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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR


CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JOSÉ EPIFANIO DAS CHAGAS

A APLICAÇÃO DE VERGALHÕES DE FIBRA DE VIDRO REFORÇADOS COM


POLÍMEROS: UMA SUBSTITUIÇÃO AO AÇO CA 50?

FORTALEZA - CE

2021
JOSÉ EPIFANIO DAS CHAGAS

A APLICAÇÃO DE VERGALHÕES DE FIBRA DE VIDRO REFORÇADOS COM


POLÍMEROS: UMA SUBSTITUIÇÃO AO AÇO CA 50?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


banca examinadora como requisito à obtenção
do título de graduado em Engenharia Civil.
Área de concentração: materiais de construção
civil.
Orientador: Prof. Dr. Raphael Pires de Sousa.

Fortaleza
2021
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por
qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa,
desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de


geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Das Chagas, José Epifanio.


A APLICAÇÃO DE VERGALHÕES DE FIBRA DE VIDRO REFORÇADOS COM
POLÍMEROS: UMA SUBSTITUIÇÃO AO AÇO CA 50? / José Epifanio Das
Chagas. - 2021
67 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade


de Fortaleza. Curso de Engenharia Civil, Fortaleza, 2021.
Orientação: Raphael Pires de Sousa.

1. Compósitos. 2. Vergalhão em Fibra de Vidro. 3. Corrosão


em Estruturas de Concreto. I. de Sousa, Raphael Pires. II.
Título.
A Deus.
Aos meus pais e irmãs, à minha esposa e às
minhas filhas.
AGRADECIMENTOS

À Coordenação do curso de Engenharia Civil, pelo apoio.


Ao Prof. Dr. Raphael Pires de Sousa, pela orientação, paciência irrestrita e amizade.
Aos professores participantes da banca examinadora, Prof. Me. Tiago Alves Morais e Prof. Me.
Elton Rebouças Pereira, pelas contribuições e sugestões de melhoria.
Aos colegas da turma de curso, pela parceria e amizade.
“Aos homens, é útil, primeiro que tudo, estreitar
as relações, se unirem por vínculos que melhor
podem fazer deles todos uma só coisa, e, de
maneira geral, fazer aquilo que serve para
consolidar as amizades.”
Spinoza
RESUMO

O Estado do Ceará tem uma extensão de 573 quilômetros de litoral e está


localizado em uma região com atmosfera marinha agressiva, criando um
ambiente sujeito a oxidação causada pela água do mar carreada pelo vento
(maresia) nas armaduras de aço das estruturas de concreto. A presente
pesquisa pretende analisar o uso de compósitos do tipo barra de fibra de
vidro reforçado com polímeros como alternativa ao aço CA50, o qual se
procura apresentar como uma das soluções para patologias em armaduras
de aço. Analisou-se a hipótese de que os vergalhões em fibra de vidro
têm resistência à tração superiores ao do aço CA50, a qual foi
comprovada por intermédio de revisão bibliográfica. Desse modo, o uso
de compósitos, pode ser uma opção e realidade na construção civil, desde
que resguardado seu uso em estruturas que irão se beneficiar de
propriedades como seu comportamento não corrosivo.

Palavras-chave: Compósitos, Vergalhão em Fibra de Vidro, Corrosão em Estruturas de Concreto.


ABSTRACT

The State of Ceará has an extension of 573 kilometers of coastline and is located in a region
with an aggressive marine atmosphere, creating an environment subject to oxidation caused by
the sea water carried by the wind (salty air) in the steel reinforcement of the concrete structures.
The present research intends to analyze the use of composites of the fiberglass bar type
reinforced with polymers as an alternative to the CA50 steel, which is intended to present as
one of the solutions for pathologies in steel reinforcement. The hypothesis that fiberglass rebars
have greater tensile strength than CA50 steel was analyzed, which was confirmed through a
literature review. Thus, the use of composites can be an option and a reality in civil construction,
as long as its use is preserved in structures that will benefit from properties such as its non-
corrosive behavior.

Keywords: Composite, Glass Fiber Reinforced Polymer, Corrosion in Concrete Structures.


LISTA DE ILUSTRAÇOES

Figura 1 - Viga de concreto armado ....................................................................... 16

Quadro 1 - Tabela B1- Características das barras de Aço CA-50............................. 22


Figura 2 - Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes
acadêmicas.............................................................................................. 18
Figura 3 - Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes
acadêmicas.............................................................................................. 18
Figura 4 - Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes
acadêmicas.............................................................................................. 19
Figura 5 - Equipamento de ensaio de tração............................................................ 23
Figura 6 - Corpos de prova formados por um segmento não usinado do
produto.................................................................................................... 23
Figura 7 - Determinação do alongamento (d) de um vergalhão de aço CA-50....... 24
Figura 8 - Diagrama Tensão x Deformação convencional e real para material
dúctil (aço), sem escalas......................................................................... 24
Quadro 2 - Tabela B.3- Propriedades mecânicas exigíveis de barras de Aço e fios
de aço destinadas a armadura de concreto armado................................. 25
Figura 9 - Proposta final para classificação das zonas de agressividade em
Fortaleza/CE........................................................................................... 28
Figura 10 - Esquema do processo de pultrusão......................................................... 30
Figura 11 - Quadro comparativo das propriedades mecânicas das barras de FRP e
aço, e Diagrama Tensão e Deformação dos diversos tipos de
armaduras............................................................................................... 31
Figura 12 - Barra de FRP submetida ao cisalhamento transversal. 33
Figura 13 - Aplicação de FRP no tabuleiro superior da ponte Emma Park, no Estado
de Utah, EUA, 2009............................................................................... 36
Figura 14 - Transferência de força por meio do vínculo barra/concreto................... 38
Figura 15 - Certificado de Acreditação do Laboratório onde foram executados os
ensaios.................................................................................................... 40
Figura 16 - Corpos de Prova em aço e em FRP durante ensaio................................ 41
Figura 17 - Deformação da secção do corpo de prova em aço.................................. 42
Figura 18 - Ruptura do corpo de prova em FRP........................................................ 42
Figura 19 - Relatório de ensaio da Stratus Compósitos Estruturais Ltda.................. 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coeficientes típicos de expansão térmica para barras de reforço


(valores típicos para fração de volume de fibra variando de 0,5 a 0,7).. 32
Tabela 2 - Fator de Redução Ambiental para vários tipos de fibra e condições de
exposição................................................................................................ 37
Tabela 3 - Resultados dos ensaios de tração em corpos de prova de FRP............... 43
Tabela 4 - Resultados estatísticos resumidos dos ensaios de tração em corpos de
prova de FRP e Aço................................................................................ 43
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACI American Concrete Institute
FIB Fédération Internacionale du Béton
FRP Fibra de Vidro Reforçada com Polímeros
GFRP Glass Fiber Reinforced Polymer
trad. Tradutor

LETRAS MINÚSCULAS
ffu Resistência à tração de projeto de FRP definida como a resistência à tração
garantida multiplicada pelo fator de redução ambiental (ffu = CEffu*) psi (Mpa)
ffu* Resistência à tração garantida da barra de FRP, definida como resistência
média à tração da amostra de corpos de prova menos três vezes o desvio
padrão (ffu* = ffu,ave -3 )psi (Mpa)
fyk Resistência característica ao escoamento
CE Fator de redução ambiental para vários tipos de fibra e condições de
exposição
LISTA DE SÍMBOLOS

d Alongamento
s Tensão
e deformação específica
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15
1.1 Justificativa 16
1.2 Objetivos 17
1.3 Metodologia 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO 21
2.1 Concreto armado 21
2.2 Aço 21
2.3 Patologias nas Edificações 26
2.4 Corrosão das Estruturas de Aço 27
2.5 Breve Histórico dos Sistemas de Compósitos 28
2.6 Compósitos: Barras de Fibra de Vidro 29
2.7 Propriedades das Barras de FRP 30
2.7.1 Propriedades Físicas 31
2.7.2 Propriedades Mecânicas 32
2.8 Normatização 33
2.8.1 Normas Relativas ao Concreto Armado 33
2.8.2 Normas Relativas aos Compósitos 34
2.8.3 American Concrete Institute (ACI) - Comité 440 35
3.0 APRESENTAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS 39
4.0 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 42
4.1 Tipo de Ruptura nos Corpos de Prova 42
4.2 Avaliação dos resultados dos Ensaios 43
4.3 Avaliação dos Resultados do Fabricante Stratus 44
5.0 CONSIDERAÇÃO FINAIS 45
5.1 Estudos Futuros 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO A – REBAR STRATUS: Especificações Técnicas de
vergalhões e Estribos em Fibra de Vidro
ANEXO B – Ficha Técnica Vergafibra
ANEXO C – Cupom Fiscal Eletrônico de aquisição do Vergalhão
em Fibra de Vidro
15

1. INTRODUÇÃO

O concreto é o material mais utilizado no mercado de construção (ISO TC/71/SC4,


2015. P. 1). De acordo com MEHTA e MONTEIRO (2014), o concreto armado é considerado
hoje em dia como um dos materiais mais tradicionais e um dos mais utilizados na construção
civil. Suas virtudes quanto a facilidade de moldagem, baixo custo, grande capacidade de
adaptação a formas diversas o consagraram. Economicamente, o concreto armado continua
sendo, para a maioria dos casos, a melhor solução.

Apesar de que, proporcional à sua grande utilização, os problemas com as


estruturas, no tocante à sua deterioração, denominado de patologias, também são grandes.
Sejam eles devido à diminuição da resistência ou à sua perda de função estrutural, sejam eles
por erro de projeto, falha construtiva ou interação com os elementos do ambiente.

Durante a pesquisa para o presente trabalho foi evidenciado em publicações


científicas sobre a abordagem de processos de patologias em estruturas de concreto armado,
onde em sua maioria relatam como as causas das patologias devido a corrosão do aço das
estruturas.

Concomitante, nos últimos anos é uma realidade o aumento da preocupação com a


durabilidade e com a consequente segurança das construções, o que remete novamente aos
problemas apresentados com as patologias no concreto armado e as soluções para combatê-las
ou minorá-las. Nesse aspecto o uso de novos materiais e novas tecnologias construtivas se
apresentam como uma das soluções para esses problemas, e o uso de compósitos, materiais
largamente usados na engenharia aeroespacial tem sido uma realidade na construção civil.

Antes, com utilização exclusiva em

[...] setores da indústria, como na área de mísseis, foguetes e aeronaves de geometria


complexas, os compósitos poliméricos estruturais, também denominados de
avançados, tem ampliado a sua utilização em diferentes setores da indústria moderna,
com um crescimento de uso de 5% ao ano. Atualmente, a utilização de estruturas de
alto desempenho e com baixo peso tem sido feita nas indústrias automotiva, esportiva,
e, recentemente, na indústria da construção civil (REZENDE, 2000, p.02).
Com a massificação do uso de compósitos, inclusive em estruturas da construção
civil, tornou possível que materiais de alta tecnologia e, antes, de alto custo, se tornassem
interessantes para aplicações em elementos estruturais simples como a armadura do concreto
submetidas à alta agressividade corrosiva como em ambientes marinhos.
16

O uso de fibras em argamassas ou de fibra de vidro em elementos estruturais de


concreto vem sendo utilizado na construção civil nos últimos anos para o aumento da resistência
e da capacidade de deformação, resistência à tração e à impactos. São utilizadas com intuito de
controle das fissurações, decorrentes do processo de hidratação de concretos e argamassas.

