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APOSTILA DO CURSO:
121088 - ALVENARIA
ESTRUTURAL
São Carlos
2012
Disciplina: Alvenaria Estrutural – UFSCar 2012 2
Prof. Guilherme A. Parsekian
parsekian@ufscar.br
1 Introdução .............................................................................................................................................9
1.1 Breve Histórico ..............................................................................................................................9
1.1.1 Antiguidade – Nascimento da Engenharia de Estruturas e da Alvenaria Estrutural .......... 10
1.1.2 Renascimento Europeu e Revolução Industrial, Ascensão e Queda da Alvenaria Como
Estrutura 13
1.1.3 Pós-Guerra, Ressurgimento da Alvenaria Como Estrutura ................................................ 15
1.1.4 No Brasil ............................................................................................................................. 16
1.2 Alvenaria Contemporânea ......................................................................................................... 18
1.3 Normas ....................................................................................................................................... 19
1.4 Definições ................................................................................................................................... 21
2 Materiais e Componentes .................................................................................................................. 24
2.1 BLOCOS ....................................................................................................................................... 24
2.1.1 Identificação e Aparência Visual ........................................................................................ 26
2.1.2 Resistência Mecânica ......................................................................................................... 26
2.1.3 Precisão Dimensional ......................................................................................................... 28
2.1.4 Absorção de Água ............................................................................................................... 28
2.1.5 Absorção de Água Inicial .................................................................................................... 29
2.2 ARGAMASSAS ............................................................................................................................. 30
2.2.1 Trabalhabilidade ................................................................................................................. 31
2.2.2 Retenção de água ............................................................................................................... 32
2.2.3 Aderência............................................................................................................................ 32
2.2.4 Resiliência ........................................................................................................................... 33
2.2.5 Resistência à compressão................................................................................................... 34
2.2.6 Traços comuns de argamassa ............................................................................................. 36
2.2.7 Classificação........................................................................................................................ 39
2.3 GRAUTE ...................................................................................................................................... 39
2.4 ALVENARIA ................................................................................................................................. 40
2.4.1 Movimentação Térmica...................................................................................................... 41
2.4.2 Movimentação Higroscópica .............................................................................................. 41
2.4.3 Fluência .............................................................................................................................. 42
2.4.4 Módulo de deformação e coeficiente de Poisson .............................................................. 42
3 PROJETO EM ALVENARIA ESTRUTURAL.............................................................................................. 43
3.1 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL ......................................................................................................... 43
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3.1.1.1 Efeito Arco ...................................................................................................................... 45
3.1.1.1.1 EXEMPLO – cálculo de esforços considerando efeito arco ...................................... 47
3.2 MODULAÇÃO .............................................................................................................................. 49
3.2.1 AMARRAÇÃO INDIRETA ...................................................................................................... 49
3.2.2 MODULAÇÃO DE 15X30 ..................................................................................................... 50
3.2.3 MODULAÇÃO DE 15X40 ..................................................................................................... 51
3.2.3.1 MODULAÇÃO VERTICAL ................................................................................................. 51
3.3 PROJETO DAS ALVENARIAS ........................................................................................................ 52
3.4 PASSAGEM DE TUBULAÇÕES ...................................................................................................... 53
3.5 DETALHES CONSTRUTIVOS ......................................................................................................... 55
3.5.1 LAJE DE COBERTURA........................................................................................................... 55
3.5.2 VERGAS PRÉ-MOLDADAS.................................................................................................... 56
3.5.3 ESCADAS ............................................................................................................................. 56
3.6 EXEMPLO DE PROJETO ............................................................................................................... 58
3.7 CONSIDERAÇÕES PARA PROJETO ............................................................................................... 69
3.7.1 DADOS INICIAIS DO PROJETO E FLUXO DE INFORMAÇÕES ................................................ 69
4 Dimensionamento .............................................................................................................................. 73
4.1 Resistência a compressão .......................................................................................................... 73
4.1.1 Argamassa .......................................................................................................................... 74
4.1.2 Bloco ................................................................................................................................... 74
4.1.3 Forma de assentamento..................................................................................................... 75
4.1.4 Qualidade da mão-de-obra ................................................................................................ 75
4.1.5 Grauteamento .................................................................................................................... 76
4.1.6 Esbeltez............................................................................................................................... 77
4.1.7 Direção de aplicação do carregamento.............................................................................. 78
4.1.8 Fator de redução da resistência em função de flambagem e excentricidade ................... 78
4.1.9 Dimensionamento à compressão simples – Estado Limite Último .................................... 79
4.1.9.1 EXEMPLO – dimensionamento a compressão simples – ELU ........................................ 79
4.1.9.2 EXEMPLO – dimensionamento a compressão simples – com graute - ELU .................. 80
4.1.9.3 EXEMPLO – dimensionamento a compressão simples – argamassa lateral apenas –
ELU 80
4.1.10 Cargas Concentradas .......................................................................................................... 81
4.1.10.1 EXEMPLO – carga concentrada - ELU ........................................................................ 82
4.2 Resistência ao cisalhamento ...................................................................................................... 82
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4.2.1.1.1 EXEMPLO – cisalhamento em parede – estado limite último .................................. 83
4.2.1.1.2 EXEMPLO – cisalhamento em viga – sem armadura ............................................... 84
4.2.1.1.3 EXEMPLO – cisalhamento em viga – carga concentrada próxima ao apoio ........... 84
4.2.1.1.4 EXEMPLO– cisalhamento em viga – armadura de cisalhamento ............................. 85
4.3 Resistência a flexão simples ....................................................................................................... 86
4.3.1 Alvenaria não-armada ........................................................................................................ 87
4.3.1.1 EXEMPLO – flexão simples – sem armadura - ELU ........................................................ 87
4.3.2 Alvenaria armada - ELU ..................................................................................................... 87
4.3.2.1 Seção Retangular – armadura simples ........................................................................... 88
4.3.2.2 Seção Retangular – armadura dupla .............................................................................. 89
4.3.2.3 Seção T............................................................................................................................ 89
4.3.2.4 Vigas altas ....................................................................................................................... 90
4.3.2.5 Armaduras e diâmetros máximos e mínimos, espaçamento das barras ....................... 90
4.3.2.6 EXEMPLO– flexão simples – alvenaria armada – armadura simples – ELU.................... 91
4.3.2.7 EXEMPLO– flexão simples – alvenaria armada – armadura dupla - ELU........................ 92
4.4 Resistência à flexo-compressão ................................................................................................. 92
4.4.1 Alvenaria não-armada ou com baixa taxa de armadura - ELU .......................................... 92
4.4.1.1 EXEMPLO– flexo-compressão – sem necessidade de armadura - ELU .......................... 94
4.4.1.2 EXEMPLO– flexo-compressão – armadura simplificada - ELU ....................................... 94
4.4.2 EXEMPLO– Dimensionamento e Detalhamento de um Elemento de Parede Típico de
Edíficio Residencial ............................................................................................................................. 96
4.4.2.1.1 EXEMPLO A ............................................................................................................... 97
4.4.2.1.2 EXEMPLO B ............................................................................................................... 99
4.5 Emendas ................................................................................................................................... 104
4.6 Ancoragem ............................................................................................................................... 104
4.7 Ganchos e dobras ..................................................................................................................... 105
5 PROJETO ESTRUTURAL ..................................................................................................................... 106
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 106
5.2 DADOS DO EDIFÍCIO ................................................................................................................. 107
5.2.1 Forma do prédio ............................................................................................................... 107
5.2.2 Materiais........................................................................................................................... 110
5.2.2.1 Alvenaria de blocos cerâmicos: .................................................................................... 110
5.2.2.2 Alvenaria de blocos de concreto: ................................................................................. 111
5.2.3 Carregamentos Verticais .................................................................................................. 111
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5.2.3.1 Peso próprio da parede ................................................................................................ 111
5.2.3.1.1 Alvenaria de blocos cerâmicos: .............................................................................. 111
5.2.3.1.2 Alvenaria de blocos de concreto: ........................................................................... 111
5.2.3.2 Lajes .............................................................................................................................. 112
5.2.4 Ações Horizontais ............................................................................................................. 112
5.2.4.1 Desaprumo ................................................................................................................... 112
5.2.4.2 Vento ............................................................................................................................ 113
5.2.4.3 Força horizontal total ................................................................................................... 113
5.3 Carregamentos Verticais: Modelo de Distribuição dos Esforços e Verificação da Compressão
113
5.3.1 Ático.................................................................................................................................. 116
5.3.2 Escada ............................................................................................................................... 118
5.3.3 Distribuição dos Esforços ................................................................................................. 118
5.3.4 Dimensionamento ............................................................................................................ 119
5.3.4.1.1 Carregamento por grupo de parede ...................................................................... 122
5.4 Ações Laterais: Modelo de Distribuição dos Esforços e Verificação da Flexo-Compressão e
Cisalhamento ........................................................................................................................................ 124
5.4.1 Definição das paredes de contraventamento em cada direção ...................................... 125
5.4.2 Esforço em cada parede – sem torção ............................................................................. 128
5.4.2.1 Verificações .................................................................................................................. 130
5.4.2.1.1 Dimensionamento das paredes do 1º pavimento - sem torção ........................... 130
5.5 Estabilidade Global e Verificação do Deslocamento Lateral .................................................... 131
6 Bibliografia........................................................................................................................................ 134
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Lista de Figuras
Figura 1: Cidade de Arg-é Bam, construção em Adobe, 500 a.C. (fonte: en.wiki Image:Iran, Bam.png) .................... 10
Figura 2: Pirâmide de Queops no Egito, 3.000 a.C. (fonte
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Pyramide_Kheops.JPG) ..................................................................................... 11
Figura 3: Monumento Stonehedge no Reino Unido, 3.000 aC (fonte
http://en.wikipedia.org/wiki/Image:S7300095.JPG) .................................................................................................. 11
Figura 4: Partenon na Grécia, 500 aC (fonte http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Parthenon_from_west.jpg) ....... 12
Figura 5: Coliseu em Roma, 70 dC (fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Coliseu14.jpg) ............................... 12
Figura 6: Arco antigo em alvenaria de pedra (fonte http://en.wikipedia.org/wiki/Image:BaraKaram.jpg) .............. 13
Figura 7: Grande Muralha da China (http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Chemin_de_ronde_muraille_long.JPG) . 13
Figura 8: Edifícios de multi-andares construídos no final do Séc. 19 em fotos recentes (Austrália) ........................... 14
Figura 9: Prédio da Prefeitura da Filadélfia, mais alto edifício em alvenaria estrutural já construído (fonte:
http://photos.igougo.com/images/p193177-Philadelphia_PA-City_Hall.JPG) ........................................................... 14
Figura 10: Edifício Monadnock, em Chicago(fonte:
http://www.greatbuildings.com/buildings/Monadnock_Building.html) .................................................................... 15
Figura 11: Edifício de 18 pavimentos em alvenaria não-estrutural construído em 1957 na Suíça, (fonte: BIA
Technical Notes N. 24, 2002)....................................................................................................................................... 16
Figura 12: Conjunto de 5 pavimentos ......................................................................................................................... 18
Figura 13: Edifício Residencial de 8 em Barueri - SP.................................................................................................... 18
Figura 14: Edifício Residencial de 11 pavimentos, em construção em Porto Alegre – RS ........................................... 18
Figura 15: Comportamento básico da alvenaria: boa resistência a compressão, baixa resistência a tração ............. 19
Figura 16: Painel horizontal em alvenaria protendida com 5,0m de vão durante içamento pelas extremidades
(trabalho de mestrado Eng. Paulo R. A. Souza, UFSCar) ............................................................................................. 19
Figura 17: Área bruta, líquida e efetiva ..................................................................................................................... 22
Figura 18: Verga, contraverga, graute e armadura .................................................................................................... 23
Figura 19: Parede com enrijecedor ............................................................................................................................. 23
Figura 20: Prisma de 2 blocos ..................................................................................................................................... 23
Figura 21: Amarração indireta (esquerda) e direta (direita) .................................................................................... 23
Figura 22: Detalhe de graute em encotro de parede e de cinta a meia altura ........................................................... 23
Figura 23: Formatos de blocos cerâmicos estruturais ................................................................................................. 25
Figura 24: Bloco cerâmico, sílico-calcario e de concreto mais comuns ....................................................................... 25
Figura 25 Ensaios de caracterização dos blocos ......................................................................................................... 30
Figura 26: Ensaio do índice de consistência padrão .................................................................................................... 32
Figura 27: Ensaio de tração na flexão (ASTM E518) – mede indiretamente a aderência bloco-argamassa............... 33
Figura 28: Corpos-de-prova para ensaio a compressão e ensaio de módulo de deformação .................................... 35
Figura 30: Ensaio de prisma (2 blocos + 1 junta): na foto do rompimento (esquerda) note a expulsão lateral da
argamassa ................................................................................................................................................................... 35
Figura 31: Tipos de arranjo estrutural ........................................................................................................................ 44
Figura 32: Estabilidade lateral .................................................................................................................................... 44
Figura 33: Prédio com pilotis ....................................................................................................................................... 45
Figura 34: Efeito arco .................................................................................................................................................. 44
Figura 35: Esforços no efeito arco ............................................................................................................................... 45
Figura 36: Esforços no efeito arco – Barbosa (2000) .................................................................................................. 47
Figura 37: Detalhes de amarração indireta (ABCI, 1990)............................................................................................ 50
Figura 38: Modulação 15x30 ...................................................................................................................................... 50
Figura 39: Modulação 15x40cm .................................................................................................................................. 51
Figura 40: Exemplo de modulação vertical com bloco J .............................................................................................. 52
Figura 41: Elevação de parede .................................................................................................................................... 53
Figura 42: Instalações hidráulicas ............................................................................................................................... 55
Figura 43: Detalhe da laje de cobertura ...................................................................................................................... 56
Figura 44: Verga pré-moldada .................................................................................................................................... 56
Figura 45: Escada pré-moldada tipo jacaré ................................................................................................................ 57
Figura 46: Escada pré-moldada tipo jacaré ................................................................................................................ 57
Figura 47 – Planta Baixa do pavimento tipo ............................................................................................................... 58
Figura 48 – Modulação Primeira fiada ........................................................................................................................ 59
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Figura 49 – Modulação Segunda Fiada ....................................................................................................................... 60
Figura 50 – Detalhes de projeto .................................................................................................................................. 61
Figura 51 – Detalhes de projeto .................................................................................................................................. 62
Figura 52 – Detalhe da Instalação elétrica.................................................................................................................. 63
Figura 53 – Detalhes de projeto .................................................................................................................................. 64
Figura 54 – Quantitativos de Aço e Blocos Estruturais ............................................................................................... 65
Figura 55 – Elevação (paginação) de paredes............................................................................................................. 65
Figura 56 – Elevação (Paginação) de paredes............................................................................................................. 66
Figura 57 – Elevação (paginação) de paredes............................................................................................................. 67
Figura 58 – Detalhe das alvenarias de vedação .......................................................................................................... 68
Figura 59: Corpos-de-prova para medir resistência a compressão: bloco, prisma, paredinha, parede ...................... 73
Figura 60: Forma de assentamento – A: apenas nas laterais; B: em toda a face ....................................................... 75
Figura 61: Grauteamento ............................................................................................................................................ 76
Figura 62: Comprimento de flambagem (adaptado de www.wikipedia.org) ............................................................. 77
Figura 63: Altura efetiva (ABCI, 1990) ......................................................................................................................... 77
Figura 64: Carga concentrada ..................................................................................................................................... 82
Figura 65: Painel de alvenaria submetido à flexão. .................................................................................................... 86
Figura 66: Nomenclatura para flexão da parede ........................................................................................................ 86
Figura 67: Diagrama de tensões e deformações no estádio III ................................................................................... 87
Figura 68: Limitação da largura da seção para armadura isolada ............................................................................. 89
Figura 69: Seção T ....................................................................................................................................................... 90
Figura 70: Dimensionamento de viga-parede ............................................................................................................. 90
Figura 71 – Planta de Arquitetura do Pavimento Tipo .............................................................................................. 108
Figura 72 – Planta Modulada do Pavimento Tipo ..................................................................................................... 109
Figura 73 – Modulação Vertical ................................................................................................................................ 109
Figura 74 - Corte AA (parcial) .................................................................................................................................... 110
Figura 75 - Corte BB (parcial) .................................................................................................................................... 110
Figura 76 – Planta de Arquitetura do Barrilete ......................................................................................................... 110
Figura 77 – Nomenclatura Adotada .......................................................................................................................... 114
Figura 78 – Dimensões Paredes (eixo) ...................................................................................................................... 115
Figura 79 – Áreas de influência das lajes do ático .................................................................................................... 116
2
Figura 80 – Áreas de Influência das Lajes (m ).......................................................................................................... 117
Figura 81 – Grupos de paredes definidos .................................................................................................................. 123
Figura 82 – Contraventamento X e dados da PX1 ..................................................................................................... 126
Figura 83 – Contraventamento Y .............................................................................................................................. 127
Figura 84 – Deslocamento horizontal para força lateral (vento + desaprumo) ........................................................ 132
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Lista de Tabelas
Apesar de todas essas vantagens e do atual extensivo uso do sistema alvenaria estrutural, ainda
constata-se que poucas bibliografias sobre conceitos de projeto de alvenaria estrutural são disponíveis,
o que contribui para o pouco conhecimento geral sobre esse tema. Infelizmente é ainda hoje possível
encontrar engenheiros civis que realizam projeto ou execução de obras que não sabem ao menos o
significado de um prisma de alvenaria.
