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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UEG

CÂMPUS CENTRAL – SEDE: ANÁPOLIS – CET


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

VITOR CAVALCANTE AZEVEDO

COMPARATIVO ORÇAMENTÁRIO DE UMA OBRA COM A


UTILIZAÇÃO DE TIJOLO SOLO-CIMENTO

Anápolis – GO
2023
VITOR CAVALCANTE AZEVEDO

COMPARATIVO ORÇAMENTÁRIO DE UMA OBRA COM A


UTILIZAÇÃO DE TIJOLO SOLO-CIMENTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CURSO DE


ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

ORIENTADORA:
Prof.ª Dra. RAPHAELA CHRISTINA COSTA GOMES

Anápolis – GO
2023
FICHA CATALOGRÁFICA
AZEVEDO, VITOR CAVALCANTE.
Comparativo Orçamentário de Obra que com a Utilização de Tijolo Solo-Cimento. 40 p.
(ENC/UEG, Bacharel em Engenharia Civil, 2023). Trabalho de Conclusão de Curso -
Universidade Estadual de Goiás. Câmpus Central – Sede: Anápolis – CET.
Curso de Engenharia Civil.

1. Construção civil 2. Tijolo Solo-Cimento


3. Orçamento 4. Tijolo ecológico

I. AZEVEDO, V. C. II. Comparativo Orçamentário


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
AZEVEDO, V. C. Comparativo Orçamentário de Obra que com a Utilização de Tijolo Solo-
Cimento. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual
de Goiás, Anápolis, GO, 40 p. 2023.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Vitor Cavalcante Azevedo

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:

Comparativo Orçamentário de Uma Obra Com a Utilização de Tijolo Solo-cimento

GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2023

É concedida à Universidade Estadual de Goiás a permissão para reproduzir cópias deste


trabalho de conclusão de curso e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos
acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste
trabalho de conclusão de curso pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

_________________________________________________________________________

Vitor Cavalcante Azevedo

Avenida dos Buritis, Chácara 33c. Vila Maria Luiza

74720-170 – Goiânia-GO - Brasil


VITOR CAVALCANTE AZEVEDO

COMPARATIVO ORÇAMENTÁRIO DE UMA OBRA COM A


UTILIZAÇÃO DE TIJOLO SOLO-CIMENTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CURSO DE


ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS, CÂMPUS
CENTRAL – SEDE: ANÁPOLIS – CET, COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA
CIVIL.

APROVADO POR:

___________________________________________________________________
Prof.ª Dra. RAPHAELA CHRISTINA COSTA GOMES (UEG)
(ORIENTADORA)

___________________________________________________________________
Prof. ª Dra. JULLIANA SIMAS VASCONCELLOS (UEG)
(EXAMINADOR INTERNO)

___________________________________________________________________
Prof.ª Msc. JULIANA LUÍZA MOREIRA DEL FIACO (UEG)
(EXAMINADOR INTERNO)
RESUMO

Com o considerável crescimento do setor da construção civil, a maior demanda por insumos e
os impactos ambientais associados, torna-se indispensável estudar, aperfeiçoar e buscar novas
técnicas de construção sustentáveis. O tijolo solo-cimento, feito de solo, água e cimento, tornou-
se presente em estudos, pois sua aplicação na construção causa um dano menor ao meio
ambiente, visto que em sua produção não é necessário realizar o processo de queima, reduzindo,
consideravelmente, a emissão de CO2 na atmosfera. Desta forma, ele foi ganhando espaço e
sendo implementado em obras e pesquisas. Contudo, é necessário entender o impacto financeiro
que sua utilização causa nos orçamentos das obras e os benefícios de sua aplicação em relação
ao bloco cerâmico convencional. Assim, neste trabalho foi feito um comparativo entre o custo
de uma obra real, executada com o uso de tijolo solo-cimento, e o custo equivalente caso fosse
utilizado bloco cerâmico convencional, mostrando as principais diferenças e impactos
orçamentários, e as vantagens e desvantagens da utilização do tijolo ecológico.

Palavras-chave: construção civil, tijolo solo-cimento, orçamento, tijolo ecológico


ABSTRACT

With the considerable growth in the construction sector, the increasing demand for building
materials, and the associated environmental impacts, it is essential to study, improve and search
for new sustainable construction techniques. The soil-cement brick, made from soil, water, and
cement, has become a subject of research because its application in construction causes less
damage to the environment as it does not require burning during production, significantly
reducing CO2 emissions in the atmosphere. As a result, it has been gaining ground and being
implemented in construction projects and research. However, it is necessary to understand the
financial impact that its use causes on construction budgets and the benefits of its application
compared to conventional ceramic blocks. Therefore, this paper compares the cost of an actual
construction project using soil-cement bricks with the equivalent cost of using conventional
ceramic blocks, with the aim of showing the main differences and budgetary impacts,
advantages and disadvantages of using the eco-brick.

