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Unidade II

Unidade II
5 OS MATERIAIS E SUAS APLICAÇÕES NAS EDIFICAÇÕES E NAS CIDADES

5.1 Tipos de material

A arquitetura sustentável busca maior moderação no uso dos materiais, da energia e do espaço. Em
relação aos materiais, a moderação não significa abrir mão de determinado material ou nunca mais
utilizá-lo, mas sim usá-lo de forma consciente. Como exemplo, temos as madeiras de lei, a sucupira, o
pau-brasil e o jacarandá-da-baía. Sabemos que as árvores são recursos totalmente renováveis; porém,
a exploração indiscriminada dessas espécies e a total falta de replantio quase levaram à sua extinção.

Os materiais de construção podem ser simples ou compostos, obtidos diretamente da natureza ou


como resultado de trabalho industrial. O conhecimento do profissional é que permite a escolha dos mais
adequados a cada situação. Do seu correto uso dependem, em grande parte, a solidez, a durabilidade, o
custo e a beleza (acabamento) das obras.

As condições econômicas de um material de construção dizem respeito à facilidade de aquisição,


dependendo de sua obtenção e do transporte, e a seu emprego, dependendo de sua manipulação e
conservação.

As condições técnicas (solidez, durabilidade e beleza) são examinadas especialmente quanto à


trabalhabilidade, durabilidade, higiene e estética. A durabilidade implica a estabilidade e a resistência a
agentes físicos, químicos e biológicos, oriundos de causas naturais ou artificiais, como luz, calor, umidade,
insetos, micro-organismos, sais etc. Os requisitos de higiene visam à saúde e ao bem-estar do usuário da
construção. Observa-se, sob esse ângulo, o poder isolante do calor e do som, o poder impermeabilizante
e a ausência de emanações de elementos prejudiciais. O fator estético é observado quanto ao aspecto do
material colocado, de cujo emprego simples ou combinado se pode tirar partido para a beleza da obra.

Os primeiros materiais de construção utilizados pelo homem foram a argila e as argamassas de cinza
e cal, na antiga Mesopotâmia. No mesmo período, o Egito fabricava seus tijolos utilizando uma mistura
de argila e palha.

É interessante destacar aqui que as adições, de cinza e palha, por exemplo, eram fundamentais para
a estabilização e a resistência dos materiais de construção. Isso denota que havia, por parte das pessoas
da época, uma preocupação tecnológica. Posteriormente, os tijolos passaram a ser queimados em fornos
para que pudessem ter ganho de resistência.

Cada material apresenta uma tensão limite, ou seja, pode suportar maior ou menor carregamento.
No caso dos tijolos egípcios feitos com palha e secos ao sol (tipo adobe), sua resistência era muito
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inferior à dos tijolos queimados, ou seja, para um mesmo carregamento, era necessária uma quantidade
muito maior do adobe do que do tijolo queimado. Uma vez que se consumiam menos tijolos, o consumo
da argila também diminuía. Há, porém, algo a se considerar: a queima do tijolo leva à produção de CO2,
um dos gases do efeito estufa.

A questão da utilização de um ou outro, agora, passa a ser mais abrangente: o que o profissional
quer? Do que ele precisa? Quais critérios de escolha devem ser levados em consideração?

As questões relacionadas à sustentabilidade vão muito mais além da economia dos recursos naturais,
uma vez que é impossível não se fazer uso deles, passam também pela tecnologia, pelo conforto, pela
capacidade de uso, entre outros.

Vamos falar um pouco sobre os diversos tipos de material utilizados na construção civil.

• Materiais cerâmicos

Produtos cerâmicos são materiais de construção obtidos pela moldagem, secagem e cozimento de
argilas ou misturas de materiais que contêm argilas. Exemplos para a construção: tijolos, telhas, azulejos,
ladrilhos, lajotas, manilhas, refratárias etc.

Eles podem ser classificados da seguinte forma:

— materiais de cerâmica vermelha

- porosos: tijolos, telhas etc.

- vidrados ou gresificados: ladrilhos, tijolos especiais, manilhas etc.

— materiais de louça

- pó de pedra: azulejos, materiais sanitários etc.

- grés: materiais sanitários, pastilhas e ladrilhos etc.

- porcelana: pastilhas e ladrilhos, porcelana elétrica etc.

— materiais refratários

- tijolos para fornos, chaminés etc.

• Madeira

Um dos mais antigos materiais de construção utilizados pelo homem. É um material de grande beleza
e de larga utilização nas construções. No entanto, é muitas vezes mal-empregado, de forma intuitiva,
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ocasionando uma série de problemas. Suas características devem ser bem estudadas, a fim de que não
sejam nem superestimadas nem subestimadas e seu uso seja mais econômico e com maior garantia de
qualidade. Atualmente, com a industrialização, surgiram novos produtos de madeira, ampliando seu uso
na construção civil e em outras indústrias.

• Metal

Pode ser definido como elemento químico que existe como cristal ou agregado de cristais, no
estado sólido, caracterizado pelas seguintes propriedades: alta dureza, resistência mecânica, elevada
plasticidade (grandes deformações sem ruptura) e alta condutibilidade térmica e elétrica. Os metais são
um dos grupos mais importantes entre os materiais de construção, devido às propriedades que possuem
(diversos empregos na construção). A utilização de ligas metálicas, melhorando ou comunicando certas
propriedades, fez ampliar o campo de aplicações desse material. Eles aparecem na natureza em estado
livre ou compostos, concentrados em jazidas.

• Plástico

No sentido estrito, plástico significa material artificial deformável. Geralmente, é tido como barato
e inferior aos materiais tradicionais. No entanto, há aplicações importantes e pesquisas melhorando sua
qualidade, tornando-o um dos mais recomendados para diversas situações, desde que respeitadas suas
propriedades. A maior parte dos plásticos é usada para fins industriais importantes, como na indústria
aeronáutica, mecânica, automobilística etc. Somente uma pequena parte é usada para fabricação de
peças de baixo custo. Na construção, tem aumentado o consumo desse material, tendo destaque junto
a materiais tradicionalmente empregados.

• Vidro

É uma substância inorgânica, homogênea e amorfa (sem forma), obtida pelo resfriamento de uma
massa de fusão; suas principais qualidades são a transparência e a dureza. Distingue-se de outros
materiais por várias características: não é poroso nem absorvente, é ótimo isolante, possui baixo índice
de dilatação e condutividade térmica.

• Tintas e vernizes

A forma mais comum de combater a deterioração dos materiais é proteger as superfícies. Vernizes
são soluções de gomas ou resinas, naturais ou sintéticas, em um veículo (óleo com a aplicação de
uma película resistente que impede a ação dos agentes de destruição ou corrosão). Essa película pode
ser obtida pela aplicação de tintas, vernizes, lacas ou esmaltes. Tinta é a dispersão de um ou mais
pigmentos em um veículo (resina). Quando aplicada em uma camada adequada, forma um filme opaco
e aderente no substrato; portanto, é uma composição líquida pigmentada que se converte em película
sólida quando aplicada. A tinta tem a função básica de proteger e embelezar as superfícies contra a
ação do sol, da chuva, da maresia e de diversos outros agentes. Atualmente, são fabricados tipos com
as mais diversas finalidades: luminescentes, que inibem o ataque de fungos, bactérias, algas e outros
organismos, resistentes ao calor, à prova de fogo etc.
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Observação

Existem ainda outros materiais que também são usados na construção


civil, como vidro e isopor.

Agora que já temos uma pequena noção sobre os diversos tipos de material, veremos como a cadeia
produtiva deles pode interferir no meio ambiente.

Para chegar ao mercado consumidor, todo e qualquer produto industrializado depende da participação
de uma série de elementos, como matéria-prima, insumos, equipamentos, design, embalagens, que
chamamos de cadeia produtiva.

Lembrete

A cadeia produtiva é o conjunto de diversos segmentos de produção


e serviços (indústria de insumos, produtores, indústrias processadoras,
distribuidores etc.) que se inter-relacionam e interagem no ambiente
institucional em que se inserem.

A sinergia e a interação dos fornecedores desses elementos forma uma cadeia produtiva, cujos elos
influenciam diretamente na competitividade do produto final.

Sabendo o quão abrangente uma cadeia produtiva pode ser, observaremos impactos que podem
ocorrer com os materiais ao longo de sua produção.

Os impactos ambientais na produção de materiais para uso na construção civil começam já na sua
extração, visto que muitas das matérias-primas (como argila, ferro, areia) não são renováveis.

A natureza levou eras geológicas para transformar uma rocha magmática em argilominerais; logo,
não podemos imaginar que esses recursos são inesgotáveis. A cidade de São Paulo enfrenta problemas
para a obtenção de areia para concreto, já que as jazidas próximas à capital foram totalmente utilizadas.

Outro impacto que podemos citar é relativo ao transporte dos materiais (matérias-primas para as
indústrias ou mesmo dos produtos já industrializados para o canteiro de obras). Dependendo do modal
de transporte adotado, os impactos podem ser maiores ou menores: se a opção for a mais comumente
utilizada, ou seja, veículos que queimam combustível fóssil, maiores serão os impactos, tanto na emissão
de poluentes (CO2) como na utilização de uma fonte não renovável de energia.