Espera-se que essa apostila seja uma boa fonte de informação para os alunos do curso e demais pessoas
interessadas nesse sistema construtivo.
Desde que saiu das cavernas e até quando passou a viver em habitações projetadas com o auxílio de
computadores, o homem vive em construções de alvenaria. É um pouco controverso saber se as
primeiras estruturas produzidas pelo homem foram de alvenaria (de pedra) ou de madeira. Sabe-se
que, cerca de vinte milênios anos atrás, o homem de Cro-Magnon (homem pré-histórico) já empilhava
pedras na busca da construção de um abrigo. Até meados do século 19 todas as construções tinham
estruturas de alvenaria ou madeira. Como várias das estruturas de alvenaria duram até hoje, e têm 100,
200, 300 ou mesmo 3.000 anos de idade, e poucas estruturas de madeira conseguem durar tanto, a
história da arquitetura e da construção civil basicamente é o estudo das construções em alvenaria (que
sobrevivem para contar a história!).
Estruturas de alvenarias com blocos cerâmicos são encontras a pelo menos 10.000 anos. Tijolos secados
ao sol eram fabricados e utilizados em diferentes regiões como Babilônia, Egito, Espanha e aqui na
América do Sul. Esse tipo de tijolo, chamado de Adobe, era produzido com solo argiloso, areia e água e
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freqüentemente ainda com uma parcela de material orgânico como palha ou mesmo restos de animais.
Inicialmente produzidos por simples amassamento e rolamento manual, esse tipo de tijolo evoluiu para
a forma retangular como conhecemos hoje. A Figura 1 mostra foto da cidade de Arg-é Bam, conhecida
como a maior estrutura em adobe, construída a pelos 500 anos a.C. Desde então a produção de blocos
cerâmicos muito evolui, porém ainda hoje existe a produção de adobe em algumas regiões do planeta.
Figura 1: Cidade de Arg-é Bam, construção em Adobe, 500 a.C. (fonte: en.wiki Image:Iran, Bam.png)
Evolução natural foi a introdução da queima dos blocos, inicialmente realizada em fogueiras a lenha
improvisadas, sendo reconhecido que esse tijolos queimados surgiram no Oriente Médio cerca de 3.000
anos a.C. A falta de controle na produção levava a uma variação considerável nas dimensões dos tijolos.
Ganho de qualidade aconteceu com a introdução de fornos, sendo esses inicialmente simples buracos
cavados no solo.
Já na Era Cristã, os Romanos produziam blocos queimados em fornos móveis que podiam ser
transportados por suas legiões e foi difundindo por todo o Império Romano. A essa época já havia o uso
de moldes e prensagem manual.
A primeira máquina para produção de tijolos foi patenteada em 1619 e grande avanço no ocorreu com a
introdução do forno tipo Hoffman que permitiu a introdução do processo contínuo de produção (1).
Conforme será detalhado no capítulo seguinte, hoje a produção de blocos ocorre de forma totalmente
automatizada em todas as fases do processo, desde a mineração, secagem, queima e esfriamento,
paletização e entrega.
Estudar as formas arquitetônicas utilizadas na antiguidade é interessante pois mostra como é possível
tirar proveito da forma para viabilizar construções com materiais pouco elaborados. No caso do material
“alvenaria”, assim como o concreto, deve-se entender que uma elevada resistência à compressão pode
ser resistida, porém o material falha com baixas tensões de tração. Lembrando que técnica de se utilizar
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o aço resistindo à tração em uma seção mista de alvenaria armada (ou de concreto armado) só surgiu
nos últimos 200 anos, as construções até então tinham que ser solicitadas à compressão somente.
A forma piramidal foi uma das primeiras soluções encontradas para empilhar blocos de pedra de
maneira que fosse possível atingir uma grande altura de forma estável. A pirâmide de Sakkara foi
construída com blocos de adobe a cerca de 6.000 anos, e seu construtor, o egípcio Imhotep, é
considerado o primeiro engenheiro da humanidade. A pirâmide de Queops construída com blocos de
arenito no Egito cerca de 2.500 anos a.C. é um marco na história da alvenaria. Originalmente com 147m
de altura foi, por muitos séculos, considerada a mais alta construção humana, assim como várias outras
edificações em alvenaria nos século seguintes. O alargamento da base em níveis inferiores, ainda que
hoje seja considerada uma solução não econômica, garante a estabilidade da construção. Outros casos
de construções piramidais são encontrados em várias regiões do planeta, incluindo nas Américas.
Essa mesma solução foi muito utilizada pelos gregos: estrutura na forma de pórtico em alvenaria de
pedra. Exemplo marcante, construído em cerca de 500 a.C que existe até hoje, é o Partenon mostrado
na Figura 4 onde percebe-se a necessidade de grande número de pilares em função da limitação do
comprimento das vigas de pedra.
Evolução da arquitetura grega ocorreu com os romanos que incorporaram e melhoraram suas técnicas.
Construções romanas de alvenaria eram produzidas com tijolos cerâmicos queimados de pequena
espessura (parecido com os tijolos hoje existentes). Grande contribuição foi a introdução da forma em
arco e suas variações espaciais cúpulas (arco rotacionado) e abóbodas (arco transladado). A forma em
arco permite que, para determinado carregamento e forma, apenas esforços de compressão atuem.
Estava solucionado o problema de como vencer vãos maiores com blocos ou tijolos de dimensões
reduzidas unidos por algum tipo de junta (Figura 6). Exemplo marcante é o Coliseu de Roma, construído
no ano 70 d.C. utilizando tijolos queimados revestidos com mármore, Figura 5.
De uma maneira geral, pode-se dizer que os gregos criaram as estruturas em pórticos, depois
aperfeiçoadas pelos romanos para a forma de arco, possibilitando maiores vãos com os materiais
disponíveis à época. Esse tipo de solução foi extensivamente difundida e utilizada em outras regiões,
especialmente no Oriente Médio e Europa onde inúmeras construções impressionantes com alvenaria
em forma de arco podem ser encontradas. A forma em arco permitiu também a construção de várias
outras estruturas como pontes e viadutos.
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A alvenaria estrutural era ainda produzida em outras partes, como na China, país especialista na arte de
de terracotta - tijolos cerâmicos moldados em formato artísticos queimados uma vez, esmaltados e
queimados novamente. Exemplo marcante da alvenaria chinesa é a Muralha da China construída com
blocos de pedra e tijolos cerâmicos, Figura 7. Outros exemplos marcantes em pontes e viadutos também
marcam a alvenaria chinesa.
A partir do século 14 a Europa sai de uma época das trevas (Medieval) e entra em uma fase de grande
desenvolvimento cultural que se estende pelas ciências, artes e humanismos. As construções em
alvenaria da época incorporam esse movimento, resultando em belas edificações que nos impressionam
até hoje, como os palácios e igrejas européias.
No século 19 acontece a Revolução Industrial, com desenvolvimento de técnicas que muito aumentam a
produção de insumos e movimentos de urbanização, com grande parte da população mudando para as
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cidades. Nesta fase, os edifícios começam a ganhar altura e se tornarem multi-familiares. Inúmeros
edifícios em alvenaria estrutural construídos à época duram até hoje (Figura 8).
Finalizado em 1901, após 30 anos de construção, o prédio da Prefeitura da Filadélfia (Figura 9), nos
Estados Unidos, foi projetado como o maior edifício da época é ainda hoje considerado o maior edifício
em alvenaria estrutural já construído. Sua torre central tem 165 metros de altura e foram necessárias
paredes de 6,6 metros de espessura no térreo para construí-lo.
Figura 9: Prédio da Prefeitura da Filadélfia, mais alto edifício em alvenaria estrutural já construído (fonte:
http://photos.igougo.com/images/p193177-Philadelphia_PA-City_Hall.JPG)
Apesar de ter havido um enorme aumento no número de tijolos e edificações produzidos a partir dessa
época, essa também foi a época do surgimento de outros materiais de construção como o ferro fundido,
concreto e posteriormente o concreto armado e aço. É o ressurgimento das estruturas aporticadas com
novos materiais resistentes a tração que permitem grandes vãos. Uma nova arquitetura surge,
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estruturas de alvenaria de grande espessura são consideradas inviáveis financeiramente. Edificações
devem então ter estrutura em concreto armado ou metálica com vedações em alvenaria.
Exemplo marcante de edifício desta época é o Edifício Monadnock, construído em Chigaco, EUA, entre
1889 e 1891. Com 16 andares e 60 metros de altura, utiliza blocos cerâmicos nas paredes que têm
espessura variável, de 30 cm no topo até o máximo de 1,83 m no térreo. O prédio existe até hoje e,
devido ao seu enorme peso, o térreo encontra-se afundado alguns centímetros no solo. O
conhecimento sobre o comportamento estrutural da alvenaria na época era escasso. De fato o modelo
estrutural previa que todo o esforço lateral devia ser resistido pela parede de fachada. A espessura da
parede diminuía a cada andar, mantendo-se o alinhamento da face externa da parede (Figura 10),
fazendo com que o peso dos andares superiores fosse descarregado nas paredes inferiores criando uma
excentricidade de carga com sentido ao interior do prédio. O momento criado por essa excentricidade
não é suficiente para tombar o prédio, mas é suficiente para balancear o momento causado pela força
lateral do vento batendo na fachada. Conforme veremos em capítulos seguintes, o modelo estrutural
adotado hoje admite que as paredes transversais resistem aos esforços ocasionados pelo vento agindo
na fachada. Apesar do sucesso como solução segura (o prédio é habitado e muito bem freqüentado até
hoje), as considerações feitas no projeto do prédio o tornaram anti-econômico. Comenta-se que o
construtor deste prédio tornou-se um grande empresário da construção civil da cidade na época e
construiu vários outros edifícios altos – todos a partir de então em estrutura metálica. De fato, uma
segunda junta do prédio, construída entre 1891 e 1893, foi feita com estrutura reticulada metálica,
marcando o início de uma nova era (estruturas reticuladas de aço ou concreto) e o final de outra
(estrutura em alvenaria), que somente várias décadas depois tornar-se-ia competitiva novamente.
Ao final da década de 40 a Europa estava arrasada e destruída pela 2º Guerra Mundial, sendo necessário
reconstruir inúmeras edificações. A essa época, a alvenaria como estrutura estava desacreditada por
entender-se que esse sistema era dispendioso tanto em consumo de materiais e mão-de-obra. Também
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nessa época os engenheiros perceberam que o sistema em pórtico para determinados tipos de
construção parecia falho: constrói-se uma estrutura considerando vãos entre pilares, dimensionando-se
vigas para vencer esses vãos; entretanto o vazio entre os elementos estruturais era totalmente
preenchido com alvenaria, já na época produzida com materiais de boa resistência.
Essa concepção para edifícios residenciais multi-familiares, onde existem várias paredes divisórias, não é
eficiente. Por que construir pilares e vigas quando as paredes podem servir de suporte às lajes? O que
estava faltando eram informações técnicas seguras sobre o comportamento dos materiais constituintes
da alvenaria (ou da alvenaria como material) e sobre modelos confiáveis de estruturas em alvenaria.
Era preciso recuperar, organizar e avançar o conhecimento sobre alvenaria estrutural. Várias pesquisas
levaram a grande evolução na engenharia de estruturas de alvenaria a partir de então, com o
desenvolvimento de novos materiais e procedimentos de cálculo. Essa evolução se desenvolve até hoje
e se traduz na moderna engenharia de estruturas em alvenaria.
Exemplo dessa época são os edifícios construídos na Suiça, na década de 50, pelo engenheiro e
professor Paul Haller. Na época, edifícios de 18 andares foram construídos com alvenaria não armada
com paredes de espessura entre 30 e 37,5 cm, causando uma verdadeira revolução no uso da alvenaria
estrutural (Figura 11). Era a primeira vez que métodos racionais de dimensionamento e projeto de
alvenaria eram aplicados. Nunca é demais deixar claro que isso só foi possível após exaustivos estudos
teóricos e experimentais. Estima-se que apenas Paul Haller tenha testado mais de 1.600 paredes de
alvenaria.
Figura 11: Edifício de 18 pavimentos em alvenaria não-estrutural construído em 1957 na Suíça, (fonte:
BIA Technical Notes N. 24, 2002)
Estudos indicam que se o Monadnock fosse construído hoje em alvenaria estrutural, com materiais e
modelos de cálculo modernos, a espessura máxima das paredes seria de 30 cm.
1.1.4 No Brasil
Assim como em outros países a alvenaria estrutural brasileira compreende a fase das construções
realizadas de maneira empírica (iniciada à 500 anos no Descobrimento do Brasil) e a fase do método
racional. Vale registrar antes do Descobrimento, construções de alvenaria já eram realizadas por
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populações indígenas da América do Sul, com destaque para as construções Incas no Peru, que ainda
hoje impressionam a humanidade (a cidade de Machu Pichu no Peru foi construída a cerca de 600 anos
e tem detalhes de projeto garantindo resistência a abalos sísmicos).
Aqui nos ateremos a descrever de forma genérica a fase racional da alvenaria estrutural brasileira.
Edifícios de múltiplos andares executados com blocos de qualidade, de elevada e controlada resistência
e padrão dimensional, são encontrados no Brasil desde a década de 60. O primeiro grande fabricante
brasileiro de blocos iniciou atividades em 1966. Nessa época, pouquíssimos projetistas de estruturas
dominavam os conceitos de projetos. A adoção de norma estrangeira, especialmente norte-americana,
e mesmo a recorrência a consultores externos para auxiliar no projeto era freqüente. Como as
recomendações para projeto eram baseadas em normas estrangeiras, que levam em conta
características sociais e ambientais dessas regiões, o uso da alvenaria com alta taxa de armadura e
grauteamento era constante. Não existia um único curso de Engenharia Civil com disciplina sobre
alvenaria estrutural. Era a época da alvenaria armada.
Em 1966 foram construídos os primeiros edifícios com blocos de concreto, de 4 pavimentos. A primeira
grande obra foi o Central Parque Lapa, um conjunto de 4 prédios com 12 andares, em alvenaria armada
com blocos de concreto. Em alvenaria não-armada, apenas em 1977 foram construídos edifícios de 9
pavimentos com blocos sílico-calcários de espessura igual a 24 cm nas paredes estruturais.
Apenas em 1977 foi formada a primeira comissão de norma para projeto de alvenaria estrutural. Ainda
em 1977 é construído, em São Paulo, o primeiro edifício de média altura em alvenaria não-armada, o
Edifício Jardim Prudência.
Pesquisas sobre alvenaria estrutural com blocos cerâmicos têm início no IPT no final da década de 70, e
na Escola Politécnica da USP no início da década seguinte. No final da década de 80 e início dos anos 90,
o sistema construtivo ganhou força. Parcerias Universidade-Empresa permitiram a criação de materiais
e equipamentos nacionais para produção de alvenaria. O uso da alvenaria não-armada ou com
armaduras apenas onde o dimensionamento indicava necessário (antes da revisão atual da norma,
chamada de alvenaria parcialmente armada), passa a ser corrente. Estudos comparativos chegam à
conclusão de que, para prédios residenciais com vãos moderados e de baixa ou média altura, a opção
pela alvenaria estrutural poderia levar a considerável redução no custo.
A primeira norma sobre projeto data de 1989 e trata especificamente do uso de blocos de concreto.
Hoje várias edificações são feitas em alvenaria estrutural (AE) no Brasil, desde casas e sobrados, edifícios
de 4 pavimentos sem elevador e térreo habitado, até edifícios mais altos de 8, 15, ou mesmo 24
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pavimentos sobre térreo em estrutura de concreto armado (pilotis). Também é comum hoje a utilização
de alvenaria estrutural na construção de arrimos, reservatórios, galpões.
O primeiro congresso exclusivo sobre o tema, o International Brick & Block Masonry Conference,
realizado pela primeira vez em 1967 nos EUA, será realizado no Brasil em 2012. O nível de
conhecimento que temos hoje evoluiu enormemente nas últimas décadas, discorrendo sobre
cisalhamento, uso de materiais novos como os reforços com plásticos, modelagem numérica,
comportamento não-linear, alvenaria protendida, resistência a sismos, entre vários outros.
Inúmeros edifícios são hoje construídos em alvenaria estrutural, especialmente edifícios residenciais.
Casos de edifícios comerciais, ainda que menos freqüentes, são comuns. Usualmente o sistema
construtivo é indicado quando não há previsão de alterações na arquitetura (paredes não-removíveis)
ou quando essa possibilidade é limitada a alteração de algumas paredes apenas (pavimento com mais
de uma opção de planta, previstas na fase de projeto) e para casos de vãos médios moderados de cerca
de 4 a 5 metros.
Em relação a altura do edifício, a opção por alvenaria estrutural usualmente é mais econômica em
edifícios de poucos andares, até cerca de 12 pavimentos. Nesses casos tem-se predominância da ação
vertical e do esforço de compressão, em relação à ação horizontal de menor intensidade, viabilizando o
uso de alvenaria não armada ou pouco armada. Outras possibilidades de uso do sistema, como em
edifícios mais altos, são tecnicamente possíveis, porém usualmente com menor ganho econômico em
relação a outros sistemas construtivos.
