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JOSÉ IGNACIO ZAMBRANO GIRALDO

CONCRETO PROTENDIDO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Guarapari
2018
JOSÉ IGNACIO ZAMBRANO GIRALDO

CONCRETO PROTENDIDO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

Orientador: Thiago Machado Barreto Fontão

Guarapari
2018
JOSÉ IGNACIO ZAMBRANO GIRALDO

CONCRETO PROTENDIDO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Guarapari, de de 2018
ZAMBRANO GIRALDO, JOSÉ IGNACIO. Concreto Protendido na Construção
Civil. 2018. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia
Civil – Faculdade Pitágoras, Guarapari, 2018.

RESUMO

O concreto apresenta uma ótima resistência à compressão, mas, não no quesito de


tração. Por isto, é necessário empregar o aço para otimizar esta deficiência. Esta
combinação recebe o nome de concreto armado, porém, quando as barras de aço
são previamente alongadas para aumentar a resistência à tração, recebe o nome de
concreto protendido. Este trabalho permite conhecer as vantagens e desvantagens
do concreto protendido na construção civil em relação ao concreto armado,
apresentando as suas características e diferenças através de uma revisão de
literatura, abrangendo normas regulamentadoras por apresentar conteúdo científico
e de qualidade, periódicos e revistas científicas publicadas nos últimos quarenta
anos; onde evidenciou-se que o concreto protendido pode limitar o deslocamento da
estrutura assim como a fissuração e aproveitamento do aço no estado limite último,
proporcionando um aumento de carga possibilitando o aumento de vãos livres entre
os pilares. Com isto, é possível entender porque este tipo de concreto vem
encontrando uma aplicação cada vez maior em estruturas onde existe a
necessidade de vencer vãos livres de grandes dimensões.

Palavras-chave: Concreto Protendido; Concreto Armado; Limitações do Concreto


Protendido; Funções do Concreto Protenido.
ZAMBRANO GIRALDO, JOSÉ IGNACIO. Concrete Proposed in Construction.
2018. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil
– Faculdade Pitágoras, Guarapari, 2018.

ABSTRACT

The concrete presents an excellent resistance to compression, but, not in the matter
of traction. For this reason, it is necessary to use steel to optimize this deficiency.
This combination is called reinforced concrete, however, when the steel bars are
previously elongated to increase the tensile strength, it is called a prestressed
concrete. This work reveals the advantages and disadvantages of prestressed
concrete in civil construction in relation to reinforced concrete, presenting its
characteristics and differences through a literature review, covering regulatory
standards for presenting scientific and quality content, periodicals and scientific
journals published in the the last forty years; where it was evidenced that the
prestressed concrete can limit the displacement of the structure as well as the
cracking and use of the steel in the last limit state, providing an increase of load
allowing the increase of free spans between the pillars. With this, it is possible to
understand why this type of concrete has been finding an increasing application in
structures where there is a need to overcome large free spans.

Key-words: Prestressed Concrete; Concrete; Limitations of Proposed Concrete;


Proposed Concrete Functions.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Reservatório de água em concreto protendido (Flórida-USA). ............... 13


Figura 2 – Edifício com laje cogumelo protendida ................................................... 14
Figura 3 – Fila horizontal de livros. .......................................................................... 15
Figura 4 – Barril de madeira. ................................................................................... 16
Figura 5 – Viga de concreto armado. ...................................................................... 17
Figura 6 – Viga protendida. ..................................................................................... 18
Figura 7 – Estrutura em concreto protendido. ......................................................... 19
Figura 8 – Estrutura em concreto armado. .............................................................. 20
Figura 9 – Equipamentos especiais para a protensão. ............................................ 23
Figura 10 – Vigas mais esbeltas.............................................................................. 24
Figura 11 – Atrito nos cabos de protensão. ............................................................. 25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