Já o uso de fibra de vidro em forma de barras ou telas, e no formato de Fibra de


Vidro Reforçada com Polímeros (GFRP-Glass Fiber Reinforced Polymer), ou simplesmente
Fibra de Vidro Reforçada com Polímeros (FRP), são inovações no mercado, e que surgem como
uma alternativa às estruturas tradicionais em aço e apresentam-se como uma alternativa por não
estarem sujeitas à corrosão. Mas para que seja validada sua aplicação e a possível substituição
necessita-se da realização de ensaios experimentais que aprofundem o comportamento desses
elementos em resistência à tração.
1Não
Introdução
obstante, nas diversas possibilidades de uso de vergalhões em fibra de vidro
EmFiber
(GFRP-Glass uma Reinforced
viga biapoiada submetida
Polymer), à flexão
optou-se por quando
estudar carregada,
seu uso emsãoestruturas
geradas em
tensões de tração na fibra inferior do concreto e tensões de compressão na
concreto submetidas à tração. Numa viga bi apoiada submetida à flexão quando carregada são
fibra superior. Como o concreto simples tem baixa resistência à tração e alta
geradas trações na região
resistência abaixo da élinha
a compressão, neutra,oconforme
necessário uso do açoa na
Figura 1,tracionada
região região onde estão
para
resistir a estas tensões, pois este possui ótima resistência à tração. Estas são
dispostos os vergalhões, sejam eles de aço ou de fibra de vidro reforçado com polímero.
chamadas estruturas em concreto armado.
Fig. 1 – Viga de concreto armado. Figura 1 – Viga de concreto armado

Fonte: Arquivo pessoal


Fonte: Queiroz (2018), em http://www.emilioqueiroz.com.br/wp-content/uploads/2018/02/Aula-1.pdf.
O aço também possui boa resistência a compressão, sendo assim o mesmo
pode colaborar com o concreto em regiões comprimidas.
1.1 JUSTIFICATIVA
Em estruturas de concreto armado adotam-se armaduras em forma de barras
com seção circular, chamadas armaduras passivas.
Uma construção exposta ao ambiente marinho se degrada em tempo bem menor do
Os projetos de estruturas em concreto armado tem como base a norma
que exposta a ambiente livre desse intemperismo. “Os cloretos contidos na névoa salina
regulamentadora ABNT NBR 6118 Projeto de estruturas de concreto —
advindos doProcedimento.
mar se constituem na causa mais significativa das manifestações patológicas
devido à suaSegundo
agressividade
a NBRàs6118
armaduras” (PORTELA,
(2014, pág 04): 2013, apud CABRAL; CAMPOS, 2016,
p.13).
3.1.5 armadura passiva: Qualquer armadura que não seja usada para
produzir forças de protensão, isto é, que não seja previamente alongada.

O aço será solicitado apenas quando as cargas externas começarem a atuar


na estrutura, e isso ocorre principalmente devido a aderência entre o concreto
e o aço.
17

O interesse por tal estudo justifica-se devido ao Estado do Ceará ter uma extensão
de 573 quilômetros de litoral e estar localizado em uma região com atmosfera marinha
agressiva, devido ao regime de ventos, criando um ambiente sujeito a oxidação causada pela
água do mar carreada pelo vento (maresia).

Além disso, especificamente em Fortaleza, a Praia do Futuro tem a maior


concentração de cloretos suspensos no ar do mundo e, em termos quantitativos é quase o dobro
de concentração em comparação com a Nigéria, que é considerada a segunda maior. Por isso,
quanto maior a quantidade de cloreto no ar, maior será a maresia e, consequentemente, a
corrosão (CABRAL; CAMPOS, 2016).

Procurou-se desenvolver um estudo que viabilize a utilização de um material que


tenha capacidade de resistir ao ataque da corrosão e tenha resistência igual ou superior ao aço.

1.2 OBJETIVOS

Foi definido como objetivo principal comparar a capacidade de resistência à


vergalhões de fibra de vidro reforçado com polímeros quando submetidos à tração. Espera-se
valores superiores ao do aço CA-50.

Validando-se a hipótese de que os vergalhões em fibra de vidro têm resistência à


tração superiores ao do aço CA-50, aventa-se da possibilidade da substituição do Aço CA-50
por vergalhões de Fibra de Vidro Reforçada com Polímeros (FRP).

1.3 METODOLOGIA

O presente trabalho científico inicia-se com revisão bibliográfica englobando as


pesquisas, normas, teses e diretrizes sobre o uso em geral de compósitos e de barras de FRP.

Devido a literatura científica escarça sobre o tema específico, vergalhão de fibra de


vidro reforçado com polímeros, foi inicialmente proposta uma rotina para dimensionamento do
ensaio de tração, adaptado à realidade brasileira, utilizando a NBR 6118:2014, e a NBR ISO
6892-1, com o claro intuito de validar o uso seguro da FRP no mercado brasileiro.

Infelizmente não foi possível ir para o laboratório para comprovar a hipótese


pretendida devido ao enfrentamento à Pandemia da COVID-19, nos termos do Decreto Estadual
no. 33.965, de 04 de março de 2021, que instituiu medidas de isolamento social rígidas na cidade
18

Fortaleza. Com a suspensão do funcionamento de estabelecimentos de ensino superior, a prática


laboratorial do ensaio de tração ficou inviabilizada (DOE, de 04/03/2021).

Nas rotinas de pesquisa bibliográfica, foram efetuadas pesquisas nos diversos


acervos de teses, dissertações e periódicos disponibilizados digitalmente, sejam eles o Catálogo
da Capes, e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Todas pesquisas se
mostraram infrutíferas.

Fig. 2 – Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes acadêmicas.

Fonte: Capes (2021)

Fig. 3 – Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes acadêmicas.

Fonte: Periódicos CAPES/MEC (2021)


19

Fig. 4 – Pesquisas bibliográficas sobre Vergalhões de Fibra de Vidro em fontes acadêmicas.

Fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (2021).

Somente através do Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br), foram


selecionadas sete pesquisas acadêmicas relevantes sobre o tema FRP, sendo que quatro relatam
o uso de reforços de vigas e pilares com fibras, sejam de fibra de vidro, ou carbono. Outros dois
comparavam o comportamento de elementos estruturais armados com vergalhões de aço e de
FRP, mas em nenhum deles havia sido executado ensaio de tração a fim de validar a resistência
à tração superior de vergalhões de FRP comparados aos de aço CA-50. O único trabalho
acadêmico em que foi o realizado ensaio de tração foi o proposto por Dos Santos et al. (2016)
apresentado no Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas – SBMR 2016, com o tema
Avaliação de Resultados de Ensaios à Tração de Vergalhões de Fibra de Vidro e de Aço para o
Uso no Grampeamento da Frente de Escavação de Túneis em Maciços Terrosos.

Além deste trabalho acadêmico, quando da aquisição de um vergalhão de fibra de


vidro de 6mm da marca Stratus, teve-se acesso ao relatório de especificações técnicas, o qual
faz parte do presente trabalho, no Anexo A. Neste documento editado pela Stratus Compósitos
Estruturais Ltda., empresa fornecedora de produtos reforçado com fibra de vidro, foi
apresentado relatório de Ensaio de Tração de dez barras de FRP de 6mm.

Em sequência a esta fase de revisão bibliográfica no que tange as barras de FRP o


trabalho segue para sua fase final com os seguintes passos:

a) Apresentação dados obtidos;


b) Avaliação dos resultados;
c) Considerações finais.
20

Prioritariamente, analisou-se os trabalhos publicados em português do Brasil ou


mesmo de Portugal, além de publicações em língua inglesa sobre o tema, no que tange ao
comportamento de fibra de vidro submetidas à esforços múltiplos. Além desses foi utilizado
uma publicação em alemão, editada na Suíça, devido ao inédito registro de uso de reforços com
fibra de vidro em pontes.

Entretanto, mesmo o uso de compósitos não ser um tema novo, a aplicação de


vergalhões em fibra de vidro reforçados com polímeros na construção civil ainda é uma
novidade e que carece de normatização. Segundo ORLANDO (2019), alguns países ainda não
possuem normatização específica sobre os compósitos de FRP. Este é o caso do Brasil, fazendo
com que se adote os critérios e sugestões de países que já estão bastante avançados nesta
matéria.

Portanto, foi adotado para a metodologia as normas NBR 6118:2014(ABNT, 2014)


e usadas para complementar normas internacionais como a ACI-440.1 R15 do American
Concrete Institute (ACI) e, não obstante, consultadas normas da Fédération Internacionale du
Béton (FIB).

Em função do concreto ter baixa resistência à tração e alta resistência a compressão


é necessário o uso de vergalhões na região tracionada a fim de que a viga resista a essas tensões.

A combinação das propriedades do concreto com as propriedades das armaduras de


RFP tornam adequada sua aplicação em estruturas que necessitem de grande resistência à
tração. Outro fator importante das armaduras de FRP é seu baixo peso, que reduz drasticamente
o peso próprio da estrutura.
21

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONCRETO ARMADO

O concreto simples é uma mistura homogênea de cimento Portland, agregados


miúdos (areia) e graúdos (brita), e água. Com intuito de melhorar e modificar suas propriedades
básicas faz-se o uso de aditivos, que melhoram a trabalhabilidade, o seu comportamento e a
resistência final (PARIZOTTO, 2017).

Sua obtenção se faz através de um elaborado proporcionamento desses


constituintes, o que lhe conferem as características desejadas, tanto no estado de trabalho,
fresco, como no estado final, já endurecido. Tem suas condições exigíveis para projeto e
execução definidas na norma ABNT NBR 11173:1990.

Quando a mistura concreto simples é associada a elementos de aço em formato de


armaduras e disposta, essa associação, em formas com geometria definida tem-se o material
denominado de Concreto Armado (PARIZOTTO, 2017).

Sua utilização é indicada para a executar estruturas que requeiram esforços tanto de
tração quanto de compressão simples. Embora o concreto seja um material que apresente boa
resistência à compressão, “ele oferece baixa resistência à tração. O aço, por sua vez, cumpre a
função de absorver os esforços de tração, servindo também para resistir às tensões de
compressão” (PARIZOTTO, 2017, p. 118). A aderência desses dois elementos, que garante boa
resistência, a facilidade de moldagem e a resistência do aço que permite a realização de diversas
formas arquitetônicas foram as principais virtudes da grande utilização do concreto armado na
construção civil.

As diretrizes e requisitos para a encomenda, fabricação e fornecimento de barras de


aço destinados a armaduras de concreto armado estão estabelecidos na norma ABNT NBR
7480:2007 (NBR 7480, 2007). Todas as características relativas ao aço são preconizadas nesta
norma, inclusive as suas categorias e classificação, as quais serão melhor abordadas
posteriormente.

2.2 AÇO

O aço é uma liga composta por, prioritariamente ferro, material encontrado na


natureza através do ferro mineral, e carbono, sendo considerada por CHIAVERINI (2008) como
22

“a liga ferro-carbono contendo geralmente 0,008% até aproximadamente 2,11% de carbono,


além de certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabricação”.

Suas propriedades, inclusive para o seu uso na construção civil, têm grande relação
com o que o constitui e com o que são aderidos em seus processos de fabricação. Assim, a
concentração de carbono define a natureza de uso à qual se destina tal liga. Para aços destinados
ao uso no concreto armado tem-se os aços de baixo carbono (normalmente em concentrações
abaixo de 0,3%), os quais aliam uma razoável resistência com uma boa capacidade de
ductilidade, importante na moldagem das estruturas.

Ainda por CHIAVERINI (2008), as ligas de aço para a construção civil classificam-
se de acordo com a aplicação e são denominados como “aços estruturais ao carbono com
pequenos teores de elemento de liga, com boas ductilidades e soldabilidade e elevado valor
de relação limite de resistência à tração para limite de escoamento” (grifo nosso). Todas
essas características garantem um adequado uso na confecção do concreto armado.

“Com exceção da resistência à corrosão, todos os outros requisitos são satisfeitos em


maior ou menor grau pelos aços-carbono, de baixo a médio carbono, obtidos por
laminação, cujos limites de resistência à tração variam de 40 a 50 kgf/mm2 (390 a 490
Mpa) e cujo alongamento gira em torno de 20%” (CHIAVERINI, 2008, p. 204, grifo
nosso).
Segundo a ABNT (NBR 7480, 2007), as ligas de aço para concreto armado se
classificam nas categorias CA-25, CA-40, CA-50 e CA-60, com respectivos limites mínimos
de escoamento de 250Mpa, 400Mpa, 500Mpa e 600Mpa. As barras mais utilizadas são do tipo
CA-50, com resistência característica ao escoamento fyk de 500Mpa, com os vários valores
definidos na Tabela B.1, da referida Norma, aqui apresentada no Quadro 1.

Quadro 1 – Tabela B1- Características das barras de Aço CA-50.

Fonte: NBR 7480, 2007, p.10.


23

O aço, especialmente o empregado na construção civil, é considerado um material


dúctil, que permite grandes deformações até sua ruptura, e mesmo quando sobrecarregados
exibem claramente essas deformações. Tais comportamentos são demonstrados nos diagramas
de Tensão x Deformação através de ensaios de tração, onde o corpo de provas é submetido à
tração, sob velocidade constante e controlada em equipamento de laboratório, semelhante ao da
Figura 5.

Fig. 5 – Equipamento de ensaio de tração.

Figura 3 - Máquina de ensaio.


Fonte: HIBBELER, 2004, p.63.