Porto
Alegre
– RS
11
Figura 14: Edifício Residencial de 11
Figura 12: Conjunto de 5 pavimentos
Figura 13: Edifício Fonte: em construçãopavim
pavimentos, em Porto
Residencial de 8 em Alegre – RS
Barueri - SP
MDFS/G entos
EPDAE
2005
A adequação de alvenaria não-armada para edifícios de altura moderada esta relacionada com a boa
resistência a compressão da alvenaria (Figura 15). Casos em que a ação horizontal é predominante, como
pequenas coberturas, paredes altas de edificações térreas, entre outros, tornam-se viável com o uso de
protensão ou alvenaria armada (Figura 16).
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Figura 15: Comportamento básico da alvenaria: boa resistência a compressão, baixa resistência a tração
Figura 16: Painel horizontal em alvenaria protendida com 5,0m de vão durante içamento pelas extremidades (trabalho de
mestrado Eng. Paulo R. A. Souza, UFSCar)
1.3 Normas
1.4 Definições
De acordo com ABNT NBR 15812 e 15961 têm-se as seguintes definições sobre a alvenaria estrutural:
Paredes de alvenaria estrutural devem ser construídas com amarração direta. Nas revisões atuais das
normas, deve ser considerada não-estrutural a parede de blocos a prumo em seu plano (salvo se existir
comprovação experimental de sua eficiência ou efetuada a amarração indireta). Encontros de parede
devem preferencialmente ser construídos com amarração direta, havendo perda no desempenho
estrutural em casos de amarração indireta, conforme será visto nos próximos capítulos.
2 Materiais e Componentes
2.1 BLOCOS
Os blocos representam 80 a 95% do volume da alvenaria, sendo determinantes de grande parte das
características da parede: resistência à compressão, estabilidade e precisão dimensional, resistência ao
fogo e penetração de chuvas, isolamento térmico e acústico e estética. Em conjunto com a argamassa,
os blocos também são determinantes para a resistência ao cisalhamento, tração e para a durabilidade
da obra. São, portanto, as unidades fundamentais da alvenaria.
Blocos cerâmicos estruturais usualmente são fabricados por extrusão (e não por prensagem), a partir de
uma mistura de um ou mais tipo de argila com aditivos, e queimados em fornos com temperatura
variando entre 800 e 1100 graus. As fábricas mais modernas possuem forno do tipo túnel, com rigoroso
controle de temperatura. Como o próprio nome diz esse forno tem forma um túnel por onde os blocos
ainda “verdes” correm, atravessando fases de aquecimento (inicio do túnel, com menor temperatura),
queima e esfriamento (final do túnel). Todo esse processo permite uma queima uniforme de todos os
blocos e resulta em um produto de maior qualidade, sujeito a menores variações tanto de resistência
quanto dimensionais. Nas fábricas mais simples o forno é do tipo “capela”, uma câmara em formato
onde todos os blocos são alocados e a queima é feita. A utilização desses fornos usualmente leva a
queimas mais irregulares, os blocos que ficam mais perto das paredes queimam de forma diferente dos
blocos da parte central do forno, gerando maior variação entre as propriedades dos blocos. Desta forma
pode-se perceber que pode haver uma grande diferenciação na qualidade dos blocos em função do
porte da fábrica. Na Região Sudeste, blocos cerâmicos são usualmente utilizados em edifícios baixos,
usualmente até 7 pavimentos. Prédios de 8 a 9 pavimentos são possíveis, porém geralmente tem maior
necessidade de grauteamento. Na Região Sul existem casos de utilização para edifícios de até 10
pavimentos, com pouco grauteamento.
Blocos de concreto são usualmente vazados, ou seja, possuem área líquida inferior 75% da área bruta do
bloco conforme classificação da NBR 6136. Os blocos sílico-calcario podem ser vazados ou perfurados.
Para perfeita modulação, são fabricados blocos de diferentes formas: inteiros ou padrão que forma a
maior parte da parede, meio-bloco para permitir a amarração no plano da parede, bloco de 45 ou 54 cm
que permite amarração entre paredes, blocos canaletas para confecção de vergas, contravergas, cintas,
blocos jota e compensador para encontro com a laje. Voltaremos ao tema sobre modulação
posteriormente. O catálogo completo dos componentes em blocos disponíveis é usualmente oferecido
pelos fabricantes.
Os blocos de concreto são fabricados em todas as regiões do Brasil, podendo ter sua resistência
controlada em função do traço adotado, chegando a valores entre 4,0 a 20,0 MPa, o que permite sua
utilização em edifícios baixos e altos. São fabricado a partir de uma mistura cimento-areia-pedrisco +
aditivos, moldados em formas e vibroprensados. As fábricas mais modernas possuem cura a vapor e
todo o processo de fabricação do bloco, desde a dosagem com controle de umidade, até a montagem
das pilhas finais, automatizado.
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Blocos sílico-calcário são formados por areia e cal moldado por prensagem e curado em autoclaves (por
vapor a alta pressão). São blocos de grande resistência (6 a 20 MPa), e tem como desvantagem é a
existência de poucos fornecedores. São blocos de boa aparência e acabamento e boa precisão
dimensional.
Os requisitos funcionais dos blocos para se construir uma parede eficiente são: resistência a esforços
mecânicos, durabilidade frente a agentes agressivos, estabilidade e precisão dimensional. Outras
características importantes são os parâmetros físicos (densidade aparente, condutibilidade térmica,
absorção total), que determinam as características da parede (resistência ao fogo, à penetração de
chuva, isolamento térmico e acústico). Os requisitos de ordem estética também devem ser
considerados. A seguir se detalham algumas destas características.
Para blocos cerâmicos, durante a fabricação cada bloco deve ser identificado através da gravação em
alto ou baixo relevo das seguintes informações:
a) Identificação da Empresa.
Em todos os casos deve-se atender a requisitos de características visuais não apresentando defeitos
como: quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam seu emprego na função
especificada. Se for utilizado aparente deve ainda atender a critério de aparência definido de comum
acordo entre o fabricante e o comprador.
Blocos cerâmicos devem ter resistência mínima de 3,0 MPa, sendo recomendável a utilização de blocos
mais resistentes (10,0 MPa) para o caso de alvenarias aparentes. O bloco estrutural cerâmico mais
encontrado no mercado atual é o de 6,0 MPa, sendo poucos os fabricantes que conseguem produzir
blocos de maior resistência.
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Para o caso de blocos de concreto, a mínima resistência a compressão a ser especificada em um projeto
é de 4,0 MPa quando as paredes são revestidas ou 6,0 MPa para alvenarias aparentes. Outras
resistências disponíveis são 8,0; 10,0; 12,0 e assim por diante até cerca de 20,0 MPa. O mesmos valores
podem ser admitidos para blocos sílicos-calcários.
O ensaio é realizado por simples compressão de uma amostra de blocos. Antes do ensaio os blocos
cerâmicos devem ser saturados através de imersão em água por pelo menos seis horas. A determinação
da resistência característica (fbk) dos blocos ensaiados pode ser calculada conforme abaixo. O valor ser
aceito é aquele indicado no projeto estrutural, conforme será visto em capítulo seguinte.
Ø 0,89 0,91 0,93 0,94 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00 1,01 1,02 1,04
f f ...fb i-1 )
fbk1= 2 1 2 fb i
i - 1
fb ....... fbn
fbk2 = 1
n
fbk3 = Ø x fb1
fbk = fb – Sn
A precisão dimensional dos blocos é diretamente está ligado à da parede. Caso haja variação da
espessura dos blocos, a parede também terá variação na sua espessura. Para compensar essa variação a
camada de revestimento da parede deverá então ser maior, aumentando o custo da obra. Se a
espessura for reduzida em relação ao especificado há alguma redução na resistência da parede também.
Os ensaios de controle das dimensões do bloco são simples, basicamente medir cada uma das
dimensões e anotar valores mínimos, médios e máxima diferença em relação ao mínimo e à média.
Comprimento ± 2mm
± 3mm
± 3mm (média)
O ensaio de índice de absorção de água basicamente consiste em determinar a massa do bloco seco e a
massa do bloco depois de imerso ou por 2 horas em água fervente ou por 24 horas em água à
temperatura ambiente. Obtém então a proporção de quanta água esse absorveu em relação à sua
massa seca (em %). No caso da água quente mede-se a absorção em um ambiente mais agressivo de
maior temperatura e pressão, com aumento no tamanho dos poros.
No nosso caso, a limitação da absorção é o indicativo de durabilidade, sendo prescrito o limite entre 8 e
22 %.
O índice de absorção inicial ou AAI é uma medida de quanto o bloco absorve (“puxa”) de água por
capilaridade logo após ser molhado. É a medida da absorção de água de um bloco imerso 3mm dentro
de uma lâmina d’água em um período de um minuto em relação à área líquida do bloco. Para
padronização dos resultados esse valor é divido por uma área padrão de 194cm2 (ou 30 pol2), expresso
na unidade g/min/194cm2.
É um dado importante para definição da argamassa. Uma boa aderência entre o bloco e argamassa é
obtida com características compatíveis entre esses dois componentes. Por exemplo, se o bloco tem alto
AAI esse irá retirar grande parte da água da argamassa logo após o espalhamento desta, sobrando
pouco para a hidratação do cimento e, portanto, reduzindo sua resistência. Em contrapartida, se o bloco
absorver muito pouco da água da argamassa haverá um prejuízo na aderência pois grande parte desta
resistência é garantida pela pasta de argamassa penetrando por capilaridade nos poros dos blocos (em
linhas gerais pode-se dizer que formam-se pequenos “pregos” de argamassa na superfície do bloco).
É recomendável AAI entre 5 e 25 g/min/194cm2. Blocos com AAI superior a 30 g/min/194cm2 devem ser
umedecidos antes do assentamento.
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2.2 ARGAMASSAS
Na alvenaria estrutural a argamassa tem função de ligação entre blocos, uniformizando os apoios entre
eles. O conjunto bloco + argamassa forma um elemento misto chamado alvenaria, que deve ser capaz
de suportar diferentes carregamentos e condições ambientais.
Tradicionalmente a argamassa para assentamento é composta de cimento, cal e areia. Existem também
argamassas só de cal ou só de cimento (+ areia), cada uma com suas vantagens e desvantagens.
Argamassas mais fortes (só de cimento e areia, por exemplo) não são recomendadas, pois são muito
rígidas e têm baixa capacidade de absorver deformações. Qualquer pequena deformação em uma junta
de argamassa com esse traço resultará em tensões elevadas e conseqüente aparecimento de fissuras.
Portanto é um erro pensar que, pelo fato da alvenaria ser estrutural, deve-se utilizar um traço de
argamassa muito forte.
Em contrapartida, argamassas muito fracas (só de cal e areia, por exemplo) tem resistência a
compressão e de aderência muito baixas, prejudicando a resistência da parede. Conforme pode ser
observado na Tabela 3, a utilização de argamassas mista é altamente recomendável para assentamento
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de alvenaria. A adição de cal, ainda que leve a alguma perda de resistência, proporciona uma argamassa
de melhor trabalhabilidade, melhora a retenção de água e a capacidade de absorver deformações.
Quando bem dosadas maximizam as vantagens e minimizas as desvantagens dos dois tipos de
aglomerante. Internacionalmente é a recomendada para alvenaria estrutural, sempre respeitando
a relação: AGLOMERANTE (cimento + cal) / AGREGADO (areia) 3
As argamassas possuem dois estados bem distintos: plástico e endurecido. As principais características
da argamassa no estado plástico são: trabalhabilidade e capacidade de retenção de água. No estado
endurecido são: aderência, resiliência, resistência à compressão e retração. A utilização inadequada de
argamassas é a causa de diversas patologias.
2.2.1 Trabalhabilidade
É interessante notar que essas características não dependem apenas da argamassa. Uma determinada
argamassa pode permitir boa trabalhabilidade para assentamento de determinado tipo de bloco em
certa condição ambiental (mais quente ou frio, mais seco ou úmido, com mais ou menos vento), porém
ser inadequada para outra condição ou tipo de bloco. O uso de cal ou aditivo incorporador de ar, em
geral, melhora a trabalhabilidade. No caso do uso de aditivo, teve-se tomar cuidado com o aumento do
teor de ar incorporado, que se excessivo, pode prejudicar a aderência.
A água tem duas funções na argamassa: hidratação do cimento para endurecimento da pasta e
lubrificação dos grãos. Quando colocadas em contato com bloco de alto poder de sucção (AAI elevado),
argamassas pouco retentivas perdem água em excesso, tornando-se pulvurulenta e diminuindo sua
resistência de compressão e, principalmente, a aderência. Pode ainda provocar expansões indesejáveis
nos blocos, aumentando o potencial de retração na secagem.
A capacidade de retenção está ligada à superfície específica (área por unidade de massa) dos
componentes da argamassa. Por isso, mais cal em relação ao cimento é melhor neste aspecto (a cal tem
maior superfície específica que o cimento). A cal é um excelente retentor de água, cede água aos
poucos.
2.2.3 Aderência
Assim como o bloco, a argamassa tem influência direta na aderência. Apesar da resistência de aderência
da argamassa ser diretamente proporcional à quantidade de cimento, a aderência argamassa-bloco
depende da combinação das características dos dois componentes. Nas argamassas mistas, a aderência
ocorre principalmente pela penetração e encunhamento da argamassa no bloco.
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Para a argamassa, as duas propriedades importantes neste fenômeno são a capacidade de retenção de
água (que melhora as condições de hidratação do cimento) e a trabalhabilidade (que melhora a
penetração no bloco). Assim, a argamassa tem que ser simultaneamente retentiva (para conservar água
para hidratação do cimento) e ser capaz de ceder água em excesso (que não é usada na hidratação) de
forma gradual e contínua para o bloco.
A água cedida penetra nos poros do bloco e após a cristalização da argamassa forma pequenas cunhas
que resultam na aderência. Isso só ocorre quando a retenção da argamassa é compatível com o AAI do
bloco. Se o fluxo de água for interrompido por sucção exagerada do bloco ou por pouca retentividade da
argamassa, prejudicasse a hidratação do cimento, tornando a argamassa fraca. Fenômeno semelhante
ocorre com blocos de baixa sucção, quando se dificulta a formação de cunhas dentro dos blocos.
Assim, pode-se dizer que o mecanismo de aderência começa no estado plástico e se completa no
endurecido. A aderência ótima é obtida com a máxima quantidade de água compatível com a
consistência desejada, mesmo com a redução da resistência à compressão da argamassa.
Outros fatores que influem na aderência são a % de aglomerantes, a taxa de absorção inicial, textura e
umidade do bloco, UR e temperatura.
Depois da resistência à compressão dos blocos, a aderência é a propriedade mais importante para a
resistência da alvenaria. A aderência deve resistir às tensões tangenciais e normais de tração. A
aderência usualmente é medida através de ensaio de tração na flexão (Figura 27).
Figura 27: Ensaio de tração na flexão (ASTM E518) – mede indiretamente a aderência bloco-argamassa
2.2.4 Resiliência
A alvenaria sofre variações térmicas, higroscópicas e efeitos de pequenos recalques, que a solicitam. Se
a argamassa tiver boa capacidade de absorver essas deformações, ocorrerão várias micro-fissuras
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distribuídas nas juntas. Esse comportamento é muito melhor do que ocorrer uma única fissura na junta
ou no bloco, situação comum se a argamassa tiver um traço muito forte.
A argamassa na junta entre dois blocos está submetida um estado de tensões completamente distinto.
Todos os materiais se deformam lateralmente quando submetidos a um carregamento longitudinal, o
conhecido efeito de Poisson. Entretanto o coeficiente de Poisson, ou seja, a relação entre a deformação
lateral e longitudinal, do bloco é menor que da argamassa. Em outras palavras, para um mesmo
carregamento, a deformação lateral da argamassa será maior que a do bloco.
A deformação lateral da argamassa será contida pelo bloco. Note aqui a importância da aderência bloco-
argamassa que vai garantir a restrição à deformação lateral da argamassa. Nesse caso então, a
argamassa estará confinada e submetida a um estado triplo de tensões: compressão vertical (a carga
aplicada) e duas compressões laterais (as forças de restrição à deformação lateral exercida pelo bloco na
argamassa). A resistência da argamassa nessa situação é superior à resistência obtida no corpo-de-
prova isolado. Bem a grosso modo, a situação da argamassa da junta poderia ser comparada um ensaio
onde o corpo-de-prova fosse encapado por um material que impedisse sua deformação lateral (algo
como uma “camisa de força” envolvendo o corpo-de-prova de argamassa).
A força lateral horizontal para conter a argamassa também é aplicada como reação no bloco, que
portanto está submetido a duas forças horizontais, além do carregamento vertical. A ruptura ocorrerá
devido a essas forças horizontais. Ou seja, apesar do carregamento vertical de compressão, o bloco
rompe por tração lateral. A Figura 29 mostra esse efeito.
Conclui-se então que a resistência à compressão de uma parede não é diretamente proporcional à
resistência à compressão da argamassa. Essa característica pode ser explicada pelo confinamento a que
a argamassa entre blocos está sujeita e pelos fato de que o bloco usualmente rompe por tração lateral.