Uma vez na obra, os materiais são utilizados na fase de execução. Nessa etapa, há também a geração
de resíduos, muitas vezes relacionada com as técnicas construtivas empregadas. Quanto menos otimizado
for o processo construtivo, maiores serão as perdas e, consequentemente, a geração de resíduos.
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Pronta a edificação, durante toda sua vida útil, haverá o consumo de energia, água e a geração de
resíduos (sanitários, por exemplo). Quando, na fase de projeto, são levados em consideração os consumos
desses materiais, podem-se desenvolver projetos em que a geração de resíduos é minimizada, bem como
o consumo de energia elétrica e água.

Grande parte das obras passa por reforma ou mesmo chega ao limite de sua vida útil. Assim, atingimos
a fase de demolição, na qual grandes volumes de resíduos são gerados.

Um dos materiais mais utilizados na construção civil é o concreto. O cimento portland está no
centro dos problemas ambientais causados por esse material. Cerca de uma tonelada de dióxido de
carbono (CO2), o principal responsável pelo efeito estufa, é emitido para cada tonelada de cimento
produzido. De todos os materiais de construção, o cimento é o que mais emite CO2 na atmosfera durante
sua produção. Sua fabricação envolve basicamente a queima de pedra calcária e de outros minerais a
cerca de 1.500°C, criando um produto intermediário chamado clinker; cada tonelada desse material
produzida na fabricação do cimento corresponde, aproximadamente, a uma tonelada de gás carbônico
emitida na atmosfera, às custas, inclusive, de ponderável consumo de energia. A referência ao clinker
justifica-se porque o cimento portland, atualmente, é um produto composto, ou seja, uma mistura
homogeneizada do cimento portland comum, obtido da moagem do clinker, com aditivos minerais. A
indústria de cimento mundial, ao produzir 1,6 bilhão de toneladas anuais desse material, é responsável
pela parcela de 7% do total de dióxido de carbono lançado na atmosfera. O nosso país, com produção
anual de 40 milhões de toneladas, contribui com 2,5% desse total.

Os concretos produzidos em todo o mundo consomem areia e outros agregados à razão estimada
de 10 a 11 bilhões de toneladas por ano. A exploração, o processamento e o transporte dessa enorme
quantidade de matéria-prima para produção de cimento e agregados consomem muita energia e afetam
desfavoravelmente o meio ambiente. A indústria do concreto utiliza também grande quantidade de
água potável, cerca de 1 trilhão de litros a cada ano, só como água de amassamento, à qual ainda se
somam grandes parcelas de água de lavagem das concreteiras e de cura do concreto.

De acordo com Agopyan (2011), apesar da conscientização tardia, a construção civil vem tomando
ações decisivas para se tornar menos agressiva à natureza, por meio de posturas cada vez mais proativas.

5.2 Aplicações nas edificações

Quando em um projeto especificamos os materiais e equipamentos a serem utilizados naquela


edificação, estamos determinando não apenas as questões relacionadas à Arquitetura em si (estética,
conforto, funcionalidade), mas também os impactos ambientais que serão gerados.

Entenda que não há qualquer construção que não gere impactos ao meio ambiente: todas geram. O
que se deve fazer é mitigá-los. Uma vez entendido isso, cabe ao projetista escolher as melhores técnicas
construtivas, bem como os materiais mais adequados para a diminuição dos impactos.

Já falamos sobre os impactos causados pela produção de cimento, o que leva qualquer profissional
da área da construção a querer reduzir o consumo na obra. Para tanto, já existem variedades com
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adições minerais, ou seja, parte do cimento é substituída por adições de resíduos de outras indústrias,
como cinza de casca de arroz, resíduos de aciaria, materiais pozolânicos, entre outros.

Essas adições não diminuem a resistência do material, pelo contrário: o uso de cimentos com adição
de pozolana apresenta maior ganho de resistência ao longo do tempo, além de produzir concretos mais
impermeáveis; logo, com maior durabilidade.

Outra forma de diminuir o consumo de cimento é por meio do que os engenheiros chamam de
estudo granulométrico, no qual as dimensões dos agregados são estudadas de tal forma que os espaços
a serem preenchidos pelo cimento são reduzidos, levando a um menor consumo de concreto.

Quando o projetista opta pela utilização de estruturas metálicas, ele garante o uso de um material
totalmente reciclável, como é o caso do aço. Além disso, as estruturas metálicas são muito mais leves
do que as de concreto, o que diminui o peso total do edifício, levando a uma economia das fundações.

De acordo com Maringoni (2004), a relação entre o aço e a sustentabilidade pode ser listada:

• é um dos materiais mais abundantes da Terra;

• a energia consumida é cogerada;

• o processo é controlado e não lança poluentes na atmosfera;

• consome 41% menos água no processo que o concreto;

• todos os componentes gerados pela produção são aproveitados;

• a fabricação da estrutura elimina os desperdícios na obra, pois o processo é industrializado;

• o menor peso da estrutura requer fundações menores, diminuindo o impacto das mesmas no solo;

• a rapidez na montagem reduz o impacto na comunidade local;

• permite grandes vãos, fachadas abertas e coberturas que facilitam a utilização da energia solar;

• é um dos componentes da construção industrializada;

• sua sucata tem alto valor agregado;

• o processo de reciclagem é simples e eficiente;

• o aço é 100% reciclável;

• metade da produção anual de aço é resultado de reciclagem.


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Para o biólogo Geraldo José Zenid, da Divisão de Produtos Florestais do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. (IPT), a madeira possui diversas propriedades que a tornam
muito atraente em relação a outros materiais. São comumente citados o baixo consumo de energia para
seu processamento, a alta resistência específica, as boas características de isolamento térmico e elétrico,
além de ser um material muito fácil de ser trabalhado manualmente ou por máquinas.

O aspecto, no entanto, que distingue a madeira dos demais materiais é a possibilidade de produção
sustentada nas florestas nativas e plantadas e nas modernas técnicas silviculturais empregadas nos
reflorestamentos, permitindo alterar a qualidade da matéria-prima de acordo com o uso final desejado.

O fato de a madeira ser o resultado do crescimento de um ser vivo implica variações das suas
características, em função do meio ambiente em que a árvore se desenvolve. A essa variabilidade
acrescenta-se que a madeira é produzida por diferentes espécies de árvores, cada qual com características
anatômicas, físicas e mecânicas próprias.

A madeira é um material higroscópico, sendo que várias de suas propriedades são afetadas pelo
teor de umidade presente. Sua natureza biológica submete-a aos diversos mecanismos de deterioração
existentes na natureza. Acrescenta-se às características negativas sua susceptibilidade ao fogo. Suas
desvantagens podem ser eliminadas ou, ao menos, minimizadas, bastando para tal o emprego de
tecnologias já disponíveis e de uso consagrado nos países desenvolvidos.

Uma reportagem publicada no jornal Estado de Minas tratou do uso sustentável da madeira na
construção civil:

Madeira tratada é opção econômica e sustentável na construção civil

A utilização da madeira na construção civil e na decoração é cada vez mais recorrente,


e quando o assunto é madeira tratada de florestas plantadas as vantagens são incontáveis.
Além de ser 10% a 20% mais barato que estrutura com madeira nativa serrada barata, esse
tipo de madeira tem beleza singular, oferece resistência a pragas, dura mais e é uma opção
sustentável.

No entanto, esse material ainda não é muito utilizado no Brasil. De acordo com o diretor
da ABPM (Associação Brasileira de Preservadores de Madeira), Flavio Carlos Geraldo, esse
fator afeta o setor industrial-madeireiro nacional. “No Brasil o alicerce construtivo baseia-
se em construções feitas de alvenaria, bem diferente do que acontece nos Estados Unidos
e Austrália”, constata.

Segundo ele, a falta de conhecimento interfere diretamente no uso da madeira tratada


na construção civil. “Muitos arquitetos não conhecem os benefícios do uso desse material,
que pode oferecer maior empenho nas composições estruturais, pois a robustez aliada ao
tratamento químico resulta em longevidade, fica de 10% a 20% mais barato que estrutura
com madeira nativa serrada, oferece boas características técnicas, beleza singular e acima
de tudo é uma opção sustentável”, destaca Flavio.
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São produzidos por ano, no Brasil, 1,2 milhão de metros cúbicos de madeira tratada,
considerando que 10% se destinam à construção civil, para os setores elétrico e ferroviário
15%, os outros 60% ao setor rural, com a elaboração de mourões, esticadores, entre outros.
Na construção civil como um todo não existe restrição para o uso da madeira tratada. As
opções de projetos estruturais são várias, entre elas casas, pontes, passarelas, playgrounds,
coberturas, mirantes, telhados, galpões.

(...) Segundo Flavio Carlos Geraldo, a madeira cultivada tratada na construção emprega
muitos benefícios, além de ser ecologicamente correta, poupando o planeta e diminuindo a
pressão sobre matas nativas. Considerado um recurso 100% renovável de ciclo curto, além
de garantir maior durabilidade para peça final.
Fonte: Madeira... (2011).

