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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

DIMENSIONAMENTO DO TABULEIRO DE UMA PONTE


ATIRANTADA – PROPOSTA DE UMA NOVA PONTE SOBRE
O RIO LONGA

PEDRO SAMUEL AFONSO

Luanda
2023
DIMENSIONAMENTO DO TABULEIRO DE UMA PONTE
ATIRANTADA – PROPOSTA DE UMA NOVA PONTE SOBRE O
RIO LONGA

Trabalho de conclusão do Fim de Curso, submetido à


Faculdade Engenharia da Universidade
Agostinho Neto para a obtenção do grau de
licenciado em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Engº. Tomás João Fernando

Luanda
2023
II
Autorizo a reprodução e utilização deste trabalho, para fins científicos, por meio físico ou
científico, desde que seja citada a fonte.

Samuel, Afonso, Pedro


Dimensionamento do Tabuleiro de uma Ponte Atirantada.
Luanda, 2022-2023
x p. : il. ; 30cm
Nº de cont.Reg._____________________
Trabalho de fim de curso de Engenharia Civil, apresentado à Faculdade de Engenharia
da Universidade Agostinho Neto.
Departamento de Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Eng.º Tomás João Fernando

1.Ponte 2. Betão 3. Tirante

4. Pré-esforço 5. Dimensionamento 6. Tabuleiro

7. Avanços Sucessivos

III
Dedico este trabalho
A Deus, primeiramente, pela vida
Aos meus pais, por tudo que fizeram na minha vida.

IV
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecer a Deus pelo fôlego de vida, saúde, coragem para poder
vencer esta luta.
Agradeço aos meus pais, pelas batalhas que tiveram de enfrentar para poderem ver o
seu filho formado.
Agradeço ao Professor Mestre Engenheiro Tomás João Fernando, pela confiança,
coragem, motivação, conhecimento, atenção e aos ralhetes quando necessário. Pois, sem tudo
isso seria muito difícil para mim, e isso serviu como uma base sólida para o que sou hoje.
Agradeço a todos os professores da Universidade Agostinho Neto, em especial, da
Faculdade de Engenharia, Departamento de civil, pelos ensinamentos que deram para nós.
Com destaque aos professores Deodato Manuel e a professora Cynthia Del Los Reyes.
Agradeço aos meus irmãos, por nunca faltar aquela motivação e admiração, que por

sua vez foi algo muito significante nessa conquista.


Os meus agradecimentos vão também ao Canga Garcia, um irmão para mim, alguém
que eu não posso deixar de mencionar, porque deu o seu abrigo quando eu mais precisava e
com os seus conselhos fez com as coisas ficassem menos difíceis. Ao meu primo Paxi Afonso,
meus tios Gabriel Afonso e Rodrigues Afonso pelo apoio dado.
Agradeço aos meus amigos que estiveram sempre aí para mim. Nunca hesitaram em dar um
elogio e quando precisava, um puxão de orelha.
Agradecer aos meus colegas, que foram grandes companheiros durante essa difícil e
incrível trajectória.
RESUMO

O presente trabalho aborda sobre a análise e o dimensionamento do tabuleiro e o


sistema de tirantes de uma ponte atirantada sobre o rio Longa (Estrada Nacional número 100,
EN100). A ponte contará com 40 pares de tirantes ao todo, que vão suportar um tabuleiro, em
caixão, com 375 metros de comprimentos e 19 metros e meio de largura. Limitou-se apenas
no dimensionamento do tabuleiro e dos tirantes, deixando assim, o dimensionamento dos
outros elementos importantes de uma ponte atirantada, como no caso das torres, pilares,
fundações e encontros, como propostas para desenvolvimentos futuros.
Esta ponte é proposta com o intuito de substituir a actual ponte sobre o rio, visto que
esta ponte contara com duas faixas de rodagens, com duas vias de trânsito para cada. De
realçar também, o impacto estético que ela dará após a sua execução, aos automobilistas que
trafegam nesta zona.
A análise e o dimensionamento da estruturam foram baseados nas Normas Europeias
(EN), com a modelação feita no Software de Cálculo Sap2000 (Versão 24), gerando assim os
esforços internos que com as fórmulas encontradas nas normas acima citada, permitiu a
análise e o dimensionamento da estrutura.
Este trabalho mostra, de forma clara, a grande importância dos tirantes na suspensão
do tabuleiro e obviamente a redução significativa dos momentos flectores na viga. Além disso,
veremos também a grande importância que têm os pré-esforços durante a fase construtiva
como na vida útil da ponte atirantada.
As pontes atirantadas são boas soluções para zonas onde há necessidades de se vencer
um vão sem ter de causar constrangimentos à navegabilidade.

Palavras-chaves: Dimensionamento. Tirante. Avanços sucessivos. Ponte. Betão Armado.

II
ABSTRACT

This work deals with the analysis and dimensioning of the deck and the stays system
of a cable-stayed bridge over the Longa River (Estrada Nacional number 100, EN100). The
bridge will have 40 pairs of ties in total, which will support a box-shaped deck, 375 meters
long and 19 and a half meters wide.
This bridge is proposed with the aim of replacing the current bridge over the river, as
this bridge will have two lanes, with two traffic lanes for each. It is also worth highlighting
the aesthetic impact that it will give, after its completion, to motorists traveling in this area.
The analysis and sizing of the structure were based on European Standards (EN), with
the modeling done in the Sap2000 Calculation Software (Version 24), thus generating internal
efforts that, with the formulas found in the standards mentioned above, allowed the analysis
and dimensioning of the structure.
This work clearly shows the great importance of ties in suspending the deck and
obviously the significant reduction in bending moments in the beam. Furthermore, we will
also see the great importance of pre-stresses during the construction phase and in the useful
life of the cable-stayed bridge.
The present work is limited only to the dimensioning of the deck and ties, thus leaving
the dimensioning of other important elements of a cable-stayed bridge, such as the towers,
pillars, foundations and abutments, as proposals for future developments.

Keywords: Dimensioning, Stayed, Successive advances, Bridge, Reinforced concrete.


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1
1.1. Enquadramento teórico ................................................................................................1
1.2. Justificativa ..................................................................................................................1
1.3. Formulação do Problema .............................................................................................2
1.4. Objecto de estudo ........................................................................................................ 3
1.5. Objectivo ..................................................................................................................... 3
1.5.1. Objectivo Geral ........................................................................................................ 3
1.5.2. Objectivos específicos .............................................................................................. 3
1.6. Formulação de hipóteses ............................................................................................. 4
1.7. Metodologia de Estudo ................................................................................................4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................5
2.1. Evolução história .........................................................................................................5
2.2. Conceitos ..................................................................................................................... 5
2.3. Constituição das pontes ............................................................................................... 6
2.4. Classificação das pontes .............................................................................................. 6
3. CASO DE ESTUDO ........................................................................................................ 11
3.1. Local de Estudo ......................................................................................................... 11
3.2 Condicionantes dos projectos .....................................................................................11
3.2.1 Imposições relativamente ao traçado. ......................................................................11
3.2.2. Condicionantes hidráulicas. ....................................................................................11
3.2.3 Condicionantes geológicas. ..................................................................................... 12
3.3. Configuração longitudinal .........................................................................................12
3.3.1. Comprimento dos vãos. ......................................................................................12
3.3.2. Altura das torres. ................................................................................................ 13
3.3.3. Sistema de atirantamento. ...................................................................................13
3.4. Concepção ..............................................................................................................15
3.4.1. Tabuleiro. ........................................................................................................... 15
Secção Transversal ........................................................................................................... 15
Vantagens e desafios das secções em caixão. .................................................................. 15
Perfil Transversal. ............................................................................................................ 16
3.4.2. Pré-dimensionamento da secção do tabuleiro. ................................................... 17
3.4.3. Peso do Tabuleiro ...............................................................................................20
Área do tabuleiro. ............................................................................................................. 20
Peso do tabuleiro. ............................................................................................................. 21

II
3.4.4. Materiais .............................................................................................................21
Tirante. ............................................................................................................................. 21
Betão .................................................................................................................................22
Armadura ordinária .......................................................................................................... 23
Armadura de pré-esforço ..................................................................................................23
4. ANÁLISE ESTRUTURAL ..............................................................................................25
4.1. Análise da direção transversal do tabuleiro. ..............................................................25
Cargas permanentes ..........................................................................................................25
Peso próprio ......................................................................................................................25
Restantes cargas permanentes .......................................................................................... 26
Cargas variáveis ............................................................................................................... 26
4.2. Modelo de sobrecarga rodoviária proposta pelo EC1-2 ............................................ 27
4.3. Modelagem de cálculo para a obtenção dos esforços internos ..................................31
4.4. Pré Dimensionamento do tirante. ...........................................................................31
5. DIMENSIONAMENTO .................................................................................................. 33
5.1. Combinações das acções ........................................................................................... 33
5.2. Resultado dos Esforços internos ................................................................................34
5.3. Dimensionamento do tirante ..................................................................................... 35
Valor da Força de Pré-esforço ..........................................................................................36
Força máxima de tensionamento ...................................................................................... 38
Força máxima de tensionamento ...................................................................................... 40
5.4. Dimensionamento do tabuleiro. ................................................................................ 41
5.4.1. Análise Transversal ................................................................................................ 41
5.4.2. Análise longitudinal ............................................................................................... 43
Traçado de pré-esforço. .................................................................................................... 45
Valor da Força de Pré-esforço ..........................................................................................50
Força máxima de tensionamento ...................................................................................... 50
Cálculo da quantidade de pré-esforço .............................................................................. 51
Força de aplicação do pré-esforço ....................................................................................52
Cálculo das armaduras de pré-esforço ..............................................................................53
Verificação de Segurança aos Estados Limites Últimos .................................................. 54
Estado Limite último de Flexão ....................................................................................... 54
Dimensionamento das armaduras ordinárias para a Direção Longitudinal ......................54
Armaduras ordinária a meio vão ...................................................................................... 54
Armaduras ordinárias nos apoios ..................................................................................... 56
Armadura da zona comprimida ........................................................................................ 58
Verificação da segurança à Flexão ................................................................................... 58
III
Verificação de resistência a meio vão: ............................................................................. 58
Verificação de resistência no apoio: .................................................................................59
Estado Limite último de Esforço Transverso ................................................................... 60
Dimensionamento das Armaduras para a Direção Transversal ........................................63
Verificação de segurança a Flexão ................................................................................... 64
Armadura de distribuição ................................................................................................. 65
Armadura mínima .............................................................................................................66
Armadura de bordo ...........................................................................................................66
Verificação de Segurança ao ELU de esforço transverso ................................................ 66
Verificação ao Estado Limite de Serviço (SLS) ...............................................................67
Abertura de fendas na direção Longitudinal .................................................................... 67
Momento de fendilhação no apoio ................................................................................... 67
Momento de fendilhação a meio vão ............................................................................... 68
Verificação das Tensões ................................................................................................... 68
Verificações no betão ....................................................................................................... 69
6. PROCESSO CONSTRUTIVO .........................................................................................74
6.1. Construção por avanços sucessivos ...........................................................................74
Determinação dos cabos de pré-esforço para a fase de construção ..................................77
Força de aplicação do pré-esforço ....................................................................................78
Cálculo das armaduras de pré-esforço ..............................................................................79
Aparelho de apoios ...........................................................................................................80
Junta de dilatação ............................................................................................................. 80
7. RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................................83
8. CONCLUSÃO ...............................................................................................................84
8. RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ...............................................85
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 86
10. ANEXOS E APÊNDICES .........................................................................................88

IV
Índice de tabelas

Tabela 3. 1 - Parâmetros do traçado geométrico da via (Madaleno, 2019). .............................11


Tabela 3. 2 - Dimensões dos componentes do perfil transversal (Madaleno, 2019). ...............17
Tabela 3. 3 - Espessuras do tabuleiro celular. .......................................................................... 19
Tabela 3. 4 - Característica da armadura de pré-esforço .......................................................... 22
Tabela 3. 5 - Classificação estrutural recomendada (EN 1992-1-1, 2010) .............................. 22
Tabela 3. 6 - Características do betão. ......................................................................................23
Tabela 3. 7 – Características da armadura ordinária. ............................................................... 23
Tabela 3. 8- Características da armadura de pré-esforço. ........................................................ 24

Tabela 4. 1- Dados dos elementos constituintes da ponte. ....................................................... 26


Tabela 4. 2- Total da restante cargas permanentes por metro. ................................................. 26
Tabela 4. 3 - Valores característicos das cargas do modelo LM1, segundo o EC1991-2. ....... 28
Tabela 4. 4- Coeficientes de correção de acordo à classe da estrada. ...................................... 28
Tabela 4. 5- Número e largura das vias dedicadas de acordo a norma Europeia. .................... 29
Tabela 4. 6- Resumo dos parâmetros calculados. .....................................................................31
Tabela 4. 7- Característica do cabo para tirante. ...................................................................... 32

Tabela 5. 1- Coeficiente de majoração (Guide Bridge, EC2). ..................................................34


Tabela 5. 2- Variáveis acompanhantes (Guide Bridge, EC2). ................................................. 34
Tabela 5. 3- Esforços internos resultantes ao meio vão. .......................................................... 34
Tabela 5. 4- Esforços internos resultantes no apoio. ................................................................ 34
Tabela 5. 5- Esforços internos resultantes nos tirantes. ............................................................34
Tabela 5. 6- Esforços internos resultantes na torre. ..................................................................35
Tabela 5. 7- Perdas instantâneas e perdas diferidas. ................................................................ 36
Tabela 5. 8- Valores das perdas escolhidos. .............................................................................36
Tabela 5. 9- Especificações do tirante. .....................................................................................38
Tabela 5. 10- Especificações do tirante. ...................................................................................40
Tabela 5. 11- Resumo do dimensionamento do tirante. ........................................................... 41
Tabela 5. 12- esforços transversais do tabuleiro, a meio vão e nos apoios. ............................. 43
Tabela 5. 13- Comprimento das parábolas. .............................................................................. 47
Tabela 5. 14- Parâmetros da carga equivalente. ....................................................................... 47

V
Tabela 5. 15- Cálculo do Momento hiperestático. ................................................................... 49
Tabela 5. 16- Momentos de pré-esforço máximo. ....................................................................50
Tabela 5. 17- Especificações do aço resistente. ....................................................................... 50
Tabela 5. 18 - Valores das tensões pela combinação frequente. .............................................. 69
Tabela 5. 19- Valores das tensões pela combinação rara. ........................................................ 69
Tabela 5. 20- Valores das tensões pela combinação quase permanente. ..................................69

VI
Índice de Figuras

Figura 2. 1- Imagem ilustrativa de uma ponte. (Takeya, 2007). ................................................ 6


Figura 2. 2- Imagem ilustrativa de um viaduto. (Takeya, 2007). ...............................................6
Figura 2. 3- Pontes em vigas (Reis, 2006) ................................................................................. 8
Figura 2. 4- Pontes em pórtico (Reis, 2006). ..............................................................................8
Figura 2. 5- Ponte em arco tabuleiro superior (Reis, 2006). ...................................................... 8
Figura 2. 6- Ponte em arco tabuleiro inferior (Reis, 2006). ....................................................... 9
Figura 2. 7- Ponte suspensa (Reis, 2006). .................................................................................. 9
Figura 2. 8- Ponte de tirante ou estaiada (Reis, 2006). .............................................................. 9
Figura 2. 9- Esforços internos num sistema de ponteatirantada. [5] ........................................ 10

