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Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica CNPQ – PIBIC

RELATÓRIO FINAL

“Avaliação da influencia do tipo e da


granulometria dos agregados graúdos na
aderência aço-concreto através do método
de ensaio APULOT.”

Período de vigência: Agosto/2014 - Julho/2015

Aluno Bolsista: Márcio Henrique Rossi Júnior

Orientadora: Prof.ª Drª Mônica Pinto Barbosa

Grupo de pesquisa: Tecnologia do Ambiente Construído

Área: Engenharias

Sub área: Engenharia Civil

Campinas-SP, Julho de 2015


Resumo
Os isoladores elétricos de porcelana, após um determinado período de uso, perdem
suas funções isoladoras, tendo necessidade de serem substituídos. Dessa forma seu descarte
gera dezenas de toneladas de resíduos que ao serem descartados na natureza levam muitos
anos para se decompor. Uma alternativa para a racionalização do descarte desse material e
preservação da natureza é a sua utilização em substituição aos agregados comumente usados
em argamassas e concretos.

Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa simplificada para o ensaio de


aderência PULL-OUT, denominado de ensaio APULOT (PULL-OUT modificado) que pode
ser aplicado em canteiro de obras. O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de
qualidade do concreto armado a partir de ensaios de aderência aço-concreto.

Trabalhando com quatro tipos diferentes de concreto, sendo dois deles elaborados com
agregado graúdo natural e dois elaborados com agregados oriundos de isoladores de porcelana
em substituição ao agregado natural graúdo, esse trabalho avalia a influência da granulometria
do agregado graúdo no ensaio de aderência aço-concreto através do ensaio APULOT.

Os quatro tipos de concreto utilizados neste trabalho tiveram as granulometrias dos


agregados natural e de cerâmica variando entre 12,5 mm e 19 mm. Os ensaios foram
realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias. O diâmetro das barras de aço CA-50 nervuradas foi de
10 mm. Os resultados obtidos confirmam a influência do diâmetro do agregado graúdo na
aderência aço-concreto.

Palavra-Chave: Aderência aço-concreto, Ensaio APULOT, resistência do concreto.


Abstract

Electrical porcelain insulators, after a certain period of use, lose their insulating
functions, having therefore, to be replaced. It generates tens of tons of waste to be disposed of
in nature, which take many years to decompose. As an alternative for the rationalization of the
disposal of this material and preservation of nature, it could be cited its use to replace
aggregates commonly used in mortar and concretes.

Lorrain e Barbosa (2008) presented an alternative for the bond test PULL-OUT, called
APULOT test (PULL-OUT modified) which can be applied to construction sites. The concept
of the APULOT test is to perform the quality control of reinforced concrete from steel-
concrete bond test.

Based on four different types of concrete, two of them made with aggregates natural
aggregate and the other two made with aggregates coming from porcelain insulators instead of
natural coarse aggregate, this study evaluates the influence of particle size of the coarse
aggregate on the steel-concrete bond test through the APULOT test.

The four types of concrete used in this work had the particle sizes of natural
aggregates and ceramics ranging from 12.5 mm to 19 mm. The assays were performed at ages
of 3 and 7 days. The diameters of ribbed steel bars CA-50 were 10 mm. The results confirm
the influence of the diameter of the coarse aggregate in steel-concrete adhesion.

Keywords: steel-concrete bond, APULOT testing, concrete strength.


Lista de Figuras

Figura 1 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados na zona rural. (CAMPOS,


2009).........................................................................................................................................14

Figura 2 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados no leito do rio. (CAMPOS,


2009).........................................................................................................................................14

Figura 3 – Aderência por atrito (FUSCO 1995)......................................................................18

Figura 4 – Aderência mecânica (FUSCO 1995)......................................................................18

Figura 5 – Efeito da resistência à compressão do concreto na resistência da aderência


(BARBOSA 2001)....................................................................................................................21

Figura 6 – Detalhes do ensaio de arrancamento direto Pull-out-test (Leonhardt e Mönnig


1979).........................................................................................................................................22

Figura 7 – Detalhes do ensaio de arrancamento APULOT (VALE SILVA 2010).................24

Figura 8 – Granulometria de 12,5 mm (a) e 19 mm (b)...........................................................26

Figura 9 – (a) e (b) Corpos-de-prova (10 x 20 cm) desmoldados............................................28

Figura 10 – Ensaio de resistência à compressão simples.........................................................29

Figura 11 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral ....................................29

Figura 12 – Ensaio de módulo de elasticidade ........................................................................30

Figura 13 – Garrafa de 3L (a) e garrafas de 3,3 L (b) e (c)......................................................30

Figura 14 – Processo realizado para furar: o fundo da garrafa (a); e as tampas da garrafa
(b)..............................................................................................................................................31

Figura 15 – Corte no fundo da garrafa por meio de uma serrinha de fita (a) e uma tesoura
(b)..............................................................................................................................................32

Figura 16 – Garrafa preparada para receber a armadura..........................................................32

Figura 17 – Preparação das barras de aço com comprimento de ancoragem definido............33


Figura 18 – Barra de aço com comprimento de ancoragem definido, pronta para ser
encaixada na garrafa..................................................................................................................33

Figura 19 – Barra de aço encaixada na garrafa........................................................................34

Figura 20 – Preparação do suporte para as garrafas................................................................34

Figura 21 – Resistência à compressão aos 3, 7 e 28 dias.........................................................36

Figura 22 – Resistência à compressão para os concretos com agregados de 12,5 mm...........37

Figura 23 – Resistência à compressão para os concretos com agregados de 19 mm..............38

Figura 24 – Resistência à tração nas idades de 3, 7 e 28 dias..................................................39

Figura 25 – Módulo de elasticidade aos 28 dias......................................................................39

Figura 26 – Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de


diâmetro 12,5 mm.....................................................................................................................40

Figura 27 – Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 12,5 mm (b)......................................................................................41

Figura 28 - Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de


diâmetro 19 mm........................................................................................................................41

Figura 29 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 19 mm (b). .......................................................................................42

Figura 30 - Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica


de diâmetro 12,5 mm. ..............................................................................................................42

Figura 31 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 12,5 mm (b). ...........................................................43

Figura 32 - Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica


de diâmetro 19 mm. .................................................................................................................43

Figura 33 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 19 mm (b). ..............................................................44
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Cronograma de atividades inicialmente proposto..................................................11

Tabela 2 – Composição dos concretos.....................................................................................28

Tabela 3 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo


natural........................................................................................................................................35

Tabela 4 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo de


resíduos de porcelana................................................................................................................35
Sumário

1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................10

2 – ESTADO DA ARTE...........................................................................................................13

2.1 – A utilização de resíduos de construção e demolição (RCD) no concreto...................13

2.2 - Resíduos de isoladores elétricos de porcelana.............................................................13

2.3 – Concreto com resíduos de porcelana..........................................................................15

3 – ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO.....................................................................................17

3.1 – Definição.....................................................................................................................17

3.2 – Mecanismos de aderência...........................................................................................17

3.2.1 – Aderência por atrito...........................................................................................17

3.2.2 – Aderência por adesão química..........................................................................18

3.2.3 – Aderência mecânica..........................................................................................18

3.3 – Fatores que influenciam na aderência aço-concreto...................................................18

3.3.1 – Adensamento do concreto.................................................................................18

3.3.2 – Conformação superficial...................................................................................19

3.3.3 – Diâmetro da barra..............................................................................................19

3.3.4 – Idade do concreto..............................................................................................20

3.3.5 – Posição da barra na concretagem......................................................................20

3.3.6 – Resistencia mecânica do concreto.....................................................................20

3.3.7 – Dimensão do agregado graúdo..........................................................................21


4 – ENSAIOS DE ADERÊNCIA.............................................................................................22

4.1 – Ensaio de arrancamento direto (pull-out-test).............................................................22

4.2 – Ensaio de arrancamento modificado (APULOT)........................................................23

4.3 – Histórico do ensaio APULOT.....................................................................................24

5 – MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................26

5.1 – Materiais utilizados.....................................................................................................26

5.1.1 – Cimento.............................................................................................................26

5.1.2 – Agregado miúdo................................................................................................26

5.1.3 – Agregado graúdo...............................................................................................26

5.1.4 – Água..................................................................................................................27

5.1.5 – Aditivo...............................................................................................................27

5.1.6– Barras de Aço.....................................................................................................27

5.2 – Estudo das composições dos concretos.......................................................................27

5.3 – Moldagem dos corpos-de-prova..................................................................................28

5.4 – Ensaios de determinação das propriedades mecânicas dos concretos........................29

5.4.1 – Ensaio de resistência à compressão simples.....................................................29

5.4.2 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral.................................29

5.4.3 – Ensaio de módulo de elasticidade.....................................................................30

5.5 – Preparação dos moldes para o ensaio APULOT.........................................................30

5.5.1 – Preparação das garrafas.....................................................................................30

5.5.2 – Preparação das armaduras de aço......................................................................32

5.6 – Concretagem das garrafas e ensaio APULOT............................................................34


6 – RESULTADOS E DISCUÇÃO..........................................................................................35

6.1 – Ensaios das propriedades mecânicas dos concretos....................................................35

6.1.1 – Ensaios de resistência à compressão.................................................................36

6.1.2 – Ensaios de resistência à tração..........................................................................38

6.1.3 – Ensaios de módulo de elasticidade........................................................39

6.2 – Ensaios de aderência APULOT..................................................................................39

6.2.1 – Concreto com brita natural de diâmetro 12,5 mm.............................................40

6.2.2 – Concreto com brita natural de diâmetro 19 mm................................................41

6.2.3 – Concreto com resíduo de cerâmica de diâmetro 12,5 mm................................42

6.2.4 – Concreto com resíduo de cerâmica de diâmetro 19 mm...................................43

7 – CONCLUSÃO....................................................................................................................45

8 – BIBLIOGRAFIA................................................................................................................46

ANEXO 1.............................................................................................................................51

ANEXO 2.............................................................................................................................53

ANEXO 3.............................................................................................................................55