6 O USO DA ÁGUA

6.1 A influência da arquitetura e do urbanismo na qualidade ambiental da


água

A maioria dos problemas ambientais sociais e econômicos que o mundo de hoje enfrenta está
localizada nas megalópoles, sendo ainda pior em países subdesenvolvidos, onde há falta de recursos.
No Brasil, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro e outras do mesmo porte se deparam com grandes
desafios. O padrão de vida dos moradores dessas cidades vem decaindo rapidamente, os órgãos públicos
são praticamente incapazes de agir com eficiência no planejamento, no controle e na execução de
medidas eficazes para alterar o estado das coisas.

Particularmente, o saneamento básico das grandes cidades brasileiras encontra-se numa situação
caótica, principalmente no que diz respeito à coleta e ao tratamento dos esgotos domésticos e à
drenagem urbana.

A ação do homem tem papel determinante para o estágio deplorável em que se encontra o
saneamento básico no país. As causas determinantes são:

• remoção da cobertura vegetal nativa, o que causa o assoreamento de rios, influenciando


diretamente no caminho natural percorrido pela água. A erosão, o aquecimento e a nebulosidade
são fatores que não só estão ligados diretamente à drenagem urbana mas também com o meio
ambiente;

• falta de profissionais qualificados para execução e planejamento de obras de grande e médio porte;

• impermeabilização, já que os terrenos antes cobertos com mata, hoje, com os aglomerados
urbanos, são cobertos com asfalto, calçadas etc.;

• conscientização da população em geral sobre o risco que pode haver ao ocupar áreas de mananciais
de forma irregular, além de lixo jogado em via públicas, entupindo os bueiros e as bocas de lobo.
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A drenagem urbana tem sido desenvolvida dentro de premissas estruturais, em que os impactos
são transferidos de montante para jusante sem nenhum controle de suas fontes. No escoamento, esse
processo tem provocado aumento da frequência das enchentes, entupimento dos condutos e canais por
sedimentos e a degradação da qualidade da água.

Dentro desse contexto, o controle da erosão urbana é fundamental tanto na manutenção da


capacidade de escoamento do sistema de drenagem como na qualidade ambiental. As características
da produção dos sedimentos em bacias urbanas e de seu controle dentro da experiência internacional
são descritas. Buscando destacar indicadores que possam ser aplicados às condições de urbanização de
cidades brasileiras, são apresentadas estimativas de produção de sedimentos para bacias urbanas em
algumas cidades do país.

O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido aumento significativo na frequência das


inundações, na produção de sedimentos e na deterioração da qualidade da água.

À medida que a cidade se urbaniza, em geral, ocorrem os seguintes impactos: aumento das vazões
máximas, devido ao aumento da capacidade de escoamento pelos condutos e canais e impermeabilização
das superfícies; aumento da produção de sedimentos, devido à desproteção das superfícies e à produção
de lixo; deterioração da qualidade da água, devido à lavagem das ruas, ao transporte de material sólido
e às ligações clandestinas de esgoto.

A partir do momento em que se retira a vegetação nativa, há um aumento significativo no volume do


escoamento, pois não há mais vegetação para drenar a água. O aumento da velocidade de escoamento
aumenta a produção de sedimentos, devido à desproteção do solo, tornando-o cada vez menos resistente
à erosão. Isso ocorre no início do desmatamento para ocupação populacional e, por várias vezes, de
maneira clandestina, colocando em risco o meio ambiente e a população.

Um exemplo claro de deposição de sedimentos e crescimento desordenados ocorreu com a região


metropolitana de São Paulo, nas bacias do rio Tietê e Pinheiros. O solo frágil da cabeceira e a topografia
acidentada resultaram num depósito de todo o material sólido e de frequentes cheias, sendo a dragagem
desse material indispensável para minimizar os impactos.

Observa-se um sistema inapropriado de ocupação da população ribeirinha, exposta a inundações de


áreas que antes não eram alagáveis, devido à subtração de espaço nas várzeas.

Deve-se também lembrar de que a ocupação populacional traz consigo uma demanda excessiva com
o meio ambiente, que, na maioria das vezes, é reformulada por técnicos e engenheiros; estes acabam por
alterar o curso natural de rios com a construção de galerias pluviais e a canalização de rios, tudo isso
para aumentar a área construtiva para moradia populacional.

A impermeabilização do terreno impede que a água pluvial infiltre-se no solo. Dessa forma, não
há aumento no lençol freático, e sim aumento totalitário no pico da vazão, devido à aceleração do
escoamento; porém, há uma drástica diminuição da condução de sedimentos.

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Arquitetura sustentável

No Brasil, institucionalmente, a infraestrutura de microdrenagem é reconhecida como da


competência dos governos municipais, que devem ter total responsabilidade para definir as ações no
setor, ampliando-se essa competência em direção aos governos estaduais, na medida em que crescem
em relevância as questões de macrodrenagem, cuja referência fundamental para o planejamento são
as bacias hidrográficas. Assim, deve ser de competência da Administração Municipal, a Prefeitura, os
serviços de infraestrutura urbana básica, relativos à microdrenagem e serviços correlatos, incluindo-
se terraplenagens, guias, sarjetas, galerias de águas pluviais, pavimentações e obras de contenção de
encostas, para minimização de risco à ocupação urbana.

Quanto à extensão, não se dispõe de dados confiáveis em relação à drenagem urbana. Estima-se
que a cobertura desse serviço, em especial a microdrenagem, atinja patamar superior ao da coleta de
esgotos sanitários.

Quanto à macrodrenagem, são conhecidas as situações críticas ocasionadas por cheias urbanas,
agravadas pelo crescimento desordenado das cidades, em especial, a ocupação de várzeas e fundos de
vales. De modo geral, nas cidades brasileiras, a infraestrutura pública em relação à drenagem, como em
outros serviços básicos, apresenta-se insuficiente.

Na situação de bacias urbanizadas, a ocupação das margens, e mesmo da calha do rio, encontra-
se consolidada e, nesses casos, a renaturalização e mesmo uma revalorização ecológica são limitadas,
restando ao administrador intervir a montante do trecho, buscando reduzir os picos de vazão.

As soluções para minimizar as enchentes devem ser voltadas à infiltração das águas superficiais para
o solo. A seguir, algumas opções:

• pequenos reservatórios em condomínios, parques, escolas;

• bacia para amortecimento de cheias;

• não pavimentação das ruas;

• parques e áreas gramados;

• medidas de apoio à população, sistema de alerta, de evacuação e de atendimento à comunidade


atingida;

• programa de educação ambiental;

• implantação de interceptores de esgotos, viabilizando futuro tratamento.

6.2 O uso adequado da água

Já tratamos aqui sobre o ciclo da água e vimos que a quantidade dessa substância no planeta
não se alterou, e nem irá se alterar. Os problemas decorrentes de sua falta se devem ao aumento no
consumo de água potável, quer seja por parte da população, da indústria ou da agropecuária.
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Uma vez utilizada, ela se torna “suja”, ou seja, precisa voltar ao ciclo para tornar-se novamente
potável. O que ocorre, no entanto, é que ela está demorando cada vez mais para retornar ao ciclo.

Há água suficiente para todos no planeta, mas algumas razões levam à escassez:

• a não distribuição de modo uniforme no planeta. Cerca de 60% de toda a água doce estão no
território de menos de dez países. No Brasil, 78% estão nos rios da Amazônia. A região Sudeste,
onde vivem mais de 40% da população brasileira, tem apenas 6%;

• superexploração das reservas de água e alterações nos ecossistemas que sustentam o ciclo da
água, como os desmatamentos;

• a demanda não para de crescer. Nos últimos sessenta anos, a população mundial duplicou e o
consumo de água multiplicou-se por sete. Em vinte anos, a necessidade de água será 40% maior
do que hoje. Nos países em desenvolvimento, aumentará mais de 50%;

• desperdício e mau uso. Nas grandes cidades, de 50% a 70% da água disponível é desperdiçada,
começando nas redes de distribuição, que perdem de 40% a 60% da água que maneja;

• poluição (torna a água imprópria para o consumo). No Brasil, 80% dos esgotos domésticos e
70% de efluentes industriais são lançados, sem tratamentos, nas águas de rios e lagos; 64% das
empresas brasileiras não coletam o esgoto que geram.

A bacia hidrográfica do Alto Tietê, na região metropolitana da capital paulista, tem acesso a um
volume de água reduzido, em virtude da limitação da captação. Para suprir suas necessidades, a
alternativa foi trazer água de uma bacia vizinha, a do rio Piracicaba-Jundiaí-Capivari, que abastece a
metade da metrópole paulistana. Atualmente, 58 municípios compartilham esse manancial.

A solução foi criar o Banco das Águas, um acordo que estabelece cotas de captação para a região
metropolitana de São Paulo e para o conjunto dos municípios da região de Piracicaba. O sistema tem
sido capaz de gerenciar o conflito de interesses no uso da água; contudo, não resolve o problema da
escassez: a oferta continua sendo limitada diante da demanda atual.

Resultado: entraves para instalação e ampliação de fábricas na região da bacia do rio Piracicaba, em
virtude da dificuldade de obtenção de novas outorgas de uso de água.

Como agir, então?