NBR Norma Brasileira
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

2. CONCRETO PROTENDIDO E SUAS FUNÇÕES .............................................. 11

3. DIFERENÇAS ENTRE O CONCRETO PROTENDIDO E O CONCRETO


ARMADO .................................................................................................................. 16

4. CONCRETO PROTENDIDO E SUAS LIMITAÇÕES ......................................... 21

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 25

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 26
9

1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade o homem faz uso da engenharia civil


para aumentar o seu conforto, seja através de pequenas moradias até grandes
construções como viadutos, pontes que permitem o transporte de indivíduos e
cargas a largas distancias. Na ânsia pelo desenvolvimento o ser humano se
preocupou com a evolução das suas técnicas construtivas para atingir obras mais
resistentes e eficientes, um exemplo disso é o concreto protendido.
Este concreto é vastamente empregado no Brasil, principalmente em obras
de grande porte, que vão desde edificações de muitos pavimentos até pontes, onde
serão necessárias estruturas com alta resistência. Isto porquê entende-se que
mediante a protensão será obtido um aumento da capacidade de carga das
estruturas, além, de limitar o deslocamento da estrutura e a fissuração.
A escolha do tema concreto protendido como objetivo desta pesquisa
aconteceu por dois motivos: primeiro por ser uma técnica construtiva que vem
crescendo de maneira contínua no Brasil e a segunda razão é que o concreto
protendido não é uma disciplina doutrinada durante a graduação de engenharia civil,
somente em cursos de pós-graduação, motivo principal que promoveu esta
pesquisa.
O problema a ser levantado por este trabalho pode ser definido da seguinte
maneira: quais as vantagens e desvantagens do uso do concreto protendido na
engenharia civil, em relação ao concreto armado?
Sendo assim, no objetivo geral apresentou-se as características do concreto
protendido, assim como as suas diferenças em relação ao concreto armado, através
de três objetivos específicos; primeiramente compreender as funções deste tipo de
concreto, segundo enumerar as diferenças entre o concreto protendido e o concreto
armado e por último citar as limitações do concreto protendido.
Este trabalho realizou-se por meio de uma revisão de literatura, sendo assim,
um tipo de pesquisa qualitativa e descritiva. Os artigos utilizados para obtenção de
informação para este trabalho serão aqueles que tenham sido publicados nos
últimos quarenta anos. Utilizou-se periódicos, revistas científicas e normas
regulamentadoras como principais locais de investigação por apresentar conteúdo
científico e de qualidade, também se empregou livros e sites da área de engenharia
civil para complementar a informação. Realizou-se as buscas através das seguintes
10

palavras chaves: concreto protendido, concreto armado, limitações e funções do


concreto protendido.
11

2. CONCRETO PROTENDIDO E SUAS FUNÇÕES

O concreto já ocupa um lugar significativo na construção civil há muitas


décadas. Como técnica construtiva e ferramenta para estruturas por apresentar
ótima resistência à compressão, este material exerce uma influência imprescindível
na engenharia civil.
Segundo NBR (Normas Brasileiras) 12655 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2006, p.2), o concreto é um material composto de cimento,
agregados miúdos e graúdos, assim como água. Podendo apresentar ou não,
aditivos com a finalidade de desenvolver suas propriedades.
No cotidiano, o homem encontra-se exposto a tecnologias e estudos que
proporcionam novas técnicas construtivas, marcados pelo avanço da engenharia,
como o concreto protendido.
De acordo com Pinheiro et al. (2010), o concreto protendido é aquele que
apresenta na sua armadura tensões previamente aplicadas, denominada armadura
de protensão ou armadura ativa.
Já para a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2003, p.4), o concreto protendido é aquele onde parte da sua armadura é
previamente alongada (protensão) por meio de equipamentos especiais com a
finalidade de quando solicitado, limitar o deslocamento da estrutura e a fissuração,
assim como o aproveitamento do aço de alta resistência no estado limite último
(ELU).
As opiniões de Pinheiro et al. (2010) e a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003, p.4), associam-se com a reflexão de
Carvalho (2016), onde afirma que no concreto protendido existe um pré-
alongamento na sua armadura, proporcionando um aumento de carga possibilitando
assim o aumento de vãos livres entre pilares e um melhor aproveitamento de aços
de alta resistência no ELU.
De acordo Franco (1994), este tipo de concreto vem encontrando uma
aplicação maior em estruturas devido à necessidade de vencer vãos livres de
grandes dimensões.
Segundo Veríssimo et al. (1998), o número de aplicações do concreto
12