Deve-se, entretanto, observar que as pesquisas até aqui tratam de casos de blocos de resistência e
forma usuais (aqueles utilizados na construção de edifícios até 6 pavimentos). Com o crescente uso da
alvenaria estrutural e desenvolvimento de blocos de maior resistência e diferentes formas, a relação do
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parágrafo anterior pode ser distinto. Em última análise será o ensaio de prisma, descrito a seguir, que irá
indicar o comportamento da alvenaria.
Outros ensaios para caracterização da argamassa são: NBR 13278/2005 - Densidade de Massa e Teor de
Ar Incorporado; NBR 13280/2005 - Densidade de Massa Aparente no Estado Endurecido; NBR
13279/2005 - Resistência a Compressão; Módulo de Deformação – não normalizado. De acordo com a
NBR 13279/2005, o ensaio a compressão deve ser feito em cubos de argamassa de 4cm, obtidos a partir
de um prisma de argamassa originalmente com 16 x 4 x 4 cm, existindo proposta da comissão de
elaboração de norma de execução e controle de obra para moldagem de cubo de 4 cm em obra.
Figura 29: Ensaio de prisma (2 blocos + 1 junta): na foto do rompimento (esquerda) note a expulsão lateral da argamassa
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Conforme comentado nos itens anteriores, vários são os fatores que definem o proporcionamento dos
materiais da argamassa (traço). Para assentamento é comum o uso de traços de argamassa mista de
cimento: cal: areia ou argamassa industrializada onde a cal é substituída por aditivo, usualmente
incorporador de ar.
Na argamassa mista deve-se ponderar a adição de cal (garante melhor trabalhabilidade) e do cimento
(melhora as resistências). Uma argamassa de traço muito forte (muito cimento) não é desejada em
nenhuma situação devido ao risco de aparecimento de fissuras. Um argamassa muito fraca também não
é desejável pois a resistência a compressão e de aderência serão muito prejudicadas.
Em casos onde há predominância de cargas laterais sobre as verticais, como arrimos e reservatórios,
deseja-se uma argamassa com mais cimento e menos cal. O mesmo vale para alvenarias aparentes e
enterradas pela questão da durabilidade. Para edifícios comuns, até seis pavimentos, deseja-se uma boa
ponderação de cal e cimento. Argamassas com muita cal só são utilizadas em alvenaria de vedação.
Tabela 5. Em outras de edifícios mais altos ou mesmo de maior vulto (vários prédios), deve-se proceder
a dosagem experimental para definição do traço. Um indicativo para essa dosagem é considerar
inicialmente um traço com resistência média próxima de 70% da resistência do bloco (referida à área
bruta deste).
Deve-se respeitar o valor mínimo de 1,5MPa e o valor máximo de 70% da resistência do bloco na área
líquida. A dosagem será considerada adequada após confirmação da resistência do ensaio de prisma
(ensaio de bloco + argamassa, descrito a seguir).
Para um bloco cerâmico vazado comum a relação de área bruta e líquida é usualmente igual a 2,3. Para
bloco de concreto essa relação usualmente vale 2. Pode-se adotar o critério abaixo para resistência da
argamassa, com resultados indicados na Tabela 4:
Tabela 4: Resistências indicadas para a argamassa e graute em função da resistência do bloco (paredes revestidas)
Argamassa: Graute:
Bloco: fa (MPa) fgk (MPa)
fbk (MPa) Máximo Recomendado
Mínimo Recomendado
Concreto / Cerâmico Concreto / Cerâmico
3,0 2,1 4,2 / 4,8 4,0 15,0 / 15,0
4,0 2,8 5,6 / 6,4 4,0 15,0 / 15,0
6,0 4,2 8,4 / 9,7 5,0 15,0 / 15,0
8,0 5,6 11,2 / 12,9 6,0 20,0 / 20,0
10,0 7,0 14 / 16,1 7,0 a 8,0 20,0 / 25,0
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Em muitas regiões do Brasil é comum o uso de argamassa industrializada, com aditivo. Nesse caso deve-
se tomar o cuidado de observar o teor de ar incorporado na argamassa (o aditivo geralmente produz
bolhas na argamassa no estado fresco que melhora a trabalhabilidade mas aumenta a porosidade no
estado endurecido). Um teor de ar incorporado elevado prejudica a resistência a compressão e de
aderência da argamassa e da parede.
De acordo com a NBR 13281, diversas classificações são estabelecidas para a argamassa, levando em
conta a aderência (com substrato padrão de concreto), absorção, resistência a compressão e outras.
Interessa aqui destacar a classificação referente à resistência a compressão e traço esperado:
2.3 GRAUTE
O graute é um concreto ou argamassa com agregados finos e alta plasticidade. É utilizado para
preencher vazios dos blocos em pontos onde se que aumentar a resistência localizada da alvenaria. O
graute é lançado nos furos verticais dos blocos ou em canaletas e peças similares como blocos J e
compensadores. As funções do graute são:
O graute é composto de cimento e areia (graute fino) ou cimento, areia e brita 0 (graute grosso). Possui
alta fluidez, com slump entre 20 e 28cm, e por isso alta relação água/cimento, podendo chegar a até
0,9. A elevada quantidade de água leva à diminuição da resistência à compressão do graute, usualmente
medida em um corpo-de-prova cilíndrico. Entretanto, deve-se observar que a resistência do graute
lançado dentro do bloco será maior, pois a alta absorção dos blocos, especialmente para aqueles com
AAI elevados, irá rapidamente retirar boa parte da água do graute, diminuindo a relação água/cimento.
Para garantir a fluidez e plasticidade do graute e também diminuir sua retração, é aconselhável a
utilização de cal até o volume máximo de 10% do volume de cimento.
Em obras de pequeno vulto, para bloco de até 6 MPa, a resistência do graute não deve ser inferior a
15MPa. A Tabela 8 traz indicativo de dosagem básica para estes casos. Obras de maior vulto deve-se
proceder a dosagem experimental, sendo um indicativo para a resistência do graute a mesma
resistência do bloco considerando a sua área líquida. No caso de blocos cerâmicos vazadas com relação
de área bruta e líquida igual a 2,5, a resistência do graute é indicada na Tabela 4. É importante respeitar
também um valor máximo para resistência, sendo sugerido a resistência do graute não seja superior a
150% a resistência do bloco na área liquida, exceto para casos graute de 15MPa.
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O ideal é que a resistência da parede grauteada seja prevista a partir de resultados de ensaios de
prisma. Quando não se tem informações seguras, sugere-se adotar eficiência de 60% e traço com
resistência igual ao do bloco na área líquida (ver Tabela 4).
2.4 ALVENARIA
A alvenaria pode ser definida como um componente complexo constituído por blocos ou tijolos unidos
entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso. Além das funções da alvenaria
de vedação, como conforto térmico e acústico, estanqueidade, resistência ao fogo, durabilidade, a
Alvenaria Estrutural tem a função de absorver e transmitir ao solo ou à estrutura de transição, todos os
esforços a que o edifício possa vir a ser submetido.
Logo após a queima o bloco absorve umidade do meio ambiente que, ao longo de vários anos,
causa uma expansão irreversível nas dimensões dos blocos (e alvenaria). Apesar de ocorrer por vários
anos, a maior parte desta expansão ocorre nas primeiras idades. Apenas como indicativo é comum
encontrar na literatura que cerca de 50% da expansão dos cinco primeiros anos acontece nos 6
primeiros meses de idade do blocos. A expansão que ocorreu nesses cinco primeiros anos levará mais
500 anos para dobrar de valor. Ou seja, cerca de 25% da expansão ocorre nos seis primeiros meses, 25%
nos 4,5 anos seguintes e os 50% restantes em centenas de anos. O valor dessa expansão depende do
material utilizado e do tipo de queima utilizado na produção dos blocos.
As variações dimensionais devidas à retração por secagem (blocos de concreto) e expansão térmica,
podem ocasionar patologias (fissuras) em função do aparecimento de tensões de tração em função da
alteração dimensional. Por esse motivo é importante garantir que os blocos tenham sido produzidos
com qualidade e tenham um baixo potencial de retração. Para o caso de blocos de concreto o máximo
potencial de retração é limitado a 0,065%, em ensaio realizado de acordo com NBR 12118. Cuidados
como cura bem feita, espera de tempo adequada antes do assentamento, não assentamento de blocos
úmidos, realização de juntas, são importantes na prevenção de patologias relacionadas a esse item.
Sob uma tensão constante os materiais apresentam uma deformação ao longo do tempo, fenômeno
conhecido como fluência. Seu mecanismo está associado à movimentação da água adsorvida na micro-
estrutura do material devido à pressão causada por uma força externa. Em comparação com outros
tipos de alvenarias, as de blocos cerâmicos têm uma por fluência menor que de blocos de concreto. Essa
característica pode ser explicada pelo fato de ser criada uma camada cristalizada na superfície dos
blocos cerâmicos após o processo de queima, o que os tornam consideravelmente impermeáveis. Aliado
ao fato de que toda a água é removida durante a queima, a possibilidade de haver água adsorvida
internamente nesses blocos é bastante improvável. GOMES (1983) diz que a deformação lenta de blocos
cerâmicos queimados a mais de 800oC é desprezível, sendo a fluência de alvenarias construídas com
esse tipo de bloco dependente exclusivamente da argamassa. São sugeridos os seguintes valores de
fluência especpara projeto:
Para verificação das deformações no Estado Limite de Serviço, o projeto de revisão de norma
recomenda considerar a deformação por fluência igual à deformação elástica inicial, ou seja,
deformação final igual ao dobro da inicial.
O módulo de deformação da alvenaria (Em) depende das características dos blocos e da argamassa.
Algumas normas internacionais trazem valores tabelados para essa propriedade, de acordo com a
resistência e tipo do bloco e argamassa. Enfoque simplificado é feito, estimando o módulo de
deformação em função da resistência de prisma.
No caso de realização de ensaios, calcula-se Em de acordo com a corda dos pontos iguais a 5% e 30% de
fp do diagrama x
Conceber uma estrutura consiste em se determinar, a partir de uma planta básica, as paredes portantes
e não-portantes, relativas às cargas verticais e horizontais, considerando aspectos de utilização da
estrutura e simetria, entre outros. Definido o sistema estrutural, determinam-se às ações verticais
(cargas) e horizontais para o dimensionamento.
A função da estrutura nos edifícios é canalizar as ações externas para o terreno onde o prédio se apoia.
Deve garantir que as tensões internas sejam adequadamente resistidas pelos materiais constituintes, e
garantir a estabilidade e rigidez de cada parte e do conjunto. A concepção dos sistemas estruturais
passa pela análise de arranjos, configurações (rigidez) e vinculações (estabilidade) convenientes; análise
dos materiais, das seções e das resistências.
Os sistemas estruturais em alvenaria podem ser classificados segundo alguns tipos notáveis, conforme
ilustram as figuras a seguir. Para garantir a estabilidade lateral do edifício, devem ser dispostas paredes
estruturais nas duas direções principais do prédio. A Figura 11 mostra como pode variar o grau de
estabilidade de um prédio, em função do lançamento das paredes estruturais.
Entretanto, muitas vezes o pavimento térreo é aproveitado como garagem e/ou contém grandes
modificações arquitetônicas em relação ao pavimento tipo, não permitindo que as paredes estruturais
cheguem até o solo. Nesses casos, a solução estrutural é a criação de um pavimento de transição
(comumente chamado de pilotis), lançando-se pilares e vigas para possibilitar a criação de espaços
maiores e acomodar as necessidades da arquitetura. A fundação desse tipo de edifício é bastante
próxima dos casos em estrutura convencional, pois os carregamentos do prédio chegarão ao solo
concentradas em pilares. Há apenas uma pequena diminuição nas cargas, pois o peso próprio da
estrutura/vedação de um edifício em alvenaria estrutural é um pouco menor.
A transmissão do carregamento vertical de uma parede sobre um pórtico formado por uma viga apoiada
em pilares ocorre com encaminhamento dos esforços em direção aos apoios. Esse efeito, chamado de
efeito arco, ocorre com o surgimento de esforços de tração (especialmente na base da parede,
formando um tirante) e com concentração de esforços de compressão nas extremidades da parede.
Desta forma, um carregamento suposto uniformemente distribuído sobre a parede, será distribuído
sobre a viga de apoio não uniformemente, mas com valores maiores próximos aos apoios, diminuindo
assim a flexão da viga.
O efeito arco será mais pronunciado quando a rigidez da viga é comparativamente menor que a rigidez
da parede. Em parede sobre uma viga muito rígida não há efeito arco. Ao contrário, caso a viga de base
não tenha rigidez, só seria possível vencer o vão com alvenaria em forma de arco.
Carregamento uniforme
Esforços
horizontais
(tirante na base)
Concentração de
compressão nas
extremidades da
Cargas maiores parede
perto do apoio
Momento na
viga é menor
Figura 34: Esforços no efeito arco
Nos projetos usuais de edifícios de alvenaria estrutural, nem sempre nos deparamos com a situação
idealizada acima, uma parede sem aberturas sobre uma viga com apoios nas extremidades.
Especialmente no dimensionamento de pilotis, será muito raro encontrar um prédio com todas as
transições parede/estrutura de concreto dessa forma. Usualmente, teremos viga apoio de viga sobre
Entretanto, existem algumas situações particulares de projeto em que a condição acima realmente
acontece, como é comum em edifícios aonde a estrutura de alvenaria chega até a fundação, apoiada
sobre vigas baldrame com estacas nas extremidades.
Para essas situações é possível usar métodos simplificados de cálculo, como o de Stafford Smith &
Pradolin (1983), citado por Barbosa (2000). Esse método é baseado em modelos numéricos e ensaios
experimentais e guarda ainda algumas considerações em favor da segurança nas suas recomendações,
que portanto poderiam ser utilizadas com segurança em projeto.
Deve-se verificar:
- a condição para haver efeito arco da razão altura da parede sobre comprimento do vão ser superior a
0,6;
- a resistência a compressão nas extremidades da alvenaria (entende-se ser possível utilizar o critério de
carga concentrada para essa verificação), sendo algumas vezes necessário grautear as extremidades da
parede;
- o cisalhamento na interface da parede com a viga, muitas vezes sendo necessário utilizar armadura
vertical entre a viga e a parede;
- o valor da tração na viga para o efeito de tirante, usualmente com pouca influência na taxa de
armadura;
- o momento fletor máximo na viga, menor que o haveria sem efeito arco.
Para tanto, os autores citados propõem um parâmetro de rigidez relativa viga e parede, expresso por:
Onde:
O carregamento sobre a viga é assumido como duas cargas triangulares com valores máximos nas
extremidades do vão e comprimento l , calculado de acordo com o parâmetro de rigidez K. A partir
desse comprimento, calcula-se os esforços, conforme tabela abaixo (extraída de Barbosa, 2000).
Deve-se destacar que, por ser um método simplificado, o descrito acima usualmente leva a esforços
muitas vezes superiores a outros métodos que se propõem mais refinados (e portanto não tão simples),
como a modelagem numérica ou o apresentado com Sinha et al. (1987).
DADOS GERAIS:
Viga de 25 Mpa:
Ev = 23 Gpa
Iv: 20x40 = 106.667 cm4
20x60 = 360.000 cm4
20x80 = 853.333 cm4
L = 3,0 m
3.2 MODULAÇÃO
Em um projeto de alvenaria, seja estrutural ou de vedação, não se deve permitir a quebra de blocos.
Para tanto, é necessário que as dimensões arquitetônicas sigam o padrão modular dos blocos, ou seja,
tenham medidas múltiplas da dimensão padrão. Desta forma será possível o ajuste perfeito dos blocos
na planta de arquitetura.
Os catálogos do fabricante mostram as famílias de bloco e modulações mais comuns. Ainda é possível a
utilização de blocos especiais de ajuste de modulação, por exemplo blocos de 5cm, ou mistura da família
de blocos, para se conseguir dimensões não padrão. Para melhor racionalidade do processo, esse tipo
de solução deve ser evitada, sugerindo-se sua adoção apenas em pontos localizados, como em vãos de
portas.
É muito importante para o processo, que os vãos de portas e janelas sejam perfeitamente resolvidos
durante o desenvolvimento do projeto. Usualmente, escolhe-se vãos de janelas de acordo com a família
dos blocos adotada. Por exemplo, para a família de 15x30, a dimensão horizontal das janelas deve ser
múltipla de 15cm (60cm, 120cm, 150cm). Para a família de 15x40, a dimensão horizontal das janelas
deve ser múltipla de 20cm (60cm, 120cm, 180cm). As dimensões verticais (incluindo a altura do peitoril)
devem ser múltiplas de 20cm.
No caso de portas, isso nem sempre é possível e, nesse caso, pode-se utilizar blocos de ajuste de 5cm ou
misturar as famílias.
A amarração entre paredes pode ser direta, com sobreposição dos blocos de uma parede na outra a
cada 2 fiadas, ou indireto, sem sobreposição de blocos.
A amarração indireta tem a desvantagem de não unir totalmente as paredes, trazendo prejuízos ao
comportamento estrutural das paredes, pois há uma redução da rigidez aos carregamentos laterais e
também uma pior distribuição das cargas verticais. A Figura 36 traz alguns detalhes. Essa solução deve
ser evitada, especialmente no caso de edifícios com mais de 4 pavimentos.