Keywords: civil construction, soil-cement brick, budget, eco-brick


LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E UNIDADES

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
BDI Benefício de Despesas Indiretas
CIB Conselho Internacional da Construção
CUB Custo Unitário Básico
CO2 Dióxido de Carbono
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PCA Portland Cement Association
SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices
SINDUSCONSP Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo
M Metros
m² Metros quadrados
cm Centímetros
cm² Centímetros quadrados
LISTA DE TABELAS

Tabela Página
Tabela 3.1 - Faixas granulométricas consideradas ideias para o solo-cimento...15
Tabela 3.2 - Tipo e composição do Cimento Portland........................................16
Tabela 3.3 - Tipos de tijolos de solo-cimento.....................................................19
Tabela 5.1 – Orçamento com bloco cerâmico.....................................................29
Tabela 5.2 – Orçamento com tijolo ecológico....................................................30
Tabela 5.3 – Critério de classificação da curva ABC........................................32
Tabela 5.4 – Tabela da curva ABC com bloco cerâmico....................................32
Tabela 5.5 – Tabela da curva ABC com tijolo ecológico...................................33
LISTA DE FIGURAS

Tabela Página
Figura 3.1 - Construção de paredes monolíticas de solo-cimento....................17
Figura 3.2 - Construção com tijolos de solo-cimento......................................,17
Figura 3.3 - Bloco cerâmico para alvenaria estrutural ou de vedação..............23
Figura 3.4 - Curva ABC...................................................................................25
Figura 4.1 - Residência unifamiliar com método de tijolo solo-cimento.........27
Figura 5.1 – Comparação entre os orçamentos.................................................31
Figura 5.2 – Percentual de aumentos entre os orçamentos...............................31
Figura 5.3 – Gráfico da curva ABC com bloco cerâmico.................................33
Figura 5.4 – Gráfico da curva ABC com tijolo ecológico................................34
Figura 5.5 – Relação entre materiais e mão de obra com bloco cerâmico........35
Figura 5.6 – Relação entre materiais e mão de obra com tijolo ecológico.......35
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 12

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................. 12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 14

3.1 SOLO-CIMENTO .................................. Erro! Indicador não definido.

3.1.1 Composição do Solo-cimento ................................................................ 14

3.1.2 Aplicação do Solo-cimento na Construção Civil................................... 16

3.1.3 Tijolo de Solo-cimento na Construção Civil ......................................... 18

3.1.4 Vantagens e Desvantagens..................................................................... 20

3.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS ............................................................ 20

3.2.1 Alvenaria Estrutural .............................................................................. 21

3.2.2 Alvenaria Convencional (Vedação) ...................................................... 21

3.3 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO ................................................. 23

3.3.1 Tipos de Orçamento .............................................................................. 24

3.3.2 Curva ABC ........................................................................................... 25

4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................. 28

6 CONCLUSÃO ............................................................................................ 36

7 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 37

8 ANEXOS ..................................................................................................... 40

8.1 ANEXO A – PLANTA BAIXA ........................................................... 40


12

1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento da população brasileira veio, consequentemente, o aumento na


construção civil, ganhando grande espaço no mercado de trabalho. Entretanto, a construção
civil gerou e ainda gera muito impacto ambiental. O Conselho Internacional da Construção –
CIB (2012), salienta a indústria da construção como o setor que mais consome recursos naturais,
estimando-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados advindos de atividade humana
sejam provenientes da construção civil.
Frente a esse cenário, é imprescindível a busca por inovações e novas técnicas
construtivas, dentre elas surge o paradigma da construção sustentável. De acordo com Jerry
Yudelson (2013), é necessário atenção especial para projetos, construção e operações de
edificações que visam a sustentabilidade. Na busca de diminuir os impactos ambientais
provocados pela construção, surge a ideia da utilização do tijolo solo-cimento.
Segundo Fias e Souza (2017) o tijolo solo-cimento, também conhecido como tijolo
ecológico, é chamado assim pois na sua produção eles não são queimados em fornos como o
tijolo convencional, o que além de diminuir a emissão de CO2 na atmosfera, evita o
desmatamento das árvores.
Portanto, evidenciando essa nova perspectiva na construção civil, este trabalho tem
como finalidade fazer um comparativo orçamentário de uma obra com a utilização do tijolo
solo-cimento, mostrando se há uma viabilidade econômica em relação ao bloco cerâmico
convencional, além de levantar suas vantagens e desvantagens.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar um orçamento de uma obra, localizada em Nova Colina - Sobradinho/DF,


cujo orçamento real foi executado com o uso de tijolo solo-cimento com um orçamento
utilizando bloco cerâmico convencional.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


13

● Utilizar a tabela SINAPI do Distrito Federal de junho de 2021 referente a data e local
da obra;
● Fazer um orçamento sintético da obra considerando o método construtivo convencional,
utilizando bloco cerâmico;
● Utilizar a curva ABC para caracterizar os itens de maior relevância;
● Realizar o comparativo do orçamento de custos de execução de tijolo de solo-cimento
com blocos cerâmicos.
14

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 SOLO-CIMENTO

Segundo Santos (2016) no processo construtivo, o solo é um dos materiais mais antigos
utilizados pelo homem. Grande (2003) afirma que o solo é um dos materiais mais apropriados
para aplicação nas construções graças a sua abundância, facilidade de obtenção, manuseio e
baixo e custo, permitindo sua aplicação em métodos construtivos ao longo do tempo.
O uso desse material teve início em 1915 no Estados Unidos pelo Engenheiro Bert Reno
que, segundo ABIKO (1983), pavimentou uma rua misturando conchas marinhas, areia de praia
e cimento Portland, mas que só em 1935 a Portland Cement Association (PCA) deu inícios as
pesquisas sobre essa nova tecnologia.
De acordo com Lima (2010), as pesquisas com solo-cimento começaram a ganhar
destaque no Brasil a partir de 1930, com a regulamentação de sua aplicação pela Associação
Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Já em 1941, toda a pavimentação do aeroporto de
Petrolina-PE foi realizada com solo-cimento e em 1970 a rede pavimentada de solo-cimento
atingiu 7500 km. Desde 1948 o solo-cimento começou a ser utilizado também na construção de
habitações com a construção de duas casas do Vale Florido, na Fazenda Inglesa, em Petrópolis-
RJ.
O solo-cimento, de acordo com a Castro (2008), é resultante da mistura de cimento
Portland, solo compactado e água. Seguindo as proporções, dosagem, métodos de execução
conforme a norma da ABNT NBR 12253/2012.
Ribeiro (2013) afirmou que o solo-cimento é conhecido por apresentar boas
características como a sua resistência à compressão, durabilidade, impermeabilidade e baixa
retração volumétrica, quando submetido à cura adequada.