De acordotensão
Diagrama com axABNT (NBR ISO 6892-1, 2013, p. 17), “o corpo de prova é obtido
deformação
por usinagem de uma amostra do produto, por estampagem, ou ainda por fundição. Produtos de
seção transversal uniforme
É o gráfico obtido (perfis, barras,
através dos fios etc.),
resultados podem
do ensaio, ser ensaiados
podem-se sem serem
calcular vários valores usinados”.
de tensão e deformação correspondente no corpo de prova, como se fosse uma tabela
Em um corpo de provas não usinado, com diâmetro acima de 4mm, são utilizadas
de tensões e deformações correspondentes e depois basta se plotar o gráfico.
barras do material, como exemplificado na figura 3, temos (L0) o comprimento inicial
conhecido eDiagrama
área de Seção
tensão x(Sdeformação
0). convencional

Fig. 6 – Corpos de prova formados por um segmento não usinado do produto.


Tensão nominal ou de engenharia: Determina-se com os dados registrados,
dividindo-se a carga aplicada P pela área da seção transversal inicial do corpo de
prova Ao.
P
σ= (1)
Ao

Deformação nominal ou de engenharia: É obtida da leitura do extensômetro, ou


dividindo-se a variação do comprimento de referência, δ, pelo comprimento de
referência inicial Lo.
δ
ε = 6892-1:2013, 2018, p.31.
Fonte: NBR (2)
Lo
denominado comprimento inicial L0, e
este mesmo valor obtido após a ruptura
do corpo de prova, denominado de Gráfico Tensão x Deformação
comprimento final L1. Para os materiais sem patamar definido 24
especificados pela NBR 7480 o com- e indicação de 0,2 e 0,5%
primento inicial utilizado é de 10 vezes
o diâmetro nominal. Por exemplo, se o
material ensaiado é um 10 mm o L0
Ao ser
será deaplicada
100 mm. No tensão axial
caso de através de uma carga (P) sobre o corpo de provas ocorre
um 12,5
mm o L0 será de 125 mm.
deformação com o alongamento do mesmo. À medida que a carga aumenta, o comprimento do
O ensaio de tração é realizado
corpo tambémconforme
aumenta Norma NBR 6152 "Material
até um valor final L (BEER et al, 2015).
Metálico - Determinação das Propri-
edades Mecânicas à Tração - Método
Odealongamento (d) pode
Ensaio", e as propriedades ser calculado como d = L – L0, e é registrado para cada
mecânicas
exigíveis para as barras e fios estão
valor de P, simultaneamente a cada conjunto de leituras de carga (P) e alongamento (d). Assim
indicadas na tabela 2 do anexo B da
NBR 7480. ! d
é calculada a tensão (s) por s = "# , e a deformação específica (e ) obtida por e = $# .
Gráfico 2

Fig. 7 – Determinação do alongamento (d) de um vergalhão de aço CA-50.

Determinação do alongamento

15

Fonte: UNESP (2019). Disponível em https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/belgo5060.pdf

Neste sentido, o “diagrama tensão-deformação pode então ser obtido colocando-se


e como abscissa e s como ordenada” (BEER et al, 2015, p. 53), conforme Figura 8.

Fig. 8 – Diagrama Tensão x Deformação convencional e real para material dúctil (aço), sem escalas.

Fonte: HIBBELER, 2004, p.64.

Figura 4 - Diagrama Tensão x Deformação convencional e real para material dúctil


(aço) (sem escala).
25

Assim,
[...] um pequeno aumento de tensão acima do limite de elasticidade resulta em colapso
do material e faz com que ele se deforme permanentemente. Esse comportamento é
denominado escoamento e é indicado pela região sombreada escura da curva
(HIBBELER, 2004, p.65).
O Diagrama Tensão deformação caracteriza muito bem essa propriedade dos
materiais dúcteis.

“À medida que o corpo de provas é submetido a uma carga crescente, seu


comprimento aumenta linearmente a uma taxa muito baixa, inicialmente. [...] No
entanto, após alcançar um valor crítico de tensão sE, o corpo de provas sofre uma
grande deformação com aumento relativamente pequeno da carga aplicada. [...] A
tensão sE, na qual o escoamento é iniciado, é chamada de resistência de escoamento
(BEER et al, 2015, p. 54).
“De acordo com o valor característico da resistência de escoamento as barras de aço
são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50” (ABNT NBR 7480, 2007, p.2). As barras CA-
25 tem limite de resistência característico de 250Mpa e as barras de CA-50, tem limite de
resistência característico de 500Mpa, de acordo com a Tabela B.3 da referida Norma.

Quadro 2 – Tabela B.3- Propriedades mecânicas exigíveis de barras de Aço e fios de aço destinadas a armadura de
concreto armado.

Fonte: NBR 7480, 2007, p.12.

Portanto, devido à sua ductilidade, o aço para concreto armado demonstra através
dessa característica que está sob elevadas tensões e que antes de se romper sofrerá grandes
deformações. No cotidiano constitui o aviso de que o colapso da estrutura está próximo e que
26

cuidados devem ser o mais rápido aplicados, ou para manter a estrutura, ou para salvaguardar
a vida humana.

2.3 PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES

O termo apresentado ‘patologia’ deriva do grego pathos (doença) e logos (ciência,


estudo), significando o estudo da doença. Para a Construção Civil, estudar a doença das
edificações é se debruçar sobre as manifestações que se apresentam sobre eles: trincas fissuras,
rachaduras, manchas, dentre outras.

A preocupação com estes edifícios, com seus problemas é muito antiga e pode-se dizer
que nasceu com o próprio ato de construir. Esta preocupação, contudo, não se revestia
antigamente de caráter sistemático estando restrita ao estudo de alguns problemas
mais comuns, geralmente aqueles que provocam alguma falta de segurança
(LICHTENSTEIN, 1985, p. 2).

Segundo LICHETENSTEIN (1985) a preocupação com o desempenho das


edificações já era discutida, quando “modernamente, com a aplicação na Engenharia Civil do
conceito de desempenho, os edifícios começam a ser analisados com o todo”. Isso exatamente
28 anos antes da publicação da NBR 15575:2013, que “estabelece requisitos e critérios de
desempenho aplicáveis às edificações habitacionais, como um todo integrado[...]” (ABNT
NBR15575, 2013, p.1).

As ocorrências patológicas normalmente se originam em falha ou mesmo um erro


durante alguma das fases do projeto. São fases, já conhecidas, do projeto, o planejamento, o
projeto executivo, a fabricação das matérias primas, a execução e o uso do empreendimento/obra.
Infelizmente, esses eventos têm como efeitos possíveis grandes defeitos futuros. Porém, de todas
etapas que já foram elencadas, as que mais contundentes se apresentam durante a abordagem do
surgimento de alguma patologia, são as fases de execução, controle de materiais e uso (HELENE,
2003).

“No Brasil, dentre as manifestações patológicas mais comuns, a fissuração e a


corrosão de peças estruturais de concreto armado, é responsável por cerca de 20% do total de
manifestações” (HELENE, 2003, p. 145, grifo nosso).

“Normalmente a corrosão da estrutura de aço é causada pela exposição à elementos


ambientais, tais como o oxigênio e a umidade presentes na atmosfera, que reagem com o aço e
acabam oxidando-o e comprometendo sua durabilidade” (DE JESUS et al, 2019, p. 140).
27

2.4 CORROSÃO NAS ESTRUTURAS DE AÇO

Em sentido amplo, a corrosão pode ser definida como “a interação destrutiva de um


material com o meio ambiente”, seja por ação física, química, eletroquímica, ou a combinação
destas (HELENE, 1993, p.1).

“No caso de armaduras em concreto, os efeitos degenerativos manifestam-se na forma


de manchas superficiais causadas pelos produtos de corrosão, seguidas por fissuras,
destacamento do concreto de cobrimento, redução da secção resistente das armaduras
com frequente seccionamento de estribos, redução e eventual perda de aderência das
armaduras principais, ou seja, deteriorações que levam a um comprometimento
estético e da segurança estrutural ao longo do tempo” (SALES, 2018, p. 2).
Os efeitos da corrosão das estruturas têm ocorrido com grande incidência em
Fortaleza, e infelizmente existe a ocorrência de acidentes fatais como o desabamento de
estruturas completas, vide o caso do Edifício Andréa1, bem como impactando sobre a
desvalorização dos imóveis; seja por apresentar patologias relacionadas com a corrosão das
estruturas, seja por exigir manutenção recorrente sobre essas edificações.

Nesse sentido, a corrosão nas estruturas de aço do concreto afeta diretamente a


valorização econômica e impacta nos valores de imóveis em áreas sujeitas a esse intemperismo.
De acordo com MUNIZ (2020), “a diferença do valor médio do m2 da Praia do Futuro e do
bairro Meireles é exageradamente alta, sendo 131% superior para esse bairro”.

E esse fato é demonstrado por CABRAL e CAMPOS (2016, p.68):

“Os valores de deposição de cloretos da região da Praia do Futuro foram os mais


elevados quando se comparado aos de outras cidades brasileiras e estrangeiras,
confirmando, portanto, que a região é altamente agressiva, o que requer diretrizes
construtivas especiais para manter a durabilidade das construções nesta área.”
Nesse sentido, seguem os autores, que a “região da Praia do Futuro apresenta as
classes de agressividade IV (muito forte), III (forte) e II (moderada)” (CABRAL e CAMPOS,
2016, p. 68).

1
Publicação do Jornal Diário do Nordeste, in
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/metro/predio-residencial-de-7-andares-
desaba-em-fortaleza-fotos-e-videos-1.2161965
14 e 24, que são classificados como Classe III-Forte. O
mapa apresentado na Figura 18 compila a classifica-
ção anteriormente descrita. 28

FIGURA 18 – PROPOSTA FINAL PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS


DE AGRESSIVIDADE EM FORTALEZA/CE, SEGUNDO METODOLOGIA
Fig. 9 – Proposta final para DE
classificação das zonas de agressividade em Fortaleza/CE.
VILASBOAS (2013)

struturas ficarão expostas


o, sofrendo todas as influ-
os, temperatura, umidade,
uma classificação das zo-
dade a partir dos valores
de íons cloro, encontrados
im, segundo este método,
rita a seguir.
da Praia do Futuro suge- CLASSE IV - MUITO FORTE
orte, seguida da Classe III CLASSE III - FORTE
ância em relação ao mar, CLASSE II - MODERADA
Moderada, até aproxima- CLASSE I - FRACA

Praia de Iracema se pro-


a Classe III – Forte, até os Fonte: CABRAL e CAMPOS (2016), p. 68.
ação ao mar, com exceção
Nesse sentido, os impactos econômicos da corrosão das estruturas das edificações
pode ser considerado até
são importantes e merecem um estudo apropriado, mas deve ser salientado que

“[...] o fenômeno da corrosão das armaduras em concreto passou a ser, nos


últimos 20 anos, o problema econômico de primeira importância 69 na área de
construção civil da maioria dos países desenvolvidos. Para endossar essas
afirmativas citam problemas na Europa, Golfo Pérsico e principalmente
diversas pesquisas e levantamentos efetuados nos Estados Unidos,
questionando a vida útil das estruturas de concreto que apresentam problemas
graves de corrosão de armaduras com apenas 5 a 10 anos de idade, quando
foram projetadas para uma vida útil de 50 a 100 anos”. (HELENE, 1993, p. 2)

2.5 BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE COMPÓSITOS

De acordo com Orlando (2019, p. 28),

“[...] o desenvolvimento dos materiais FRP se deu especialmente após a II Guerra


Mundial com o avanço da indústria petroquímica. Na década de 70, mesmo a custos
elevados, seu uso começou a ser implementado pela indústria aeroespacial e militar.
Somente na década de 80/90 os custos reduziram e seu uso foi estendido à engenharia
civil”.

Os primeiros trabalhos na engenharia civil que mereceram registro sobre sistemas


de compósitos como reforço estrutural foram os desenvolvidos na Europa, tendo,
29

especificamente, o caso ocorrido na Suíça, em que pesquisadores dos laboratórios EMPA


(“Federal Laboratories for Materials Testing and Research”) executaram reforços de
componentes externos de pontes, sendo o primeiro trabalho executado na ponte Kattenbusch
Bridge, na Alemanha em 1987, onde foram utilizados vinte faixas de laminados de polímeros
reforçados com fibra de vidro (Orlando, 2019, p. 28).

Também remonta à década de 80 os trabalhos executados no Estados Unidos.