Adoção de práticas e utilização de equipamentos que permitam a racionalização (uso mais eficiente),
redução do desperdício, reúso e tratamento da água, com tecnologias e processos mais limpos e
econômicos.

Os equipamentos de uso racional são aqueles que promovem uma redução significativa no consumo
de água sem perder o conforto. Muitos são de fácil instalação, acessíveis, e podem promover reduções
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em grande escala, chegando a 70% do consumo, dependendo do perfil do projeto e do tipo de aparelho
empregado.

De nada adianta ter os melhores equipamentos se as atitudes continuarem as mesmas. Muitas vezes,
a melhor economia está na prática consciente das pessoas, no cuidado diário e na manutenção dos
equipamentos.

De acordo com a ONU, cada pessoa precisa de 110 l de água por dia para atender suas necessidades de
higiene e de consumo. No Brasil, o consumo diário chega a ultrapassar 200 l, ou seja, há um desperdício
considerável.

Para diminuir o consumo e o desperdício, algumas boas práticas para o uso racional da água podem
ser adotadas, como: não deixar os equipamentos abertos sem necessidade, reduzir o tempo do banho,
entre outros. Entretanto, estas são medidas individuais. Como medidas com caráter arquitetônico, temos
a utilização de equipamentos economizadores.

Aliadas ao uso adequado, as tecnologias economizadoras são armas poderosas contra o desperdício.
Elas podem controlar o volume de água usado, o tempo de uso ou os dois ao mesmo tempo. São elas:

• dual flush: sistema de descarga com válvula que regula a quantidade de água liberada no vaso
sanitário. No momento da descarga, pode-se optar pelo uso de 3 ou 6 litros;

• arejador: acessório para torneiras e chuveiros cuja função é misturar ar à água, dando a sensação
de maior volume. Torneiras com arejadores podem reduzir o consumo de água em até 75%;

• restritor de vazão: instalado em torneiras, regula a quantidade de água expelida;

• torneiras com fechamento automático: funcionam por meio de um sensor ou do toque de um


botão, que, acionados, liberam água por alguns segundos e voltam a fechá-la.

Já em jardins, podemos lançar mão do sistema de irrigação por gotejamento, que fornece uma vazão
lenta e permanente de água à lavoura, gerando vários benefícios:

• redução do consumo de água;

• maior qualidade e rendimento;

• menor incidência de fungos e ervas daninhas.

Na hora de construir uma casa ou um prédio, é preciso lembrar-se de que a água da chuva precisa ser
drenada pelo solo. Coberto por cimento, ele torna-se impermeável, contribuindo para a ocorrência de
enchentes. Existem tecnologias que permitem não só escoar a água da chuva como retê-la e reaproveitá-
la. Se aplicadas ao projeto de forma integrada, geram benefícios ambientais, além de economia para o
empreendimento.
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Telhado verde

Telhado verde (ou teto vivo) é o nome dado para jardins instalados no topo de prédios ou casas. Como
qualquer jardim, colaboram com a biodiversidade, embelezam a paisagem e retêm a água da chuva,
evitando enchentes. Ainda, a camada de terra e a vegetação no telhado funcionam como excelente
isolante térmico, evitando que o calor penetre na construção.

Pavimentos drenantes

Como o nome já diz, são coberturas permeáveis para o solo. Devido a sua permeabilidade, esses
pavimentos permitem a drenagem da água da chuva, recarregando o lençol freático e a irrigação ativa
da vegetação local. Podem ser compostos por blocos, placas pré-moldadas e até pavimentos asfálticos
especiais.

Captação e reúso de água da chuva

Permitem, ao mesmo tempo, combater enchentes, diminuir a demanda por água encanada e,
claro, gastar menos. Embora não sirva para beber, a água da chuva pode ser usada em 90% das nossas
atividades.

Reúso da água de chuveiros, lavatórios e tanques

Não é só a água da chuva que pode ser reutilizada. Para isso, podem-se instalar pequenas estações
de tratamento na construção ou mesmo lançar mão de ações simples, como utilizar um balde para
aproveitar a água do chuveiro, do tanque ou da lavadora para lavar o quintal.

Além da drenagem da água da chuva, há muitos outros cuidados relacionados ao uso racional da
água para se levar em conta na hora de construir, reformar, ampliar ou manter uma edificação.

• Se captar água de poços, nascentes ou córregos deve-se devolvê-la à natureza tão limpa quanto
antes, ou ainda melhor.
• Planeje o paisagismo de forma inteligente. Próximos à construção, pequenos lagos ajudam a
regular a temperatura. Já quando posicionados entre a construção e a direção de maior insolação,
podem colaborar com a iluminação, refletindo luz natural para o ambiente interno.
• Construa sua edificação em local seguro, fora de regiões onde possa haver grande fluxo natural
de água, para evitar ser atingido por enxurradas ou deslizamentos de terra.
• Proteja os reservatórios de água da incidência do sol para evitar perdas pela evaporação.
• Use a gravidade a favor da construção. Em terrenos inclinados, armazene água nas áreas mais
elevadas, deixando a distribuição por conta da gravidade.
• Crie conexões entre os elementos do projeto. Por exemplo: a água dos chuveiros do edifício A
pode ser direcionada para a irrigação de árvores que sombreiam o edifício B.
50
Arquitetura sustentável

• Evite água parada para impedir contaminação. Se houver pequenos lagos, onde a água não circula,
insira espécies de peixes (de preferência, nativos) que se alimentem de larvas de mosquitos. Esvazie
ou proteja todos recipientes com água parada.

• Para bombear água, prefira sistemas que dispensem energia elétrica, como rodas d’água, carneiros
hidráulicos, bombas eólicas ou solares.

• Evite equipamentos tecnológicos que exijam manutenção dispendiosa, complicada ou muito


frequente.

Aproveitamento das águas das chuvas

Outra forma de economizar água é fazer o aproveitamento de água da chuva. Para isso, pode-se
construir e instalar um sistema usando a tecnologia da minicisterna, criada e desenvolvida baseada na
norma ABNT NBR 15.527:2007: "Água de chuva – aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para
fins não potáveis".

Os principais objetivos do aproveitamento da água da chuva são:

• incentivar a população a fazer o aproveitamento correto da água da chuva;

• fazer com que toda casa urbana tenha pelo menos um sistema simples de aproveitamento da
água de chuva;

• minimizar o escoamento do alto volume de água nas redes pluviais durante as chuvas fortes;

• usar a água para irrigações nos jardins e lavagens de pisos externos. Assim, ela vai infiltrar na terra
e ir para o lençol freático, preservando seu ciclo natural;

• usar a água para lavagens de pisos, carros, máquinas e nas descargas no vaso sanitário.

Antes de iniciar a construção de um sistema de aproveitamento da água da chuva, conheça um


pouco mais sobre as chuvas que caem em sua região, os princípios e componentes básicos de um
sistema de aproveitamento da água da chuva.

Quando se fala em tratamento de efluentes, o princípio mais importante é devolver a água tão limpa
ou melhor do que se captou.

Tratamentos naturais de efluentes

Não dá para falar em sustentabilidade sem prever o tratamento dos efluentes (esgoto ou água
residuais), que pode ser feito de forma natural e econômica. Em ambientes com disponibilidade de
espaço para plantio de árvores ou arbustos frutíferos, a “água cinza” (aquela que sai de lavadoras, pias
ou chuveiros) pode ser usada para irrigar plantas, com a vantagem de carregar nutrientes.
51
Unidade II

Nos últimos anos, a tecnologia aplicada ao tratamento de água de piscinas evoluiu bastante,
chegando até à eliminação dos produtos químicos industrializados. O mais comum hoje é usar
geradores de ozônio, lâmpadas ultravioletas e salinizadores, que, além de estarem livres dos efeitos
adversos dos produtos convencionais, demandam manutenção mais simples e proporcionam bem-
estar aos banhistas. Outra novidade interessante, ainda incomum no Brasil, são as piscinas naturais
(ou biológicas), que utilizam plantas para fazer o tratamento da água.

Observação

O Programa de Uso Racional da Água (PURA), criado pela Sabesp, obteve


resultados expressivos ao ser empregado pela USP nos seus campi: reduziu
o consumo de água em 36%, baixando o gasto anual de 17,57 para 14,66
milhões de reais entre 1997 e 2005 (apesar de 96% de aumento de tarifa
no período).

Saiba mais

Saiba mais sobre o PURA acessando:

<http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=129>

A água da chuva é uma das formas de ocorrência de água na natureza e faz parte do processo
de trocas do ciclo hidrológico. As chuvas são fundamentais para a recarga dos rios, dos aquíferos,
para o desenvolvimento das espécies vegetais e também para carregar partículas de poeira e poluição
existentes na atmosfera. A qualidade das águas pluviais pode variar em relação ao grau de poluição
do ambiente. Os requisitos de qualidade e segurança sanitária das águas pluviais estão diretamente
relacionados com o fim a que se destinam. O aproveitamento da água da chuva caracteriza-se por ser
um processo milenar, adotado pelas civilizações astecas, maias e incas. Tomaz (2003) relata que um dos
registros mais antigos do aproveitamento da água da chuva data de 850 a.C., referindo-se às inscrições
na Pedra Moabita, no Oriente Médio, onde o rei Mesha sugere a construção de reservatórios de água de
chuva em cada residência. O autor faz referência ainda ao Palácio de Knossos, na Ilha de Creta, onde há
aproximadamente 2000 a.C. a água da chuva era aproveitada na descarga das bacias sanitárias.

