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RELATÓRIO FINAL
Área: Engenharias
Trabalhando com quatro tipos diferentes de concreto, sendo dois deles elaborados com
agregado graúdo natural e dois elaborados com agregados oriundos de isoladores de porcelana
em substituição ao agregado natural graúdo, esse trabalho avalia a influência da granulometria
do agregado graúdo no ensaio de aderência aço-concreto através do ensaio APULOT.
Electrical porcelain insulators, after a certain period of use, lose their insulating
functions, having therefore, to be replaced. It generates tens of tons of waste to be disposed of
in nature, which take many years to decompose. As an alternative for the rationalization of the
disposal of this material and preservation of nature, it could be cited its use to replace
aggregates commonly used in mortar and concretes.
Lorrain e Barbosa (2008) presented an alternative for the bond test PULL-OUT, called
APULOT test (PULL-OUT modified) which can be applied to construction sites. The concept
of the APULOT test is to perform the quality control of reinforced concrete from steel-
concrete bond test.
Based on four different types of concrete, two of them made with aggregates natural
aggregate and the other two made with aggregates coming from porcelain insulators instead of
natural coarse aggregate, this study evaluates the influence of particle size of the coarse
aggregate on the steel-concrete bond test through the APULOT test.
The four types of concrete used in this work had the particle sizes of natural
aggregates and ceramics ranging from 12.5 mm to 19 mm. The assays were performed at ages
of 3 and 7 days. The diameters of ribbed steel bars CA-50 were 10 mm. The results confirm
the influence of the diameter of the coarse aggregate in steel-concrete adhesion.
Figura 14 – Processo realizado para furar: o fundo da garrafa (a); e as tampas da garrafa
(b)..............................................................................................................................................31
Figura 15 – Corte no fundo da garrafa por meio de uma serrinha de fita (a) e uma tesoura
(b)..............................................................................................................................................32
Figura 27 – Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 12,5 mm (b)......................................................................................41
Figura 29 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 19 mm (b). .......................................................................................42
Figura 31 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 12,5 mm (b). ...........................................................43
Figura 33 - Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 19 mm (b). ..............................................................44
Lista de Tabelas
1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................10
2 – ESTADO DA ARTE...........................................................................................................13
3 – ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO.....................................................................................17
3.1 – Definição.....................................................................................................................17
5 – MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................26
5.1.1 – Cimento.............................................................................................................26
5.1.4 – Água..................................................................................................................27
5.1.5 – Aditivo...............................................................................................................27
7 – CONCLUSÃO....................................................................................................................45
8 – BIBLIOGRAFIA................................................................................................................46
ANEXO 1.............................................................................................................................51
ANEXO 2.............................................................................................................................53
ANEXO 3.............................................................................................................................55
ANEXO 4.............................................................................................................................71
1 - INTRODUÇÃO
No ramo da construção civil, um dos ensaios mais aplicados para o controle da
qualidade do concreto é o ensaio de compressão axial de corpos de prova. Entretanto, para a
execução deste e de outros ensaios, é necessário o uso de equipamentos apropriados ou a
contratação de laboratórios especializados.
Com o objetivo de disponibilizar um ensaio alternativo ao ensaio tradicional de
resistência à compressão, que permita ser realizado no próprio canteiro de obras, de maneira
simples e com baixo custo, Lorrain e Barbosa (2008) apresentaram uma alternativa
simplificada para o ensaio de aderência PULL-OUT, denominado de ensaio APULOT
(PULL-OUT modificado).
O conceito do ensaio APULOT é realizar o controle de qualidade do concreto armado
a partir de ensaios de aderência aço-concreto. O objetivo do ensaio é verificar a resistência à
compressão do concreto por meio da resistência de aderência.
A aderência aço-concreto é influenciada por diversos fatores, como a resistência do
concreto, o comprimento de ancoragem, o diâmetro da barra e o tipo e tamanho do agregado
utilizado no concreto.