Figura 3. 1 - Relação entre os elementos de uma ponte atirantada (Almeida, 2013). ..............12
Figura 3. 2 - Torre em U (Almeida, 2013). .............................................................................. 13
Figura 3. 3 - Sistema de atirantamento. (Martins, 2015). .........................................................14
Figura 3. 4 - Secção em caixão .................................................................................................15
Figura 3. 5 - Parâmetros para o pré-dimensionamento da secção em caixão.Larguras: .......... 17
Figura 3. 6- Secção transversal adoptada. ............................................................................... 20
Figura 3. 7 - Propriedades geométricas do tabuleiro gerada pelo AutoCAD. ..........................20

Figura 4. 1 - Modelo de sobrecarga rodoviária (EC1992). .......................................................29


Figura 4. 2- Esquema de esforços para o pré-dimensionamento (Autor). ................................31

Figura 5. 1- Denominação dos tirantes. ....................................................................................35


Figura 5. 3 - Esforços internos numa viga sem o pré-esforço quando aplicada uma carga
(Costa, 2014). ........................................................................................................................... 43
Figura 5. 4 - Esforços internos numa viga pré-esforçada quando aplicada uma força. (Costa,
2014). ........................................................................................................................................44
Figura 5. 5 - Esforço axial centrado, com excentricidade e esforço axial e transversal (Costa,
2014). ........................................................................................................................................45
Figura 5. 6- pré-dimensionamento para a disposição do cabo de pré-esforço (Costa, 2014). ..45
Figura 5. 7- Orientação das cargas de acordo a concavidade das parábolas (Costa, 2014). .... 48
Figura 5. 8- Esquema ilustrando a disposição das cargas equivalentes da viga (Autor) ..........48

VII
Figura 5. 9- Diagrama do momento de pré-esforço. ................................................................ 48
Figura 5. 10- Diagrama do momento estático .......................................................................... 49
Figura 5. 11- Diagrama do momento hiperestático .................................................................. 49
Figura 5. 12 - Esquema do método do diagrama rectangular. ..................................................54
Figura 5. 13 - Esquema dos esforços cortantes. ....................................................................... 60
Figura 5. 14- Esquema de tensões, numa viga pré-esforçada, no apoio. ..................................68
Figura 5. 15- Esquema de tensões, numa viga pré-esforçada, a meio vão. .............................. 68
Figura 5. 16 - Trajectória das tensões na zona de ancoragem. ................................................. 71
Figura 5. 2- Esquema da zona de ancoragem ........................................................................... 72

Figura 6. 1- Construção por avanços sucessivos. ..................................................................... 74


Figura 6. 2- Sequência de construção de pontes por avanço sucessivos. ................................. 75
Figura 6. 3- Ponte sobre o rio Kwanza construído por avanços sucessivos.] ...........................76
Figura 6. 4- Interior da viga de uma ponte em caixão. .............................................................76
Figura 6. 5- Diagrama de Momento no tabuleiro em fase de construção (sem os tirantes) ..... 77
Figura 6. 6- Diagrama de Momento no tabuleiro em fase de construção (com os tirantes). ....77
Figura 6. 7- Aparelho de apoio linear. ......................................................................................80
Figura 6. 8- Aparelho de apoio deslizante. ...............................................................................80
Figura 6. 9- Quadro isotérmico do Porto Amboim, Cuanza Sul, Angola (clima today). ......... 81

Figura A. 1- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (ELU) .................... 88
Figura A. 2- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (Comb. Frequente) 88
Figura A. 3- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (C.q.p). .................. 89
Figura A. 4- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (Comb. Rara). ........89
Figura A. 5- Valores de esforço normal nos apoios (ELU). ....................................................90
Figura A. 6- Valores de esforço normal nos apoios (Comb. Frequente). ................................90
Figura A. 7- Valores de esforço normal nos apoios (C.q.p). ...................................................91
Figura A. 8- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (Comb. Frequente). 91
Figura A. 9- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (C.q.p). ................... 92
Figura A. 10- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (Comb. Rara). .......92
Figura A. 11- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (ELU). .................. 93
Figura A. 12- Valores de esforço axial a meio vão (Comb. Frequente). ..................................93
Figura A. 13- Esforço Normal nos tirantes. ............................................................................. 94

VIII
Figura B. 1- Definição das cargas. ........................................................................................... 94
Figura B. 2- Combinação das cargas (ELU) ............................................................................ 95
Figura B. 3- Combinação das cargas (Comb. Frequente) ........................................................ 95
Figura B. 4- Combinação das cargas (C.q.p) ........................................................................... 96
Figura B. 5- Combinação das cargas (Rara) .............................................................................96
Figura B. 6- Dimensões da secção transversal do tabuleiro. ....................................................97
Figura B. 7- Estrutura da ponte com Momento flector (sem os tirantes). ............................... 99
Figura B. 8- Valores de Momento flector e esforço Cortante no tabuleiro (sem os tirantes). . 99

Figura C. 1- diagrama do Momento Flector. ............................................................................97


Figura C. 2- Diagrama do esforço Normal. ..............................................................................97
Figura C. 3- Diagrama do esforço Cortante. ............................................................................ 98
Figura C. 4- Estrutura da ponte com Momento Flector. .......................................................... 98
Figura C. 5- Estrutura da ponte com esforço Normal. ............................................................. 98
Figura C. 6- Estrutura da ponte com esforço Cortante. ............................................................99

Figura D. 1- Vista lateral da ponte. ........................................................................................ 100


Figura D. 2- Vista Frontal da ponte. .......................................................................................100
Figura D. 3- Estado da junta de dilatação da ponte. ...............................................................101

Figura E. 1- Traçado do cabo de pré-esforço. ........................................................................ 101


Figura E. 2- Distribuição da sobrecarga distribuída (UDL). .................................................. 101
Figura E. 3- Distribuição da sobrecarga Sistema Tandem (TS). ............................................101

Figura A.1- Área de secções de varões ................................................................................. 102


Figura A.2- Áreas de armaduras distribuídas ......................................................................... 102
Figura A.3- Característica do betão ........................................................................................102
Figura A.4- características da armadura ordinária ................................................................. 102

IX
1. INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento teórico

A grande diversidade de pontes ao redor do mundo vem crescendo a cada dia que
passa, fazendo com que se desenvolvam mais técnicas na implementação de pontes. A
incrível disposição dos tirantes, suportando pontes que vencem um mar, rio ou um outro
obstáculo, atrai os olhares de qualquer turista e amante da beleza estrutural.
O cálculo de uma ponte de tirantes é um grande início para aquilo que pode ser a
inovação do ponto de vista estrutura no nosso país. A fraca diversidade em modelos de pontes,
preocupa o lado académico e profissional de qualquer Engenheiro ligado a criação da mesma.
Pretendo abraçar a oportunidade de poder contribuir de forma significativa para o
avanço da tecnologia da construção no nosso país, trazendo para o campo acadêmico, o
desenvolvimento deste belo tema.

1.2. Justificativa

O presente tema é um assunto nunca antes discutido a nível de monografia pelos


académicos da faculdade de Engenharia Civil da Universidade Agostinho Neto. Sendo assim,
de forma inédita, o departamento nas vestes dos seus máximos representantes, tiveram como
aceite o desenvolvimento do tema, de modo a marcar-se mais um passo rumo a obtenção de
mais conhecimento para área.
As pontes são estruturas muito importantes, pois nos possibilitam vencer obstáculos e
ao mesmo tempo nos proporciona uma beleza, como no caso da ponte atirantada.
E fase de diversificação das fontes económicas do país, isto é, pontos turísticos, daria
um casamento perfeito, caso utilizássemos mais as pontes de tirantes. Achei muito
interessante o desenvolvimento deste tema, pois está repleto de conteúdos importantes, e
sendo algo que ainda não se estudou a nível de monografia, eu aprenderia mais. E fazendo
isso, acredito que impulsionaria futuros Engenheiros a procurar expandir mais as áreas de
estudo, não se limitando só naquilo que está presente no nosso dia-a-dia.

1
1.3. Formulação do Problema

Para este trabalho, tenho como caso de estudo, uma zona já estudada. Facilitando a
colecta de dados importantes para o avanço do estudo. Sob a aceitação dos mesmos, foi-me
então, autorizado o uso dos dados feitos durante a pesquisa do trabalho para o avanço do
presente trabalho.
Durante a pesquisa feita, constatou-se os seguintes problemas [1]:

 Inexistência de bermas para acomodar os veículos em questões de emergências


ou avarias, o que tem provocado sérios constrangimentos no transito
rodoviário;
 Largura dos passeios insuficientes para garantir a mobilidade de pedestre de
forma segura e cômoda;
 Existência de patologias como fissuras e destacamento das armaduras
ordinárias em algumas partes da Ponte existente, dando sinal de que a Obra de
Arte necessita de intervenções;
 Parte de guarda-corpos destruídos, o que pode constituir um risco para a vida
humana.

Figura 1. 1 - Estado do Guarda corpos [1].

2
Figura 1. 2 - Patologias encontradas na ponte [1].

1.4. Objecto de estudo

O presente trabalho dá-nos a oportunidade de estudar a implementação de uma ponte


atirantada (sobre o rio Longa, estrada nacional número 100, EN100), em substituição da
actual ponte que se encontra lá no local.

1.5. Objectivo

1.5.1. Objectivo Geral

Propor uma nova ponte atirantada sobre o rio longa, e substancialmente, dimensionar
o tabuleiro e os tirantes da mesma.

1.5.2. Objectivos específicos

Os objetivos específicos do seguinte trabalho são:

 Obter os esforços internos da estrutura;


 Dimensionar e verificar a segurança dos tirantes da ponte;
 Dimensionar e verificar a segurança do tabuleiro da ponte;
 Verificar as compressões excessivas no apoio, devido aos esforços excessivos dos
tirantes.
3
1.6. Formulação de hipóteses

Para o presente trabalho temos as seguintes hipóteses:

 Os tirantes reduzem de forma significativa os momentos no tabuleiro


 Os tirantes e a torre são os elementos que garantem o equilíbrio do tabuleiro.
 O pré-esforço é um elemento indispensável na execução de uma ponte atirantada.

1.7. Metodologia de Estudo

O presente trabalho foi concebido a base de consultas bibliográfica em materiais


físicos e digitais, indicados pelo orientador e outros pesquisados pelo autor.
Baseando-se nas Normas Europeias, para o presente trabalho, foi feito o pré-
dimensionamento da estrutura por completo, o estudo da sobrecarga rodoviária e
posteriormente o dimensionamento da Ponte.
Usou-se Softwares, ferramentas que foram de grande importância para a execução
deste projecto. Softwares como:

Google Earth: Utilizado para a obtenção de dados do local onde será implantado a
ponte. Dados importantes como o vão a ser vencido.
Sap2000 (Versão 24): utilizado para a obtenção dos esforços internos e análise
estrutural da ponte.
AutoCAD (Versão 2021): utilizado para desenhar algumas peças importantes
encontradas no desenho, como a secção transversal e os Diagramas. Usou-se também esta
ferramenta para a obtenção das propriedades geométricas da secção.
Ftool: Utilizado para obter os diagramas de pré-esforço, momento isostático e o
momento hiperestático.
Microsoft Word: Utilizado para compilar o trabalho, do ponto de vista teórico.
Microsoft Excel: Utilizado para cálculos repetitivos, facilitando assim a obtenção
destes dados.
Máquina científica: Utilizado no auxílio dos cálculos.

4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Evolução história

Há mais de 400 anos, os homens pensavam na ideia de criar-se pontes sem pilares
intermediárias, sustentadas por cabos inclinados. As primeiras propostas foram atribuídas a
Verantus, Itália, em 1617 e a Löscher, na Alemanha, em 1784. Mas, a primeira tentativa de
construção foi de Immanuel Löscher que, executou uma ponte totalmente de madeira, em
1784.
A falta de métodos e o desconhecimento do comportamento estrutural do tirante, levou
ao colapso muitas pontes, como no caso da Ponte Tweed (Inglaterra) e Saale (Alemanha). Já
na segunda metade do século XIX, foram construídas algumas pontes suspensas com algumas
soluções híbridas, parte suspensa e parte atirantada.
As primeiras pontes atirantadas modernas foram construídas em betão. Em 1926 foi
construído o aqueduto de Tempul sobre o rio Guadalete em Espanha, projectado por Eduardo
Torroja e executado em betão armado com os tirantes em aço de alta resistência e revestidos
em betão para protecção contra a corrosão. [2]
Daí surgiram mais e mais ponte atirantadas e até o ano de 2020, a maior ponte estaiada
do mundo enconta-se na China e é conhecida por Ponte Honghe, que possui 9,6km de
extensão e conecta Hongwan e Henzhou, em Zhuahai, na província de Guangdong. [3]

2.2. Conceitos

Vários são os conceitos que aparecem sobre pontes e destas destacamos algumas:

Ponte: é são aqueles elementos rodoviários e ferroviários utilizados para a


transposição(deslocação) de obstáculo naturais ou já criado pelo homem. [4]

Reis, 2006, define que ponte, é uma obra de arte destinada a permitir o atravessamento
de um vale, rio, braço de mar, de outra via e etc.

Ponte é uma construção destinada a estabelecer a continuidade de uma via de qualquer


natureza. [5].

5
Ponte (propriamente dita) é quando o obstáculo é constituído de curso de água ou
outra superfície líquida como por exemplo um lago ou braço de mar.

Viaduto é quando o obstáculo é um vale ou uma via. [5].

Reis (2006), ainda menciona que Viaduto é uma ponte sobre um vale seco, uma linha
de água de pequena importância ou sobre uma via de comunicação.

Figura 2. 1- Imagem ilustrativa de uma ponte [5].

Figura 2. 2- Imagem ilustrativa de um viaduto [5].

2.3. Constituição das pontes

As pontes são constituídas por superstrutura e Infraestruturas (Reis, 2006).

Superstrutura: é a parte da ponte que vence o vão e que inclui o tabuleiro.


Infraestrutura: é o conjunto de pilares, encontros, apoios e fundações.

2.4. Classificação das pontes

Segundo Reis (2006), as pontes podem ser classificadas quanto ao:

6
 Destino da obra:

Ponte rodoviária: Ponte destinada ao tráfego rodoviário;


Ponte ferroviária: Ponte destinada à tráfego ferroviário;
Ponte Rodoferroviária: Ponte destinada,. simultaneamente, ao tráfego rodoviário e
ferroviário;
Ponte aeroviária: Ponte destinada ao tráfego de aeronaves em pistas de aeroportos;
Pontes canal: Ponte destinadas à transposição de um obstáculo por uma canal;
Passadiço: Ponte destinada ao tráfego de peões.

 Quanto ao período de utilização:

Pontes definitivas;
Pontes provisórias.