ANEXO 4.............................................................................................................................71
1 - INTRODUÇÃO
No ramo da construção civil, um dos ensaios mais aplicados para o controle da
qualidade do concreto é o ensaio de compressão axial de corpos de prova. Entretanto, para a
execução deste e de outros ensaios, é necessário o uso de equipamentos apropriados ou a
contratação de laboratórios especializados.
Com o objetivo de disponibilizar um ensaio alternativo ao ensaio tradicional de
resistência à compressão, que permita ser realizado no próprio canteiro de obras, de maneira
simples e com baixo custo, Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa
simplificada para o ensaio de aderência PULL-OUT, denominado de ensaio APULOT
(PULL-OUT modificado).
O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto armado
a partir de ensaios de aderência aço-concreto. O objetivo do ensaio é verificar a resistência à
compressão do concreto por meio da resistência de aderência.
A aderência aço-concreto é influenciada por diversos fatores, como a resistência do
concreto, o comprimento de ancoragem, o diâmetro da barra e o tipo e tamanho do agregado
utilizado no concreto.
Para estudar a viabilidade do ensaio APULOT como ensaio de aderência e de controle
de qualidade do concreto, vários trabalhos de pesquisa estão sendo estudados (DE AVILA
JACINTHO et al., 2014; SILVA et al., 2013; SILVA et al., 2014), aprimorados e discutidos
por grupos de pesquisa do exterior e no Brasil, sobretudo na PUC-Campinas. Acredita-se que
sua validação poderá proporcionar uma alternativa para a avaliação do controle de qualidade
do concreto armado no ramo da construção civil.
O objetivo dessa pesquisa é avaliar a influência do tipo e da granulometria dos
agregados graúdos na aderência aço-concreto através do método de ensaio APULOT. Para
tanto, dois tipos distintos de agregados graúdos estão sendo utilizados: o agregado graúdo
natural de origem basáltica e o agregado graúdo cerâmico oriundo de isoladores elétricos de
porcelana em substituição ao agregado natural, ambos com duas granulometrias diferentes:
agregados de diâmetros de 12,5 mm e agregados de diâmetro de 19 mm.
A utilização dos resíduos de isoladores elétricos de porcelana no concreto é uma
alternativa para a racionalização do descarte desse material, uma vez que os isoladores
elétricos de porcelana, após um determinado período de uso, perdem suas funções isoladoras,

10
tendo necessidade de serem substituídos. Essa substituição gera dezenas de toneladas que se
forem descartados na natureza levam muitos anos para se decompor.
Foram desenvolvidas todas as atividades previstas no cronograma inicial proposto
(Tabela 1), tais como:
• Revisão bibliográfica
• Elaboração das composições dos concretos e ensaio de suas propriedades mecânicas
• Encontro de IC – PUC Campinas
• Analise de estudos de caso e elaboração dos moldes de garrafa PET
• Elaboração dos moldes e realização dos ensaios de aderência APULOT
• Analise e discussão dos resultados
• Relatório final
• Elaboração de artigo científico

Tabela 1: Cronograma de atividades inicialmente proposto.


Meses
Atividades
Início: agosto/2014................................Término: julho/2015

Mês 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Revisão bibliográfica X X X X X X X X X

Elaboração das composições dos concretos e X X X


ensaio de suas propriedades mecânicas

Encontro de IC – PUC Campinas X

Analise de estudos de caso e elaboração dos X X X X


moldes de grafa PET

Elaboração dos moldes e realização dos ensaios X X X X X


de aderência APULOT

Analise e discussão dos resultados X X X

Relatório final X X X

Elaboração de artigo científico X X X

Com relação a outras atividades desenvolvidas, tais como publicação e participação de


eventos científicos, destacam-se:

11
• Participação na palestra “Cidades do Futuro” no XIX Encontro de Iniciação Cientifica
e IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da PUC-
Campinas (Anexo 1).
• Participação no XIX Encontro de Iniciação Cientifica e IV Encontro de Iniciação em
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da PUC-Campinas com apresentação de
trabalho em pôster intitulado "Avaliação dos parâmetros geométricos dos ensaios de
aderência aço-concreto usando a tecnologia do ensaio APULOT" (Anexo 2).
• Submissão e aceitação de artigo científico para o 57º Congresso Brasileiro do
Concreto (CBC) a ser realizado em Bonito-MS em Outubro de 2015 (artigo aprovado
em Anexo 3 e aceitação em Anexo 4).

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2 - ESTADO DA ARTE

2.1 – A utilização de resíduos de construção e demolição (RCD) no concreto.


A construção civil demanda grande quantidade de recursos naturais em toda a sua
cadeia produtiva. Além disso, é uma das principais fontes geradoras de resíduos sólidos.
Estima-se que os resíduos de construção e demolição (RCD) correspondam a 50% dos
resíduos sólidos urbanos (RSU). Assim, é preciso adotar medidas urgentes que propiciem a
utilização desses resíduos.
O aproveitamento dos RCD pode ser feito mediante o emprego destes como fração
graúda ou miúda na composição do concreto. Muitos estudos investigaram a influência da
adição de agregados reciclados no concreto convencional, e concluíram que seu uso é viável.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovou, em 2002, a Resolução
307(BRASIL, 2002), que faz orientações a respeito da destinação que é dada ao resíduo de
construção civil. O SindusCon-SP (2003) e SindusCon-PR (2003), através da Resolução do
CONAMA de nº 307 (2002), criou um programa de gestão ambiental de resíduos em
canteiros de obras, implantando o programa em 11 construtoras da cidade de São Paulo,
capacitando-as para o correto gerenciamento dos resíduos nos canteiros, incluindo a geração,
segregação, reuso, correta destinação que possibilite a reciclagem desses resíduos.
Um dos tipos de resíduos que vem sendo estudados são aqueles provenientes dos
isoladores elétricos de porcelana. Segundo Campos (2009) a produção anual brasileira de
isoladores elétricos de porcelana é da ordem de 30.000 toneladas, e só a perda de material fica
em torno de 10% do total produzido. Além desta perda, há os isoladores inservíveis, cujo
descarte pela concessionária elétrica da região de Campinas gira em torno de 25 toneladas ao
mês. Todo este material é descartado no lixo, segundo dados da própria concessionária.

2.2 – Resíduos de isoladores elétricos de porcelana


Os isoladores de porcelana são materiais constituídos basicamente de argila e
feldspato e são classificados como cerâmica branca, pois possuem um corpo de massa branca
recobertos por uma camada vítrea de esmalte. A argila utilizada para a fabricação deve ter
baixo teor de ferro para não comprometer as funções isoladoras do produto, já o feldspato é
responsável pela geração da “massa vítrea”.
Os isoladores elétricos de porcelana é um dos materiais que mais geram resíduos, pois,
após um determinado período de uso, perdem suas funções isoladoras, tendo necessidade de
13
serem substituídos. Os isoladores que perderam sua função isoladora são descartados pela
concessionaria elétrica e gira em torno de 25 toneladas por mês só na região de Campinas-SP.
Todo este descarte gerado seja durante o processo de fabricação, no teste de qualidade do
material ou a substituição deste por outro mais novo resulta em resíduos, que em muitas
cidades são colocados desordenadamente em áreas não apropriadas, e que podem acarretar
danos para a natureza. A Figura 1 e 2 ilustram os isoladores de porcelana descartados na
natureza.

Figura 1 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados na zona rural. (CAMPOS, 2009)

Figura 2 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados no leito do rio. (CAMPOS, 2009)

Uma alternativa para a racionalização do descarte desse material e preservação da


natureza é a sua utilização em substituição aos agregados comumente usados em argamassas e
concretos. Segundo a Resolução nº 307 do CONAMA, Brasil (2002), os resíduos de
isoladores elétricos de porcelana são classificados como resíduo de Classe A, devendo ser
destinados da seguinte forma: “deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de
agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo
dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura” (BRASIL, 2002).

14
2.3 – Concreto com resíduos de porcelana
Os isoladores elétricos são classificados como materiais inertes e com decomposição
muito lenta, sendo assim, como descrito no item 2.2, seu emprego em concretos e argamassas
se torna uma alternativa para a racionalização do descarte e uma forma de diminuir o impacto
ambiental.
Segundo CAMPOS (2009) apud FRANCK et al. (2004), os resíduos de isoladores
elétricos de porcelana, provenientes de substituição por partes das concessionarias elétricas
brasileiras, são um material com composição química similar à dos agregados naturais. A
substituição parcial dos agregados graúdos por resíduos de porcelana de isoladores elétricos
em concreto vem sendo tema de pesquisa na PUC-Campinas desde 2010. CAMPOS e
JACINTHO (2009) obtiveram resultados do decréscimo da resistência à compressão do
concreto, quando incorporado 100% de resíduo de porcelana.
Entretanto, o autor, destaca algumas desvantagens ao uso de isoladores de porcelana
na questão referente ao seu vidrado superficial que pode ser potencialmente reativo com os
cimentos comumente utilizados, produzindo reações expansivas, trincas e diminuição da
resistência mecânica e modulo de elasticidade. Outro problema relacionado a este vidrado é
que a região polida prejudica a aderência com a pasta de cimento, sendo o local onde
geralmente ocorrem as fraturas.
CAMPOS (2009) estudou dosagens de concreto e argamassa com substituições
paulatinas de isoladores moídos, comparando suas propriedades com aquelas elaboradas com
agregado natural. Os resultados obtidos foram satisfatórios, sobretudo quando o agregado
substituído foi o agregado miúdo.
JACINTHO e CRUZ (2012) avaliaram a tensão de aderência em concretos com
substituição dos agregados graúdos pelos resíduos cerâmicos. O ensaio de aderência utilizado
foi o ensaio APULOT e a proporção de resíduos em substituição variou entre 50% a 100 % do
agregado graúdo. Neste estudo, os autores, observaram que o acréscimo da proporção de
substituição de porcelana no concreto fez com que a tensão de aderência tivesse seu valor
aumentado. O concreto com 50% de substituição do agregado graúdo convencional por
isoladores de porcelana moídos teve um acréscimo da tensão de aderência de 76%, enquanto
que o concreto com 100% de substituição teve um aumento na tensão de aderência de 120%.
Estes aumentos foram observados para os ensaios de 7 dias de idade em relação ao concreto
referência.

15
CAMPOS (2011) estudou a posteriori o resíduo de porcelana em concretos e
argamassas através de sua incorporação com diferentes graus de moagem, variando de
granulometria similar ao cimento até aos agregados, miúdo e graúdo, além do estudo referente
à influência da camada de esmalte externa aos isoladores através de ensaios mecânicos, de
durabilidade e de imagens por MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura) e EDS
(Espectroscopia de Energia Dispersiva de raios X). Seus estudos comprovaram nas
argamassas a atividade pozolânica do resíduo e sua potencialidade de uso. Nos ensaios dos
concretos com isoladores de porcelana substituindo o agregado miúdo comum ou ambos os
agregados o aumento da resistência à compressão simples e da resistência à tração por
compressão diametral obtidos, foram superiores a 50% quando comparados aos valores do
concreto de referência.
RIBEIRO et al (2014) estudou a utilização de resíduos de isoladores elétricos
cerâmicos em concretos. A proporção de resíduos em substituição variou entre 10%, 20% e
30% do agregado graúdo. Neste estudo os autores observaram valores, de resistência à
compressão e resistência à tração, próximos dos valores do concreto referência,
independentemente do teor de substituição.

16
3 – ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO

3.1 – Definição
A tensão de aderência pode ser definida como sendo a relação entre a força atuante na
barra e a superfície da barra unida ao concreto. Porém, existem vários fatores que podem
influenciar o comportamento da aderência, como a resistência mecânica do concreto,
diâmetros das barras de aço, limite de escoamento do aço, idade de carga, cobrimento do
concreto ao redor das barras, comprimento de ancoragem entre outros.
A aderência entre o aço e o concreto é um dos principais requisitos para o bom
funcionamento do concreto armado. A razão da existência do concreto armado consiste na
ação conjunta entre a armadura e o concreto. Esse resultado só é possível em razão da
aderência entre os dois materiais, uma vez que para absorver os esforços solicitantes, os dois
materiais atuam em conjunto.
A aderência, também garante a transferência de forças entre a barra de aço e o
concreto e a compatibilidade de deformação entre eles. Esta união dos dois materiais define o
concreto armado como um material estrutural.
O comportamento entre a barra de aço e o concreto que está em sua volta tem muita
importância com relação à capacidade de carga das peças de concreto armado, sendo este
conhecimento de fundamental importância para se chegar às regras de cálculo de ancoragens e
emendas por transpasse das barras da armadura; para o cálculo das deflexões levando-se em
conta o efeito de enrijecimento por tração; para o controle da fissuração e, para a
determinação da quantidade mínima de armadura.