Nesse tipo de modulação o bloco inteiro tem dimensão de 14x29cm, sendo a dimensão modular igual às
dimensões do bloco mais argamassa de 1cm, ou seja, 15x30cm. Essa é a modulação mais recomendada,
pois o comprimento modular é igual ao dobro da largura modular, permitindo uma amarração perfeita
entre os blocos. Para modular os cômodos, basta criar uma malha quadricular de 15x15cm e dispor os
blocos sobre essa malha, pois todas as dimensões horizontais serão múltiplas de 15cm. Nos encontros
de parede são dispostos blocos com comprimento modular de 45cm para permitir a amarração.
1a fiada 2a fiada
amarração em L
amarração em T
1a fiada
amarração em X
bloco de 45cm
para amarração
2a fiada
Esse tipo de modulação foi a primeira a ser utilizada no Brasil e tem o inconveniente do comprimento
não ser proporcional à largura do bloco. Para ser possível a amarração direta entre paredes é necessária
a utilização de blocos especiais de 14x34cm e de 14x54cm. As dimensões dos cômodos são, na maior
parte, múltiplas de 20cm, havendo alguns casos em que as dimensões ficam diminuídas de 5cm.
bloco de 54cm
para amarração 1a fiada 2a fiada
amarração em L
amarração em T
bloco de 34cm
para amarração 1a fiada
amarração em X
2a fiada
Há dois tipos de modulação vertical. Piso a teto e piso a piso. No primeiro caso, as paredes externas
terminam com um bloco J (com uma das paredes maior que a dimensão convencional), ajustando-se a
altura da laje. Nas paredes internas usam-se blocos canaletas comuns. A Figura 39 mostra estes
detalhes. Entretanto, quando a modulação é trabalhada com múltiplos de 20cm (pé-direito de 2,6m ou
2,8m) eles não são necessários.
Quando a modulação se refere à distância piso-piso, o bloco J das paredes externas tem altura menor
que o convencional numa de suas paredes, para acomodar a altura da laje, e nas paredes internas usam-
se blocos compensadores para ajustar a distância piso-teto, não modulada.
É importante checar com o fornecedor dos blocos para a obra, quais componentes ele produz.
O projeto arquitetônico deve buscar a integração entre formas estruturais e arquitetônicas. Deve ser
influenciado pelos aspectos físicos dos materiais, pelos métodos construtivos e pela expressão estética,
de resistência e estabilidade inerentes a estas formas. Os objetivos do projeto arquitetônico são a
divisão funcional, o desempenho, a absorção de cargas verticais, o provimento da estabilidade e a
racionalização. Lembrar sempre que o projeto arquitetônico condiciona o projeto estrutural.
O projeto arquitetônico é elaborado em três fases: estudo preliminar, ante-projeto e projeto. O estudo
preliminar normalmente é integrado com o projeto estrutural. Nesta etapa se concebe a forma da
edificação, distribuem-se preliminarmente as paredes resistentes e de contraventamento e determina-
se o tipo de laje empregada. Pode-se ainda complementar o estudo com o traçado das paredes não
resistentes (vedação e hidráulica).
No ante-projeto, também integrado como projeto estrutural, definem-se as dimensões do bloco para
estabelecimento de um módulo. Ao arbitrar um bloco de pequena largura, definindo-se a espessura da
parede, pode ser necessária uma reformulação total do projeto modulado. O bloco de maior largura
pode ser antieconômico.
Definido o módulo pode-se compatibilizar as medidas de todas as paredes, com base ainda no estudo
preliminar.
As aberturas são projetadas respeitando-se a modulação, e devem ter tamanho, forma e arranjo
adequados, pois influenciam o comportamento estrutural. Deve-se evitar aberturas de canto,
assegurando-se o enrijecimento com abas e flanges.
Nos pontos de luz ou tomadas onde as caixas serão colocadas, os blocos devem ser cortados
preferencialmente faceando uma junta horizontal, facilitando o corte do bloco e embutimento das
caixas. Devem ser assentados já com as caixas posicionadas. No quadro geral, os eletrodutos devem ser
centralizados em vazados contínuos (a interrupção em cada pavimento se dá através de caixa modular).
Os quadros de distribuição e as caixas de passagem devem ter dimensões que evitem cortes na
alvenaria. É importante que o projeto das alvenarias indique todas as passagens de eletrodutos e todos
os pontos onde serão instaladas caixas de luz e força.
As instalações hidro-sanitárias têm um tratamento a parte, pois os diâmetros das tubulações são
maiores e podem requerer manutenção. Neste caso, pode-se prever a existência de paredes não
estruturais ou shafts hidráulicos.
Na primeira opção, definem-se paredes não estruturais (de vedação) cujos pesos são absorvidos pelas
lajes (paredes pequenas, de banheiros, áreas de serviço ou cozinhas). Nestas paredes permite-se
executar rasgos para embutir as tubulações. No entanto, perde-se racionalidade no processo
(desperdício de material e mão de obra), exigindo-se o encunhamento das paredes às lajes (alterando o
processo construtivo destas paredes). Recomenda-se que a última fiada destas paredes seja executada
depois de todas as lajes, da cobertura ao térreo, para que elas não sirvam de apoio às lajes. Além disso,
é necessário executar o fechamento das aberturas das faces dos blocos rasgados. São óbvias as
implicações desta opção no comportamento estrutural.
Pode-se também executar uma parede não estrutural utilizando-se “blocos hidráulicos” com as mesmas
dimensões externas modulares do bloco estrutural, com concavidades em todos os septos transversais,
e ranhuras verticais numa das faces longitudinais, para direcionar a quebra de uma placa na face do
bloco, criando uma canaleta vertical para embutimento da tubulação (a ranhura serve também para
diferenciá-lo do bloco estrutural).
A segunda opção é mais racional. Os shafts hidráulicos são passagens deixadas na laje em toda a altura
do edifício adjacentes a parede, por onde passam as tubulações (principalmente as prumadas
primárias). Normalmente são executados em box de banheiro ou junto à área de serviço. As vantagens
desta opção são a facilidade de execução das instalações, ao se eliminar a interferência com serviços de
pedreiros e a necessidade de quebra e enchimento de paredes. Além disso, eles podem ser visitáveis,
facilitando a manutenção. As desvantagens são o pior isolamento acústico e a comunicação contínua de
vazamentos.
A Figura 23 mostra um esquema destas duas soluções. Para a instalação de pequenos trechos de
tubulação vertical, pode ser utilizado o bloco hidráulico (Figura 24).
enchimento
Em relação à trajetória horizontal das tubulações de maiores diâmetros, as opções são o forro falso, a
laje rebaixada (menos utilizada) ou enchimento (solução localizada, quando se aumenta a espessura da
parede – com uma parede não estrutural adjacente – ou do revestimento, no trecho onde passa a
tubulação, que fica externa ao bloco; usada muito em tubulação sob a pia da cozinha, onde o
enchimento sob a bancada não compromete o aspecto estético).
O detalhe previsto deve evitar que dilatação da laje cause fissuras nas paredes. Para isso, algumas
providências são necessárias:
Reduzir dilatação (empregando juntas de dilatação ou amarração das bordas da laje às canaletas
cintadas – com ferragem);
Prever junta entre a laje e a parede (Figura 25). Neste caso, a parede as paredes do último andar ficam
separadas da laje, de maneira a permitir que a laje se movimente sobre a parede – as fissuras ficam
direcionadas para o encontro da laje/parede e podem ser escondidas com uma moldura de gesso e ou
impermeabilizadas com material apropriado.
cantoneira de gesso
fixada apenas na parede
3 camadas de papel
betumado ou
manta asfáltica
É interessante que a racionalização trazida pelo sistema construtivo de alvenaria estrutural seja utilizada
em sua totalidade utilizando peças pré-moldadas para facilitar (e melhorar) a execução de vergas de
portas, contra-vergas, marcos, escada, etc. As vergas pré-moldadas de portas possibilitam o acerto da
altura do vão da porta (usualmente não múltiplo de 20cm – vergas especiais) e facilitam a execução, ao
eliminar a necessidade de execução de canaletas grauteadas. Em qualquer caso devem passar 30 cm de
cada lado dos vãos (se possível, não terminar este elemento sobre uma junta de alvenaria).
3.5.3 ESCADAS
As escadas mais usadas são a moldada in loco com vigas de apoio no patamar (que respeitem a
modulação da alvenaria), a pré-moldada (colocada com equipamentos de transporte) e a escada jacaré
(que é mais leve). A utilização de escada pré-moldada tipo jacaré (Figura 27) é interessante nos casos de
edifícios de vários andares, onde as peças repetem-se várias vezes.
1xØ10 1xØ10
14
1
ELEVAÇÃO
2
ELEVAÇÃO
271 256
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
301
13
17
22
26
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
11
29
15 15 40 15 15
76 76 76 76
659
10
14
10
3
66
66
91
ELEVAÇÃO
156
ELEVAÇÃO
80
80
80 76 40 40 76 80
301
20
14 171 9
14
14
196
969
316
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
15
24
76 76
216
76
76
146
130 232
15 15 ELEVAÇÃO
70
70
86 86 4
14
2xØ10 2xØ10
90
121
242 5 189 120
27
ELEVAÇÃO
61
1574
256
256
14
Ver variação no térreo
18
ELEVAÇÃO
5
ELEVAÇÃO
27
121
105
2xØ10 2xØ10
14
86 86
40
15 15
X
70
6
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
76
14
23
19
80 76 40 40 76 80
80
80
ELEVAÇÃO
10 66
10 66
7
659
76 76 76 76
605
15 15 15 15
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
10
28
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
12
16
21
25
ELEVAÇÃO ELEVAÇÃO
8 9
14
1xØ10 1xØ10
Legenda Blocos
Estrutural Vedação
bloco 9x19x39
bloco 14x19x14
bloco 14x19x39
bloco 14x19x29
bloco 14x19x44
bloco 14x19x4
bloco 14x19x19
1xØ10 1xØ10
121x101
121x101
121x101
121x101
ar ar
120
120
120
120
condicionado 969 condicionado
14
61x40 61x40
180 180
75 121 60 90 121 60
condicionado
condicionado
61x40
61x40
180
180
ar
ar
271 256
301
40 15 15
121x101
121x101
120
120
654 76 76
659
14
10
121
15
66
91
91
106x61 549 106x61
156
160 160
80
40 76 80
14 171 196 301 484
969
316
14
216
76
146
61x41
61
135 232 140
15 15
70
86 324 91 59 91
30
14
91x101
91x101
91x101
91x101
120
120
120
120
2xØ10 2xØ10
90
121
242 5 189 120
27 189
61x81
61
1574
256
256
14
140 61x81
Ver variação no térreo 160
381
121
105
2xØ10 2xØ10
-189
91x101
91x101
91x101
91x101
120
120
120
120
14
54
40
X 61x41
140
-106
261
-369
-176
-54
-574
106x61 106x61
160 160
-276
659
605
121x101
121x101
-759
120
120
-204
-474
96
366
651
condicionado
condicionado
61x40
61x40
180
180
ar
ar
-591
ar ar
14
condicionado condicionado
121x101
121x101
121x101
121x101
61x40 61x40
120
120
120
120
180 180
1xØ10 1xØ10
0
14
32
ELEVAÇÃO
Variação no Térreo
Entrada do Edifício
14 256 14
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
60
30
31
556
2xØ10 ELEVAÇÃO
18
136
60
ELEVAÇÃO
33
14
Esquema Vertical
Fundo
200
Cx Água 12.56 m
12
132
Cobertura 11.24 m
9
281
Estrutural / Vedação
281
Vedação / Vedação
2o. Pav 5.62 m
9
281
tela c/ 3 fiadas
1o. Pav 2.81 m
9
281
Térreo/
Fundação 0.00 m
Notas:
Ático
14
Variação no Térreo
Entrada do Edifício
14 256 14
60
2xØ10
136
556
60
9
14
Bloco Compensador Ligação Laje de Cobertura / Alvenaria Externa
Nível da Laje concreto
1.5
Moldura de gesso
Argamassa de regularização
281
Cinta de respaldo
272
Cinta de respaldo
1
L1A ELEVAÇÃO L2A L1B
2 L2B
ELEVAÇÃO
L1A L2A L2B L1B
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
13
17
22
26
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
11
29
3
L4A ELEVAÇÃO L4B
ELEVAÇÃO
L3A
20
L3A L4A L4B L3B
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
15
24
ELEVAÇÃO L3B
4
L5
L5 L6
ELEVAÇÃO
L6
18
ELEVAÇÃO
5
ELEVAÇÃO
27
L3C 6 L3D
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
14
23
19
L4C L4D
ELEVAÇÃO
7
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
10
28
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
ELEVAÇÃO
12
16
21
25
Caderno de
Elevações das
Paredes
Legenda
bloco 14x19x4
bloco 14x19x14
19
bloco 14x19x19
bloco 14x19x29
bloco 14x19x44
C
canaleta 14x19x14
canaleta 14x19x29
c compensador 14x11x14
c compensador 14x11x 29
4 / 44 / 44 / 44
/4 29 29 29
29
14 14
19
19
19
19
14
14 14
Graute Vertical
ENCONTRO DE PAREDES PONTOS INDICADOS EM PLANTA
DO 3o. PAVIMENTO Fundação Térreo, 1o, 2o. Pav. 3o. Pav.
(TODOS ENCONTROS)
3x12N2 Ø10 C=180
c c c c c c c c c c
20 20
12N3 Ø10 C=170
40N3 Ø10 C=170
150
150
20
1xØ10
(todos encontros
de parede)
TABELA DE FERROS
ELEM POS ACO Ø QUANT COMPRIMENTO
UNIT TOTAL
RESUMO DE FERROS
ACO Ø COMP TOT PESO PESO+10%
(m) ( kg ) ( kg )
50A 10.0 1608.75 993 1092
1N2 Ø10 C=280 1N3 Ø10 C=250 1N3 Ø10 C=250 1N2 Ø10 C=280
10 10 10 10 10 10
1N3 Ø10 C=250 1N3 Ø10 C=250 1N3 Ø10 C=250 1N3 Ø10 C=250
10 10 10 10 10 10 10 10
1N5 Ø10 C=130 previsão ar-condicionado previsão ar-condicionado 1N5 Ø10 C=130
10 10 61x41cm 61x41cm 10 10
14 c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 14 c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
44 44
13 13
12 12
44 44
11 11
T
10 121 T 121 10 121 121
101
101
101
101
9 9
8 8
44 44
7 7
6 6
44 44
5 5
4 4
44 44
3 3
T T
2 2
44 44
1 1
1
2
PAR 3=7
50
40
1N4 Ø10 C=770 40
1N4 Ø10 C=770
1N5 Ø10 C=130 1N5 Ø10 C=130
10 10 10 1N6 Ø10 C=355 1N5 Ø10 C=130 1N5 Ø10 C=130
10 10 10 10 10
1N6 Ø10 C=355
10 10
c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
44 44 44
44 44 44
11
10
101
101
44 44 44
9
121 121
8
7 44 76 44 76 44 76
76
221
221
221
T+IN IN IN IN IN T+IN
C
6
221
44 44 44
5
44 44
4
44 44 44
3
IN IN IN IN
44 44
2
44 44 44
1
PAR 4
50
40
1N4 Ø10 C=770 40
1N4 Ø10 C=770
1N7 Ø10 C=310 1N7 Ø10 C=310
10 10 10 10
1N7 Ø10 C=310 1N7 Ø10 C=310
10 10 10 1N8 Ø10 C=325 10 10 10
c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
44 c c 44
44 C
19 11 19 44
44 44 44
10
101
101
101
101
19 19 44
9
91 91 44
8 44 44 91 91
19 19 44
c c c c c 7
221
T T T M IN IN T T T
221
44 44 44
6
44 19 19 44
5
44 44 44
4 86
44 19 86 19 44
3
44 44 44
5.5
2
44 19 19 44
1
IN IN
IN + c IN + c
23.5
6
c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
44 c c 44
C 44
44 19 11 19
44 44 44
10
101
101
101
101
44 19 9 19
91 91 44 44
8 44 91 91
44 19 7 19 c c c c c
T T T IN IN M T T T
221
221
44 44 44
6
44 19 5 19 44
44 44 44
86 4
19 86
44
3 19 44
44 44 44
2
44 19 1 19 44
IN IN
IN + c IN + c
C
14 c c c c c c c c c c c
13 13
12 12
11 11
10 10
9 9
8 8
7 7
C
6 6 6
5 5 5
135
4 4 4
3 3 3
5.5
2 2 2
1 1 1
8.5
12-13-25-26
14 c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c 14 c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
13 13
44 44
12 12
11 11
61
61
44 44
10 10
106 106
9 9
44 44
8 8
7 7
T T
44 44
6 6
5 5
44 44
4 4
3 3
44 44
2 2
1 1
10 11
14 c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
13
12
T T
11
10
9
8 IN T INT
261
261
C
7
6
5
4
3 TV T TE L TEL T TV
91 91 T T
2
1
23 14 16 17
13 44
13 44 -- INSTALAÇÕES NÃO ESPELHADAS --
C A RA C 13
12 12
C
12
11 11
11
10 10
81
10
9 9 61 9 QLF
41
8 8 61
C 8
7 7
7
221
M M
44
6 6
C
44
6
5 5
44
5
4 4
136 44
4
3 3
44
3 T
2 2
44
2
1 1
1 Ø1" Ø1"
14 14
ELEVAÇÕES DOS BLOCOS 1,2,3,7,8,1 1,12,13
c c c c c c c c c c c c c c c c c c
44 44
13 13
-- INSTALAÇÕES ESPELHADAS --
-- INSTALAÇÕES ESPELHADAS --
C C AR A
12 12
11 11
10 10
81
9 9 61 19
8 8
C
7 7
221
M M
44
6 6
44
5 5
44
4 4
136 44
3 3
44
2 2
44
1 1
18 18
PAR 32 PAR 33
Ático Ático
10 1N17 Ø10 10
C=115
10 10
10 1N22 Ø10 C=145 10
9 9
8 8
14 c c c c c c c c c c 14 c c c c c c c c c c
M M 7 7
44 44
13 13
6 6
44 44
12 12
5 5
44 44
11 11
4 4
44 44
10 10
3 3
0,5
0,5
44 44
9 9
2 2
44 44
8 8
1 1
7 c c c c c c c c c 7 c c c c c c c c c
44 C
6 6 6 6
0,5
0,5
44
5 5 5 5
44 AR A
4 4 4 4
81
44
3 3 3 3
61
44
2 2 2 2
44 C
1 1 1 1
27 27
PAR 30 PAR 31
Ático Ático
40 1N23 Ø10 C=655 40 40 1N23 Ø10 C=655 40
10 10
9 9
8 8
7 7
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
vedação
QUANTIDADES PARA 01 PRÉDIO
1 TABELA DE FERROS
ELEM POS ACO Ø QUANT COMPRIMENTO
UNIT TOTAL
vedação
2 vedação 1 50A 10 32 125 4000
3
RESUMO DE FERROS
ACO Ø COMP TOT PESO PESO+10%
vedação
(m) ( kg ) ( kg )
50A 10.0 59.2 37 40
4
Legenda (Elevação)
QUANTIDADES DE BLOCOS
bloco 14x19x19 bloco 9x19x39
BLOCO TOTAL +5%
bloco 14x19x39 bloco 9x19x19 compensador 14x11x39 56 59
canaleta 9x19x39 256 268
bloco 14x19x04 bloco 9x19x9 bloco 14x19x19 240 252
bloco 14x19x39 512 540
C compensador 14x11x19 C9
canaleta 9x19x39 bloco 14x19x04 288 303
bloco 9x19x19 384 403
C compensador 14x11x39 bloco 9x19x39 896 941
bloco 9x19x9 176 185
c c c c
ajustar junta vertical nessas fi adas
C9 C9 C9 C9 C9 C9
76 66
221
IN IN+T IN+T
76
26
Edifícios de alvenaria estrutural têm como característica possuir elementos que funcionam ao mesmo
tempo como estrutura e vedação. Desta forma, as paredes do edifício devem atender aos requisitos
arquitetônicos e estruturais simultaneamente, havendo uma forte interação entre esses dois sub-
sistemas. Da mesma forma, soluções para as instalações hidráulicas e elétricas que incluam a execução
de rasgos em paredes ou improvisos não são possíveis, pois comprometem a segurança da edificação.