 Quanto ao material:

Pontes em pedra natural ou em alvenaria;


Pontes em madeira;
Ponte em betão simples (raro);
Pontes em betão armado
Pontes em betão pré-esforço (a mais utilizada nos dias de hoje);
Pontes metálicas em ferro (pontes antigas);
Pontes metálicas em aço (a maioria que encontramos actualmente);
Em alumínio;
Pontes mistas (betão e aço).

 Quanto ao sistema estrutural:

Ponte em viga;
Ponte em Pórtico;
Ponte em arco;
Ponte de cabos: Pontes suspensas e pontes de tirantes.

7
Figura 2. 3- Pontes em vigas [6]

Figura 2. 4- Pontes em pórtico (Reis, 2006).

Figura 2. 5- Ponte em arco tabuleiro superior [6].

8
Figura 2. 6- Ponte em arco tabuleiro inferior [7].

Figura 2. 7- Ponte suspensa [7].

Figura 2. 8- Ponte de tirante ou estaiada [6].

Pontes atirantadas

As pontes atirantadas são sistemas de pontes que além do tabuleiro, pilares, encontros,
também possuem torres e sistema de tirantes que fazem com que o tabuleiro fique suspenso
sem grandes deformações. A figura 2.8 ilustra como é uma ponte atirantada.

No sistema de uma ponte atirantada, os tirantes são submetidos ao esforço de tração


resultantes da suspensão do tabuleiro. Estando, os tirantes, ancorados à torre e ao tabuleiro, as
componentes verticais e horizontais, respectivamente, do esforço de tracção presente nos

9
tirantes fazem com que a torre e o tabuleiro fiquem comprimidos, tal como podemos ver na
figura 2.9.

Figura 2. 9- Esforços internos num sistema de ponte atirantada. [2]

10
3. CASO DE ESTUDO

3.1. Local de Estudo

O local de estudo para o presente trabalho está a localizada na descontinuidade criada


pelo rio longa, à estrada nacional nº 100, também denominada por EN-100. Sendo que a
estrada EN-100 atravessa o país de norte a sul, teríamos um grande transtorno caso não
houvesse as obras de artes para superar tais problemas. O rio Longa fica a cerca de 220Km a
sul de Luanda, a cerca de 40Km de Lobito, concretamente no Parque Nacional da Kissama, na
fronteira entre Luanda e Cuanza Sul.

3.2 Condicionantes dos projectos

3.2.1 Imposições relativamente ao traçado.

Uma estrada é constituída por Curva circular (C.C), Curva de transição (C.T) e
Alinhamento recto (A.R). A nossa ponte encontra-se na união entre duas curvas de transição.
Sendo assim, recorre-se a tabela elaborada pelo doutor Madaleno, 2019.

Tabela 3. 1 - Parâmetros do traçado geométrico da via (Madaleno, 2019).

Velocidade base do Raio mínimo (���� ) Raio máximo (��á� )


projecto (Ve)
Curva de transição 1 60 250 400
Curva de transição 2 60 250 400

3.2.2. Condicionantes hidráulicas.

A corrente do Rio Longa obriga que se coloque uma obra de arte (ponte) para permitir
que se tenha uma viagem tranquila, segura e económica. Condiciona também a as
infraestruturas, relativamente à localização dos pilares, apoios laterais e as fundações.

11
3.2.3 Condicionantes geológicas.

De acordo ao mapa geológico angolano, nota-se de forma superficial que o solo da


região é composto predominantemente por aluviões arenosos e argilosos.

3.3. Configuração longitudinal

A relação das torres com três vãos de atirantamento conforme mostra a figura (),
geralmente assume uma relação de 20% a 25% do comprimento do vão principal (L). A altura
da torre define o ângulo de inclinação dos cabos mais longos. Este ângulo não deve ser menor
do que de 25 graus, caso contrário as deformações vão tornar-se excessivas. (Almeida, 2013).

Figura 3. 1 - Relação entre os elementos de uma ponte atirantada (Almeida, 2013).

3.3.1. Comprimento dos vãos.

Ao seu todo, a nossa ponte contará com um comprimento de 375m, constituída por
duas torres e por três tramos, sendo um central, (maior), denominado por L1, e dois laterais,
ambos denominados por L2, onde os vãos laterais serão 45% do vão central.

�2 = 45%�1

�2 = 0,45�1
� = �2 + �1 + �2
� = 0,45�1 + �1 + 0,45�1
� = 1,9�1

�1 =
1,9
375�
�1 =
1,9
�1 = 197,37� ≈ 197� (3.1)

12
�2 = 0,45�1
�2 = 88,65 ≈ 89� (3.2)

3.3.2. Altura das torres.

Para as torres adoptou-se uma torre em U com 25% do comprimento do vão central (197m),
isto é:
ℎ = 25%�1
ℎ = 49.25� ≈ 50� (3.2)

Figura 3. 2 - Torre em U (Almeida, 2013).

3.3.3. Sistema de atirantamento.

Para o sistema de atirantamento, escolheu-se o sistema que possui a melhor


optimização no ponto de vista dos esforços e pesos do aço na obra de arte. Este sistema é o
Semi-Leque ou também denominada por Semi-harpa, visto que não concentra todos os
esforços no topo da torre e também não necessita de uma altura muito elevada tal como no
sistema em Harpa.

13
Figura 3. 3 - Sistema de atirantamento. (Martins, 2015).

Escolheu-se dois planos de suspensão do tabuleiro, com torres em formato U, para


garantir equilíbrio do tabuleiro, olhando para o aspecto económico e seguro relativamente à
suspensão de plano central.

14
3.4. Concepção

3.4.1. Tabuleiro.

Secção Transversal

Devido ao elevado esforço torsor que podem surgir presentes em estruturas, é prudente
e econômico a escolha de uma secção celular ou também chamado de secção em caixão. As
secções em caixão têm uma grande resistência a torção relativamente as demais secções que
existem.

Figura 3. 4 - Secção em caixão

Vantagens e desafios das secções em caixão.

Vantagens:

 Um banzo inferior sobre os apoios constituído por uma laje que consegue
absorver mais facilmente as tensões de compressão;
 Uma maior resistência à torção;
 Uma maior esbelteza do que nas pontes de laje vigada.
 Maiores excentricidades dos cabos de pré-esforço nas secções com momentos
negativos;

15
 Menores deformações por fluência, pois são submetidas a menores tensões de
compressão no betão.

Desafios:

 Peso próprio elevado;


 Maior dificuldade ou alta complexidade na execução;

Tendo em conta que tudo na vida tem as suas vantagens e desvantagens, no caso da
nossa secção escolhida (secção em caixão), também temos algumas que devemos ter em conta
para a melhor eficiência do projecto.

Desvantagens:

 Um peso próprio mais elevado


 Execução mais complexa (Cofragem, Betonagem e armadura)

Perfil Transversal.

A escolha das dimensões do perfil transversal de uma via de comunicação depende


desde o tráfego, os aspectos económicos, urbanístico, ecológico, construtivos. Tendo em
conta ao grande aumento da população, e consequentemente do tráfego, a deterioração da
ponte existente, sugere-se a concepção de uma ponte com capacidade suficiente para atender
às solicitações, isto é, aumentando o número de vias de trânsito. A construção de uma ponte
atirantada traria um bom visual naquele que é a bela vista que o Rio Longa oferece.
Baseando-se na tabela das dimensões dos componentes do perfil transversal,
Madaleno, 2019, optou-se pelo perfil transversal básico RQ20, que podemos ver que possui
quatro vias de trânsito, duas ascendentes e duas descendentes, que têm 3,25m a cada. Bermas
de 0,50m, separadores centrais de 2 metros e separadores laterais de 1,75m. Totalizando assim
19,5m de comprimento.

16
Para o seguinte projecto, adoptou-se a suspensão lateral do tabuleiro, isto é, pares de
tirantes trabalhando alinhados nas laterais do tabuleiro, de forma a reduzir o esforço de torção
que possam surgir durante a vida útil da obra de arte.

Tabela 3. 2 - Dimensões dos componentes do perfil transversal (Madaleno, 2019).

3.4.2. Pré-dimensionamento da secção do tabuleiro.

A secção transversal de um tabuleiro de uma ponte de tirantes depende principalmente


do sistema de suspensão a que se escolhe para a ponte. Para o sistema de atirantamento com o
plano de suspensão central, devido ao esforço de torção, é usualmente utilizada um tabuleiro
em caixão, que possui uma grande resistência ao esforço em causa. Para o sistema de
atirantamento com planos de suspensão lateral, é comum usar-se uma secção em laje vigada
ou mesmo em laje esbelta, podendo também se usar as vigas em caixão.
No caso dos tabuleiros em caixão, a sua altura varia entre 2,5 a 4,5 metros e para os
tabuleiros em laje, a sua altura varia de 1,4 a 3,0 metros.
Os resultados obtidos pelos cálculos dos parâmetros mostrados na figura 3.5, servirão
de base para pré-dimensionar a secção transversal do nosso tabuleiro [6] .

Figura 3. 5 - Parâmetros para o pré-dimensionamento da secção em caixão.


17
b1/b2 ≅ 0,45
b1 ≅ 0,45b2 (i)

2b1 + b2 = Largura total


2b1 + b2 = 19,5m
b2 = 19,5 − 2b1 (ii)

Substituindo (i) em (ii):

b1 ≅ 0,45(19,5m − 2b1)
0,45 × 19,5m
b1 ≅
1,9

b1 ≅ 4,65m (3.3)

b2 = 19,5 − 2(4,65)
b2 = 10,20m (3.4)

b4/b5 < 0,5


b4 < 0,5b5

Adoptando que b5 é igual a 8m, teremos:

b4 < 0,5( 8m )
b4 < 4m
b4 = 3,50m
b2 = 10,20m (3.5)

b7/b6 < 0,2


b6 = 7,00m

b7 < 0,2 × b6

18
b7 < 0,2 × (7,00m)
b7 < 1,40m
b7 = 1,20m (3.6)

 Espessuras mínimas:
Tabela 3. 3 - Espessuras do tabuleiro celular.

Parâmetros Espessuras mínimas Espessuras adoptadas


t1 200mm 300mm
t3 200mm 250mm
t4 300mm 400mm
t6 150mm 250mm

t2/t4 = 2 a 3
t2/t4 = 2,5
t2 = 2,5t4
t2 = 2,5(400mm)
t2 = 1000mm (3.7)

t5/t4 = 1,1 a 1,5


t5/t4 = 1,3
t5 = 1,3t4
t5 = 1,3(400)
t5 =0,520m (3.8)

 Esbelteza dos banzos:

b6/t6 < 30
b6 < 30(t6)
b6 < 30(250mm)
b6 < 7,50m
b6 = 7,00m (3.9)

 Inclinação:
19
i=3a4
i = 3,5

Figura 3. 6- Secção transversal adoptada.

3.4.3. Peso do Tabuleiro

Para o cálculo do peso do tabuleiro, vamos recorrer ao cálculo da área do tabuleiro e


posteriormente, multiplicar pelo peso específico do betão que é de 25KN/m³. Para isso,
usaremos apenas a metade do tabuleiro, levando em conta que ela é simétrica.

Área do tabuleiro.

Para o cálculo das áreas, usou-se o auxílio do Software AutoCAD. Dentro do


ambiente de programa, criando a região pretendida, com o comando “masspropriety”,
conseguiu obter-se as características geométricas da secção transversal do tabuleiro.

Figura 3. 7 - Propriedades geométricas do tabuleiro gerada pelo AutoCAD.

Parâmetros Geometria da secção transversal


Área (m²) 14.82
Perímetro (m) 68,95
I 38.75
Momento de inércia (m⁴)
J 433.80
���� (�) 2,74
���� (�) 1,26
���� (�3 ) 14,142

���� (�3 ) 30,754

20
O total de área é:

Á������çã� = 14.82�2

Peso do tabuleiro.

Com a área da secção transversal do tabuleiro, 14,82m2 , e o peso específico do betão,


25kN/m³, podemos assim achar o peso do nosso tabuleiro em cada 1 metro.

������������� = Á������çã� × ���� �����í�������ã�

������������� = 14.82m2 × 25kN/m³

������������� = 370.5kN/m (3.10)

3.4.4. Materiais

A durabilidade de uma obra não se limita apenas na sua concepção estrutural, tendo
assim termos em conta, as propriedades e características dos materiais que a compõem. É de
extrema importância que os materiais escolhidos para a concepção da estrutura, desempenham
as suas funções tal como foi prevista pelos Engenheiros. A falha dos materiais que compõem
a estrutura, resultaria em grandes problemas que poderiam resultar em acidentes, desperdícios
financeiros e até mesmo, quando forem tão graves, em fatalidades.

Tirante.

Tirante é um elemento estrutural linear, submetido a esforço de tração. Para o nosso


projecto usaremos cabos de alta resistência, capaz de suportar os esforços que surgirem na
ponte durante a sua execução até ao decorrer do seu uso.

Para o tirante, usaremos cabos de alta resistência com as seguintes características:

21
Tabela 3. 4 - Característica da armadura de pré-esforço

Designação 0.6''�
Diâmetro Nominal (��) 15,7
Área Nominal (��2 ) 1,5
��0,1� (���) 1670
��� (���) 1860
���(���) 1452

Betão

Material resultante da mistura íntima e homogénea de agregados (britas e areias) e


inertes (cimento para o nosso caso), e adjuvantes. O betão é um dos materiais mais
consumidos a nível mundial, ficando apenas atrás da água. (Revista O Empreiteiro, 2012).
Levando em consideração a zona em que será implantada a ponte, zona com classe de
agressividade alta, então, usaremos um betão com característica capaz de resistir aos grandes
fenômenos naturais que estarão sempre presente na nossa obra de arte.
As condições ambientais são classificadas de acordo ao quadro 4.1 (EN1992-1-, 2010).
Baseando nisto, concluiu-se que estamos em presença de uma classe de exposição
XC4, ambiente descrito como alternadamente húmido e seco.
Segundo a tabela 3.5, podemos reparar que para a classe de exposição XC4, temos
como classe de resistência mínima �40/50 , sendo que para garantir um tempo de vida útil
mínimo de 100 anos deve aumentar-se duas classes, isto é, optar pela classe C50/60.

Tabela 3. 5 - Classificação estrutural recomendada (EN 1992-1-1, 2010)

Para o dimensionamento e execução da obra de arte em estudo, saremos o betão com


as seguintes características:

22
Tabela 3. 6 - Características do betão.

Designação �50/60
��� (���) 50
��� (���) 33,33
�� (� ��) 37
���� (���) 4,1
��� (10−3) 3,5
����������� �� ������çã� �é�����(�) 10−5

Armadura ordinária

As armaduras ordinárias, são indispensáveis nas construções, embora que já existam


outros materiais que são usados em construções com o intuito de reforçar.

Para a armadura ordinária, utilizaremos o aço com as seguintes características:

Tabela 3. 7 – Características da armadura ordinária.

Designação �500��
��� (���) 500
���(���) 435
� (���) 200

Armadura de pré-esforço

As armaduras de pré-esforços são elementos formados por aços de resistência muito


alta, na ordem dos 1600MPa.
Elas podem encontrar-se em várias formas, relativamente ao diâmetro que podemos
encontrar elas, tais como, fios, cordões e varões.