3.2 – Mecanismos de aderência


A aderência aço-concreto é constituída por vários fatores. FUSCO (1995) e outros
autores dividem os mecanismos de aderência em três fatores:

3.2.1 – Aderência por atrito


Este tipo de aderência existe em virtude das forças de atrito entre a barra de aço e o
concreto, dependendo do coeficiente de atrito dado em função da condição da superfície
rugosa da barra e da compressão transversal aplicada pelo concreto na barra, conforme mostra
na Figura 3.

17
Figura 3 – Aderência por atrito (FUSCO, 1995)

3.2.2 – Aderência por adesão química


Este tipo de aderência existe em virtude do processo físico-químico que esta ligada à
rugosidade e à limpeza da superfície da barra e atua na interface entre o concreto e a barra de
aço durante as reações de hidratação do cimento. Este fator é facilmente degradado no caso de
pequenos deslocamentos da barra, portanto não é suficiente para garantir uma boa aderência.

3.2.3 – Aderência mecânica


Este tipo de aderência existe em virtude da formação de consoles de concreto entre as
nervuras das barras de aço nervuradas. Esses consoles impedem o deslizamento rápido no
interior do concreto. Este tipo de aderência é a mais efetiva entre os três fatores. A Figura 4
mostra a aderência mecânica decorrente da presença de nervuras na superfície das barras.

Figura 4 – Aderência mecânica (FUSCO, 1995)

3.3 – Fatores que influenciam na aderência aço-concreto


Existem vários fatores que podem influenciar o comportamento da aderência. Seguem
abaixo alguns fatores.
3.3.1 – Adensamento do concreto
Segundo FRANÇA (2004), o adensamento pode ser critico para a aderência uma vez
que as zonas de ancoragem são pontos onde normalmente se tem uma elevada porcentagem
de armadura, ocasionando maiores dificuldades de concretagem e, como consequência, maior
possibilidade de surgimento de vazios, tomando esta região mais fraca quando solicitada.
18
3.3.2 – Conformação superficial
Quanto à conformação superficial, as barras de aço são classificadas em lisas e
nervuradas.
Segundo Vieira (1994), o estado superficial das barras lisas, onde a resistência de
aderência está ligada à adesão, tem influência significativa sobre a aderência que ela possa
desenvolver.
Para barras nervuradas, onde a adesão representa uma pequena parcela da resistência
da aderência, o estado superficial da barra não influencia nessa resistência.
As barras nervuradas com diferentes condições de superfícies (barras normais,
oxidadas ao ar, oxidadas na água salgada, lubrificadas e com rugosidade obtida
artificialmente) têm pouca influência no comportamento de aderência do aço ao concreto.

3.3.3 – Diâmetro da barra


Ducatti (1993) estudou o efeito na aderência de barras nervuradas de diferentes
diâmetros. Ele observou que a resistência de aderência diminuiu quando o diâmetro da barra
aumenta. Segundo o autor, a justificativa para tal fato possivelmente está ligada à espessura
da zona de transição, que é mais grossa nas barras de maior diâmetro.
Segundo Barbosa (2001), o aumento do diâmetro das barras reduz a tensão máxima de
aderência. Uma justificativa é que a espessura da zona de transição torna-se maior nas barras
de maior diâmetro. Com o aumento do diâmetro e maior altura das nervuras, há uma maior
retenção de água de amassamento do concreto na interface barra/concreto, o que aumenta a
zona de transição. Como esta região torna-se mais porosa, o esmagamento ou cisalhamento da
parte em contato com as nervuras ocorre de forma mais fácil.
De Oliveira (2011) apud Soroushian e Choi (1989) e Reynolds e Baddy (1982), o
aumento do diâmetro da barra reduz a tensão máxima de aderência. Esse fato pode ser
explicado devido ao aumento da espessura da zona de transição entre a armadura e o concreto.
Além disso, as maiores dimensões das nervuras retêm mais água de amassamento na face
inferior da barra, refletindo em uma zona de transição de maior espessura, enfraquecendo
assim a ligação entre a matriz de argamassa e a armadura, tornando-se esta mais porosa e
ficando vulnerável ao esmagamento do concreto por compressão pelos flancos das nervuras.

19
3.3.4 – Idade do concreto
Ribeiro (1985) afirma que a influencia da idade do concreto sobre a aderência é
a mesma verificada em relação à resistência à compressão ou a tração do concreto.

3.3.5 – Posição da barra na concretagem


Na concretagem de uma peça, tanto no lançamento como no adensamento, o
envolvimento da barra pelo concreto é influenciado pela inclinação e posição da barra.
De acordo com o CEB 151 (1982), a tensão de aderência de barras concretadas na
posição vertical e solicitadas no sentido contrário à concretagem é maior que a de barras
concretadas na posição horizontal ou na vertical solicitadas no mesmo sentido da
concretagem. A exsudação do concreto fresco provoca um acúmulo de água sob as barras, que
ao ser absorvida ou evaporar, deixará espaços vazios ou poros, prejudicando a aderência
(BARBOSA, 2001).

3.3.6 – Resistencia mecânica do concreto


A resistência mecânica do concreto é um dos fatores que influencia de maneira mais
significativa à resistência de aderência. De modo geral, quanto maior a resistência do concreto
e quanto melhor a qualidade do concreto, em razão da boa dosagem, maiores serão os
esforços de aderência que o concreto poderá suportar na interface aço-concreto. A Figura 5
ilustra o efeito da resistência à compressão do concreto na resistência da aderência.
Vieira (1994) afirma que a resistência à tração do concreto é o fator principal que
condiciona a resistência de aderência quando a ruptura ocorre por fendilhamento. No entanto,
no caso em que ocorre ruptura por arrancamento, o fator determinante é a resistência de
compressão do concreto.

20
Figura 5 – Efeito da resistência à compressão do concreto na resistência da aderência (BARBOSA
2001)

3.3.7 – Dimensão do agregado graúdo


De Oliveira (2011) apud Martin e Noakowski (1981) afirmam que utilizando
agregados de diâmetros maior e pequena quantidade de água se observa um definido
acréscimo no comportamento da aderência. Uma explicação para estas observações seria que
em misturas com agregados muito finos, as partículas finas e também a água se acumulam nas
circunvizinhanças da barra, levando esta região a uma queda na resistência, o que facilita um
esmagamento do concreto por compressão junto aos flancos das nervuras, quando a barra for
solicitada.
Para agregados graúdos, a dimensão máxima exerce influência significativa na
trabalhabilidade e principalmente na resistência à compressão. De maneira geral, quanto
maiores são as partículas, menor a área específica a ser molhada e por isso menor a demanda
de água para uma mesma trabalhabilidade, ou seja, agregados maiores requerem menos água
de amassamento do que aquelas que contêm agregados menores.
No entanto, agregados maiores, além de diminuírem a área de aderência à pasta para
um mesmo volume de sólidos, tendem a formar zonas de transição mais microfissuradas,
podendo contrapor o benefício em resistência obtido pela menor demanda de água (MEHTA
& MONTEIRO, 1994; NEVILLE, 1997). No entanto, Weidmann (2008) apud Neville (1997),
ressalta que, para partículas menores que 38,1mm (maioria dos agregados empregados em
concreto na atualidade), prevalece o efeito da demanda de água. Para tamanhos maiores, o
balanço dos dois efeitos depende do consumo de cimento da mistura.

21
4 – ENSAIOS DE ADERÊNCIA

4.1 – Ensaio de arrancamento direto (pull-out-test)


Existem vários ensaios que determinam os valores de tensão de aderência entre o aço e
concreto, entre eles; Ensaio de Arrancamento Excêntrico (cantilever bond test), Ensaios de
Flexão – “beam best (Bt), Ensaio de Aderência do Tipo “push-out test”, entre outros. Porém,
o mais tradicional dentre eles é o Ensaio de Arrancamento Direto: “pull-out test (POT)”. Este
ensaio consiste em arrancar uma barra de aço posicionada no centro de um corpo-de-prova.
As duas extremidades da barra de aço ficam para fora do corpo-de-prova de concreto onde é
aplicada uma força a um extremo e lido o deslizamento no outro extremo.
Este ensaio é normalizado pela RILEM/CEB/FIP RC6 (CEB, 1983) e também está
referido na ASTM (1991), e vem sendo utilizado mundialmente para estudar variáveis que
interferem na aderência aço-concreto.
A Figura 6 ilustra o ensaio de arrancamento direto, com as linhas de tensões de tração
(linhas azuis) e compressão (linhas vermelhas).

Figura 6 – Detalhes do ensaio de arrancamento direto Pull-out-test (Leonhardt e Mönnig 1979)

Com o rompimento da ligação aço-concreto, a barra se desloca com mais ou menos


facilidade dentro do bloco de concreto dependendo da rugosidade da sua superfície envolvida.
O valor do pico de resistência permite calcular convencionalmente a tensão última (tensão
máxima) da ligação (τu), obtida pela divisão da força máxima aplicada pela superfície
nominal de ancoragem (VALE SILVA, 2010).

22
A utilização deste tipo de ensaio esta voltado principalmente para os seguintes casos:
pesquisar o comportamento de barras de diferentes perfis; determinar o efeito da direção de
concretagem; avaliar a aderência das barras em concretos de diferentes resistências à
compressão; determinar o efeito da duração e do tipo de carregamento; avaliar a influência da
posição da armadura e pesquisar a influência do comprimento ancorado; estudar a influência
sobre a aderência do cobrimento e espaçamento; armadura transversal e forças transversais
(BARBOSA, 2002).
Segundo Almeida Filho (2006) esse tipo de ensaio se mostrou bastante eficaz na
avaliação da aderência aço-concreto auto adensáveis, apresentando pequena variação em
relação a outros tipos de ensaios de aderência utilizados.

4.2 – Ensaio de arrancamento modificado (APULOT)


Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa simplificada para o ensaio de
arrancamento direto PULL-OUT-TEST, denominado de ensaio APULOT (PULL-OUT
MODIFICADO) que tem como vantagens a verificação das propriedades mecânicas do
concreto no próprio canteiro de obras.
O ensaio APULOT utiliza como molde de corpo-de-prova garrafas de plástico PET
cilíndricas, as quais devem possuir um diâmetro mínimo de 8 cm e se possível um formato
mais homogêneo na zona aderente. Outra vantagem, além de poder reutilizar garrafas de
plástico PET, é o fato de, no momento do ensaio, o corpo de prova se manter dentro do
invólucro de plástico da garrafa PET, o que leva a uma diminuição da deformação lateral do
corpo de prova.
O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto armado
a partir de ensaios de aderência aço-concreto. Um dos objetivos desse ensaio é verificar a
resistência à compressão do concreto por meio da tensão de aderência. Ele pode ser realizado
no próprio canteiro de obras, de maneira bastante simplificada.
A Figura 7 mostra o ensaio de arrancamento APULOT, com a localização da zona
aderente e as linhas de tensões de tração e compressão.

