oferecida pela viga mista com
interação parcial e pela viga metálica com igual a 0 e a 5 m – Perfil VS 600x152.

6.2.2 Alterando o

Avaliou-se até aqui a resistência ao momento fletor das vigas mistas e

metálicas modificando os perfis de aço e mantendo igual a 20 MPa.

Com o intuito de verificar a influência deste parâmetro no dimensionamento

das vigas mistas sob flexão simples, o mesmo é aumentado para 30 MPa. Os

resultados obtidos para as interações do tipo total e parcial são apresentados nesta

seção.
107

6.2.2.1 Interação total

Visando facilitar a compreensão, é escolhido para cada comprimento da viga

apenas um perfil de aço, sendo apresentada na Tabela 9 a resistência à flexão de

cada um, como também a capacidade resistente utilizada para atender ao momento

solicitante, para os valores de iguais a 20 e a 30 MPa.

Tabela 9. Viga mista com interação total: momento fletor resistente e capacidade resistente
utilizada para = 20 e 30 MPa.

Momento Capacidade Capacidade


Perfil VS Vão Momento Momento
solicitante resistente resistente
Resistente Resistente
utilizada utilizada

mm x kg m kNm kNm % kNm %

400x49 10 348,188 373,014 93,3 388,183 89,7

500x97 15 783,422 806,415 97,1 859,074 91,2

600x152 20 1392,750 1405,905 99,1 1475,234 94,4

6.2.2.2 Interação parcial

Para a interação parcial, o principal ganho quando o valor do passa de

20 para 30 MPa é a redução no grau de interação parcial necessário, acarretando

em uma redução no número de conectores de cisalhamento. Maiores detalhes serão

discutidos no capítulo 7.

Apresenta-se na Figura 43 uma comparação entre o momento resistido pela

viga mista com interação parcial quando o é igual a 20 e a 30 MPa, além dos

respectivos graus de interação parcial (os azuis representam 20 MPa e os

vermelhos correspondem a = 30 MPa). É necessário informar também que para

os vãos iguais a 10, 15 e 20 m são utilizados os perfis VS 400x49, VS 500x97, VS

600x152, respectivamente.
108

1600
Mista Int. Parcial - 20MPa
g = 50,0%
Mista Int. Parcial - 30MPa
1400
Momentos de cálculo em kNm Momento Solicitante

1200 g = 79,0%

1000

g = 54,4
800
g = 63,1%

600

g = 75,0
400
g = 82,2%
200
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 43. Aumento do de 20 para 30 MPa: análise comparativa do momento resistente e do


respectivo grau de interação parcial.

6.3 Estados limites de serviço

O sistema de construção adotado é o não escorado. Logo, o deslocamento

total suportado pela viga mista é obtido através da soma do deslocamento sofrido

apenas pela viga de aço, ou seja, antes do concreto atingir 75% do , com aquele

tolerado pela viga mista sob o efeito de fluência. Já para a viga metálica, calcula-se

o deslocamento total considerando as cargas atuantes após a cura do concreto.

É avaliado também o deslocamento causado pela sobrecarga no caso da

viga metálica e para a viga mista acrescenta-se a este deslocamento, aquele

proveniente da deformação lenta do concreto para as cargas permanentes.

Será feita aqui uma comparação entre o deslocamento tolerado pela viga

mista e pela viga metálica empregando o perfil VS 400x49 avaliado para os ELU na

seção anterior a esta. Mais uma vez, considera-se a viga com vão igual a 10, 15 e
109

20 m. É importante lembrar que o EUROCODE 3 (2003) limita o deslocamento

causado por todas as cargas consideradas no projeto em , enquanto que os

deslocamentos provenientes da sobrecarga e da fluência do concreto são limitados

pela NBR 8800 (1986) em .

6.3.1 Perfil VS 400x49

6.3.1.1 NBR 8800 (1986)

Na Figura 44, para os vãos iguais a 10, 15 e 20 m, apresentam-se os

deslocamentos suportados pela viga metálica, pela viga mista quando se utilizou

interação total e parcial, além do deslocamento máximo permitido pela NBR 8800

(1986), ou seja, deslocamento proveniente da sobrecarga no caso da viga metálica

e, para as vigas mistas, acrescenta-se ao efeito da sobrecarga o deslocamento

causado pela fluência do concreto. O grau de interação parcial também é

apresentado.