Assim sendo, o aproveitamento da água da chuva refere-se a um sistema relativamente simples, que
consiste na captação, na filtragem, no armazenamento e na distribuição da água que cai no telhado da
edificação. A tecnologia para o uso da água da chuva nas edificações é a soma das seguintes técnicas:

• coletar a água que precipita no telhado;

• eliminar a água do início da chuva (descarte inicial);

52
Arquitetura sustentável

• unidades de sedimentação, filtragem, tratamento e melhoria da qualidade da água;

• armazenar a água da chuva em reservatórios;

• abastecer os locais de uso;

• drenar o excesso da água da chuva, em caso de chuvas intensas;

• completar a falta de água em caso de estiagem prolongada.

Em se tratando de sistemas de aproveitamento da água da chuva, a manutenção e higienização dos


equipamentos componentes de tal sistema são fundamentais para a preservação da qualidade da água.
Não obstante, ressalta-se que a superfície de coleta da água da chuva pode influenciar na qualidade
da mesma, seja pelo material da superfície ou devido a substâncias presentes em tais superfícies, como
fezes de aves e roedores, artrópodes e outros animais mortos em decomposição, poeira, folhas e galhos
de árvores, revestimento do telhado, fibras de amianto, resíduos de tintas, entre outros, que ocasionam
tanto a contaminação por compostos químicos quanto por agentes patogênicos.

Devemos destacar algumas recomendações de suma importância na implantação de sistemas de


aproveitamento da água da chuva nas edificações:

• a desinfecção da água da chuva armazenada antecipadamente ao uso;


• a higienização frequente do reservatório de água da chuva;
• a análise da concepção do método de dimensionamento, a fim de subsidiar a escolha mais
adequada a cada situação, preferencialmente aqueles que contemplem a abordagem holística do
aproveitamento da água da chuva contextualizada na sustentabilidade hídrica;
• a construção de sistemas independentes para água da chuva e potável a fim de evitar o risco de
contaminação.

7 REDUZIR OS IMPACTOS NOS ECOSSISTEMAS

7.1 Edifícios verdes

A preocupação ambiental tem se tornado cada vez mais frequente no mundo contemporâneo.
Problemas como aquecimento global, poluição e escassez dos recursos naturais cobram da sociedade
maior conscientização e adoção de práticas positivas voltadas para o desenvolvimento sustentável, que
atendam às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.

Nesse contexto, surge, no setor da construção civil, um novo tipo de imóvel, que está atraindo
construtoras, incorporadoras e clientes. Trata-se dos green buildings (prédios verdes), construções
ecologicamente corretas, limpas, sem desperdícios e com pouco impacto ambiental, possibilitando,
ainda, economia de até 50% no consumo de água e de energia elétrica.
53
Unidade II

A ideia principal é minimizar o uso de insumos e, ao mesmo tempo, ampliar a utilização de material
renovável ou reciclável nas edificações como maneira de compensar a agressão à natureza decorrente
do processo de crescimento vertical das cidades.

Os green buildings proporcionam grandes benefícios para seus consumidores. Quem não quer ter
um apartamento claro, termicamente confortável, com ambiente saudável e que gaste menos água e
energia?

Estudos realizados em prédios comerciais com a Certificação Verde (Leadership in Energy Leed and
Environmental Design) comprovaram que há uma melhora efetiva no bem-estar de quem trabalha neles.
Como exemplo, temos o caso da sede da empresa americana de biotecnologia Genzyme, localizada em
Cambridge, nos Estados Unidos. A vista privilegiada proporcionada pela extensa fachada envidraçada
e o teto de vidro parecem ter feito muito bem aos funcionários. A produtividade do pessoal que dá
expediente na nova sede, inaugurada em 2004, aumentou 15%. Além disso, o índice de ausências devido
a doenças tornou-se 5% menor que o registrado nos demais edifícios da companhia.

O edifício verde, além de beneficiar o meio ambiente, garante o bem-estar de seu usuário: faz bem
para a saúde, para o bolso e para o planeta. Os green buildings são planejados para que os recursos
naturais sejam otimizados, o que acaba por refletir na redução também da taxa condominial em até
30%.

Para obter a Certificação Verde, vale investir em energia solar, sistema de sensores de presença,
tecnologia para o reúso da água, churrasqueira ecológica (não produz fuligem nem consome carvão
vegetal), medidores individuais de gás e água, para incentivar o controle dos recursos por apartamento,
e sistema de ventilação natural.

O custo de construção de um edifício desse porte pode ser maior do que o de projetos convencionais
(atualmente, cerca de 2% a 5%), mas esse valor extra acaba se pagando pela economia gerada depois
que o edifício entra em operação (de 30% a 50% de economia dos recursos durante o uso e a ocupação
do imóvel).

O Poder Público Municipal pode exercer papel importante no desenvolvimento e na implantação


da construção sustentável das cidades. Por meio de significativas mudanças no Plano Diretor, o
prédio verde poderá ter o mesmo grau de competitividade em valor que um prédio convencional.
A prefeitura poderá, por exemplo, como incentivo, conceder mais pavimentos ao prédio verde,
aumentando o índice de área construída. Poderá, ainda, reduzir o IPTU, implantar projetos de
coleta seletiva de lixo etc.

Por outro lado, práticas atuais têm demonstrado que a adoção de soluções ambientalmente
sustentáveis na construção não acarretam aumento de preço, se tomadas durante as fases de concepção
do projeto. Em alguns casos, podem até reduzir custos.

Esse nicho de mercado é, hoje, um diferencial, mas no futuro se transformará em requisito, pois está
dentro da necessidade urgente de melhores indicativos de qualidade de vida, que também implicam
54
Arquitetura sustentável

meio ambiente saudável, tanto natural como artificial. De acordo com o Green Building Council, o Brasil
ocupa hoje o quarto lugar no ranking de maior número de prédios verdes certificados, perdendo apenas
para os Estados Unidos, os Emirados Árabes e a China. Ao todo, são 37 edifícios nessa categoria e 367
em processo de certificação. Um levantamento feito pela organização mostrou que os prédios verdes
permitem uma diminuição do consumo de energia de até 30% e queda da demanda de água em até
50%.

Edifícios verdes não custam realmente muito mais do que os convencionais. Na realidade, reduzem
as contas de energia e também agregam valor ao imóvel.

Materiais reciclados são também muito mais ecológicos do que os demais. Há uma demanda
crescente por mercadorias que sejam ou possam ser recicladas na construção de casas. A reciclagem
de materiais causa danos muito menores para o meio ambiente. Assim, estamos também seguindo o
caminho das construções verdes apenas fazendo uso de produtos ecologicamente corretos.

Os materiais precisam ter um impacto insignificante para o ambiente, especialmente em termos de


produção de resíduos, energia de emissão e capacidade de se reconstituir, a fim de diminuir os recursos
retirados da natureza, devido à sua produção. O consumo de energia em edifícios verdes, particularmente
pelo uso de “produtos verdes”, é considerado mais significativo do que aqueles desviados para longe dos
aterros pela reciclagem durante a construção.

As iniciativas governamentais crescentes, os subsídios ao consumidor e o aumento do número


de profissionais e construtores voltados para a indústria de construção de edifícios verdes
contribuem para que essa tendência chegue a um novo patamar. O que começou com iniciativas
isoladas em várias cidades dos EUA aumentou, agora, para abranger toda a comunidade e bairros
de grandes cidades, como Nova Iorque. Segundo uma pesquisa realizada em 2006, cerca de dois
terços dos apartamentos construídos na cidade nesse ano teriam o uso de materiais e produtos
ecologicamente corretos. Edifícios verdes são, com certeza, o nicho principal. Conceitos verdes
começam a aumentar em todos os lugares, assim como o número de pessoas que querem reformar
suas casas dentro desse conceito.

Arquitetos e desenvolvedores estão se especializando cada vez mais para atender essa crescente
demanda. Edifícios verdes são mais procurados e apreciados do que edifícios convencionais.

Apresentamos a seguir alguns edifícios sustentáveis construídos no Brasil.

Rio de Janeiro, Porto Brasilis

A Gafisa conta ainda com outro empreendimento com o selo LEED, desta vez no Rio de Janeiro. O
primeiro edifício comercial de alto padrão fica na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua São Bento
e tem área total de 18.600 m², distribuídos em 16 pavimentos de escritórios e três de estacionamento.
Dentre as características sustentáveis, estão o sistema de tratamento e reaproveitamento da água da
chuva, medição individual do consumo de água e energia, uso de materiais de construção com baixos
compostos orgânicos voláteis, louças e metais sanitários economizadores de água, reatores e lâmpadas
55
Unidade II

de alta eficiência, separação e armazenamento de lixo reciclável, vagas preferenciais para veículos com
baixa emissão e recuperadores de energia instalados no sistema de exaustão dos sanitários.