23
Figura 7 – Detalhes do ensaio de arrancamento APULOT (VALE SILVA 2010).

4.3 – Histórico do ensaio APULOT


A ideia original foi publicada por Lorrain e Barbosa (2008), artigo em que descrevem
as primeiras diretrizes para a metodologia APULOT. Com intuito de facilitar o ensaio de
arrancamento direto POT, e objetivando-se aplicá-lo em canteiro de obra os autores sugeriram
uma modificação no funcionamento do ensaio pull-out tradicional. Para demonstrar que a
resistência à compressão do concreto e a resistência de aderência tem uma boa
proporcionalidade, os autores propuseram a utilização de garrafas de plástico PET cilíndricas
como molde para os corpos de prova, as quais deveriam possuir um diâmetro mínimo de 8 cm
para evitar o fendilhamento. Outra característica dos ensaios realizados pelos autores é que a
garrafa PET não era retirada durante a realização do ensaio e os corpos de prova possuíam
duas zonas não aderentes e uma zona aderente.
Vale Silva (2010) investigou a proposta feita por Lorrain e Barbosa (2008)
comparando os dois tipos de ensaios de aderência aço-concreto: o ensaio padronizado pela
RILEM/CEB/FIP RC6 (CEB, 1983) (pull-out test) e o pull-out test modificado (APULOT).
Para isto utilizou duas classes de resistência de concreto, barras de aço de diâmetros 8,0 mm,
10,0 mm e 12,5 mm e idades de ruptura dos dois ensaios aos 3, 7 e 28 dias. Os resultados
obtidos indicaram que a correlação entre a tensão média de aderência e a resistência à
compressão do concreto são satisfatórias e próximas nos dois ensaios, e a relação entre tensão
última de aderência e a resistência à compressão é satisfatória com casos pré-determinados.
Posteriormente, Soudais (2011) aplicou com sucesso, diretamente em canteiros de obras, a
proposta de Lorrain e Barbosa (2008), obtendo resultados satisfatórios para a determinação da
resistência do concreto.

24
Nguyen et al (2011) utilizou ensaios de emissão acústica para avaliar o
comportamento da interface aço-concreto no ensaio de arrancamento modificado (APULOT).
Os autores utilizaram armaduras de diversos diâmetros e o comprimento de ancoragem variou
em função deste diâmetro. Os resultados obtidos indicaram que existe uma interação do
diâmetro da barra de aço com o cobrimento mínimo de concreto necessário para assegurar
uma adequada resposta no ensaio.
Tavares (2012) estudou o comportamento do fenômeno da aderência aço-concreto,
através da simulação numérica. Este trabalho avaliou a distribuição de tensões e a fissuração
do concreto que ocorre durante os ensaios de arrancamento pull-out e APULOT através da
análise numérica utilizando o código de cálculo ATENA, baseado no Método dos Elementos
Finitos (MEF). Os resultados numéricos obtidos apresentaram boa representatividade quando
comparados a resultados experimentais.
Acredita-se que com a validação do ensaio APULOT, pode-se proporcionar uma
alternativa de controle de qualidade importante nas construções civis, pois o mesmo pode ser
realizado “in loco". Grupos de pesquisa do Paraguai, França, Espanha, Tunísia e Brasil ,
sobretudo na PUC-Campinas estão estudando, aprimorando e discutindo os procedimentos
deste novo ensaio.

25
5 – MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 – Materiais utilizados


5.1.1 – Cimento
O cimento utilizado para a elaboração do concreto foi do tipo CP V ARI, produzido
pela Holcim. Trata-se de um ligante hidráulico produzido com moagem de clínquer Portland
com alta resistência inicial e atende as normas brasileiras NBR 5735 (ABNT, 1991) e NBR
5737 (ABNT, 1992).

5.1.2 – Agregado miúdo


Para a preparação do concreto utilizou-se areia lavada de rio de granulometria média.
Antes de produzir o concreto, a areia foi seca naturalmente ao sol.

5.1.3 – Agregado graúdo


Para a preparação do concreto utilizou-se dois tipos de agregado graúdo; agregado
graúdo de origem basáltica e agregado graúdo de resíduos de porcelana oriundo de isoladores
elétricos de porcelana: de diâmetros 12,5 mm e 19 mm. A Figura 8 ilustra as duas
granulometrias de resíduo de porcelana utilizado na preparação do concreto.
Destaca-se que, para o agregado graúdo de resíduo de porcelana, foi antecipadamente
determinado o índice de absorção do mesmo. Este índice no caso do resíduo de porcelana foi
determinado em 4,6%. O valor de água acrescido na composição do concreto com porcelana
é, portanto, alterado.

Figura 8 – Granulometria de 12,5 mm (a) e 19 mm (b).

26
5.1.4 – Água
Para a preparação do concreto, utilizou-se a água distribuída pela rede pública de
abastecimento de água potável da cidade de Campinas– SP, conforme a NBR 15900-1 (2009).

5.1.5 – Aditivo
O aditivo superplastificantes utilizado no concreto foi o Glenium 3400 NV, que é um
aditivo de ultima geração, com alto índice de redução de água e cuja base química é o
policarboxilato.

5.1.6– Barras de Aço


Utilizou-se barras de aço nervuradas CA-50 fabricadas pela ArcelorMittal, de
diâmetro nominal de 10 mm.

5.2 – Estudo das composições dos concretos


Nesta pesquisa foram elaborados quatro diferentes tipos de composições de concreto, os
quais foram denominados pelas siglas T01, T02, T03 e T04 onde a letra maiúscula T define o
traço do concreto e os números 01 a 04 definem o tipo de agregado graúdo utilizado e sua
respectiva granulometria:
• Concreto com agregado graúdo natural de granulometria 19 mm: T01;
• Concreto com agregado de resíduos de porcelana de granulometria 19 mm: T02;
• Concreto com agregado graúdo natural de granulometria 12,5 mm: T03;
• Concreto com agregado de resíduos de porcelana de granulometria 12,5 mm: T04.

As composições dos concretos T01, T02, T03 e T04 estão apresentadas na Tabela 2. A mesma
foi baseada nos estudos realizados por VALE SILVA (2010).

27
Tabela 2 – Composições dos concretos.

Material
T01 T02 T03 T04
(Kg/m³)

Cimento CPV-ARI 502,99 502,99 502,99 502,99

Areia 777,76 777,76 777,76 777,76

Água 192,38 228,33 192,38 228,33

Agregado Natural 977,01 - 977,01 -

Agregado de resíduo de porcelana - 977,01 - 977,01

Aditivo Superplastificantes 1,31 1,31 1,31 1,31

Relação água/cimento (a/c) 0,38 0,57 0,38 0,57

5.3 – Moldagem dos corpos de prova


Após a produção do concreto, moldaram-se os corpos-de-prova cilíndricos (Ø10 x 20
cm), de acordo com a NBR 5738 (2003). Depois de 24 horas, os corpos-de-prova foram
desmoldados e colocados na câmara úmida, com umidade e temperatura controladas, onde
permaneceram até a data de realização dos ensaios. A Figura 9 ilustra os corpos-de-prova
(Ø10 x 20 cm) desmoldados antes de serem levados à câmara úmida.

Figura 9 – (a) e (b) Corpos-de-prova (Ø 10 x 20 cm) desmoldados.

28
5.4 – Ensaios de determinação das propriedades mecânicas dos concretos.
5.4.1 – Ensaio de resistência à compressão simples.
Foram realizados os ensaios de resistência à compressão simples para as idades de 3, 7
e 28 dias. A Figura 10 ilustra o ensaio de resistência à compressão simples, baseada na NBR
5739 (2007).

Figura 10 – Ensaio de resistência à compressão simples.

5.4.2 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral.


Também foram realizados os ensaios de resistência à tração por compressão diametral
para as idades de 3, 7 e 28 dias. A Figura 11 ilustra o ensaio de resistência à tração, baseada
na NBR 7222 (2011).

Figura 11 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral

29
5.4.3 – Ensaio de módulo de elasticidade
Foram realizados os ensaios de módulo de elasticidade para a idade de 28 dias. A
Figura 12 ilustra o ensaio de módulo de elasticidade, realizado segundo a NBR 8522 (2008).

Figura 12 – Ensaio de módulo de elasticidade

5.5 – Preparação dos moldes para o ensaio APULOT.


O ensaio APULOT utiliza garrafas PET como moldes para a realização dos ensaios de
aderência aço-concreto. Esse fato implica na necessidade da preparação das garrafas e das
armaduras de aço antes da concretagem, para posterior realização dos mesmos.

5.5.1 – Preparação das garrafas


O modelo de garrafa PET escolhido para os ensaios foi os de volume 3 L e 3,3 L. A
Figura 13 abaixo, ilustra os modelos das garrafas.

Figura 13– Garrafa de 3L (a) e garrafas de 3,3 L (b) e (c).

30
Nas Figuras 14 (a) e (b) a seguir são ilustradas a preparação dos moldes para os
ensaios APULOT. Nas Figuras 14 (a) especificamente, são apresentadas o processo
desenvolvido para furar as garrafas PET. O processo para furar o fundo da garrafa foi
realizado por meio de um pequeno cano de ferro com um cabo de madeira. O cano foi
aquecido ao fogo e depois pressionado contra o fundo da garrafa. O processo para furar a
tampa foi realizado por meio de um martelo e um punção de ferro.

Figura 14 – Processo realizado para furar: o fundo da garrafa (a); e as tampas da garrafa (b).

Uma vez furada a garrafa, a mesma era recortada utilizando-se uma serrinha de fita e
uma tesoura. Abaixo, a Figura 15 ilustra o corte feito na garrafa e a Figura 16 ilustra a garrafa
já preparada para receber a armadura.

31
Figura 15 – Corte no fundo da garrafa utilizando uma serrinha de fita (a) e uma tesoura (b).

Figura 16 – Garrafa preparada para receber a armadura.

5.5.2 – Preparação das armaduras de aço.


O valor do comprimento de ancoragem, conhecida como zona aderente, no ensaio
APULOT vai depender da resistência à compressão do concreto, da tensão de escoamento do
aço (𝑓𝑦), e do diâmetro da barra (Ø). Para determinar o comprimento de ancoragem (L),
Lorrain e Barbosa (2008) propuseram a Equação 1.

Fy.∅
L= Equação 1
4.τu

32
Sendo:
(τu) tensão última de aderência no concreto [Pa];
(∅) diâmetro da barra [mm];
(L) comprimento de ancoragem [mm];
(Fy) tensão de escoamento do aço [Pa].

O comprimento de ancoragem a ser utilizado neste estudo foi estabelecido em L= 10


cm, baseado nos estudos realizados por GARCIA-TAENGUA et al (2013), para fins de
comparação de resultados obtidos por outros autores. As barras de aço foram preparadas
conforme ilustra a Figura 17. Foram utilizados tubos plásticos de PVC e fita adesiva para
isolar o comprimento de ancoragem.