Para estudar a viabilidade do ensaio APULOT como ensaio de aderência e de controle
de qualidade do concreto, vários trabalhos de pesquisa estão sendo estudados (DE AVILA
JACINTHO et al., 2014; SILVA et al., 2013; SILVA et al., 2014), aprimorados e discutidos
por grupos de pesquisa do exterior e no Brasil, sobretudo na PUC-Campinas. Acredita-se que
sua validação poderá proporcionar uma alternativa para a avaliação do controle de qualidade
do concreto armado no ramo da construção civil.
O objetivo dessa pesquisa é avaliar a influência do tipo e da granulometria dos
agregados graúdos na aderência aço-concreto através do método de ensaio APULOT. Para
tanto, dois tipos distintos de agregados graúdos estão sendo utilizados: o agregado graúdo
natural de origem basáltica e o agregado graúdo cerâmico oriundo de isoladores elétricos de
porcelana em substituição ao agregado natural, ambos com duas granulometrias diferentes:
agregados de diâmetros de 12,5 mm e agregados de diâmetro de 19 mm.
A utilização dos resíduos de isoladores elétricos de porcelana no concreto é uma
alternativa para a racionalização do descarte desse material, uma vez que os isoladores
elétricos de porcelana, após um determinado período de uso, perdem suas funções isoladoras,
10
tendo necessidade de serem substituídos. Essa substituição gera dezenas de toneladas que se
forem descartados na natureza levam muitos anos para se decompor.
Foram desenvolvidas todas as atividades previstas no cronograma inicial proposto
(Tabela 1), tais como:
• Revisão bibliográfica
• Elaboração das composições dos concretos e ensaio de suas propriedades mecânicas
• Encontro de IC – PUC Campinas
• Analise de estudos de caso e elaboração dos moldes de garrafa PET
• Elaboração dos moldes e realização dos ensaios de aderência APULOT
• Analise e discussão dos resultados
• Relatório final
• Elaboração de artigo científico
Mês 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Revisão bibliográfica X X X X X X X X X
Relatório final X X X
11
• Participação na palestra “Cidades do Futuro” no XIX Encontro de Iniciação Cientifica
e IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da PUC-
Campinas (Anexo 1).
• Participação no XIX Encontro de Iniciação Cientifica e IV Encontro de Iniciação em
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da PUC-Campinas com apresentação de
trabalho em pôster intitulado "Avaliação dos parâmetros geométricos dos ensaios de
aderência aço-concreto usando a tecnologia do ensaio APULOT" (Anexo 2).
• Submissão e aceitação de artigo científico para o 57º Congresso Brasileiro do
Concreto (CBC) a ser realizado em Bonito-MS em Outubro de 2015 (artigo aprovado
em Anexo 3 e aceitação em Anexo 4).
12
2 - ESTADO DA ARTE
Figura 1 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados na zona rural. (CAMPOS, 2009)
Figura 2 – (a) e (b) isoladores de porcelana descartados no leito do rio. (CAMPOS, 2009)
14
2.3 – Concreto com resíduos de porcelana
Os isoladores elétricos são classificados como materiais inertes e com decomposição
muito lenta, sendo assim, como descrito no item 2.2, seu emprego em concretos e argamassas
se torna uma alternativa para a racionalização do descarte e uma forma de diminuir o impacto
ambiental.
Segundo CAMPOS (2009) apud FRANCK et al. (2004), os resíduos de isoladores
elétricos de porcelana, provenientes de substituição por partes das concessionarias elétricas
brasileiras, são um material com composição química similar à dos agregados naturais. A
substituição parcial dos agregados graúdos por resíduos de porcelana de isoladores elétricos
em concreto vem sendo tema de pesquisa na PUC-Campinas desde 2010. CAMPOS e
JACINTHO (2009) obtiveram resultados do decréscimo da resistência à compressão do
concreto, quando incorporado 100% de resíduo de porcelana.
Entretanto, o autor, destaca algumas desvantagens ao uso de isoladores de porcelana
na questão referente ao seu vidrado superficial que pode ser potencialmente reativo com os
cimentos comumente utilizados, produzindo reações expansivas, trincas e diminuição da
resistência mecânica e modulo de elasticidade. Outro problema relacionado a este vidrado é
que a região polida prejudica a aderência com a pasta de cimento, sendo o local onde
geralmente ocorrem as fraturas.