protendido na construção civil é infinito, pois, sempre é possível inventar novas


maneiras de empregar a protensão. Vale a pena citar as plataformas marítimas
(offshore) de exploração de petróleo ou gás, estruturas protendidas de grande porte,
assim como a utilização de tirantes de ancoragem protendidos em estruturas de
contenção, barragens etc. A protensão também é muito usada em estruturas
cilíndricas, como mostra a Figura 1.

Figura 1 - Reservatório de água em concreto protendido (Flórida-USA).

Fonte: Veríssimo (1998, p. 12).

No caso da figura acima tem-se um reservatório de água em concreto


protendido construído nos Estados Unidos, este tipo de protensão é denominada
circular, a diferença das estruturas retas, onde a protensão é denominada linear. A
protensão circular pode ser empregada tanto em reservatórios como em silos.
O concreto protendido também é vastamente utilizado quando se requer
grandes vãos livres como, por exemplo em pisos e lajes de edifícios. As lajes
cogumelo protendidas são uma das opções mais usadas conforme Figura 2, pois, é
um tipo de laje que é apoiada diretamente pelos pilares, ou seja, sem vigas,
facilitando a execução das formas e da armação, reduzindo o pé direito facilitando a
passagem de instalações prediais. (VERÍSSIMO; CÉSAR, 1998).
13

Figura 2 - Edifício com laje cogumelo protendida.

Fonte: Veríssimo (1998, p. 12).

A figura acima representa um edifício com laje cogumelo protendida sendo


construído nos Estados Unidos na década de 1990, onde é possível observar que o
projeto requer de grandes vãos.
Segundo Hanai (2005), a protensão quando aplicada ao concreto tem como
função inserir na peça esforços prévios de compressão que anulem ou diminuam as
tensões de tração no concreto devido às solicitações de serviço.
Isso quer dizer que uma estrutura construída com qualquer material pode
receber solicitações prévias que melhorem seu desemprenho estrutural ou sua
resistência.
De acordo Santos (2015), o concreto protendido consiste simplesmente no
emprego de cabos de aço no interior do concreto que recebem um esforço de tração
através de macacos hidráulicos, onde a tensão é transferida para o concreto através
de ancoragens ou do atrito e aderência entre o concreto e os cabos, visando tirar o
máximo de benefícios das propriedades do aço e do concreto como materiais de
construção.
Por outro lado, a protensão procura eliminar o esforço de tração no concreto
ou limitar esse esforço no valor da resistência à tração do concreto, trazendo como
consequência um uso mais racional do aço e do concreto, reduzindo assim o volume
de concreto necessário e controlar à fissuração, aumentando a durabilidade da
estrutura. (SANTOS, 2015).
14

Um exemplo da função do concreto protendido pode ser identificado em uma


fila horizontal de livros (Figura 3), onde pode-se observar que para manter os livros
em equilíbrio na posição mostrada, é necessário que se aplique uma força horizontal
comprimindo os livros uns contra os outros, gerando assim a mobilização de forças
de atrito, e ao mesmo tempo forças verticais nas extremidades da fila para, afinal,
poder levantá-la.

Figura 3 – Fila horizontal de livros.

Fonte: Hanai (2005, p. 1).