 Fios: são elementos de diâmetros muito pequenos, encontrado entre 3 a 6


milímetros
 Cordões: é um conjunto de fios agrupados. Os mais usados, são os cordões
compostos por 7 fios, isto é, seis fios agrupados em volta de um.
23
 Varões: são elementos que possuem diâmetros compreendido entre 25mm a
36mm.

Tabela 3. 8- Características da armadura de pré-esforço.

Designação Fios e Cordões


Diâmetro Nominal (��) 15,7
Área Nominal (��2 ) 1,5
��0,1� (���) 1670
��� (���) 1860
���(���) 1452
� (���) 195

24
4. ANÁLISE ESTRUTURAL

4.1. Análise da direção transversal do tabuleiro.

Cargas permanentes

Cargas permanentes são as cargas que atuam na estrutura praticamente com valores
constantes durante toda a sua vida útil. Elas normalmente repartem-se no peso próprio e as
restantes cargas permanentes.

Peso próprio

Para o cálculo das cargas permanentes, teremos o produto do peso específico do betão
e a espessura do elemento a calcular, tendo assim:

 Zona de espessura constante do tabuleiro

Dados:
Espessura (t) = 0,25
Peso específico do Betão ( ����ã� ) = 25��/�3

q = e × ����ã�
q = 0.25 × 25
q = 6.25��/�2 (4.1)

 Zona de espessura variável do tabuleiro

Dados:
0,25+0,84
Espessura média (tm) = 2
= 0,5450�

Peso específico do Betão ( ����ã� ) = 25��/�3

q = e × ����ã�
q = 0,5450 × 25
q = 13.625��/�2 (4.2)

25
Restantes cargas permanentes

Tabela 4. 1- Dados dos elementos constituintes da ponte.

Peso Área
Número de Espessura
Elemento específico transversal Acção
elementos (m)
(KN/m³) (m²)
Lancil 25 2 0.045 - 2.25kN/m
Viga de bordas 25 2 0.225 - 11.25kN/m
Passeios para
25 2 0.7 - 35kN/m
pedestres
Guarda-corpo 25 2 - - 2kN/m
Guarda-roda 25 2 - - 2 kN/m

New Jersey - 1 - - 5kN/m

Betão betuminoso 24 - 1.6 0,10 38.4kN/m

Total 93.9 kN/m

Tabela 4. 2- Total da restante cargas permanentes por metro.

Acção
Rcp
(kN/m)
Total 93.9
Metade 46.95

O total de todos os elementos (restantes cargas permanentes) calculados na tabela é


93.9kN por faixa de um metro. Sendo que as cargas serão repartidas por par de tirantes, então,
a metade das cargas serão transferido para os dois lados.

Cargas variáveis

De acordo a EN-1991-2, de 2003, a sobrecarga regulamentar de um passeio é 3KN/m².


Tendo uma largura de 1.75m, teremos uma sobre carga de passeio de 5,25kN/m.

26
4.2. Modelo de sobrecarga rodoviária proposta pelo EC1-2

As pontes são dimensionadas baseadas em um modelo de sobrecargas rodoviárias,


tendo em conta a (Jacinto, 2011):

 Peso bruto dos veículos;


 Distância entre eixos e peso por eixo;
 Intensidade (ou volume) de tráfego;
 Composição de tráfego;
 Situação do tráfego (fluído, lento ou congestionado);
 Velocidade de circulação;
 Possibilidade de crescimento futuro;
 Número de vias;
 Vão da ponte;
 Efeito de amplificação dinâmica;
 Múltipla presença de veículos.

Vale lembrar que os modelos de estabelecidos pelos regulamentos, não representam


veículos reais, mas sim produzem os efeitos gerados pelo tráfego.
Para este presente trabalho, usou-se o Modelo de sobrecarga rodoviária proposta pelo
Eurocódigo 1 -2 (2003).
A norma Eurocódigo (EC1991-2) dispõe de quatro modelos de sobrecargas rodoviárias para
determinar os efeitos gerados pelo tráfego rodoviário ligados a estados limites desde que não
haja fadiga, pois há modelos dedicadas especificamente a estas situações.

 Modelo de sobrecarga 1 – LM1: destinado ao caso geral, constituído por cargas


concentradas e uniformemente distribuídas. Representa situações de tráfego fluído,
congestionado e parado com percentagem elevada de camiões pesados.
 Modelo de sobrecarga 2 – LM2: destinado a pontes de pequeno vão (3 a 7 metros) e
constituído por uma carga concentrada num eixo único.
 Modelo de sobrecarga 3 – LM3: destinado a representar veículos especiais cuja
circulação necessita de autorização específica. Constituído por cargas concentradas
numa série de eixos que dependem da carga total do veículo.

27
 Modelo de sobrecarga 4 – LM4: destinado a representar cargas de multidão e utilizado
apenas quando o modelo LM1 não cobre o seu efeito. É constituído por uma carga
uniformemente distribuída.

Tendo em conta que, no nosso presente trabalho, dimensionamos uma ponte de classe
1, usou-se o modelo de sobrecarga 1 (Load model, LM 1), de acordo no EC1991-2, 2003,
com o intuito de criar a situação mais desfavorável que pode ocorrer na ponte, olhando mais
para a segurança dela.
O Modelo de sobrecarga 1, LM1, consiste na aplicação de duas cargas, concentrada ou
Sistema Tandem ( �� �� ), ST, e distribuída ou Sistema UDL ( �� �� ), de forma simultânea.
Estas cargas aparecem com um coeficiente de correção, �� � �� , para o Sistema Tandem (ST)
e o Sistema UDL respectivamente.
O modelo de sobrecarga rodoviária escolhida (LM1) deve ser aplicada nas vias
dedicadas e nas áreas remanescentes. Na tabela contém os valores característicos das cargas
do módulo LM1, segundo o EC1991-2.

Tabela 4. 3 - Valores característicos das cargas do modelo LM1, segundo o EC1991-2.

Posição Sistema Tandem Sistema UDL


Carga por eixo �� Carga por área ��� , ���
(kN) (kN/m²)
Via dedicada nº 1 300 9
Via dedicada nº 2 200 2.5
Via dedicada nº 3 100 2.5
Outras vias dedicadas 0 2.5
Área remanescente 0 2.5

Tabela 4. 4- Coeficientes de correção de acordo à classe da estrada.

Classe αQ1 αQi αq1 αq(i≥2) αqr


I 1 1 1 1 1
II 0.9 0.8 0.7 1 1

28
Figura 4. 1 - Modelo de sobrecarga rodoviária (EC1992).

A faixa de rodagem, incluindo todos os elementos que compões o perfil transversal da


mesma, é dividida em faixas de 3m de largura, sendo que a via que mais gera efeitos
desfavoráveis é denominada por via nº 1 (Lane 1), a segunda que gera mais efeitos
desfavoráveis é denomida por via nº 2 (Lane 2) e sucessivamente. Lembrando que estas vias
não têm que corresponder com as vias no pavimento. O número e a lárgura de vias dedicada
da faixa de rodagem são determinadas de acordo a tabela . [8]

Tabela 4. 5- Número e largura das vias dedicadas de acordo a norma Europeia.

Largura da Número de vias Largura da via Largura da Faixa


plataforma de
dedicadas �� dedicada �� remanescente
rodagem �
� < 5.4� 1 3� �−3
5.4 ≤ � < 6� 2 � 0
2
� ≥ 6� � 3� � − 3 × ��
���( )
3

Visto que a largura da plataforma de rodagem que a ponte possui e de 19,5m, isto é,
maior que 6m, estamos na presença do terceiro caso, então teremos:

Número de vias dedicadas (�� )

O número de vias dedicada será a parte inteira do quociente da divisão da largura da


plataforma de rodagem (�) por 3.

29
Dados
� = 16
�� − ?

�� = ���( )
3
16
�� = ���
3
�1 = ���(5)
�� = � (4.3)

Largura da via dedicada (�� )

Tal como pode-se ver na tabela, a largura da via dedicada para largura da faixa de
rodagem maior que 6m é constante, ou seja, para largura da plataforma de rodagem superiores
a 5m, a largura da via dedicada será sempre 3m.

Largura da faixa remanescente

Como o próprio nome diz, a largura da faixa remanescente é a largura que remanesce,
ou seja, que sobra depois de colocar-se as larguras dedicadas.

Dados
�� = 6
�� − ?
�� = � − 3 × ��

�� = 16 − 3 × 5

�� = 16 − 15

�� = �� (4.4)

30
Tabela 4. 6- Resumo dos parâmetros calculados.

Largura da Número de vias Largura da via Largura da Faixa


plataforma de
dedicadas �� dedicada �� remanescente
rodagem �
� = 16 5 3� 1�

4.3. Modelagem de cálculo para a obtenção dos esforços internos

Para a obtenção dos esforços internos da estrutura, ter-se-á o auxílio do software


Sap2000. Software este que usa recursos de elementos finitos, possibilitando assim a
simulação das deformações da estrutura por consequência das cargas que nela serão
submetidas. Esta ferramenta nos possibilita obter, de forma mais rápida e precisa, os esforços
internos. Esforços estes que nos possibilitarão dimensionar e verificar ao tabuleiro e os
tirantes da nossa ponte.

4.4. Pré-dimensionamento do tirante.

O pré-dimensionamento da ponte atirantada em estudo, consiste em determinar os


esforços aproximados que os tirantes irão receber. Os ângulos recomendados para a inclinação
dos tirantes variam entre 25º e 65º, tendo como o ângulo óptimo de 45º. Quanto às distâncias
entre os estais, é vantajoso usar uma distância entre 5m à 10m, optando-se por 7m.

Figura 4. 2- Esquema de esforços para o pré-dimensionamento (Autor).

Fy = R
Sen(θ) = Fy /F
Fy = F × Sen(θ)

31
Fy = Fy
q = F × Sen(θ)

R
F=
Sen(θ)
q × 7,5
F=
2Sen(45)

F = 7,5√2(370,5)

F = 3929,746kN
���
�� =
����

3929,746
�� = × 104
1617 × 103

�� = 24,303��2 ≈ 25��2 (4.5)


Tabela 4. 7- Característica do cabo para tirante.

Designação Secção nominal Diâmetro


(��2 ) (mm)
0.6’’S 1.5 15.7

De acordo a tabela, usou-se, para cada tirante, 17 cordões com a designação 0.6’’S,
totalizando uma área de 25.5��2 . Sendo assim, no mínimo, um tirante no será composto por
19 cordões com as especificações anteriormente mencionada.

32
5. DIMENSIONAMENTO

Com os diagramas de esforços internos obtidos pelo programa Sap2000, tendo em


conta os carregamentos de que a estrutura vai suportar, pode-se proceder ao dimensionamento
dos elementos estruturais, tendo em conta ao estado limite de serviço e o Estado limite último.

5.1. Combinações das acções

Para as combinações das acções, baseou-se no Eurocódigo 1990, 2009, (citado por [1]).
Usaremos a seguinte expressão matemática para as combinações das acções.

Combinações para Estado Limite Último (E.L.U):

�� = �� ∙ �� + ��� + �� ∙ ��� + �� + ��������� + ���

�� = 1,35 ∙ �� + ��� + 1,35 ∙ ��� + �� + ��������� + 1,5�

Combinações para Estado Limite de Serviço (E.L.S):

 Combinações Quase Permanentes (C.q.p):

�� = �� + ��� + �2 ∙ ��

�� = �� + ��� + 0,5 ∙ ��

 Combinação frequente

�� = (�� + ���) + (�1 ∙ ��� + �1 ∙ �� + �1 ∙ ��������� + �1 ∙ �� )

�� = (�� + ��� ) + (0,4 ∙ ��� + 0,75 ∙ �� + 0,4 ∙ ��������� + 0,5 ∙ �� )

 Combinações característica ou rara

�� = (�� + ���) + (��� + �� + ��������� + �0 ∙ �� )

�� = (�� + ���) + (��� + �� + ��������� + 0,6 ∙ �� )

A baixo, temos a tabela extraída na página 17 da norma Europeia (Guide Bridge, EC2,
[1]).

33
Tabela 5. 1- Coeficiente de majoração (Guide Bridge, EC2).

Coeficiente de majoração �
Ações permanentes 1,35
Acções variáveis principal 1,35
Acções variáveis secundária 1,5

Tabela 5. 2- Variáveis acompanhantes (Guide Bridge, EC2).

Carregamento Símbolo �� �� ��
Tráfego TS 0,75 0,75 0
UDL 0,40 0,40 0
��������� 0,40 0,40 0
Temperatura �� 0,6 0,6 0,5

5.2. Resultado dos Esforços internos

Tabela 5. 3- Esforços internos resultantes ao meio vão.

MEIO VÃO
COMBINAÇÕES MOMENTO CORTANTE AXIAL
ELU 19479,973 -4762,443 9,435
C.Q.P 8138,674 -9 4,434
COMINAÇÃO RARA 14429,634 -3527,736 6,989
COMBINAÇÃO 12565,701 -3194,892 6,191
FREQUENTE

Tabela 5. 4- Esforços internos resultantes no apoio.

APOIO
COMBINAÇÕES MOMENTO CORTANTE AXIAL
ELU -13445,52 3727,772 -51609,601
C.Q.P -9012,871 2499,345 -33344,161
COMINAÇÃO RARA -9989,661 2759,832 -38229,332
COMBINAÇÃO -9400,492 2605,285 -35815,009
FREQUENTE

Tabela 5. 5- Esforços internos resultantes nos tirantes.

TIRANTES
COMBINAÇÕES 1 2-9
ELU 16989,364 8798,048
C.Q.P 9351,155 5519,171
COMINAÇÃO RARA 12584,651 6517,060
COMBINAÇÃO 11441,620 6071,905
FREQUENTE

34
Tabela 5. 6- Esforços internos resultantes na torre.

TORRE
COMBINAÇÕES MOMENTO CORTANTE AXIAL
ELU -448,607 193,687 -62638,220
C.Q.P -229,462 89,478 -40808,878
COMINAÇÃO RARA -369,335 143,471 -46398,679
COMBINAÇÃO -326,157 126,771 -43541,117
FREQUENTE

5.3. Dimensionamento do tirante

Definição: Tirante é um elemento linear submetido ao esforço de tração. Para a


dimensionamento do tirante, deve-se conservar que a força solicitante deve ser sempre
inferior ou igual à força resistente.

Estado Limite Último (E.L.U)

Para o dimensionamento dos tirantes, repartiu-se em dez tirantes, dimensionando uma


de cada tendo em conta a força que ela possui.
Depois de modelado, a ponte no software Sap2000, obtivemos diagramas de esforços
axiais, onde o tirante mais desfavorável, isto é, submetido ao maior esforço normal, foi o
tirante 1, de 16 989,364�� . As armaduras de pré-esforço foram dimensionadas
considerando que eram tensionados 75% da força de roptura. Com isso podemos recorrer ao
dimensionamento dos tirantes.

Figura 5. 1- Denominação dos tirantes.