CAMPOS (2009) estudou dosagens de concreto e argamassa com substituições
paulatinas de isoladores moídos, comparando suas propriedades com aquelas elaboradas com
agregado natural. Os resultados obtidos foram satisfatórios, sobretudo quando o agregado
substituído foi o agregado miúdo.
JACINTHO e CRUZ (2012) avaliaram a tensão de aderência em concretos com
substituição dos agregados graúdos pelos resíduos cerâmicos. O ensaio de aderência utilizado
foi o ensaio APULOT e a proporção de resíduos em substituição variou entre 50% a 100 % do
agregado graúdo. Neste estudo, os autores, observaram que o acréscimo da proporção de
substituição de porcelana no concreto fez com que a tensão de aderência tivesse seu valor
aumentado. O concreto com 50% de substituição do agregado graúdo convencional por
isoladores de porcelana moídos teve um acréscimo da tensão de aderência de 76%, enquanto
que o concreto com 100% de substituição teve um aumento na tensão de aderência de 120%.
Estes aumentos foram observados para os ensaios de 7 dias de idade em relação ao concreto
referência.
15
CAMPOS (2011) estudou a posteriori o resíduo de porcelana em concretos e
argamassas através de sua incorporação com diferentes graus de moagem, variando de
granulometria similar ao cimento até aos agregados, miúdo e graúdo, além do estudo referente
à influência da camada de esmalte externa aos isoladores através de ensaios mecânicos, de
durabilidade e de imagens por MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura) e EDS
(Espectroscopia de Energia Dispersiva de raios X). Seus estudos comprovaram nas
argamassas a atividade pozolânica do resíduo e sua potencialidade de uso. Nos ensaios dos
concretos com isoladores de porcelana substituindo o agregado miúdo comum ou ambos os
agregados o aumento da resistência à compressão simples e da resistência à tração por
compressão diametral obtidos, foram superiores a 50% quando comparados aos valores do
concreto de referência.
RIBEIRO et al (2014) estudou a utilização de resíduos de isoladores elétricos
cerâmicos em concretos. A proporção de resíduos em substituição variou entre 10%, 20% e
30% do agregado graúdo. Neste estudo os autores observaram valores, de resistência à
compressão e resistência à tração, próximos dos valores do concreto referência,
independentemente do teor de substituição.
16
3 – ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO
3.1 – Definição
A tensão de aderência pode ser definida como sendo a relação entre a força atuante na
barra e a superfície da barra unida ao concreto. Porém, existem vários fatores que podem
influenciar o comportamento da aderência, como a resistência mecânica do concreto,
diâmetros das barras de aço, limite de escoamento do aço, idade de carga, cobrimento do
concreto ao redor das barras, comprimento de ancoragem entre outros.
A aderência entre o aço e o concreto é um dos principais requisitos para o bom
funcionamento do concreto armado. A razão da existência do concreto armado consiste na
ação conjunta entre a armadura e o concreto. Esse resultado só é possível em razão da
aderência entre os dois materiais, uma vez que para absorver os esforços solicitantes, os dois
materiais atuam em conjunto.
A aderência, também garante a transferência de forças entre a barra de aço e o
concreto e a compatibilidade de deformação entre eles. Esta união dos dois materiais define o
concreto armado como um material estrutural.
O comportamento entre a barra de aço e o concreto que está em sua volta tem muita
importância com relação à capacidade de carga das peças de concreto armado, sendo este
conhecimento de fundamental importância para se chegar às regras de cálculo de ancoragens e
emendas por transpasse das barras da armadura; para o cálculo das deflexões levando-se em
conta o efeito de enrijecimento por tração; para o controle da fissuração e, para a
determinação da quantidade mínima de armadura.
17
Figura 3 – Aderência por atrito (FUSCO, 1995)
19
3.3.4 – Idade do concreto
Ribeiro (1985) afirma que a influencia da idade do concreto sobre a aderência é
a mesma verificada em relação à resistência à compressão ou a tração do concreto.