Figura 17 – Preparação das barras de aço com comprimento de ancoragem definido.

Figura 18 – Barra de aço com comprimento de ancoragem definido, pronta para ser encaixada na
garrafa.

33
Figura 19 – Barra de aço encaixada na garrafa.

5.6 – Concretagem das garrafas e ensaio APULOT.


Após a preparação dos moldes e da produção do concreto, moldaram-se as garrafas
simultaneamente aos corpos-de-prova cilíndricos (Ø10 x 20 cm) e os colocaram na câmara
úmida até a data de realização dos ensaios.
A Figura 20 ilustra o processo realizado pra se prepara o suporte das garrafas. O
processo é semelhante ao usado para furar as garrafas. Um cano de ferro de 5“ (polegadas) foi
aquecido e pressionado contra uma caixa plástica. Com isso obteve-se um suporte para
posicionar as garrafas no momento da moldagem.

Figura 20 – Preparação do suporte para as garrafas.

34
6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios de ruptura dos corpos de prova para a obtenção das resistências à
compressão axial e de tração por compressão diametral foram realizados nas idades de 3, 7 e
28 dias. O ensaio de determinação do módulo de elasticidade do concreto foi realizado apenas
aos 28 dias. Simultaneamente a esses ensaios foram realizados os ensaios de aderência nas
idades de 3, 7 e 28 dias.

6.1 Ensaios das propriedades mecânicas do concreto.


As Tabelas 3 e 4 apresentam os resultados obtidos para os ensaios de resistência à
compressão, resistência à tração e módulo de elasticidade para os concretos com agregados
graúdo natural e para os concretos com resíduos de porcelana, respectivamente, ambos
elaborados com diferentes granulometrias.

Tabela 3 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo natural.
Agregado
Graúdo 12,5 (mm) 19 (mm)
Natural
Resistência Resistência Módulo Resistência Resistência Módulo
Idades à à de à à de
(dias) compressão tração elasticidade compressão tração elasticidade
(MPa) (MPa) (GPa) (MPa) (MPa) (GPa)
3 46,4 3,61 - 45,98 5,88 -

7 48,09 3,51 - 50,23 4,74 -

28 56,8 4,52 44,40 62,18 6,07 48,21

Tabela 4 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo de


resíduos de porcelana.
Agregado
Graúdo de
12,5 (mm) 19 (mm)
resíduo de
porcelana
Resistência Resistência Módulo Resistência Resistência Módulo
Idades à à de à à de
(dias) compressão tração elasticidade compressão tração elasticidade
(MPa) (MPa) (GPa) (MPa) (MPa) (GPa)
3 28,33 3,47 - 29,05 4,24 -

7 36,33 4,82 - 26,62 4,19 -

28 36,74 4,64 56,30 33,12 3,87 56,00

35
6.1.1 Ensaios de Resistência à compressão
Na Figura 21 são comparados os resultados dos ensaios de resistência à compressão
dos concretos com agregado natural e com resíduos de porcelana nas granulometrias de 12,5
mm e de 19 mm aos 3, 7 e 28 dias. A sigla “BN 12,5” significa concreto com agregado
graúdo natural de granulometria 12,5 mm, “BN 19” significa concreto com agregado graúdo
natural de granulometria 19 mm, “BC 12,5” significa concreto com agregado graúdo de
resíduo de porcelana de granulometria 12,5 mm e “BC 19” significa concreto com agregado
graúdo de resíduo de porcelana de granulometria 19 mm.

70
Resistência à compressão

60
50
40 BN 12,5
(MPa)

30 BN 19
20 BC 12,5
10 BC 19
0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)

Figura 21: Resistência à compressão aos 3, 7 e 28 dias.

Nota-se que o concreto produzido com agregado graúdo natural, obteve um aumento
da resistência à compressão de acordo com o aumento do diâmetro do agregado. Para o
concreto produzido com agregado graúdo de resíduo de porcelana, houve o inverso, a
resistência à compressão aumentou de acordo com a redução do diâmetro do agregado.
Observa-se também que o valor do módulo de elasticidade dos concretos elaborados com
resíduos de porcelana foi superior àqueles elaborados com agregados naturais.
Segundo ALHADAS (2008) apud NUNES (2005), o aumento da dimensão máxima do
agregado, para uma mesma mineralogia, pode ter dois efeitos opostos sobre a resistência do
concreto. Para um concreto com o mesmo teor de cimento e mesma consistência, as misturas
do concreto com agregados maiores requerem menos água de amassamento do que aquelas
que contêm agregados menores.

36
EVANGELISTA (2002), mantendo a mesma proporção volumétrica dos agregados
graúdos e água, o mesmo tipo de cimento e o mesmo abatimento de tronco de cone,
utilizando-se agregados britados de gnaisse com dimensões máximas de 19 mm e 9,5 mm,
observou que não houve influência significativa das dimensões máximas do agregado usado
na resistência à compressão dos concretos a não ser nas situações onde o concreto apresentava
menor valor a/c. Para valores de relações a/c menores foi observado maiores diferenças na
resistência do concreto, ou seja, um ganho maior de resistência para os agregados de
diâmetros maiores. Os resultados obtidos nesse estudo confirmam aqueles obtidos pelo autor.
Pompeu (2004) relata em seus resultados que para concretos com resistência entre 47 e
61 MPa, produzidos com basalto, a resistência à compressão é afetada pela dimensão máxima
característica. O autor constatou um aumento da resistência à compressão do concreto com a
redução da dimensão máxima característica. No estudo foram utilizados agregados com
dimensões máximas características de 19 mm e 9,5 mm e o acréscimo da resistência
observado foi na ordem de 7,5 % e 18,5 % dependendo do teor de agregado utilizado na
dosagem.
As Figuras 22 e 23 mostram as resistências à compressão para os agregados graúdos
de diâmetros de 12,5 mm e 19 mm respectivamente, para os dois concretos analisados. Nota-
se que, aos 28 dias, há uma perda de resistência para os concretos com agregados cerâmicos,
em comparação ao concreto referência, chegando à ordem de 35% para os agregados de
granulometria 12,5 mm e 46% para os agregados de granulometria 19 mm.
60

50
Resistência à Compressão

40

30
BN 12,5
(MPa)

20
BC 12,5
10

0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)

Figura 22: Resistência à compressão para os concretos com agregados de 12,5 mm.

37
70

Resistência à Compressão
60

50
(MPa) 40

30 BN 19
BC 19
20

10

0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)

Figura 23: Resistência à compressão para os concretos com agregados de 19 mm.

Em se tratando de agregados graúdos de resíduo de porcelana, CAMPOS (2009)


observou queda nos valores de resistência à compressão com o aumento do teor de material
cerâmico substituído. Houve um decréscimo na resistência à compressão na ordem de 30%
para o traço com 100% de porcelana graúda. Esses resultados são explicados devido ao
formato lamelar que a porcelana adquire ao ser moída e sua grande área vidrada, fatores estes
que interferiram na aderência da argamassa do concreto com estes agregados alternativos.

6.1.2 Ensaios de Resistência à tração.


A Figura 24 ilustra os resultados dos ensaios de resistência à tração por compressão
diametral dos dois tipos de concretos de diferentes granulometrias. Nota-se que os concretos
elaborados com agregados graúdos naturais de diâmetro de 19 mm apresentaram maiores
resistências à tração. Os concretos elaborados com agregados graúdos de diâmetros 12,5 mm
apresentaram resistências à tração próximas independente da substituição ou não dos resíduos
de cerâmica.

38
Figura 24: Resistência à tração nas idades de 3, 7 e 28 dias.

6.1.3 Ensaios de Módulo de elasticidade.


A Figura 25 ilustra os resultados dos ensaios de módulo de elasticidade dos dois tipos
de concretos de diferentes granulometrias. Observa-se que os concretos elaborados com
agregados graúdos de resíduo de porcelana apresentaram maiores valores de módulo de
elasticidade.

60
Módulo de Elasticidade

50

40
BN 12,5
(GPa)

30 BN 19

20 BC 12,5
BC 19
10

28 dias

Figura 25: Módulo de elasticidade aos 28 dias.

6.2 Ensaios de aderência APULOT.


Existem três tipos de rupturas da aderência em corpos-de-prova: (1) ruptura por
arrancamento ou deslizamento direto da barra de aço, (2) ruptura por fendilhamento ou
cisalhamento do concreto e (3) ruptura da barra de aço. A ruptura por arrancamento ou
deslizamento direto da barra ocorre quando existe uma aderência “perfeita” entre a barra de
39
aço e o concreto. O fendilhamento do concreto pode ser definido como o efeito da tração
circunferencial ocasionado pelas componentes radiais das tensões de compressão que
transferem a força do aço para o concreto. Este tipo de ruptura ocorre quando o confinamento
é insuficiente para garantir o arrancamento completo da barra, ou seja, o concreto apresenta
uma resistência menor que a do aço, não permitindo sua aderência com o mesmo.
O terceiro tipo de ruptura que pode acontecer nos ensaios de arrancamento é a ruptura
das barras de aço. Esse modo de ruptura está relacionado à resistência do concreto, ou seja, o
concreto possui resistência superior ao limite para ocorrer ruptura por deslizamento aço-
concreto.

6.2.1 Concreto com brita natural de diâmetro 12,5 mm


A Figura 26 ilustra os ensaios APULOT realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias para o
concreto produzido com agregado graúdo natural de diâmetro 12,5 mm. Nota-se que existe
um pico no gráfico e posteriormente uma queda acentuada, o que caracteriza o tipo de ruptura
da barra de aço. A Figura 27 (a) e (b) e ilustra, respectivamente, a ruptura da barra de aço no
ensaio APULOT e o interior de um corpo-de-prova com agregado graúdo de diâmetro 12,5
mm.

BN 12,5
Tensão de aderência

25
20
(MPa)

15
3 dias
10
7 dias
5
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Deslocamento (mm)
Figura 26: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de
diâmetro 12,5 mm.

40
Figura 27: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 12,5 mm (b).

6.2.2 Concreto com brita natural de diâmetro 19 mm


A Figura 28 ilustra os ensaios APULOT realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias para o
concreto produzido com agregado graúdo natural de diâmetro 19 mm e a Figura 29 (a) e (b)
ilustram a ruptura na barra e o interior de um corpo-de-prova com agregado graúdo natural de
diâmetro 19 mm.

BN 19
Tensão de aderência

20
(MPa)

15

10 3 dias

5 7 dias
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Deslocamento (mm)
Figura 28: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de
diâmetro 19 mm

41
Figura 29: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 19 mm (b).

Nota-se que, para os concretos elaborados com agregados naturais, as tensões de


ruptura aumentaram de acordo com a redução do diâmetro do agregado. Observa-se também
que houve uma crescente nas tensões de ruptura conforme o aumento da idade do corpo de
prova.

6.2.3 Concreto com resíduo de cerâmica de diâmetro 12,5 mm


A Figura 30 ilustra os ensaios APULOT realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias para o
concreto produzido com agregado graúdo de resíduo de cerâmica de diâmetro 12,5 mm e a
Figura 31 (a) e (b) ilustram a ruptura na barra e o interior de um corpo-de-prova com
agregado graúdo de resíduo cerâmico de diâmetro 12,5 mm.