35
Dados:

�∞,1 = 16 989,364��
�∞,9 = 8 798,048��

Perdas de pré-esforço

Durante a aplicação do pré-esforço, ocorrem perdas nos dispositivos de amarração,


devido a deformação da própria ancoragem, devido ao deslizamento dos cordões os fios nas
cunhas de ancoragem ou das próprias cunhas na placa de ancoragem. Os valores dos
deslocamentos variam de 1 a 12mm, embora que os valores que mais são frequentes variam
entre os 5 a 8mm. [8]

Valor da Força de Pré-esforço

Durante a execução do pré-esforço, aparecem de forma imediata as perdas


instantâneas, que são consequência do atrito dos cabos, deformação instantânea do betão.
Logo a seguir, aparecem as perdas diferidas, que são consequências da retracção do betão,
perdas por fluência e pela relaxação da armadura. A tabela a baixo resume a percentagem de
perdas para cada caso. [9]

Tabela 5. 7- Perdas instantâneas e perdas diferidas.

Perdas instantâneas Perdas diferidas


8% à 12% 12% à 15%

A primeira força a ser aplicada é denominada por Força de tensionamento (�'0 ) .


Durante a aplicação desta força, ocorrem as perdas imediatas, que vão reduzir a mesma na
força denominada por Força de pré-esforço após perdas imediatas (�0) . Depois de um
certo tempo, ocorrem as Perdas diferidas, que vão também reduzir a Força após a perda
imediata para a Força de pré-esforço útil ou a tempo infinito (�∞ ).
Logo, teremos:
Tabela 5. 8- Valores das perdas escolhidos.

Perdas instantâneas Perdas diferidas


10% 14%

36
Para Tirante 1:

Força de puxo:
����� = 0.75 × �ú��� × 1.5

����� = 209.25�� (5.1)


Perda:
����� = ���������. × ����������.

����� = 0.774 (5.2)


��������
�ú����� �� ����õ�� =
����� × �����

16989,364��
�ú����� �� ����õ�� =
209.25 × 0.774

�ú����� �� ����õ�� = 104,899


�ú����� �� ����õ�� 105 (�� = 157,5��2 ) (5.3)

Estado Limite de Serviço (E.L.S)

�� ≤ 0.8���

���
�� =
��

16989,364��
�� =
157,5 × 10−4
�� = 1078.690���

1078.690��� ≤ 0.8(1860���)
1079.892��� ≤ 1488��� (�. �) (5.4)

37
Força máxima de tensionamento

Baseando-se no EC2, a força máxima a aplicar num cabo de pré-esforço é dada pela
seguinte fórmula a baixo:

��á� = �� × ��á�

Onde:

��á� = min 0.8��� ; 0.9��0,1� e representa a tensão máxima a aplicar aos cordões na altura
da aplicação do pré-esforço.
Depois de aplicar-se as forças para as ancoragens, as tensões admissíveis são as seguintes
��á� = min 0.75��� ; 0.85��0,1�

Tabela 5. 9- Especificações do tirante.

Logo, teremos:
��á� = min 0.8 × 1860 ; 0.9 × 1670

��á� = min 1488 ; 1503


��á� = 1488���

��á� = �� × ��á�

��á� = 157,5 × 10−4 × 1488 × 106

��á� = 23 436�� (5.5)

��á� ≥ �'0

�∞
�'0 =
������
16989,364��
�'0 =
0.774
38
�'0 = 21 950,083�� (5.6)

21 950,083�� ≤ 23 436 (�. �)


Para Tirante 10:

Força de puxo:
����� = 0.75 × �ú��� × 1.5
����� = 209.25�� (5.7)

Perda:
����� = ���������. × ����������.
����� = 0.774 (5.8)

��������
�ú����� �� ����õ�� =
����� × �����

8 798,048��
�ú����� �� ����õ�� =
209.25 × 0.774

�ú����� �� ����õ�� = 54,323


�ú����� �� ����õ�� = 55 (�� = 82,5��2 ) (5.9)

Estado Limite de Serviço (E.L.S)


�� ≤ 0.8���

���
�� =
��
8 798,048��
�� =
82,5 × 10−4

�� = 1066,430��� (5.10)

1066,430��� ≤ 0.8(1860���)
1066,430��� ≤ 1488��� (�. �)
39
Força máxima de tensionamento

Baseando-se no EC2, a força máxima a aplicar num cabo de pré-esforço é dada pela
seguinte fórmula a baixo:
��á� = �� × ��á�

Onde:

��á� = min 0.8��� ; 0.9��0,1� e representa a tensão máxima a aplicar aos cordões na altura
da aplicação do pré-esforço.
Depois de aplicar-se as forças para as ancoragens, as tensões admissíveis são as seguintes
��á� = min 0.75��� ; 0.85��0,1�

Tabela 5. 10- Especificações do tirante.

Logo, teremos:

��á� = min 0.8 × 1860 ; 0.9 × 1670


��á� = min 1488 ; 1503
��á� = 1488���

��á� = �� × ��á�

��á� = 82,5 × 10−4 × 1488 × 106

��á� = 12 276�� (5.11)

��á� ≥ �'0
�∞
�'0 =
������
5354.142��
�'0 =
0.774
�'0 = 6917.496�� (5.12)

40
7588.8�� ≥ 6917.496�� (�. �)

Tabela 5. 11- Resumo do dimensionamento do tirante.

Tirantes 1 2a6
Área (cm²) 322 51
Número de cordões (un) 215 34
Força de aplicação (kN) 44925.749 7588.8

Tabela 5. 12- Dimensionamento dos tirantes

Tirantes Força nos tirantes Número de cordões Área �,0 ��á� Verificação
(��) (cm2 ) (��) (��)

1 16989,364 105 157 21 950,083 23413,42 (O.K)


2 3402,414 21 32 4 395,884 4688,943 (O.K)
3 6567,399 41 61 8 485,012 9050,679 (O.K)
4 5451,912 34 50 7 043,814 7513,402 (O.K)
5 5705,648 35 53 7 371,638 7863,081 (O.K)
6 5700,452 35 53 7 364,925 7855,92 (O.K)
7 5195,063 32 48 6 711,968 7159,432 (O.K)
8 5803,954 36 54 7 498,649 7998,558 (O.K)
9 3135,092 19 29 4 050,506 4320,54 (O.K)
10 8798,048 54 81 11 366,987 12124,79 (O.K)

5.4. Dimensionamento do tabuleiro.

5.4.1. Análise Transversal

A análise transversal foi feita no software Sap2000, num modelo de viga bi-apoiada,
tendo as sobrecargas rodoviárias, colocadas em posições que geram maiores esforços de
acordo ao Eurocódigo.
Considerou-se apoios (molas) nas posições das almas de modo a ter uma boa
simulação comportamento do tabuleiro. Com isso, introduziu-se os parâmetros de rigidez da
alma no software. [10]

Parâmetros de rigidez

Os parâmetros de rigidez podem ser calculados da seguinte forma [10]:


41
 Rigidez a flexão
� 4
�����ã� = ×�×�

Dados
� = 37���
� = 30,70�4
� = 197�

� 4
�����ã� = × 37 ∙ 109 × 30,70
197

�����ã� = 73 455,353 ��/� (5.20)

 Rigidez a torção
� 2
����çã� = ×�×�


�=
2,4
37���
�=
2,4
� = 15,417��� (5.21)
Dados
� = 433.8�4
� = 197�

� 4
�����ã� = × 15,417 ∙ 109 × 433.8
197

�����ã� = 432 486,715�� ∙ �/��� (5.22)

42
O software Sap2000 permite que se introduz as cargas junto dos coeficientes de
majoração, permitindo assim que se faça, ainda no programa, a combinação das acções. Com
isso, teremos como escolhido, a combinações menos favorável, ou seja, que gerar mais
esforços no tabuleiro.
A baixo, temos a Tabela 5.12, contendo os esforços transversais do tabuleiro.

Tabela 5. 13- esforços transversais do tabuleiro, a meio vão e nos apoios.

APOIO MEIO VÃO


M Q M Q
ELU 1004,582 1640,761 924,632 276,422
FREQ 575,325 970,78 463,554 155,183
CQP 112,785 317,715 194,982 11,147
RARA 718,035 1177,534 661,136 203,304

5.4.2. Análise longitudinal

Pré-esforço é um sistema utilizado em elementos estruturais com o objetivo de aliviar


as tensões de tracção, isto é, introduzindo um estado de tração e deformação, por meio de um
cabo de aço de alta resistência. Sabe-se que o betão é um material com baixa resistência a
tracção, então, o pré-esforço aparece para controlar, ou seja, reduzir as tensões de tração
presente no elemento estrutural.
Os cabos de pré-esforço devem estar localizados em zonas traccionadas da viga,
baseando-se no diagrama de esforço das cargas permanentes, de forma a aliviar os esforços de
tração.

Figura 5. 2 - Esforços internos numa viga sem o pré-esforço quando aplicada uma carga (Costa, 2014).
43
Figura 5. 3 - Esforços internos numa viga pré-esforçada quando aplicada uma força. [9].

Os cabos de pré-esforço podem ser localizados em diferentes posições do elemento


estrutural, vamos tomar como exemplo a viga da figura 5.2 e a figura 5.3.
Podemos ver no primeiro caso que o nosso cabo de pré-esforço está localizado bem no
centro de gravidade da viga carregada com uma carga distribuída q, gerando assim esforço
axial de compressão de magnitude P, que levariam a viga a ter um elevado estado de tensão
de compressão na sua fibra superior.
No segundo caso, o cabo de pré-esforço encontra-se um pouco mais abaixo do centro
de gravidade, próximo a face inferior, onde geralmente encontramos a zona traccionada (a
meio vão). Esse afastamento da carga em relação ao centro de gravidade, chamado de
excentricidade, gera um momento de magnitude � × � , trazendo assim para a viga uma
redução, ou seja, um alívio do estado tensões, visto que esta deformação imposta é contrária
ao estado de deformação gerado pela carga q.
No terceiro caso, a configuração do cabo de pré-esforço deixa-nos presentes a uma
situação em que para além do esforço axial introduzido pelos cabos de pré-esforço, também se
gera um esforço transverso de sentido contrário ao da carga q.
Com o pré-esforço, pretende-se aliviar os níveis de tensões de tracção, evitando assim
com que que haja fissuras na estrutura, velando pela durabilidade da estrutura, pois quando os
cabos de alta resistências estão fortemente tensionados, são sensivelmente vulneráveis à
corrosão.

44
Figura 5. 4 - Esforço axial centrado, com excentricidade e esforço axial e transversal [9].

Traçado de pré-esforço.

De modo geral, o traçado de pré-esforço comporta-se do mesmo jeito, passando em


zonas traccionadas do nosso elemento estrutural a fim de aliviar as tensões de trações
existentes. Isto quer dizer que a meio vão, os cabos passam junto à face inferior e nos apoios,
eles passam juntos à face superior.
Segundo [9] , o pré dimensionamento para a disposição do pré-esforço é feita da
seguinte maneira:

Figura 5. 5- pré-dimensionamento para a disposição do cabo de pré-esforço [9].

Baseando-se na figura 5.5, teremos as seguintes dimensões:

Para o primeiro troço (L=89m)

A comprimento 1 deve estar no intervalo 0,35� ≤ � 1 ≤ 0,5�, ou seja, 4,45� ≤ � 1 ≤


13,35�
45
� 1 = 39,5�

� 1 39,5�
=
� 89�
�1
= 0,44

� 1 = 0,44� (5.23)

0,35� ≤ 0,44� ≤ 0,5�


(Verifica)
A comprimento 3 deve estar no intervalo 0,05� ≤ � 3 ≤ 0,15� , ou seja, 31,15� ≤
� 3 ≤ 44,5�

� 3 = 10�

� 3 10�
=
� 89�
�3
= 0,11

� 3 = 0,11� (5.24)

31,15� ≤ � 3 ≤ 44,5�
(Verifica)

O comprimento 2 será a diferença do vão com os dois parâmetros já calculados (� 1 � � 3 ).

�2 = � − � 2 − � 3
�2 = 89� − 39,5� − 10�
�2 = 39,5� (5.25)

Com a mesma ideia, obtivemos o valor de �4 � �5 , que são respectivamente 10m e


88,5m.

46
Tabela 5. 14- Comprimento das parábolas.

Vão Comprimento (m)


1 39,5
2 39,5
3 10
4 10
5 88,5

Determinação das as Cargas equivalentes

Com isto, pode-se calcular a carga equivalente com as seguintes fórmulas [9].

8� (5.26)
�= �
�2

4� (5.27)
���(�) = �

Onde:
f: foco da parábola
L: duas vezes o comprimento da parábola
q: Carga equivalente
P: Carga de pré-esforço.

Repare que a carga equivalente está em função da carga de pré-esforço (P). Isso vai
nos permitir traçar o diagrama das cargas equivalentes, tendo o resultado obtido dependente
da carga de pré-esforço (P). A tabela 5.7 (gerada pelo Software Excel) vai simplificar o
cálculo destas cargas equivalentes. Visto que a viga é simétrica, vamos gerar os valores da
carga equivalente até ao meio e consequentemente teremos os valores equivalentes para toda a
viga.

Tabela 5. 15- Parâmetros da carga equivalente.

Parábola Comprimento (L) Foco (f) a q Ptg M


1 79 2,54 0,0016279 0,003256P 0,0643038P 0,2P
2 79 2,968 0,00177087 0,003542P - -
47
3 20 0,752 0,0075200 0,015040P - -
4 20 0,378 0,011200 0,022400P - -
5 177 3,342 0,00033196 0,000664P - -

As cargas equivalentes são colocadas na viga, obedecendo o comportamento da


concavidade das parábolas, tal como mostra a figura 5.7. Isto é, as cargas tomam o sentido
positivo (de baixo para cima), quando a concavidade da parábola estiver voltada para cima, ou
seja, quando a parábola for convexa e as cargas tomam o sentido negativo (de cima para
baixo), quando a concavidade da parábola estiver voltada para baixo, ou seja, quando a
parábola for convexa. A figura 5.8, mostra a disposição das cargas ao longo da nossa viga de
análise.

Figura 5. 6- Orientação das cargas de acordo a concavidade das parábolas [9].

Figura 5. 7- Esquema ilustrando a disposição das cargas equivalentes da viga (Autor)

Usando o Software Ftool, consegue-se encontrar os diagramas dos esforços internos


de um jeito mais simples e rápido.

Figura 5. 8- Diagrama do momento de pré-esforço (Autor).

48
O Momento isostático é o produto da carga de pré-esforço e a excentricidade (� × �).
Tendo as excentricidades, conseguimos ter o diagrama do momento isostático.

������á���� = � × �
Onde:

e: excentricidade do pré-esforço.

Figura 5. 9- Diagrama do momento isostático (Autor).

O Momento hiperestático é a diferença entre o Momento de pré-esforço e o Momento


isostático.

���������á���� = ���é−�����ç� − ������á���� (5.28)

Tabela 5. 16- Cálculo do Momento hiperestático.

PONTOS ���é−�����ç� ������á���� ���������á����


APOIO (1) -0,2 -0,2 0
MEIO VÃO 1-2 -2,4883 -2,6 0,11
APOIO (2) 1,5613 1,12 0,44
MEIO VÃO PRINCIPAL -0,299 -2,6 2,30

Com isso, temos o seguinte diagrama do Momento hiperestático.

Figura 5. 10- Diagrama do momento hiperestático (Autor)

49
Com isso, obtivemos os seguintes valores:

Tabela 5. 17- Momentos de pré-esforço máximo.