20
Figura 5 – Efeito da resistência à compressão do concreto na resistência da aderência (BARBOSA
2001)
21
4 – ENSAIOS DE ADERÊNCIA
22
A utilização deste tipo de ensaio esta voltado principalmente para os seguintes casos:
pesquisar o comportamento de barras de diferentes perfis; determinar o efeito da direção de
concretagem; avaliar a aderência das barras em concretos de diferentes resistências à
compressão; determinar o efeito da duração e do tipo de carregamento; avaliar a influência da
posição da armadura e pesquisar a influência do comprimento ancorado; estudar a influência
sobre a aderência do cobrimento e espaçamento; armadura transversal e forças transversais
(BARBOSA, 2002).
Segundo Almeida Filho (2006) esse tipo de ensaio se mostrou bastante eficaz na
avaliação da aderência aço-concreto auto adensáveis, apresentando pequena variação em
relação a outros tipos de ensaios de aderência utilizados.
23
Figura 7 – Detalhes do ensaio de arrancamento APULOT (VALE SILVA 2010).
24
Nguyen et al (2011) utilizou ensaios de emissão acústica para avaliar o
comportamento da interface aço-concreto no ensaio de arrancamento modificado (APULOT).
Os autores utilizaram armaduras de diversos diâmetros e o comprimento de ancoragem variou
em função deste diâmetro. Os resultados obtidos indicaram que existe uma interação do
diâmetro da barra de aço com o cobrimento mínimo de concreto necessário para assegurar
uma adequada resposta no ensaio.
Tavares (2012) estudou o comportamento do fenômeno da aderência aço-concreto,
através da simulação numérica. Este trabalho avaliou a distribuição de tensões e a fissuração
do concreto que ocorre durante os ensaios de arrancamento pull-out e APULOT através da
análise numérica utilizando o código de cálculo ATENA, baseado no Método dos Elementos
Finitos (MEF). Os resultados numéricos obtidos apresentaram boa representatividade quando
comparados a resultados experimentais.
Acredita-se que com a validação do ensaio APULOT, pode-se proporcionar uma
alternativa de controle de qualidade importante nas construções civis, pois o mesmo pode ser
realizado “in loco". Grupos de pesquisa do Paraguai, França, Espanha, Tunísia e Brasil ,
sobretudo na PUC-Campinas estão estudando, aprimorando e discutindo os procedimentos
deste novo ensaio.
25
5 – MATERIAIS E MÉTODOS
26
5.1.4 – Água
Para a preparação do concreto, utilizou-se a água distribuída pela rede pública de
abastecimento de água potável da cidade de Campinas– SP, conforme a NBR 15900-1 (2009).
5.1.5 – Aditivo
O aditivo superplastificantes utilizado no concreto foi o Glenium 3400 NV, que é um
aditivo de ultima geração, com alto índice de redução de água e cuja base química é o
policarboxilato.
As composições dos concretos T01, T02, T03 e T04 estão apresentadas na Tabela 2. A mesma
foi baseada nos estudos realizados por VALE SILVA (2010).
27
Tabela 2 – Composições dos concretos.
Material
T01 T02 T03 T04
(Kg/m³)
28
5.4 – Ensaios de determinação das propriedades mecânicas dos concretos.
5.4.1 – Ensaio de resistência à compressão simples.
Foram realizados os ensaios de resistência à compressão simples para as idades de 3, 7
e 28 dias. A Figura 10 ilustra o ensaio de resistência à compressão simples, baseada na NBR
5739 (2007).
29
5.4.3 – Ensaio de módulo de elasticidade
Foram realizados os ensaios de módulo de elasticidade para a idade de 28 dias. A
Figura 12 ilustra o ensaio de módulo de elasticidade, realizado segundo a NBR 8522 (2008).
30
Nas Figuras 14 (a) e (b) a seguir são ilustradas a preparação dos moldes para os
ensaios APULOT. Nas Figuras 14 (a) especificamente, são apresentadas o processo
desenvolvido para furar as garrafas PET. O processo para furar o fundo da garrafa foi
realizado por meio de um pequeno cano de ferro com um cabo de madeira. O cano foi
aquecido ao fogo e depois pressionado contra o fundo da garrafa. O processo para furar a
tampa foi realizado por meio de um martelo e um punção de ferro.