3.1.1 Composição do Solo-cimento

Segundo Lima (2010), os principais elementos do solo-cimento são: solo, cimento e


água. Podendo-se adicionar cal como potencializador de suas propriedades ou para corrigir a
acidez do solo. A quantidade de materiais (solo, cimento e água) utilizados na mistura é
chamada traço e pode ser expresso em unidade de massa. A relação entre as quantidades destes
15

materiais, seguindo o traço, deve produzir tijolos com qualidade satisfatória após os primeiros
sete dias de cura.
Em síntese, os principais elementos do solo-cimento são:
● Água: segundo Bauer (1994), a água que será utilizada no solo-cimento não deve conter
impurezas para não comprometer as propriedades dos outros materiais, pois as
impurezas presentes na água de mistura podem ser agressivas ao cimento
como sulfatos e matéria orgânica.
● Solo: O solo é o elemento que entra em maior quantidade em relação aos outros
materiais, mas não pode ser qualquer solo. De acordo com Lima (2010), o solo para a
mistura de solo-cimento deve estar limpo, sem raízes, folhas, galhos ou outro material
orgânico. Segundo Silva et al. (2008), o solo ideal deve conter 15% de silte mais argila,
20% de areia fina, 30% de areia grossa e 35% de pedregulho, já que exigem baixo
consumo de cimento. Para Segantini (2000), os solos mais adequados para a fabricação
do solo-cimento são os que possuem as seguintes características geotécnicas segundo
(Tabela 3.1).

Tabela 3.1: Faixas granulométricas consideradas ideais para solo-cimento.


Características Tijolos de solo-cimento Paredes monolíticas de
NBR 10832/2013 solo-cimento NBR
13553/2012
% passando na peneira 100% 100%
ABNT com abertura
4,2mm
% passando na peneira - 100%
ABNT com abertura
4,75mm
% passando na peneira 10 a 50% 15 a 50%
ABNT 0,075mm (nº200)
Limite de Liquidez ≤ 45% ≤ 45%
Índice de Plasticidade ≤ 18% ≤ 18%
Fonte: SEGANTINI (2000)

● Cimento: O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes


ou ligantes, que endurece sob ação da água. Onde requer composto de clínquer e de
adições. O clínquer é um dos principais componentes e está presente em todos os tipos
de cimento Portland, podendo variar conforme o tipo de cimento (ABCP, 2002). De
acordo com Ribeiro (2013), os tipos de cimento são classificados pela Associação
Brasileira de Cimento Portland (ABCP) onde possuem a nomeação pela sigla CP
16

sequenciados em números romanos de I a V de acordo com sua composição. A tabela


3.2 mostra o tipo e a composição do cimento Portland.

Tabela 3.2 – Tipo e composição do Cimento Portland.

Fonte: ABNT 16697 (2018)

3.1.2 Aplicação do Solo-cimento na Construção Civil

O solo-cimento possui diversas aplicações como em edificações, paisagismo,


pavimentação, contenção de encostas, contenção de córregos e pequenas barragens (CAMPOS,
2007).
Para Lima (2010), as principais aplicações do solo-cimento são:
17

● parede monolítica: onde o solo-cimento é compactado no próprio local, em diversas


camadas sucessivas, no sentido vertical, com auxílio de formas e guias, criando painéis
inteiriços, sem juntas horizontais (Figura 3.1).

Figura 3.1: Construção de paredes monolíticas de solo-cimento

Fonte: Campos (2007)

● pavimentos: onde são compactados no local, com auxílio de fôrmas, porém em uma
única camada. Constituindo placas maciças, totalmente apoiadas no chão.
● tijolos ecológicos: que são produzidos em prensas, dispensando a queima em fornos.
Podendo ser maciços ou vazados. Possuindo grande resistência, e excelente aspecto
(Figura 3.2).