40
Mista Int. Total
35 Mista Int. Parcial
Metálica
Deslocamento no meio do vão (cm)

NBR 8800/86
30

25

20
g = 100%
15

10

g = 100%
5

g = 82%
0
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 44. Comparação entre os deslocamentos verticais sofridos pelas vigas mistas e metálicas
em relação à recomendação da (NBR 8800, 1986) – Perfil VS 400x49.
110

6.3.1.2 EUROCODE 3 (2003)

Na Figura 45, para os vãos iguais a 10, 15 e 20 m, apresentam-se os

deslocamentos suportados pela viga metálica, pela viga mista quando se utiliza

interação total e parcial, além do deslocamento máximo permitido pelo EUROCODE

3 (2003), que diz respeito ao deslocamento proveniente da ação de todas as cargas

atuantes após a cura do concreto. Assim como na Figura 43, o grau de interação

parcial também é apresentado.

120
Mista Int. Total
Mista Int. Parcial
100 Metálica
Deslocamento no meio do vão (cm)

EUROCODE 3

80

g = 100%
60

40

g = 100%
20

g = 82%
0
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Vão (m)

Figura 45. Comparação entre os deslocamentos verticais sofridos pelas vigas mistas e metálicas
em relação à recomendação do (EUROCODE 3, 2003) – Perfil VS 400x49.
111

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

7.1 Método da Convergência

Este primeiro estudo consistiu em fazer uma comparação entre o método

proposto por ALVA (2000) para a determinação do grau de interação parcial,

denominado Método da Interpolação Linear, com o sugerido nesta monografia,

intitulado como Método da Convergência.

O grau de interação parcial calculado através do Método da Interpolação

Linear foi igual a 0,76, resultando em um momento fletor resistente igual a 536,173

· . Por outro lado, empregando o Método da Convergência, o nível de interação

parcial encontrado foi igual a 0,86, cujo o momento fletor resistente foi igual a

550,042 · .

Em outras palavras, para o caso analisado, o primeiro método mostrou-se

contra a segurança, enquanto que o Método da Convergência, para partições no

intervalo de variação de iguais a 6, 16, 63, 126 e 252, atendeu aos estados limites

últimos.

7.2 Viga mista versus viga metálica

O estudo de caso consistiu na realização de uma análise comparativa entre

as vigas mistas aço-concreto com as vigas de aço, avaliando os estados limites

últimos e de serviço para vigas com 10, 15 e 20 m de vão. Buscou-se verificar

também a influência sobre a resistência à flexão da viga mista utilizando interação

total e parcial quando se aumentado o valor do .


112

7.2.1 Estados limites últimos

Para a avaliação dos ELU utilizou-se duas estratégias: a primeira consistiu

em modificar somente os perfis de aço, e a segunda, baseou-se no aumento da

resistência característica a compressão do concreto ( ), onde para cada vão da

viga mista foi escolhido um perfil.

Para a avaliação dos ELU no caso das vigas metálicas foram abordadas

duas situações: considerou-se a viga contida lateralmente pela laje e travada

lateralmente a cada 5 m.

7.2.1.1 Modificando os perfis

a) Perfil VS 400x49

Percebe-se na Figura 37 que para a viga com vão igual a 10 m apenas a

viga mista forneceu uma resistência à flexão maior do que a solicitante e utilizando

um grau de interação parcial de 82% a viga mista também atende a condição de

resistência (Figura 38).

b) Perfil VS 500x97

Quando foi empregado o perfil VS 500x97 a viga mista alcançou um

momento fletor resistente maior do que o solicitante para a viga com comprimento

igual a 10 e a 15 m, já a viga metálica, superou o momento solicitante apenas para a

viga com vão de 10 m como pode-se perceber na Figura 39.

Na situação de interação parcial, os valores de necessários para satisfazer

os estados limites últimos quando a viga possui 10 e 15 m de vão são iguais

respectivamente a 0,500 e a 0,631 (Figura 40).

c) Perfil VS 600x152

No gráfico apresentado na Figura 41 (resultados obtidos pelo uso do perfil

VS 600x152) observa-se que para os três comprimentos assumidos (10, 15 e 20 m)


113

o momento fletor resistente pela viga mista excedeu o momento fletor solicitante. Em

contrapartida, o esforço resistente pela viga metálica superou o solicitante apenas

em 10 e 15 m de vão.

Na situação de interação parcial, a viga mista atendeu aos ELU para os três

vãos analisados, sendo = 50,0% para = 10 e 15 m e 79,0% para = 20 m.

Escolhendo para cada vão da viga adotado neste trabalho o primeiro perfil

de aço soldado que atende aos ELU, dentre os três utilizados, encontram-se os

seguintes pares: quando = 10 m utiliza-se VS 400x49, para = 15 m emprega-se

VS 500x97, por fim, quando o vão da viga for igual a 20 m utiliza-se o perfil VS

600x152.

Diante desta situação, na Tabela 10 é apresentada a diferença percentual

entre os momentos fletores resistidos pela viga mista com interação parcial e pela

viga de aço considerada travada lateralmente pela laje.

Tabela 10. Comparação da resistência a flexão fornecida pela viga mista com interação parcial e
pela viga metálica travada lateralmente pela laje.