Outras soluções devem ser pensadas, sendo necessárias consultas aos projetistas de instalações desde o
início do projeto. Projetos de alvenaria estrutural têm, portanto, uma forte vocação em serem
racionalizados desde sua concepção.
A seguir são identificadas as informações necessárias para início de um projeto de alvenaria estrutural e
o fluxo de informações, além de se discutir vantagens, desvantagens e dificuldades de um projeto
racionalizado.
Diferentes fatores estão envolvidos nas escolhas a serem feitas durante a execução do projeto.
Usualmente essas escolhas são feitas em uma reunião inicial entre os projetistas de arquitetura,
estrutura, hidráulica, elétrica e fundações, o engenheiro gerente da obra e o proprietário do
empreendimento. Quando alguma dessas pessoas não assume a função de coordenação, é somada
também a figura do coordenador do projeto.
Dentre as informações necessárias e escolhas feitas nessa primeira reunião, pode-se destacar:
a) tipo de fundação:
i. o tipo de fundação depende basicamente do tipo de solo encontrado no local da construção e da
existência ou não de pilotis, altura da edificação, entre outras; as informações necessárias para
detalhamento de cada fundação são:
A. sapata ou radier: tensão admissível e coeficiente de mola do solo;
B. vigas baldrame sobre estacas: tipo de estaca, capacidade e diâmetro, alinhamento das paredes
com o baldrame, rebaixos existentes entre o piso interno e externo no térreo, necessidade de
blocos de fundação rebaixados;
C. fundação de pilotis: opção por estaca ou tubulão, diâmetro, capacidade;
A resistência a compressão da alvenaria depende em grande escala do tipo de bloco, em menor escala
da mão-de-obra e em menor escala ainda da argamassa. A máxima carga de compressão que a parede é
capaz de resistir depende da seção transversal (espessura e comprimento da parede), da esbeltez
(relação altura / espessura), e de eventuais excentricidades de carregamento.
O melhor ensaio para determinar a resistência à compressão da parede é aquele realizado em escala
real, com a parede inteira. Esse procedimento de ensaio é normalizado pela NBR 8949 Esse não é um
ensaio de fácil realização e tem o seu custo. Em contrapartida a utilização do ensaio de compressão de
blocos apenas como forma de prever a resistência da parede não é seguro, pois existe uma série de
fatores inerentes a interação bloco-argamassa que interferem na resistência. Assim o melhor corpo-de-
prova para controle da resistência é o ensaio de prisma – componente bloco + argamassa.
O ensaio de prisma pode ser realizado com dois blocos e uma junta de argamassa (de acordo com
norma brasileira) ou com três blocos e duas juntas, usualmente mais utilizada nos laboratórios de
pesquisa. Conforme se discutiu no item sobre resistência a compressão de argamassa, o fato de esta
estar confinada pelos blocos faz com que apareçam tensões de tração lateral na junta que acabam por
definir a forma de ruptura do prisma e da parede.
Na construção do corpo-de-prova (assentamento de um bloco sobre outro, formando o prisma de dois
blocos e uma junta de argamassa), deve-se dispor a argamassa em toda a face horizontal do bloco (e
não apenas nas laterais). Isso deve ser feito mesmo se a obra optar pelo assentamento de bloco com
disposição de argamassa apenas nas laterais quando deve-se prever uma diminuição da resistência a
compressão no cálculo (descrito em item a seguir). A idéia é que o ensaio seja padronizado, com ajustes
no dimensionamento de acordo com o tipo de construção.
O cálculo de fpk a partir de uma amostra de ensaios é feito de maneira semelhante ao cálculo de f bk, com
a diferença de que fbk nunca deve ser considerado maior de 0,85 da média e que usualmente o número
de exemplares é igual a 12.
Assim como o corpo-de-prova cilíndrico é utilizado para controle de obras de concreto, o prisma de dois
blocos é utilizado para controle de obras em alvenaria estrutural. É importante destacar que, mesmo o
prisma medindo indiretamente também a resistência do bloco, é importante o controle de resistência
dos blocos, uma vez que a obra compra esse insumo a partir da especificação do fbk.
Sempre é bom ter em mente de que quanto maior e mais perto do elemento parede é o corpo-de-prova
ensaiado menor será a resistência a compressão obtida no ensaio, porém mais próxima do real será o
resultado. Por exemplo, resultados de ensaios de resistência compressão de blocos são superiores que
de prismas, que por sua vez são maiores que pequenas paredes, que são maiores que a parede inteira.
Entretanto é muito importante ressaltar uma particularidade da normalização brasileira que prescrevia
que os resultados dos ensaios de bloco sejam calculados em função da área bruta e os resultados de
prismas sejam calculados em função da área líquida. Desta forma divide-se a carga de ruptura de prisma
por uma área inferior (geralmente metade) à utilizada em ensaio de blocos, levando a distorção de
resultados de prismas maiores que de blocos. Essa particularidade foi corrigida em revisões recentes das
normas, devendo ser adotada sempre a área bruta como referencia. Nesta apostila todas as
considerações de ensaios e resistências serão feitas em relação a área bruta.
Figura 58: Corpos-de-prova para medir resistência a compressão: bloco, prisma, paredinha, parede
Conforme discutido a seguir, a resistência à compressão é influenciada por diferentes fatores, tais como:
tipo de argamassa, tipo de bloco (material, forma, resistência), tipo de assentamento (em toda a face do
bloco ou apenas nas laterais), qualidade da mão-de-obra, nível de grauteamento.
4.1.1 Argamassa
Devido ao estado tri-axial de tensões em que é submetida, a resistência da argamassa não é um fator
determinante na resistência à compressão da parede, apesar de poder ter grande influência em outros
fatores (resistência ao cisalhamento e à tração). Esse fator foi discutido em tópico anterior.
4.1.2 Bloco
A resistência à compressão de uma parede é altamente dependente do tipo de bloco a ser utilizado. É
importante a determinação da resistência à compressão de paredes para cada tipo de bloco existente
no mercado. Isso se faz através de ensaios de parede, prisma e bloco. O ensaio de parede serve para
identificar de maneira segura a resistência desse elemento e deve ser realizado sempre que for lançado
O tipo de assentamento dos blocos, espalhando argamassa apenas nas laterais ou sobre toda a sua face
de assentamento, pode influenciar na resistência à compressão de uma parede.
A escolha do tipo de assentamento deve levar em conta diferentes fatores, tais como: a resistência à
compressão, produtividade, nível de inspeção necessário, equipamentos a serem utilizados, forma do
bloco, permeabilidade, entre outros parâmetros. Em alguns casos esses fatores contribuem para a
opção de utilização de argamassa apenas nas laterais, pois nesse caso a produtividade é maior, o nível
de inspeção necessário é menor (tradicionalmente a mão-de-obra é mais aceita a esse tipo de
procedimento) e é possível a utilização de equipamentos de distribuição automatizada de argamassa
apenas nas laterais.
No caso de alvenarias aparentes tem-se uma maior estanqueidade da parede quando não há argamassa
nos septos, pois nesse caso não há ligação entre os cordões de argamassa nas duas laterais dos blocos,
evitando a transferência da umidade externa.
Considera-se importante que, após a escolha do tipo de assentamento, o projetista de estruturas avalie
a resistência à compressão de acordo com o procedimento executivo adotado. Considerando a área
bruta, a resistência de uma parede com argamassa apenas nas laterais será menor do que o segundo
caso. Considerando a área efetiva e argamassa, a resistência do caso A é maior que no B, por volta de
15% superior.
Simplificadamente pode-se estimar essa diminuição multiplicando-se o valor da resistência por 0,8,
considerando a diminuição de 20% na resistência a compressão para o caso A.
4.1.5 Grauteamento
Elementos comprimidos terão sempre o problema de flambagem inerente a esse tipo de esforço.
Quanto mais esbelta for a parede, menor será a resistência à compressão desta. A esbeltez depende da
espessura efetiva (tef) e da altura efetiva (hef) da parede.
A altura efetiva é equivalente ao comprimento de flambagem na nomemclatura clássica da resistência
dos materiais e depende do tipo de vinculação da parede e também da real altura.
A Figura 62 traz recomendações clássicas para consideração da altura efetiva e uma parede. Pela
normalização brasileira, apenas duas considerações são possíveis:
Parede com travamento lateral na base e topo (apoio-apoio): hef = altura da parede
Parede sem travamento no topo (engaste-livre): hef = 2x altura da parede
A espessura efetiva é uma simplificação do raio de giração (√(momento de inércia / área)) usualmente
utilizado para cálculo do comprimento de flambagem, usualmente. Se não houver enrijecedores na
parede a espessura efetiva é a sua própria espessura. No caso de paredes com enrijecedores a
tef = tpa
A carga máxima que pode ser aplicada em um elemento comprimido no regime elástico é governada
pela equação de Euler:
2 EI
Pfl
h ef2
Com as recentes revisões de norma, hoje deve-se verificar o estado limite último.
Deve-se destacar a possibilidade de utilizar armadura para aumentar a resistência à compressão de
alvenarias é não é considerada na proposta da nova norma brasileira. Também é importante notar que a
resistência de prisma passará a ser considerada com seu valor característico e não médio.
A resistência característica da parede, fk, é admitida igual a 70% de fpk (prisma característico). Tem-se
então:
Para os dados do EXEMPLO anterior, considerando que a carga já inclui o peso do graute, dá para usar
bloco cerâmico de 4,0 MPa com graute a cada dois furos?
a) Considerando aumento de 30% na eficiência para graute a cada dois furos(se tiver
resultados de ensaios, aumento pode ser maior):
i. Eficiência fpk/fbk = 0,5 x 1,3 = 0,65
ii. fbk 2,6 / 0,65 = 4,0 MPa
• bloco de 4,0 MPa + 50% graute OK.
Resposta: Sim é possível usar blocos cerâmicos de 4,0 executando graute a cada dois furos.
Considerando EXEMPLO 2, mas com argamassa de assentamento apenas nas laterais, qual o fbk ?
a) Bloco cerâmico
Em cargas concentradas não existe o problema de flambagem no ponto de contato. Nesse ponto
também é possível considerar um aumento da resistência a compressão uma vez que as tensões
concentradas na região de contato estarão confinadas por tensões menores ao redor dessa região.
Sempre que a espessura de contato for maior que 5 cm e maior que t/3, pode-se considerar um
aumento de 50% na resistência a compressão.
No caso da Figura 63, se a reação da viga for igual a Pk, tem-se:
Em todos os casos recomenda-se que o apoio seja feito sempre em canaleta grauteda (em um coxim,
cinta ou verga). Se a tensão de contato for maior que a necessária, pode-se ainda executar um coxim de
concreto nesse ponto. Considerando um espalhamento da carga a 45º verifica-se a necessidade de
executar ainda esse coxim nas fiadas inferiores.
Recomenda-se ainda que o apoio seja sempre feito pelo menos meio bloco afastado da extremidade da
parede, em caso contrario não recomenda-se considerar o aumento de resistência.
Quando alvenaria é executada dispondo-se argamassa apenas nos septos laterais dos blocos o aumento
de resistência por confinamento não acontece.
Considerando a Figura 63, com uma viga de madeira de seção 10x30cm, apoiando 7cm dentro no topo
de uma parede executada com blocos cerâmicos de 6,0 MPa (última fiada executada com canaletas
grautedas). Se a reação da viga for igual a 10kN é possível apóia-la desta forma?
O valor da tensão de pré-compressão deve ser calculado considerando apenas ações permanentes,
minoradas do coeficiente de redução igual a 0,9.
Quando a junta vertical for preenchida posteriormente, recomenda-se reduzir o valor da resistência de
aderência inicial em 50%.
Caso haja carga concentrada próxima a apoio (distancia da carga ao apoio (av) ≤ 2d) e esta seja
preponderante (parcela da força cortante devido à carga concentrada ≥ 70% da força cortante total),
pode-se aumentar o valor de fvk multiplicando-o pela razão 2d/av.
Para a verificação do cisalhamento nas interfaces de ligação entre paredes (amarração direta),
considera-se fvk = 0,35 MPa.
Quando os limites acima não forem suficientes para garantir a estabilidade, é ainda possível armar a
alvenaria ao cisalhamento. Nesse caso tem-se:
parcela do cisalhamento resistido pela alvenaria: Va= fvd b d
armadura de cisalhamento:
(Vd Va ) s
o Asw ≥ 0,05% b∙s (armadura mínima)
0,5 f yd d
o para pilares considerar diâmetro mínimo do estribo igual a 5mm
o s = espaçamento da armadura ≤
Deve-se verificar:
Verificar o cisalhamento da viga abaixo, com As = 2,0 cm2. Duas cargas de 4 kN são aplicadas a 5 cm da
face da viga. Vão teórico da viga, apoio está a uma distância H/2 da face. Desprezar peso próprio.
A viga de alvenaria abaixo é formada por 3 fiadas de 20cm de altura + laje de 8 cm e tem largura de uma
bloco de 14 cm. Sabendo que o carregamento da viga é de 12 kN/m, calcule os estribos. Considere
espaçamento entre estribos igual a 15 cm.
As = 1,6 cm2
= 1,6 / (14 x 63) = 0,18%
fvk = 0,35 + 17,5 x 0,18% = 0,38 MPa
vão teórico da viga = h/2 (esquerda) + 2,7 + comprimento apoio direita = 0,63/2 + 2,7 + 0,14/2 =
3,11m
Tentando viga sem armadura de cisalhamento, deve-se verificar:
armadura de cisalhamento:
( Vd Va ) s
o A sw ,
0,5 f yd d
2
o aço CA 50 fyd = 50/1,15 = 43,5 kN/cm
o espaçamento entre estribos de 15 cm s = 0,15
3
o Va = fvd x bd = 0,19 x 10 x 0,14 x 0,63 = 16,7 kN
o
o Armadura mínima = 0,05/100 x 14 x 15 = 0,105
Como a alvenaria é um material com baixa resistência à tração em comparação com à compressão, a
resistência a flexão simples de alvenarias não armadas será governada pela resistência a tração. Essa
resistência depende do tipo de argamassa (traço) utilizado. Basicamente a alvenaria não-armada é
dimensionada no Estádio I, com a máxima tensão de tração inferior à resistida pela alvenaria.
Para os casos em que a tração é maior é necessário armaduras na região comprimida. As versões
recentes da normalização brasileira permitem o dimensionamento da seção considerando Estádio II,
com tensões lineares na região comprimida da seção, e também no Estadio III, com plastificação das
tensões na região comprimida.