Figura 3.2: Construção com tijolos de solo-cimento

Fonte: Campos (2007)


18

3.1.3 Tijolo de Solo-cimento na Construção Civil

O tijolo solo-cimento, também conhecido como tijolo ecológico, é diferente do tijolo


convencional, onde não precisa ser cozido em fornos, eliminando-se a utilização de lenha e a
derrubada de árvores para a fabricação de tijolos. O traço utilizado no tijolo de solo-cimento é
de 1:10 utilizando-se uma mistura de cimento, solo e água, onde a água deve ser colocada até a
mistura atingir a consistência ideal. O impacto ao meio ambiente é reduzido, e sua fabricação
é possível em vários lugares que possua o maquinário adequado, inclusive no próprio canteiro
de obras. (CUNHA, 2007).
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP, 2000) diz que o tijolo solo-
cimento é uma das alternativas para construção de alvenaria, pois, após um pequeno período de
cura, garante resistência à compressão simples semelhante aos tijolos cerâmicos. Onde a
resistência está diretamente relacionada com a quantidade de cimento empregada, no entanto
deve ser limitada a um teor ótimo dando ao tijolo sua qualidade necessária.
Para Lima (2010), o processo de fabricação dos tijolos de solo-cimento é bastante
simples, prepara-se a mistura de solo, cimento e água nas proporções adequadas, compacta-se
a massa em prensa que pode ser manual ou hidráulica. Existem no Brasil diversos tipos de
tijolos prensados de variados tamanhos e modelos, que são escolhidos de acordo com as
necessidades do projeto, como mostra (Tabela 3.3).
19

Tabela 3.3: Quadro com tipos de tijolos de solo-cimento

Fonte: Lima (2010)

Os tijolos de solo-cimento têm se destacado como uma opção atraente para futuras
construções. Pois apresentam baixo custo de produção e são considerados sustentáveis, por que
em seu processo de fabricação, não se emprega a queima, em comparação com os tijolos
cerâmicos convencionais (RODRIGUES; HOLANDA, 2015).
Com essa tecnologia, inúmeros estudos estão sendo desenvolvidos buscando novas
técnicas na utilização do tijolo solo-cimento na construção civil. Alguns exemplos são: Moura
et al. (2021) utilizou cinza do bagaço de cana-de-açúcar na composição dos tijolos solo-
cimento.
20

3.1.4 Vantagens e Desvantagens

Segundo Grande (2003), Santos et al. (2009) e Souza (2006) os tijolos de solo-cimento
possuem as seguintes vantagens em relação aos tijolos comuns, sendo elas:
● Apresentam maior resistência mecânica;
● Possui um sistema de encaixe que auxilia a orientação no assentamento, mantendo as
juntas regulares evitando o surgimento de trincas e fissuras;
● Sua utilização reduz a quantidade de insumos na construção, pois necessita de uma
menor quantidade de material para assentamento e revestimento;
● Não passa pelo processo de queima;
● Possui bom acabamento por conta das suas medidas e texturas regulares;
● Seus furos promovem conforto termoacústico e formam condutores para redes
hidráulica e elétrica, evitando a quebra de paredes, permitindo o embutimento fácil e
rápido das colunas de sustentação.

Para as desvantagens, Morais et al. (2014), afirmam que para a implantação massiva do
tijolo ecológico no mercado se torna inviável por conta da grande demanda existente, onde a
produção do tijolo solo-cimento, em comparação com ao bloco cerâmico convencional, não
consegue suprir a demanda massiva da Construção Civil.

3.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Sistema construtivo, segundo Camacho (2001), é um processo de construção com altas


classes de industrialização e organização, formado por um conjunto de elementos e
componentes conexos.
Para um melhor entendimento do conceito de sistema construtivo, de acordo com
Sebbatini (1989), é importante conhecer a definição de técnica, método e processo construtivo.

● Técnica construtiva: são um conjunto de práticas, ferramentas e equipamentos que


serão utilizados na execução do serviço;
● Método construtivo: é um conjunto de técnicas construtivas para execução de
determinado serviço. Basicamente, o método construtivo é a metodologia que será
aplicada na execução do serviço.
21

● Processo construtivo: entende-se por processo construtivo o conjunto de vários


métodos construtivos necessários para execução de um empreendimento ou parte
dele.
● Sistema construtivo: é o conjunto de todos os processos construtivos que serão
necessários para execução de uma edificação.

Para Pastro (2007), a partir da escolha do sistema a ser adotado, todos os outros
elementos envolvidos como: projetos, orçamentos, cronogramas, e empreiteiras, devem ser
muito fiéis ao sistema, não deixando misturar dois ou mais sistemas, a não ser que seja para
algum fim benéfico.

3.2.1 Alvenaria Estrutural

Denomina-se alvenaria estrutural um sistema construtivo onde as paredes são utilizadas,


tanto como elementos de vedação, quanto elementos resistentes aos carregamentos, tais como:
peso próprio, ocupação, carregamentos horizontais, verticais e provenientes da ação do vento
(ROMAN, 2002).
Além de resistir aos carregamentos, as paredes de alvenaria estrutural são responsáveis
pelo isolamento termoacústico do ambiente, estanqueidade à água da chuva e ao ar e resistência
à ação do fogo. Podendo ser construídas com blocos cerâmicos ou de concreto que são
produzidos especialmente para esse fim (ABITANTE et al., 2017).
Segundo Cunha (2017) e Abitante et al. (2017), as principais vantagens desse sistema
são:
● Redução de custos comparado a concreto armado;
● Menor desperdício de material e mão de obra.
● Maior velocidade de construção, comparada a estruturas de concreto armado;
● Boa resistência ao fogo;
● Ideal para construções de baixa renda.
● Canteiro de obras limpo facilitando o controle e execução.