A figura acima representa uma fila horizontal de livros onde é possível mostrar
como através da aplicação de uma força horizontal comprimindo os livros e ao
mesmo tempo forças verticais nas extremidades da fila, pode-se manter o equilíbrio
dos livros.
Segundo Hanai, outro exemplo clássico de protensão é o barril de madeira
(Figura 4), onde o líquido armazenado no interior do mesmo exerce uma pressão
hidrostática na parede provocando esforços anulares de tração, as quais teriam a
tendência de abrir as juntas entre os gomos. Desta maneira o conjunto fica
solidarizado e as juntas entre os gomos do barril ficam pré-comprimidas.
15

Figura 4 – Barril de madeira.

Fonte: Hanai (2005, p. 2).

Na figura representada anteriormente observa-se um exemplo de protensão


onde o líquido armazenado no interior do barril gera uma pressão provocando
esforços de tração.
Com base nas apreciações dos autores, é possível entender porque esta
técnica construtiva ocupa um espaço cada vez maior no universo da engenharia civil
e como ela pode apresentar uma solução para aquelas obras onde sejam
necessários grandes vãos entre os pilares.
16

3. DIFERENÇAS ENTRE O CONCRETO PROTENDIDO E O CONCRETO


ARMADO

Segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2003, p.4), o concreto armado é aquele onde o seu comportamento
estrutural depende diretamente da aderência do concreto com a armadura, porém,
não é aplicado um alongamento inicial na mesma.
A principal diferença entre o concreto armado e o concreto protendido é que
no primeiro não existe nenhum tipo de pré-alongamento, enquanto que no segundo
há. A diferença neste preparo das barras que vão compor a armadura proporciona
ao protendido um aumento da capacidade de carga. (CARVALHO, 2016).
De acordo Bastos (2006), a diferença entre o tipo de armadura passiva (não
existe um pré-alongamento) e ativa (existe um pré-alongamento), determinará o tipo
de concreto (armado ou protendido), respectivamente.
Segundo Silva (2003), a fissuração nas estruturas realizadas com o concreto
armado (Figura 5), é causada pela baixa resistência à tração que o concreto possui,
onde mesmo que indesejável este fenômeno é natural dentro de certos limites neste
tipo de concreto.

Figura 5 – Viga de concreto armado.

Fonte: Pfeil (1989, p. 8).

Na figura acima pode-se observar uma viga construída em concreto armado,


o que significa que as deformações e tensões aplicadas na mesma, devem-se
17

exclusivamente aos carregamentos aplicados nas peças onde está inserida.


Bastos (2006) ressalta que a armadura deve ser de um material que
apresente altas resistências mecânicas, principalmente no quesito à tração, então, a
armadura não precisa ser necessariamente de aço, pois, existem outros materiais
que atendem muito bem aos requisitos de tração como por exemplo o bambu e a
fibra de carbono.
Pfeil (1980), complementa as informações citadas anteriormente adicionando
que no concreto protendido é facilitado o emprego generalizado de pré-moldagem,
pois, a protensão elimina a fissuração durante o transporte de peças (Figura 6).
Outra informação acrescentada é que nesta técnica construtiva, é reduzida a
quantidade necessária de concreto e aço, devido a que são empregados de maneira
eficiente materiais de maior resistência.

Figura 6 – Viga protendida.

Fonte: Leonhardt e Mônnig (1982).

Na figura representada anteriormente encontra-se uma viga protendida


carregada, onde ilustra-se os diagramas de tensão em um caso simples de
aplicação de tensões prévias de compressão numa viga. Desse modo, pode-se
diminuir ou até anular as tensões de tração pelas tensões de compressão pré-
aplicadas ou pré-existentes, contornando assim a característica negativa de baixa
resistência do concreto à tração.
18