Localização Momento de pré-esforço máximo


Meio vão 2,30P
Apoio 0,44P

Valor da Força de Pré-esforço

O cálculo do valor de pré-esforço serve para descomprimir, ou seja, aliviar as tensões


de tracção as zonas traccionadas do elemento estrutural. Com base na norma EN1992-1, 2010,
usaremos as seguintes fórmulas para calcular a carga de pré-esforço.

Força máxima de tensionamento

Baseando-se no EC2, a força máxima a aplicar num cabo de pré-esforço é dada pela
seguinte fórmula a baixo:

��á� = �� × ��á�

Onde:

��á� = min 0.8��� ; 0.9��0,1� e representa a tensão máxima a aplicar aos cordões na altura
da aplicação do pré-esforço.
Depois de aplicar-se as forças para as ancoragens, as tensões admissíveis são as seguintes
��á� = min 0.75��� ; 0.85��0,1�

Tabela 5. 18- Especificações do aço resistente.

Logo, teremos:

50
��á� = min 0.8 × 1860 ; 0.9 × 1670
��á� = min 1344 ; 1503
��á� = 1344��� (5.29)

��á� = �� × ��á�

Cálculo da quantidade de pré-esforço

O Estado Limite de descompressão acontece quando são aliviadas as tensões de tração


nas fibras inferiores e superiores, em curta duração, mediante a combinações frequentes. [11]
O cálculo da quantidade de pré-esforço foi feito a meio vão e nos apoios. A meio vão,
as tensões de tracção concentram-se na fibra inferior e nos apoios, elas concentram-se na fibra
inferior. Com isso, de acordo as inequações 5.30 e 5.31, teremos que:

 A meio vão:

�∞ + ��,���� ��� ��,����


��,�������� =− − + ≤0 (5.30)
� ��������� ���������

 Nos apoios:

�∞ + ��,���� ��� ��,����


��,�������� =− − + ≤0 (5.31)
� ��������� ���������

 A meio vão:

�∞ − 6,191 2,30�∞ 19 479,973


��,�������� =− − + ≤0
14,82 14.142 14.142

�∞ ≥ 5 987,824��

�∞ = 5 988��
 Nos apoios:

�∞ + 35 815,009 0,44�∞ 13 445,52


��,�������� =− − + ≤0
14,82 30,754 30,754

�∞ =− 24 203,810��

51
Observou-se que temos mais esforços a meio vão, então deve dimensionar-se os cabos
de pré-esforço, com base na carga de maior valor �∞ = 5 988��. Quanto ao valor negativo
nos apoios, quer dizer que, devido ao excesso de esforço normal, gerado pelos tirantes nas
zonas de ancoragem, com tabuleiro, não há necessidade da utilização de pré-esforço. Com
isso, utilizaremos apenas o pré-esforço de continuidade, com base aos cálculos da carga do
pré-esforço a meio vão.

Força de aplicação do pré-esforço

Perdas
�∞ = �0 − 14%�0

�∞ = (1 − 0,14)�0

�∞ = 0,86�0

�∞
�0 =
0,86

5 988��
�0 =
0,86

�0 = 6 962,791�� (5.32)
�0 = �'0 − 10%�'0
�0 = (1 − 10%)�'0

�0 = 0,90�'0

�0
�'0 =
0,9
6 961,628��
�'0 =
0,9

�'0 = 7 736,434�� (5.33)

52
Cálculo das armaduras de pré-esforço

As armaduras de pré-esforço foram dimensionadas considerando que eram


tensionados 75% da força de roptura.

�'0 = 0,75���

�'0
�� =
0,75 × 1860.103

7 735,142��
�� =
0,75 × 1860.103

�� = 55,46��2 (5.34)

Número de cordões:

��
�ú����� �� ����õ�� = (5.35)
1,5

55,46
�ú����� �� ����õ�� =
1,5

�ú����� �� ����õ�� = 36,972

�ú����� �� ����õ�� = 37

Número de cabos

�ú����� �� ����õ�� (5.36)


�ú����� �� ����� =
7

�ú����� �� ����� = 5,286

�ú����� �� ����� = 6 (� = 63��2 )

A força de tensionamento dos cabos é:

�'0 = �� × ��� (5.37)

�'0 = 6 × 1,5 × 10−4 × 1860 × 106

�'0 = 11 718��
53
Verificação de Segurança aos Estados Limites Últimos

Estado Limite último de Flexão

Dimensionamento das armaduras ordinárias para a Direção Longitudinal

Para o cálculo das armaduras ordinárias, usaremos o método do diagrama rectangular


simplificado.

Armaduras ordinária a meio vão

Para o cálculo das armaduras deve ter em conta o momento hiperestático, então,
teremos:

��� = 1.35(���+ ���� + ��� + ��� ������� + ���� ) + ����

���� = 2,30 × �∞

���� = 2,30 × 5 987

���� = 13 770,1� (5.38)


��� = 15 143,291 + 13 770,1

��� = 28 913,391��. � (5.40)

Figura 5. 11 - Esquema do método do diagrama rectangular.

54
Onde:
�� : área de pré-esforço
�� : área das armaduras ordinárias
�� : Força do betão
∆�� :
�� : Força das armaduras ordinárias.

A meio vão:
�� = ℎ − 0,14 = 4 − 0,14 = 3,86� (5.41)

�� = ℎ − � = 4 − 0,05� = 3,95� (5.42)

�� = 0.85��� × 0.8� × � (5.43)

�� = 0.85��� × 0.8� × �
�� = 0.85 × 33,33 × 106 × 0.8� ×19.5
�� = 441 955,8�
��0,1�
�� = �� × (5.44)
1,15
1670 × 106
�� = 63 × 10−4 ×
1,15
�� = 9 148,696��
�� = �� × ��� (5.45)
�� = �� × 435 × 106
Equilíbrio dos momentos
∑��� = ���

��� = ��� = �� × �� − 0.4� + �� × �� − �� (5.46)

��� = 441 955,8� ∙ 3,95 − 0.4� + 9 148,695 × 3,95 − 3,86 = ���


441 955,8� ∙ 3,95 − 0.4� + 9 148,695 × 3,95 − 3,86 = 28 913,391
� = 0,0161�

55
�� = 441 955,8(0,0161)
�� = 7 115,488��

A força do pré-esforço é maior que a força no concreto, isto quer dizer que o pré-
esforço, singularmente, consegue resistir aos esforços de flexão. Mas ainda assim, há
necessidade da utilização das armaduras ordinárias. Neste caso, recorremos as armaduras
mínimas e elas são determinadas de acordo a seguinte fórmula:

0,26 ∙ ���� ∙ � ∙ �
��,��� = (5.47)
���
0,26 ∙ 4,1 ∙ 19,5 ∙ 3,95
��,��� =
500
��,��� = 1 642,173��2 (335∅25 → � = 1 644,85��2 )

Armaduras ordinárias nos apoios

��� = 1.35(���+ ���� + ��� + ���� ) + ���� (5.48)

���� = 1.2908 × �∞

���� = 0,44 × 5 987��

���� = 2 634,28��. �

��� = 11 099,162 − 2 634,28

��� = 8 464,882��. �

�� = ℎ − 0,14 = 4 − 0,14 = 3,86�


�� = ℎ − � = 4 − 0,05 = 3,95�

�� = 0.85��� × 0.8� × �
�� = 0.85��� × 0.8� × �
�� = 0.85 × 33,33 × 106 × 0.8� × 9,4
�� = 203 045,360�

56
��0,1�
�� = �� × (5.49)
1,15
1670 × 106
�� = 63 × 10−4 ×
1,15

�� = �� × ��� (5.49)
�� = �� × 435 × 106
Equilíbrio dos momentos
∑��� = ���

��� = ��� = �� × �� − 0.4� + �� × �� − �� (5.50)

��� = 203 045,360� ∙ 3,95 − 0.4� + 9 148,695 × 3,95 − 3,86 = ���


203 045,36� ∙ 3,95 − 0.4� + 9 148,695 × 3,95 − 3,86 = 11 099,882
� = 0,0128�

�� = 203 045,36(0,0128)
�� = 2 598,981��

A força do pré-esforço é maior que a força no concreto, isto quer dizer que o pré-
esforço, singularmente, consegue resistir aos esforços de flexão. Mas ainda assim, há
necessidade da utilização das armaduras ordinárias. Neste caso, recorremos as armaduras
mínimas e elas são determinadas de acordo a seguinte fórmula:

0,26 ∙ ���� ∙ � ∙ �
��,��� =
���
0,26 ∙ 4,1 ∙ 9,4 ∙ 3,95
��,��� =
500
��,��� = 791,612��2 (162∅25 → � = 795,42��2 )

57
Armadura da zona comprimida

Apesar de não desempenhar uma função estrutural na estrutura, por norma,


recomenda-se a utilização das armaduras em zonas comprimidas, por questões construtivas.
Para o presente dimensionamento, optou-se que as armaduras nas zonas comprimidas, serão
10% do valor calculado para as armaduras nas zonas de tracção.

����� ���������� = 0,10 × ��,��� (5.51)

A meio vão:
����� ���������� = 0,10 × 1 642,173��2
����� ���������� = 164,217��2 (34∅25 → � = 166,94��2 )

No apoio:
����� ���������� = 0,10 × 791,612��2
����� ���������� = 79,161��2 (17∅25 → � = 83,47��2 )

Verificação da segurança à Flexão

Para a verificação da segurança à flexão, considerou-se apenas o pré-esforço, de modo


a não levar em conta a resistência das armaduras ordinárias.

��� ≥ ���

Verificação de resistência a meio vão:

Onde:

��� = 19 447,973��. �

�� = 3,86�
��� = �� × (�� − 0,4�)

��� = 9 148,695 × (3,86 − 0,4 × 0,0132)

��� = 26 710,415��. �

58
��� = 26 710,415��. � ≥ ��� = 19 479,973��. � (�. �)

Podemos observar que por si só, o pré-esforço garante a resistência a flexão da


estrutura a meio vão.

Verificação de resistência no apoio:

��� ≥ ���
Onde:

��� = 19 447,973��. �

�� = 3,86�

��� = �� × (�� − 0,4�)

��� = 9 148,695 × (3,86 − 0,4 × 0,0128)

��� = 26 700,969��. �

��� = 35 267,121��. � ≥ ��� = 13 445,52��. � (�. �)

Podemos observar que por si só, o pré-esforço garante a resistência a flexão da


estrutura no apoio.

59
Estado Limite último de Esforço Transverso

Conforme podemos ver na figura a baixo, a componente vertical do cabo de pré-


esforço gera uma resistência ao esforço transverso. O ângulo �, geralmente, para elementos
comprimidos, varia de 22 º à 26º. Para o nosso caso, consideraremos um ângulo intermediário
de 25º

Figura 5. 12 - Esquema dos esforços cortantes.

��� ≥ ��� − � ∙ ��(�) (5.52)

 Cálculo da armadura transversal

��� ��� − � ∙ ��(�)


= (5.53)
� � ∙ ����� ∙ ���

Para almas inclinadas, deve projectar-se de acordo a fórmula a seguir:

���
�´�� = (5.54)
cos (�)

Onde:
�: ângulo de inclinação da alma com o eixo vertical.

��� �´�� − � ∙ ��(�)


= (5.55)
� � ∙ ����� ∙ ���

Para: � = 25°

� = 0,9 × 4 = 3,6�
60
� = 0,9 × 3,6 = 3,24�

� ∙ ����(25°) = 6,948

Nos apoios:

3727,772
�´�� =
cos (13°)

�´�� = 3825,827��

��� 3825,827 − 0,0643 × 5987


= 3 × 104
� 6,948 ∙ 435 × 10

���
= 11,385��2 /� (∅16//0,15 → � = 13,33��2 /�)

A meio vão:
4762,443
�´�� =
cos (13°)

�´�� = 4 887,715��

��� 4 887,715 − 0,0643 × 5987


= 3 × 104
� 6,948 ∙ 435 × 10

���
= 14,898��2/� (∅16//0,125 → � = 16��2 /�)

 Verificação de segurança ao Esforço Transverso

Para verificar a segurança ao esforço transverso, os cálculos devem cumprir a inequação


5.51.

��� (5.56)
��� = ( ) ∙ � ∙ ����� ∙ ���

No apoio:

��� = 13,33 ∙ 10−4 ∙ 3,24 ∙ ����(25) ∙ 435 ∙ 106

��� = 4 028,95��

��� ≥ ��� ´ − � ∙ ��(�)

61
4 028,95�� ≥ 3 440,862�� �. �
A meio vão:

��� = 16 ∙ 10−4 ∙ 3,24 ∙ ����(25) ∙ 435 ∙ 106

��� = 4 835,949��

��� ≥ ��� ´ − � ∙ ��(�)

4 835,949�� ≥ 4 502,687�� �. �

 Verificação da roptura por esmagamento do betão

��� − � ∙ ��(�)
�� = (5.57)
� ∙ �� ∙ ���� ∙ ����

�� = 0,40�

�´�� − � ∙ ��(�)
�� = (5.58)
� ∙ �� ∙ ���� ∙ ����

No apoio:
3825,827 − 0,0643 × 5987
�� =
3,24 ∙ 0,40 ∙ ���(25) ∙ ���(25)

�� = 6,932���

���
�� ≤ 0.6 1 − ∙ ���
250

50 50
�� ≤ 0.6 1 − ∙
250 1,5

6,932��� ≤ 16��� (�. �)

A meio vão:

4 887,715 − 0,0643 × 5987


�� =
3,24 ∙ 0,40 ∙ ���(25) ∙ ���(25)

�� = 9,071���

���
�� ≤ 0.6 1 − ∙ ���
250
62
50 50
�� ≤ 0.6 1 − ∙
250 1,5

9,071��� ≤ 16��� (�. �)

 Armadura de ligação Banzo-Alma.

Para armar a ligação entre o banzo e alma em tabuleiro de betão, considera-se a metade da
armadura transversal, tal como ilustra a equação 5.59. [12] Sendo assim, teremos:
��� �´�� − � ∙ ��(�)
= (5.59)
� 2 ∙ � ∙ ����� ∙ ���

No apoio:
���
= 6,287��2 /� (∅16//0,25 → � = 8,33��2 /�)

A meio vão:

���
= 7,667��2 /� (∅16//0,225 → � = 8,89��2 /�)

Dimensionamento das Armaduras para a Direção Transversal

O dimensionamento das armaduras transversal para a direção transversal, foi feito


tendo em conta a distribuição de cargas normatizadas pelo Eurocódigo, descrito no capítulo 4.
Os esforços foram obtidos a partir do Software Sap2000.

Esforços Apoio Meio vão


Momento Flector (kN.m/m) 1004,582 924,632
Cortante (kN/m) 1640,761 276,442

Para o dimensionamento das armaduras, utilizaremos o Método do Diagrama


Rectangular Simplificado, utilizando as tabelas de cálculo do Departamento de Engenharia
Civil, IST [13] , que nos dá de forma simplificada os parâmetros para calcular as áreas de
armaduras. Fornecido para apoio às aulas de Betão Armado I e II pelo Departamento de
Construção Civil da Faculdade de Engenharia da UAN. [1]

���
�= (5.60)
� ∙ �2 ∙ ���

63
� = �(1 + �) (5.61)

� ∙ �2 ∙ � ∙ ��� (5.62)
�� =
���

�� ∙ ���
��� = (5.63)
� ∙ �2 ∙ ���

��� = �(1 − 0,605�) (5.64)

��� = � ∙ � ∙ �2 ∙ ��� (5.65)

Tabela 5. 19- Área no apoio e a meio vão da secção transversal.