3.2.2 Alvenaria Convencional (Vedação)


O que torna um sistema construtivo convencional para Abitante et. al. (2017) é a
aceitação de determinada forma de construir pela sociedade. Ou seja, o sistema construtivo
22

convencional torna-se de caráter regional, podendo sofrer mudanças e se desenvolvendo ao


longo do tempo. No Brasil os sistemas construtivos considerados convencionais são: estrutura
de concreto armado com vedação de alvenaria (alvenaria convencional) e alvenaria estrutural.
A Alvenaria Convencional ou de vedação é um método construtivo composto por blocos
cerâmicos sobrepostos com argamassa, constituído por uma estrutura de viga e pilares de
concreto armado. Este método permite a construção de inúmeros Projetos Arquitetônicos em
relação a Alvenaria Estrutural (PEREIRA, 2018).
Cunha (2017) argumenta que a alvenaria é um componente construtivo essencial no
projeto estrutural de uma edificação. Com ela é possível obter um bom desenvolvimento das
demais etapas construtivas e contribuir com a segurança da obra.
Um dos métodos mais utilizados na execução de edificações populares é a alvenaria de
blocos cerâmicos, onde permite uma construção racionalizada, utilizando-se de menores tipos
de materiais e não necessita de mão de obra especializada, dando maior rapidez na construção.
É muito vantajoso pela facilidade construtiva e pela eliminação dos problemas nas interfaces
construtivas, o que proporciona boas características de isolamento acústico, resistência ao fogo
e versatilidade no projeto (TAVARES, 2011).
O tijolo é empregado na execução de diversos tipos de moradia desde 4.000 A.C.,
tornando-se um dos materiais mais antigos usados na construção civil. Apresentando uma cor
avermelhada, são compostos por argilas, com ou sem aditivos, sendo obtidos pelo processo de
secagem e queima (BARBOSA, 2011).
Existem dois tipos de blocos cerâmicos que são utilizados para alvenaria estrutural ou
de vedação. Os blocos utilizados na alvenaria estrutural exercem a função de vedação e
constituem a estrutura resistente da edificação, tirando a necessidade de vigas e pilares de
concreto armado. Já o bloco destinado apenas para vedação suporta somente seu próprio peso
e pequenas cargas (BARBOSA, 2011).
O bloco cerâmico é a vedação mais utilizada atualmente. Para sua produção é necessário
selecionar a argila, misturar com a água até se ter uma pasta. Leva-se ao forno para o cozimento
com uma temperatura variando de 900ºC a 1.000ºC. Seu resfriamento é um processo lento, para
evitar as trincas provenientes de choques térmicos (TAVARES, 2011).
23

Figura 3.3 – Bloco cerâmico para alvenaria estrutural ou de vedação

Fonte: Tavares (2011)

3.3 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

A imensa indústria da construção civil é composta por várias áreas, desde aquisição de
materiais/insumos, construção da edificação e terminando nos serviços de aluguel, venda e
serviços técnicos de construção. Frente a isso, é de fundamental importância que os graduados
em engenharia civil ou áreas semelhantes, tenham conhecimento de todos os fatores que podem
alterar o custo final do seu orçamento, facilitando a tomada de decisão, gerando planilhas
orçamentárias e levantamento de valores (CARVALHO, 2019).
Para Goldman (2004), o orçamento de uma obra é uma informação que o empreendedor
quer conhecer, onde é necessário determinar os gastos consideráveis, a fim de analisar se o
empreendimento estudado é viável ou não.
A função do orçamento é estabelecer metas a serem cumpridas para cada setor da
organização. O orçamento é considerado explícito quando a administração central deseja que
seja realizado faturamento previsto em cada setor interno da organização, substancialmente
quando trata-se dos custos programados (KNOLSEISEN, 2003).
Segundo Dias (2011), a parte da engenharia que estuda os custos é denominado
Engenharia de Custo, onde os princípios, normas, experiência e critérios são utilizados para a
resolução de problemas, como: estimativa de custo, orçamentação, avaliação econômica, de
planejamento e de gerência e controle de empreendimentos
24

3.3.1 Tipos de Orçamento

O tipo de orçamento de uma obra pode variar de acordo com o detalhamento dos
projetos, com base nessa afirmação, é possível considerar, Tisaka (2011) aponta os seguintes
tipos de orçamento de obra de construção.

● Estimativa de custo: é baseado nas experiências de outras obras similares, onde


a avaliação de custo das obras é obtida através do exame de dados preliminares
de uma ideia de projeto;
● Orçamento preliminar: a avaliação de custo é feita através de levantamentos
quantitativos de serviços, materiais e equipamentos, segundo pesquisas de
mercado, incluindo o benefício de despesas indiretas (BDI);
● Orçamento estimativo: é a avaliação do preço global da obra, obtido através de
projetos, fundamentado em planilhas que possuem todos os custos unitárias,
mais o BDI.
● Orçamento analítico ou detalhado: avaliação do preço com maior nível de
precisão, obtido através do levantamento quantitativo de materiais, serviços e
equipamentos, junto com a composição analítica dos custos unitários, que é
realizado na etapa de projeto executivo, mais o BDI.
● Orçamento sintético: também chamado de orçamento reduzido, é o resumo do
orçamento detalhado, com valores parciais, dividido em grupos de serviços e
com o valor total do orçamento.

Segundo Martins (2012), o orçamento paramétrico, é ideal para as verificações iniciais


de uma obra, pois trata-se de uma análise aproximada dos valores. Tais valores podem ser
obtidos através de obras anteriores ou utilizando indicadores como Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), Custo Unitário Básico (CUB) e
Fundação Getúlio Vargas, ou ainda custos médios apresentados por revistas, como o caso da
revista Construção e Mercado, da editora PINI.
O CUB é um índice que representa a variação mensal dos custos para a realização de
uma construção, definido pela NBR 12721/2021, e calculado pelo Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCONSP), em parceria com a Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
25

O SINAPI, para o IBGE (2022), tem por objetivo a produção de séries mensais de custos
e índices de custos da construção civil, em vários níveis de agregação técnica e espacial,
permitindo a programação de investimentos e a execução e análise de orçamentos.