BC 12,5
Tensão de aderência

20

15
(MPa)

10 3 dias

5 7 dias
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Deslocamento (mm)
Figura 30: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica
de diâmetro 12,5 mm.

42
Figura 31: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 12,5 mm (b).

6.2.4 Concreto com resíduo de cerâmica de diâmetro 19 mm


A Figura 32 ilustra os ensaios APULOT realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias para o
concreto produzido com agregado graúdo de resíduo de cerâmica de diâmetro 19 mm e a
Figura 33 (a) e (b) ilustram a ruptura na barra e o interior de um corpo-de-prova com
agregado graúdo de resíduo cerâmico de diâmetro 19 mm.

BC 19
Tensão de aderência

20

15
(MPa)

10 3 dias
5 7 dias

0 28 dias
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Deslocamento (mm)
Figura 32: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica
de diâmetro 19 mm.

43
Figura 33: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 19 mm (b).

Nota-se também, que para os concretos elaborados com agregados de resíduo de


cerâmica, as tensões de ruptura aumentaram de acordo com a redução do diâmetro do
agregado. Também houve uma crescente nas tensões de ruptura conforme o aumento da idade
do corpo de prova.
Em todos os ensaios de aderência APULOT realizados com os concretos elaborados
com brita natural e com resíduo de porcelana, ambos de 12,5 mm e de 19 mm e barras de aço
de diâmetro de 10 mm, houve ruptura da barra de aço.
As tensões de ruptura cresceram com a idade dos corpos de prova e foram
ligeiramente superiores para os concretos com agregados de diâmetros menores. Em resumo,
o comportamento dos ensaios, ruptura das barras de aço, foi o mesmo para todos os concretos
produzidos. Isso se deve ao fato de que a resistência à compressão dos concretos é superior ao
limite para ocorrer ruptura por deslizamento aço-concreto, independente do tipo de concreto,
com brita natural ou com resíduo cerâmico.

44
7 - CONCLUSÃO

Este estudo teve por objetivo principal comparar a influência dos agregados graúdos
de diâmetros diferentes, 12,5 mm e 19 mm, no comportamento da resistência à compressão
dos concretos e da tensão de aderência aço-concreto, usando o ensaio de aderência APULOT.
Observou-se que no tangente aos ensaios de aderência aço-concreto não houve deslizamento
da barra de aço em relação ao concreto, acontecendo antes, a ruptura da barra de aço, para
todos os tipos de concreto produzidos, seja com brita natural ou com resíduo cerâmico. Isso
aconteceu, pois, independentemente do tipo de concreto, a resistência à compressão foi
superior ao limite para ocorrer ruptura por deslizamento.
Entretanto, nos ensaios de propriedades mecânicas do concreto observa-se que o
concreto elaborado com agregado graúdo natural, obteve um aumento da resistência à
compressão de acordo com o aumento do diâmetro do agregado. Para o concreto produzido
com agregado graúdo de resíduo cerâmico, houve o inverso, a resistência à compressão
aumentou ligeiramente de acordo com a redução do diâmetro do agregado. Em resumo, os
concretos elaborados com agregados graúdos de diâmetros superiores obtiveram maior ganho
de resistência à compressão, assim como os concretos elaborados com agregados naturais.
Para os ensaios de aderência APULOT, há necessidade de se aumentar o diâmetro das
barras de aço ou diminuir a resistência à compressão do concreto, para melhor verificar o
comportamento de aderência da barra de aço em relação ao concreto.

45
8 – BIBLIOGRAFIA

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50
ANEXO 1

51
52
ANEXO 2

53
54
ANEXO 3

55
Avaliação da influência do tipo e da granulometria dos agregados
graúdos na aderência aço-concreto através do método de ensaio
APULOT.
Evaluation of the influence of the type of grain size of coarse aggregates in steel-
concrete bond through APULOT test method.

ROSSI JUNIOR, Marcio Henrique(1); BARBOSA, Mônica P.(2) ; SILVA, Bruno.V.(3) ; JACINTHO,
Ana Elisabete P.G.A.(2)

(1) Graduação, PUC-Campinas, marcinhomhrj@yahoo.com.br


(2) Professoras Doutoras, PUC-Campinas monica.barbosa@puc-campinas-edu.br,
anajacintho@gmail.com
(3) Professor Dr., Universidade do Extremo Sul Catarinense, DEC, dovalesilva@hotmail.com, Criciúma,
SC, Brasil.
Resumo
Os isoladores elétricos de porcelana, após um determinado período de uso, perdem suas funções
isoladoras, tendo necessidade de serem substituídos. Dessa forma seu descarte gera dezenas de
toneladas de resíduos que ao serem descartados na natureza levam muitos anos para se decompor.
Uma alternativa para a racionalização do descarte desse material e preservação da natureza é a sua
utilização em substituição aos agregados comumente usados em argamassas e concretos.
Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa simplificada para o ensaio de aderência PULL-
OUT, denominado de ensaio APULOT (PULL-OUT modificado) que pode ser aplicado em canteiro de
obras. O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto armado a partir de
ensaios de aderência aço-concreto.
Trabalhando com quatro tipos diferentes de concreto, sendo dois deles elaborados com agregado
graúdo natural e dois elaborados com agregados oriundos de isoladores de porcelana em substituição
ao agregado natural graúdo, esse trabalho avalia a influência da granulometria do agregado graúdo no
ensaio de aderência aço-concreto através do ensaio APULOT.
Os quatro tipos de concreto utilizados neste trabalho tiveram as granulometrias dos agregados natural e
de cerâmica variando entre 12,5 mm e 19 mm. Os ensaios foram realizados nas idades de 3 e 7 dias. O
diâmetro das barras de aço CA-50 nervuradas foi de 10 mm. Os resultados obtidos confirmam a
influência do diâmetro do agregado graúdo na aderência aço-concreto.
Palavra-Chave: Aderência aço-concreto, Ensaio APULOT, resistência do concreto.

Abstract
Electrical porcelain insulators, after a certain period of use, lose their insulating functions, having
therefore, to be replaced. It generates tens of tons of waste to be disposed of in nature, which take many
years to decompose. As an alternative for the rationalization of the disposal of this material and
preservation of nature, it could be cited its use to replace aggregates commonly used in mortar and
concretes.
Lorrain e Barbosa (2008) presented an alternative for the bond test PULL-OUT, called APULOT test
(PULL-OUT modified) which can be applied to construction sites. The concept of the APULOT test is to
perform the quality control of reinforced concrete from steel-concrete bond test.
Based on four different types of concrete, two of them made with aggregates natural aggregate and the
other two made with aggregates coming from porcelain insulators instead of natural coarse aggregate,
this study evaluates the influence of particle size of the coarse aggregate on the steel-concrete bond test
through the APULOT test.
The four types of concrete used in this work had the particle sizes of natural aggregates and ceramics
ranging from 12.5 mm to 19 mm. The assays were performed at ages of 3 and 7 days. The diameters of
ribbed steel bars CA-50 were 10 mm. The results confirm the influence of the diameter of the coarse
aggregate in steel-concrete adhesion.
Keywords: steel-concrete bond, APULOT testing, concrete strength.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


1 Introdução

No ramo da construção civil, um dos ensaios mais aplicados para o controle da


qualidade do concreto é o ensaio de compressão axial de corpos de prova. Entretanto,
para a execução deste e de outros ensaios, é necessário o uso de equipamentos
apropriados ou a contratação de laboratórios especializados.
Com o objetivo de disponibilizar um ensaio alternativo ao ensaio tradicional de
resistência à compressão, que permita ser realizado no próprio canteiro de obras, de
maneira simples e com baixo custo, Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma
alternativa simplificada para o ensaio de aderência PULL-OUT, denominado de ensaio
APULOT (PULL-OUT modificado).
O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto
armado a partir de ensaios de aderência aço-concreto. O objetivo do ensaio é verificar
a resistência à compressão do concreto por meio da resistência de aderência.
A aderência aço-concreto é influenciada por diversos fatores, como a resistência
do concreto, o comprimento de ancoragem, o diâmetro da barra e o tipo e tamanho do
agregado utilizado no concreto.
Para estudar a viabilidade do ensaio APULOT como ensaio de aderência e de
controle de qualidade do concreto, vários trabalhos de pesquisa estão sendo estudados
(DE AVILA JACINTHO et al., 2014; SILVA et al., 2013; SILVA et al., 2014),
aprimorados e discutidos por grupos de pesquisa do exterior e no Brasil, sobretudo na
PUC-Campinas. Acredita-se que sua validação poderá proporcionar uma alternativa
para a avaliação do controle de qualidade do concreto armado no ramo da construção
civil.
O objetivo dessa pesquisa é avaliar a influência do tipo e da granulometria dos
agregados graúdos na aderência aço-concreto através do método de ensaio APULOT.
Para tanto, dois tipos distintos de agregados graúdos estão sendo utilizados: o
agregado graúdo natural de origem basáltica e o agregado graúdo reciclado cerâmico
oriundo de isoladores elétricos de porcelana em substituição ao agregado natural,
ambos com duas granulometrias diferentes: agregados de diâmetros de 12,5 mm e
agregados de diâmetro de 19 mm.

2 Concreto com Resíduos de Porcelana

Os isoladores elétricos são classificados como materiais inertes e com


decomposição muito lenta, sendo assim, seu emprego em concretos e argamassas se
torna uma alternativa para a racionalização do descarte e uma forma de diminuir o
impacto ambiental.
Segundo Campos (2009) apud Franck et al. (2004), os resíduos de isoladores
elétricos de porcelana, provenientes de substituição por partes das concessionarias
elétricas brasileiras, são um material com composição química similar à dos agregados
naturais. A substituição parcial dos agregados graúdos por resíduos de porcelana de
isoladores elétricos em concreto vem sendo tema de pesquisa na PUC-Campinas
desde 2010. Campos e Jacintho (2009) obtiveram resultados do decréscimo da
resistência à compressão do concreto, quando incorporado 100% de resíduo de
porcelana.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


Entretanto, há algumas desvantagens ao uso de isoladores de porcelana na
questão referente ao seu vidrado superficial que pode ser potencialmente reativo com
os cimentos comumente utilizados, produzindo reações expansivas, trincas e
diminuição da resistência mecânica e modulo de elasticidade. Outro problema
relacionado a este vidrado é que a região polida prejudica a aderência com a pasta de
cimento, sendo o local onde geralmente ocorrem as fraturas.