Figura 14 – Processo realizado para furar: o fundo da garrafa (a); e as tampas da garrafa (b).
Uma vez furada a garrafa, a mesma era recortada utilizando-se uma serrinha de fita e
uma tesoura. Abaixo, a Figura 15 ilustra o corte feito na garrafa e a Figura 16 ilustra a garrafa
já preparada para receber a armadura.
31
Figura 15 – Corte no fundo da garrafa utilizando uma serrinha de fita (a) e uma tesoura (b).
Fy.∅
L= Equação 1
4.τu
32
Sendo:
(τu) tensão última de aderência no concreto [Pa];
(∅) diâmetro da barra [mm];
(L) comprimento de ancoragem [mm];
(Fy) tensão de escoamento do aço [Pa].
Figura 18 – Barra de aço com comprimento de ancoragem definido, pronta para ser encaixada na
garrafa.
33
Figura 19 – Barra de aço encaixada na garrafa.
34
6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios de ruptura dos corpos de prova para a obtenção das resistências à
compressão axial e de tração por compressão diametral foram realizados nas idades de 3, 7 e
28 dias. O ensaio de determinação do módulo de elasticidade do concreto foi realizado apenas
aos 28 dias. Simultaneamente a esses ensaios foram realizados os ensaios de aderência nas
idades de 3, 7 e 28 dias.
Tabela 3 – Ensaios de propriedades mecânicas dos concretos com agregado graúdo natural.
Agregado
Graúdo 12,5 (mm) 19 (mm)
Natural
Resistência Resistência Módulo Resistência Resistência Módulo
Idades à à de à à de
(dias) compressão tração elasticidade compressão tração elasticidade
(MPa) (MPa) (GPa) (MPa) (MPa) (GPa)
3 46,4 3,61 - 45,98 5,88 -
35
6.1.1 Ensaios de Resistência à compressão
Na Figura 21 são comparados os resultados dos ensaios de resistência à compressão
dos concretos com agregado natural e com resíduos de porcelana nas granulometrias de 12,5
mm e de 19 mm aos 3, 7 e 28 dias. A sigla “BN 12,5” significa concreto com agregado
graúdo natural de granulometria 12,5 mm, “BN 19” significa concreto com agregado graúdo
natural de granulometria 19 mm, “BC 12,5” significa concreto com agregado graúdo de
resíduo de porcelana de granulometria 12,5 mm e “BC 19” significa concreto com agregado
graúdo de resíduo de porcelana de granulometria 19 mm.
70
Resistência à compressão
60
50
40 BN 12,5
(MPa)
30 BN 19
20 BC 12,5
10 BC 19
0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)
Nota-se que o concreto produzido com agregado graúdo natural, obteve um aumento
da resistência à compressão de acordo com o aumento do diâmetro do agregado. Para o
concreto produzido com agregado graúdo de resíduo de porcelana, houve o inverso, a
resistência à compressão aumentou de acordo com a redução do diâmetro do agregado.
Observa-se também que o valor do módulo de elasticidade dos concretos elaborados com
resíduos de porcelana foi superior àqueles elaborados com agregados naturais.
Segundo ALHADAS (2008) apud NUNES (2005), o aumento da dimensão máxima do
agregado, para uma mesma mineralogia, pode ter dois efeitos opostos sobre a resistência do
concreto. Para um concreto com o mesmo teor de cimento e mesma consistência, as misturas
do concreto com agregados maiores requerem menos água de amassamento do que aquelas
que contêm agregados menores.
36
EVANGELISTA (2002), mantendo a mesma proporção volumétrica dos agregados
graúdos e água, o mesmo tipo de cimento e o mesmo abatimento de tronco de cone,
utilizando-se agregados britados de gnaisse com dimensões máximas de 19 mm e 9,5 mm,
observou que não houve influência significativa das dimensões máximas do agregado usado
na resistência à compressão dos concretos a não ser nas situações onde o concreto apresentava
menor valor a/c. Para valores de relações a/c menores foi observado maiores diferenças na
resistência do concreto, ou seja, um ganho maior de resistência para os agregados de
diâmetros maiores. Os resultados obtidos nesse estudo confirmam aqueles obtidos pelo autor.