3.3.2 Curva ABC

Para Dias (2006), curva ABC é um instrumento de bastante importante na análise de


orçamentos, onde permite a identificação dos itens que necessitam de atenção na sua
administração. Ela também pode classificar fornecedores e itens conforme a importância
relativa, que pode ser calculada multiplicando o consumo anual pelo custo e obtendo o
percentual em relação ao custo total das aquisições.
Uma das classificações típicas da curva ABC é uma configuração onde 20% dos itens
são considerados ‘A’ onde estes respondem por 65% do valor de demanda ou consumo anual.
Já 30% dos itens são considerados ‘B’, onde representam 25% do valor e 50% dos itens são
considerados ‘C’, representando 10% do valor anual (PEREIRA 2006).
Ainda que essa configuração seja válida como típica, a classificação da curva ABC não
precisa, necessariamente, ter como regra apenas três classes. A classificação apresenta as
seguintes características, conforme (Figura 3.4).

Figura 3.4: Curva ABC

Fonte: Autor (2022)

Para Carvalho (2019), a curva ABC apresenta várias vantagens para diversas funções,
sendo:
26

● Identificar erros nos quantitativos e nas composições de custo unitário;


● Fazer cotações para os insumos mais expressivos;
● Permitir análise do custo da obra de forma simplificada.
Para o gestor da obra:
● Hierarquizar os insumos para informar o setor de aquisições, planejar a compra de
insumos e negociar com os fornecedores;
● Auxiliar no planejamento e programação da obra;
● Avaliar o impacto de aumento ou diminuição de preço de um determinado insumo.
● Negociação na contratação de serviços terceirizados em função do seu impacto no custo
global da obra, além de maior critério na medição destes serviços.
27

4 MATERIAL E MÉTODOS

Foi efetuado o orçamento de comparação de uma residência unifamiliar, localizada em


Nova Colina - Sobradinho/DF, construída num terreno de 750m2, sendo 170m2 de área coberta
e 70m2 de calçamento (Figura 4.1) em junho de 2021.

Figura 4.1: Residência unifamiliar com método de tijolo solo-cimento

Fonte: Proprietária do imóvel (2022)

Realizou-se uma pesquisa quali-quantitativa, com levantamento de dados através da


realização de um orçamento utilizando preços, segundos as tabelas disponíveis pelo SINAPI,
referentes ao período e local de construção do imóvel, foram utilizados os projetos
arquitetônicos, memorial descritivo e o orçamento real da obra. Com a obtenção do máximo de
informações, realizou-se um novo levantamento considerando o método construtivo
convencional, utilizando bloco cerâmico. A partir desses dados foi possível realizar um
comparativo entre as duas metodologias. Também foi utilizada a curva ABC para verificar os
itens com maior impacto no valor final do orçamento, e para complementar a análise foram
desenvolvidos gráficos de comparações e preços e percentuais.
28

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para realizar o comparativo orçamentário foi realizado um orçamento sintético da obra,


focando apenas na parte da alvenaria com a utilização do bloco cerâmico convencional. Para,
posteriormente, comparar com o orçamento real da obra feito com tijolo ecológico.
Na realização do orçamento com bloco cerâmico convencional, foram colhidos dados
referentes às tabelas do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
(SINAPI), no mês junho do ano de 2021, condizente com a data e local da obra. Em seguida,
foi feito um orçamento sintético referente apenas a parte de alvenaria, revestimento e pintura
com a utilização do bloco cerâmico convencional, com base na planta baixa, fornecida pela
proprietária, presente no anexo A.
Para compor orçamento (tabela 5.1) utilizou-se os seguintes itens: alvenaria de vedação
de blocos cerâmicos furados na vertical de (14x19x39)cm com vãos e argamassa de
assentamento, traço 1:2:8 (em volume de cimento, cal e areia média úmida), com preparo em
betoneira; chapisco aplicado em alvenaria com presença de vãos e estruturas de concreto de
fachada, com colher de pedreiro, traço 1:3 (em volume de cimento e areia grossa úmida), com
preparo manual; massa única para recebimento de pintura, em argamassa traço 1:2:8 (em
volume de cimento, cal e areia média úmida), preparo manual, aplicada manualmente em faces
internas e externas de paredes, 20mm de espessura; aplicação manual de fundo selador acrílico
em paredes externas de casas; aplicação manual de pintura com tinta texturizada acrílica em
paredes externas de casa, uma cor; e, aplicação manual de pintura com tinta látex em paredes
internas, duas demãos.
Foram utilizados na coleta de dados as tabelas de composições de preços analíticos para
obter os valores dos materiais e mão de obra de cada serviço e as tabelas e composições de
preços sintéticos para obter os valores de preços totais de cada serviço.
29