Através das iniciativas da National Science Foundation e da Federal Highway Administration
foram conduzidos diversos reparos em estruturas de pilares com fibras de vidro reforçada com
polímeros, nas cidades de Santa Mônica e Los Angeles (Orlando, 2019, p. 28)

No Brasil as pesquisas iniciais foram desenvolvidas no âmbito de estruturas de


concreto armado reforçadas com FRP. Estes trabalhos iniciais foram executados em reforços
em pilares de concreto armado, inclusive os primeiros registros no tocante à normatização,
dentre as quais podem ser citados ORLANDO (2019), TAVARES (2006), e registros de
pesquisas isoladas iniciais em meados da década de 90 em Fortaleza –CE, seguidas de dois
artigos apresentados no III Congresso de Engenharia Civil em Juiz de Fora: Barras de
Armação em FRP: Discussão de parâmetros para normalização (ALVES, A. B. e
CASTRO, P. F. – 1998) e Comportamento de Vigas de Concreto de Alta Resistência com
Armadura Não Metálica Tipo FRP (RAYOL, J. O. e MELO, G. S. – 1998), (TAVARES,
2006).

2.6 COMPÓSITOS: BARRAS DE FIBRA DE VIDRO

Materiais compósitos consistem na união de dois materiais de desempenho


mecânico diferentes que, quando combinados, apresentam desempenho iguais ou superior ao
dos materiais de origem. Podem, também, ser definidos como um sistema cujas propriedades
dependem da especificação dos materiais que os constituem, de suas propriedades e de sua
geometria. Pode-se, por fim, definir como o material formado por dois componentes, a matriz
e um elemento de reforço (ORLANDO, 2019).

Nesta pesquisa foi priorizada a analise da matriz de resina polimérica com fibra de
vidro, denominados de Fibra de Vidro Reforçada com Polímeros - FRP.

Segundo a Norma ACI 440.1 R15, os produtos de FRP são produzidas por três
processos distintos, de acordo com o tipo de produto a obter. O processo “Filament Winding”
30

destina-se à fabricação de tubos, tanques e demais materiais cilíndricos; já o processo de


compactação à vácuo para fabricação de laminados; e o processo de pultrusão, o qual consiste
no alongamento de fibras de vidro com a impregnação das mesmas com resina. Consiste em
proporcionar um banho prévio de resina e outros aditivos para que sejam estiradas e formem o
perfil. Neste processo, semelhante ao da extrusão, em que o material é injetado no molde, na
pultrusão o material é puxado através de uma matriz, e logo em seguida é aquecido para atingir
a cura.

Fig. 10 – Esquema do processo de pultrusão.

pultrusaoImage 1 of 4
Fonte: ISOCOMPÓSITOS, (2021). Disponível em http://www.isocompositos.com.br/pultrusao.asp.

Uma das virtudes da barra de FRP é que ela tem o comprimento ilimitado, sendo o
tamanho do local de produção e a sua logística de transporte seus únicos limitantes.

2.7 PROPRIEDADES DAS BARRAS DE FRP

O uso de qualquer material estrutural está relacionado com todas as propriedades


http://www.isocompositos.com.br/pultrusao.asp Página 2

físicas e mecânicas do mesmo. Em barras de FRP não é diferente, sendo que deve ser
considerado como variáveis a quantidade de fibra e o tipo de matriz, se polimérico ou não, o
processo de produção e a orientação das fibras componentes. (TAVARES, 2003).

Comparativamente, as propriedades das barras de FRP e as armaduras de aço pode


ser dispostas segundo a Figura 11:
31
17

polimerizada e a Figura 2.8 mostra o diagrama tensão X deformação das diversas


Fig. 11 – Quadro comparativo das propriedades mecânicas das barras de FRP e aço, e Diagrama Tensão e
armaduras.
Deformação dos diversos tipos de armaduras.
Tabela 2.4 Propriedades mecânicas das barras de GFRP comparadas ao aço – ACI 440R-96 (Adaptado).
Armadura Cordoalha Barra de Cordoalha Cordoalha Cordoalha
de aço de aço GFRP de GFRP de CFRP de AFRP
Resistência à tração
483-690 1379-1862 517-1207 1379-1724 1650-2410 1200-2068
(MPa)
Tensão de escoamento
276-414 1034-1396 Não se Aplica (N/A)
(MPa)
Módulo de elasticidade
200 186-200 41-55 48-62 152-165 50-74
(GPa)
Alongamento máximo
> 0,10 >0,04 0,035-0,05 0,03-0,045 0,01-0,015 0,02-0,026
(mm/m)
Resistência à compressão
276-414 N/A 310-482 N/A N/A N/A
(MPa)
Coeficiente de expansão
-6 11,7 11,7 9,9 9,9 0,0 -1,0
térmica (10 /C)
Peso específico 7,9 7,9 1,5-2,0 2,4 1,5-1,6 1,25

σ
CFRP
(MPa)
AFRP
2000 Aço de
Prestressing
protensão
Steel

1000
Aço de armadura
Reinforcing
passiva
Steel

GFRP

0 1 2 3 εε (%)
%

Figura 2.8 - Diagrama Tensão e Deformação dos diversos tipos de armaduras – Design Guidelines for FRP reinforced
Fonte: TAVARES, 2006, p. 17.
concrete, Pilakoutas e Guadagnini (2003).

Como o enfoque principal do presente trabalho é a utilização de barras de


GFRP, mesmo sendo apresentadas propriedades das barras de FRP, estas serão as
únicas
2.7.1 comentadas.
PROPRIEDADES FÍSICAS
2.2.2.1 Propriedades
DENSIDADE físicas dasde
- Barras barras
FRP têm densidade variando de 1,25 a 2,1 g/cm3, algo
de GFRP.

em torno de um sexto a um quarto


Densidade do aço. Esse
– A densidade peso reduzido
do compósito diminui
pode ser obtida o
emcusto de das
termos transporte e
densidades e a fração da quantidade de cada constituinte conforme a equação 2-1
facilita o manuseio das barras no local da intervenção.
(FIB TG 9.3-2003). A Tabela 2.5 mostra a densidade de barras com variação do
volume das fibras de
COEFICIENTE DE50-70%.
EXPANSÃO TÉRMICA - O coeficiente de expansão térmica
das barras de FRP
ρc = ρ variam nas direções longitudinal e transversal, dependendo dos tipos de fibra,
f ⋅ V f + ρ m ⋅ Vm
2-1
resina e fração de volume da fibra. O coeficiente longitudinal de expansão térmica é definido
pelas propriedades das fibras, enquanto o coeficiente transversal é definido pela resina. A Tabela
2 lista os coeficientes longitudinais e transversais de expansão térmica para FRP e barras de aço
típicas. A diferença entre o coeficiente transversal de expansão térmica das barras de PRFV e
do concreto pode causar rachaduras no concreto com o aumento da temperatura e, em última
instância, ruptura da cobertura de concreto se a ação de confinamento do concreto for
insuficiente. De acordo com a Norma ACI 440.1 R15 resultados experimentais mostram que o
32

coeficiente transversal de expansão térmica de barras de FRP de vidro (GFRP) é de 22 × 10-


6
/°C em média, e a razão entre os coeficientes transversais e longitudinais de expansão térmica
dessas barras de FRP é igual a 4.

Tabela 1 - Coeficientes típicos de expansão térmica para barras de reforço (valores típicos para fração de volume
de fibra variando de 0,5 a 0,7).

Coeficiente de Expansão Térmica (x 10-6/°C)


Direção
AÇO GRFP CONCRETO
Longitudinal 11,7 6,0 a 10,0 7,2 a 10,8
Transversal 11,7 21,0 a 23,0 7,2 a 10,8
Fonte: adaptação da Norma ACI 440.1 R15.

2.7.2 PROPRIEDADES MECÂNICAS

PROPRIEDADES À TRAÇÃO - quando submetidas à tração, as barras de FRP não


apresentam comportamento plástico (cedendo), no caso, uma diminuição de seção, antes da
ruptura. Essas propriedades são intrínsecas à dos materiais constituintes, da fração de seu
volume, distribuição das fibras, interações físicas e químicas entre elas, e principalmente,
controle de qualidade nos procedimentos de fabricação.

“A resistência à tração varia de acordo com a seção transversal da barra. Para barras
de GFRP de 9,5mm e 22mm de diâmetro a resistência cai até em 40% (FIB TG 9.3-
2003). Este fato ocorre em virtude do aumento da área de interface entre as fibras e a
resina com o aumento da seção transversal da barra. Os testes de resistência à tração
são muito complexos pelas dificuldades relacionadas com as rupturas das barras em
seções transversais contidas em planos que contém as seções das garras do corpo-de-
prova. A norma ACI 440.1 R15 traz os procedimentos deste ensaio, porém a
resistência à tração das barras de FRP deve ser fornecida pela Indústria responsável
pelo produto a fim de evitar a necessidade de testes complexos a cada utilização. A
indústria, por sua vez, deve ser fiscalizada a fim de que um responsável técnico
assuma a veracidade das informações fornecidas do produto” (TAVARES, 2006, p.
18).

PROPRIEDADES À COMPRESSÃO – De acordo com TAVARES(2006, p. 19),

“[...] quando componentes de FRP são solicitados à compressão


longitudinal, os modelos aplicáveis ao comportamento à tração não são
mais validos, pois a ruina na compressão é muitas vezes associada a
microfissuração das fibras com restrição da matriz polimérica. É difícil
prever o comportamento das barras à compressão, e, este depende muito
do tipo de ensaio e da geometria da amostra. O que se pode observar é
que a resistência à compressão para barras de FRP é imensamente
menor que a de tração. O módulo de elasticidade à compressão para
Propriedades à compressão – Quando componentes de FRP são solicitados à
compressão longitudinal, os modelos aplicáveis ao comportamento à tração não são 33

mais válidos, pois a ruína na compressão é muitas vezes associada a microfissuração


das fibras com restrição da matriz polimérica. É difícil prever o comportamento das
barras de FRP é em torno de 80% menor que o módulo à tração (ACI
barras à compressão, e, este
440.1depende
R15)”. muito do tipo de ensaio e da geometria da
amostra. O quePROPRIEDADES
se pode observarAO
é que a resistência à compressão
CISALHAMENTO para
– Os diversos barras
fatores quededefinem o
FRP é imensamente menor que a de tração. O módulo de elasticidade à compressão
comportamento das barras de FRP ao cisalhamento são
para barras de FRP é em torno de 80% menor que o módulo à tração (ACI 440R-96).
“[...] as propriedades da matriz polimérica e a distribuição de tensões
locais. A literatura especializada é dedicada especialmente para o
Propriedades de cisalhamento – Os fatores que dominam o comportamento
cisalhamento no plano de estruturas laminares, mas as barras de FRP
das barras de FRP ao cisalhamento são as propriedades
são sujeitas principalmente da matriz transversal”
ao cisalhamento polimérica e(TAVARES,
a
2006, Ap. literatura
distribuição de tensões locais. 19). especializada é dedicada especialmente
para o cisalhamento no plano de estruturas laminares, mas as barras de FRP são
Figuraprincipalmente
sujeitas 12 – Barra de FRP
aosubmetida ao cisalhamento
cisalhamento transversal.
transversal (FIB TG 9.3-2003).

Figura 2.9 - Barra de FRP sujeita ao cisalhamento transversal - FIB TG 9.3-2003.


Fonte: (TAVARES, 2006, p. 19).
A Figura 2.9 mostra a solicitação ao cisalhamento transversal, com o vetor da
Na figura 12 é demonstrada a solicitação ao cisalhamento transversal, onde o vetor
tensão contida no plano da seção transversal.
da tensão contida no plano da seção transversal à orientação das fibras.
A Tabela 2.7 resume as principais propriedades de um tipo de barra de GFRP,
lembrando que a mudança da fibra ou da resina constituinte pode modificar as
2.8 NORMATIZAÇÃO
propriedades das barras. Essa variabilidade indica a necessidade de padronização
dos processos produtivos e dos RELATIVAS
2.8.1 NORMAS materiais utilizados.
AO CONCRETO ARMADO

A Norma brasileira ABNT NBR 6118:2014 Projetos de Estruturas de Concreto –


Procedimento é o mais importante documento técnico brasileiro sobre estruturas de concreto
armado, o qual garante a acreditação nos procedimentos realizados sob sua égide. Sofreu uma
importante revisão em 2014 e está em vigor através de sua terceira edição editada naquele ano.

De forma similar, as normas do American Concrete Institute (ACI), ACI 318-14


Building Standards Requirements for Structural Concrete, e ACI 343R-95 Analysis and Design
34

of Reinforced Concrete Bridge Structures, são o regramento de padrões aos quais a indústria da
construção civil americana se baseia.

E ambas têm sua acreditação perante a ISO, International Organization for


Standardization, através da emissão da ISO/TC71/SC4 (Performance Requirements for
Structural Concrete), relatório advindo da reunião do grupo de trabalho daquele órgão
internacional realizada em Seul, na Coréia do Sul em 28 de outubro de 2015.