Pompeu (2004) relata em seus resultados que para concretos com resistência entre 47 e
61 MPa, produzidos com basalto, a resistência à compressão é afetada pela dimensão máxima
característica. O autor constatou um aumento da resistência à compressão do concreto com a
redução da dimensão máxima característica. No estudo foram utilizados agregados com
dimensões máximas características de 19 mm e 9,5 mm e o acréscimo da resistência
observado foi na ordem de 7,5 % e 18,5 % dependendo do teor de agregado utilizado na
dosagem.
As Figuras 22 e 23 mostram as resistências à compressão para os agregados graúdos
de diâmetros de 12,5 mm e 19 mm respectivamente, para os dois concretos analisados. Nota-
se que, aos 28 dias, há uma perda de resistência para os concretos com agregados cerâmicos,
em comparação ao concreto referência, chegando à ordem de 35% para os agregados de
granulometria 12,5 mm e 46% para os agregados de granulometria 19 mm.
60
50
Resistência à Compressão
40
30
BN 12,5
(MPa)
20
BC 12,5
10
0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)
Figura 22: Resistência à compressão para os concretos com agregados de 12,5 mm.
37
70
Resistência à Compressão
60
50
(MPa) 40
30 BN 19
BC 19
20
10
0
3 dias 7 dias 28 dias
Idade (dias)
38
Figura 24: Resistência à tração nas idades de 3, 7 e 28 dias.
60
Módulo de Elasticidade
50
40
BN 12,5
(GPa)
30 BN 19
20 BC 12,5
BC 19
10
28 dias
BN 12,5
Tensão de aderência
25
20
(MPa)
15
3 dias
10
7 dias
5
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Deslocamento (mm)
Figura 26: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de
diâmetro 12,5 mm.
40
Figura 27: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 12,5 mm (b).
BN 19
Tensão de aderência
20
(MPa)
15
10 3 dias
5 7 dias
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Deslocamento (mm)
Figura 28: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com brita natural de
diâmetro 19 mm
41
Figura 29: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado natural de 19 mm (b).
BC 12,5
Tensão de aderência
20
15
(MPa)
10 3 dias
5 7 dias
28 dias
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Deslocamento (mm)
Figura 30: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica
de diâmetro 12,5 mm.
42
Figura 31: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 12,5 mm (b).
BC 19
Tensão de aderência
20
15
(MPa)
10 3 dias
5 7 dias
0 28 dias
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Deslocamento (mm)
Figura 32: Tensão de aderência versus deslocamento do concreto com resíduo de cerâmica
de diâmetro 19 mm.
43
Figura 33: Ruptura da barra em um corpo de prova (a) e vista interior do corpo de prova,
com agregado de resíduo de cerâmica de 19 mm (b).
44
7 - CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo principal comparar a influência dos agregados graúdos
de diâmetros diferentes, 12,5 mm e 19 mm, no comportamento da resistência à compressão
dos concretos e da tensão de aderência aço-concreto, usando o ensaio de aderência APULOT.
Observou-se que no tangente aos ensaios de aderência aço-concreto não houve deslizamento
da barra de aço em relação ao concreto, acontecendo antes, a ruptura da barra de aço, para
todos os tipos de concreto produzidos, seja com brita natural ou com resíduo cerâmico. Isso
aconteceu, pois, independentemente do tipo de concreto, a resistência à compressão foi
superior ao limite para ocorrer ruptura por deslizamento.
Entretanto, nos ensaios de propriedades mecânicas do concreto observa-se que o
concreto elaborado com agregado graúdo natural, obteve um aumento da resistência à
compressão de acordo com o aumento do diâmetro do agregado. Para o concreto produzido
com agregado graúdo de resíduo cerâmico, houve o inverso, a resistência à compressão
aumentou ligeiramente de acordo com a redução do diâmetro do agregado. Em resumo, os
concretos elaborados com agregados graúdos de diâmetros superiores obtiveram maior ganho
de resistência à compressão, assim como os concretos elaborados com agregados naturais.