Nos casos em que é admitido dimensionamento sem consideração das tensões de compressão
(diagrama linear de tensões de compressão no Estádio I e II), é permitido um aumento na resistência a
compressão. Isso ocorre pois a região com tensões mais elevadas é confinada pela região aonde a
tensão é menor. Quando considera-se plastificação das tensões (Estádio III), esse aumento de
resistência não acontece por toda a região comprimida estará sujeita a mesma tensão na ruptura, não
existindo confinamento portanto.
Como o material alvenaria não é isótropo, painéis de alvenaria terão resistências à flexão diferentes
para momentos aplicados nas direções normal e paralela à fiada.
A nomenclatura de normal ou paralela à fiada no caso da tração de flexão refere-se à direção da tração.
A alvenaria não é um material isótropo, ou seja, esta apresenta diferentes resistências em diferentes
direções de carregamento. As Figura 64 e Figura 65, exemplificam melhor essa notação.
No estado limite último admite-se Estádio III e são feitas as seguintes hipóteses:
as tensões são proporcionais às deformações,
as seções permanecem planas após a deformação,
os módulos de deformação são constantes,
há aderência perfeita entre o aço e a alvenaria,
máxima deformação na alvenaria igual a 0,35%
a alvenaria não resiste à tração, sendo esse esforço resistido apenas pelo aço,
a tensão no aço é limitada a 50% da tensão de escoamento.
O tema sobre flexão simples no ELU tem sido discutido no comitê de elaboração da norma de projeto
que optou por limitar a tensão de escoamento do aço a 50% de seu valor real. Essa recomendação levou
em conta uma limitada quantidade de ensaios nacionais sobre o tema de vigas de alvenaria. De fato, a
alvenaria estrutural é mais utilizada para estruturas com compressão preponderante, sendo o uso em
vigas não muito freqüente, apesar de possível.
A recomendação acima descrita leva a taxas de armaduras maiores do que as que seriam necessárias
caso não houvesse limitação na tensão do aço. Em outras palavras pode-se entender que essa limitação
leva a momentos resistentes de cálculo consideravelmente inferiores ao realmente existente. Pode-se
ainda entender essa limitação como uma camada extra de segurança no dimensionamento à flexão.
Como a quantidade de vigas em alvenaria é limitada, o consumo de aço quando se pensa no universo de
obras nacionais é também limitado, portanto essa precaução não tem impacto do ponto de vista da
economia. É possível que em normas futuras, o limite imposto seja eliminado.
A Figura 66 indica o diagrama de tensões e deformações para dimensionamento de uma seção
retangular. Para cálculo da armadura, deve-se fazer o equilíbrio de força e momento da seção:
Fc = fd∙0,8x∙b = Ft = fsd ∙As
MRd = Fc∙z = Ft∙z z = d – 0,4x
Com valor de x para seção balanceada no domínio ¾ e aço CA50:
o aço CA50 s = 0,207% (CA50)
o com c = 0,35%;
o portanto x34 = 0,35 / (0,35 + 0,207) = 0,628
Quando for considerada armadura simples apenas, a solução leva a:
M Rd As f sd z 0,4 f d b d ; onde f sd 50% f yd
A f
z d 1 0,5 s sd 0,95 d
b d fd
Como é necessário saber o valor de As nas duas equações acima, é preciso deduzir o equilíbrio da seção
para checar a essa área:
Inicialmente verifica-se o valor de Md,max para seção balanceada:
o x = 0,35∙d / [0,35 + 0,207] x/d = 0,628 (Aço CA50)
o z = d – 0,4x ≤ 0,95 d
o Md,máx = fd∙0,8x∙b∙z ≤ 0,4 f d b d
Se Md < Md,máx, então dimensiona-se para armadura simples:
o Impondo Fc = fd∙0,8x∙b, tem-se Md = (fd∙0,8x∙b)( d – 0,4x)
o Resolve-se o valor de x (0,32∙fd∙b) x2- (0,8∙fd∙b∙d) x + Md = 0
a = 0,32∙fd∙b; b = 0,8∙fd∙b∙d; c = Md
A limitação 0,4 f d b d é imposta para garantir ductilidade à seção. A limitação na tensão de escoamento
do aço foi imposta devido à pouca quantidade existente de ensaios nacionais de flexão em alvenarias
armadas.
No caso de armaduras isoladas deve-se limitar a largura da seção, conforme Figura 67.
No caso de armadura dupla, pode-se ainda contar com o binário das forças F1 e F2 dado pelas
armaduras complementares As1 e As2:
F1 = 50% fyd ∙As1
F2 = (d’/x∙0,35%)∙Es∙As2 [deformação na armadura negativa = d’/x∙0,35%]
X34 = 0,35∙d / [0,35 + 20,70] x34/d = 0,628 (Aço CA50)
z34 = d – 0,4x34
M1 = fd∙0,8x34∙b∙z34
M = MRd - M1
As1 =M / [(50% fyd)∙(d-d’)]
Para a armadura negativa deve-se verificar a tensão no aço:
o f's = [(d’/x34∙0,35%)∙Es ≤ 50% fyd
As2 = M / [f's ∙(d-d’)]
o As = M1 / [(50% fyd)∙z34] + As1
o As’ = As2
4.3.2.3 Seção T
Para o caso de alvenaria com enrijecedores, formando seção T e respeitando os limites mostrado na
Figura 68, pode-se calcular o momento resistente por:
M Rd As f s z f d b m t f d - 0,5t f ; onde f s 50% f yd
A f
z d 1 0,5 s s 0,95 d
bm d f d
Quando a altura de uma viga é superior a 1/3 do seu vão, esta deve ser tratada como viga-parede, com
encaminhamento dos esforços aos apoios por biela comprimida. A armadura horizontal deve ser
dimensionada conforme abaixo:
Viga-parede: h ≥ L/3
M Rd As f sd z ; onde f sd 50% f yd
x= = 0,323 ou 0,052
Como x=0,323 não faz sentido (fora da seção) x = 0,052
z = 0,15 – 0,4∙0,052 = 0,129
As = 1,26 / [(50%∙50/1,15)∙0,129] = 0,45 cm2
As, min = 0,10% bd = 0,10% ∙ 14∙ 15 = 0,22 cm2
1 x 8,0 mm
Md = 1,22 x 10 /8 x 1,4 = 2,52 kN∙m > 1,98 (obtido no exemplo anterior) armadura dupla
Pelo exemplo anterior M1 = 1,98 kN∙m
M = MRd - M1 = 2,52 – 1,98 = 0,54 kN∙m
Admitindo d’ = 5cm
As1 =M / [(50% fyd)∙(d-d’)] = 0,54 / [(50%∙ 50/1,15)∙(0,14-0,05)] = 0,26 cm2
f's = [(d’/x34∙0,35%)∙Es ≤ 50% fyd = [(5/9,4∙0,35%)∙210000 = 390 MPa > 50% x 435
o f's = 217 MPa
As2 = M / [(d’/x∙0,35%)∙Es ∙(d-d’)] = 0,54 / [21,7∙(0,14-0,05)] = 0,28 cm2
o As = M1 / [(50% fyd)∙z34] + As1 = 1,98 / (21,7∙0,112) + 0,26 = 1,07 cm2 1 12,5mm
o As’ = As2 = 0,28 cm2 1 6,3mm (mínimo)
Além do carregamento vertical, é comum as paredes estarem sujeitas a cargas laterais. Em edifícios
sempre haverá um carregamento vertical e um horizontal, geralmente devido ao vento, gerando
esforços de flexão, compressão e cisalhamento.
Assim como no caso de flexão simples, na flexo-compressão pode haver casos no Estádio I, II e III.
Na revisão de norma é permitido o dimensionamento do Estádio III.
Entretando, comentaremos aqui um procedimento simplificado, onde são admitidos apenas os dois
primeiros casos, com região comprimida da com tensões lineares e seção não plastificada. Para edifícios
ii.
Simplificando:
i.
ii.
Considerando a utilização de blocos de 14cm de espessura, fpk/fbk=0,50, carga lateral devido ao vento e
a parede apoiada em cima e embaixo, será determinada a resistência do bloco. Verificar a necessidade
de armadura, sabendo que a carga vertical é igual a G = 80 kN/m e Q = 20 kN/m.
A. COMPRESSÃO
i. R = [1 – (h/40t)3 = 0,875
ii.
1.
2.
3.
iii.
1.
2.
3.
iv.
B. TRAÇÃO
i.
ii. Admitindo argamassa de 6,0 MPa de resistência a compressão: ftk = 0,20 MPa
iii. 1,4x0,372 – 0,9 x 0,571 = 0,01 < 0,20/2,0 = 0,10 não é necessário armadura
Exemplo anterior mas com momento igual a 100 kN.m, utilizando blocos cerâmicos de 8 MPa, com f pk =
A. COMPRESSÃO
i. Parede será executada com blocos de 8,0MPa, com possibilidade de grautear as
extremidades da parede
ii. fpk = 4,0 MPa (sem graute), 6,4 MPa (com graute)
iii. verificação da extremidade comprimida (vento não reduzido e acidental reduzida é o
pior caso)
iv.
1.
2.
3.
v. Pode-se notar que o fpk,necessário = 4,34 é menor que o fpk, bloco de 8MPa com graute = 6,4, portanto
a parede passa com bloco grauteados
vi. Entretanto, a tensão de vento diminui da extremidade para o centro da parede,
chegando a valor nulo no centro. Portanto não é preciso grautear a parede inteira mas
apenas a extremidade, até o ponto que:
B. TRAÇÃO
iv.
i. Simplificadamente:
1. Ftd = 528 x 0,61/2 x 0,14 = 22,5 kN
2. Para calcular a área de aço necessária, basta dividir a força pela tensão
admissível de 50% fyd = 217 MPa = 21,7 kN/m2:
3. As = 22,5 / 21,7 = 1,04 cm2
4. Armadura mínima = 0,1% x 14 x 240 = 3,36 cm2
5. 3x 12,5 mm (em cada extremidade da parede)
Considerando uma parede com seção rachurada abaixo, hef = 2,71m, calcule o fbk e verifique a flexo-
compressão e cisalhamento.
4.4.2.1.1 EXEMPLO A
a) Esforços:
Fk= 8,3 kN
Qk= 11,2kN/m
Gk= 56,2kN/m
*R
2
Gk 56,2/0,14 = 401 kN/m
Qk, vento
85*1,52
=164 kN/m2
0,79 85*1,62 2
=174 kN/m
0,79
ou
174
Qk, vento
164
1,52 1,62
A) Verificação da Tração
A1) Bordo esquerdo
Bloco cerâmico de 6 MPa →especificar argamassa de 5,0 MPa (idem para bloco de concreto de
4 MPa)
Para esta argamassa (convencional de areia, cal e cimento, sem aditivos) a tração normal a fiada
é igual a:
ftk=0,20 MPa = 200 MPa (tabela 14)
Deve-se verificar:
B) Verificação da Compressão
B1) Bordo esquerdo
i) Elegendo vento como ação variável principal
fbk= 6,0 MPa→fpk=3,0 MPa = 3000 kN/m2 (para bloco de concreto de 4,0 MPa o fpk seria 0,8 x
4.000 = 3.200 kN/m2, portanto o caso com blocos cerâmicos é mais crítico e será utilizado nas
verificações a seguir)
849<1050→ok!
4.4.2.1.2 EXEMPLO B
Esforços
Fk=14,8 kN
Qk= 11,2kN/m
Gk= 56,2kN/m
2
Gk 56,2/0,14 = 401 kN/m
Qk, vento
200*1,52
=385 kN/m 2
0,79 200*1,62 2
=410 kN/m
0,79
ou
401
Qk, vento
385
1,52 1,62
A) Verificação da tração
A1) bordo esquerdo
1,4*385+0,9*(-401) =
2
178 kN/m
1,4*(-410)+0,9*(-401) =
2
-935 kN/m
x
3,14
Calcula-se então a força de tração, destacando que as tensões também estão distribuídas sobre as abas
da seção considerada.
4
0,1
4 0,5
0,8 0
A força de tração (soma das tensões de tração) será igual à parcela sobre a alma (1) somada à parcela
sobre a aba (2).
Alma Aba
213
1,4*(-385)+0,9*(-401) = X
-900 kN/m2
3,14
0,6
0,1 0
6 0
,14
0,3
0
4
0,1
4
0,8
Alma aba
B)Verificação da compressão (será verificado o caso de bloco cerâmico com fpk = 3.000 kN/m2)
B1) Bordo Esquerdo
i) Elegendo o vento como ação variável principal
B) Verificação do cisalhamento
Para fa=5,0 MPa →fvk=0,15+0,5*0,9*Gk ≤ 1,4 MPa
=150+0,5*0,9*Gk ≤ 1400 kN/m2
Tensão convencional de cisalhamento (considerando área bruta da alma da parede)
τk = Fk/(b*d) = 14,8/(0,14*3,14) = 34 kN/m2
tensão resistente
fvk=150+0,5*0,9*401 = 330 kN/m2
Verificação: 1,4* τk ≤ fvk/2
1,4*34 ≤ 330/2 → 48<165 →ok!
4.5 Emendas
O comprimento da emenda de barras de aço deve ser superior a 40, 15 cm para barras corrugadas
e 30 cm para barras lisas.
Em cada furo grauteado deve ser respeitada a distância de 40 entre eventuais diversas emendas.
4.6 Ancoragem
Nos elementos fletidos, excetuando-se as regiões dos apoios das extremidades, toda barra longitudinal
deve se estender além do ponto em que não é mais necessária, pelo menos por uma distância igual ao
maior valor entre a altura efetiva d ou 12 vezes o diâmetro da barra.
As barras de armadura não devem ser interrompidas em zonas tracionadas, a menos que uma das
seguintes condições for atendida:
Ganchos e dobras devem ter dimensões e formatos tais que não provoquem concentração de tensões
no graute ou na argamassa que as envolve.
O comprimento efetivo de um gancho ou de uma dobra deve ser medido do início da dobra até um
ponto situado a uma distância de 4 vezes o diâmetro da barra além do fim da dobra, e deve ser tomado
como o maior entre o comprimento real e o seguinte:
a) para um gancho, 8 vezes o raio interno, até o limite de 24
b) para uma dobra a 90o, 4 vezes o raio interno da dobra, até o limite de 12
Quando uma barra com gancho é utilizada em um apoio, o início do trecho curvo deve estar a uma
distância mínima de 4 sobre o apoio medida a partir de sua face
5 PROJETO ESTRUTURAL
Este capítulo é dedicado ao projeto estrutural de edifícios de média altura em alvenaria estrutural. São
comentados como definir as ações, os modelos de cálculo, as verificações necessárias. As informações
são passadas ao leitor através do desenvolvimento de um exemplo de projeto.
5.1 INTRODUÇÃO
C. Carregamentos Verticais
o No Ático (topo do edifício) é necessário saber as cargas devido a caixa d´água (verificar o
volume dos reservatórios superiores), devido a casa de máquina dos elevadores, tipo de
telhado, existência de impermeabilização;
o Sobre as lajes do pavimento tipo, é necessário saber a carga acidental (de acordo com o
tipo de utilização), o peso próprio, cargas de contrapiso, revestimentos (piso, forro);
o Peso próprio das paredes que depende do material da alvenaria, espessura, existência
ou não de graute, revestimentos;
D. Carregamentos Horizontais
o Carga de vento: de acordo com NBR 6123;
o Carga devido ao desaprumo: previsão de carga horizontal para contemplar a
probabilidade de haver desvios no prumo das paredes durante a execução;
E. Modelos de Cálculo
o Após definição dos carregamentos é necessária a utilização de modelos que permitam
considerar a distribuição dos carregamentos e a determinação dos esforços em cada um
dos elementos estruturais (momentos, forças cortantes, forças normais etc em lajes e
paredes).
A partir dos esforços e das propriedades físicas de cada elemento pode-se fazer o
dimensionamento, que, na maioria dos casos de edifícios em alvenaria estrutural, é uma verificação
de resistência dos elementos.
Neste exemplo de projeto será considerado um edifício de 6 pavimentos situado na Cidade de São
Carlos, cuja arquitetura e projeto de modulação é mostrada a seguir. Serão verificadas duas opções:
blocos cerâmicos (de acordo com projeto de norma 02:123.03-001/1 - JUNHO:2009) e blocos de
concreto (NBR 10837/1989).
Na fase inicial do projeto foi definido que a modulação seria feita com família de bloco 14x29 e todas as
paredes, exceto pequeno trecho entre cozinha e área de serviço seriam estruturais. Foram necessários
pequenos ajustes no tamanho dos cômodos, portas e janelas, que pode ser verificados observando-se a
Figura 70, que mostra a arquitetura, e Figura 71 que indica as dimensões e posicionamento dos blocos
modulados.
A Figura 73, Figura 74 e Figura 75 indicam os cortes da arquitetura e o detalhe do ático. Pode-se
perceber que a arquitetura indica pé-direito livre de piso a teto de 2,70m, que deve ser alterado para
2,71 para seguir a modulação vertical utilizando blocos J e compensadores na última fiada (Figura 72).
O detalhamento do ático, incluindo caixa d’água, barrilete e casa de máquina é muito importante pois
nessas regiões existem cargas verticais elevadas que devem ser previstas precisamente no projeto, o
volume da caixa d’água.