De acordo com a ISO, as normas da ABNT e da ACI cumprem a norma ISO 19338,
a qual fornece requisitos de desempenho e avaliação para padrões de projeto em estruturas de
concreto. Tal documento é um padrão internacional do tipo “guarda-chuva” com disposições e
diretrizes gerais, destinadas a fornecer ampla latitude na escolha em termos de requisitos gerais
para desempenho e avaliação de estruturas de concreto. E o documento ISO/TC71/SC4 fornece
a lista de normas de países e regiões mundiais que tiveram seus procedimentos aprovados e que
satisfazem a ISO 19338. Além do Brasil e dos Estados Unidos, através desse documento foram
aprovadas as normas da Europa, Japão, Austrália, Colômbia, Arábia Saudita, Egito e Coréia do
Sul.

Dessa forma, os procedimentos em concreto armado são baseados em normas


comuns guardadas as particularidades regionais em relação ao clima e à geografia. Não há,
portanto, em se falar de similaridades do regramento internacional do concreto armado, posto
que são todos satisfatórios em relação a ISO 19338.

2.8.2 NORMAS RELATIVAS AOS COMPÓSITOS

Os diversos critérios de padronização são provocados por diferentes usos,


necessidades e aplicações, bem como nas implicações geográficas. As três principais correntes
de normatização se destacam pelos trabalhos do Japão, interessados em alternativas de
resistência das estruturas aos sismos, nos estudos dos Estados Unidos da América nas soluções
aos problemas de durabilidade de pontes e na preocupação da Europa na necessidade de
preservar e reabilitar o patrimônio histórico edificado (ORLANDO, 2019).

No Brasil não existe normativa específica em relação a FRP. Assim, os projetistas


brasileiros adotam as propostas normativas internacionais que mais se adequam ao problema e
35

situação analisados, sendo o American Concrete Institute (ACI) o mais apropriado em nosso
estudo.

2.8.3 American Concrete Institute (ACI) - Comité 440

O American Concrete Institute (ACI) tem no “Comité 440” o seu grupo de


pesquisadores na área dos sistemas compósito de FRP. Dos vários documentos publicados, o que
apresenta a maior relevância para nosso estudo foi lançado em março de 2015: “Guide for the
Design and Construction of Structural Concrete Reiforced with Fiber-Reinforced (FRP) Bars”.
Este documento encontra-se dividido em doze capítulos.

Esta Norma foi desenvolvida pela primeira vez em 2001 como um guia para o projeto
e construção de concreto estrutural com barras de FRP. Outros países e regiões, como Japão
(Sociedade Japonesa de Engenheiros Civis 1997b), Canadá (CAN / CSA-S6-06, CAN / CSA-
S806-12) e Europa (fib 2007, 2010) também estabeleceram projetos/documentos semelhantes e
relacionados.

Em seu primeiro capítulo é apresentada uma pequena introdução sobre as construções


em concreto armado e a mesma situação abordada no presente trabalho.

“As estruturas convencionais de concreto são reforçadas com aço não protendido e
protendido. O aço é inicialmente protegido contra a corrosão pela alcalinidade do
concreto, geralmente resultando em uma construção durável e utilizável. Para muitas
estruturas sujeitas a ambientes agressivos, como estruturas marinhas, pontes e
garagens de estacionamento expostos a sais de degelo, combinações de umidade,
temperatura e cloretos reduzem a alcalinidade do concreto e resultam na corrosão
do aço de reforço. O processo de corrosão acaba causando a deterioração do concreto
e perda de capacidade de manutenção” (ACI 440.1 R15, 2015, p. 2, 3, grifo nosso)
A Norma do American Concrete Institute continua que,

“Os materiais compósitos feitos de fibras embutidas em uma resina polimérica, também
conhecido como polímero reforçado com fibra (FRP), são uma alternativa ao reforço de
aço para estruturas de concreto. Os materiais de reforço de polímero reforçado com
fibra são feitos de fibra de aramida contínua (AFRP), fibra de carbono (CFRP) ou fibra
de vidro (GFRP) incorporada em uma matriz de resina. [...] Como os materiais de FRP
são não magnéticos e não corrosivos, os problemas de interferência eletromagnética e
corrosão do aço podem ser evitados com o reforço de FRP. Além disso, os materiais de
FRP exibem várias propriedades, como alta resistência à tração, que os tornam
adequados para uso como reforço estrutural” (ACI 440.1 R15, 2015, p. 3).

No segundo capítulo são apresentadas notações e definições dos sistemas compósitos


de FRP assim como informações mais completas em uma lista mais abrangente, através da “ACI
Concrete Terminology”.
36

Em seu terceiro capítulo a norma embasa historicamente o uso de FRP, onde é feita
uma retrospectiva do seu desenvolvimento, e de algumas aplicações realizadas.

Figura 13 – Aplicação de FRP no tabuleiro superior da ponte Emma Park, no Estado de Utah, EUA, 2009.

Fonte: (ACI 440.1 R15, 2015, p. 7).

Ainda nesse capítulo a norma faz uma ressalva ao uso de FRP, onde reforça que o
mesmo tem alta resistência à tração e exibe comportamento linear tensão-deformação até a
ruptura. Mas “o uso de reforço de FRP deve ser limitado a estruturas que irão se beneficiar
significativamente de outras propriedades, como o comportamento não corrosivo ou não
condutor de seus materiais” (ACI 440.1 R15, 2015, p. 8).

E continua que “devido à falta de experiência em seu uso, o reforço de FRP não é
recomendado para estruturas de momento ou zonas onde a redistribuição de momentos é
necessária” (ACI 440.1 R15, 2015, p. 8).

Já no quarto capítulo são apresentadas as características do material, em que são


apresentadas as propriedades físicas (Densidade e Coeficiente de Expansão Térmica) e
propriedades mecânicas (Propriedades à Tração, Propriedades à Compressão, Propriedades ao
Cisalhamento). São também observados os comportamentos em relação ao tempo, como
ruptura por fluência e fadiga, e sobre os efeitos de alta temperatura e do fogo.

“A resistência ao fogo dos elementos de concreto armado com FRP pode, dada a
devida consideração às possíveis diferenças em sua resposta ao aquecimento, ser determinada
de forma semelhante à das lajes de concreto armado com aço” (ACI 440.1 R15, 2015, p. 13).
Ou seja, existe uma similitude da RFP em relação ao uso do aço em lajes.

Em seu quinto capítulo a norma de debruça especificamente sobre a durabilidade


das barras de FRP. Pesquisas ainda estão em andamento, mas os dados obtidos até o presente
momento ainda são insuficientes e deixam inconclusivos os testes relatados. Na Norma ASTM
eitherand compression-controlled or tension-controlled modes Carbon
Aramid 0.9
0.9
ment concrete allows for consideration to be given to Concrete exposed to
of e ural failure etrimental effects
either compression-controlled or tension-controlled modes of high temperature earth and weather
Glass
Carbon 0.7
0.9
and fire on reinforced structures are discussed in 4.4. Concrete exposed to Aramid 0.8
of e ural failure etrimental effects of high temperature earth and weather
Glass 0.7
and fire on reinforced structures are discussed in 4.4. Aramid 0.8
6.1—Design philosophy that with continued research, these values will become more 37
Although strength
6.1—Design philosophy and working stress design approaches re ective of actual effects of environment
that with continued research, these values will become more he methodolog
were considered,
Although strengththe and
strength
working design approach
stress designofapproaches
reinforced regarding
re ective of theactual
use ofeffects
theseof factors, however, he
environment is methodolog
not expected
concrete members reinforced with FRP
were considered, the strength design approach of reinforced bars was preferred to change.
regarding the use of these factors, however, is not expected
to ensuremembers
D7705
concrete sãoconsistency
apresentados with other
reinforced testes
with ACI
FRPparadocuments.
bars was avaliar Design to 6.2.1
a durabilidade
preferred change. Tensile strength of FRP bars at bends—The design
de barras FRP expostas a soluções
recommendations are based on limit state design prin- tensile strength of FRP bars
6.2.1 Tensile strength of FRPat a bend
bars can be determined
at bends—The as
design
to ensure consistency with other ACI documents. Design
ciples.
alcalinas. In many instances, serviceability
recommendations are based on limit state design prin- criteria or fatigue tensile strength of FRP bars at a bend can be determined as
and creep
ciples. rupture
In many endurance
instances, limits could criteria
serviceability control the design
or fatigue  r 
of concrete mem endurance
ers reinforced forcoulde ure with the design ars f fb =  ⋅ b +  f fu ≤ f fu (6.2.1)
and creep rupture No capítulo limits
seis, são control
tratadas as considerações gerais sobre

 o
d
rbb projeto
 de elementos
especially aramid FRP (AFRP) and glass FRP (GFRP) that f fb =  ⋅ +  f fu ≤ f fu (6.2.1)
of concrete mem ers reinforced for e ure with ars
exhibit low stiffness.  db 
de concreto
especially reforçado com barras de FRP. As propriedades
aramid FRP (AFRP) and glass
The load factors given in ACI 318 are used to determine
FRP (GFRP) that
Equation do (6.2.1)
material fornecidas
is adapted from design pelorecommendations
fabricante,
exhibit low stiffness.
the required strength of a concrete member reinforcedproduto,
with by the Japan Society of Civil Engineers (1997b). Limited
como a resistência
The load factors givenàintração ACI 318garantida
are used to do determine devem
Equation ser consideradas
(6.2.1) is adapted from comodesignpropriedades
recommendations
FRP. research on FRP hooks ( hsani et al ) indicates that the
the required strength of a concrete member reinforced with by the Japan Society of Civil Engineers (1997b). Limited
iniciais que não incluem os efeitos da exposição de tensile force prazo
longo developed ao(bymeiothe bent portion of a Como GFRP bar is
FRP. research on FRP hooks hsani etambiente.
al ) indicates thatathe
6.2—Design material properties mainl in uenced the ratio of the end radius to the ar
tensile force developed by the bent portion of a GFRP bar is
exposição dematerial
Material properties
6.2—Design longoprovided prazo bya the
properties vários tipos desuch
manufacturer, ambientes
mainl pode
diameter, rb/dreduzir
in uenced b; the tail a resistência
length;
the ratio of the endàradius
and, to a lesser traçãoextent,
to thee athear
as the guaranteed tensile strength, should be considered as concrete strength.
Material properties provided by the manufacturer, such
ruptura por fluência
initial properties that do enot a include
resistência à fadiga
the effects
as the guaranteed tensile strength, should be considered as
das barrasdiameter,
of long-term de
ForFRP,
rb/db; the tail length; and, to a lesser extent, the
concrete strength.
as propriedades
an alternative determinationdo material
of the reductionusadasin tensile
exposure to the environment. Because long-term exposure strength due to bending, manufacturers of bent bars may
initial
nas properties that do not include the ser
effects of long-term Forno an tipo
alternative determination of the reduction in tensile
to equações
various typesdeofprojeto environments devem can reducereduzidasthe tensile com baseprovide e nível
test results basedde on exposição
test methodologies ambiental.
cited in ACI
exposure to the environment. Because long-term exposure strength due to bending, manufacturers of bent bars may
strength and creep rupture and fatigue endurance of FRP 440.3R.
to various types of environments can reduce the tensile provide test results based on test methodologies cited in ACI
bars, the material As properties
equações used in designeequations
(2.8.3a) (2.8.3b) should
fornecem as propriedades de tração que devem ser
strength and creep rupture and fatigue endurance of FRP 440.3R.
be reduced based on the type and level of environmental CHAPTER 7—FLEXURE
bars, the material properties used in design equations should
usadas
exposure.
be Equations
em
reduced based
todas as equações de projeto. A resistência The à tração
design of de projeto7—FLEXURE
FRP-reinforced
CHAPTER
deve concrete
ser determinada
members for
(6.2a)on andthe typegive
(6.2b) andthe level of environmental
tensile properties that e ure is analogous to the design of steel reinforced concrete
exposure.
por The design
members. of FRP-reinforced
Experimental data on concrete concrete
members members
reinforced for
should be used in all design equations. The design tensile
Equations (6.2a) and
strength should be determined by (6.2b) give the tensile properties that e
with ure is analogous to the design of steel
ars show that e ural capacit can e calculated reinforced concrete
should be used in all design equations. The design tensile members.
based on Experimental
assumptions similar data on to concrete members
those made for reinforced
members
strength should be determined by
ffu = CE ffu* (6.2a) with ars show that e ural capacit
reinforced with steel bars (Faza and GangaRao (2.8.3a) can e calculated
1993a; Nanni
based
1993b;on assumptions
GangaRao similar
and Vijay to those
1997a). The made
designfor members
of members
The design rupture strain ffu =should
CE ffu*be determined as (6.2a) reinforced
reinforced with with FRPsteelbarsbarsshould
(Faza and take GangaRao
into account1993a; Nanni
the uniaxial
A tensão de ruptura de projeto deve ser determinada 1993b; GangaRao
stress-strain relationship and Vijay 1997a).
comoof FRP materials. The design of members
The design rupture strain =should CE fu*be determined as (6.2b) reinforced with FRP bars should take into account the uniaxial
fu
stress-strain
7.1—General relationship
considerations of FRP materials.
= C *
The design modulus of elasticity will be the same as the
fu E fu (6.2b) his chapter specificall references rectangular (2.8.3b)sections
value reported by the manufacturer as the mean elastic 7.1—General
with a single layer considerations
of one type of tensile FRP reinforcement,
The design
modulus modulusvalue)
(guaranteed of elasticity will beofthe
of a sample testsame as the
specimens hisexperimental
as the chapter specificall work hasreferences rectangular
almost exclusively sections
considered
Tabela
value 2reported
– Fatorby de theRedução Ambiental
manufacturer as para
the várioselastic
mean tipos de fibra
with eacondições
single layer deofexposição.
one type of tensile FRP reinforcement,
(Ef = Ef,ave). members with this cross-sectional shape and reinforcement
modulus (guaranteed reduction
The environmental value) of factors a sample of in
given testTable
specimens
6.2 are as the experimental
layout. The conceptswork has almost
described herein,exclusively
however, can considered
also be
(E f = Ef,ave). estimates, depending on the durability of each
conservative members
applied to with
the this cross-sectional
analysis and design ofshape
membersand reinforcement
with different
Fator de Redução Ambiental
fi The
er t environmental reduction
pe and are Condições on thede factors given
Exposição of in Table Tipo areFibra layout.
6.2 de geometry The andconcepts
multiple described herein,layers,
however, can ofalso be
conservative
ased
estimates, depending
consensus
on the durability
ommittee
of each applied to the analysis(CE)types,
and
multiple
design of members
or both,
with
FRP
different
440. Temperature effects are included in the CE values. reinforcement lthough there is no evidence that the e -
fiFiber-reinforced
er t pe and arepolymer ased onbars, the consensus of
however, should notommittee
be used geometry
ural theory, andasmultiple
developed types,
herein,multiple
does notlayers,
apply or equally
both, of well
FRP
440. Temperature
in environments Concreto effects
with a service are included
temperature in the C Carbono
values.
higher than the
E reinforcement
to nonrectangular 1,0
lthough
sections, therethe is no
behaviorevidence
of that the
nonrectangular e -
não exposto ao ar ural theory,
Fiber-reinforced
Tg of the resin used polymerforou bars,manufacturing.
their however, should It not
is be Vidro
used
expected sections hasasetdeveloped
to 0,8 herein, does
e confirmed e not apply equally
perimental resultswell
intempéries to nonrectangular sections, the behavior of nonrectangular
in environments with a service temperature higher than the
Tg of the resin used for their manufacturing. American Concrete It InstituteAramida
is expected sections
– Copyrighted © Material et to 0,9
has – www.concrete.org
e confirmed e perimental results
Carbono 0,9
Concreto exposto aoConcrete
American ar ou Institute – Copyrighted © Material – www.concrete.org
Vidro 0,7
intempéries
Aramida 0,8