3 Aderência Aço-Concreto

A tensão de aderência pode ser definida como sendo a relação entre a força
atuante na barra e a superfície da barra unida ao concreto. Porém, existem vários
fatores que podem influenciar o comportamento da aderência, como a resistência
mecânica do concreto, diâmetros das barras de aço, limite de escoamento do aço,
idade de carga, cobrimento de concreto ao redor das barras, comprimento de
ancoragem entre outros.
A aderência entre o aço e o concreto é um dos principais requisitos para o bom
funcionamento do concreto armado. A razão da existência do concreto armado consiste
na ação conjunta entre a armadura e o concreto. Esse resultado só é possível em
razão da aderência entre os dois materiais, uma vez que para absorver os esforços
solicitantes, os dois materiais atuam em conjunto.
A aderência, também garante a transferência de forças entre a barra de aço e o
concreto e a compatibilidade de deformação entre eles. Esta união dos dois materiais
define o concreto armado como um material estrutural.
O comportamento entre a barra de aço e o concreto que está em sua volta tem
muita importância com relação à capacidade de carga das peças de concreto armado,
sendo este conhecimento de fundamental importância para se chegar às regras de
cálculo de ancoragens e emendas por transpasse das barras da armadura; para o
cálculo das deflexões levando-se em conta o efeito de enrijecimento por tração; para o
controle da fissuração e, para a determinação da quantidade mínima de armadura.
A aderência aço-concreto é constituída por vários fatores, dentre eles se
destacam:
Aderência por atrito: Que ocorre em virtude da força de atrito entre a barra de
aço e o concreto.
Aderência por adesão química: Existe em virtude do processo físico-químico que
está ligada à rugosidade e à limpeza da superfície da barra e que atua na interface
entre o concreto e a barra de aço durante as reações de hidratação do cimento.
Aderência mecânica: Proveniente da formação de consoles de concreto entre as
nervuras das barras de aço nervuradas. Esses consoles impedem o deslizamento
rápido no interior do concreto. Este tipo de aderência é a mais efetiva entre os três
fatores. A Figura 1 ilustra a aderência mecânica decorrente da presença de nervuras
na superfície das barras.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


Figura 1 - Aderência mecânica (adaptado de FUSCO. 1995).

De modo geral pode-se descrever o processo de arrancamento da armadura do


corpo de prova como sendo a composição de três processos que acontecem
seguidamente a outro, ou mesmo conjuntos. Ao aplicar-se uma força de tração sobre a
armadura de aço, atua em primeiro lugar, a aderência por adesão, uma reação
provinda da relação intermolecular entre a barra de aço e o concreto. Caso a força
aplicada seja maior do que a força por adesão, a mesma é rompida, e surge a força por
Atrito. Por último, caso for vencida a força por Atrito, surge a Aderência Mecânica, a
qual se dá pelo contato superficial dos dois materiais.

3.1 Ensaios de aderência APULOT


Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa simplificada para o
ensaio de arrancamento direto PULL-OUT-TEST, denominado de ensaio APULOT
(PULL-OUT-MODIFICADO). O ensaio APULOT tem o mesmo princípio do ensaio
PULL-OUT-TEST, que é o arrancamento de uma barra de aço inserida no concreto.
O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto
armado a partir de ensaios de aderência aço-concreto. Um dos objetivos desse ensaio
é verificar a resistência à compressão do concreto por meio da tensão última (máxima)
de aderência. Ele pode ser realizado no próprio canteiro de obras, de maneira bastante
simplificada, pois se utiliza garrafas PET como moldes dos corpos de prova.
A resistência à compressão é obtida pela relação entre a aderência aço-
concreto, expressa na curva de correlação adotada por Lorrain et. al. (2011),
apresentada na Figura 2.

Figura 2 – Curva de correlação Lorrain et. al. (2011).

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


O comprimento de ancoragem (zona aderente) é função da resistência à
compressão do concreto (fc) e do diâmetro da barra de aço (SILVA, 2010), conforme a
Equação 1.

(Equação 1)

Onde: fsy é a tensão de escoamento do aço; Ø é o diâmetro da barra de aço; l exp


é o comprimento de ancoragem nos corpos de prova; τ b,máx é a tensão máxima de
aderência obtida através da curva de correlação proposta por Lorrain e Barbosa (2008)
[7]. A Figura 2 ilustra o esquema do ensaio APULOT.

Figura 3 – Esquema do ensaio APULOT. (SILVA B. V. 2010).

4 Materiais e Métodos

4.1 Materiais empregados e composição


Nessa pesquisa foram utilizados, na preparação do concreto, dois tipos de
agregado graúdo: Agregado graúdo natural de origem basáltica e agregado de
resíduos de porcelana oriundo de isoladores elétricos de porcelana: de granulometria
12,5 mm e 19 mm. A Figura 4 ilustra os agregados de porcelana utilizados.
O cimento utilizado foi o CP V - ARI, conforme a NBR 5733. Para a preparação
do concreto utilizou-se areia lavada de rio de granulometria média e seca naturalmente
ao sol. O aço utilizado para o ensaio de arrancamento foi o CA 50, com diâmetro de 10
mm, conforme a NBR 7480/2007.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


Figura 4 – [a] Agregado de resíduo de porcelana de granulometria 12,5 mm. [b] Agregado de
resíduo de porcelana de granulometria 19 mm.

Foram elaborados quatro diferentes tipos de composições de concreto, os quais


foram denominados pelas siglas T01, T02, T03 e T04:
• Concreto com agregado graúdo natural de granulometria 19 mm: T01;
• Concreto com agregado de resíduos de porcelana de granulometria 19 mm: T02;
• Concreto com agregado graúdo natural de granulometria 12,5 mm: T03;
• Concreto com agregado de resíduos de porcelana de granulometria 12,5 mm:
T04.
As composições dos concretos T01, T02, T03 e T04 são apresentados na Tabela1.

Tabela 1 – Composições dos concretos.


Material T01 T02 T03 T04
(Kg/m³)
Cimento CPV-ARI 502,99 502,99 502,99 502,99
Areia 777,76 777,76 777,76 777,76
Água 192,38 228,33 192,38 228,33
Agregado Natural 977,01 - 977,01 -
Agregado de
resíduo de - 977,01 - 977,01
porcelana
Aditivo
1,31 1,31 1,31 1,31
Superplastificantes
Relação
0,38 0,57 0,38 0,57
água/cimento (a/c)

Destaca-se que, para o agregado graúdo de resíduo de porcelana, foi


antecipadamente determinado o índice de absorção do mesmo. Este índice no caso do
resíduo de porcelana cerâmica foi determinado em 4,6%.
Foram moldados 19 corpos de prova cilíndricos (Ø10 x 20 cm) para a
determinação dos ensaios das propriedades mecânicas, ou seja, da resistência à
compressão axial, resistência à tração por compressão diametral nas idades de 3, 7 e
28 dias e determinação do módulo de elasticidade aos 28 dias.

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Para a realização do ensaio APULOT, foram moldadas 10 garrafas PET de 3L
para cada traço de concreto, totalizando 40 garrafas ensaiadas.
A Figura 5 [a] ilustra os corpos de prova cilíndricos usados nos ensaios de
propriedades mecânicas e as Figuras 5 [b] e 5 [c] os moldes elaborados com garrafas
PET utilizadas nos ensaios de aderência.

Figura 5 – [a] Corpos de prova cilíndricos (Ø10 x 20 cm). [b] e [c] moldes de garrafas
PET utilizados no ensaio de aderência.

4.2 Ensaios das propriedades mecânicas e de aderência (APULOT)


Para o concreto em estudo foi determinado além da tensão de aderência a
resistência à compressão (segundo a NBR 5739) a resistência à tração por
compressão diametral (NBR 7222) e o módulo de elasticidade (segundo a NBR 8522).
As Figuras 6 a 8 ilustram a execução desses ensaios.

Figura 6: Ensaio de Figura 7: Ensaio de resistência à Figura 8: Ensaio de módulo de


resistência à compressão tração por compressão elasticidade.
axial. diametral.

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Neste estudo o comprimento de ancoragem foi fixado em 10 cm, tendo sido o
mesmo valor usado nos ensaios APULOT realizados por GARCÍA-TAENGUA et al
(2014).
Para aplicação da carga utilizou-se um macaco hidráulico de pistão vazado com
capacidade de 60 Toneladas, conectado a uma bomba manual de pressão. As leituras
das deformações que ocorriam na célula de carga e as de deslocamento linear
acontecidas no LVDT (Linear variable differential tranformer) foram feitas pelo sistema
de aquisição de dados. A Figura 9 ilustra o ensaio de aderência APULOT.

Figura 9: macaco hidráulico utilizado no ensaio de aderência APULOT.

5 Resultados Obtidos

5.1 Ensaios de Resistência à compressão

Os ensaios de ruptura dos corpos de prova para a obtenção das resistências à


compressão axial e de tração por compressão diametral foram realizados nas idades
de 3, 7 e 28 dias. O ensaio de determinação do módulo de elasticidade do concreto foi
realizado apenas aos 28 dias. Simultaneamente a esses ensaios foram realizados os
ensaios de aderência nas idades de 3, 7 e 28 dias.
As Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados obtidos para os ensaios de
resistência à compressão, resistência à tração e módulo de elasticidade para os
concretos com agregados graúdo natural e para os concretos com resíduos de
porcelana, respectivamente, ambos elaborados com diferentes granulometrias. Na
Figura 10 são comparados os resultados dos ensaios de resistência à compressão dos
concretos sem e com resíduos nas granulometrias de 12,5 mm e de 19 mm aos 3 e 7
dias. A sigla “BN 12,5” significa agregado graúdo natural de granulometria 12,5 mm,
“BN 19” significa agregado graúdo natural de granulometria 19 mm, “BC 12,5” significa
agregado graúdo de resíduo de porcelana de granulometria 12,5 mm e “BC 19”
significa agregado graúdo de resíduo de porcelana de granulometria 19 mm.

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Tabela 2 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo natural.
12,5 mm 19 mm
Agregado
graúdo
Natural

Resistência Resistência Módulo Resistência Resistência Módulo


Idades à à de à à de
(dias) Compressão Tração Elasticidade Compressão Tração Elasticidade
(MPa) (MPa) (GPa) (MPa) (MPa) (GPa)
3 46,4 3,61 - 45,98 5,88 -
7 48,09 3,51 - 50,23 4,74 -
28 56,8 4,52 44,40 62,18 6,07 48,21

Tabela 3 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo de


resíduos de porcelana.
Agregado 12,5 mm 19 mm
graúdo de
resíduo de
porcelana
Resistência Resistência Módulo Resistência Resistência Módulo
Idades à à de à à de
(dias) Compressão Tração Elasticidade Compressão Tração Elasticidade
(MPa) (MPa) (GPa) (MPa) (MPa) (GPa)
3 28,33 3,47 - 29,05 4,24 -
7 36,33 4,82 - 26,62 4,19 -
28 36,74 4,64 56,30 33,12 3,87 56,00

Figura 10: Resistência à compressão aos 3, 7 e 28 dias.