Segundo a NBR 7197 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 1989, p.4), uma peça de concreto protendido é aquela inserida a um
sistema de forças aplicadas, chamadas de forças de protensão, a qual em condições
de utilização, possa impedir ou limitar a fissuração do concreto, considerando o fato
em que as forças de protensão são produzidas por armaduras.
De acordo Cauduro (1996), a principal diferença entre o concreto protendido e
o concreto armado é que o protendido apresenta melhor distribuição das fissuras,
além de, maior segurança diante de situações extremas como por exemplo
incêndios, explosões e inclusive cismos. O concreto protendido também proporciona
maior segurança com relação ao estado limite último.
Já o concreto armado, conforme Cauduro (1996) apresenta uma maior
facilidade e rapidez das armaduras nas formas, proporcionando uma menor perda
por atrito e ausência de operações referentes à injeção de pasta de cimento e maior
economia.
Segundo o prof. Thomaz (2004), as estruturas em concreto protendido são
mais esbeltas que as estruturas de concreto armado (Figura 7 e 8), além, da
variação da altura das vigas em pontes rodoviárias que para o concreto armado
pode variar de L/10 a L/12 e para o concreto protendido a altura pode variar de L/17
a L/20.

Figura 7 – Estrutura em concreto protendido.

Fonte: Thomaz (2004, p. 5).


19

Na imagem evidenciada anteriormente, apresentou-se uma estrutura em


concreto protendido, onde pode-se observar que a sua dimensão é menor em
relação à estrutura de concreto armado (Figura 8).

Figura 8 – Estrutura em concreto armado.

Fonte: Thomaz (2004, p. 3).

Nas ilustrações acima, é evidentemente notória a diferença da dimensão de


uma estrutura de concreto armado à uma estrutura de concreto protendido,
podendo-se identificar que nas estruturas de concreto protendido à uma economia
em relação à quantidade de materiais, tempo e custos que no caso do concreto
armado, porém, nem sempre é a solução mais viável técnica ou economicamente,
por isso, é imprescindível o estudo de cada caso de maneira separada, para assim,
poder identificar-se o tipo de concreto a ser empregado.
De acordo Giffhorn e Lazzari (2014, p. 9), as estruturas em concreto
protendido podem chegar a apresentar uma redução de concreto superior a 70% em
relação ao concreto armado e de aproximadamente 77% de aço em relação ao
concreto armado, apresentando assim, consequentemente uma redução do peso
próprio das estruturas construídas em concreto protendido.
Já o concreto armado só apresenta vantagem devido à possibilidade de se
executar as peças no próprio canteiro de obra sem a necessidade de mão de obra
20

especializada para realizar a protensão, a qual, é uma das principais diferenças


entre ambas técnicas construtivas, pois, a mão de obra é um dos maiores custos a
serem considerados durante a obra.
Para os autores já citados, o concreto protendido apresenta uma série de
vantagens e/ou características que fazem com que pareça que é indicado ou ótimo
para qualquer tipo de estrutura. entretanto, “independentemente do tipo, todos tem
função estrutural, atuando como estrutura de pontes, barragens, edifícios, entre
outros” (CARVALHO, 2016).
21

4. CONCRETO PROTENDIDO E SUAS LIMITAÇÕES

Segundo Castro (2011), o concreto protendido apresenta certas limitações


que provavelmente estejam relacionadas com a falta de divulgação desta técnica
construtiva, sendo elas a falta de mão de obra especializada e a carência de
profissionais da área de projetos e cálculo estrutural. Outra restrição importante
deste procedimento é que dependendo da geometria da estrutura, pode ser inviável
técnica ou economicamente.
De acordo Hanai (2005), a existência de uma armadura ativa, traz como
conseqüência uma série de procedimentos especiais tanto no projeto como na
execução. Além, das verificações mais pormenorizadas de todas as etapas da
técnica, pois, a protensão insere desde a fase de execução, esforços importantes
nos elementos estruturais.
Conforme Veríssimo et. al. (1998), o concreto protendido por ser um concreto
de maior resistência, exige um controle de execução mais rigoroso, o que pode
trazer como consequência uma perca de tempo em relação à outros tipos de
concreto. Além disso, os aços de alta resistência demandam cuidados especiais de
proteção contra a corrosão.
As operações de protensão exigem profissionais especializados na área e
equipamentos especiais (Figura 9), com permanente controle dos esforços aplicados
e dos alongamentos dos cabos, devido a que a colocação dos cabos deve ser feita
com maior exatidão, de modo que possa garantir as posições admitidas nos
cálculos. Como a força de protensão possui de maneira geral um valor muito alto em
relação ao concreto armado, um pequeno desvio do cabo da posição de projeto
pode produzir esforços não previstos, trazendo como consequência um
comportamento inadequado da peça e inclusive até o colapso. (VERÍSSIMO; et. al.,
1998).
22