Para os ensaios de aderência APULOT, há necessidade de se aumentar o diâmetro das
barras de aço ou diminuir a resistência à compressão do concreto, para melhor verificar o
comportamento de aderência da barra de aço em relação ao concreto.
45
8 – BIBLIOGRAFIA
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method for comparing concretes on the basis of the bond developed with reinforced steel.
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Universidade Estadual Paulista (UNESP), Ilha Solteira, 2012.
49
WEIDMANN, Denis Fernandes. Contribuição ao estudo da influência da forma e da
composição granulométrica de agregados miúdos de britagem nas propriedades do
concreto de cimento portland.2008. 273 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
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ANEXO 1
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52
ANEXO 2
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54
ANEXO 3
55
Avaliação da influência do tipo e da granulometria dos agregados
graúdos na aderência aço-concreto através do método de ensaio
APULOT.
Evaluation of the influence of the type of grain size of coarse aggregates in steel-
concrete bond through APULOT test method.
ROSSI JUNIOR, Marcio Henrique(1); BARBOSA, Mônica P.(2) ; SILVA, Bruno.V.(3) ; JACINTHO,
Ana Elisabete P.G.A.(2)
Abstract
Electrical porcelain insulators, after a certain period of use, lose their insulating functions, having
therefore, to be replaced. It generates tens of tons of waste to be disposed of in nature, which take many
years to decompose. As an alternative for the rationalization of the disposal of this material and
preservation of nature, it could be cited its use to replace aggregates commonly used in mortar and
concretes.
Lorrain e Barbosa (2008) presented an alternative for the bond test PULL-OUT, called APULOT test
(PULL-OUT modified) which can be applied to construction sites. The concept of the APULOT test is to
perform the quality control of reinforced concrete from steel-concrete bond test.
Based on four different types of concrete, two of them made with aggregates natural aggregate and the
other two made with aggregates coming from porcelain insulators instead of natural coarse aggregate,
this study evaluates the influence of particle size of the coarse aggregate on the steel-concrete bond test
through the APULOT test.
The four types of concrete used in this work had the particle sizes of natural aggregates and ceramics
ranging from 12.5 mm to 19 mm. The assays were performed at ages of 3 and 7 days. The diameters of
ribbed steel bars CA-50 were 10 mm. The results confirm the influence of the diameter of the coarse
aggregate in steel-concrete adhesion.
Keywords: steel-concrete bond, APULOT testing, concrete strength.
3 Aderência Aço-Concreto
A tensão de aderência pode ser definida como sendo a relação entre a força
atuante na barra e a superfície da barra unida ao concreto. Porém, existem vários
fatores que podem influenciar o comportamento da aderência, como a resistência
mecânica do concreto, diâmetros das barras de aço, limite de escoamento do aço,
idade de carga, cobrimento de concreto ao redor das barras, comprimento de
ancoragem entre outros.
A aderência entre o aço e o concreto é um dos principais requisitos para o bom
funcionamento do concreto armado. A razão da existência do concreto armado consiste
na ação conjunta entre a armadura e o concreto. Esse resultado só é possível em
razão da aderência entre os dois materiais, uma vez que para absorver os esforços
solicitantes, os dois materiais atuam em conjunto.
A aderência, também garante a transferência de forças entre a barra de aço e o
concreto e a compatibilidade de deformação entre eles. Esta união dos dois materiais
define o concreto armado como um material estrutural.
O comportamento entre a barra de aço e o concreto que está em sua volta tem
muita importância com relação à capacidade de carga das peças de concreto armado,
sendo este conhecimento de fundamental importância para se chegar às regras de
cálculo de ancoragens e emendas por transpasse das barras da armadura; para o
cálculo das deflexões levando-se em conta o efeito de enrijecimento por tração; para o
controle da fissuração e, para a determinação da quantidade mínima de armadura.
A aderência aço-concreto é constituída por vários fatores, dentre eles se
destacam:
Aderência por atrito: Que ocorre em virtude da força de atrito entre a barra de
aço e o concreto.
Aderência por adesão química: Existe em virtude do processo físico-químico que
está ligada à rugosidade e à limpeza da superfície da barra e que atua na interface
entre o concreto e a barra de aço durante as reações de hidratação do cimento.