Fonte: tradução da ACI 440.1 R15, 2015, p. 16.

O sétimo capítulo, o mais longo da norma, trata sobre a resistência à flexão. Esse
assunto deve ser observado para casos específicos, o que não faz parte escopo do presente
trabalho, ficando para futuras discussões.

Já o capítulo oito trata sobre a resistência ao cisalhamento de vigas reforçadas com


FRP e lajes unidirecionais, o uso de estribos de FRP e a capacidade de punção dos mesmos. O
projeto do concreto reforçado com FRP é semelhante ao de estruturas de concreto reforçado
38

com aço. As diferentes propriedades mecânicas das barras de FRP, no entanto, afetam a
resistência ao cisalhamento e devem ser consideradas. Mas como esse estudo não está dentro
do escopo o mesmo deve ser feito a posterior.

No capítulo nove é tratado sobre o encolhimento e o reforço de temperatura, os


quais destinam-se a limitar a largura da fissura. A rigidez e a resistência das barras de reforço
controlam esse comportamento. As fissuras de contração perpendiculares ao vão da estrutura
são restritas ao reforço de flexão, portanto, o encolhimento e o reforço de temperatura são
necessários apenas na direção perpendicular ao vão.

Tem-se no capítulo 10 uma abordagem relativa à ocorrência de tensão em uma barra


reta. Em um elemento de flexão de concreto armado, a força de tração transportada pela
armadura equilibra a força de compressão no concreto. A força de tração é transferida para a
armadura através da ligação entre a armadura e o concreto circundante. As tensões de aderência
existem sempre que a força na armadura de tração muda. A ligação entre o reforço de FRP com
polímero reforçado com fibra e o concreto é desenvolvida por meio de um mecanismo
semelhante ao do reforço de aço e depende do tipo de FRP, do módulo de elasticidade, da
deformação da superfície e da forma da barra de FRP.

A figura 14 mostra a condição de equilíbrio de uma barra de FRP de comprimento


cravada no concreto. A força na barra é resistida por uma tensão média de adesão u atuando na
superfície.

Figura 14 – Transferência de força por meio do vínculo barra/concreto.


28 DESIGN AND CONSTRUCTION OF STRUCTURAL CONCRETE REINFORCED WITH FRP BARS (A

helical lug) did not appear to affect


ingl did the presence of confining r
and Shield 2006). Darwin et al. (19
steel used in beams that had steel
high relative ri area had more of a
Fig. 10.1—Transfer of force through bond. bond force over the same-size stee
Fonte: (ACI 440.1 R15, 2015, p. 7).
is resisted by an average bond stress u acting on the surface area. The counter-argument is prop
Noof capítulo 11 são demonstrados modelos para
the bar. Equilibrium of forces can be written as follows exemplificar os conceitos
bars have a very low e relative rib
presence of confinement ma not in
procedimentos apresentados na norma, e de acordo com o tipo de esforço ao qual o elemento é
stress dditional research into the
ℓe dbu = Af,barff (10.1a)
exposto. forcement on bond of GFRP bars, h
where ff is the stress developed in the bar at the end of the Equations (10.1a) and (10.1b)
E no último capítulo
embedment length. Insão apresentadas
contrast as referências
to steel bars, achievable bar stressogiven the exi
teóricas em que se basearam
the full strength
of an ar need not e developed especiall when e - and cover. A random subset of the
American Concrete Institute para a edição da referida norma. by Wambeke and Shield (2006) w
ural capacity is controlled by concrete crushing and the
required stress in the bar at failure is less than its guaranteed factor of safety for use with these
ultimate strength. Additionally, changing the limit state from probability of a test-predicted rati
bar fracture or concrete crushing to bond failure does not percent. This database included bo
significantl change the ductilit associated with the failure failures with embedment lengths of
The development length equation for steel reinforcing bars all a limit of was put on the C
found in ACI 318 is based on the work done by Orangun et equation could be used to predict
al. (1977). The development length equation was based on for either splitting or pullout bond
39

3.0 APRESENTAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS

Foram escolhidos sete estudos que tratam sobre o uso de fibra reforçado com
polímeros (FRP), dos quais quatro (Meier, Bakis, Fonseca e Perelles) eram abordagens sobre
reforço de estruturas de concreto armado com FRP; dentre eles, um aborda, além dos reforços
internos, externos e dos tabuleiros de pontes, uma revisão histórica, o estado em que se
apresentavam em 2002 e os desafios futuros. Somente três trabalhos debruçaram-se sobre a
comparação de vergalhões de FRP com os de aço para o mesmo tipo de aplicação: Tavares,
Beiral e Dos Santos.

Merece destaque o trabalho pioneiro de Meier (1987) que registrou o reparo


estrutural com materiais de alta performance na ponte Kattenbusch Bridge, na Alemanha em
1987. Foram as primeiras iniciativas de uso de materiais tidos à época como exóticos na
construção civil.

Já nos Estados Unidos, Bakis (2002) faz um pequeno histórico da aplicação de


reforços de elementos estruturais para aplicação em engenharia civil, num artigo organizado
em seções separadas de acordo com as formas estruturais de aplicação, quais sejam, plataformas
de pontes, reforços internos, reforços ligados externamente, padrões e códigos. Cada seção
inclui uma revisão histórica, o estado da arte atual e desafios futuros.

A pesquisa de Tavares (2006) pode ter sido um dos primeiros trabalhos sobre a
substituição de armaduras de aço por FRP no Brasil. Foi analisado o comportamento à flexão
de vigas armadas com FRP comparadas com vigas armadas com aço CA-50. Apesar de ter sido
analisado somente esse comportamento, o trabalho é bastante completo pois faz um minucioso
estudo nas normas internacionais quanto à classificação das barras de FRP, suas propriedades
físicas e mecânicas e, principalmente, quanto à filosofia do dimensionamento de elementos
estruturais armados com FRP, à luz da norma ABNT 6118:2003, posto que não existe norma
brasileira para este material, e resguardando-se com a norma internacional FIB TG 9.3-2003.

O trabalho de Fonseca (2007) apresentou o desenvolvimento de uma técnica para


aumentar a resistência e a rigidez à flexão de ligações de elementos de concreto pré-moldado,
com a aplicação de laminados de polímero reforçado com fibra de carbono (PRFC). O
procedimento adotado no presente trabalho consistiu na colagem dos laminados de PRFC em
entalhes no concreto de cobrimento, de acordo com a técnica conhecida como “near-surface
mounted” (NSM), de modo a incorporar à ligação novos elementos resistentes à tração.
40

Beiral (2012) também foi precursor na pesquisa que envidou esforços na


comparação entre FRP e Aço. Mesmo seu trabalho tendo a finalidade de analisar o
comportamento da aderência entre barras lisas de Fibra de Vidro Impregnada com Polímero
e o concreto, por meio de uma revisão bibliográfica e ensaio de arranchamento seguindo o
modelo padrão da RILEM-FIP- CEB (1973) conhecido como Pull Out Test, é de grande
importância, pois nesta publicação merece destaque, a definição das

principais áreas de aplicação das barras de fibra de vidro[...]: onde existirem agentes
químicos corrosivos; em construções onde a areia utilizada como agregado de
concreto é salina; em obras construídas perto de água salgada; onde o fator peso
seja determinante; onde se requeira baixa condutividade elétrica; onde se requeira
transparência magnética; onde se use sal para derreter gelo (Beiral, 2012, p.16, grifo
nosso).
Perelles et al. (2013) definiu através do Método de Análise Hierárquica uma rotina
para escolha do tipo de fibra (se tecidos de fibra de vidro, de carbono ou aramida) que mais se
adequa para o uso no reforço estrutural de estruturas de concreto.

O trabalho mais importante para nosso estudo foi o desenvolvido por Dos Santos et
al. (2016) na avaliação de resultados dos ensaios à tração de vergalhões de fibra de vidro e aço
para uso no grampeamento da frente de escavação de túneis em maciços terrosos.

Foram utilizados corpos de prova de comprimento de 50 cm e 12,5 mm de diâmetro


para ambos os materiais, ensaiados em laboratório particular da empresa Testin Tecnologia de
Materiais Ltda., em São Paulo. O referido laboratório tem certificado de acreditação emitido
pelo Inmetro, que dá veracidade e maior confiança nos dados apresentados.

Figura 15 – Certificado de Acreditação do Laboratório onde foram executados os ensaios.