Figura 9 – Equipamentos especiais para a protensão.

Fonte: Giovanaz e Fransozi (2017).

A figura acima apresenta um equipamento especial para poder realizar a


protensão, trata-se de um macaco hidráulico junto com a bomba hidráulica de alta
pressão, os quais trabalhando em conjunto possibilitam que a resistência dos cabos
de aço seja aumentada em até dez vezes a sua resistência normal.
De acordo Verrísimo et. al. (1998), em vigas protendidas, lajes ou edifícios
altos, a maior esbeltez (Figura 10), da estrutura horizontal pode prejudicar a
estabilidade global da edificação. Caso ocorra o mencionado, é necessário que seja
feito uma série de estudos pertinentes, os quais frequentemente conduzem a um
aumento de rigidez da estrutura vertical, determinando assim que, as estruturas
protendidas exigem atenção e controle superiores aos necessários por outros tipos
de concreto, como é o caso do concreto armado.
23

Figura 10 – Vigas mais esbeltas.

Fonte: Carvalho (2012, p. 32).

Na imagem anterior pode-se observar vigas esbeltas na edificação, o que


pode prejudicar a estabilidade global da edificação, sendo necessário os estudos
pertinentes para procurar as soluções mais viáveis técnica e economicamente.
De acordo Giffhorn e Lazzari (2018), no sistema de concreto protendido há a
necessidade de melhor controle de concreto utilizado, já que as forças de
compressão podem comprimir a seção da peça. Além disso, a colocação da
armadura ativa deve ser executada da forma mais rigorosa possível seguindo as
indicações do projeto estrutural por causa de que as forças de protensão possuem
valores muito elevados , onde qualquer posicionamento equivocado dos cabos é
capaz de resultar em esforços inesperados, levando ao comportamento inadequado
da peça.
A necessidade de utilização de equipamentos e mão de obra especializados
segundo Giffhorn e Lazzari (2018), é um fator determinante na limitação desta
técnica construtiva, pois, há uma preocupação em relação aos esforços aplicados e
alongamentos dos cabos, precisando-se assim de um controle minucioso para evitar
quaisquer inconvenientes. Além disso, podem ser gerados atritos nos cabos de
protensão, o que consequentemente pode causar perda de protensão (Figura 11).
24

Figura 11 – Atrito nos cabos de protensão.

Fonte: Verrísimo e César (2015).

Na figura acima observa-se a perda de protensão gerada pelo atrito entre os


cabos de protensão, o que pode gerar inconvenientes nos esforços e
consequentemente na estrutura, podendo atingir inclusive até o estado limite último
da mesma.
Com base nas diferentes abordagens citadas, é possível notar semelhanças
nas limitações do concreto protendido dos autores citados, pois, mencionam as
dificuldades para encontrar equipamentos e profissionais capacitados nesta técnica.
Mesmo que se considere o concreto protendido um avanço na área de
engenharia civil, é imprescindível considerar as suas limitações/desvantagens, pois,
nem sempre este método pode ser viável financeiramente.
25