Figura 6 – Porto Brasilis, Rio de Janeiro

São Paulo, JK 1455

O imponente prédio da avenida Presidente Juscelino Kubitschek, em São Paulo, conquistou a


primeira certificação LEED ouro do país em novembro de 2012. Na realidade, o edifício passou por
uma adequação para que sua estrutura passasse a ser sustentável, aprimorando várias técnicas para
a redução do impacto ambiental. Com 13 pavimentos de escritórios, o prédio foi entregue em 2008
pela Cyrela. Hoje, dentre as soluções verdes, estão estratégias para a redução do consumo de energia
elétrica, melhor uso da água – já que não tem produtos químicos nas fontes do prédio, reaproveitando
o líquido para as torres de resfriamento – e maior eficácia na limpeza, pois implementa políticas visando
à eficiência com mínimo uso de produtos químicos.

Figura 7 – Edifício JK 1455, São Paulo

56
Arquitetura sustentável

Paraíba, Energisa

Não são apenas os grandes centros que possuem prédios verdes. Prova disso é o conjunto de prédios
da Energisa, que fica no sertão da Paraíba e tem o selo LEED. Como há escassez de recursos na região, além
de o clima ser semiárido, a preocupação com a qualidade de vida do usuário foi o que motivou o projeto.
Assim, o terreno de 10 mil m² recebeu um conjunto de prédios com 1.902 m² de área construída, erguidos
com materiais renováveis, reutilizáveis e recicláveis, como madeira com certificação de reflorestamento,
vidros laminados com baixo fator solar, tijolos cerâmico-prensados maciços e cercas de divisas com
metal reciclado. Foram incorporados, ainda, recursos como telhas de alumínio com preenchimento de
poliuretano para proteção térmica e acústica do ambiente e instalações com sistema de captação de
água da chuva.

Figura 8 – Energisa, Pernambuco

Fonte: Haydeé (2013).

7.2 Minimização dos problemas de ilha de calor e impacto no microclima

É imprescindível a compreensão dos fatores climáticos locais (orientação solar, umidade do ar, ventos
predominantes de cada local) para observar o custo versus os benefícios que podem ser obtidos pela
utilização de estratégias de projeto que melhoram o conforto térmico de uma construção. Todavia, é
importante que o custo seja analisado do ponto de vista do usuário final, pois os benefícios se estendem
por toda a vida útil da edificação.

Os fatores dinâmicos do clima afetam diretamente o desempenho térmico do edifício. Os ganhos


e as perdas de calor da edificação também dependem de algumas variáveis arquitetônicas. Podemos
destacar os seguintes fatores como influências térmicas dos elementos da arquitetura:

• as características dos materiais das fachadas externas (expostas às condições climáticas);

• a cor utilizada nas fachadas externas;

• a orientação solar;
57
Unidade II

• a forma e a altura da edificação;


• a orientação e o tamanho das vedações transparentes;
• as características do entorno da edificação;

• a orientação em relação a ventilação;


• o desempenho das aberturas, quanto às possibilidades de iluminação natural, bem como suas
devidas proteções à insolação inadequada;
• a localização estratégica dos condicionadores de ar artificiais.

Vale ressaltar que cada região tem estratégias específicas para as soluções arquitetônicas a serem
adotadas nas edificações, já que as cidades brasileiras apresentam características climáticas bem
diferenciadas.

Observação
Nas regiões predominantemente quentes do Brasil, a arquitetura deve
contribuir para minimizar a diferença entre as temperaturas externas e
internas do ar.

Um desempenho térmico satisfatório da arquitetura, com a utilização apenas de recursos naturais,


pode não ser possível em condições climáticas muito rígidas. Mesmo nesses casos, devem-se procurar
propostas que maximizem o desempenho térmico natural, pois, assim, se pode reduzir a potência
necessária dos equipamentos de refrigeração ou aquecimento, visto que a quantidade de calor a ser
retirada ou fornecida ao ambiente resultará menor.

Há também a possibilidade de não ser preciso o uso contínuo desses equipamentos nas épocas do
ano cujas condições térmicas climáticas não sejam tão severas.

As diferenças quanto à umidade relativa do ar vão requerer partidos arquitetônicos distintos, em


função da consequente variação da temperatura diária, a qual, basicamente, definirá as vantagens ou
não da ventilação interna.

Tomando-se como referência a amplitude climática de um clima seco, por exemplo, o da cidade de
Brasília, onde a mínima (noturna) é de 15,4°C e a máxima (diurna) de 30,7°C, vê-se que, idealmente, a
arquitetura nos climas secos e quentes deveria possibilitar, durante o dia, temperaturas internas abaixo
das externas e, durante a noite, acima. A ventilação não seria útil, pois o vento externo estaria, em um
mesmo instante, ou mais frio ou mais quente que a temperatura do ar interno.

Desse modo, podem-se adotar partidos arquitetônicos que tenham, primordialmente, uma inércia
elevada, a qual acarretará grande amortecimento do calor recebido e um atraso significativo no número
de horas que esse calor levará para atravessar os vedos da edificação. Assim, é possível obter-se um
58
Arquitetura sustentável

desempenho térmico tal do espaço construído, de modo que o calor que atravessa os vedos só atinja
o interior da edificação à noite, quando a temperatura externa já está em declínio acentuado. Então,
parte do calor armazenado pelos materiais durante o dia será devolvido para fora, não penetrando na
edificação.

Outro fator a se considerar no projeto é o tamanho das aberturas. Já que não há conveniência
de ventilação, pode-se ter pequenas aberturas, o que também facilitará a sua proteção de excessiva
radiação solar direta.

Quanto à proteção da radiação solar direta, é vantajoso terem-se soluções arquitetônicas onde
as construções sejam as mais compactas possíveis, para possibilitar que menores superfícies fiquem
expostas tanto à radiação quanto ao vento, que normalmente, em clima seco, trazem também consigo
poeira em suspensão.

As edificações no conjunto urbano podem ser pensadas de modo a se adotar em partidos onde
estejam localizadas de maneira aglutinada, para fazerem sombras umas às outras.

A circulação urbana também pode ser planejada com características mais adequadas aos climas
locais. Além dos aspectos topográficos do sítio no qual se assenta, a malha urbana pode ser direcionada,
no caso de clima quente seco, prevendo que as ruas de maior largura sejam aquelas com direção leste-
oeste, pois a inclinação dos raios solares ao longo do ano não atingirá com muito rigor as fachadas
voltadas para essas ruas.

O uso da água como elemento de alteração de microclimas também pode ser incorporado às
construções, principalmente se localizadas nos pátios internos. Se as condições desses pátios forem
tais que permitam que as paredes laterais opostas se autossombreiem em partes do dia, é possível criar
condições microclimáticas bastante agradáveis nesses espaços, já que a maior umidade do ar resultará
também em melhores condições térmicas.

7.3 Eficiência energética

No período clássico, Vitrúvio entendia a arquitetura como um espaço habitável que deveria equilibrar
os aspectos estruturais, funcionais e formais.

Hoje em dia, a arquitetura também deve ser vista como um elemento que precisa ter eficiência
energética, que pode ser entendida como a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia.
Portanto, um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona as mesmas
condições ambientais com menor consumo de energia. Assim, o triângulo conceitual clássico de Vitrúvio
pode ser acrescido de um vértice (o da eficiência energética), transformando-se no conceito ideal da
arquitetura contemporânea.

Muito se tem ouvido falar sobre economia de energia elétrica em edifícios. Além das campanhas
contra o desperdício que vêm sendo feitas, surgem cada vez mais equipamentos de baixo consumo e
maior eficiência energética, como alguns eletrodomésticos.
59
Unidade II

Entretanto, além da utilização dos recursos tecnológicos, a elaboração de projetos que incluam
estudos sobre o comportamento energético do edifício pode melhorar a eficiência da arquitetura.

O século XX foi particularmente fértil para a arquitetura e, hoje, o panorama arquitetônico é jovem e
pluralista. Estilos como o pós-modernismo, o high-tech, o construtivismo e o desconstrutivismo mostram
experiências significativas da preocupação crescente dos arquitetos com a melhoria da qualidade das
edificações, inclusive considerando aspectos de eficiência energética e de conforto ambiental.

Da energia elétrica consumida no Brasil, 42% é utilizada por edificações residenciais, comerciais
e públicas. No setor residencial, o consumo chega a 23% do total nacional, sendo que nos setores
comercial e público chega a 11% e 8%, respectivamente.

Se os arquitetos e engenheiros tivessem mais conhecimento sobre a eficiência energética na


arquitetura, em nível do projeto ou da especificação de materiais e equipamentos, esses valores poderiam
ser reduzidos. Além de evitar a necessidade de maior produção de eletricidade no país, isso retornaria
em forma de benefícios para os usuários, como economia nos custos da obra e no consumo de energia.

O consumo de energia elétrica no setor residencial foi o que mais cresceu nos últimos anos, sendo
que o consumo total de energia no país quase triplicou nos últimos dezoito anos. Nesse ritmo, o
potencial elétrico instalado no Brasil se tornará insuficiente em breve, tornando inevitável a construção
de novas usinas e o consequente impacto ambiental. Também é importante ressaltar que as reservas
de combustíveis necessários às usinas termelétricas vão diminuindo com o tempo e que não é possível
construir hidrelétricas indefinidamente, pois são limitados os locais que viabilizam sua implantação.
O cenário energético atual torna evidente para o mercado futuro de energia elétrica a necessidade de
conservação.