Fonte: TESTIN (2021).


vergalhãomateriais,
de fibratendo em vista
de vidro aindaquepoucoa fibra
usadode vidro
nãoos foi
no Brasil, regulamentada
equipamentos pelaainda
utilizados ABNT não até o
ência à tração
possuempresente momento.
os requisitos básicos para a execução
dro e de aço, a Paraensaiosa com obtenção das deste resistências 41
adequada de os vergalhões
características
material,correspondentes
principalmenteaoscom materiais
relaçãoensaiados,
aos os
ncia à tração. corpos
dispositivos de de provados
fixação analisados
corpos deforamprovasubmetidos
em
m laboratório ao tracionamento
suas extremidades,Na os axial até que
quaisdasdevem suas serrupturas
obtenção resistências máximas os corpos de prova foram submetidos a
r emissão posicionados
de fossemde atingidas.
forma a não interferir nos
dos resultados tracionamento
testes, bem Foram
como nos axial até
ensaiados
resultados a posteriormente
cincoruptura.
corpos de prova de
uma máquina aço
apresentados. e seis corpos
Por de
conseguinte,fibra de
prova de vidro,Figura
para de 4. Corpo de Prova de Aço Durante a Realização
a efeito viabilizaçãoFigura
de acordo com 16 – Corpos de Prova em aço e em FRP durante o ensaio.
da aselaboração
Figuras 4 e 5,de respectivamente.
estudo de Ensaio de Tração.
am ensaiados
comparativo entre os dois materiais, foram
mento e 12,5realizadas adaptações nas extremidades dos
ateriais. vergalhões de fibra de vidro de forma a garantir
gularidadea doprecisão da equiparação proposta, conforme
a pouco usadoapresentado na Figura 3.
dos ainda não
ra a execução
galhões deste
relação aos
s de prova em
devem ser
interferir nos
posteriormente
uinte, para Figura 4. Corpo de Prova de Aço Durante a Realização
Fonte: Figuraet5.al.Corpo
Dos Santos (2016,dep.Prova
5) de Fibra de Vidro Durante a
de estudo de Ensaio de Tração. Realização de Ensaio de Tração.
teriais, foram Os ensaios foram realizados em consonância com a norma NBR ISO 6892-1 para
emidades dos Para determinação precisa das deformações
ambos os materiais, posto que ainda
Figura 3. Modelo de Corpo de Prova de Fibra de Vidro. não existe normativa
verificadas no para materiais
ensaio com asdeamostras
FRP no Brasil.
de aço,
rma a garantir
sta, conforme foi utilizado um extensômetro com precisão
3.2 Método de Ensaio Nas amostras
Utilizadode Aço, como pode ser visto na acoplado
milimétrica Figura 12, figura da esquerda,
à barra durante foia
utilizado extensômetro com precisão milimétrica aplicaçãodurante de o tracionamento
tensões dentroaxialde dentro
sua defaixa
sua
Os ensaios foram realizados de acordo com a nominal de regime elástico, apresentado na
norma faixa de regime
brasileira NBR elástico.
ISO Já6892-1,
o vergalhão quede FRPFigura possui valoresasdesuas
4. Devido escoamento e ruptura
propriedades muito
físicas, a
determina os padrões a serem considerados em
próximos, o que indica que o material possuifibra de vidro
intervalo possui valores
de tensões muito
dentro do próximos
regime de
plástico
bastante menor em relação ao aço.
SBMR 2016

Figura 5. Corpo de Prova de Fibra de Vidro Durante a


Realização de Ensaio de Tração.

Para determinação precisa das deformações


Fibra de Vidro. verificadas no ensaio com as amostras de aço,
foi utilizado um extensômetro com precisão
milimétrica acoplado à barra durante a
aplicação de tensões dentro de sua faixa
acordo com a nominal de regime elástico, apresentado na
6892-1, que Figura 4. Devido as suas propriedades físicas, a
nsiderados em fibra de vidro possui valores muito próximos de
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 Tipos de Ruptura Verificados Tabela 1. Resistências na Ruptura Me


de Tração.
42
CP Resistência à Re
A maior ductilidade do aço com relação à fibra Ruptura – Aço Ruptu
de vidro pode ser visualizada nos ensaios (MPa) Vi
realizados.
4.0 AVALIAÇÃOAindaDOS queRESULTADOS
por um curto intervalo de
tempo, verificou-se uma ligeira redução da área 1 654,0
da
4.1 seção
Tipo deda amostra
Ruptura nos em seudeponto
corpos prova mais frágil 2 663,9
3 648,8
pouco antes de ser atingida sua ruptura, 4 655,9
Durante os ensaios
conforme indicadode tração foram utilizados
na Figura 6. A 6mesma
corpos de prova para cada material.
5 653,7
deformação não ocorre no caso da fibra de 6 -
Conforme observado na Figura 14, a ductilidade do aço é bastante clara quando
vidro, que se rompe sem apresentar
ocorre umadeformações
rápida redução significativas
da secção em seu ousetor mais frágil
visíveis e onde ocorreu
(Figura a ruptura.
Os resultados do ensaio com o v
7). foram considerados consistentes.
Figura 17 – Deformação da secção do corpo de prova em aço.
Com relação aos resultados d
vergalhão de fibra de vidro, os c
desconsiderados na avaliação es
cp 2 apresentou falha no sistem
durante o ensaio, já o cp
comportamento distinto nas ca
ruptura. Enquanto nos outros
foram rompendo-se aos poucos
o aumento da tensão, culmin
"ruptura máxima" quando ating
ruptura, na qual pôde ser v
somente a quebra das fibras
como também o rompimento da
sobre as mesmas, no cp 6 a ca
Fonte: Dos Santos et al. (2016, p. 6)

Esse comportamento
SBMR 2016 não é observado no corpo e prova em FRP, posto que o mesmo
se rompe sem apresentar qualquer deformação visível ou significativa que indique seu colapso.
to e de ruptura, o que Figura 6. Deformação da Seção Transversal do CP de
apresenta um intervalo Aço Durante Ensaio em Zona Frágil.
Figura de
18 – Ruptura do corpo de prova em FRP.
do regime plástico
uzido em relação ao aço.
mações são praticamente
da tensão de ruptura ser
so, a insuficiência de
o material não permite
um valor nominal médio
foi determinante para a
zar o extensômetro neste
a que o mesmo poderia
íveis durante os ensaios
ptura do corpo de prova.
anteriormente, a própria
ia para o devido Figura 7. Ruptura do CPFonte: Dos
de Fibra de Santos et al.
Vidro em (2016,
Ensaio dep. 6)
uipamento de ensaio no Tração.
ita a região visível da
, o que impossibilita 4.2 Resultados dos Ensaios
te aparelho nos corpos de
ses. Na Tabela 1 são apresentados os resultados dos
ensaios de tração com as amostras dos
ÃO DOS RESULTADOS vergalhões de fibra de vidro e de aço.

a Verificados Tabela 1. Resistências na Ruptura Medidas nos Ensaios


43

4.2 Avaliação dos resultados dos ensaios

Os resultados dos ensaios de tração com os 5 corpos de prova de aço e 6 corpos de


prova de FRP, são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Resultados dos ensaios de tração em corpos de prova de FRP.

Resistência à Ruptura (Mpa) Resistência à Ruptura (Mpa)


Corpo de Prova (CP)
AÇO FIBRA DE VIDRO
1 654,0 753,4
2 663,9 553,8
3 648,8 973,6
4 655,9 913,5
5 653,7 915,3
6 - 635,7
Fonte: adaptação de Dos Santos et al. (2016, p. 6)

Durante o ensaio o CP de FRP 2 apresentou problemas na fixação, e por isso, o


resultado que foi desconsiderado na análise estatística. Já o CP de FRP 6 apresentou ruptura
distinta dos demais corpos. Em todos os outros as fibras iam rompendo pouco a pouco e ao
atingir a tensão de ruptura todas as fibras estavam rompidas. O CP de FRP 6 teve sua camada
superficial de resina rompida muito antes da tensão de ruptura, e ao atingi-la, ainda existiam
fibras intactas. Devido a esse comportamento anômalo a amostra foi desconsiderada.

Os resultados dos ensaios foram tratados estatisticamente e são apresentados na


Tabela 4, demonstrando a superioridade da tensão de ruptura dos corpos de prova de FRP.

Tabela 4 – Resultados estatísticos resumidos dos ensaios de tração em corpos de prova de FRP e Aço.

Vergalhão de
Vergalhão de
Parâmetros Avaliados FIBRA DE
AÇO
VIDRO
No. De Amostras 5 4
Resistência Média (Mpa) 655,2 889
Desvio Padrão 5,5 94,6
Mediana (Mpa) 654,0 914,4
Fonte: adaptação de Dos Santos et al. (2016, p. 6)
44

4.3 Avaliação dos resultados do fabricante Stratus

A fabricante do vergalhão de fibra de vidro de 6mm, Stratus Compósitos Estruturais


Ltda., em seu relatório de especificações técnicas, o qual faz parte do presente trabalho no
Anexo A, apresenta os valores em teste de tração conforme Figura 15.
Através dos valores obtidos no ensaio de tração, demonstrados abaixo, pode se observar que
estes resultados em uma série de 10 corpos de provas ensaiados, são superiores aos valores
demandados em projeto.
Figura 19 – Relatório de ensaio da Stratus Compósitos Estruturais Ltda.

Tabela de resultados
Fonte: Stratus (2021), disponível em Anexo A.

Mesmo não apresentando os dados do laboratório que ensaiou, seu certificado de


Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 8
acreditação e outras informações que validem os testes, pode ser observado que os valores
médios de tensão máxima de ruptura entre o trabalho de Dos Santos (2016) e os valores obtidos
pelo fabricante Stratus são próximos, sendo o valor médio do fabricante 21,48% superior ao
ensaiado.
45

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos ensaios realizados pelo laboratório Testin Tecnologia de Materiais


Ltda., com o objetivo de comparar o comportamento entre corpos de prova de vergalhões de
fibra de vidro (FRP) e de aço CA-50 permitiram auferir que o primeiro apresenta tensão de
ruptura superior em relação ao segundo. Pode-se, portanto, afirmar que os vergalhões de fibra
de vidro apresentam resistência à tração na ruptura superiores aos do aço, com valores
comprovados experimentalmente pelo trabalho de Dos Santos et al. (2016).

Deve ser salientado que os valores médios de tensão máxima de ruptura


apresentados nas Especificações Técnicas dos vergalhões de fibra de vidro Stratus são
superiores em 21,48% aos valores apresentados nos ensaios pelos corpos de prova em FRP por
Dos Santos et al. (2016). Mesmo sendo feito uma ressalva em razão da ausência de informações
relativas ao laboratório de testes, e informações quanto aos ensaios, pode-se validar a hipótese
de que os vergalhões de fibra de vidro possuem resistência à tração superiores ao do aço CA-
50.

Já em relação ao tema deste trabalho, qual seja, a possibilidade da substituição do


Aço CA-50 por vergalhões de Fibra de Vidro Reforçada com Polímeros (FRP), convém um
cuidado especial quanto a isso. De acordo com o que preconiza Beiral (2012), justifica-se o uso
de FRP em construções onde a areia utilizada como agregado ao concreto é salina e também em
obras construídas muito próximas do mar.

Conclusão similar também foi observada pelo American Concrete Institute -ACI
(2015), que é categórico sobre o uso de vergalhões de FRP: deve ser limitado a estruturas que
terão benefícios significativos com o comportamento não corrosivo ou não condutor desses
materiais. Em razão de ainda não se ter experiência bastante para o uso dos reforços de FRP em
estruturas com momento de primeira ou segunda ordem, bem como em zonas onde exista e
necessite-se redistribuição desses momentos, seu uso deve ser evitado e mais estudos são
necessários para tanto.

5.1 Estudos Futuros

Devem ser executados ensaios de tração com vergalhões Stratus de 6mm com intuito
de confrontar os resultados das especificações técnicas com resultados experimentais.

Também devem ser verificados estudos sobre outros comportamentos das barras de
FRP relativos à esforços de compressão, flexão e cisalhamento. Todos esses esforços estão
46

intrinsecamente relacionados e trabalham como um todo na estrutura. Somente o estudo em


relação à tração em si não resguarda o uso seguro de vergalhões, quiçá a substituição
indiscriminada do aço CA-50.
47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Concrete Structure. ACI 440.2R-08.
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Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.
50

ANEXO A – REBAR STRATUS: Especificações Técnicas de vergalhões e


Estribos em Fibra de Vidro
REBAR STRATUS

Especificações técnicas de vergalhões e estribos em fibra de


vidro

Agosto de 2014

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 1


TÓPICOS
1. OBJETIVO
2. A EMPRESA
3. POLÍTICA DA QUALIDADE STRATUS
4. CERTIFICAÇÕES
5. PROCESSO DE FABRICAÇÃO
6. DESCRIÇÃO TÉCNICA
7. FORMAS DE FORNECIMENTO
8. CÓDIFICAÇÃO
9. PADRÃO DE RESINA
10. CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO
11. CORES
12. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS EM CAMPO

1- OBJETIVO
Descrever as características técnicas dos vergalhões em Plástico Reforçado por fibra de vidro
(PRFV / FRP), fabricados através do processo de “pullwinding” para aplicações em projetos
especiais de engenharia.