Aderência mecânica: Proveniente da formação de consoles de concreto entre as
nervuras das barras de aço nervuradas. Esses consoles impedem o deslizamento
rápido no interior do concreto. Este tipo de aderência é a mais efetiva entre os três
fatores. A Figura 1 ilustra a aderência mecânica decorrente da presença de nervuras
na superfície das barras.
(Equação 1)
4 Materiais e Métodos
Figura 5 – [a] Corpos de prova cilíndricos (Ø10 x 20 cm). [b] e [c] moldes de garrafas
PET utilizados no ensaio de aderência.
5 Resultados Obtidos
Figura 11: Resistência à compressão para os concretos com agregados de 12,5 mm.
(a) (b)
Figura 14: Tensão de aderência versus deslocamento dos concretos com resíduo de cerâmica
(a) concreto com resíduo cerâmico de diâmetro 12,5mm e (b) concreto com resíduo cerâmico
de diâmetro de 19,0 mm.
Este estudo teve por objetivo principal comparar a influência dos agregados
graúdos de diâmetros diferentes, 12,5 mm e 19,0 mm, no comportamento da
resistência à compressão dos concretos e da tensão de aderência aço-concreto,
usando o ensaio de aderência APULOT. Observou-se que no tangente aos ensaios de
aderência aço-concreto não houve deslizamento da barra de aço em relação ao
concreto, acontecendo antes a ruptura da barra de aço, independente do tipo de
concreto.
Entretanto, nos ensaios de propriedades mecânicas do concreto observa-se que
os concretos elaborados com agregados graúdos de diâmetros superiores obtiveram
maior ganho de resistência à compressão, assim como os concretos elaborados com
agregados naturais.
Para os ensaios de aderência APULOT, há necessidade de se aumentar o
diâmetro das barras de aço ou diminuir a resistência à compressão do concreto, para
melhor verificar o comportamento de aderência da barra de aço em relação ao
concreto.
7 Referências
A. E. P. G. De Avila Jacintho; L. L. Pimentel; M. P. Barbosa; P. S. P. Fontanini. Steel
and concrete bond stress: a contribution to the study of APULOT tests using
concrete with rubber addition. Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, v. 7, p.
817-844, 2014.
71
noreply@bps.com.br
Para
marcinhomhrj@yahoo.com.br monica_eng_civil@yahoo.com.br anajacintho@puc-campinas.edu.br
dovalesilva@hotmail.com
Jul 27
IBRACON
Instituto Brasileiro do Concreto
57º Congresso Brasileiro do Concreto CBC2015
Relatório de Avaliação de artigo científico
Prezado(a) Marcio Henrique Rossi Junior ,
O Comitê Científico do 57º CBC2015, analisou o artigo de sua autoria 57CBC0303 - AVALIAÇÃO DA
INFLUÊNCIA DO TIPO E DA GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS GRAÚDOS NA
ADERÊNCIA AÇO-CONCRETO ATRAVÉS DO MÉTODO DE ENSAIO APULOT., considerando-o:
Aprovado
Legenda de notas:
5 - Ótimo
4 - Bom
3 - Médio
2 - Pobre
1 - Insuficiente
Observações dos Revisores:
Observação 1: Bom artigo mas há necessidade de apresentação das siglas empregadas para maior clareza
dos gráficos apresentados.
Atenciosamente,
Comitê Científico
IBRACON
Brazilian Concrete Institute
57º Brazilian Conference on Concrete CBC2015
Scientific Paper Review Report
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Dear Marcio henrique Rossi Junior ,
Your paper 57CBC0303 - EVALUATION OF THE INFLUENCE OF THE TYPE OF GRAIN SIZE OF
COARSE AGGREGATES IN STEEL-CONCRETE ADHERENCE THROUGH APULOT TEST
METHOD, has been reviewed by the Scientific Committee and was found to be:
Approved
Grading legend:
5 - Excellent
4 - Above Average
3 - Average
2 - Below Average
1 - Insufficient
General Observations:
Observation 1: Bom artigo mas há necessidade de apresentação das siglas empregadas para maior
clareza dos gráficos apresentados.
Best Regards,
Scientific Committee.
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