Tabela 5.1: Orçamento com bloco cerâmico


ORÇAMENTO – BLOCO CERÂMICO CONVECIONAL
Preço
Preço total
Item Código Fonte Descrição Unidade Unitário
(R$)
(R$)
1. ALVENARIA
Alvenaria de vedação de blocos
cerâmicos furados na vertical de
1.1 m² 79,36 18.457,79
14x19x39cm com vãos e
argamassa de assentamento.
Bloco cerâmico de vedação com
1.1.1 87485 SINAPI m² 36,58 8.507,89
furos (14x19x39) cm
1.1.2 Argamassa traço 1:2:8 m² 5,27 1.225,71
1.1.3 Mao de obra m² 31,17 7.249,62
1.1.4 outros m² 6,34 1.474,58
Chapisco aplicado em alvenaria
com presença de vãos, com colher
1.2 m² 7,59 2.731,73
de pedreiro, traço 1:3 com preparo
87904 SINAPI manual
1.2.1 Materiais m² 3,38 1.216,50
1.2.2 Mão de obra m² 4,21 1.515,23
Massa única, para recebimento de
1.3 pintura, em argamassa traço 1:2:8, m² 33,23 11.959,88
87530 SINAPI prepara manual.
1.3.1 Materiais m² 20,16 7.255,83
1.3.2 Mão de obra m² 13,07 4.704,05
2. PINTURA
Aplicação manual de fundo
2.1 m² 2,71 975,36
selador acrílico.
2.1.1 88415 SINAPI Materiais m² 1,75 629,85
2.1.2 Mão de obra m² 0,96 345,52
Aplicação manual de pintura com
2.2 tinta texturizada acrílica em m² 17,68 2.313,06
88423 SINAPI paredes externas de casa, uma cor
2.2.1 Materiais m² 14,57 1.906,18
2.2.2 Mão de obra m² 3,11 406,88
Aplicação manual de pintura com
2.3 tinta látex em paredes internas, m² 12,49 2.861,25
88489 SINAPI duas demãos
2.3.1 Materiais m² 8,97 2.054,88
2.3.2 Mão de obra m² 3,52 806,37
Mão de
R$ 15.027,66
obra
RESULTADO (R$) Materiais R$ 24.271,41
Total R$ 39.299,07
Fonte: Autor (2023)
30

O orçamento com tijolo ecológico (tabela 5.2) foi obtido por meio de informações
fornecidas pela proprietária do imóvel.

Tabela 5.2: Orçamento com tijolo ecológico


ORÇAMENTO - TIJOLO ECOLÓGICO

Descrição Preço (R$)


Tijolo Ecológico 16.000,00
Argamassa 516,94
Cimento 800,65
Outros 669,92
Areia 650,00

Total materiais R$ 18.637,51


Mao de obra R$ 14.500,00
Preço Total R$ 33.137,51
Fonte: Autor (2023)

Com os dois orçamentos foi possível perceber que a vedação utilizando bloco cerâmico
convencional obteve um preço total de R$ 39.299,07, sendo mais elevado em relação a vedação
utilizando tijolo ecológico cujo valor total foi de R$ 33.137,51. Um dos grandes impactos que
levou para esse resultado é justamente uma das vantagens do tijolo ecológico, citado por Souza
(2006), que necessita de menos material para assentamento e acabamento em relação ao bloco
cerâmico.
A partir dos resultados dos orçamentos foi possível confeccionar mais dois gráficos: um
gráfico mostrando os principais valores, sendo eles preço total, materiais e mão de obra (figura
5.1); e, o ou com o percentual de aumentos entre o orçamento feito com bloco cerâmico e o
tijolo ecológico (figura 5.2).
31

Figura 5.1: Comparação entre os orçamentos


R$39.299,07
R$33.137,51

R$24.271,41

R$18.637,51
R$15.027,66
R$14.500,00

Preço Total Materiais Mão de obra

Bloco Cerâmico Tijolo Ecológico

Fonte: Autor (2023)

Figura 5.2: Percentual de aumentos entre o bloco cerâmico e o tijolo ecológico

4%
Mão de obra

Materiais 30%

Preço Total 19%

Fonte: Autor (2023)

Um ponto a ressaltar foi o valor da mão de obra nos dois métodos presentes nos gráficos
(figura 5.1) e (figura 5.2). De acordo com Souza (2006), uma das desvantagens do tijolo
ecológico é seu alto valor na mão de obra por ser especializada, entretanto, foi possível observar
que quando se leva em consideração toda a mão de obra que seria necessária para a execução
32

com bloco cerâmico, obteve-se um valor de R$ 15.027,66, cerca de 4% superior ao despendido


com a utilização de tijolo ecológico (R$ 14.500,00). Já em materiais, foi percebido um
percentual de aumento de aproximadamente 30% do bloco cerâmico, cujo valor foi de
24.271,41 R$, em relação ao tijolo ecológico com valor de 18.637,51 R$, mostrando novamente
como acabamento e o assentamento possui valores significativos no orçamento.
Para melhorar a análise foi feita a curva ABC de ambos os orçamentos, a fim de
caracterizar os itens de maior relevância. Foi definido um critério de classificação presente na
(tabela 5.3), tanto para a curva ABC com bloco cerâmico convencional (tabela 5.4) e (figura
5.3), quanto com tijolo ecológico (tabela 5.5) e (figura 5.4).