2- A EMPRESA
A STRATUS Compostos Estruturais Ltda é uma Empresa 100% Brasileira, formada por
técnicos e engenheiros das áreas de Mecânica, Engenharia de Materiais, Civil, Química e
Aeroespacial, focada no desenvolvimento e produção de materiais compósitos estruturais a base
de fibras de vidro, carbono ou aramida com alta tecnologia e elevada resistência à corrosão e
desempenho mecânico.
Originada do segmento espacial e aeroespacial, possui larga experiência na fabricação de
produtos com nível de qualidade e exigências elevadas em atendimento às principais normas
nacionais e internacionais.
Além de recursos humanos altamente capacitados, a Stratus possui equipamentos e recursos
tecnológicos de última geração voltados para especificação, projeto, fabricação e montagem
dos mais diversos produtos e serviços para os segmentos de petróleo e gás, saneamento,
aeroespacial, infraestrutura, química e petroquímica, construção civil e indústria em geral, levando
a Stratus a ser referência de qualidade e atendimento e uma das empresas líderes de mercado.

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 2


3- POLÍTICA DA QUALIDADE STRATUS
Superar continuamente as expectativas dos nossos clientes com produtos e serviços inovadores
de alto conteúdo técnico , fazendo portanto, jus a um retorno que assegure seu contínuo
crescimento e fortalecimento, revertido em benefício de seus integrantes , parceiros e sociedade,
sempre dentro de princípios éticos e respeito ao meio ambiente.

4- CERTIFICAÇÕES e HOMOLOGAÇÕES
Além da certificação ISO 9001:2008, conforme certificado nº 71264-2010-AQ-BRA-INMETRO
DNV, a Stratus é homologada tecnicamente para atendimento da Petrobras com o CRCC
Nº037276.
Possuímos também os certificados de Type Approval pelos órgãos certificadores ABS, DNV e BV ,
garantindo qualidade superior para atendimento das condições mais críticas de aplicação.

5- PROCESSO DE FABRICAÇÃO (PULLWINDING)


Para fabricação de vergalhões o processo consiste na fabricação de perfis contínuos e
uniformes, com a utilização de reforços de fibras de vidro, fibra de carbono ou aramida.
A vantagem nesse processo é a excelente resistência mecânica do produto final associada à
ótima aderência ao concreto.

Para fabricação de estribos em fibra de vidro o processo consiste em uma linha consecutiva de
envolvendo a fabricação de barras contínuas com etapas posteriores de dobra no formato e
dimensões desejadas, acabamento e cura final.

6- DESCRIÇÃO TÉCNICA
Vergalhões e estribos em Plástico Reforçado por Fibra de Vidro (PRFV / FRP), produzidos pelo
processo de “pullwinding” com a aplicação de fibras de vidro especiais e resina termofixa epóxi
éster vinílica, resultando em um produto resistente quimicamente em meio ao concreto ou nata de
concreto, com elevado módulo de elasticidade e elevado nível de aderência ao concreto.

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 3


7- FORMAS DE FORNECIMENTO

7.1 – Fornecimento sob a forma de BARRAS DE VERGALHÕES


Os vergalhões podem ser fornecidos nas bitolas padrões de 4,6,10,13,16,19, 22,25,29 e
32mm, sob a forma de barras padrões de 6, 8, 9,12 e 15 metros, ou mesmo, em dimensões
especiais de bitolas e comprimentos, conforme demando em projeto.

7.2 – Fornecimento de ESTRIBOS e CONTRAVENTAMENTOS


Além dos vergalhões em forma de barras, a Stratus também fornece estribos, prontos de
fábrica nas formas e dimensões definidas em projeto, conforme exemplo de modelos
abaixo:

a) Exemplo de estribos e contraventamentos, fornecidos conforme dimensões de projeto:

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 4


7.3 – Fornecimento sob a forma de TELAS
O fornecimento também pode ser feito sob a forma de telas nas malhas padrões de
10x10cm, 15x15cm, 20x20cm ou mesmo nas dimensões definidas demandas em projeto.

7.4 – Acabamento Superficial


O padrão de superfície dos vergalhões poderá ser adequado ao nível de aderência e
ancoragem desejadas e poderão ser fornecidos, sob as seguintes formas:

a) Barras com ranhuras helicoidais na superfície, onde a aderência ao concreto é


formada por “consoles” nas cavidades da superfície do vergalhão.
b) Barras com ranhuras helicoidais e aplicação de quartzo na superfície. Este padrão
possibilita níveis de aderência e ancoragem ainda superiores.
Obs: Nas duas opções a aderência ao concreto é maior que as encontradas nos padrões de
vergalhões em aço, conforme pode ser observado no “Relatório de conformação superficial” em
anexo.
c) Uma terceira opção é sob a forma de barras cilíndricas lisas, porém para este
padrão, a aderência ao concreto é bastante inferior aos vergalhões em aço.

8- CÓDIGOS STRATUS
Os códigos Stratus de referência para especificação, encontram-se conforme relação abaixo:
a) Vergalhão em barras com ranhuras helicoidais é o VERGS
b) Vergalhão em barras com ranhuras helicoidais e quartzo na superfície é o VERGQS
c) Vergalhão em barras lisas é o BCS
d) Estribos e contraventamentos é o EVERGS
e) Telas é o TVERGS

9- PADRÃO DE RESINA e FIBRA DE VIDRO


A decisão correta na escolha do padrão de resina é um fator crítico e determinante para
atendimento de todas as características exigidas em estruturas de concreto e obras civis.
Por este motivo, torna-se necessária a utilização do padrão de Resina Epóxi Éster Vinílica em
conjunto com fibras de vidro especiais, altamente resistentes a meios alcalinos e que resultem em
módulos de elasticidade superiores aos padrões de fibras convencionais, podendo chegar a 60
GPa.

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 5


10- CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO
A combinação do uso de materiais especiais aliado ao processo de fabricação por “pullwinding”,
resulta em um produto com as seguintes características:

Elevada Resistência à Corrosão – são impermeáveis à ação de íons de sal, corrosão


causada por agentes químicos e à alcalinidade do concreto.

Peso – pesa cerca de ¼ do peso de uma barra de aço, proporcionando economias


significativas em movimentação de materiais e peso final da estrutura.

Neutralidade Eletromagnética – não contém metais e não irão interferir no funcionamento


de dispositivos eletrônicos sensíveis, como salas de operação de radares, ressonância
magnética, praças de pedágios e sub-estações elétricas expostas à altas tenções e a
elevados campos eletromagnéticos .

Isolante Térmico e Elétrico – não absorve calor e não conduz energia elétrica

Coeficiente de dilatação – material com coeficiente tendendo a “zero”

Aderência Mecânica – A aderência mecânica é feita através do intertravamentos entre as


nervuras das barras e o concreto, formado por “consoles de concreto”. A aderência é ainda
aumentada com a utilização de vergalhões com camadas superficiais de quartzo, que
possibilitam uma aderência e ancoragem superiores aos vergalhões em aço.

Resistência à Protensão – Todos os materiais estruturais, quando submetidos a uma


carga constante, inclusive o aço, pode falhar repentinamente após um período de tempo,
um fenômeno conhecido como “creep de ruptura”. Provam que o aço está limitado a 60%
da força, e tal deformação de ruptura não ocorre nos vergalhões de fibra de vidro, devido a
sua alta resistência a tração.

11- CORES
A cor característica dos vergalhões em fibra é o branco leitoso. Cores especiais podem ser
fabricadas sob consulta.

12- CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

a) NORMAS APLICADAS
Os vergalhões produzidos pela Stratus seguem os padrões de normas internacionais, que
conferem aos seus produtos o desempenho e a qualidade necessários para as mais diversas
exigências de aplicações.

Para cálculo de projeto e definições propriedades mecânicas é utilizado como referência as


normas ACI (American Concrete Institute e CSA (Canadian Standards Association)

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 6


b) COMPORTAMENTO DOS VERGALHÕES EM PRFV / FRP
Apesar dos vergalhões em fibra de vidro possuírem apenas um quarto do peso do aço, a sua
resistência à tração possui valores muito superiores.
Apesar desta característica, um aspecto a ser considerado nos materiais compósitos é a não
existência de módulo de plastificação ou zona plástica.
O material compósito apresenta um gráfico de tensão deformação (ver figura abaixo) como
uma reta linear, portanto é considerado um material elástico segundo a lei de Hooke.
Para os vergalhões em fibra de vidro há uma deformação elástica de até 3%, sendo que,
acima deste patamar haverá o rompimento do material.

Para os vergalhões em PRFV, a curva de tensão x deformação é totalmente linear (a)

Gráfico com sobreposição entre vergalhões em PRFV e aço

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 7


c) PROPRIEDADES MECÂNICAS
Abaixo encontram-se as principais propriedades mecânicas dos vergalhões Stratus, onde
pode ser observado que os valores médios para a Resistência ao escoamento são maiores
que 800 MPa e o Módulo de Elasticidade maior que 40 GPa.

Através dos valores obtidos no ensaio de tração, demonstrados abaixo, pode se observar que
estes resultados em uma série de 10 corpos de provas ensaiados, são superiores aos valores
demandados em projeto.

Tabela de resultados

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 8


Gráfico tensão x Deformação

d) RESULTADOS DE ENSAIOS
Abaixo podem ser observados outros ensaios mecânicos realizados para o Rebar
Stratus:

COEFICIENTE DE CONFORMAÇÃO SUPERFICIAL / ADERÊNCIA


Relatório de ensaio Falcão Bauer Nº 118986/EA

ENSAIOS MECÂNICOS
Flexão , Tração , Cisalhamento e Compressão

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 9


13 – CARACTERÍSTICAS DE APLICAÇÃO DOS VERGALHÕES e ESTRIBOS EM
CAMPO

a) MONTAGEM DAS ARMADURAS


A construção das armaduras requerem os mesmos procedimentos de trabalho utilizados para
uma armadura de aço. As barras e estribos necessárias serão fornecidas sob medida e
poderão ser fixas com arame recozido, fitilhos plásticos, abraçadeiras de nylon (fita tyrap /
Hellermann) ou produtos similares.

b) IÇAMENTO DAS ARMADURAS EM FIBRA DE VIDRO


Para suportar a carga morta da armadura durante o processo de levantamento e abaixamento
dentro do poço de ataque, é indicado a estruturação de uma gaiola em aço temporária para
reforço durante o processo de içamento e posicionamento vertical da armadura, conforme foto
abaixo:

Detalhe da gaiola provisória em aço e sistema de fixação com grampo “U”

Detalhe da junção da armadura em fibra de vidro com a armadura em aço

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 10


Detalhe da montagem da armadura em fibra de vidro
Obra Metrô Fortaleza – Fornecimento Stratus

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 11


Detalhe da armadura sendo posicionada verticalmente no poço de ataque
Obra Metrô São Paulo – Estação Campo Belo - Fornecimento Stratus

STRATUS COMPOSTOS ESTRUTURAIS LTDA.

Stratus Compostos Estruturais Ltda. Página 12


ANEXO B – Ficha Técnica Vergafibra
ANEXO C – Cupom Fiscal Eletrônico de aquisição do Vergalhão em Fibra
de Vidro
LEROY
LEROY MERLIN COMPANHIA BRASILEIRA DE BRICOLAGEM
R SEBASTIAO DE ABREU,00600 EDSON QUEIROZ
FORTALEZA- CEP 60811440
CNPJ 01.438.784/0043-56 IE 067056733 IM
Extrato No. 026078
CPF/CNPJ do Consumidor: 422.647.743-04

# | COD | DESC | QTD | UN | VL UN R$ | (VL TR R$)* | VL ITEM R$

001 7898957616763 VERGALHAO FIBRA DE VIDRO 35,90


6MM C 3M De 35 90 Por 35 00 1 UN X 35,90 (
7,77)
desconto sobre item 0,90
Total bruto de Itens 35,90
Total de desconto/acréscimos sobre item 0,90
Acréscimo sobre subtotal 0,00
Desconto sobre subtotal 0,00
TOTAL R$ 35,00

Dinheiro 40,00
Troco 5,00
DADOS PARA ENTREGA

DESTINATÁRIO: JOSE EPIFANIO CHAGAS


OBSERVAÇÕES DO CONTRIBUINTE
Tributos Aprox. Fed. R$1,47(4,2%) Est. R$6,30(18%) Mun. R$0,00(0%)
Fonte:IBPT - 8F6CA7 CONSULTE POL¿TICA DE TROCA E DEVOLU¿¿O NO
SITE LOJA 0038 PDV 15 NSU 45

Valor aproximado dos tributos deste cupom R$ 7,77


(conforme Lei Fed. 12.7412/2012)

SAT No. 230130286

09/02/2021 13:24:28

2321 0201 4387 8400 4356 5923 0130 2860 2607 8319 9153

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