Observação

Eficiência energética pode ser definida como o aprimoramento que


podemos fazer no consumo de energia.

Antes de se transformar em calor, frio, movimento ou luz, a energia sofre um percurso mais ou menos
longo de transformação, durante o qual uma parte é desperdiçada e a outra, que chega ao consumidor,
nem sempre é devidamente aproveitada. A eficiência energética pressupõe a implantação de estratégias
e medidas para combater o desperdício de energia ao longo do processo de transformação desde que a
energia é transformada e, mais tarde, quando é utilizada.

A eficiência energética acompanha todo o processo de produção, distribuição e utilização da energia.

Assim, têm-se multiplicado as iniciativas para a promoção da eficiência energética. Empresas,


governos e ONGs por todo o mundo têm investido fortemente na melhoria dos processos e na pesquisa
de novas tecnologias energéticas mais eficientes e amigas do ambiente, bem como no aproveitamento
das energias renováveis.
60
Arquitetura sustentável

A eficiência energética é frequentemente associada ao termo Utilização Racional da Energia (URE),


que pressupõe a adoção de medidas que permitem uma melhor utilização da energia, tanto no setor
doméstico como no de serviços e industrial.

Por meio da escolha, aquisição e utilização adequada dos equipamentos, é possível alcançar
significativas poupanças de energia, manter o conforto e aumentar a produtividade das atividades
dependentes de energia, com vantagens do ponto de vista econômico e ambiental.

A eficiência energética não gira em torno apenas da utilização racional da energia, mas também,
do ponto de vista arquitetônico, de edifícios que sejam projetados de forma a aproveitar/reaproveitar
melhor os recursos naturais, como a iluminação e a ventilação natural, reaproveitamento da água das
chuvas, aquecimento solar, entre outras alternativas que deixam o edifício eficiente e diminuem a
necessidade de utilização de energia elétrica.

8 EXEMPLOS DE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

8.1 O caso da Coreia

New Songdo é uma tentativa de colocar na prática o conceito de Ubiquitous City (U-City), traduzido
livremente como cidade ubíqua. Um ambiente ubíquo é aquele onde toda tecnologia de informação
está aplicada e todos os sistemas estão interligados. Essa conexão pode ser feita de diferentes maneiras,
desde simples redes sem fio até identificação por frequência de rádio.

Em outras palavras, um ambiente ubíquo pode ser usado facilmente, convenientemente e com
segurança por qualquer pessoa a qualquer hora e em qualquer lugar. Um ambiente ubíquo também
pode ser chamado de onipresente. Casas, hospitais, empresas e outras esferas compartilham dados:
computadores e chips estão presentes em residências, ruas e escritórios.

New Songdo é a cidade ubíqua mais avançada do mundo, sendo construída do zero. Não é a primeira
cidade da Coreia do Sul, no entanto. Dongtan, por exemplo, já oferece diversos serviços interligados de
um ambiente. Contudo, New Songdo é considerada diferente pela aplicação do U-City em toda cidade
e pelo aspecto global de negócios, uma vez que a cidade quer atrair companhias do mundo todo para a
consolidação de um avançado complexo empresarial.

A área de construção ocupa 6 quilômetros quadrados (equivalente a 735 campos de futebol),


localizada na costa de Incheon, cidade que fica a 65 quilômetros da capital Seul. A localização não é à
toa, muito menos aleatória. Distante 15 minutos do Aeroporto Internacional de Incheon, New Songdo
alcança um terço da população mundial em pouco mais de três horas de voo. Mercados regionais como
Rússia, China e Japão estão muito próximos, o que faz dessa cidade o epicentro comercial asiático.

Na inauguração oficial, New Songdo terá 65 mil habitantes. Candidatos já estão na fila. O primeiro
bloco, com 2.600 apartamentos, foi posto à venda em 2006, e a procura foi de oito pessoas para cada
apartamento. Outros 1.000 apartamentos devem ser colocados à venda, e todos devem ser vendidos
mesmo em tempos de crise. Além dos habitantes, 300 mil pessoas trabalharão na região.
61
Unidade II

Songdo tem o projeto para ser uma das cidades mais verdes do planeta. Um programa de
comprometimento de sustentabilidade com seis objetivos pretende determinar um novo padrão para
design ambientalmente responsável para outros projetos de larga escala em todo o mundo. Todos os
prédios deverão ter certificados de padrões internacionais de design e construção sustentáveis.

O canal do parque central usará água do mar, economizando milhões de litros de água potável
por dia. O consumo por sistemas de encanamento será reduzido em até 40% dependendo do projeto
utilizado. A água das chuvas será utilizada ao máximo, devido ao tipo de clima e ao padrão de quantidade
de chuva da região. Essa água será mais bem aproveitada por telhados especialmente desenvolvidos, os
quais também amenizarão o efeito estufa.

Uma instalação movida a gás natural vai fornecer energia limpa e água quente para toda a cidade.
As luzes das ruas serão de LED, mais eficientes. Um sistema centralizado de coleta será instalado para
coletar lixo seco e molhado, eliminando a necessidade de usar veículos para isso; e 75% do lixo dos
materiais de construção de Songdo poderá ser reciclado. Materiais reciclados, além dos produzidos ou
manufaturados localmente, serão utilizados na maior extensão possível.

Cerca de 40% da cidade é de espaço aberto e todas as quadras levam pedestres a esses espaços.
Todas as instalações terão, em contrato, determinações para utilizar métodos e oferecer produtos com
nenhuma ou pouca emissão de carbono. Fumar será proibido em áreas públicas e prédios comerciais,
exceto em áreas especiais para isso.

Segundo os desenvolvedores do projeto, New Songdo terá como objetivo diminuir o uso de veículos
automotivos, considerado o grande responsável pela emissão de poluentes na Ásia. O transporte pelo
distrito, incluindo metrô e ônibus, fornecerá acesso para residentes e visitantes. As paradas de ônibus
estarão localizadas sempre a menos de 500 metros de todos os prédios residenciais ou comerciais. A
extensão da linha de metrô de Incheon também ficará próxima de todas as áreas residenciais.

Nas ruas, 5% do espaço para estacionamento de cada quadra será destinado a veículos
econômicos e com menor emissão de poluentes. Quadras comerciais terão mais 5% das vagas
para carros com carona.

O sistema de estacionamento será subterrâneo ou coberto, para minimizar o efeito de calor urbano
e deixar mais espaço aberto para pedestres. Garagens terão integração com infraestrutura necessária
para carregamento de veículos elétricos, com objetivo de facilitar a transição para transportes de pouca
emissão.

Uma rede de 25 quilômetros de pistas para bicicletas facilitará e incentivará o uso de transportes
livres de carbono. Pistas para bicicletas serão extensamente disponibilizadas, e será possível até mesmo
alugar bicicletas públicas. As pistas serão adjacentes a todas as ruas principais.

No canal, táxis aquáticos serão implantados. Talvez não tão românticos quanto os de Veneza, mas
eficientes ecologicamente.

62
Arquitetura sustentável

Saiba mais

Veja mais sobre New Songdo em:

<http://oglobo.globo.com/imoveis/cidade-do-futuro-esta-sendo-
construida-na-coreia-do-sul-3008535>

8.2 O Hidroanel

O Hidroanel Metropolitano de São Paulo é uma rede de vias navegáveis, composta pelos rios Tietê
e Pinheiros, pelas represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando essas represas,
totalizando 170 quilômetros de hidrovias urbanas.

O projeto, desenvolvido pela FAU/USP, baseia-se no conceito de uso múltiplo das águas, estabelecido
na Política Nacional de Recursos Hídricos, que considera as águas um bem público e um recurso natural
limitado, cujo uso deve ser racionalizado e diversificado, de maneira a permitir seu acesso a todos.
A política prevê o transporte hidroviário na utilização integrada dos recursos hídricos, visando a um
desenvolvimento urbano sustentável.

Ao transformar os principais rios da cidade em hidrovias, e considerando também suas margens


como espaço público principal da metrópole, o caráter público das águas de São Paulo é reforçado.
Dessa forma, os rios urbanos colocam-se como vias para transporte de cargas e passageiros, uso turístico
e de lazer, além de contribuir para a regularização da macrodrenagem urbana. Criam-se, assim, áreas
funcionais e lúdicas para a população.

O projeto do hidroanel também está alinhado às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade


Urbana, que tem entre seus objetivos contribuir para o acesso universal à cidade e mitigar custos
ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e bens. Intimamente relacionados com
o desenvolvimento urbano e bem-estar social, os bens deslocados na cidade são compreendidos no
Estudo de Pré-viabilidade do Hidroanel como sendo as cargas públicas e comerciais que transitam no
meio urbano.