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa apresentou-se o conceito da técnica concreto protendido e


suas funções, assim como realizou-se uma diferença entre os concretos protendido
e armado apresentando seus benefícios e desvantagens. Por último identificou-se as
limitações que o concreto protendido apresenta na construção civil.
No primeiro capítulo, descreve-se o concreto protendido como um tipo de
concreto que apresenta na sua armadura tensões previamente aplicadas,
denominadas armaduras de protensão ou ativa. Além disso, este tipo de concreto
vem encontrando uma aplicação maior em estruturas devido a necessidade de
vencer vãos livres de grandes dimensões e também em estruturas de forma
cilíndrica.
No segundo capítulo diferenciou-se o concreto armado do protendido,
concluindo-se que a principal diferença entre ambos é que no primeiro não existe
nenhum tipo de pré-alongamento, enquanto que no segundo há. A diferença neste
preparo das barras que vão compor a armadura proporciona ao protendido um
aumento da capacidade de carga.
Já no terceiro capítulo apresentou-se as limitações do concreto protendido, as
quais, provavelmente estejam relacionadas com a falta de divulgação desta técnica
construtiva e a carência de profissionais da área de projetos e cálculo estrutural.
Outra restrição importante deste procedimento é que dependendo da geometria da
estrutura, sua aplicação pode ser inviável técnica ou economicamente.
Com isso, concluí-se que este trabalho alcançou seu principal objetivo, que
era iniciar a discussão do tema concreto protendido ainda na graduação de
engenharia civil. Porém, é importante salientar que este assunto precisa ser ainda
mais explorado durante o curso universitário para preparar os futuros engenheiros
para o uso desta técnica ao longo de suas carreiras e para que através do estudo
seja possível encontrar soluções para as limitações deste procedimento que foram
apresentadas nesta pesquisa.
26

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de


cimento Portland – Preparo, controle e recebimento - Procedimento. Rio de
Janeiro, 2006. 18p.

______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de


Janeiro, 2003. 221p.

______. NBR 7197: Projeto de estruturas de concreto protendido. Rio de


Janeiro, 1989. 71p.

BASTOS, P. Fundamentos do concreto armado. Curso de Estruturas de Concreto


I. 2006. Notas de Aula. Universidade Estadual Paulista.

CARVALHO, M. Concreto armado e protendido têm diferentes propriedades e


aplicações. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/concreto-
armado-e-protendido-tem-diferentes-propriedades-e-aplicacoes_12306_10_0>.
Acesso em: 08 abr. 2018.

CASTRO, Sérgio. Concreto Protendido - Vantagens e desvantagens dos


diferentes processos de protensão do concreto nas estruturas. 2011.
Monografia (Especialização em Construção Civil) – Escola de Engenharia UFMG,
Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerias.

CAUDURO, E.L. Protensão com cordoalhas engraxadas e plastificadas: pós-


protensão com sistema não aderente. In: REUNIÃO DO IBRACON, 38., Ribeirão
Preto. Anais. v.2, p. 785. São Paulo, 1996.

FRANCO, M. Concreto protendido em Edifícios: Problemas particulares. In:


SIMPÓSIO IBERO-LATINO AMERICANO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL, 1994,
São Paulo. Anais. São Pauo, 1994.

GIFFHORN, G.C.; LAZARRI, P. Estudo comparativo entre viga de concreto


armado e concreto protendido. Revista de Engenharia da Faculdade Salesiana,
São Paulo, n. 7, p. 2-14, 2014.

PFEIL, Walter. Concreto Protendido, Livros Técnicos e Científicos. Editora S. A,


Rio de Janeiro, 1980. 369 p.
27

PINHEIRO, M. et al. Estruturas de concreto – Capítulo 1. Curso de Fundamentos


do Concreto e Projetos de Edifícios. Março de 2004. Notas de Aula. Universidade de
São Paulo.

VERÍSSIMO, G. et al. Concreto protendido - Fundamentos básicos. Curso de


Engenharia Civil. 1998. Notas de Aula. Universidade Federal de Viçosa.

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