Momentos Resistentes de Cálculo


Momento
Vão da Viga de aço e
Perfis VS Solicitante de Viga de aço
viga concreto (int. Diferença
Cálculo ( 0)
parcial)
mm x kg m kNm kNm kNm (%)
400x49 10 348,188 218,380 348,198 37
500x97 15 783,423 589,708 783,427 25
600x152 20 1392,75 1106,438 1392,770 21

7.2.1.2 Alterando o

Com o intuito de verificar a influência da resistência característica à

compressão do concreto no dimensionamento das vigas mistas sob flexão simples,

a mesma foi aumentada de 20 para 30 MPa. Estudou-se o efeito do aumento do

nas vigas mistas com interação total e parcial.


114

a) Interação total

Percebe-se na Tabela 9 que com o aumento do a resistência à flexão da

viga mista também aumenta. Para o perfil VS 600x152, por exemplo, praticamente

toda a capacidade de resistência da viga era utilizada quando se tinha 20 MPa,

passando o para 30 MPa a viga apresentou um excedente de resistência igual a

5,6 %.

b) Interação parcial

Para as vigas mistas com interação parcial, o principal ganho quando o

passou de 20 para 30 MPa foi a redução no grau de interação parcial que deve ser

garantido para que se atenda o momento fletor solicitante, conseqüentemente, a

viga mista torna-se mais econômica, pois ocorre uma redução na quantidade de

conectores de cisalhamento, conforme mostrado na Tabela 11.

Tabela 11. Redução no número de conectores causada pelo aumento do em vigas mistas
com interação parcial.

Número de Conectores de

Perfil VS Vão (m) Cisalhamento (Interação parcial)

= 20 MPa = 30 MPa

400x49 10 60 46

500x97 15 92 66

600x152 20 118 92

7.2.2 Estados limites de serviço

A avaliação dos ELS consistiu em uma comparação entre o deslocamento

sofrido pela viga mista e pela viga metálica empregando o perfil VS 400x49 para a

viga com 10, 15 e 20 m de vão.


115

Para = 10 m, tanto a viga de aço como a de aço e concreto ficaram dentro

do limite de flecha recomendado pela NBR 8800 (1986), ver Figura 44. Porém,

ambas execederam o limite máximo permitido pelo EUROCODE 3 (2003), como

pode ser visto na Figura 45. Nestas mesmas figuras percebe-se que as flechas

apresentadas pela viga metálica foram maiores do que as sofridas pelas vigas

mistas.
116

8 CONCLUSÕES

Sobre o dimensionamento das vigas mistas para os estados limites últimos

(ELU) verificou-se que a contribuição da laje de concreto é utilizada apenas na

determinação da resistência a flexão da viga, desprezando-se sua colaboração no

cálculo da resistência ao esforço cortante.

A obtenção do momento fletor resistente depende quase que

essencialmente do grau de interação existente entre a viga de aço e a laje, podendo

ser esta total ou parcial, sendo garantida em cada um dos casos por um

determinado número de conectores de cisalhamento.

Ainda sobre a resistência à flexão, percebeu-se que a mesma é determinada

fazendo-se uma análise plástica ou elástica, dependendo da esbeltez apresentada

pelo perfil metálico expressada por uma relação geométrica.

O método de construção escolhido acrescenta também restrições as vigas

mistas. Quando se opta pelo não escoramento da viga de aço durante a

concretagem da laje faz-se necessário avaliá-la para as cargas atuantes antes da

cura do concreto.

Sobre os estados limites de serviço (ELS), observou-se que a deformação

lenta do concreto deve ser levada em conta para avaliação dos deslocamentos das

vigas mistas.

Com o desenvolvimento de um programa computacional o dimensionamento

das vigas mistas ocorreu de uma forma bastante rápida proporcionando assim a

possibilidade de alterar diversas vezes os parâmetros envolvidos, viabilizando assim

os estudos de casos.
117

Por outro lado, acredita-se que a criação de um método para o cálculo do

nível de interação parcial mais econômico para o projeto das vigas mistas, batizado

de Método da Convergência, foi uma das maiores contribuições deste trabalho e

seria praticamente impossível empregar o método senão através de uma ferramenta

computacional, pois, como se viu na seção 5.1.2 foram necessárias 47 iterações

para se encontrar um resultado a favor da segurança e da economia.

No estudo comparativo realizado entre as vigas mistas de aço e concreto

com as vigas de aço, que consistiu em avaliar à resistência a flexão e os

deslocamentos verticais máximos sofridos por ambas, o desempenho das vigas

mistas foi superior ao alcançado pelas vigas metálicas. Em uma das situações a viga

mista apresentou um momento fletor resistente 37% maior do que o resistido pela

viga metálica.
118

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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