As cargas públicas consideradas nesse estudo são sedimentos de dragagem de canais e lagos; lodo
de ETEs e ETAs; lixo urbano; entulho; terra, solo e rocha de escavação. Segundo a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, a gestão integrada dessas cargas é de responsabilidade do poder público e devem ser,
além de coletadas e transportadas, triadas e enviadas aos destinos ambientalmente adequados. Essa
política é orientada sob os conceitos de logística reversa, instrumento de desenvolvimento econômico
e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios e destinado a facilitar a coleta
e a restituição dos resíduos sólidos a empreendimentos de cunho público ou privado. Assim, os resíduos
podem ser reaproveitados no ciclo de fabricação de novos produtos, na forma de insumos, visando à
redução e a não geração de rejeitos ou incineração.

63
Unidade II

Conceitos norteadores

• Reestabelecer os rios urbanos como principais eixos estruturadores das cidades, com parques,
praças e bulevares fluviais às suas margens.

• Consolidação de um território com qualidade ambiental urbana nas orlas fluviais que comporte
infraestrutura, equipamentos públicos e habitação social.

• Navegação fluvial urbana: portos de origem e destino inseridos na área urbana.

• Navegação fluvial em canais estreitos e rasos em águas restritas (confinadas entre barreiras
artificiais).

• Transporte fluvial urbano de cargas públicas.

• Logística reversa: reinserção no mercado dos resíduos sólidos transformados em matéria-prima.

Cargas fluviais

• Públicas:

— sedimentos de dragagem de canais e lagos (carga pública pioneira);


— lodo das ETEs e ETAs;
— lixo urbano;
— entulho;
— terra: solos e rochas de escavações.

• Comerciais

— resíduos sólidos reversíveis comercializáveis, processados nos tri-portos (carga comercial


pioneira);
— insumos para construção civil;
— hortifrutigranjeiros.

Portos

• Origem: draga-portos, lodo-portos, trans-portos e eco-portos.

• Destino: tri-portos.

• Passageiros: turismo, travessias lacustres em represas.


64
Arquitetura sustentável

Números

• 170 Km de extensão
• 20 eclusas
• 3 subsistemas
• 3 tri-portos
• 14 trans-portos
• 60 eco-portos
• 36 Draga-portos
• 4 lodo-portos
• 24 portos passageiros

8.3 Outros exemplos

A seguir, uma reportagem que exemplifica o conteúdo trabalhado neste livro-texto de Arquitetura
sustentável.

Prédio sustentável imita estrutura do DNA

O arquiteto belga Vincent Callebaut projetou uma torre torcida que imita a dupla-hélice da molécula
do DNA. O prédio unirá a microbiologia e a jardinagem vertical na cidade de Taipei, em Taiwan.

O edifício residencial usará plantas para parecer uma selva viva e deixar a construção sustentável.
A ideia é que a construção incorpore também pomar, jardim vegetal, espaços e plantas medicinais e
aromáticas, além de um sistema de captura de adubo e água da chuva.

Outro ponto de destaque da torre é que ela deverá funcionar parcialmente com energia solar.
Uma chaminé de luz circular levará os raios solares para um sistema que fará uso da energia quando
necessário. Colheita da água da chuva e compostagem também são itens da lista de tecnologias verdes
que estará no prédio.

A torre com a forma de uma das estruturas moleculares mais famosas da ciência terá 20 andares,
com 2 apartamentos por andar. O formato diferente da torre permite que os habitantes tenham uma
vista pouco convencional. Dependendo de onde a pessoa estiver, a vista mudará e se transformará com
a própria construção.

Os designers afirmam que a construção será toda feita com materiais reciclados ou recicláveis. O
projeto está previsto para ficar pronto em 2016.
Fonte: Daraya (2013).

65
Unidade II

Resumo

Os materiais de construção podem ser simples ou compostos,


obtidos diretamente da natureza ou como resultado de trabalho
industrial. É o conhecimento do profissional que permite a escolha
dos materiais mais adequados a cada situação. Do seu correto uso
dependem, em grande parte, a solidez, a durabilidade, o custo e a
beleza (acabamento) das obras.

O fato de a madeira ser o resultado do crescimento de um ser vivo


implica variações das suas características em função do meio ambiente
em que a árvore se desenvolve. A essa variabilidade acrescenta-se que a
madeira é produzida por diferentes espécies de árvores, cada qual com
características anatômicas, físicas e mecânicas próprias.

A maioria dos problemas ambientais sociais e econômicos que o


mundo de hoje enfrenta está localizada nas megalópoles, sendo ainda
pior em países subdesenvolvidos, onde há falta de recursos. No Brasil,
cidades como São Paulo e Rio de Janeiro e outras do mesmo porte
deparam-se com grandes desafios. O padrão de vida dos moradores
dessas cidades vem decaindo rapidamente, os órgãos públicos são
praticamente incapazes de agir com eficiência no planejamento, no
controle e na execução de medidas eficazes para alterar o estado das
coisas.

New Songdo é uma tentativa de colocar em prática o conceito de


Ubiquitous City (U-City), traduzido livremente como cidade ubíqua. Um
ambiente ubíquo é aquele onde toda tecnologia de informação está
aplicada e todos os sistemas estão interligados. Essa conexão pode ser feita
de diferentes maneiras, desde simples redes sem fio até identificação por
frequência de rádio.

Em outras palavras, um ambiente ubíquo pode ser usado facilmente,


convenientemente e com segurança por qualquer pessoa, a qualquer hora
e em qualquer lugar. Um ambiente ubíquo também pode ser chamado
de onipresente. Casas, hospitais, empresas e outras esferas compartilham
dados. Computadores e chips estão presentes em residências, ruas e
escritórios.

66
Arquitetura sustentável

Exercícios

Questão 1. Das questões a seguir, qual não está relacionada com os problemas das ilhas de calor?

A) O tamanho do terreno.

B) A orientação solar.

C) A forma e a altura da edificação.

D) A orientação e o tamanho das vedações transparentes.

E) As características do entorno da edificação.

Análise

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: apenas o tamanho do terreno em si, sem levar em consideração as demais características,
não altera o microclima de uma região.

Questão 2. A eficiência energética é geralmente associada a que termo?

A) Menores preços.

B) Taxas mais acessíveis.

C) Maior consumo de energia.

D) Utilização racional de energia.

E) Má utilização de energia.

Análise

D) Alternativa correta.

Justificativa: pressupõe-se a adoção de medidas que permitam uma melhor utilização da energia,
tanto no setor doméstico como no de serviços e industrial.

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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

PUT, J. Recycling of C&DW: success factors. In: Reciclagem de resíduos da construção e as normas
técnicas para sua utilização, Anais. São Paulo, 2001.

Figura 2

LEITE. B. M. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados


de resíduos de construção e demolição. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)– Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

Figura 3

Disponível em: <http://casa.abril.com.br/materia/dia-mundial-da-agua-aprenda-a-reutilizar-garrafas-


plasticas>. Acesso em: 11 abr. 2013.

Figura 6

Disponível em: <http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/conheca-10-


edificios-sustentaveis-do-brasil?p=1#4>. Acesso em: 11 abr. 2013.

Figura 7

Disponível em: <http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/conheca-10-


edificios-sustentaveis-do-brasil?p=1#2>. Acesso em: 11 abr. 2013.

Figura 8

Disponível em: <http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/conheca-10-


edificios-sustentaveis-do-brasil?p=1#6> Acesso em: 11 abr. 2013.

REFERÊNCIAS

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Editora PUC Minas, 2011.

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BREGATTO, P. R.; D’AVILA, M. R.; FERREIRA, M. S. Coordenação modular e arquitetura: tecnologia,


inovação e sustentabilidade. Unitau, São Paulo. Disponível em: <http://www.usp.br/nutau/CD/86.pdf>.
Acesso em: 14 abr. 2013.
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BRUNDTLAND, G. H. Our common future: The World Commission on Environment and Development.
Oxford: Oxford University, 1987.

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energética, 2011. Disponível em: <http://www.inee.org.br/down_loads/eficiencia/politica_
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Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 12, p. 7-16, 2011. Disponível em: <http://www.liberato.com.br/
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GOLDEMBERG, J. Energia e Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Blucher, 2010.

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Paulo: Blucher, 2010.

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LEITE, B. M. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados


de resíduos de construção e demolição. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)– Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

MADEIRA tratada é opção econômica e sustentável na construção civil. Estado de Minas, Minas
Gerais, 9 fev. 2011. Disponível em: <http://estadodeminas.lugarcerto.com.br/app/noticia/
noticias/2011/02/09/interna_noticias,43821/madeira-tratada-e-opcao-economica-e-sustentavel-
na-construcao-civil.shtml>. Acesso em: 8 abr. 2013.

MARINGONI, H. M. Perfis Gerdau Aço Minas. 2004. v. 4. (Coletânea do uso do aço)

OLMOS, F. Espécies e ecossistemas. São Paulo: Blucher, 2011.

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<http://www.revistagreenbuilding.com.br/noticias_interna.php?id=281>. Acesso em: 11 abr. 2013.

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TOMAZ, P. Aproveitamento da água da chuva. São Paulo: Navegar, 2003.

ZENID, G. J. Madeiras na construção civil. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo S.A., [s.d.]. Disponível em: <http://www.celso-foelkel.com.br/artigos/outros/Madeira%20
na%20constru%E7%E3o%20civil.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2013.

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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