5.2.2 Materiais
Trecho
Sem abertura = 1,8 kN/m2 x 2,71 m = 4,9 kN/m
Abertura de porta = 1,8 kN/m2 x (2,71 – 2,20) m = 0,94 kN/m
Abertura de janela de 1,0m de altura = 1,8 kN/m2 x (2,71-1,00) m = 3,1 kN/m
Trecho
Sem abertura = 2,3 kN/m2 x 2,71 m = 6,2 kN/m
5.2.3.2 Lajes
Pavimento Tipo
Q = 1,5 kN/m2
G = 3,25 kN/m2
o 9 cm = 0,09 x 25 = 2,25 kN/m2
o Revestimentos e piso = 1,0 kN/m2
Cobertura
Q = 0,5 kN/m2 (adotado igual ao tipo = 1,5 kN/m2 , por simplificação)
G = 3,25 kN/m2
o 9 cm = 0,09 x 25 = 2,25 kN/m2
o Impermeabilizaçao = 1,0 kN/m2
Escada
Q = 2,5 kN/m2
G = 2,0 kN/m2
Atico
casa de máquinas:
o G (10cm) = 2,5 kN/m2 ;
o Q = 7,5 kN/m2
fundo caixa d’água:
o G:
o - peso próprio 15cm = 0,15 x 25 = 3,75 kN/m2
o - revestimento = 1 kN/m2
o - água (21,5 m3) = 215 kN
5.2.4.1 Desaprumo
5.2.4.2 Vento
Inicialmente deve-se definir as dimensões e nomenclatura das paredes estruturais. Os limites de cada
parede são definidos nas extremidades de aberturas de portas ou janelas ou na extremidade da parede.
Na Figura 76 pode-se verificar a nomenclatura adotada. Os comprimentos das paredes são indicados na
Figura 77.
188
300
120
98 104 150 53
105
150
270 98 37
120
510
337
180
405
149
180
120
90
22 121 74 60
405 270
38
136
166
37
98
45
180
90
510
45
127 60 128
A distribuição do carregamento de cada laje para cada parede se dará em função da área de influência
da laje em relação a cada parede de apoio. Essas áreas são traçadas considerando o ângulo usual de
distribuição em função da condição de apoio de cada lado (apoio/apoio, apoio/engaste, livre). No
exemplo todos os lados foram considerados apoiados para fim de dimensionamento das lajes e
alvenarias (no detalhamento das lajes recomenda-se incluir armaduras negativas construtivas mesmo
Em trechos de aberturas de portas ou janelas deve-se traçar uma linha reta no centro da abertura,
indicando que o carregamento será igualmente distribuído para cada lado da abertura. Na Figura 79
pode-se observar as áreas de influência de cada laje no pavimento tipo.
5.3.1 Ático
A
Figura 78 indica as áreas de influência das lajes do ático e os carregamentos nas paredes de apoio.
No caso da água, aproximadamente pode-se dividir o peso do volume previsto pela área da laje de
fundo da caixa d’água: - água (21,5 m3) = 215 kN/ (3,15x3,6) ~ 20 kN/m2.
2,44 1,57
5,45
1,20
1,93 0,82
0,82
5,50
0,63
7,98 6,34
1,18
3,65
3,31
0,63
0,81 1,63
0,48 0,48
1,75
3,42 3,92
0,83 0,83
1,46
3,42 0,61 0,66
0,81
73
1,63
0,
0,81
1,98
3,02 3,02
1,20 1,20
2
Figura 79 – Áreas de Influência das Lajes (m )
5.3.2 Escada
Alguns modelos são possíveis para a consideração de como os esforços verticais serão distribuídos entre
as paredes nos andares inferiores àquele onde o carregamento á aplicado. O modelo mais simples, e
adequado para casos onde não há amarração entre paredes, considera que não existe qualquer
distribuição de esforço entre paredes que se cruzam - o carregamento aplicado na parede N chegará na
estrutura de apoio pela parede N apenas.
Quando há efetiva ligação entre paredes (amarração direta) é possível e recomendável considerar que
os esforços verticais serão uniformizados da parede “mais carregada” para “menos carregada”,
conforme discutido anteriormente. O modelo mais simples é a de consideração de uniformização total
entre paredes que têm ligação, comumente chamado de modelo de “grupos” ou “sub-estruturas”. Nos
casos usuais de edifício e especialmente nos tratados aqui, com vãos moderados e conseqüente
comprimentos de parede limitados, esse modelo é considerado adequado. Casos especiais, como
paredes que se cruzam mas tem comprimento elevado devem ser tratados de maneira adequada – não
é coerente supor que a carga aplicada na extremidade de uma parede será distribuída para a
extremidade distante da outra parede, pelo menos não em apenas um pé-direito.
No modelo de grupos, considera-se paredes que se cruzam como uma única estrutura para fim da
distribuição do esforço vertical, ou seja, o cálculo da tensão em cada andar é feito pela simples divisão
da soma dos carregamentos em cada parede pela soma dos comprimentos das paredes. Se
considerarmos que os esforços verticais de espalham em um ângulo de 45o, é possível distribuir uma
determinada carga pontual a uma distância igual a duas vezes o pé-direito (metade para cada lado da
carga) em um pavimento. Como recomendação intuitiva pode-se pensar na criação de grupos de
Outro modelo para consideração dessa distribuição é considerar em cada encontro de parede a
distribuição a 45o. Apesar de não ser tão simples como o anterior, esse procedimento pode ser
sistematizado com o auxílio de programas de computador.
Um modelo mais preciso é o de elementos finitos, utilizando elementos de chapa simulando cada
parede.
Em todos os casos, mas especialmente no último modelo, é importante verificar se a interface é capaz
de resistir ao esforço de cisalhamento na interface necessário para troca de esforços entre uma parede
e outra. A norma recomenda a resistência ao cisalhamento em interfaces de paredes com amarração
direta limitada ao valor característico de 0,35 MPa.
Para se obter o carregamento total em cada parede, basta sistematizar os dados, anotando para cada
parede a reação da laje (permanente e acidental), seu peso próprio e de aberturas laterais e eventuais
outros carregamentos. Outros carregamentos a serem considerados incluem as cargas do ático de caixa
d’água, casa de máquinas, barrilete. Também deve-se incluir as cargas da escada a cada pavimento.
5.3.4 Dimensionamento
Tabela 18: Carga vertical por parede em valores característicos – blocos de concreto (pior caso)
Dados Pavimento Tipo Ático
Peso Peso Total
Total Ático
L Próprio Próprio Laje Laje Escada Escada /Pav. Ático
par /Pav. (Q)
(m) Parede Janela Porta Abertura (G) (Q) (G) (Q) G (G) (kN)
Q (kN)
(kN) (kN) (kN) (kN) (kN) (kN) (kN)
(kN)
X1 3,07 19,1 0,3 1,2 6,6 3,1 26,9 3,1
X4 3,07 19,1 0,3 1,2 6,6 3,1 26,9 3,1
X37 3,07 19,1 0,3 1,2 6,6 3,1 26,9 3,1
X40 3,07 19,1 0,3 1,2 6,6 3,1 26,9 3,1
- - - - -
X2 0,38 2,4 0,3 1,2 0,7 0,3 4,3 0,3
X3 0,38 2,4 0,3 1,2 0,7 0,3 4,3 0,3
X38 0,38 2,4 0,3 1,2 0,7 0,3 4,3 0,3
X39 0,38 2,4 0,3 1,2 0,7 0,3 4,3 0,3
- - - - -
X9 2,70 16,8 0,5 0,6 17,9 8,3 35,3 8,3
X12 2,70 16,8 0,5 0,6 17,9 8,3 35,3 8,3
Cada pavimento tem G+Q = ≈ 2220 kN, com área de aproximadamente de 238m2, portanto a carga
média é igual 9,3 kN/m2. Considerando o ático tem-se 6x2220 + 604 + 17 = 13.941 como peso total do
edifício. Dividindo esse peso pela área do tipo tem-se 9,8 kN/m2.
A tabela a seguir traz indicação do cálculo de fbk a partir da carga linear sobre cada parede. A carga a ser
considerada é calculada a partir da uniformização de grupos de parede, conforme descrito na sequencia.
Tabela 19: Cálculo de fpk, a partir dos carregamentos lineares sobre as paredes (hef = 2,71 m)
Dimensionamento:
São definidos grupos de paredes para uniformização do carregamento. A carga distribuída em cada
parede do grupo será a soma do carregamento em todas paredes dividida pela soma do comprimento
de todas as paredes. A figura abaixo mostra os grupos adotados.
fpk necessário
grupo paredes 6 5 4 3 2 1
1 X1,Y7, Y9 0,40 0,81 1,21 1,62 2,02 2,42
2 X2,X5,Y14 0,36 0,72 1,08 1,44 1,80 2,16
3 X9,Y6 0,49 0,98 1,47 1,96 2,45 2,94
4 X10,X14,Y5,Y13 0,50 1,00 1,51 2,01 2,51 3,01
5 X21,X22, X30, X35, Y18, Y21 1,34 1,79 2,24 2,68 3,13 3,58
6 X19,Y4,Y12 0,55 1,10 1,64 2,19 2,74 3,29
7 X6,X13,X16,X17,Y16,Y20 0,76 1,14 1,51 1,88 2,26 2,63
8 X29,X34,Y15 1,36 1,81 2,25 2,70 3,15 3,60
9 X7,X18,Y22 0,73 1,15 1,57 1,99 2,41 2,83
10 X25,X26,Y17,Y19 0,36 0,72 1,07 1,43 1,79 2,15
Para blocos cerâmicos: fbk > 3,6/0,5 = 7,2 portanto blocos de 8,0 MPa.
Para blocos de concreto: fbk > 3,6/0,8 = 4,5 portanto blocos de 6,0 MPa.
Para distribuição das ações laterais entre as paredes de contraventamento será adotado o modelo
simplificado de paredes em balanço, desprezando a rigidez ao cisalhamento e trechos entre aberturas.
Esse modelo simples leva a resultados conservadores em termos de esforços e deslocamentos (e
portanto é seguro). Para casos de edifícios de baixa altura e com várias paredes de contraventamento
nas duas direções principais (caso do exemplo aqui desenvolvido), esse modelo é usualmente suficiente
para um dimensionamento econômico.
No caso da consideração de torção uma outra simplificação foi considerada acima. A tentativa de giro
em planta do prédio mobiliza tanto paredes de contraventamento X e Y e portanto paredes das duas
direções deveriam participar do modelo, o que não ocorre na formulação acima. Entretanto, ao
determinar a inércia de cada parede leva-se em conta a contribuição das abas. Desta forma, se forem
consideradas paredes em duas direções haverá sobreposição de rigidez pois um trecho da parede da
outra direção foi contata como aba. Por simplificação despreza-se então todas as paredes de
contraventamento da outra direção que não a do vento sendo analisada.
Deve-se deixar claro que essas simplificações podem não ser suficientes para um dimensionamento
econômico em edifícios de tipologia mais arrojada, como em casos de maior número de pavimentos ou
menor número de paredes estruturais.
Entretanto há que se considerar que o modelo de paredes em balanço aqui mostrado é conservador.
Quando compara-se os resultados desse modelo com de outros mais refinados as diferenças costumam
ser grandes – onde o cálculo indica necessidade de armadura no modelo simples e deslocamento
elevados, muitas vezes o resultado de um modelo mais elaborado indica a não necessidade de armadura
e deslocamentos pequenos.
No caso de edifícios baixos, com paredes bem distribuídas nas duas direções, muito provavelmente o
modelo de paredes em balanço sem consideração de torção é suficiente. No caso de edifícios mais altos
ou com pequena quantidade de paredes estruturais modelos mais refinadas (pórticos planos, espaciais,
elemento finitos) com a consideração de torção se tornam necessários.
No exemplo aqui detalhado, para fins didáticos, será considerado o modelo simples de paredes em
balanço e mostrada a consideração de torção para a direção X apenas.
São definidos dois modelos para consideração da ação de vento e desaprumo, um na direção principal X
e outra na Y do prédio. Para a direção X farão parte do modelo as paredes dispostas nessa direção mais
as abas de eventuais paredes amarradas a essas limitando o comprimento da aba a 6x a espessura e
nunca sobrepondo o mesmo trecho de aba em duas paredes de contraventamento. Conforme foi
comentado anteriormente é grande diferença entre considerar abas formando seções T, I (paredes com
amarração direta ou não (paredes com amarração indireta) formando seções retangulares apenas.
Na Figura 81 pode-se verificar as paredes de contraventamento X que farão parte do modelo e também
as propriedades da PX1. O momento de inércia dessa parede assim como CG e distancia até o centro de
torção do prédio (indicados na figura) são calculados considerando abas de comprimento de 14 + 6x14 =
98 cm.
PY36
PY7
PY14
PY27
PY29
PY9
PY35
PY6
PY16
PY22
PY13
PY26
PY34
PY5
PY20
PY4
PY33
PY12
PY25
PY3
PY32
PY11
PY24
PY21
PY15
PY2
PY31
PY10
PY23
PY28
PY8
PY30
PY1
Figura 82 – Contraventamento Y
X17 0,00 0,37 0,37 Y11 0,71 1,80 1,64 1,31 0,01
Y13 0,71 1,64 1,80
X22 0,25 1,20 0,74 Y24 0,71 1,80 1,64 1,55 0,60
Y26 0,71 1,64 1,80
X29 0,06 0,38 0,96 5,00 1,54
X30 0,06 0,96 0,38 Y12 0,05 -0,83 0,83 5,00 1,54
Y25 0,05 -0,83 0,83
X34 0,00 0,40 0,20 6,02 0,16
X35 0,00 0,20 0,40 Y15 2,15 2,22 2,95 6,02 0,16
Y16 2,30 2,65 2,59
SOMA 26,76 Y20 0,25 1,03 0,91 376,47
Y21 2,87 2,53 2,71
Y22 2,38 2,68 2,56
SOMA 19,39
Tabela 23: Esforço em cada parede sem considerar a torção (paredes simétricas omitidas)
VENTO X - ESFORÇOS C/ DESAPRUMO - S/ TORÇÃO
Pav F vento F desaprumo F total F acuml M (kN.m)
6 47,8 3,00 50,8 50,8 142
5 45,7 3,00 48,7 99,5 421
4 43,7 3,00 46,7 146,2 830
3 39,8 3,00 42,8 189,0 1360
2 36,9 3,00 39,9 228,9 2001
1 36,0 3,00 39,0 268,0 2751
5.4.2.1 Verificações
i)
Par i-esq ii-esq i-dir ii-dir
ii) X1 2,40 2,42 2,43 2,44
X9 2,66 2,81 2,89 2,95
X14 3,05 3,09 3,02 3,08
R = 0,887 X19 3,54 3,52 3,71 3,62
X5 1,86 1,93 1,90 1,95
Blocos cerâmicos de 8,0 MPa: fpk = 4,0 Mpa X6 2,27 2,40 2,20 2,36
Blocos de concreto de 6,0 MPa: fpk = 4,8 MPa X7 2,39 2,56 2,47 2,61
X13 2,37 2,46 2,46 2,52
X17 2,25 2,39 2,25 2,39
A Tabela ao lado indica o valor de fpk mínimo na X22 3,35 3,48 3,22 3,40
vertificação da máxima compressão nas extremidades da X29 3,14 3,37 3,30 3,47
parede X34 3,15 3,38 3,10 3,34
esq dir
Par (kN/m2) (kN/m2)
X1 -142 -127
ftd (argamassa de 6,0 MPa) X9 -290 -168
= 0,20 / 2,0 = 0,10 MPa = 100 kN/m2 X14 -129 -142
X19 -29 61
A Tabela ao lado indica o valor da máxima tração X5 -257 -238
nas extremidades da parede. X6 -332 -370
X7 -407 -369
Como nenhum valor é maior que 100, não há X13 -279 -230
A estabilidade estará verificada caso o parâmetro de estabilidade z resulte menor que 1,1, ou seja, se os
esforços de 2ª ordem forem pequenos, menores que 10% dos esforços de primeira ordem:
Sendo
Será considerado apenas o caso de blocos cerâmicos de 8,0MPa 0,8E = 0,8 x 600 x 8 x 0,5 = 1.920
MPa. Da Tabela 22 a soma de todas inércias X é igual a 26,76 m4. Fazendo uso de programa simples de
pórtico plano, tem-se os esforços e deslocamentos mostrados.
M2 = [(2000 + 641) x 5,68 + 2000 x (4,38 + 3,12 + 1,95 + 0,96 + 0,27)] x10-3 = 21,36 kN.m
Conforme Tabela 23, o momento de primeira ordem na base do prédio, M1, vale 2.751 kN.m.
Para o edifício exemplo, com H = 16,8 e h = 2,80, esses limites são iguais a:
Analisando a Figura 83 o deslocamento limite no topo do prédio é igual a 5,68 mm para 100% da força
lateral, e será igual a 0,3 x 5,68 = 1,7 mm para combinação freqüente, o que é menor que 10mm,
portanto O.K.
O deslocamento máximo entre andares é encontrado entre o 6º e 5º pavimentos, igual a 5,68 – 4,38 =
1,3 mm, que na combinação freqüente será igual a 0,3 x 1,3 mm = 0,39 mm < 3 O.K.
A) Texto Base
B) Bibliografia de Referência
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20 de março de 2008, 2008.