Nota-se que o concreto produzido com agregado graúdo natural, obteve um


aumento da resistência à compressão de acordo com o aumento do diâmetro do
agregado. Para o concreto produzido com agregado graúdo de resíduo de porcelana,

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houve o inverso. A resistência à compressão aumentou de acordo com a redução do
diâmetro do agregado. Observa-se também que o valor do módulo de elasticidade dos
concretos elaborados com resíduos de porcelana foi superior àqueles elaborados com
agregados naturais.
Segundo ALHADAS (2008) apud NUNES (2005), o aumento da dimensão
máxima do agregado, para uma mesma mineralogia, pode ter dois efeitos opostos
sobre a resistência do concreto. Para um concreto com o mesmo teor de cimento e
mesma consistência, as misturas do concreto com agregados maiores requerem
menos água de amassamento do que aquelas que contêm agregados menores.
EVANGELISTA (2002), mantendo a mesma proporção volumétrica dos
agregados graúdos e água, o mesmo tipo de cimento e o mesmo abatimento de tronco
de cone, utilizando-se agregados britados de gnaisse com dimensões máximas de 19
mm e 9,5 mm, observou que não houve influência significativa das dimensões máximas
do agregado usado na resistência à compressão dos concretos a não ser nas situações
onde o concreto apresentava menor valor a/c. Para valores de relações a/c menores foi
observado maiores diferenças na resistência do concreto, ou seja um ganho maior de
resistência para os agregados de diâmetros maiores. Os resultados obtidos nesse
estudo confirmam aqueles obtidos pelo autor.
Pompeu (2004) relata em seus resultados que para concretos com resistência
entre 47 e 61 MPa, produzidos com basalto, a resistência à compressão é afetada pela
dimensão máxima característica. O autor constatou um aumento da resistência à
compressão do concreto com a redução da dimensão máxima característica. No estudo
foram utilizados agregados com dimensões máximas características de 19 mm e 9,5
mm e o acréscimo da resistência observado foi na ordem de 7,5 % e 18,5 %
dependendo do teor de agregado utilizado na dosagem.
As resistências à compressão para os agregados graúdos de diâmetros de 12,5
mm para os dois concretos analisados são mostradas na Figura 11. Nota-se que há
uma perda de resistência para os concretos com agregados cerâmicos, chegando à
ordem de 35,31% aos 28 dias.

Figura 11: Resistência à compressão para os concretos com agregados de 12,5 mm.

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Em se tratando de agregados graúdos de resíduo de porcelana, CAMPOS
(2009) observou queda nos valores de resistência à compressão com o aumento do
teor de material cerâmico substituído. Houve um decréscimo na resistência à
compressão na ordem de 30% para o traço com 100% de porcelana graúda. Estes
resultados são explicados devido ao formato lamelar que a porcelana adquire ao ser
moída e sua grande área vidrada, fatores estes que interferiram na aderência da
argamassa do concreto com estes agregados alternativos.

5.2 Ensaios de Resistência à tração.

A Figura 12 ilustra os resultados dos ensaios de resistência à tração por


compressão diametral dos dois tipos de concretos de diferentes granulometrias. Nota-
se que os concretos elaborados com agregados graúdos naturais de diâmetro de 19,0
mm apresentaram maiores resistências à tração. Os concretos elaborados com
agregados graúdos de diâmetros 12,5 mm apresentaram resistências à tração
próximas independente da substituição ou não dos resíduos de cerâmica.

Figura 12: Resistência à tração nas idades de 3, 7 e 28 dias.

5.3 Ensaios de aderência APULOT.

5.3.1 Concretos com brita natural de diâmetros distintos.

Em todos os ensaios de aderência APULOT realizados com os concretos


elaborados com brita natural de 12,5 mm e de 19 mm e barras de aço de diâmetro de
10 mm houve ruptura da barra de aço. Isso significa que o concreto elaborado possui
resistência superior ao limite para ocorrer ruptura por deslizamento aço-concreto no
ensaio de aderência APULOT.
As Figuras 13 (a) e 13 (b) ilustram os ensaios APULOT realizados nas idades de
3, 7 e 28 dias para os concretos com agregados naturais de diâmetros de 12,5mm e
19,0 mm, respectivamente. Pode-se observar o comportamento típico de ruptura das
barras de aço pelas curvas obtidas. As tensões de ruptura cresceram com a idade dos
corpos de prova e foram ligeiramente superiores para os concretos com agregados de
diâmetros menores.
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(a) (b)
Figura 13: Tensão de aderência versus deslocamento dos concretos com brita natural (a)
concreto com brita de diâmetro 12,5mm e (b) concreto com brita de diâmetro de 19,0 mm.

5.3.2 Concretos com resíduo de cerâmica de diâmetros distintos.

Nas Figuras 14 (a) e (b) são apresentados os resultados dos ensaios de


aderência APULOT realizados com os concretos elaborados com resíduos de cerâmica
de diâmetros de 12,5 mm e de 19,0 mm. Nota-se que o comportamento dos ensaios,
ruptura das barras de aço, foi o mesmo dos concretos com brita natural. Isso se deve
ao fato de que a resistência à compressão dos concretos é superior ao limite para
ocorrer ruptura por deslizamento aço-concreto, independente do tipo de concreto, com
brita natural ou com resíduo cerâmico.

(a) (b)
Figura 14: Tensão de aderência versus deslocamento dos concretos com resíduo de cerâmica
(a) concreto com resíduo cerâmico de diâmetro 12,5mm e (b) concreto com resíduo cerâmico
de diâmetro de 19,0 mm.

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6 Conclusão

Este estudo teve por objetivo principal comparar a influência dos agregados
graúdos de diâmetros diferentes, 12,5 mm e 19,0 mm, no comportamento da
resistência à compressão dos concretos e da tensão de aderência aço-concreto,
usando o ensaio de aderência APULOT. Observou-se que no tangente aos ensaios de
aderência aço-concreto não houve deslizamento da barra de aço em relação ao
concreto, acontecendo antes a ruptura da barra de aço, independente do tipo de
concreto.
Entretanto, nos ensaios de propriedades mecânicas do concreto observa-se que
os concretos elaborados com agregados graúdos de diâmetros superiores obtiveram
maior ganho de resistência à compressão, assim como os concretos elaborados com
agregados naturais.
Para os ensaios de aderência APULOT, há necessidade de se aumentar o
diâmetro das barras de aço ou diminuir a resistência à compressão do concreto, para
melhor verificar o comportamento de aderência da barra de aço em relação ao
concreto.

7 Referências
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and concrete bond stress: a contribution to the study of APULOT tests using
concrete with rubber addition. Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, v. 7, p.
817-844, 2014.

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mineralógicas nas propriedades mecânicas do concreto, 2008, Dissertação
(Mestrado), Escola de Engenharia, UFMG, 2008.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5738: concreto – procedimento para


moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 6p.

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Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR 7222 – argamassa e


Concreto - determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos-
de-prova Cilíndricos. Rio de janeiro. 2011. 3p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR7480: Determinação da resistência a


tração do aço com patamar de escoamento. Rio de Janeiro, 2007. 13p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR 8522 – Concreto-


Determinação dos módulos estáticos de elasticidade e de deformação e da curva
tensão deformação. Rio de Janeiro. 2008. 9p.

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steel. Philadelphia, 1991. 5 p.

CAMPOS, Marco Antônio. Estudo do reaproveitamento de isoladores elétricos de


porcelana como agregados em argamassas e concretos. 2009. 147 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.

CAMPOS, Marco Antônio. Análise microestrutural e das propriedades mecânicas e


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porcelana. Tese de Doutorado, Faculdade de Engenharia Civil – FEC, UNICAMP,
Brasil, 2011.

EVANGELHISTA, A.C.J. “Avaliação da Resistência do concreto usando diferentes


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Engenharia– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, Rio de Janeiro, junho
2002.

GARCÍA-TAENGUA E.; MARTÍ-VARGAS J. R.; SERNA-ROS P.. Bond of


reinforcement in concrete applied to concrete quality control: The Bottle Bond
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LORRAIN, M; BARBOSA P. M. Controle de qualidade dos concretos estruturais:


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POMPEU, B.B.N. Efeito do tipo, tamanho e teor de agregado graúdo na


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SILVA, Romulo Dinalli da. Estudo da aderência aço-concreto em pilares mistos


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investigation on the use of steel-concrete bond tests for estimating axial
compressive strength of concrete - part 2: APULOT. Revista IBRACON de
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ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


TAVARES, Alysson José. Aderência aço-concreto: Análise numérica dos ensaios
PULL-OUT e APULOT. 2012. 141 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Mecanica, Universidade Estadual Paulista (unesp), Ilha Solteira, 2012.

VALE SILVA, B. Investigação do potencial dos ensaios APULOT e pull-out para


estimativa da resistência a compressão do concreto. 178f. 2010. Dissertação
(mestrado em Engenharia Mecânica) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira, Ilha Solteira, 2010.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC


ANEXO 4

71
noreply@bps.com.br
Para
marcinhomhrj@yahoo.com.br monica_eng_civil@yahoo.com.br anajacintho@puc-campinas.edu.br
dovalesilva@hotmail.com
Jul 27
IBRACON
Instituto Brasileiro do Concreto
57º Congresso Brasileiro do Concreto CBC2015
Relatório de Avaliação de artigo científico
Prezado(a) Marcio Henrique Rossi Junior ,

O Comitê Científico do 57º CBC2015, analisou o artigo de sua autoria 57CBC0303 - AVALIAÇÃO DA
INFLUÊNCIA DO TIPO E DA GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS GRAÚDOS NA
ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO ATRAVÉS DO MÉTODO DE ENSAIO APULOT., considerando-o:

Aprovado

Nota da Avaliação: 3,3

Legenda de notas:
5 - Ótimo
4 - Bom
3 - Médio
2 - Pobre
1 - Insuficiente
Observações dos Revisores:

Observação 1: Bom artigo mas há necessidade de apresentação das siglas empregadas para maior clareza
dos gráficos apresentados.

Se necessário consulte o hotsite do 57º CBC2015:


http://www.ibracon.org.br/eventos/57CBC
O artigo foi aprovado para publicação e apresentação no 57o Congresso Brasileiro do Concreto. Para que
seu artigo seja publicado pelo menos um dos autores DEVE SE INSCREVER no Congresso. Caso
nenhum dos autor(es) possa comparecer ao evento mas deseja(m) que seu artigo seja publicado deverá ser
recolhida um taxa de publicação no valor de R$ 200,00 até o dia 28/08/2015 no sistema de INSCRIÇÕES
ON-LINE do 57CBC2015 – ultimo link na categorias das inscrições. A programação das apresentações
será enviada posteriormente.

Atenciosamente,
Comitê Científico

IBRACON
Brazilian Concrete Institute
57º Brazilian Conference on Concrete CBC2015
Scientific Paper Review Report

72
Dear Marcio henrique Rossi Junior ,

Your paper 57CBC0303 - EVALUATION OF THE INFLUENCE OF THE TYPE OF GRAIN SIZE OF
COARSE AGGREGATES IN STEEL-CONCRETE ADHERENCE THROUGH APULOT TEST
METHOD, has been reviewed by the Scientific Committee and was found to be:

Approved

Review Grade: 3,3

Grading legend:
5 - Excellent
4 - Above Average
3 - Average
2 - Below Average
1 - Insufficient
General Observations:

Observation 1: Bom artigo mas há necessidade de apresentação das siglas empregadas para maior
clareza dos gráficos apresentados.

If necessary consult the 57º CBC2015 website:


http://www.ibracon.org.br/eventos/57CBC/ingles
Your paper was accepted for publication and presenting in the 57º Brazilian Conference on Concrete. The
program for the presentation will be sent at a later date.

Best Regards,
Scientific Committee.

73

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