Momento Flector � � �� �������� ��������


(kN. m) (��2 /�)
Apoio 1004,582 0,753 1,321 40,494 2∅16//0,10
(�� = 40��2 /�)
Meio vão 924,632 0,694 1,174 35,996 2∅16//0,10
(�� = 40��2 /�)

Verificação de segurança a Flexão

No apoio da Secção:

�� ∙ ���
��� =
� ∙ � ∙ ���

40 ∙ 10−4 ∙ 435
��� =
50
1 ∙ 0,22 ∙ ( )
1.5

��� = 1,305

��� = 1,305(1 − 0,605 × 1,305)

��� = 0,275

��� = � ∙ � ∙ �2 ∙ ���
50
��� = 1,305 ∙ 1 ∙ 0,22 ∙ ( ) ∙ 103
1,5

64
��� = 1 740��

��� = 1 740�� ≥ ��� = 1004,582�� (�. �)

A meio vão da Secção:

�� ∙ ���
��� =
� ∙ � ∙ ���

40 ∙ 10−4 ∙ 435
��� =
50
1 ∙ 0,22 ∙ ( )
1.5

��� = 1,305

��� = 1,305(1 − 0,605 × 1,305)

��� = 0,275

��� = � ∙ � ∙ �2 ∙ ���

50
��� = 1,305 ∙ 1 ∙ 0,22 ∙ ( ) ∙ 103
1,5

��� = 1 740��

��� = 1 740�� ≥ ��� = 924,632�� (�. �)

Armadura de distribuição

Segundo o Eurocódigo, usaremos 20% da armadura principal para as armaduras de


distribuição.

�� , � = 0,20�� (5.66)

Tabela 5. 20- Armaduras de distribuição da secção transversal.

Armadura de distribuição
Área de aço (cm2 /�) Área adoptada
No Apoio 8 ∅12,5//0,15
(�� = 8,33 ��2 /�)
A meio vão 7,198 ∅12,5//0,15
(�� = 8,33 ��2 /�)

65
Armadura mínima

����
�� , ��� = 0,26 ∙ ∙� ∙� (5.67)
��� �

4,1
�� , ��� = 0,26 ∙ ∙ 1 ∙ 0,2
500

�� , ��� = 4,26 ��2 /�

Armadura de bordo

�� , ���
�� , ����� = �á� (5.68)
0,25 ∙ �+�, �ã�

4,26 ��2 /�
�� , ����� = �á�
2,083 ��2 /�

�� , ����� = 4,26 ��2 /�

Verificação de Segurança ao ELU de esforço transverso

��� ≤ ���
1 3
��� = ���, � ∙ � ∙ 100 ∙ �� ∙ ��� 3 + �1 ∙ ��� ∙ �� ∙ � ≥ 0,035 ∙ (� 2 ∙ ���) ∙ �� ∙ �

0,18 0,18
���, � = ��
= 1,5
= 0,12 (5.69)

200
�=1+ 200
=2 (�. �)
���
�1 = ≤ 0,02 (5.70)
�� ∙ �

��� 8,33 ∙ 10−4


�1 = = = 0,00417 ≤ 0,02 (�. �)
�� ∙ � 0,2

�1 = 0,15

��� (5.71)
��� =
��

66
6725,927
��� = = 0,908���
7,41
1
��� = 0,12 ∙ 2 ∙ 100 ∙ 0,0417 ∙ 50 3 + 0,15 ∙ 0,908 ∙ 106 ∙ 1 ∙ 0,2 = 27 269,642��

3 3
0,035 ∙ � 2 ∙ ��� ∙ �� ∙ � = 0,035 ∙ 2 2 ∙ 50 ∙ 1 ∙ 0,2 = 140��

��� = 27 269,642�� > 140�� (�. �)

��� = 1 640,761 ≤ ��� = 27 269,642�� > 140�� (�. �)

Verificação ao Estado Limite de Serviço (SLS)

Abertura de fendas na direção Longitudinal

Segundo Júlio Appleton, citado [1] , a verificação de abertura de fendas é feita,


considerando a contribuição do pré-esforço. Os cálculos para estimar as aberturas de fendas
serão de acordo às seguintes fórmulas.

� (5.72)
��� = � ∙ ����´ + �∞ (� + )

���� ´ = ���� ∙ � (5.73)

0,4 (5.74)
� = 0,6 + ≥1
ℎ0,25
0,4
� = 0,6 + = 0, , 8 ≥ 1
(4)0,25

�=1

����´ = ���� = 4,1���

Momento de fendilhação no apoio


��� = � ∙ ����´ + �∞(� + )

30,754
��� = 30,754 ∙ 4,1 ∙ 106 + 6929,275 ∙ (1,12 + )
14,82

67
��� = 85 185,903��. �

��, ���� = 9 251,617��. � ≤ ��� = 85 185,903��. � (���çã� �ã� ������ℎ���)

Momento de fendilhação a meio vão


��� = � ∙ ����´ + �∞(� + )

30,754
��� = 14,142 ∙ 4,1 ∙ 106 + 6929,275 ∙ (1,12 + )
14,82

��� = 43 364,156��. �

��, ���� = 14 464,711��. � ≤ ��� = 43 364,156��. � (���çã� �ã� ������ℎ���)

Verificação das Tensões

 Nos apoios:

Figura 5. 13- Esquema de tensões, numa viga pré-esforçada, no apoio.

�∞ + �� ��� ��
���� =− − +
� ���� ����
�∞ + �� ��� ��
� ��� =− + −
� ���� ����
 A meio vão:

Figura 5. 14- Esquema de tensões, numa viga pré-esforçada, a meio vão.

68
�∞ − �� ��� ��
���� =− − +
� ��������� ����

�∞ − �� ��� ��
���� =− + −
� ��������� ����

Tabela 5. 21 - Valores das tensões pela combinação frequente.

COMBINAÇÃO FREQUENTE
Momento Esforço Normal Tensão
Fibra
Flector(kN.m) (kN) (MPa)
Inferior -1,23197
Meio Vão 12565,701 6,191
Superior -1,00256
Inferior -5,26045
Apoio 9400,492 35815,009
Superior -5,46624

Tabela 5. 22- Valores das tensões pela combinação rara.

COMBINAÇÃO RARA
Momento Flector Esforço Normal Tensão
Fibra
(kN.m) (kN) (MPa)
Inferior -0,96826
Meio Vão 14429,634 6,989
Superior -0,88124
Inferior -5,50295
Apoio 9989,661 38229,332
Superior -5,75374

Tabela 5. 23- Valores das tensões pela combinação quase permanente.

COMBINAÇÃO QUASE PERMANENTE


Momento Flector Esforço Normal Tensão
Fibra
(kN.m) (kN) (MPa)
Inferior -1,85829
Meio Vão 8138,674 4,434
Superior -1,2907
Inferior -5,64109
Apoio 9012,871 38229,332
Superior -5,81727

Verificações no betão

Estado limite de descompressão

Segundo o [11], deve ser garantido que não haja tracções no tabuleiro, ou seja, garantir
que não haja tensões de tracção nas fibras mais traccionadas. Para estes casos, utiliza-se as
combinações frequentes, tal como já foi abordado.

69
�� ≤ 0
Tendo os valores das tensões calculados pela combinação frequente, resumidos na
Tabela 5.18, podemos verificar qual é o estado de tensão.

A meio vão (Fibra inferior):

−1,003 ≤ 0 (�. �)
No apoio (Fibra superior):

−5,260 ≤ 0 (�. �)
Fluência no betão

A norma [11], relata que para evitar deformações significativas no betão, devido a sua
fluência, a longo prazo, o módulo da tensão da fibra mais comprimida não pode ser maior que
45% da tensão característica do Betão.
��, ��� ≤ 0,45���

−5,817 ��� ≤ 22,5��� (�. �)


Esmagamento no Betão

Para evitar o esmagamento no betão devido a compressão, a compressão no betão


deve ser não pode ser superior a 60% da tensão característica do betão.

��, ��� ≤ 0,60���


−5,817 ��� ≤ 30��� (�. �)
Fendas Longitudinais

Para evitar as fendas, a tensão na fibra mais traccionada, calculada pela combinação
rara, não pode ser superior ao ����, ou seja, a tensão média de tracção no betão. [11]

�� ≤ ����
−0,881��� ≤ 4,7���

70
Verificação de segurança nas zonas de ancoragem

Nas proximidades das zonas onde são ancorados os cabos de pré-esforço, a força
concentrada é transmitida ao betão sob forma de elevadas tensões distribuídas na superfície da
placa de distribuição da carga. Nesse contexto, não são válidas as hipóteses da resistência dos
materiais para peças lineares. Deste modo, a verificação de segurança nas zonas das
ancoragens consiste em limitar as tensões de compressão no betão e dimensionar as
armaduras para absorverem as forças de tração que surgem devido à acção da carga
concentrada. .

Figura 5. 15 - Trajectória das tensões na zona de ancoragem.

Verificação de segurança ao esmagamento do betão devido a ancoragem dos tirantes

Nas zonas de ancoragem do tirante, onde concentram-se as cargas surgem de forma


imediata tensões de compressão na direção transversal. Deste modo, é necessário que
consideremos o incremento da capacidade resistente do betão.

De acordo ao Eurocódigo 2, podemos calcular o valor resistente da força concentrada,


aplicada com uma distribuição uniforme numa determinada área ��0 , com a seguinte fórmula:

��1
���� = ��0 ∙ ��� ∙ ≤ 3,0��� ∙ ��0
��0

Diâmetro da bainha de pré-esforço

∅� = 1,8√��
∅� = 1,8√157
∅� = 22,554��

71
∅� = 24�� (5.75)

O cabo mais desfavorável, ou seja, o maior cabo, possui 24�� de diâmetro, tendo
assim uma área de 157��2 . Com isto, chegamos aos seguintes valores:

Figura 5. 16- Esquema da zona de ancoragem

Onde:
��0 : área da placa de ancoragem;
��1 : é a maior área homotética relativamente a área da placa de ancoragem, possuindo
mesmo centro de gravidade e que os seus lados são menores que três vezes o lado a área da
placa de ancoragem.

Diâmetro da bainha

Logo, podemos adoptar uma área da placa de ancoragem, ��0 , de 0,40 × 0,40��2 .
Sendo que os lados da área ��1 , devem ser menor que três vezes os lados da área ��0 , teremos:

�1 = �1 = 0,24��
�2 = �2 = 2�1 = 2�1 = 0,48�� (5.76)
�2 − �1 = �2 − �1 = 0,24 ≤ ℎ = 0,25� (�. �)

72
��0 = �1 ∙ �1 = 0,242 = 0,0576�2 (5.77)

��1 = �2 ∙ �2 = 0,482 = 0,2304�2 (5.78)

Achando a resistência do betão

��1
���� = ��0 ∙ ��� ∙
��0

����
��� =
��1
��0 ∙
��0

���� = 1,35 × �'0 (5.79)


���� = 10 393,913��

10 393,913
��� =
0,2304
0,0576 ∙
0,0576

��� = 90 224,939��� (5.80)


��� = 1,5 × 90 224,939���
��� = 135 337,409��
��� = 135 337,409�� ≤ 50��� (�. �) (5.81)

Armadura de reforço na zona das ancoragens


�0
��1�� = 0,25 ∙ ��� ∙ (1 − ) (5.82)
�1
0,24
��1�� = 0,25 ∙ 10 393,913 ∙ (1 − )
0,48
��1�� = 1 299,239��

1 299,239
�� =
50
�� = 25,985 ��2 → 14∅16 (�� = 28��2 )

73
6. PROCESSO CONSTRUTIVO

6.1. Construção por avanços sucessivos

Tem em conta as condicionantes naturais que o local onde se pretende executar a


ponte possui, optou-se pela execução do tabuleiro da ponte por avanços sucessivos.

Este método consiste em executar o tabuleiro em balanços por meio de treliças


metálicas, também denominadas por cimbres, que podem ser superior ou inferior, a partir da
aduela de encabeçamento, acima do pilar. Optando pelo equilíbrio, os avanços dão-se sempre,
simultaneamente, de um lado e do outro de cada pilar. Casos há, em que os vãos extremos são
muito inferiores em relação ao vão central. Nestes casos, para evitar o possível desiquilíbrio
por conta do avanço singular do vão centra, usa-se dispositivos, juntos aos encontros, que
impossibilitam o desiquilíbrio da ponte, impondo reações contrárias, de forma a equilibrar a
estrutura.

Figura 6. 1- Construção por avanços sucessivos. [7]

O tempo para a execução de uma aduela varia entre sete a dez dias. O tempo de
referência ou ciclo de execução de um tramo, varia entre sete a oito dias, sendo:

74
Tabela 6. 1- Tempo de execução de uma aduela.

Dia Processos
1 Aplicação do pré-esforço no tramo betonado após três dias de
endurecimento do betão;
2e3 Abertura das cofragens e avanço do cimbre;
Posicionamento das Cofragens;
4 Colocação de armadura (se for pré-montada em estaleiro, esta tarefa fica
reduzida a um dia)
5 Betonagem;
6e7 Tempo para endurecimento do betão.

O pré-esforço, como pode ser visto na tabela, é aplicado após 3 dias do acto da
Betonagem. O betão deve possuir uma resistência capaz de resistir aos esforços introduzidos
no durante a aplicação do pré-esforço.

Figura 6. 2- Sequência de construção de pontes por avanço sucessivos.

75
Figura 6. 3- Ponte sobre o rio Kwanza construído por avanços sucessivos. [14]

A secção unicelular é geralmente vantajosa em pontes atirantadas e com o processo


construtivo em balanços sucessivos, pois, elas possuem um bom rendimento mecânico e uma
maior capacidade de resistência a roptura.
O tabuleiro é pré esforçado longitudinalmente com duas famílias de cabos [15]:
 Os cabos das consolas, na face superior, dispostos na face superior do tabuleiro,
e colocado à medida que vão sendo executado as sucessivas aduelas;
 Os cabos de solidarização, nas zonas centrais do vão, para estabelecer
continuidade do tabuleiro.
Durante a vida útil da ponte, podem existir situações não previstas no projecto, ou até
mesmo uma questão a análise de que o projecto vai tal como foi previsto ou não. Para tais
situações, há necessidade de que crie condições para futuras manutenções, reparação,
inspeção da mesma. Pode ser previsto a colocação de dispositivos que podem facilitar o
reforço do tabuleiro com pré esforços.

Figura 6. 4- Interior da viga de uma ponte em caixão [14].

76
Determinação dos cabos de pré-esforço para a fase de construção

Durante a fase de construção, há necessidade da colocação de cabos de pré-esforço na


zona superior do tabuleiro, devido aos momentos negativos. Estes cabos têm como objetivo
principal o alívio de tensões no tabuleiro, permitindo assim, que se execute as aduelas sem a
ocorrência de deformações na mesma.