Tabela 5.3: Critério de classificação da curva ABC


Classe Itens Porcentagem

A 20% 80%
B 30% 15%
C 50% 5%
Fonte: Autor (2023)

Tabela 5.4: tabela da curva ABC com bloco cerâmico


CURVA ABC - BLOCO CERÂMICO
CUSTO ACUMULADO %
SERVIÇO % FAIXA
TOTAL (R$) (R$) ACUMULADO
Mão de obra 15.027,66 15.027,66 38% 38% A
Blocos cerâmicos 11.208,18 26.235,84 29% 67% A
Massa única 7.255,83 33.491,67 18% 85% B
Pintura paredes internas 2054,88 35.546,55 5% 90% C
Pintura paredes externas
1906,18 37.452,72 5% 95% C
de casa
Chapisco 1216,50 38.669,23 3% 98% C
Selador acrílico 629,85 39.299,07 2% 100% C
Fonte: Autor (2023)
33

Figura 5.3: Gráfico da curva ABC com bloco cerâmico


100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
A
30%
A
B
20%
10% C C C C
0%
Mão de obra Alvenaria de Massa única Pintura Pintura Chapisco Selador
vedação de paredes paredes acrílico
blocos internas externas de
cerâmicos casa
% % ACUMULADO

Fonte: Autor (2023)

Tabela 5.5: tabela da curva ABC com tijolo ecológico


CURVA ABC - TIJOLO ECOLÓGICO
CUSTO ACUMULADO
SERVIÇO % % ACUMULADO FAIXA
TOTAL (R$) (R$)
Tijolo Ecológico 16.000,00 16.000,00 48% 48% A
Mao de obra 14.500,00 30.500,00 44% 92% A
Cimento 800,65 31.300,65 2% 94% C
Outros 669,92 31.970,57 2% 96% C
Areia 650,00 32.620,57 2% 98% C
Argamassa 516,94 33.137,51 2% 100% C
Fonte: Autor (2023)
34

Figura 5.4: Gráfico da curva ABC com tijolo ecológico


100%
90%
80%
70%
60%
A
50% A
40%
30%
20%
10% C C C C
0%
Tijolo Mao de obra Cimento Outros Areia Argamassa
Ecológico
% % ACUMULADO

Fonte: Autor (2023)

Com a realização da curva ABC, tanto para o orçamento feito com bloco cerâmico,
quanto para o orçamento com tijolo ecológico, foi possível observar que ambos possuem os
mesmos itens no critério de maior impacto (A), sendo a mão a obra e, respectivamente, o bloco
cerâmico e o tijolo ecológico.
Observa-se que na curva ABC do tijolo ecológico, (tabela 5.5), e (figura 5.4), apresentou
92% dos custos referentes a aquisição de tijolo ecológico e mão de obra. Já a curva ABC do
bloco cerâmico, (tabela 5.4), e (figura 5.3), apresentou somente 62% dos custos referente a
aquisição de bloco cerâmico e mão de obra, onde os outros 38% são advindos de materiais para
acabamento.
Para melhorar a análise do impacto entre os materiais e a mão de obra de cada
orçamento, foi feito dois gráficos para representar melhor esse efeito. Neles são mostrados a
relação no orçamento do bloco cerâmico (figura 5.5) e no tijolo ecológico (figura 5.6).
35

Figura 5.5: Relação entre materiais e mão de obra com bloco cerâmico

38%

62%

Mão de obra Materiais

Fonte: Autor (2023)

Figura 5.6: Relação entre materiais e mão de obra com tijolo ecológico

44%

56%

Mão de obra Materiais

Fonte: Autor (2023)

Nota-se com os gráficos, (figura5.5) e (figura 5.6), que em ambos os orçamentos o preço
dos materiais foi mais elevado em relação a mão de obra. Entretanto, o tijolo ecológico obteve
6% a mais de participação nos gastos com mão de obra, podendo associar esse resultado a sua
necessidade de mão obra especializada.
Contudo, o bloco cerâmico apresentou 6% a mais de participação nos gatos com
materiais, esse acréscimo pode ser explicado pela quantidade de matérias para assentamento e
revestimento que o bloco cerâmico necessita em relação ao tijolo ecológico.
36

6 CONCLUSÃO

A inserção de um novo método construtivo é bastante desafiadora, visto que o setor da


construção civil ainda tem uma visão conservadora, com isso, torna-se indispensável as
pesquisas, análises e projetos de novas técnicas. O tijolo solo-cimento, também conhecido como
tijolo ecológico, por sua vez, vem ganhando espaço na construção, entretanto, são necessários
estudos, principalmente orçamentários, sobre esse método sustentável.
O comparativo orçamentário realizado na obra de uma residência unifamiliar, localizada
em Nova Colina - Sobradinho/DF, mostrou resultados promissores, visto que os custos com
utilização do bloco cerâmico convencional foram maiores do que com tijolo ecológico,
chegando a uma diferença, aproximadamente, de 19% do valor total dos serviços. Com o
gráfico da curva ABC e outros gráficos auxiliares, foi possível detalhar todos os impactos
financeiros nesses orçamentos e levantar suas principais causas.
Assim, com base nos resultados, torna-se viável para essa obra a utilização do tijolo
ecológico, podendo ressaltar que sua contribuição ajuda a diminuir o impacto ambiental
causado com a produção do bloco cerâmico. Dessa forma, ainda é necessário que mais estudos
sejam feitos nessa área para desmistificar os pensamentos conservadores e ajuda esse produto
a ganhar ainda mais investimento e espaço na construção civil.
37

7 REFERÊNCIAS

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ABNT. NBR 12253. Solo-cimento – dosagem para emprego como camada de pavimento.
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imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios. Rio de Janeiro, 2021.
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função estrutural. Rio de Janeiro, 2012.
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40

8 ANEXOS

8.1 ANEXO A – PLANTA BAIXA

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