Figura 6. 5- Diagrama de Momento no tabuleiro em fase de construção (sem os tirantes)

Figura 6. 6- Diagrama de Momento no tabuleiro em fase de construção (com os tirantes).

Consideramos um equipamento com o peso de 500kN no extremo do balanço de modo


a ter o efeito mais desfavorável.

������. = ������ × �

������ = 500��
� = 20�
������. = 500 ∙ 20 = 10 000��. �

������ = � + ������.
77
������ = 101 550,625 + 10 000

������ = 111 550,625��. �

� �∙� �
��,�������� =− − + ≤0 (5.30)
� ��������� ���������

 No apoio:

� 1.12� 111 550,625


��,��� =− − + ≤0
14,82 30,754 30,754

�∞ ≥ 34 912,280��

Força de aplicação do pré-esforço

Perdas
�∞ = �0 − 14%�0

�∞ = (1 − 0,14)�0

�∞ = 0,86�0

�∞
�0 =
0,86

34 912,280��
�0 =
0,86
�0 = 40 595,675 ��

�0 = �'0 − 10%�'0
�0 = (1 − 10%)�'0
�0 = 0,90�'0
�0
�'0 =
0,9
40 595,675��
�'0 =
0,9
�'� = �� ���, �����
78
Cálculo das armaduras de pré-esforço

As armaduras de pré-esforços foram dimensionadas considerando que eram


tensionados 75% da força de roptura.

�'0 = 0,75���

�'0
�� =
0,75 × 1860.103

45 106,305��
�� =
0,75 × 1860.103

�� = 323,343�2

Número de cordões:
��
�ú����� �� ����õ�� =
1,5

323,343
�ú����� �� ����õ�� =
1,5

�ú����� �� ����õ�� = 215,562

�ú����� �� ����õ�� = 216

Número de cabos
�ú����� �� ����õ��
�ú����� �� ����� =
19

�ú����� �� ����� = 11,343

�ú����� �� ����� = 12

A força de tensionamento dos cabos é:

��� = �� × ���

��� = 216 × 1,5 × 10−4 × 1860 × 106

79
��� = 60 246��

Aparelhos de apoio

Para obras de artes de grandes importâncias, há necessidade da colocação de


elementos conhecidos como Aparelhos de apoio, que são elementos que servem de ligação
entre o tabuleiro e os pilares e têm como objetivo possibilitar a movimentação natural
existente entre dois elementos e permite a absorção de esforços horizontais e rotação,
transmitindo aos pilares, os esforços verticais. [16]

Figura 6. 7- Aparelho de apoio linear. [16]

Figura 6. 8- Aparelho de apoio deslizante. [16]

Junta de dilatação

A junta de dilatação é um espaço usados em pavimentos e em outras construções de


betão com o intuito de permitir com que o betão possa expandir em presença de calor e

80
contrai em presença de frio. Em geral, a profundidade recomendada para uma junta é 30% da
espessura e deve ser menor que 0,15�. [17]

Figura 6. 9- Junta de dilatação (Google)

Para dimensionar as juntas de dilatação, deve ter-se em conta as informações


climáticas da região. O quadro isotérmico do Porto Amboim, figura 6.10, nos fornece
informações sobre a temperatura máxima e mínima da região. Com isto, podemos proceder ao
dimensionamento das juntas.

Figura 6. 10- Quadro isotérmico do Porto Amboim, Cuanza Sul, Angola (clima today).

Profundidade da junta:
ℎ����� = 0,30 × 25 = 7,5��
Variação térmica:
A componente da variação uniforme de temperatura de um elemento estrutural, ∆�� , é
definida por [17]:
81
∆�� = � − �0

 Expansão (calor):
O valor de �0 encontra-se no anexo nacional, mas em caso de não se encontrar, é
adoptado o valor de 15°
∆�� = ��á� − �0

∆�� = 33,8° − 15° = 18,8°


Variação do comprimento:

∆�������çã� = � ∙ � ∙ ∆°��������� �� ������ã�

∆�������çã� = 10−5 ∙ 375 ∙ 18,8°

∆�������çã� = 0,0705� = 7,05��

 Contração (frio):

∆°�� = �0 −����

∆°�� = 15° − 17,1° =− 2,1°

Variação do comprimento:

∆�������çã� = � ∙ � ∙ ∆°��������� �� ������çã�

∆�������çã� = 10−5 ∙ 375 ∙ ( − 2,1°)

∆�������çã� =− 0,007875� =− 0,79 ≅− 0,8��

Com estes resultados, adopto a utilização de uma junta de 10cm de largura e 8cm de
profundidade.

82
7. RESULTADO E DISCUSSÃO

Propor uma ponte com maiores dimensões, previstas a atender o grande aumento
populacional e consequentemente o aumento do tráfego previstas a utilizarem a ponte, será
uma mais valia para todos

Os momentos flectores após a aplicação dos tirantes diminuem de forma significativa,


tendo momentos negativos adjacentes às ancoragens dos tirantes no tabuleiro e momentos
positivos, mais ou menos, no meio entre os tirantes.

Os pré-esforços por si só, resistirão aos esforços internos, incluindo apenas, o mínimo
de armaduras ordinárias que a norma estabelece.

A utilização do pré-esforço, durante a execução, é realmente importante, de modo a


combater os momentos negativos que aparecem durante a execução dos balanços, pelo
método de avanço sucessivo. Sendo que podem ser desativados depois da aplicação dos
tirantes.

A secção em caixão do tabuleiro, apesar de ser uma secção com alta resistência
mecânica, possui peso próprio muito elevado, gerando mais esforços na estrutura,
comprometendo o aspecto económico, mas salvaguardando o aspecto da segurança.

O tempo de duração de execução de uma ponte atirantada betonada in-situ,


relativamente a uma ponte pré-fabricada, é elevada, devido ao tempo de cura do betão para a
aplicação do pré-esforço, primeiramente, após isso, esperar o momento para o avanço da
aduela seguinte.

83
8. CONCLUSÃO

Durante as investigações feitas e estudos sobre o tema, que tornaram possível a


execução deste trabalho, chegou-se à conclusão que:

 O sistema de tirantes diminuiu de forma significativa, aproximadamente 40


vezes, os momentos no tabuleiro. Gerando assim esforços de compressão no
tabuleiro e nas torres;

 As pontes atirantadas são boas soluções para zonas onde há necessidades de se


vencer um vão sem ter de causar constrangimentos à navegabilidade;

 Os cabos de pré-esforços serão de grande importância para a vida útil da


estrutura, e não só, como também durante a execução da mesma, pois ela alivia
as tensões excessivas no apoio que aparecem durante a execução dos tabuleiros,
antes da colocação dos tirantes;

 Em zonas com excessivos esforços normais, como em zonas em que os tirantes


geram esforços de compressão no tabuleiro, o uso dos cabos de pré-esforço não
foi para o alívio das tensões de tracções, mas sim para garantir a continuidade
da estrutura.

 A ponte não estará sujeita a deformações a longo, como a curto prazo, pois ela
cumpriu todas as verificações conforme descreve o regulamento já citado.

 A execução desta ponte seria uma mais valia, visto no seu dimensionamento
levou-se em conta o grande aumento de tráfego e demográfico. Levando assim,
a ter um tabuleiro maior, relativamente à actual ponte, permitindo assim uma
maior fluidez do tráfego na região.

84
8. RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Neste presente trabalho, temos algumas recomendações para desenvolvimento de


futuros trabalhos, devido a não abordagem ou a abordagem superficial da mesma, e sendo
estes aspectos importantes no estudo global das pontes atirantadas, recomendo, de forma a
complementar o presente trabalho, o seguinte:

 Análise e dimensionamento do tabuleiro de uma ponte atirantada com aduelas pré-


fabricadas;
 Análise e dimensionamento das torres, pilares, fundações e encontros em pontes
atirantadas;
 Análise e verificação das ancoragens dos tirantes no tabuleiro e nas torres;
 Processo construtivos de uma ponte atirantada por método de avanços sucessivos;
 Monitorização e manutenção em pontes atirantadas;
 Estudo dos diversos tipos de aparelhos de apoios.

85
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] J. A. José, Dimensionamento do Tabuleiro de uma ponte de Betã armado e pré-esforçado


construida por lançamento incremental, Luanda, 2022.
[2] A. M. B. Martins, Análise e optimização de pontes atirantadas de betão, Coimbra, 2015.
[3] D. d. P. Online, “Maior Ponte Estaia do Mundo abre ao Tráfego,” Diário do Povo
Online, vol. I, p. 3, 2020.
[4] J. A. B. Gama, Pontes de Concreto Armado, Brasília, 2014.
[5] M. K. E. D. &. T. Takeya, Introdução às pontes de concreto, São Carlos, 2007.
[6] J. A. Reis, Folhas da Disciplina de Pontes, 2006.
[7] J. A. Reis, Concepção das pontes. Métodos Construtivos., Lisboa, 2006.
[8] P. Cachim, Estruturas de Betão Pré-esforço, Porto, 2016.
[9] A. Costa, Estruturas de betão II - Folhas de apoio às aulas, Lisboa, 2013/2014.
[10] F. D. Fanti, Concepção, Métodos Construtivos e Dimensionamento de Terminais para
Contêiners, São Paulo, 2007.
[11] EN 1992-1-1 - Projecto para Estrutura de Betão. Parte 1-1: Regras Gerais e Regras para
Edifícios., 2010.
[12] J. N. d. Camara, Estrutura de Betão Armado I, Folhas de apoio às aulas IST Dept. de
Engenharia e Arquitectura,, Lisboa, 2013-2014.
[13] A. G. &. J. Vinagre, Betão Armado e Pré-esforçado I, Lisboa, 1997.
[14] T. J. Fernando, processos construtivos de uma ponte de betão armado e pré-esforçado,
Luanda, 2009.
[15] T. J. Fernando, Projecto Estrutural de uma Ponte de Betão Armado e Pré-esforçado,
Luanda, 2015.
[16] M. I. C. Vieira, Tipologia, Instalação, Funcionamento e Manutenção de diversos tipos de
Aparelhos de Apoio, Lisboa, 2013.
[17] EN 1991-1-5 - Acções em estruturas parte 1-5: Ações gerais e Ações térmicas., Lisboa,
2009.
[18] M. F. Q. Ytza, Métodos construtivos de pontes estaiadas - Estudo da distribuição de
forças nos estais, São Paulo, 2009.
[19] P. M. N. d. Almeida, Cálculos de esforços em tabuleiros de pontes de tirantes durante a
fase construtiva, Porto, 2013.
[20] P. Torneri, Comparação estrutural de ponte estaiada - Comparação de alternativa, São
Paulo, 2002.
[21] J. Pessoa, Análise e fimensionamento de ponte em laje, Paraíba, 2016.
[22] M. P. d. C. Alves, Modelação de sobrecargas rodoviárias. Estudo comparativo entre
diferentes normas, Lisboa, 2012.
[23] M. A. d. O. Nunes, Dimensionamento de Pontes Rodoviárias de Betão Armado e Pré-
Esforçado, Lisboa, 2014.
[24] P. D. D. Preto, Aplicação de pré-esforço exterior como técnica de reforço de estruturas
de betão, Lisboa, 2014.
[25] P. D. D. B. Preto, Aplicação de pré-esforço exterior como técnica de reforço de
86
estruturas de betão, Lisboa, 2014.
[26] F. M. Fonseca, Análise de pontes construídas em balanços sucessivos., Rio de Janeiro,
2015.
[27] R. C. D. e. P. M. Lazzari, Análise comparativa dos diferentes sistemas de distribuição de
estais da Ponte Estaiada da Rodovia do Parque, 2018.
[28] J. M. M. Freitas, Ação do Tráfego Rodoviário em Pontes de Betão Armado, Porto, 2008.
[29] M. F. C. L. Pereir, Dimensionamento de uma Ponte de Concreto Armado e Aço na
Cidade de Carmo-RJ, Fluminense, 2016.
[30] A. C. d. Louro, Separador de Via simétrico New jersey H2 - Macho, 2023.
[31] M. P. d. C. Alves, Modelação de Sobrecargas rodoviárias, Lisboa, 2012.
[32] B. J. Dala, Patologias em Ponte de Betão - Ponte sobre o Rio Longa, Luanda, 2022.
[33] A. C. R. e. G. L. Peres, O Método dos Avanços Sucessivos, desde a Fase de Projecto à
Construção da Ponte., Lisboa, 2016.
[34] EN 1990 - Bases para o Projctos de Estruturas., 2010.

87
10.ANEXOS E APÊNDICES

Apêndice A-Esforços internos

Figura A. 1- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (ELU)

Figura A. 2- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (Comb. Frequente)

88
Figura A. 3- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (C.q.p).

Figura A. 4- Valores de momento flector es esforço cortante nos apoios (Comb. Rara).

89
Figura A. 5- Valores de esforço normal nos apoios (ELU).

Figura A. 6- Valores de esforço normal nos apoios (Comb. Frequente).

90
Figura A. 7- Valores de esforço normal nos apoios (C.q.p).

Figura A. 8- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (Comb. Frequente).

91
Figura A. 9- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (C.q.p).

Figura A. 10- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (Comb. Rara).

92
Figura A. 11- Valores de momento flector e esforço cortante a meio vão (ELU).

Figura A. 12- Valores de esforço axial a meio vão (Comb. Frequente).

93
Figura A. 13- Esforço Normal nos tirantes.

Apêndice B- Definição das cargas

Figura B. 1- Definição das cargas.

94
Figura B. 2- Combinação das cargas (ELU)

Figura B. 3- Combinação das cargas (Comb. Frequente)

95
Figura B. 4- Combinação das cargas (C.q.p)

Figura B. 5- Combinação das cargas (Rara)

96
Figura B. 6- Dimensões da secção transversal do tabuleiro.

Apêndice C- Distribuição dos esforços no tabuleiro

Figura C. 1- diagrama do Momento Flector.

Figura C. 2- Diagrama do esforço Normal.

97
Figura C. 3- Diagrama do esforço Cortante.

Figura C. 4- Estrutura da ponte com Momento Flector.

Figura C. 5- Estrutura da ponte com esforço Normal.

98
Figura C. 6- Estrutura da ponte com esforço Cortante.

Figura C. 7- Estrutura da ponte com Momento flector (sem os tirantes).

Figura C. 8- Valores de Momento flector e esforço Cortante no tabuleiro (sem os tirantes).

99
Apêndice D – Imagens da ponte existente

Figura D. 1- Vista lateral da ponte. [1]

Figura D. 2- Vista Frontal da ponte. [1]

100
Figura D. 3- Estado da junta de dilatação da ponte. [1]

Apêndice E – Traçado do Pré-esforço.

Figura E. 1- Traçado do cabo de pré-esforço.

Figura E. 2- Distribuição da sobrecarga distribuída (UDL).

Figura E. 3- Distribuição da sobrecarga Sistema Tandem (TS).

101
Anexo A- Tabelas auxiliares ao dimensionamento.

Figura A.1- Área de secções de varões (IST). [13]

Figura A.2- Áreas de armaduras distribuídas (IST). [13]

Figura A.3- Característica do betão (IST). [13]

Figura A.4- características da armadura ordinária (IST). [13]

102

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